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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPAVinculada ao Ministério da Agricultura

Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido - CPATUBelém, PA

Simpósiodo Trópico Úmido

1st SymposiumO" the Humid Tropics

1 er Simpósiodei Trópico Húmedo

ANAISPROCEEDINGS

ANALES

Belém, PA, 12 a 17 de novembro de 1984

Volume 111

Culturas Temporárias

Temporary Crops Cultivos Temporales

Departamento de Difusão de Tecnologia

Brasília. DF

1986

ISSN 0101-2835

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Copyright © EMBRAP A - 1986

EMBRAPA-CPATU. Documentos, 36

Exemplares desta publicação podem ser solicitados àEMBRAPA-CPATUTrav. Dr. Inéas Pinheiro s/nTelefone: 226-6622Telex (091) 1210Caixa Postal 4866000 Belém, PA - Brasil

Tiragem: 1.000 exemplares

Observação

Os trabalhos publicados nestes anais não foram revisados pelo Comitê de Publi-cações do CPATU, como normalmente se procede para as publicações regulares.Assim sendo, todos os conceitos e opiniões emitidos são de inteira responsabilidadedos autores.

Simpósio do Trópico Úmido, 1., Belém, 1984.

Anais. Belém, EMBRAPA-CPÁTU, 1986.

6v. (EMBRAPA-CPATU. Documentos, 36)

1. Agricultura - Congresso - Trópico. I. Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro de Pes-quisa Agropecuária do Trópico Úmido, Belérn, PA.lI. Título. m. Série.

CDO 630.601

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PRAGÁS DO TOMATEIRO EM ALTAMIRA, PARÁ

Maria do Socorro Andrade Kato1 e Marly Costa Poltronieri 1

RESUMO: Em Altamira, Pará tem sido observada grande ocorrência de pragas atacando otomateiro. Por outro lado, há um reduzido conhecimento acerca dessa cntornofauna. Estetrabalho foi realizado objetivando levantar e identificar os insetos nocivos ao tomateiro nomunicípio de Altamira e ao longo da rodovia Transarnazónica. O levantamento foi efetua-do através de visitas quinzenais em áreas de produtores e campos experimentais. Os insetosencontrados com maior freqüência foram: Neoleucinodes eleg , ipsilon, llus

ct , specios e a broca-do-caule (Coleoptera - Cur-culionidae).

Termos para indexação: Tomate, cope sic escule Mil!, levantamento, pragas, Al-tamira. Pará.

TOMATO PESTS IN ALTAMIRA, PARÁ

ABSTRACT: A wide ocurrence of tomato pests was observed in Altamira, Pará. However,almost no knowledge is available about these insects. This paper deals with the survey andidentification of insects harmful to the tomato in the Altamira region. The survey wasaccomplished by fortnightly visits to producers and experimental areas. The insects foundwere Neoleucinodes elegantalis, Agrotis ipsilon, Gryllus essimitis, Gryllotalpa hexadactyla,Diabrotica speciosaand a stem borer (Coleoptera - Curculionidael.

Index terms: Tomate, Lycopersicumesculentum Mil!, survey, pests, Altamira, Para.

INTRODUÇÃO

A cultura do tomate já se encontra di-fundida na região amazônica, que apresentarazoáveis condições para seu cultivo.

Diversos fatores concorrem para dimi-nuir o rendimento da cultura, sendo os pro-blemas fitossanitários os que acarretam maio-res prejuízos para os agricultores.

Os prejuízos causados por insetos dani-nhos à cultura não Se limitam apenas aos da-nos ocasionados às plantas, vão além, pois al-guns deles são tidos como vetores, ocasio-nando infestações de viroses fatais ao toma-teiro.

Segundo Nakano (1979), nem todas aspragas causam danos substanciais. Muitasespécies causam leves perdas e outras podem

ocorrer somente em determinadas regiões oumanifestar-se com certa nocividade apenasno decurso de algumas safras, quando lhesforem favoráveis as condições climáticas.

Na região tem sido observada grandeocorrência de insetos atacando o tomatei-ro, por outro lado, há um reduzido conhe-cimento acerca dessa entomofauna. Assimsendo, este trabalho foi realizado objetivan-do levantar e identificar os insetos nocivosao tomateiro no município de Altamira, Pa-rá e ao longo da rodovia Transamazônica.

MATERIAL E M~TODOS

O levantamento foi efetuado através devisitas quinzenais em áreas de produtores detomate no município de Altamira, Pará, aolongo da rodovia Transamazônica (km 80 e

1 Eng? Agr? EMBRAPA-UEPAE Altamira. Caixa Postal 061. CEP 68370. Altamira, PA.

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90), trecho Altamira/Itaituba e nas áreas ex-perimentais da Unidade de Execução de Pes-quisa de Âmbito Estadual de AItamira -UEPAE - AItamira. As coletas foram efetua-das no período de 1980/83.

Os insetos adultos encontrados danifi-cando as plantas foram mortos em câmara deéter e depois montados, secos e identifica-dos. As formas jovens foram criadas em labo-ratório até atingirem a fase adulta. Em casosde espécies novas ou de difícil determinação,as mesmas foram enviadas a especialistas.

As determinações foram baseadas nasdescrições dos seguintes autores: Costa & Ka-to (1983), Costa & Poltronieri (1982), Fle-chtmann (1976), Gallo et a!. (1970), Marico-ni (1971), Silva et ai. (1968), Silva & Maga-lhães (1980) e Nakano (1979).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a seqüência taxonômica,apresenta-se a seguir a entomofauna daninhaao tomateiro em Altamira, Pará.

Tetranychidae - spp. - ácarovermelho

Tanto as ninfas como as fêmeas adultastêm coloração vermelha. O ataque intensoresulta no secamento das folhas e é favore-cido por condições de semeadura contínuas.As colônias desenvolvem-se na face inferiordas folhas e, quando o ataque está avançado,generaliza-se em ambas as superfícies. Suapreferência é pelas folhas plenamente desen-volvidas e não velhas. As fêmeas possuem0,5mm de comprimento, com formas ovala-das, enquanto os machos são menores, coma parte posterior do abdome afunilado. Esteácaro ocorre com maior freqüência e intensi-dade no período seco.

COLEOPTERA

Chrysomelidae - (Ger-mar 1824) - vaquinha verde-amarela, vaqui-nha da folhagem ou vaquinha das cucurbitá-ceas.

É um pequeno besouro comedor de fo-lhas, medindo o adulto cerca de 5mm decomprimento, de coloração verde, trazendo

em cada élitro manchas amarelas bem carac-terísticas. A fêmea faz a postura no solo, deonde eclodem as larvas que, completamentedesenvolvidas, medem cerca de 10mm decomprimento, possuem coloração branca lei-tosa e são de fácil identificação porque pos-suem no último segmento abdominal, umaplaca de coloração castanho-escura.

Curculionidae - broca-do-caule

É uma coleobroca ainda não identifica-da que ataca o caule do tomateiro. Os adul-tos são pequenos besouros que medem en-tre 4mm e 5mm de comprimento; a colora-ção é castanha, sendo que a cabeça é bemmais escura que o resto do corpo; rostro pre-to; antenas castanho-claras; pronoto escuro;os élitros são escuros com manchas na par-te superior formada por escamas cremes, sen-do mais escuras no meio. Na extremidadeapical encontra-se uma concentração maiorde escamas cremes formando uma grandemancha esbranquiçada. As larvas são de co-loração esbranquiçada e localizam-se no in-terior do caule, onde cavam extensas gale-rias; as ninfas são brancas, recurvadas e en-contram-se no interior de um casulo tecidocom serragem produzida por estas ao des-truir os tecidos da planta.

Os besouros roem o caule e folhas; aslarvas situam-se no interior do caule, ondeescavam extensas galerias, deixando o cauletotalmente oco. As plantas quando infesta-das iniciam um amarelecimento nas folhas,tornando-se secas posteriormente. As plan-tas bastante infestadas apresentam-se com umaspecto seco que cede ao leve toque no cau-le. O caule torna-se enegrecido e muitas ve-zes estes sintomas se confundem com os dadoença do talo oco.

Esta broca se constitui numa ameaça aocultivo do tomateiro no município, pois seupico populacional se dá quando a planta ini-cia a produção.

LEPIDOPTERA

Noctuidae - ipsilon (Hufnagel 1976)-lagarta-rosca

Esta praga ocorre com muita freqüência,chegando a causar sérios prejuízos às mudasrecém-transplantadas. As lagartas são de há-

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bitos noturnos, atacam cortando as plantasao nível do solo. Ao se fazerem escavaçõespróximas a estas pode-se encontrar as lagar-tas que ao menor contato se enrolam em for-ma de rosca.

As lagartas apresentam-se geralmentecom coloração escura, com ou sem listaslaterais, quando bem desenvolvidas podematingir 50mm de comprimento. As mariposasquase sempre são escuras, com as asas ante-riores apresentando ou não manchas e asposteriores geralmente claras, com ou semmanchas. Ocorrem com muita freqüência nasementeira, principalmente em solos maisarenosos que argilosos, cortando as mudasdurante a noite, durante todo o ano. Em so-los não tratados chegam a causar perdas de40% nas mudas encarecendo a mão-de-obrano replantio.

Helicoverpa (Heliothis) zea (Boddie1850) - broca grande do tomate, bicho dotomate, lagarta das espigas ou lagarta-do-fru-to.

E uma lagarta grande e robusta, medin-do cerca de 50mm de comprimento, apresen-tando coloração bem variável, de verde amarrom escuro, com listas longitudinais deduas a três cores. A mariposa mede cerca de40mm de envergadura, com as asas anterio-res cinza-esverdeadas e as posteriores esbran-quiçadas com manchas escuras.

As lagartas perfuram os frutos e passama se alimentar das polpas, destruindo-as, tor-nando os frutos imprestáveis para consumo.O período de maior ocorrência é de agosto anovembro. Sua freqüência na cultura é baixae notada apenas em áreas mal conduzi das.

Pvraustidae - Neoleucinodes(Gueneé 1854) - broca pequena do fruto.

A lagarta apresenta coloração rosada,com o primeiro segmento toráxico amarela-do; quando completamente desenvolvida me-de 13mm de comprimento. Penetra no frutoem crescimento, onde permanece por 30dias, saindo para ernpupar nas folhas mais ve-lhas.

O inseto adulto é uma pequena maripo-sa, de hábito noturno, medindo cerca de25mm de envergadura, possuindo uma colora-ção geralmente branca, com asas transparen-tes, tendo nas anteriores manchas de cor tijo-lo e nas posteriores pequenas manchas, es-parsas, de coloração marrom.

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As fêmeas depositam os ovos no frutoem formação, próximo ao cálice ou sob assépalas; após dois ou três dias de postura aslagartas eclodem e se introduzem no fruto,daí passando a alimentarem-se da polpa domesmo, concorrendo para o seu apodreci-mento, tomando-o imprestável para o con-sumo.

Com o cultivo intenso de tomate, tem-se observado o crescimento da populaçãodesta broca, que é bem representativa no pe-ríodo seco (agosto a novembro). Os frutosbrocados ficam ocos e podres, causandoprejuízos à produção, em aproximadamen-te 2%.

Sphingidae - n is ello (Linné 1758) -gervão, mandarovã ou marandová.

A lagarta tem coloração variável de ver-de a preta, chegando a atingir 90mm de com-primento, quando bem desenvolvida.Asmariposas são grandes, medindo 90mm deenvergadura, possuem coloração cinza comfaixas pretas no abdomen, interrompidas nodorso. Asas anteriores cinzas, alongadas eposteriores vermelhas com bordos escuros.

Esta praga é muito freqüente em cultivode tomate na região, devorando vorazmenteas folhas, porém seus danos ainda não sãosignificativos. Poderá causar problemas nocaso de populações mais altas.

(Cramer1779) - mandarová do fumo

As lagartas são de coloração verde, comfaixas laterais de cor amarelo-claro, tenden-do ao branco, quando completamente de-senvolvidas medem aproximadamente100 mm de comprimento. Apresentam umapêndice móvel no penúltimo segmento ab-dominal. A mariposa mede aproximadamen-te lOOmm de envergadura, com asas anterio-res acinzentadas e escuras, com linhas trans-versais brancas e pretas, asas posteriores maisclaras, com três faixas brancas orladas depreto. Como a s e/lo, o mandarová dofumo é encontrado com grande freqüênciadevorando folhas de tomateiro e pimentão.

Sua ocorrência na região foi baixa, cominfestação de 2%. A maior incidência ocor-reu no período chuvoso, porém são contro-ladas por um inimigo natural comum na re-

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gião; um micro-hymenóptero, sp.

ORTHOPTERA

Gryl1idae - (Fabr. 1775) -grilo

o grilo adulto mede cerca de 25mmde comprimento e é de coloração pardo-es-cura; a cabeça é grande, globosa, com olhoscompostos pequenos, além de dois ou trêsocelos, que podem faltar em algumas espé-cies. As antenas são longas, filiformes. Aspatas anteriores e medianas são ambulato-riais e as posteriores saltatoriais.

Os grilos de um modo geral são terres-tres e de hábito noturno; danificam as raizes,tubérculos e também a parte aérea de algu-mas plantas. Foram encontrados causandodanos em sementeiras e após transplantio ob-servou-se que 10% das plantas foram corta-das.

(Perty 1832) - pa-quinha, grilo toupeiro, grílotalpa ou cachor-rinho d'água.

o inseto adulto possui coloração pardo-escura, medindo cerca de 30mm de compri-mento. São insetos de cabeça relativamentegrande, com olhos compostos pequenos edois ocelos grandes. As antenas são curtas emulti-segmentadas, as patas anteriores sãofossoriais, as médias ambulatoriais e as pos-teriores saltatoriais. São de hábitos noturnos.As ninfas possuem cor acinzentada e têm aspernas anteriores do tipo fossorial. Ambosvivem no interior do solo, cavando extensasgalerias superficiais e por isso mesmo são fa-cilmente localizados. Foram detectados cor-tando mudas em sementeiras, causando da-nos de até 10%. São encontrados principal-mente em áreas localizadas próximo à mata.

CONCLUSÕES

- As principais pragas do tomateiro naregião de Altamira, Pará são: broca-pequena-dos-frutos, lagarta-rosca, grilo, paquinha, va-quinhas e broca-do-caule.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FLECHTMANN, C.H.W. Ácaros de importânciaagrícola. São Paulo, Nobel, 1976. 150p.

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