EMPRESAS PORTUGUESAS ABRAÇAM veis da produção que os empresários...

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Cada vez mais as empresas portugue- sas sentem necessidade de procurar os mercados externos como saída para a dimi- nuição do consumo no mercado nacional.. O grande mercado da informação tor- nou-se assim uma componente tão impor- tante como a qualidade, o preço e outras varáveis da produção que os empresários tão bem conhecem. FEIRAS E MAIS FEIRAS Com o desenvolvimento do Comércio Internacional com especial incidência no seu “boom” da última década a oferta de feiras e mostras tornou-se tão vasta que é importante que os empresários planifi- quem bem a participação numa feira, e respectiva estrutura de custos antes de de- cidir onde investir. Porque é de um inves- timento que se trata quando falamos de levar uma empresa a participar numa fei- ra. É que como em tudo na vida, há “fei- ras e feiras” e logicamente há bons e maus investimentos. Também nesta matéria se pode dizer que o empresário deve preferir o produto nacional por razões óbvias. Não por sim- EMPRESAS PORTUGUESAS ABRAÇAM EXPORTAÇÃO: UMA APOSTA GANHA É portuguesa e tem lugar em Portugal a maior feira mundial para promoção dos produtos alimentares portugueses ples patriotismo, mas por decisão racional de um gestor esclarecido. SISAB PORTUGAL O QUE É NACIONAL É BOM… O SISAB PORTUGAL, é um caso pa- radigmático das feiras em Portugal e que vale a pena ser analisado. Em primeiro lu- gar deve ser a única feira de exportação do mundo que em vez de levar os exportado- res até ao estrangeiro, traz os comprado- res do estrangeiro até aos exportadores. Ou seja, durante três dias com toda a como- didade e economia para as empresas na- cionais, os empresários portugueses podem ver desfilar diante de si e dos seus produ- tos uma vasta plateia de importadores in- ternacionais, desde as grandes cadeias de compras até importadores dos mais varia- dos mercados ávidos e curiosos dos pro- dutos que vieram observar. E aqui está a grande vantagem deste certame para as em- presas portuguesas. UMA FEIRA À MEDIDA Esta proximidade, quase se poderia di- zer intimidade, entre exportador e impor- tador no SISAB PORTUGAL revelou-se tão importante que logo a partir das primeiras edições esta feira se tornou internacional- mente conhecida como a MAIOR PLATA- FORMA DE NEGÓCIOS DA EXPORTAÇÃO, porque para além dos contactos comerciais geravam-se negócios, alguns dos quais de dimensão apreciável. Por outro lado, sendo uma feira apenas aberta a profissionais cria o ambiente e cli- ma propício à negociação, até porque a orga- nização faz questão de salientar desde a pri- meira edição que esta é a feira onde se criam parcerias e negociação, já que o grande “se- gredo” é uma feira personalizada, onde os participantes têm até a vantagem de poder solicitar à organização a presença de deter- minado mercado, empresa ou sector e isso tanto vale para as empresas nacionais que oferecem como para as internacionais que procuram. No final as diferenças para outros even- tos do género podem ser abismais, tanto em investimento como em resultados consegui- dos. Por tudo isto é caso para dizer: O que é nacional é bom, até e principalmente nas feiras de internacionalização. Este suplemento que hoje começamos a publicar, e que se vai prolongar por algumas semanas mais, mostra o que algumas das principais em- presas portuguesas vão fa- zendo na transformação de Portugal num país exporta- dor. Das nossas regiões nas- cem os grandes segredos que o tecido empresarial trans- forma em produção agro- -alimentar da mais alta qua- lidade, o que faz com que cada vez mais, sejamos um país admirado e respeitado em todo o mundo, pela nos- so “saber fazer” e pela quali- dade da tradição nas nossas regiões.

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Cada vez mais as empresas portugue-sas sentem necessidade de procurar os mercados externos como saída para a dimi-nuição do consumo no mercado nacional..

O grande mercado da informação tor-nou-se assim uma componente tão impor-tante como a qualidade, o preço e outras varáveis da produção que os empresários tão bem conhecem.

FEIRAS E MAIS FEIRASCom o desenvolvimento do Comércio

Internacional com especial incidência no seu “boom” da última década a oferta de feiras e mostras tornou-se tão vasta que é importante que os empresários planifi-quem bem a participação numa feira, e respectiva estrutura de custos antes de de-cidir onde investir. Porque é de um inves-timento que se trata quando falamos de levar uma empresa a participar numa fei-ra. É que como em tudo na vida, há “fei-ras e feiras” e logicamente há bons e maus investimentos.

Também nesta matéria se pode dizer que o empresário deve preferir o produto nacional por razões óbvias. Não por sim-

EMPRESAS PORTUGUESAS ABRAÇAM EXPORTAÇÃO: UMA APOSTA GANHA

É portuguesa e tem lugar em Portugal a maior feira mundial para promoção dos produtos alimentares portugueses

ples patriotismo, mas por decisão racional de um gestor esclarecido.

SISAB PORTUGAL O QUE É NACIONAL É BOM…

O SISAB PORTUGAL, é um caso pa-radigmático das feiras em Portugal e que vale a pena ser analisado. Em primeiro lu-gar deve ser a única feira de exportação do mundo que em vez de levar os exportado-res até ao estrangeiro, traz os comprado-res do estrangeiro até aos exportadores. Ou seja, durante três dias com toda a como-didade e economia para as empresas na-cionais, os empresários portugueses podem ver desfilar diante de si e dos seus produ-tos uma vasta plateia de importadores in-ternacionais, desde as grandes cadeias de compras até importadores dos mais varia-dos mercados ávidos e curiosos dos pro-dutos que vieram observar. E aqui está a grande vantagem deste certame para as em-presas portuguesas.

UMA FEIRA À MEDIDAEsta proximidade, quase se poderia di-

zer intimidade, entre exportador e impor-

tador no SISAB PORTUGAL revelou-se tão importante que logo a partir das primeiras edições esta feira se tornou internacional-mente conhecida como a MAIOR PLATA-FORMA DE NEGÓCIOS DA EXPORTAÇÃO, porque para além dos contactos comerciais geravam-se negócios, alguns dos quais de dimensão apreciável.

Por outro lado, sendo uma feira apenas aberta a profissionais cria o ambiente e cli-ma propício à negociação, até porque a orga-nização faz questão de salientar desde a pri-meira edição que esta é a feira onde se criam parcerias e negociação, já que o grande “se-gredo” é uma feira personalizada, onde os participantes têm até a vantagem de poder solicitar à organização a presença de deter-minado mercado, empresa ou sector e isso tanto vale para as empresas nacionais que oferecem como para as internacionais que procuram.

No final as diferenças para outros even-tos do género podem ser abismais, tanto em investimento como em resultados consegui-dos. Por tudo isto é caso para dizer: O que é nacional é bom, até e principalmente nas feiras de internacionalização.

Este suplemento que hoje começamos a publicar, e que se vai prolongar por algumas semanas mais, mostra o que algumas das principais em-presas portuguesas vão fa-zendo na transformação de Portugal num país exporta-dor. Das nossas regiões nas-cem os grandes segredos que o tecido empresarial trans-forma em produção agro--alimentar da mais alta qua-lidade, o que faz com que cada vez mais, sejamos um país admirado e respeitado em todo o mundo, pela nos-so “saber fazer” e pela quali-dade da tradição nas nossas regiões.

4 DE DEZEMBRO DE 2015p.14 EMPRESAS & MERCADOS

PALADIN- TEMPEROS DE PORTUGAL

Paladin marca global de origem portuguesa a levar os temperos de Portugal aos mercados mundiais

Hoje a marca Paladin - mar-ca de temperos portugueses - ex-travasou do coração do Ribatejo e da “pátria da arte equestre” Car-los Gonçalves, que ama a sua ter-ra e se assume como um ribate-jano de alma e coração, contribui juntamente com 250 colaborado-res/funcionários, na sua maioria na faixa etária dos 35 anos, que a marca que depois de inundar toda a grande distribuição em Portugal, há muito que tenha levantado “voo” e tenha crescido 65% ao ano no mer-cado internacional, ambicionando quintuplicar as vendas, numa es-tratégia de internacionalização for-tíssima, em que o conceito central passa por não ser uma mera empre-sa exportadora, mas sim uma mar-ca internacional representativa dos sabores Paladin em todo o mundo e uma marca relevante para os con-sumidores de cada país onde estão presentes.

Mantendo a Mendes Gonçalves desde o tempo da gestão paterna, como ponto de honra, o compro-

PALADIN é a única marca portuguesa de temperos que fez frente às grandes multinacionais em Portugal e no mundo. A empresa Mendes Gonçalves, dona da marca Paladin, sediada na Golegã e em que o seu administrador Carlos Gonçalves um jovem, que com apenas 16 anos, e hoje com 48 anos de idade decide o lugar do seu futuro e começa a acompanhar o pai na empresa. Na Mendes Gonçalves e Filhos, LDA. o percurso fez-se, desde 1982, de uma forma original, com um produto nada óbvio: vinagre de figo feito a partir do fruto cultivado pelos produtores locais.

misso com a Golegã e com a sua gente, ancorando na região uma das fábricas mais modernas da Eu-ropa, que cresce com novos investi-mentos, e uma nova unidade logís-tica a PALADIN depois de se tornar uma das marcas mais procuradas pelas principais Marcas de Distri-buição, e ser selecionada como for-necedora certificada por algumas das maiores marcas do Mundo, in-veste em Angola e coloca em fun-cionamento em Viana, uma fábrica de produção e vinagre nesta primei-ra fase; descentralizando a produ-ção e colocando-a mais perto dos mercados alvos, sem jamais abran-dar o investimento na unidade mãe.

Carlos Gonçalves recebe-nos numa altura em que a Golegã é o centro de atenções mundiais dos compradores de cavalos a Feira do Cavalo- Feira de S. Martinho e o CEO da Mendes Gonçalves que se desloca de bicicleta entre as duas unidades (de produção e logística) no topo norte da vila da Golegã, nas instalações da empresa, fala--nos da PALADIN.

Carlos Gonçalves que gosta de ampliar os horizontes do orgulho de ser português ao criar e desenvolver produtos e marcas próprias de qua-lidade e com criatividade, não hesi-tando correr riscos em prol das suas metas: fazer de Paladin, Creative e Peninsular referências em qualquer parte do mundo, nas quais os por-tugueses se revejam, foi o objetivo conseguido e com sucesso!

MP- Hoje a Mendes Gonçalves é a marca PALADIN. A marca aju-dou a alavancar as vendas da sua empresaCG- A marca Paladin foi criada há três anos e ajudou muitíssimo. A Mendes Gonçalves SA criou a mar-

ca, sendo uma empresa que co-meçou comigo e com o meu pai há 32 anos, aqui na Golegã onde nascemos.

MP- E aqui da Golegã hoje saem temperos para o mundo!CG –A Paladin com a esta politi-ca de internacionalização está em 23 países, embora venda para ou-tros. Para 2016 iremos entrar na Nigéria, Senegal. Acrescento que a Paladin apostou em ser uma mar-ca internacional representativa dos nossos sabores e temperos em todo o mundo. Optámos por avançar pelo Norte de África e Médio Orien-te em que com sucesso estamos em Marrocos, Líbia, Jordánia, Argélia, Arábia Saudita onde temos projec-tos bem como Israel e Kuwait. Na nossa estratégia de internacionali-zação adpatamos as fórmulas dos nossos temperos ao gosto dos con-sumidores de cada mercado e esta-mos sempre a criar novos produtos

MP- Novos produtos e novos con-sumidores não é verdade?CG- Somos Temperos de Portu-gal, temos maioneses, molhos; Ke-tchups, vinagretes ou seja só em Portugal a PALADIN tem 54 pro-dutos e a empresa faz 1300 refe-rências de produtos, dado que os produtos são exponenciados em cada país. Adaptamos sempre os produtos PALADIN ao mercado e, grande fatia do nosso investimento é para a Investigação e Desenvol-vimento que tem dotado a empre-sa de Know-how e tecnologia que coloca a PALADIN a nível do me-lhor que se faz no mundo! Daí o universo da PALADIN que deixou de ser só Portugal ou os mercados da saudade na exportação, para um universo acima dos 150 milhões de consumidores, muito maior que os

10 milhões de portugueses e os cinco milhões emigrados. Falando dos produtos que mandamos para o mundo a imagem da PALADIN é a única coisa que mantemos, já que os produtos e os ingredientes e ró-tulos são feitos de acordo com a legislação dos países e, como esta-mos muito nos mercados árabes, os nossos produtos são todos HALAL. A nível de paladares, dou por exem-plo a Argélia onde temos uma gama de vinagretes enorme, dado ser um país francófono que não tempera de maneira semelhante a nós e uma gama diferente para Marrocos onde tendencialmente se diria que tem estes dois povos têm os mesmos hábitos alimentares. Demoramos sempre um ano a entrar em cada novo mercado. A marca em Portu-gal cresceu para o dobro e nos mer-cados internacionais tem registado um forte crescimento.

MP- Não querendo perguntar o vo-lume de negócios, os 250 funcio-nários dá-nos uma ideia…

CG- Em Portugal o volume de negó-cios ronda os 26-27 milhões de eu-ros e a exportação representa 25% e, aqui refiro que na exportação ti-vemos uma baixa de 10% dado que abrimos uma fábrica em Angola em Viana (30 km de Luanda) e o que lá se produz para esse mercado já não conta para nós como exportação. Angola era o nosso principal mer-cado, o mais antigo, que melhor co-nhecíamos e começamos a produ-zir como foi a nossa génese aqui na Golegã; a produzir vinagres! Tra-ta-se de um investimento em con-tra ciclo, dado a situação actual de Angola, mas está em linha com o facto de prepararmos o futuro a médio-longo prazo e como acredi-tamos no futuro de Angola avan-

çamos. Há quem olhe para Angola apenas como alternativa à quebra da produção ou consumo a nível nacional, que não foi o que se pas-sou com a PALADIN, mas para nós Angola é um investimento de longo prazo e a partir dali desenvolvere-mos novos mercados e conquista-remos novos consumidores. Falan-do a nível do emprego nesta região e no país; a nível de emprego fo-mos a 6ª PME a nível nacional que mais empregou e que mais cresceu em termos de novos empregos. Te-mos mais de 20 técnicos especiali-zados e, nunca tivemos dificulda-de em ter bons funcionários; registo com agrado que temos alguns qua-dros superiores da empresa que op-taram por deixar Lisboa e vir tra-balhar para a PALADIN e vir viver para Golegã.

MP- Novos produtos são um dos segredos do sucesso. A inovação é uma constante não é verdade?CG- Sim é um facto e tem sido um

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Paladin marca global de origem portuguesa a levar os temperos de Portugal aos mercados mundiais

EMPRESAS & MERCADOS

O casal Gonçalves - Alexandra Almeida e Carlos Gonçalves da Paladin

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dos sucessos da PALADIN. Registo que com o Ketchup à portuguesa na feira de Anuga ganhámos o pré-mio de um dos 15 produtos mais inovadores do mundo, com um sa-bor português, o Ketchup um dos produtos mais massificados, ga-nhar o prémio com um sabor por-tuguês e chamando-o “ Ketchup à Portuguesa”. Foi o único produto português!

MP- E não houve medo de inter-nacionalmente o chamar de “Ke-tchup à portuguesa”?CG- Claro que não, temos muito or-gulho de ser portugueses e ribate-janos e da Golegã! Daí não haver medo. Gostamos muito de ganhar prémios e a PALADIN tem ganho muitos, mas este para nós tem um sabor acrescido é ser um genuíno SABOR PORTUGUES, feito com o melhor tomate do mundo cria-do nas lezírias do Ribatejo. Portu-gal tem produtos e produtores com muito boa qualidade e não há que

(...) Somos Temperos de Portugal, temos maioneses, molhos; Ketchups, vinagretes ou seja só em Portugal a PALADIN tem 54 produtos e a empresa faz 1300 referências de produtos, dado que os produtos são exponenciados em cada país(...) refere Carlos Gonçalves

ter medo de dizer que somos portu-gueses quando estamos nos merca-dos internacionais. Se por um lado a originalidade abre novas oportu-nidades, por outro implica bata-lhas acrescidas: são os consumido-res, nacionais e internacionais que provam que a PALADIN tem sabi-do definir e conquistar cada etapa do seu percurso. Esta empresa for-talece o seu ADN empreendedor, ousado e empenhado em fazer a di-ferença, com uma estratégia de es-cala global.

Dá trabalho conseguir os fru-tos, mas a Mendes Gonçalves SA com as suas marcas faz do impos-sível o seu chão e, dos desafios mais audaciosos os seus próximos passos. Estamos sempre à procu-ra de algo diferente, de algo inova-dor, seja no produto, seja na emba-lagem, seja na junção de sabores e aromas. E na linha da inovação e tendo conta, que em cada uma das nossas casas, há pelo menos um produto produzido na Golegã as novas criações da PALADIN valo-rizam matérias-primas tradicional-mente utilizadas na gastronomia portuguesa.

A marca PALADIN, assenta na valorização das matérias-primas portuguesas, na qualidade e na ino-vação. Quer em Portugal, quer nos países para onde a PALADIN se está a internacionalizar, uma vez que o nosso objetivo é tornar a PALADIN uma marca global de origem portu-guesa e levar os temperos de Por-tugal a novos mercados, a partir da nossa terra que é a Golegã”. ANTÓNIO FREITAS

4 DE DEZEMBRO DE 2015p.16 EMPRESAS & MERCADOS

EM AVEIRAS DE CIMA - AZAMBUJA

Líderes nacionais na área da produção de detergentes

JOSE FERREIRA fundador e CEO da JODEL

Com um cunho familiar sem-pre presente, já focada no clien-te, os seus principais clientes eram as grandes entidades empresariais, tais como os hospitais e a hotelaria.

Entre os anos de 1975 e 1998, a JODEL manteve-se em Odivelas.

No entanto, com o ideal de me-lhorar o presente e criar o futuro, a empresa foi evoluindo e investindo nos seus processos para colmatar as necessidades dos seus clientes.

Com um boom de vendas no mercado da grande distribuição, nos anos 90, tornou-se imperativo aumentar as suas instalações.

Assim sendo, em 1997, ini-ciaram as obras de construção da atual fábrica. E em 1999 a JODEL inicia a produção das suas atuais instalações – com uma área total de 120.000m2 – na Zona Indus-trial de Aveiras de Cima, concelho da Azambuja voltando o seu funda-dor, à terra mãe. A década de 2000 demonstrou que as exigências do

Fundada em 1974 por José Pereira Ferreira e sua mulher, Maria Manuela Ferreira, a JODEL demons-tra ser hoje um projeto sólido, capaz de se adaptar às exigentes alterações do mercado, dedicando--se, desde a sua fundação, ao fabrico de detergen-tes. Iniciando a sua atividade com a produção de detergentes sólidos e líquidos de marca própria – JOEL – a empresa deu os primeiros passos numa pequena instalação fabril em Odivelas.

mercado impulsionaram a necessi-dade de aumento da capacidade e otimização de processos.

Desta forma, em 2006, a JO-DEL iniciou o fabrico de detergen-tes sólidos atomizados pelo proces-so de fabrico NTD e em 2012, a construção de um armazém auto-mático de excelência, acrescentan-do, assim, uma nova tecnologia do processo, rapidamente afirmando--se no mercado. Graças, também, à qualificação dos seus recursos humanos, ferramenta que permitiu um processo de crescimento notá-vel, a JODEL é hoje reconhecida in-ternacionalmente como fornecedor e como parceiro de referência.

Ao longo de 40 anos, foram muitos os acontecimentos mar-cantes que levaram a que a JODEL seja hoje uma empresa a atuar em diversos mercados com reconheci-do valor, mantendo intacto o espí-rito familiar e a ambição de melho-ria contínua, que a caracterizam

desde a sua fundação. José Pereira Ferreira de 78

anos de idade recebe-nos nas mo-dernas instalações fabris que labo-ram 365 dias por ano e de onde se produz 700 toneladas diárias de produtos e onde emprega 300 funcionários. Homem empreende-dor e de visões largas, um empre-sário orgulhoso dos seus dois filhos a trabalhar com ele, mais nora e genro, e com licenciaturas na área química, são o garante da continui-dade de uma empresa familiar de grande dimensão em que o seu de-partamento de Investigação e De-senvolvimento assume um papel de grande importância na JODEL. Com infra-estruturas próprias para o desenvolvimento de novas formu-lações e embalagens, a JODEL tem vindo a assegurar um controlo de qualidade de todas as matérias-pri-mas que vão ao encontro das ne-cessidades dos seus clientes

Grande parte da produção da

JODEL está orientada para mar-cas da distribuição das mais con-ceituadas empresas nacionais e in-ternacionais, reconhecend o-lhe inovação e eficácia de todo o seu processo. Pode encontrar esta re-presentação da JODEL no SISAB PORTUGAL, evento onde marca presença.

MP- Conte-nos a história como a JODEL nasceu a começar pelo nome da mesma?

JF – A Jodel como marca e nome de empresa nasceu de JO do meu nome, José , e EL da minha esposa que é Manuela, surgindo assim a marca JOEL, dado existir pessoas com esse nome colocamos um D no meio, ficando JODEL, no entanto ainda hoje temos produtos com a marca JOEL.

Nasci aqui em Aveiras de Cima em 1937 e tudo começa em 3 de Março de 1960. Após ter tirado o curso comercial de guarda livros, na escola comercial portuguesa, frente à Câmara Municipal de Lis-boa, fui trabalhar para os escritó-rios de uma fábrica pequena de

detergentes. Como não gostava de estar um dia inteiro sentado a uma secretária pedi ao meu patrão para ir para vendedor. Na época fui para a rua com um Citroen 2 ca-valos e estive desde 1960 até fi-nais de 1967 a vender em Lisboa e arredores. Os detergentes que se vendiam era mais para a área in-dustrial. Vendia detergentes para indústria hoteleira e lavandarias.

Gama doméstica de produtos

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Líderes nacionais na área da produção de detergentes

EMPRESAS & MERCADOS

A nova fábrica em Aveiras de Cima instalações fabris que laboram 365 dias por ano e de onde se produz 700 toneladas diárias de produtos e onde emprega 300 funcionários.

The world of brands

The waTCh eXPerT

www.boutiquedosrelogios.pt

Deixo aqui uma curiosidade que os detergentes líquidos eram vendidos em barris de madeira como os utili-zados no vinho de 30 litros e 50 li-tros, até aparecer o plástico. Após 7 anos resolvi, juntamente com a mi-nha mulher iniciarmos a nossa pró-pria empresa.

MP- Mas tinha já conhecimen-tos de química que os ajudassem

a produzir?JF- Eu estava muito ligado tam-

bém às formulações e daí foi conhe-cendo o tipo de matérias primas e as suas composições. Nas grandes cheias de 29 Novembro de 1967 e que fustigou a baixa de Odivelas, aluguei uma antiga fábrica de ma-las, após a tragédia das cheias e co-mecei a fabricar os meus próprios detergentes, manualmente num bidon e embalando manualmente. Mais tarde comprei uma parcela de terreno, na Ramada/Odivelas, onde instalei um armazém e fui crescen-do, em vendas e produção. Nos anos 90 já o negócio estava mui-to alargado não podíamos crescer mais e em 1995 decidimos contruir uma nova unidade. A especulação

imobiliária da região de Odivelas “empurrou-me” para fora da zona de Lisboa e por isso procuramos ou-tras alternativas e foi quando surgiu a compra deste terreno, onde esta-mos, que nos pareceu bastante in-dicado para o que procurávamos, era uma zona industrial, com bons acessos e boas ligações às princi-pais estradas e perto dos entrepos-tos dos nossos maiores clientes.

MP - Pode-se dizer que o se-nhor nasceu na altura certa e apostou na produção do “produ-to certo” das novas tendências de consumo e necessidade

JF- Sim é um facto já, que falar por exemplo amaciadores de roupa há umas décadas atrás era utopia.

Hoje fazemos as nossas marcas e as marcas das grandes superfícies e a gama é vasta e completa, ou seja tudo o que é detergentes para a linha doméstica ou industrial. Co-mecei na área industrial e somos hoje a única fábrica com tecnolo-gia em que transformamos deter-gentes líquidos em detergentes em pó. Fabricamos o produto e a pró-pria embalagem ( temos extrusão e injecção)

MP- E na área internacional,

para onde já exportam?JF- A exportação representa

para nós 5% das nossas vendas com uma tendência de crescimen-to. Exportamos muito para África, Espanha e França.

MP- Quando andava em ven-

dedor alguma vez sonhou chegar a este patamar empresarial?

JF- Sim, desde muito novo sempre quis mais e mais e sempre tendei ir atrás dos meus sonhos.

REGIONALp.18 4 DE DEZEMBRO DE 2015

Favaios, aldeia vinhateira de Portugal

Favaios é uma vila do Douro que aparenta ter passado despercebida nas malhas da modernidade, isto porque sempre preservou o seu lado fiel às origens, à Natureza e ao vinho, produto icónico da região.

O que põe Favaios no mapa é, sem dúvida, o Moscatel. A evolução desta localidade está intimamente ligada com a evolução deste produ-to em si, um vinho com reconheci-do valor mundial graças ao seu aro-ma e doçura.

UMA LOCALIZAÇÃO SEM IGUALMas não é só de vinho que se

faz Favaios. Este lugar está situado no coração do Douro, na Serra do Vilarelho, e pertence ao concelho de Alijó e distrito de Vila Real. En-contra-se, assim, a 150 quilóme-tros do Porto e a 120 de Bragança. Favaios é, neste sentido, uma pro-va e um reflexo da genuinidade e ruralidade ainda presentes no inte-rior de Portugal.

Esta vila enche-se de paisagens ímpares, possui vestígios arqueoló-gicos impressionantes, casas bra-sonadas e imensos monumentos religiosos. Nas páginas da História de Portugal, lê-se que o nome da localidade, Favaios, teve a sua ori-gem no termo “Flávias”, nome atri-buído por Flavius, o seu fundador.

Desde o seu nascimento, a lo-calidade evoluiu e desenvolveu-se sem nunca perder o nó com as suas raízes. Atualmente, os seus cerca de 1.500 habitantes vivem, sobre-

À DESCOBERTA DO INTERIOR DE PORTUGAL

tudo, em estreita ligação com a ati-vidade da vinicultura.

O Vinho Moscatel do Douro, proveniente desta região, afirma--se, assim, como um dos grandes tesouros da nacionalidade portu-guesa. Situada num dos mais be-los e emblemáticos planaltos do Douro, a região de Favaios usufrui de um clima invejável. Estas ca-racterísticas contribuíram, sem dú-vida, para o nascimento e desen-volvimento de castas ideais para a produção deste néctar.

FAVAIOS E O MOSCATELComo já foi referido anterior-

mente, Favaios aparece no mapa muito graças ao Moscatel, um néc-tar doce e aveludado, altamente consumido nos quatro cantos do mundo.

Em Portugal, apenas duas re-giões conseguiram o seu nome de-vido à produção do vinho Moscatel: uma na península de Setúbal – o Moscatel de Setúbal, internacional-mente conhecido por Moscatel de Alexandria – e a outra no Douro, o Moscatel Galego Branco.

Este tipo de vinho tem tido, já desde o século XVIII, um papel pre-ponderante na economia deste lo-cal, bem como na própria paisa-gem, nas marcas arquitetónicas e no aumento do número de habitan-tes, contrariamente ao que se pas-sa no resto do interior de Portugal.

O Moscatel de Favaios distin-gue-se por ser um vinho produzido

Geograficamente falando, Favaios pode considerar--se uma aldeia escondida no coração do Douro. Pouca gente conhece este lugar, mas é desta região que pro-vém o vinho Moscatel Galego Branco, um dos néctares mais apreciados do mundo.

a partir de uma única casta, o Mos-catel Galego, existente num territó-rio que se delimita entre Favaios, o lugar da Granja e algumas parcelas em Alijó, zona situada acima dos 600 metros de altitude.

Além disso, a região usufrui de um terreno bastante fértil e pouco pedregoso, mantido em áreas pla-nas ou de pouco declive, e de um clima fresco e favorecido por ne-voeiros e orvalhadas habituais.

Porém, na década de 30 do sé-culo XX, a Casa do Douro decretou que vinhas localizadas a altitude superior a 500 metros não pode-riam adicionar a aguardente vínica utilizada na produção do Moscatel. Os produtores deixaram, desta fei-ta, de poder fabricar o produto que tanto orgulhava a região, o que con-denou a tradição – já secular – a um eventual desaparecimento.

O povo de Favaios, desconten-te com a decisão tomada pela Casa do Douro, lutou para que o direito de produzir o Moscatel lhes fosse devolvido.

Foi criada, neste sentido, a Ade-ga Cooperativa de Favaios, funda-da em 1952, pela mão de cerca de uma centena de sócios, na sua maioria, pequenos produtores. Esta

associação foi crescendo e fortale-cendo-se ao longo dos tempos, sen-do a responsável por levar o Mos-catel do Douro aos quatro cantos do mundo.

O MOSCATEL PELO MUNDO FORA

Há muitos vinhos Moscatel por todo o mundo, mas os dois esti-los produzidos em Portugal são os mais apreciados. O Moscatel do Douro, por sua vez, é considerado o mais elegante e aromatizado des-te tipo.

A videira deste Moscatel, néc-tar vencedor de muitos prémios in-ternacionais, pode ser encontrada ao longo de toda a Região Demar-cada do Douro, mas predomina no extremo norte da região centro-du-riense. Este vinho é proveniente de uma casta perfumada com aromas florais, cítricos e de uvas. Conse-gue, além disso, atingir níveis de açúcar elevados quando amadure-cida, o que a torna propensa à pro-dução de vinhos fortificados.

O resultado final é uma bebida particularmente doce, com sabor a mel e compotas, apresentando sua-ves notas de laranja, tangerina, da-masco e manteiga. O seu aspeto

límpido e tonalidade dourada são somente completados com inten-sos traços de frutos secos, prove-nientes do seu envelhecimento em madeira durante longos anos, sen-do o tempo mínimo de 18 meses. Alguns chegam a amadurecer por 10 ou 20 anos.

A massificação deste vinho aconteceu com o lançamento do Favaíto, que tirou o lugar em Portu-gal a marcas como a Martini, che-gando também a um público mais jovem.

ALÉM DO VINHONem só do vinho vive Favaios.

Esta pérola do Douro pode, tam-bém, orgulhar-se de deter uma es-pécie de trigo – o Trigo de Quatro Cantos – que está na base da pro-dução do tradicional pão da re-gião, tão apreciado por todas as gerações.

Outras marcas gastronómicas presentes em Favaios passam pela feijoada à transmontana, os milhos em vinhos d’alhos, as feijocas enso-padas, o bacalhau assado na brasa, as pataniscas de bacalhau ou pela bola de carne. O leite-creme, a ale-tria e o arroz doce fazem as delícias dos mais lambareiros.

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4 DE DEZEMBRO DE 2015p.20 EMPRESAS & MERCADOS

FABRIDOCE | UMA EMPRESA QUE NÃO PÁRA DE SURPREENDER

“Finalmente podemos vender ovos moles ultracongelados”

Rui Miguel Almeida | O dinâmico gerente da FABRIDOCE

A FABRIDOCE já tem um grande his-torial de presenças no SISAB PORTUAL. Qual é o balanço que faz destes anos todos?

Neste momento, funciona como um lo-cal de reencontro com os clientes. É uma forma de nós estarmos com aqueles que já temos, voltando a estar com eles uma vez por ano.

Finalmente os ovos moles já podem ser vendidos no mundo inteiro, está resolvido o problema?

Na prática só mesmo agora é que vai ar-rancar. Houve um atraso enorme na publi-

cação das regras e, foi graças à intervenção, do Dr. Paulo Portas, que isto avançou. O pro-cesso estava lá e, eventualmente, acabaria por ser aprovado, mas demoraria se calhar mais um ano e a intervenção dele foi im-portante, porque acelerou tudo finalmente.

Como é que falaram com ele?A RTP veio cá falar comigo sobre a im-

possibilidade de se exportarem ovos moles e eu disse “olhe podia ser melhor do que é se não tivéssemos alguns entraves, como os ovos-moles não poderem ser ultra congela-dos”. Ele viu a reportagem ou alguém por ele. Foi interessante porque, passado pouco tempo no SISAB PORTUGAL, o Dr. Pires de Lima (Ministro da Economia à época) pas-sou no nosso stand e disse-me que esse as-

Fundada em 1989, em plena cidade de Aveiro, dedicou-se aos doces tradicionais da região, sendo os Ovos Moles a imagem de marca. Pelo meio o arrojo e dinamismo de Rui Almeida levou a empresa por novos caminhos, criando nomeadamente os gelados “gourmet” Sabores de Portugal. Agora com a congelação para os ovos moles finalmente aprovada, abrem-se novas perspetivas para a empresa e para a distribuição do produto no mundo inteiro.

A FABRIDOCE rege-se pelo lema “Inovar mantendo a Tradição”. Estas simples palavras identificam o desenvolvimento do saber fazer tradicional ao longo destes anos.

sunto estava com o Dr. Paulo Portas. Mais acima não podia estar e, portanto, iria ser resolvido. Depois em maio até foi ele que fez questão de me ligar pessoalmente a dizer que o processo tinha sido finalmente aprovado.

Quando é que a ‘Fabridoce’ vai come-çar a congelar?

Eu penso que ainda este ano. A aprova-ção final ocorreu no dia 1 de outubro. Isto depois tem que ser aprovado na associação. Já foi aprovado na assembleia-geral e ago-ra têm que passar mais 15 dias, porque as embalagens têm que ser aprovadas. Vão ser

embalagens específicas para a congelação.

Por exemplo, uma caixa de doces da-qui para o Brasil quanto tempo é que de-mora a chegar?

Penso que é um mês, e o prazo de valida-de do produto passa para seis meses

Quer dizer que o revendedor ainda fica com cinco meses para colocar o produto no cliente.

É de facto o mercado que eu acho que tem mais interesse nisto, além do mercado dito da saudade, eu diria que numa fase ini-cial aquele mercado no qual nós temos mais potencial para vender o produto é o Brasil. A experiência que eu vou tendo com franceses, ingleses, alemães, é que eles não conhecem

o produto e não têm cultura de sobremesa como nós temos. A nossa cultura de sobre-mesa é uma cultura diferente do estrangei-ro. Nós temos uma sobremesa muito mais doce e com ovos. Um espanhol, um francês, um alemão, um sueco é muito mais à base de nata e fruta, menos doce. Não é que eles não venham cá e não comam, mas depois lá acabam por não consumir.

E o mercado já reagiu a esta novidade da congelação?

Até agora não tínhamos ferramentas para abordar certos mercados. Agora já nos deram

a chave de fendas. Vamos agora ver onde é que encaixa. Eu já tenho algumas ideias. Fiz muitas abordagens. No SISAB PORTU-GAL, já fizemos algumas abordagens e aquilo que verificámos na prática é que as pessoas até gostam, acham interessante. Exatamen-te aquilo que disse. “Olha que giro. Há mui-tos motivos, um deles é cultural, que é aquilo que falava. Mas também a questão “quem é que poderia ser o nosso cliente?”. Eu consi-dero uma verdadeira exportação quando eu consigo vender um produto meu a naturais do país. Isso é que é o grande desafio. Foi, por exemplo, o pastel de nata conseguiu. Isso é que é interessante. o pastel de nata gera mais riqueza ao país, até gera, mas você não con-segue garantir que abre um cliente na China ou no Dubai ou na Polónia e que o mantém.

Enquanto que com os ovos-moles de Aveiro não há volta a dar. Tem que ser feito em Avei-ro. É como o vinho do Porto. Os pastéis de nata não têm essa proteção jurídica. Você até pode ter um cliente, ter uma excelente rela-ção e até do ponto de vista contratual se ca-lhar consegue agilizar a questão.

Com os ovos-moles não é assim porquê?Porque o produto está protegido. O pro-

duto só pode ser feito na região de Aveiro.

Então e se, por exemplo, agora houver

um chinês que começa a fazer um creme de ovo?

Isso pode fazer. O creme em si não é pro-tegido. O que é protegido é a forma de apre-sentação, ou seja, o que confere distinção aos ovos-moles de Aveiro são as hóstias que são certificadas, a barrica de madeira e a barri-ca de porcelana. As barricas estão confina-das claramente ao turista. Os ovos-moles de Aveiro em hóstia, sim, têm mais potencial de exportação e esse produto é o que confe-re distinção, portanto, o creme de ovos-moles pode ser feito em qualquer lado. Não é isso que é certificado.

Quem é que faz a hóstia aqui?São dois produtores. Fazem a hóstia que

toda a gente compra.

A NOVA GELATARIA DA FABRIDOCE EM PLENO CENTRO DE AVEIRO

4 DE DEZEMBRO DE 2015 p.21EMPRESAS & MERCADOS

Mas depois ela é moldada, não é? Tenho ideia que é uma coisa direita, que se parte.

A hóstia é quase do tamanho de uma folha A4, onde já vêm os buraquinhos. O líquido é colocado, e quando sai, é já uma placa já com os formatos feitos e é só cortar. Depois, enche de um lado, enche do outro e fecha. São duas placas com os motivos. Nós usamos cinco motivos.

Então quer dizer que os moldes não são vossos. São moldes já pré-concebidos?

Existem 22 formatos que estão pré-de-finidos e não podemos inventar. São aque-les motivos que existiam já há mais de cem anos. Em hóstia acho que começou a apa-recer penso que há volta de 200 anos atrás. São os motivos que existiam, motivos liga-dos ao mar e ligados à ria.

A contrafacção é perigosa pela vulgari-zação do produto?

Essa é que é a grande questão. O que a certificação pretende é perpetuar o produ-to e garantir que a qualidade do produto se mantém. E esta questão da congelação foi muito bem estudada, muito bem pensada e é um passo que estamos a dar com muita cautela, para garantir que o produto conti-nua a ter qualidade, mesmo depois de des-congelado. É um processo que estamos a fazer com muita cautela, porque é um pro-

duto que as pessoas têm e avaliam como um produto de primeira qualidade e é isso que se pretende. Dentro da doçaria, quere-mos ser dos melhores. Não temos a veleida-de de sermos os melhores do mundo, mas queremos ser um bom produto, um produ-to de excelência. A pessoa come um pro-duto nosso e eu não fico satisfeito quando dizem “é bom”. Eu fico satisfeito quando a pessoa come aquilo e fecha os olhos. É isso que nós pretendemos sempre com os nos-sos produtos.

E como tem corrido a experiência dos gelados?

O mercado da saudade para mim foi uma decepção. É verdade. Infelizmente, tal-vez por nossa incompetência. Se calhar ain-da não chegámos onde devíamos ter che-gado. Quando pensei neste produto, pensei muito muito no mercado da saudade. Pen-sei que poderia ser o gelado do emigrado quase, porque está lá fora e seria uma for-ma mais fácil, porque é gelado, tem uma validade mais interessante. Um português que esteja num sítio qualquer, tinha sauda-des de um sabor, podia não ter o requeijão nem o doce de abóbora, mas ia consumi-lo em gelado. Podia não ter os ovos-moles de Aveiro, mas ia consumi-los em gelado. Po-dia não ter o leite-creme, mas ia consumi--lo em gelado. Teoricamente, isto tinha tudo

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para dar certo. Na prática, temos consegui-do, mas no canal tradicional, você conhece--o bem, os gelados que eles compram são os habituais. Conseguimos meter em alguns clientes, em algumas cadeias. Em Portugal é exatamente o oposto. tem sido uma loucu-ra. Tem sido um sucesso. Fomos ocupar um nicho de mercado que estava por explorar de produtos, gelados com sabores tipicamente portugueses. Não existia e estamos pratica-mente nas cadeias todas. Só não estamos no Pingo Doce. Vamos, eventualmente, encetar negociações. Também por falta de capaci-dade de produção. Há aqui também alguma cautela. Nós próprios também não fizemos uma grande abordagem. Como é uma gran-de cadeia, temos que ir aos poucos.

Neste momento é difícil encontrar?Não, está no Continente, no El Corte In-

glês, está no Jumbo, Intermarché. Portanto, temos alguns pontos de venda, lojinhas que já nos compram. Compram a arca. Temos a solução do copo, de 150ml para consumo individual. Temos, depois, uma couvette fa-miliar também para esses pontos que a pes-soa quer levar ou o produto take away. Temos clientes muito interessantes. Restaurantes que nos compram para servir à bola e in-cluem na carta. Quem vai lá comprar comida para levar para casa, tem o produto também com a nossa embalagem de esferovite. Dura

três horas fora do frio e leva um gelado para casa. Ou aqueles restaurantes até que entre-gam em casa. Esse mercado tem sido inte-ressante. Depois temos em cuba, como refe-ria, e estão associados a arcas. Nós também vendemos a arca. Uma solução que pode custar de 300 euros até 1500. Pode ter até uma bicicleta. Nós, eventualmente, para o SISAB PORTUGAL vamos levar a bicicleta.

A faturação da ‘Fabridoce’ está a crescer?

Sim, nós crescemos. 2014 foi muito bom. Este ano, perdemos um cliente impor-tante, em Espanha, que nos gastava fios de ovos. Eventualmente, vamos decrescer um bocadinho.

Qual foi o valor atingido em 2014?Perto dos 4 milhões. A rentabilidade

também cresceu. Este ano, perdemos um cliente muito importante, a ‘Mercadona’, que nos comprava os fios de ovos. Era um clien-te que representava ainda bastante dinhei-ro, mas que nos obrigava a uma logística… obrigava-nos a criar um segundo turno, es-pecificamente para esse cliente. Era bom por um lado, mas por outro era mau. Tínhamos que recrutar 20 pessoas, para depois man-dá-las embora. Estavam cá três meses e de-pois iam todas embora. Era um desperdício de recursos.

4 DE DEZEMBRO DE 2015p.22 EMPRESAS & MERCADOS

CASA DA PRISCA EM TRANCOSO - RELÍQUIAS GASTRONÓMICAS E PALADARES DE EXCELÊNCIA

“O futuro é sermos uma empresa marcadamente exportadora e a internacionalização foi a aposta declarada”

(...) estimamos acabar o ano com um volume de facturação enquanto grupo, na ordem dos 10 milhões de euros, temos como objectivo até 2020, portanto nos próximos cinco anos duplicar a faturação e que 50% das nossas vendas sejam conseguidas nos mercados externos, uma vez que neste momento rondara sensivelmente os 20% da nossa produção, ou seja - ambicionamos ser de futuro uma empresa marcadamente exportadora. (...)

AGOSTINHO SANTOS e esposa MARIA DA CONCEIÇÃO da CASA DA PRISCA

Procura dar continuidade a uma actividade já desenvolvida pela família há, pelo menos, qua-tro gerações. Sendo assim, “Quase um século de tradição”, uma vez que já os avós de Agostinho Santos se dedicavam ao comércio de car-nes e produção de enchidos, deri-vados de porco, percorrendo as fei-ras e mercados da região, por forma a poderem comprar para na sema-na seguinte poderem vender carne fresca e enchidos. Esta tradição foi continuada por Agostinho Santos e sua esposa Maria da Conceição a

A Prisca é a imagem de marca da Prisca, Alimentação S.A, uma empresa de cariz familiar e a sua história remonta a 1917! Atualmente, atua em duas áreas de negócio distintas, com as suas modernas instalações fabris na zona industrial de Trancoso e loja de venda de produtos regio-nais na entrada amuralhada da cidade pela porta de D. Dinis, oferece uma panóplia de produtos com sabores ancestrais, desde os já conhecidos enchidos, presuntos e produtos de cura natural às benditas sardinhas sem espinhas, inseridas na mais recente atividade de fabrico e comercia-lização de compotas, doces, geleias e marmeladas.

rados desta forma não existem dois enchidos iguais, pois estes depen-dem muito de factores de cariz cli-matérico, da lenha utilizada, do tipo de carne…bem como do tem-po de cura que estes necessitam para atingirem o seu ponto ótimo de maturação. A Prisca moderni-zou e aumentou a sua capacidade produtiva mas o tempero, o sabor, esse ainda continua a ser ajustado em cada produção! As linhas de en-chimento, as câmaras de cura, são necessárias para que haja capaci-dade de resposta, mas o cunho hu-mano faz sempre parte de qualquer fabrico, nos enchidos regionais não há uma formula standard, há sim uma base, uma linha orientadora. MP- Que produtos comercializa a PRISCA, para além do fumeiro tradicional? AS- Da mesma forma que nos aper-cebemos de que poderíamos levar mais longe e em maiores quantida-des os enchidos que a nossa mãe fazia e os presuntos que o nosso pai salgava, concluímos que o mes-mo se passava em relação às com-potas e marmeladas que a nossa mãe sempre teve em casa. Assim, e numa tentativa de diversificação e alargamento da actividade até aqui desenvolvida, acabámos por juntar aos enchidos, presuntos e fumados por nós já produzidos e comerciali-zados, uma nova gama de compo-tas e marmeladas.

Procurando retirar da confeita-ria regional, tão por nós apreciada, os melhores doces, marmeladas e frutos, optámos por reavivar sabo-res genuínos do Nordeste da Beira.

A Marmelada de receita casei-ra é um perfeito exemplo da conju-gação da melhor fruta regional e o saber fazer, que lhe conferem o pa-ladar de excelência que a Prisca faz questão de proporcionar aos pala-dares mais exigentes.

Conhecendo, á priori, o va-lor cultural das compotas tradicio-

nais procurámos confecionar uma variedade representativa desta re-gião, apostando especificamente no Doce de Abóbora, Doce de Cas-tanha e Doce de Cereja, não esque-cendo o Doce de Amora, o Doce de Figo, o Doce de Framboesa e tam-bém o Doce de Tomate, o Doce de Pêssego e o Doce de Morango…….

Apostando, como fazemos, numa variedade que permita le-var até ao consumidor mais sau-doso sabores diferentes que tanto aprecia, optámos também por em-beber em vinho do porto frutos re-gionais, como os figos secos e as castanhas, com um resultado sur-preendente no que respeita ao ema-ranhado de sabores resultante.

Seguidamente vieram os condi-mentos á base de fruta, os Carame-lizados em Redução de Balsâmico e vinho do Porto, como a cebola, as maças ou os pimentos……., a Geleia de Rosas ou de Violetas……

Hoje as compotas e doces re-presenta 34% do volume de ne-

que se seguiu os filhos. Hoje Antó-nio Santos, (filho de Agostinho San-tos) administrador da empresa, re-fere-nos que aquilo que fizeram foi apenas dar continuidade a este processo e, de alguma forma, levar mais longe e em maior quantida-de, os produtos que até aqui eram produzidos apenas para o comércio local ou, quando muito, regional.

Hoje falar da Prisca é falar de charcutaria mas também de doces, compotas e condimentos e longe vai o tempo em que Agostinho dos Santos andava de feira em feira e hoje vê que a empresa que cresceu com ele, com o seu trabalho, de sua esposa, dos seus colaborado-res e dos filhos, tem os seus produ-tos nas prateleiras do Harrod´s em Londres e em outros grandes arma-zéns e lojas de prestígio espalhados por vários cantos do mundo e que a internacionalização foi uma aposta ganha e que vai crescer ainda mais.

MP- Que diferenças há nos nos-sos enchidos regionais dos enchi-dos ditos industriais?AS- Os enchidos regionais genuina-mente bem-feitos, que é onde nós, Prisca, nos procuramos colocar, têm, de facto, de ser distintos dos ditos industriais, de produção mas-sificada e homogeneizada, onde o factor preço predomina em relação ao factor qualidade. Nestes casos, verifica-se uma preocupação muito grande em relação ao rendimento das matérias utilizadas, sendo por isso utilizados produtos auxiliares, por vezes em excesso, no sentido de diminuir as quebras e aumentar a rentabilidade. Agora, os regionais, genuinamente bem-feitos e onde existe uma preocupação por par-te dos produtores pela qualidade, são feitos respeitando, na maioria dos casos, receitas de origem lo-cal, conseguindo-se assim sabores sui generis e diversificados. Elabo-

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“O futuro é sermos uma empresa marcadamente exportadora e a internacionalização foi a aposta declarada”

EMPRESAS & MERCADOS

(...) estimamos acabar o ano com um volume de facturação enquanto grupo, na ordem dos 10 milhões de euros, temos como objectivo até 2020, portanto nos próximos cinco anos duplicar a faturação e que 50% das nossas vendas sejam conseguidas nos mercados externos, uma vez que neste momento rondara sensivelmente os 20% da nossa produção, ou seja - ambicionamos ser de futuro uma empresa marcadamente exportadora. (...)

AGOSTINHO SANTOS e esposa MARIA DA CONCEIÇÃO da CASA DA PRISCA

to às portas de D. Dinis a vossa loja de venda dos produtos regio-nais, dá as boas vindas aos visitan-tes. No concelho de Trancoso é um dos grandes empregadores locais. Quantas pessoas emprega na vos-sa unidade de produção sedia-da na cidade de Trancoso? Qual o volume de Vendas e número de empregados? AS-Neste momento ultrapassamos a barreira dos 60 colaboradores, e estimamos acabar o ano com um volume de facturação enquanto grupo, na ordem dos 10 milhões de euros, temos como objectivo até 2020, portanto nos próximos cinco anos duplicar a faturação e que 50% das nossas vendas sejam conseguidas nos mercados exter-nos, uma vez que neste momento rondara sensivelmente os 20% da nossa produção, ou seja, ambicio-namos ser de futuro uma empresa marcadamente exportadora.

Face às perspetivas de cresci-mento condicionado no mercado nacional sentidas no início da déca-da passada, percebemos que a ex-pansão da nossa visão do negócio teria que ser alicerçada num per-curso internacional e que passaria por vencer os obstáculos à penetra-ção em novos mercados. Estamos neste momento em cerca de 40 pa-íses e cada vez mais com países novos e mais longínquos como por exemplo a Jordânia a Coreia do Sul,

Singapura…… Pode parecer ambi-cioso duplicar a exportação mas é possível já que a Prisca tem uma linha de produtos orientada para o que o Mercado procura, trabalha-mos diretamente aqui de Tranco-so com algumas cadeias internacio-nais, com o mercado da saudade, em que trabalhamos em quase to-dos os países, havendo também uma serie de mercados em que fazemos o mercado nativo, traba-lhando com distribuidores locais. MP- Que novos produtos apostou recentemente a Casa da Prisca? AS- O nosso consumidor mais aten-to poderá confirmar que a Prisca é reconhecida precisamente pela sua capacidade de inovação e de satis-fação dos paladares mais exigen-tes! É um facto que continuamos a apostar em I&D e pretendemos continuar a inovar quer em produ-tos, apresentando novos produtos no mercado que respondam às ne-cessidades emergentes dos consu-

duction onde estão incluídas, por exemplo, a cebola caramelizada em redução de vinagre balsâmico e vi-nho do Porto, e os mirtilos com re-dução de vinagre e vinho do Porto. MP- Numa altura em que a Orga-nização Mundial de Saúde vem apontar o dedo ao consumo de car-nes transformadas, isso reflecte-se no consumo como não podia dei-xar de ser?AS – Esta noticia que agora veio a público não era novidade ne-nhuma para os operadores de car-ne transformada. Tudo o que pos-sa ser consumido em excesso pode ser prejudicial e a generalidade dos produtores, de há uns anos a esta parte, tem tomado medidas no sen-tido de minimizar essa situação.

No nosso caso em concreto, nos últimos anos, poderemos mesmo di-zer, nesta última década, temos re-duzido o tempo de fumo e exposição de fumo nos enchidos, agora vamos “secar os enchidos” e não fumar os enchidos, mudámos o tipo de lenha utilizada, não usando lenhas resino-sas, usamos só lenhas de carvalho e azinho devidamente secas e cor-tadas há mais de seis meses e pri-vilegiamos as câmaras de cura com temperatura e humidade controla-da. Por outro lado, temos vindo a diminuir a quantidade de aditivos incorporados no produto, procuran-do sempre utilizar o estritamente necessário.

Já referi anteriormente mas nunca é demais reforçar, a PRISCA, tem acompanhado a evolução das necessidades e alteração das pre-ferências dos consumidores, e res-pondendo à preocupação crescen-te com uma alimentação saudável e equilibrada aliando a um sonho de pai e filho, há cerca de 2 anos eu e o meu pai iniciamos a criação de um porco de raça bísara, precisamente com um dos objetivos de poder co-locar no mercado um produto dis-tinto, feito com os nossos próprios porcos, cuja alimentação é rigoro-samente controlada e diversificada e ao mesmo tempo feito de uma forma

completamente isenta de aditivos e conservantes.

Passados 2 anos somos hoje certamente um dos maiores produ-tores nacionais de porco bísaro, nas-cidos e criados aqui em Freches na nossa unidade onde temos sensivel-mente 1300 animais. Criámos as-sim uma linha de produtos de porco bísaro, que nos dá garantia de me-lhores carnes, porcos que são abati-dos com o mínimo de 1 ano de vida e 125 Kg de peso, isto faz com que sejam umas carnes mais maturadas e que nos permitem ter uma linha de enchidos onde não adicionamos qualquer tipo de aditivos, isto tanto nos enchidos como nos presuntos.

Também no seguimento da linha do porco bísaro optámos por seca diferente e mais lenta do que faze-mos na linha tradicional, privilegia-mos o frio, damos menos fumeiro, mas continuamos a “fumar” para não perder as características do fu-meiro tradicional da região.

Estes novos produtos tem tido uma aceitação muito boa pelo con-sumidor e são o melhor exemplo que lhes posso dar quer ao nível da ino-vação quer ao nível da variável pre-ocupação com a saúde dos consu-midores, que é uma constante e é um ponto ao qual tentamos respon-der desenvolvendo produtos inova-dores e que simultaneamente res-pondam às exigências do mercado. MP- Costumam estar presen-tes no SISAB PORTUGAL. Fa-le-nos da importância da vossa participação?AS- O SISAB PORTUGAL assume para a Prisca, dado estar focado para um público mais especializa-do, um evento de grande importân-cia e vamos estar presentes no pró-ximo SISAB PORTUGAL em 2016 com o stand que já habituámos quem nos visita! É, claramente, uma oportunidade de contatar com os intervenientes mais relevantes a nível mundial, tanto do mercado europeu como do resto do mundo, potenciando assim novas oportuni-dades de negócio.

gócios da Prisca, tendo consegui-do em poucos anos transformar-se num dos principais players do mercado. Consultem o nosso site http://www.casadaprisca.com/ e vejam a gama de produtos que produzimos.

O Sucesso deve-se basicamen-te ao facto de trabalharmos e pri-vilegiarmos a aquisição de produ-tos locais, dando assim estímulo à economia da região. Temos um departamento de inovação e De-senvolvimento que tem mostrado trabalho feito, apostado em novas tendências de consumo, novos produtos e com sucesso de aceita-ção por parte do público consumi-dor. Depois estamos sempre recep-tivos a que os clientes nos lancem desafios e temos a trabalhar con-nosco os melhores e mais dedica-dos colaboradores do Mundo. MP- A Prisca caminha para o seu centenário a ter lugar em 2017. Quando se chega a Trancoso e jun-

midores, quer em processos (de produção e tecnológicos) que per-mitam que o produto preserve o seu sabor mais tradicional. A procura constante de novos métodos pro-dutivos e de confeção que visam a obtenção e introdução no mer-cado de produtos com caracterís-ticas nutricionais e organoléticas otimizadas é o que nos destaca da concorrência.

Relativamente ao produto ino-vador, na área das compotas e con-dimentos criámos a linha dos cara-melizados, e dos condimentos para queijos e para o foie. Na charcuta-ria, depois de há uns anos termos surpreendido o mercado com uma alheira de baixas calorias, apresen-tamos agora também uma Alheira sem Glúten, numa gama também bastante diversificada temos os en-chidos de aves, que está a ter um excelente resultado no mercado.

Temos recebido alguns pré-mios, mesmo a nível internacio-nal, por algumas das nossas ino-vações, Alimentaria de Barcelona 2012, Anuga Colonia 2013, Sial Paris 2014…… pela linha Se-

REGIONALp.24 4 DE DEZEMBRO DE 2015

Aveiro, cidade do “ouro doce”

Junto à Ria, onde as águas do-ces do rio Vouga se misturam com as águas do mar, Aveiro é uma das cidades mais interessantes do lito-ral português.

AVEIRO E O MARA sua fundação terá ocorrido no

tempo do imperador romano Marco Aurélio. Devido à existência de nu-merosas aves palmípedes que po-voavam esta área lagunar, o seu pri-meiro nome terá sido Aviarium.

Em finais do século XVI, princí-pios do século XVII, a instabilidade da vital comunicação entre a Ria e o mar levou ao fecho do canal, impedindo a utilização do porto e criando condições de insalubrida-de provocadas pela estagnação das águas da laguna. Estas causas pro-vocaram uma grande diminuição do número de habitantes - muitos dos quais emigraram, criando pó-voas piscatórias ao longo da costa portuguesa - o que, consequente-mente, estiveram na base de uma grande crise económica e social.

Foi, porém e curiosamente, nes-ta fase de recessão que se cons-truiu, em plena dominação filipina, um dos mais notáveis templos avei-renses: a Igreja da Misericórdia.

Em 1759, D. José I elevou Avei-ro a cidade, poucos meses depois de ter condenado por traição ao ca-dafalso o seu último duque, título criado, em 1547, por D. João III.

Por essa razão, e a pedido de algumas pessoas notáveis da cida-de, à nova cidade foi dado o nome

À DESCOBERTA DO INTERIOR DE PORTUGAL

de Nova Bragança em vez de Avei-ro, por Alvará Real de 11 de abril de 1759. Com a queda do poder do Marquês de Pombal, e após D. Maria I se tornar rainha em 1777, a cidade voltou à sua anterior designação.

Aveiro foi um dos principais por-tos envolvidos na pesca do baca-lhau durante o período dictatorial.

PEDAÇOS DE OURO DOCEMas é no centro da cidade que

se pode ir ao encontro das casas onde pode provar os deliciosos ovos moles, que despertam o pa-ladar como se fossem pedaços de ouro doce.

Este doce é típico da região e é herdado das tradições dos con-ventos femininos aveirenses. Além de um sabor inconfundível, é a sua aparência que torna os ovos moles de Aveiro um doce peculiar. Os ele-mentos do mar inspiraram as do-ceiras, que criam, ano após ano, fi-nas camadas de hóstia em forma de conchas, búzios, peixes ou amêi-joas para envolver a massa da cor do ouro.

Os ovos moles de Aveiro fo-ram o primeiro produto português distinguido com a denominação de Indicação Geográfica Protegi-da, atribuída pela União Europeia. Esta distinção assegura ao tradi-cional doce de aveiro uma garan-tia máxima de qualidade, quer à qualidade das matérias-primas utilizadas como na forma de ser confeccionado.

Deambular pelo distrito de Aveiro é captar a essência de um destino que esperaríamos ver num livro de viagens e, ao mesmo tempo, mergu-lhar nas águas do centro de Portugal com os seus moliceiros semelhantes a gôndolas e uma elegante arquitetura do século XIX.

A COR DO LITORALA conquistar cada vez mais vi-

sitantes a cor do litoral português desce pela Costa Nova, onde a praia é característica devido às ca-sas em madeira com riscas brancas e riscas de cores garridas, deriva-das das originais casas de madei-ra dos pescadores. Estas casas de madeira são cada vez mais raras de se ver.

A RIA É CENTRO DA CIDADEJá no fim de tarde, iluminado

pelos últimos raios de sol, a via-gem de moliceiro percorre os canais da ria que, como estradas de água prateada, conduzem qualquer visi-tante pela cidade, proporcionando um bucólico e inesquecível passeio.

Conhecida como a “Veneza Por-tuguesa”, a Ria de Aveiro oferece quatro canais para que se conheça esta cidade de uma forma única, e

para que se explorem pormenores que de nenhuma outra forma se-riam passíveis de descobrir.

Estas quatro artérias são: o Ca-nal Central, conhecido como o em-blemático canal em que vai conhe-cer as belas casas de arte nova e o centro histórico da cidade; Ca-nal da Pirâmide onde poderá apre-ciar a paisagem verde do parque do Rossio e as salinas aveirenses; Canal de São Roque, que lhe per-mite visitar o antigo bairro dos pes-cadores e apreciar os antigos pa-lheiros de armazenamento de sal; e por fim o Canal do Cojo onde pode-rá apreciar o edifício da Assembleia Municipal, um edifício, assente na água, apreciará também o centro comercial, Fórum Aveiro e a Cerâ-mica Campos.

Desde a Idade Média que Avei-ro esteve sempre ligada ao comér-cio do mar, à pesca e à produção

de sal. Nos séculos seguintes, a vila conheceu momentos de crescimen-to, sobretudo quando os Descobri-mentos abriram Portugal ao mar e trouxeram até às margens da Ria mercadores e navegadores de vá-rios pontos da Europa.

Aveiro conquistou e continua a conquistar pessoas pelo mundo fora, fascinando pela ligação que existe entre o mar e a terra. Como dizia Saramago, “a ria, hoje, tem um nome que bem lhe quadra: cha-ma-se solidão, fala com o viajante, ininterruptamente fala, conversas de água e limosas algas, peixes que param entre duas águas, sob a re-verberação da superfície. O viajan-te sabe que está a querer exprimir o inexprimível, que nenhumas pa-lavras serão capazes de dizer o que uma gota de água é, quanto menos este corpo vivo que liga a terra e o mar como um enorme coração”.

VAMOS FALAR DE EXPORTADORPARA EXPORTADOR. Para as empresas que fazem do mundo o seu mercado, a Caixa disponibiliza um conjunto de soluções para tornar mais seguras as operações internacionais, possibilitando a antecipação das receitas e a boa cobrança das suas exportações. Conte também com financiamento para os seus projetos de expansão e a experiência dos nossos gestores em comércio externo em articulação com as unidades do Grupo CGD no exterior, ligando negócios em mercados emergentes e maduros. Fale connosco, de exportador para exportador.

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4 DE DEZEMBRO DE 2015p.26 EMPRESAS & MERCADOS

PENTAPACK E PENTAADHESIV NO COMPLEXO PENTA GROUP EM SALVATERRA DE MAGOS

“Damos embalagem ao seu negócio”

(...) Para alem de toda a tecnologia que dispomos como por exemplo impressão em “FULL HD”, temos uma equipe altamente bem treinada e com larga experiencia em produção de rótulos e embalagem flexível, aliada a um departamento de qualidade também este com vasta experiencia nestes produtos(...)

FREDERICO JORGE da PentaAdshesiv

Sediada em Salvaterra de Magos e dotada da mais moderna tecnologia na produção de caixas de cartão, rótulos e embalagem flexível , encontramos uma empresa de alta tecnologia, a PentaAdhesiv em que Frederico Jorge o administrador fala-nos da mesma e revela-nos alguns dados a registar.

A laborar 80% da sua pro-dução para o mercado nacio-nal e 20% para o mercado in-ternacional, destas máquinas de alta tecnologia e “último grito” na impressão sai a decoração da em-balagem final ou rótulos de tantos produtos que nos são familiares no dia a dia.

Pelas mãos dos seus 60 téc-nicos gráficos, as “obras de arte” das artes gráficas são aqui pro-duzidas todos os dias, traduzidas em qualidade ímpar de impres-são, 20 anos a “causar boa im-pressão” pode ser o título da publi reportagem.

Marcando presença no SISAB PORTUGAL onde tem vários clien-tes e estando aptos a responder a todas as exigências gráficas de impressão.

MP- Fale-nos do vosso ramo de actividadeFrederico Jorge – Nós estamos di-vididos em três áreas de negócio. Produzimos etiquetas auto-adesi-vas ou seja rótulos auto-adesivos em bobine para diversos merca-dos, com principal incidência no mercado alimentar, vinhos, cos-mética e química. Fabricamos de igual modo embalagem flexí-vel para embalamento, nomea-damente de produtos alimenta-res e farmacêuticos entre outros. Dispomos de impressão digi-tal HD e flexografia rotativa HD, com acabamentos em serigrafia e estampagem.

Temos ainda ao serviço dos nossos clientes um departamen-to de desenvolvimento e imagem para podermos ajudar na cria-ção ou implementação de novos trabalhos.

MP- A vossa laboração ou produ-ção chega para além dos clien-tes nacionais a que mercados internacionais?FJ- Produzimos para Espanha, Cabo Verde e Angola.

Dado termos recentemente instalado mais uma linha digital de ultima geração e uma nova fle-xo de formato largo com grande capacidade de impressão, conse-guimos crescer a nossa capacida-de produtiva em 25%, o que nos permite pensar em novos merca-dos como por exemplo França e norte de Africa.

Neste centro tecnológico de impressão, os nossos clientes pro-curam-nos pela qualidade e o se-gredo desta empresa está aliado às máquinas mais modernas que existem a nível mundial.

Para alem de toda a tecnologia que dispomos como por exemplo impressão em “FULL HD”, temos uma equipe altamente bem trei-nada e com larga experiencia em produção de rótulos e embalagem flexível, aliada a um departamen-to de qualidade também este com vasta experiencia nestes produtos.

Os nossos clientes não nos procura apenas pelos preços com-petitivos mas acima de tudo pela

qualidade que podemos ofere-cer, e pelo serviço de entregas em tempo record que praticamos.

A embalagem é cada vez mais um factor de primordial importân-cia para o sucesso de vendas dos produtos dos nossos clientes, um rotulo ou uma embalagem que se distinga de todas as outras em termos de impressão e qualida-de dos substratos usados, aliada a um produto de qualidade é suces-so garantido. Por tudo isto, damos embalagem ao seu negocio…

Pelas mãos dos seus 60 técnicos gráficos, as “obras de arte” das artes gráficas são aqui produzidas todos os dias, traduzidas em qualidade ímpar de impressão, 20 anos a “causar boa impressão”

4 DE DEZEMBRO DE 2015 p.27

“Damos embalagem ao seu negócio”

EMPRESAS & MERCADOS

(...) Para alem de toda a tecnologia que dispomos como por exemplo impressão em “FULL HD”, temos uma equipe altamente bem treinada e com larga experiencia em produção de rótulos e embalagem flexível, aliada a um departamento de qualidade também este com vasta experiencia nestes produtos(...)

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A última tecnologia de impressão digital em bobine

4 DE DEZEMBRO DE 2015p.28 EMPRESAS & MERCADOS

CAVES DE SANTA MARTA

Depois da tempestade as Caves de Santa Marta estão aí de novo...

Engº Manuel Cruz - Presidente das Caves de Santa Marta (à esquerda) e Francisco Teixeira - Diretor Com ercial (à direita)

As caves de Santa Marta saíram recen-temente de uma situação um pouco difícil. Qual foi a grande razão?

Há várias razões. Desde logo, o facto de, em determinadas alturas, se pagar aos sócios mais do que se deveria pagar. Ao valorizarem demasiado o vinho e, posteriormente, não conseguindo realizar esses valores no mer-cado, levou a que tivessem de contrair em-préstimos sucessivos na banca para pagar aos associados, numa altura em que as ta-xas de juro estavam próximas dos 10%. Com este acumular de situações chegou-se a uma dívida de 26 milhões.

Quando aqui chegámos a situação era mais grave do que aquilo que pensávamos. Das duas, uma: ou a empresa ia para a insol-vência, caminho que se se estava a seguir, ou teríamos que encontrar uma solução para a viabilização de empresa. Foi então que, nes-se ano de 2012, surge o Processo Especial de Revitalização do qual estamos a beneficiar com a aprovação de um Plano de Revitaliza-ção, homologado judicialmente. Foi um pro-cesso difícil de concluir, na medida em que desde Junho a Dezembro tivemos que nego-ciar com os nossos credores, principalmente com os Bancos.

Temos vindo a cumprir com o Plano es-tabelecido, pelo que a recuperação das Ca-ves Santa Marta está a correr bem, dentro do

Por vicissitudes várias, as Caves de Santa Marta, atravessaram dias difíceis. O atual presidente, Manuel Cruz e os restantes elementos da Direção foram os obreiros de uma recuperação fantástica e o diretor comercial, Francisco Teixeira, foi o homem certo na altura certa para a popular adega de Santa Marta de Penaguião recuperar todo o seu esplendor.

São 1400 sócios que produzem 7 milhões de quilos de uvas, trans-formadas em mais de 9 mil pipas de vinhos do Douro e Porto e mesa que «dão cartas» no mercado. As Caves de Santa Marta estão com mais saúde e recomendam-se...

que estava previsto. O que podemos garantir é que vamos continuar a beber vinho das Ca-ves de Santa Marta por muitos e bons anos.

E o mercado nacional, como é que está a responder?

Por via das dificuldades económicas que as Caves Santa Marta atravessavam, em 2012, deixámos de fornecer as grandes su-perfícies. Só em janeiro de 2013, com a pro-dução do ano de 2012, é que estivemos em condições de negociar a nossa reentrada nas grandes superfícies comerciais, com todas as dificuldades que lhe são inerentes. Feliz-mente, graças ao trabalho do diretor comer-cial, a entrada foi um bocadinho mais facilita-da, pois já existiam os contactos tornando-se mais fácil o acesso a quem tem o poder de decidir. Neste momento estamos a conseguir chegar, de novo, aos níveis onde estávamos anteriormente.

Há muitas empresas que se queixam da grande distribuição, qual é a vossa experiência?

Nós precisamos da grande distribuição, só desta forma conseguimos estar em cente-nas de lojas com os nossos produtos.

Mas vocês no mercado nacional, para

além das grandes superfícies, também têm outras presenças?

Sim, também temos, mas uma presen-ça mais reduzida. Estamos no Canal Horeca, sendo esse mercado ainda pouco significati-vo em termos do volume de vendas.

Qual é o peso do mercado da exportação na faturação global da empresa?

Neste momento passa os10%. Temos representantes na Rússia, Suíça, França, Bélgica, Luxemburgo e Brasil. A Rússia é neste momento o nosso principal mercado. Estamos também em Angola, Guiné e Cama-rões. No total são já cerca de 20 mercados, e estamos a tentar ir para a Polónia, Méxi-co e Indía.

Aqui há uns tempos toda a gente fala-va na China, agora ninguém quer a China. Também se desinteressou deste mercado?

O problema da China é a instabilidade que os clientes têm em relação ao mercado. Os chineses não têm uma relação de estabi-lidade com o produto, nem o valorizam no seu todo. Até há pouco tempo, era um mer-cado que estava a crescer, isso era verdade, mas hoje em dia já não é bem assim. É tam-bém preciso dizer que, no mercado Chinês, a maior parte das compras era para oferta e não tanto para consumo, porque quando o Governo Chinês, que era o grande consumi-dor dos vinhos mundiais, decidiu acabar com as ofertas, o consumo baixou.

E Angola ? Angola está parada pelas razões que se

conhecem. Nós estamos representados pela Teixeira Duarte, nos Supermercados Maxi.

Como é que o SISAB PORTUGAL tem contribuído para vendas externas das Ca-ves Santa Marta?

Tem sido importante para arranjar clien-tes nesse mercado, conseguindo-se contac-tos, como por exemplo Camarões e Ango-la. Para nós o SISAB PORTUGAL, constitui um ponto de encontro com os nossos agen-tes, aproveitando esse evento para fazermos a nossa reunião anual. Para além disso, o SISAB PORTUGAL, traz sempre novidades e sobretudo novos compradores. Há sempre países onde nós não estamos e tentamos en-trar nos seus mercados.

Agora que a situação económica está de-belada quais são os projetos e os anseios para o futuro?

Vender cada vez mais. O anseio que te-nho é vender mais. Este ano tivemos uma boa produção, dentro dos parâmetros que estão previstos no plano de recuperação da empresa.

Temos que ir evoluindo e modificando de acordo com o mercado. Por exemplo, no caso do Lapadas, temos feito rótulos temáti-cos conforme as alturas. No caso dos Santos Populares fizemos um rótulo com os 3 San-tos, S. João, S. Pedro e S. António. Esta ino-vação permitiu-nos entrar em clientes onde nunca tínhamos entrado.

Os frisantes estão a ser uma aposta com boa aceitação?

Começou-se a perceber que estava a ha-ver um aumento do consumo de frisantes, e por isso fomos à procura do frisante. Temos de estar sempre atentos às novas tendên-cias do mercado. Para além dos frisantes, também o consumo de Rosés está a cres-cer. Quanto aos brancos verifica-se que tam-bém está a aumentar o seu consumo. Dei-xámos de ter rolha nos brancos e nos rosés, e passamos a cápsulas para ser mais fácil a sua abertura.

Essa é uma guerra grande que as cápsu-

VINHO COM ARTEDesde 2013 que no Museu das Caves Santa Marta já passaram várias exposições

de pintura, estando neste momento a decorrer uma exposição de pintura sobre o tema “Rótulos do Vinho do Douro”. Expõem vários artistas, nacionais e internacionais, numa maior percentagem, artistas Brasileiros, Na exposição que está a decorrer estão presen-tes 45 artistas de diversas nacionalidades e, claro, artistas nacionais É outra forma de divulgar os vinhos e sobretudo para outros públicos. São também os artistas e quem vi-sita o Museu das Caves Santa Marta que servem de canal de divulgação dos vinhos, con-sumindo, nas suas terras de origem, o Vinho das Caves Santa Marta. Estas exposições também servem para aproveitar a presença dos artistas para criar novos rótulos para os vinhos. Este ano, o nosso Lapadas, foi apresentado com um rótulo alusivo à vindimas, pintado por uma artista brasileira que se encontra também a expor.

4 DE DEZEMBRO DE 2015 p.29EMPRESAS & MERCADOS

Engº Manuel Cruz - Presidente das Caves de Santa Marta (à esquerda) e Francisco Teixeira - Diretor Com ercial (à direita)

Montes Pintados

As Caves Santa Marta honram a memória de João Araújo Correia, o escritor que soube tra-zer para o papel a re-gião douriense, em toda a sua plenitude física e humana. Montes Pintados é o título de um dos seus livros. Evoca o Outono duriense, numa agonia de cores e de silêncio.Este vinho, feito a partir de castas nobres da Re-gião Demarcada do Douro, apresenta uma cor ruby e aroma a frutos vermelhos maduros com um final macio que lhe é dado pelo estágio.

PU

Blas irão vencer, ou não?

As cápsulas, no caso dos frisantes, ven-cem de certeza. O que acontecia é que sur-giam alguns problemas com o Lapadas quan-do era de rolha. O frisante tem gás, e no tempo quente havia tendência da rolha sal-tar. Quando esta situação acontecia, nunca mais se conseguia vender aquele vinho nos supermercados. Com as alterações deixámos de ter reclamações.

Só se fez esta alteração nos brancos e nos rosés, tendo o cuidado de só avançar depois de obter a aprovação dos nossos principais clientes, nomeadamente da Rússia, uma vez que é um mercado que nos compra muito branco e rosé.

E a produção já está em pleno? Este ano tivemos 105% a mais do que no

ano passado. O mercado pode estar sossega-do, porque já temos vinho para tudo e para todos. Houve maior produção e registou-se a entrada de novos sócios. Conjugando es-tes dois fatores importantes podemos afirmar que, neste momento, as Caves de Santa Mar-ta estão a produzir em pleno.

Quais são as “joias da coroa” ? Os vinhos que mais vendem aqui na adega...

Eu acho que nós temos várias “jóias da coroa”. Somos uma das adegas que tem uma grande diversidade de vinhos para todos os gostos, para todos os consumidores e para todas as bolsas. O “bag in box” é o que nós mais vendemos, é a nossa grande âncora. Depois temos o frisante “Lapadas”,é um dos melhores frisantes no mercado. O “Caves Santa Marta”, o “Montes Pintados”, o “CSM 59” e o “Conde Guião” são os nossos “Pre-mium”. Temos também as aguardentes. No que respeita aos espumantes estamos a mu-dar a sua imagem e pretendemos apresentá--los ao mercado já no final do ano. Estamos a preparar o Natal.

REGIONALp.30 4 DE DEZEMBRO DE 2015

Santa Marta de Penaguião, ícone do vinho duriense

Caracterizada pela natureza envolvente de campos de vinha a perder de vista, dispos-ta em socalcos, Santa Marta de Penaguião é uma bonita vila, sede de concelho, da região norte do país.

Situa-se na fantástica Região Demarcada do Douro e muito afamada pela sua adega cooperativa, produtora de vinhos muito apre-ciados. Nesta região podemos ainda encon-trar vestígios de ocupação humana bem re-motos, com algumas fortificações castrejas, como em Fontes, Lobrigos, Cumieira, Loure-do e Medrões.

Rodeada por uma paisagem magnífica, a vila é caracterizada pelos socalcos cultiva-dos, pela imensa vinha, e pelo Rio Corgo, que confere uma beleza única ao conjunto. É ain-da enriquecida com o património arquitetóni-co da vila, como a igreja paroquial, com uma

À DESCOBERTA DO INTERIOR DE PORTUGAL

original torre sineira, o pelourinho da vila ou os muitos moinhos existentes por toda a re-gião. A destacar são também os marcos gra-níticos da Demarcação da Região do Dou-ro, efetuada em 1756 e que tanto alterou o rumo destas terras.

Encontram-se por toda a região diversos solares e casas senhoriais, mormente dos sé-culos XVII e XVIII, como o Solar dos Pinhei-ros ou a Quinta do Bertelo, que são o marco da importância económica que os férteis so-los da região possibilitaram.

As tradições de Santa Marta de Pena-guião estão muito ligadas à viticultura, como se pode observar no interessante artesanato da região, nomeadamente em técnicas liga-das à cestaria e à tanoaria, bem como a ta-peçaria, rendas e bordados que eram utili-zados para servir doces e o Vinho do Porto.

Trancoso, aldeia e muralha histórica de Portugal

Ao acercar-se das muralhas vislumbra--se o maravilhoso cartão-de-visita da cidade, as Portas d’El Rei. Com os seus numerosos monumentos da arquitetura civil e religiosa, Trancoso constitui um dos mais expressivos centros históricos do país, visitado anual-mente por muitos milhares de pessoas.

É devido às suas características únicas e ao seu estado de preservação que Trancoso faz parte do restrito programa das “Aldeias Históricas de Portugal”. Situado num vasto planalto, a 885 metros de altitude, Tranco-so impõe-se na paisagem raiana com o seu castelo altaneiro e cintura de muralhas, aco-lhendo os visitantes num cenário medieval que os transporta para um tempo de sonho e maravilha.

Ao chegar à cidade, os visitantes depa-ram-se com a frondosa mancha verde do Par-que Municipal, que convida ao exercício físi-co através do seu circuito de manutenção, ao qual se segue a capela de S. Bartolomeu, do século XVIII, monumento comemorativo do casamento de D. Dinis com a Rainha San-ta Isabel. Ao se aproximar das muralhas, o visitante tem a possibilidade de ver as ma-

ravilhosas Portas d’El Rei. Já dentro do cen-tro histórico, os interesses dividem-se entre a antiga Judiaria, os Paços do Concelho, o Pe-lourinho Manuelino, a Igreja da Misericórdia e a Igreja de S. Pedro - onde está sepulta-do o poeta-profeta Bandarra -, a casa-quar-tel do General Beresford, o Palácio Ducal, a Igreja de Santa Maria de Guimarães, a Rua dos Cavaleiros e o Castelo medieval, anterior à nacionalidade. No exterior, são ainda visí-veis mais algumas pérolas da nossa história. Entre elas destacam-se a Necrópole Antro-pomórfica, a Capela de Santa Luzia, a Igre-ja de Nossa Senhora da Fresta, a Capela do Senhor da Calçada, a Fonte da Vide, a Fonte Nova e o Convento dos Frades.

A rodear o centro histórico cresceu um meio urbano moderno e planeado, com diver-sas infraestruturas, cuja construção aprovei-tou o característico granito da região, e que proporcionam um valioso conjunto de ativi-dades e serviços, tanto à comunidade local como aos visitantes.

A cidade de Trancoso vive tempos de ine-gável crescimento urbano e desenvolvimento social, assim como económico.

Abraçada por duas serras e dois rios, Santa Marta de Penaguião é um daqueles paraísos que parece que continuam inalterados pelo tem-po. Permanecem as antigas tradições da tapeçaria, rendas e borda-dos e são nestas terras que os homens e as mulheres desafiam a du-reza da pedra para lhe extrair a ambrósia dos deuses - o vinho fino do Douro -, aquela a que o mundo chama de “Vinha do Douro”. A pele da montanha de xisto é feita de cepas, nuas ou cobertas de parras e uvas, dando à paisagem a capacidade de ao longo do ano se compor-tar como camaleão gigante, mudando de cor em cada estação.

A antiquíssima vila de Trancoso, que recentemente se tornou cidade, acolhe os visitantes num cenário medieval que os transporta para um tempo de sonho e maravilha. A cidade encontra-se ainda hoje rodea-da de muralhas da época dinisiana, com um belo castelo também medieval, a coroar esse majestoso conjunto fortificado.

4 DE DEZEMBRO DE 2015p.32 EMPRESAS

FERNANDO E PAULO TEIXEIRA - FAPIL

“A internacionalização é o nosso desafio maior”A Fapil é uma empresa familiar, especializada na produção industrial e distribuição de plásticos e produtos de limpeza para a casa. Empresa com uma longa história e presença neste setor, é também um sinónimo de inovação e qualidade nos produtos que comercializa, tanto em Portugal como no estrangeiro. Fernando Teixeira e Paulo Teixeira falam não apenas na inovação dos produtos, mas revelam as preocupações ambientais que estão presentes em todas as fases de produção e afirmam que a internacionalização é o objetivo maior desta empresa que tem uma das mais modernas unidades fabris da Europa.

A Fapil é uma empresa que já tem uma his-tória longa. É uma empresa familiar e líder no mercado. Contem-nos, resumidamente, como foi este processo. Como é surgiu a ideia de criar uma empresa nesta área e como é que se consegue manter, ao longo de déca-das, uma empresa na mesma família?

O nosso pai foi um dos fundadores da em-presa Fapil, a 10 de janeiro de 1975, ou seja, fez este ano 40 anos. Já tinha este ramo de negócio em Moçambique, onde tinha uma empresa chamada Prolar. Esta empresa sur-giu, inicialmente, com pessoas vindas de Mo-çambique, que fundaram a empresa. Come-çamos na área da pincelaria: rolos, trinchas e pincéis. Nos anos seguintes, evoluímos para a área da escovaria, das vassouras, etc.. Ao longo dos anos, fomos tendo novos produtos, novas áreas de produto, e tornamo-nos numa empresa que hoje é, realmente, uma referên-cia no mercado português.

Paulo Teixeira: No mercado português e não só. Tivemos, recentemente, uma visita de uma empresa italiana que, quando viu a fábrica, consideraram que a empresa estava devidamente instalada, era competitiva a ní-vel europeu em termos de dimensão. Esta-mos preparados para o mercado, e é isso que procuramos.

Neste momento, qual é o vosso posiciona-mento no mercado nacional? Estão em todo o país? Há o predomínio de algum tipo de região?

Fernando Teixeira: Nós estamos em todo o mercado, nas várias redes de distribuição. Temos uma presença que não é local, encon-tra-se em todo o país. Estamos representados com a nossa marca Fapil e depois, também, produzimos produtos de marca de distribui-ção, fornecidos com a marca do retalhista.

Dos produtos com marca Fapil, quantos cria e comercializa a empresa?

Fernando Teixeira: Serão mais de 400 re-ferências. É uma gama alargada.

Como nasce um produto novo? Há muito re-torno do consumidor, que vos faz criar um novo produto para completar uma gama, ou há um planeamento a partir do qual vocês definem que daqui por um ano, por exemplo,

vai surgir um produto novo? Fernando Teixeira: Acabamos por de-

senvolver muitos produtos novos na base de ideias dos clientes, colaboradores, e parcei-ros. As feiras são locais privilegiados para se poder ver aquilo que se está a desenvolver. Depois, fazemos as necessárias adaptações. Levamos a feiras fora, e, de acordo com aqui-lo que vemos, vamos procedendo aos lança-mentos dos produtos. Temos, num caso ou outro, ideias que nos vão chegando de alguns consumidores, que nos enviam diretamente e--mails, ou nos contatam via ‘Facebook’, ideias que vamos juntando e avaliando. Os produtos da nossa área exigem um investimento eleva-do a nível dos moldes. Às vezes, há peque-nos ajustes ou pequenas situações que não são possíveis de fazer devido ao investimento que é necessário.

Uma coisa que nos chamou à atenção, foi o facto da Fapil criar os seus próprios moldes. Há uma equipa de design que cria o produ-to e os moldes?

Fernando Teixeira: Temos uma pessoa que desenvolve o desenho. O fabrico do mol-de não fazemos na Fapil, entregamos a em-presas que o fazem, em Portugal. Existem vá-rias fábricas, mais na zona centro e norte do país, onde apresentamos o projeto, obtemos orçamentos e decidimos depois com quem fa-zemos o molde.

Percebe-se a vossa preocupação com a ino-vação, o design moderno e as cores. Foi uma exigência do mercado ou é um princí-pio vosso?

Paulo Teixeira: As duas coisas. O merca-do exige e nós vamos tentando estar dentro

das cores que vão estando, no momento, no mercado. Se não o fizéssemos, o mercado iria exigir e nós teríamos de o fazer. Se partir de nós, estamos a propor, ao mercado, alternati-vas. E nós sabemos que todos gostam de ver coisas novas.

Sentem que há factores diferenciais – além da qualidade – que levam as pessoas a com-prar o produto? Pormenores que chamam a atenção do público e que o fazem olhar de outra forma para os produtos?

Fernando Teixeira: O artigo que fizemos – vassouras ilustradas com película de filme – é uma inovação. O que existia no mercado era um produto mais comum. Com esse produ-to tivemos sucesso, porque tinha um design mais atrativo e isso tem a sua importância.

Referiram que, há algum tempo, tiveram uma visita de um empresário italiano, sendo a Itá-lia um país conhecido pelo pela excelência no design…

Fernando Teixeira: Temos em Itália um cliente que depois faz distribuição. Esse clien-te compra-nos produtos e trabalha-os. Itália é um mercado bastante desenvolvido a nível geral…

E entrar num mercado desses indica que o produto tem qualidade. Qual é o retorno dos vossos clientes externos? Por que é que es-colhem um produto Fapil?

Paulo Teixeira: s motivos são vários. Em certos casos, é pelo relacionamento que se criou ao longo dos anos – esse é o caso de Itália. Há outros em que o cliente nos procu-ra, porque gostou do nosso produto. O preço é sempre uma questão que está em cima da

mesa. Outra situação importante é o facto de a Fapil ser portuguesa, o que nos proporcio-na um contato interessante nos países de lín-gua oficial portuguesa, e sente-se muito essa aproximação: é português, há essa afinidade. O que nos dá espaço nos mercados onde há empresários portugueses e que querem com-prar e vender o que é português. Na Bélgica e em França, por exemplo, sente-se isso.

Além da marca Fapil também trabalham com marcas de clientes, isto é, o cliente pode esco-lher uma marca sua e a Fapil também fabrica. Fale-nos também desse lado da empresa…

Paulo Teixeira: O mercado das marcas pró-prias foi um mercado que, nos últimos anos, avançou muito. Para nós, sendo produtores e fabricantes, faz todo o sentido podermos for-necer também as marcas de distribuição. E ao longo dos últimos anos tem sido uma área que se tem intensificado. Também fora do país. É o caso da exportação para Itália, feita com marca própria, o de Angola também a mes-ma realidade. Trabalhamos de acordo com a estratégia do cliente: se quer a marca dele, porque a trabalha no seu mercado, desde que haja um volume mínimo de compra, e fabri-camos segundo a marca pretendida, e quali-dade desejada.

O design é algo com que a Fapil se preocupa, mas também a inovação. Chegaram a lançar uma gama de produtos à base de milho…

Paulo Teixeira: ós tentamos sempre inovar e liderar muitas vezes a mudança. Na área dos sacos, no que diz respeito à compostagem, es-tes sacos, a partir do milho ou de outro ele-mento natural que são biodegradáveis e com-postáveis, são uma mais valia para a recolha selectiva da matéria orgânica. É um tema im-portante, porque estamos a ficar com os nos-sos solos muito desertificados e seria uma for-ma de levarmos toda a matéria orgânica - que atualmente tem outros destinos -novamente para os terrenos para os fertilizar e evitar a erosão dos solos.

Fernando Teixeira: É algo que fazemos não tanto no sentido da venda, mas de divulgação, de o mercado saber que o podemos fazer. Por-que a estratégia que tem sido adotada em vá-rios países, e até em Portugal, é a de fazer a separação dos lixos domésticos através do tra-tamento biomecânico. Mas há outros países

“O desafio maior que temos em mãos é a internacionalização. É encontrarmos a forma de dentro de alguns anos, aumentarmos a faturação para outros mercados, que não o português. Continuamos a investir na produção”

Fernando Teixeira

4 DE DEZEMBRO DE 2015 p.33EMPRESAS

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onde as pessoas em casa separam o orgânico para dentro de um saco feito à base de milho, num recipiente aberto, e não ganha cheiros. Fizemos uma experiência aqui: deitamos uma sopa para dentro de um saco feito a partir do milho, deixamos 15 dias num recipiente aber-to, e não deitou nenhum cheiro, apenas bolor. Das experiências existentes em alguns países da Europa, em locais onde fazem a recolha do saco orgânico e onde as pessoas fazem a se-paração correta do material, conseguem obter, nas estações de compostagem, um compos-to de qualidade muito elevada, e próprio para ser utilizado depois na fertilização dos solos.

Fomos recentemente contatados por uma universidade que quer eventualmente fazer um teste piloto, com estes sacos à base de milho, para ver como poderá correr por cá. Temos a forma de os fazer e a possibilidade de ir buscar a matéria-prima para fazer esses sacos à base de milho.

E vamos esperar que as pessoas que es-tão mais ligadas à compostagem e à recicla-gem do lixo, possam ‘vir’ para esta estratégia. Porque apesar do saco ter um custo algo im-portante, os estudos já feitos revelam que a recolha feita dessa forma acaba por, no cus-to total da reciclagem dos orgânicos, não ser mais cara do que o sistema feito em Portu-gal - onde vai quase todo o lixo no mesmo contentor.

As questões ambientais, que preocupações trazem à Fapil e o que já evoluíram nesta área?

Paulo Teixeira: Em todo o desenvolvimen-to dos processos estamos sempre atentos às questões ambientais. Fizemos recentemente um investimento em 800 paineis solares, te-mos atualmente mais de um terço da produ-ção da nossa energia através desses painéis, é, portanto, uma energia ‘limpa’. Fizemos também um investimento em toda a parte de iluminação para lâmpadas LED, para haver um menor consumo de energia, e investimos ainda em equipamentos que sejam mais efi-cientes, para haver um menor gasto de ener-gia. Na parte dos produtos tentamos também, sempre que possível, incorporar materiais re-ciclados, que em termos de emissão de CO2 originam uma poupança na ordem dos 85%. Tudo isto está sempre presente naquilo que fazemos.

Fernando Teixeira: Mesmo em relação a alguns materiais que são desperdícios, nós re-cuperamos e voltamos a introduzir no proces-so de criação dos produtos. Porque quando trabalhamos só com matéria-prima nova, todo

“Nós tentamos sempre inovar e liderar muitas vezes a mudança. Na área dos sacos, no que diz respeito à compostagem, estes sacos, a partir do milho ou de outro elemento natural que são biodegradáveis e compostáveis, são uma mais valia para a recolha selectiva da matéria orgânica”

Paulo Teixeira

o processo tem uma determinada emissão de CO2. Quando estamos a trabalhar com ma-teriais reciclados, a emissão de CO2 em todo o ciclo produtivo é muito menor. Como disse o Paulo, é de cerca de menos 85%. Em rela-ção a esses materiais, há apenas uma dificul-dade. As donas de casa gostam das cores bo-nitas, especiais, e os reciclados geram cores fora do comum, e não é muito fácil controlar a cor num reciclado.

Temos alguns produtos à base de recicla-dos que são exclusivos no mercado. Temos uma caixa de arrumação feita com materiais reciclados, e optamos por ter a tampa sempre em preto e a caixa com a possibilidade de vá-rias cores. É um tipo de produto que as pes-soas vão comprando, ainda é difícil alarga-lo a um nível mais genérico, mas é um produto diferenciador.

Houve um investimento grande na parte fa-bril e a empresa tem neste momento uma das mais modernas unidades fabris da Europa…

Fernando Teixeira: Termos tido sempre a visita de clientes e potenciais clientes que nos dizem que temos tudo o que é necessário para estar no mercado. Seja a nível de armazém - que tem equipamentos que se movimen-tam praticamente sozinhos nos corredores - seja a nível de fábrica, onde temos procura-do comprar equipamentos atualizados, com uma eficiência e uma capacidade de produ-ção superiores.

Se entrar numa das fábricas europeias que possa ser mais avançada, nós não estamos a um nível abaixo dessas. Vamos às feiras dos equipamentos para ver as novidades e fazer o investimento.

Para quantos países já exportam? Fernando Teixeira: Exportamos para cer-

ca de seis países. Nos PALOP temos mais pre-ponderância, em Itália também registamos al-gum volume. Em Espanha, temos estado a dar alguns passos no sentido de procurar o mer-cado por estar aqui muito ao lado. França é já também um destino.

Mas tudo isto com esforço e nem sempre à velocidade que se deseja. É necessário criar relacionamentos e quando se começa já es-tão os outros, temos de criar o nosso espaço.

Quais os mercados alvo a atingir?Fernando Teixeira: O mercado chinês

atualmente importa muito e a população com maior capacidade financeira, está muito aten-ta aos produtos europeus.

Em relação aos nossos produtos, temos que ir um pouco como os nossos descobri-dores do séc. XV, fazermos um investimento de apresentação à experiência e acompanhar-mos a reacção.

Nos mercados onde já estamos, temos que ter a preocupação de os desenvolver, por-que têm potencial. Em relação a outros países, estamos sempre abertos a possíveis parcerias.

Há novidades em relação aos produtos?Paulo Teixeira: Temos um produto que já

apareceu no mercado, e que o humorista Ri-cardo Araújo Pereira apresentava como o ‘cen-tro de esfrega’: um conjunto de limpeza com esfregona rotativa. É um dos produtos lança-dos este ano. Sobre os sacos biodegradáveis e compostáveis a partir do milho ou de ou-tra matéria orgânica, temos alguma especta-tiva de que possamos arrancar com um pro-jeto piloto.

Fernando Teixeira: Há uma estratégia que mantemos desde que a Fapil existe: vamos testando determinados produtos e se, ao fim de um, dois ou três anos, esse produto ‘fun-cionou’, se tem volume crítico, arrancamos com a produção. Temos feito isto, mesmo até com produtos que podem ser concorrentes dos que já existem, como é o caso desta esfre-gona rotativa. Nós já fabricamos esfregonas, esta vai concorrer com produtos que temos, mas esta é diferente. E nesse aspecto, não li-mitamos a entrada de produtos por fabricar-mos já algo semelhante. Testamos o produto, colocamos no mercado, mas sempre com o objectivo de ‘funcionar’ nesse mesmo merca-do. E se o conquistar, então avançamos com a preparação para o produzir.

Uma curiosidade: às vezes, alguns inven-tores vêm ter connosco e nós analisamos caso a caso, o que poderá ter interesse. Há projec-tos complicados, com custos elevados e com muitas dúvidas sobre a aceitação no merca-do, mas há outras ideias que funcionam. Va-

Veja o video com destaques desta entrevista

mos ainda desenvolvendo trabalhos com uni-versidades, a vários níveis: da produção, dos equipamentos, para fazer análises dos con-sumos de energia, da possibilidade de utili-zar outros materiais. Lançamos um projecto com a Universidade da Beira Interior, e uma equipa de alunos de Design fizeram várias propostas de desenho para os podermos de-senvolver, e alguns desses alunos estiveram aqui a estagiar.

Que projectos gostariam de desenvolver num futuro próximo?

Fernando Teixeira: O desafio maior que te-mos em mãos é a internacionalização. É en-contrarmos a forma de dentro de alguns anos, aumentarmos a facturação para outros mer-cados, que não o Português. Continuamos a investir na produção. No final de 2014 com-pramos uma máquina de injecção de gran-de capacidade que está a produzir as cadei-ras monobloco, as cadeiras de praia. Haverá sempre outros produtos e projectos que vão sendo dinamizados.

Não estamos parados. Procuramos estar abertos ao meio que nos rodeia e assim, aca-bamos por inovar e desenvolver a empresa. E estamos sempre atentos ao mercado.

4 DE DEZEMBRO DE 2015p.34 EMPRESAS & MERCADOS

TAP CARGO

TAP- Cargo destinos de confiança à escala global

BRUNO AIRES E JOSÉ ANJOS diretor da TAP -CARGO e correio

A TAP- Cargo com um hub em Lisboa, opera globalmente, através de uma ex-tensa rede de destino para vários continentes, destacando-se Brasil e Angola. Se o lema da TAP é receber o seus clientes passageiros de “braços abertos” de igual modo é importante dar a conhecer as “asas de confiança” no trans-porte de carga.

A TAP- Cargo com um hub em Lisboa, opera globalmente, atra-vés de uma extensa rede de desti-no para vários continentes, desta-cando-se Brasil e Angola. Se o lema da TAP é receber o seus clientes passageiros de “braços abertos” de igual modo é importante dar a conhecer as “asas de confiança” no transporte de carga. José An-jos director de carga e correio da TAP Cargo e Bruno Aires- chefe de vendas carga da Zona Centro

e Sul receberam o Mundo Portu-guês no edifício TAP, no aeroporto, de cujas pistas no dia a dia, para além de passageiros, os aviões da TAP transportam sob suas asas, toneladas de carga. A TAP Car-go através de uma extensa e di-versificada rede logística, garante o transporte da sua carga em rigo-rosas condições de qualidade e se-gurança, recorrendo a voos regula-res e a voos fretados e, via terreste, por transporte rodoviário. Mantem

ainda acordos com outras compa-nhias aéreas, o que lhe permite en-quadrar a rede de distribuição num eixo global. Evoluindo para as ne-cessidades de mercado, como o seu director nos refere, criaram produ-tos variados, aplicáveis às caracte-rísticas específicas da carga que os clientes lhes entregam para trans-porte. Basta escolher o destino ou produto, que podem ser animais vi-vos, carga perigosa ou valiosa, jor-nais ou revistas, carga perecível

que faça chegar os destino aquilo que Portugal produz com qualida-de, carga a temperatura controla-da, ou seja muitas e variadas solu-ções que a TAP Cargo define como “asas de confiança” e que se apli-

ca de igual a modo a carga sensí-vel que exige cuidados redobrados de temperatura, como medicamen-tos, vacinas plasma, para que che-guem aos pacientes de todo o mun-do em óptimas condições e com a

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TAP- Cargo destinos de confiança à escala global

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mesma qualidade com que foram produzidos e, até na hora de par-tida desta vida e contando que te-mos portugueses em todo o mun-do que querem em morte repousar na terra Natal, a TAP- Cargo tem um serviço responsável que respei-ta as convicções éticas e religiosas das famílias.

José Anjos sintetiza a identida-de deste departamento da TAP, que é o segundo negócio da empresa e que uma rede de 89 colaboradores no dia a dia, trabalha para o clien-te, metade dos quais em Portugal e outros tantos pelo mundo, pron-tos a dar resposta às necessidades das mercadorias dos clientes. Para além dos funcionários da empresa tem também agentes de vendas em inúmeros países, o que dá uma res-posta global, não só na rede TAP, mas em quase todo o mundo.

Mundo Português - Qual a missão da TAP – Cargo?

José Anjos - A missão da TAP-Cargo consiste em prestar um serviço de confiança na recolha, transporte e entrega de mercadorias e encomen-das nos modernos aviões da TAP Portugal e dos seus parceiros, em tempo adequado às necessidades dos seus clientes e a preços com-petitivos. A nossa visão é de conti-nuarmos a ser um dos mais impor-tantes e sustentáveis negócios da TAP, através da procura de padrões de excelência e fazendo por mere-cer a confiança dos nossos clien-tes. O nosso trabalho de equipa e o serviço personalizado é o segre-do do nosso sucesso. Somos uma companhia dedicada e com rosto. Dia a dia, todo o pessoal da TAP--Cargo, incluindo os nossos parcei-ros – agentes gerais de venda e de Handling trabalham com o objecti-vo comum de satisfazer os nossos clientes, que nos têm vindo a dar a devida recompensa a este esforço, dando um preferência crescente pe-

los nossos serviços. A TAP- Cargo está pronta para transportar qual-quer tipo de mercadoria, mesmo as mais frágeis e complexas!

Mundo Português – A TAP transporta por assim dizer tudo ou quase tudo?

JA- A TAP- Cargo transporta tudo o que é possível de transportar por uma companhia aérea de trans-porte misto de passageiros e car-ga. Não temos nenhum tipo de limi-tação, para além das devidamente regulamentadas por perigosidade, respeitante ao próprio transpor-te aéreo. Temos muito orgulho em projetos especiais que cultivamos, como por exemplo no transporte dos animais vivos, como focas e tartarugas, coalas, pinguins etc.., colocando especial enfase e até pa-trocínio, quando se trata de espé-cies em extinção, nomeadamente no retorno por via aérea ao respeti-vo habitat. O último transporte pla-neado são o de duas araras azuis de Lear para o Brasil. Calcula-se atual-mente existirem menos de 1.000 desta espécie na natureza.

MP- Dentro dos produtos perecí-veis - nos porões dos aviões e pela TAP Cargo recebemos e enviamos muitos produtos?JA – Exportamos e importamos toda a variedade de perecíveis. Por exemplo, de/para as regiões autó-nomas da Madeira e Açores, temos também um vasto transporte de pe-recíveis para Angola e somos líde-res no transporte à partida do Bra-sil com cerca de 19 mil toneladas de frutos tropicais/ano. Somos re-

conhecidamente a companhia que mais contribui para as exportações do agro-negócio brasileiro garantin-do um fluxo contínuo e de qualida-de entre o Brasil e a Europa. Somos assim uma empresa muito presti-giada no Brasil e líder de mercado. Alguma desta fruta chega a Portu-gal pelos importadores do ramo e depois muita é exportada.

A rede de transporte para An-gola é muito interessante neste as-pecto com a exportação de iogur-tes, vegetais e fruta, isto falando nos perecíveis.

Um dos negócios de perecí-veis, por exemplo que começou em 2014, com a abertura da Colôm-bia, são as flores cultivadas nesse país. A Colômbia aproveita a nos-sa rede na Europa, ligada ao Hub de Lisboa para vender flores e al-guns frutos para a Europa, ou seja as flores chegam através de nós a Madrid, Londres, Amsterdão e mui-tos outros países da Europa. São mais de 50 destinos que poderão ser aproveitados para a distribui-

ção destes produtos por via aérea. A TAP é também das compa-

nhias aéreas mais utilizadas no transporte a temperatura contro-lada, pela enorme experiência que adquiriu em garantir a cadeia de frio desde países frios na Europa até à sua entrega no calor da Amé-rica Latina.

A finalizar, a TAP Cargo tem por missão prestar um serviço de con-fiança na recolha, transporte e en-trega de mercadorias e encomen-das nos aviões da TAP e parceiros, em tempo útil e adequado às ne-cessidades dos clientes, a preços competitivos.

Através da oferta de novos produtos de Carga e Correio, a TAP Cargo aposta num crescimento sus-tentado através da modernização, exploração de novas oportunidades de negócio e excelência dos seus serviços.?

Poderemos ser facilmente con-tactados em toda a nossa rede. Para tal basta aceder ao nosso Site: http://www.tapcargo.com/