ENCARANDO ROUSTAING E ANALISANDO KARDEC

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1 ENCARANDO ROUSTAING E ANALISANDO KARDEC JOSÉ OLYNTHO Assistido pelo Espírito Vicente de Paiva (Personagem do livro “O Pastor e a Ovelha”) Nova edição, refeita e aumentada. Parte I SUMÁRIO O Movimento Espírita no Hemisfério Norte - 3 Alphonse Cahagnet, o mestre de Kardec - 7 Movimento Espírita no Brasil - 8 Entrevista com Divaldo - 9 A Unificação e o Pacto Áureo - 11 Reformador - Manancial de Paz e Amor - 12 Materialismo x Espiritualismo - 15 Evolução do conceito de Misticismo - 18 O Sectarismo - 26 O Espiritismo é Doutrina Universalista? - 32 O Laicismo - 35 Pausa para Reflexão - 36 Cautela a ser usada pelos críticos - 36 A Estagnação da Mente Humana - 38 Chico Xavier ou A. Zarur foi Kardec? - 39 A volta de Kardec - 42 Alziro Zarur foi Kardec? - 47 Historia da Religião do 3º. Milênio - 47 A História se Repete - 49 A LBV e o Espiritismo - 51 O Homem Certo no Lugar Certo - 55 Sê fiel até a morte - 56 Prefácio de Roustaing - 58 Instrução sobre a Saúde de Kardec - 63 A Pressa, inimiga da Perfeição - 64 A crítica de Kardec a Roustaing - 64 Meu Comentário - 65 Kardec e Roustaing - 69 Utilidade das divergências Humanas - 72 Kardec contra Roustaing? - 77 Testemunhos Reveladores - 78 Interpelação aos Espíritas - 80 Pausa para Meditação - 81 Maior cego, o que não quer ver - 85 Perguntas aos Espíritas - 86 Antecedentes Históricos do Espiritismo - 88 Contradições de Allan Kardec? - 91 O Desaparecimento do Corpo de Jesus - 99 Um Gosto e 4 Vinténs – Luciano dos Anjos - 102 Apontamentos sobre o Corpo Fluídico de Jesus - 103 Jesus no Horto de Getsêmani - 144 Endeusamento, Fanatismo e Confusão - 147 Kardec – Roustaing - 149 As Dores do Cristo - 158 Prefácio de Os Quatro Evangelhos – Roustaing - 161 Bezerra de Menezes e Os Quatro Evangelhos - 164 A Extraordinária Personalidade de J.B. Roustaing - 167 A Hipocrisia é o câncer das religiões - 172 Combater a ignorância em si mesmo - 173 Roustaing – Biografia – B. de Menezes - 174 B. de Menezes e a obra de Roustaing – 175 Conclusões – Ismael G. Braga - 178 Evolução em Linha Reta - 178 Emmanuel e Roustaing - 179 A Opinião de Divaldo Franco - 181 A Personalidade e o Poder de Jesus – Emmanuel - 182 A Criação do Primeiro Homem - 182 A Evolução em Linha Reta - Arthur da S. Araújo - 196 A Confirmação Necessária – Ismael G. Braga - 198 Aonde nos levariam as transigências – I. G. Braga - 200 A Missão de Bezerra de Menezes - 202 Conclusões – Ismael Gomes Braga - 207 Grandes e Pequenos Problemas – Angel Aguarod - 208 A Teoria da Queda diante dos Evangelhos - 215 Conclusão - 216 Mensagem de Natal – Sua Voz/ Jesus - 222 Segunda Parte - 224 Apêndice - 373

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Assistido pelo Espírito Vicente de Paiva (Personagem do livro “O Pastor e a Ovelha”)
Nova edição, refeita e aumentada.
Parte I
SUMÁRIO
O Movimento Espírita no Hemisfério Norte - 3 Alphonse Cahagnet, o mestre de Kardec - 7 Movimento Espírita no Brasil - 8 Entrevista com Divaldo - 9 A Unificação e o Pacto Áureo - 11 Reformador - Manancial de Paz e Amor - 12 Materialismo x Espiritualismo - 15 Evolução do conceito de Misticismo - 18 O Sectarismo - 26 O Espiritismo é Doutrina Universalista? - 32 O Laicismo - 35 Pausa para Reflexão - 36 Cautela a ser usada pelos críticos - 36 A Estagnação da Mente Humana - 38 Chico Xavier ou A. Zarur foi Kardec? - 39 A volta de Kardec - 42 Alziro Zarur foi Kardec? - 47 Historia da Religião do 3º. Milênio - 47 A História se Repete - 49 A LBV e o Espiritismo - 51 O Homem Certo no Lugar Certo - 55 Sê fiel até a morte - 56 Prefácio de Roustaing - 58 Instrução sobre a Saúde de Kardec - 63 A Pressa, inimiga da Perfeição - 64 A crítica de Kardec a Roustaing - 64 Meu Comentário - 65 Kardec e Roustaing - 69 Utilidade das divergências Humanas - 72 Kardec contra Roustaing? - 77 Testemunhos Reveladores - 78 Interpelação aos Espíritas - 80 Pausa para Meditação - 81 Maior cego, o que não quer ver - 85
Perguntas aos Espíritas - 86 Antecedentes Históricos do Espiritismo - 88 Contradições de Allan Kardec? - 91 O Desaparecimento do Corpo de Jesus - 99 Um Gosto e 4 Vinténs – Luciano dos Anjos - 102 Apontamentos sobre o Corpo Fluídico de Jesus - 103 Jesus no Horto de Getsêmani - 144 Endeusamento, Fanatismo e Confusão - 147 Kardec – Roustaing - 149 As Dores do Cristo - 158 Prefácio de Os Quatro Evangelhos – Roustaing - 161 Bezerra de Menezes e Os Quatro Evangelhos - 164 A Extraordinária Personalidade de J.B. Roustaing - 167 A Hipocrisia é o câncer das religiões - 172 Combater a ignorância em si mesmo - 173 Roustaing – Biografia – B. de Menezes - 174 B. de Menezes e a obra de Roustaing – 175 Conclusões – Ismael G. Braga - 178 Evolução em Linha Reta - 178 Emmanuel e Roustaing - 179 A Opinião de Divaldo Franco - 181 A Personalidade e o Poder de Jesus – Emmanuel - 182 A Criação do Primeiro Homem - 182 A Evolução em Linha Reta - Arthur da S. Araújo - 196 A Confirmação Necessária – Ismael G. Braga - 198 Aonde nos levariam as transigências – I. G. Braga - 200 A Missão de Bezerra de Menezes - 202 Conclusões – Ismael Gomes Braga - 207 Grandes e Pequenos Problemas – Angel Aguarod - 208 A Teoria da Queda diante dos Evangelhos - 215 Conclusão - 216 Mensagem de Natal – Sua Voz/ Jesus - 222 Segunda Parte - 224 Apêndice - 373
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Lembrai-vos de que a pesquisa da verdade, por ela própria, é ao mesmo tempo o objetivo mais afeiçoado, mais desejável e mais elevado a prosseguir, no plano da vida em que vos achais. Nada na Terra excede a essa nobre ocupação. Imperator/William Stainton Moses – (1839-1892) – Ensinos Espiritualistas. P 188.75 Aquele que convence do erro o seu irmão salva (saneia, ilumina) a sua alma e cobre assim a multidão de seus próprios pecados. Tiago – Cap. V: 20. Eterna desterrada desta Terra, a Verdade apenas uma coisa pede: Que ninguém a condene sem a conhecer. – Santo Agostinho. In A Cidade de Deus. Um cepticismo presunçoso, que rejeita os fatos sem examiná-los, é mais funesto do que a credulidade que os aceita. – Alexander von Humboldt. – (1769-1859)
O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação. Allan Kardec – Revista Espírita, Julho de 1866. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria neste ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará. – (Allan Kardec, A Gênese, cap. 1, item 55).
Trechos da análise crítica de Kardec aos Quatro Evangelhos de Roustaing Esta obra compreende a explicação e a interpretação dos Evangelhos, artigo por artigo, com ajuda de comunicações ditadas pelos Espíritos. É um trabalho considerável, e que tem, para os espíritas, o mérito de não estar, sobre nenhum ponto, em contradição com a doutrina ensinada por O Livro dos Espíritos e o dos Médiuns. As partes correspondentes àquelas que tratamos em O Evangelho Segundo o Espiritismo o são num sentido análogo Estas observações, subordinadas à sanção do futuro, não diminui nada a importância dessa obra que, ao lado das coisas duvidosas do nosso ponto de vista, delas encerra, incontestavelmente, boas e verdadeiras, e será consultada proveitosamente pelos espíritas sérios. A. Kardec - Revue Spirite - 6/1866. Veja na p.64, o texto integral da crítica de Kardec.
INTRODUÇÃO
Pesquisar cientificamente, buscando identificar os fatores causais das divergências conceptuais existentes no movimento espírita brasileiro, com o intuito de eliminá-las ou compreendê-las como fenômeno natural num processo de divulgação de idéias e práticas novas num meio cultural diversificado, com a compreensão e a cooperação fraternal dos que se sentem nele envolvidos.
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APÓS HAVER, NO DECORRER DE LONGOS ANOS, lido várias vezes a Bíblia e estudado as obras da Codificação Kardequiana e as de seus magistrais continuadores, além de revistas e livros de inúmeros autores espíritas, principalmente os recebidos pelo médium Chico Xavier, passei a ler as Revistas Espíritas de Allan Kardec, anotando os relatos mais instrutivos e interessantes. Levando em conta as recomendações acima de Kardec na Revista Espírita de Junho de 1866, eu li atentamente a obra Os Quatro Evangelhos, recebida pela psicógrafa semimecânica Mme. Collignon, sob o controle de Jean-Baptiste Roustaing.
Após reler com mais atenção o primeiro volume para esclarecer as dúvidas suscitadas pela crítica de Kardec, certifiquei-me quanto à importância e profundidade da revelação que trazia sobre a vida de Jesus, sucintamente tratada por ele na obra O Livro dos Espíritos:
Questão 625. Qual o tipo mais perfeito oferecido por Deus ao homem, para lhe servir de modelo e guia? – Jesus.
Comentário de Kardec: “Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito de Deus o animava”.
– Por que um tema tão importante foi assim tão exiguamente abordado no livro básico da Doutrina? – Foi a pergunta que me veio à mente.
Instruído pela leitura das obras citadas, a resposta foi obvia: De acordo com as informações que lhe chegaram às mãos e os conhecimentos que tinha, os da ciência da
época, e levando em conta a conturbada, adversa conjuntura socio-político-religiosa vigente, cabia a Kardec “apenas” ou seja, especialmente, a formalização de uma síntese científico-ético-filosófica, tendo os Espíritos Reveladores
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deixado para aprofundar esse importantíssimo tema ao tratarem – dois anos depois da publicação de O Evangelho segundo o Espiritismo – do aspecto religioso da doutrina, através da obra complementar Os Quatro Evangelhos que, à sua revelia, foi mediunicamente transmitida pelos Evangelistas e publicada por Roustaing em Bordéus.
Pus-me então a refletir porque a Providência Divina permitiu que uma oposição generalizada impedisse maior divulgação dessa obra, que explica – para mim de forma satisfatória, um a um, os versículos dos Evangelhos de Jesus, – pormenor importantíssimo se levarmos em conta que no Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec abordou apenas a parte moral, sendo que no anúncio do envio do Consolador, Jesus PROMETEU QUE ESTE NOS ENSINARIA TODAS AS COISAS E FARIA LEMBRAR TUDO O QUE ELE NOS ENSINOU.
Além de satisfatoriamente fazê-lo, tentando recuperar quanto possível a credibilidade das Escrituras Sagradas,
a obra esclarece ou soluciona os mistérios bíblicos mais intrincados como, v.g. o episódio da ressurreição de Lázaro, a tentação de Jesus e o carrossel de fogo de Elias, os dois últimos por mim abordados na obra “O Pastor e a Ovelha”, disponível no Bvespírita.
O MOVIMENTO ESPÍRITA NO HEMISFÉRIO NORTE
E há de ser que, depois, derramarei o meu espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu espírito. Joel – 2: 28, 29 – Bíblia Sagrada. Clara demonstração da sabedoria e justeza dos critérios adotados pelos Espíritos Superiores, – a estratégia geral de regular a divulgação das novas verdades levando em conta a capacidade de assimilação da população, – foi o
que ocorreu nos Estados Unidos onde, cumpre assinalar, o povo foi menos exposto do que na Europa à revoltante opressão da Igreja, da qual se livrara, na Inglaterra, fundando a Igreja Anglicana ou exilando-se para a América. É fácil identificá-lo, analisando a difusão da revelação espírita nesses países, conforme relatou Arthur C. Doyle em sua obra A História do Espiritismo. Conforme vemos no capítulo “Primeiras Manifestações na América”, os fenômenos espíritas foram antecedidos nos Estados Unidos em 1842, por André Jackson Davis, que previu, nove anos antes, o surgimento dos fenômenos de Hydeville. Na página 51 o autor acrescenta sobre os mesmos o seguinte comentário: “Há que se admitir que Davis, até onde se pode acompanhar a sua vida, tenha vivido para as suas idéias”.
As mesas girantes em Paris -1853 Era muito humilde, mas daquela matéria de que são feitos os santos. Sua autobiografia vai apenas até 1857, de modo que teria pouco mais de trinta anos quando a publicou. Mas dá uma descrição muito completa e por vezes muito involuntária de seu íntimo. Era muito pobre, mas justo e caridoso. Era muito sério, mas muito paciente na argumentação e delicado na contradita. Fizeram-lhe as piores acusações, que ele recorda com um sorriso de tolerância”. Semelhante ao que, 90 anos depois, ocorreu com o médium Chico Xavier, de origem humilde, pobre e debilitado desde a infância, André J. Davis, tornou-se depois um extraordinário e inspirado médium, que sob a égide inspiradora de Galeno e Swedenborg produziu obras volumosas e de grande valor, amplamente divulgadas no país.
Andrew Jackson Davis nasceu no dia 11 de agosto de 1826, em Blooming Grove, NY-EUA, às margens do rio Hudson, Estados Unidos, e desencarnou em 1910, com a idade de 84 anos. Ele descendia de família humilde. Sua faculdade mediúnica desabrochou quando tinha apenas 17 anos. Primeiro, desenvolveu a audiência. Ouvia vozes que lhe davam bons conselhos. Depois, surgiu a vidência, tendo notável visão, quando sua mãe morreu. Mais tarde, manifestou-se outra faculdade muito interessante e muito rara: a de ver e descrever o corpo humano, que se tornava transparente aos seus olhos espirituais. Dizia ele que cada órgão do corpo parecia claro e transparente, mas se tornava escuro quando apresentava enfermidade. Na tarde de seis de março de 1844, deu-se, com Davis, um dos mais extraordinários fenômenos, o da levitação. Foi ele tomado por uma força estranha que o fez voar da cidade de Poughkeepsie a Catskill, a 60 km de distância. A partir dele os fenômenos expandiram-se com o concurso de grande, surpreendente número de médiuns de efeitos físicos como as irmãs Fox e os admiráveis e sacrificados irmãos Davenport, nascidos em Buffalo, estado de New York. Desde 1846, dois anos antes delas, eles causaram, no país e depois no mundo, enorme repercussão e contradição através de jornais e revistas, atraindo a atenção de um grande número de jornalistas, repórteres, além de escritores de nomeada e sábios pesquisadores como o famoso Juiz John W. Edmonds da Suprema Corte de New York, Robert Hare, professor de Química na Universidade de Pensilvânia e a superdotada Mrs. Emma Hardinge (Reino Unido-1822-1899) que se notabilizou na divulgação da Doutrina como notável escritora e conferencista, nos Estados Unidos, Inglaterra e diversos países.Vejam o que sobre Jackson Davis, o pioneiro da Revelação Espírita nos Estados Unidos, comentaram A. Wantuil de Freitas e Francisco Thiesen na pág.
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89 do livro “Allan Kardec”- Vol. 2, FEB-Rio: 1* “A bem da verdade, diga-se que os numerosos livros que ele deu a lume, de alto alcance doutrinário, diferem, em vários pontos, dos ensinos kardequianos, sem estar, contudo, com eles em contradição, salvo quanto à lei das reencarnações, que Davis apresentou como não obrigatória para o progresso do espírito, entendendo que o espírito pode e deve progredir no espaço, sem necessidade de reencarnar, tese defendida por “Os Quatro Evangelhos” e Emmanuel no livro “O Consolador”. (Negritos meus).
Para nós, espíritas, o papel representado por Jackson Davis é de grande importância, pois começou a preparar o terreno para os grandes acontecimentos da Terceira Revelação, naquele país. Em suas visões espirituais viu quase tudo o que Swedenborg descreveu sobre o plano espiritual. (Abrimos aqui um parêntese para dizer que, por ocasião do seu
transporte às montanhas de Catskill, ele identificou Galeno e Swedenborg como seus mentores espirituais).
Em seu caderno de notas, encontrou-se a seguinte passagem datada de 31 de março de 1848: “Esta madrugada, um sopro quente passou pela minha face e ouvi uma voz, suave e forte, a dizer: Irmão, um bom trabalho foi começado – olha“! Ao que parece, este aviso fazia menção aos fenômenos de Hydesville, pois foi exatamente nessa data, numa sexta-feira, que se estabeleceu o início da telegrafia espiritual, através da menina Kate Fox. Além dos médiuns citados, um grande número de sábios investigadores e escritores de renome contribuíram para a instituição do “Modern Spiritualism” no país. Devemos citar também, a médium clarividente Harriet B. Stowe, (1811-1896) cuja obra “A Cabana do Pai Tomás, editada inicialmente em capítulos semanais num jornal do país durante o ano de 1861, foi finalmente editada em 1852, alcançou de imediato
surpreendente recorde de venda nos EUA e na Inglaterra! Sensibilizando e agitando fortemente a opinião pública, criou ambiente para a extinção da escravidão, provocou a chamada Guerra de Secessão entre os estados do Norte e do Sul do país!
Fato similar ocorreu no Brasil, com a cooperação de escritores e poetas inspirados como José do Patrocínio, Luiz Gama, Joaquim Nabuco e Castro Alves, sem as graves conseqüências da Guerra de Secessão que, por cinco anos (1861 a 1865) enlutou aquele país irmão. Sir William Crookes (1832-1919) pode ser considerado um dos mais proeminentes físicos do século XIX. Na ocasião em que passou a interessar-se pelos fenômenos paranormais, (1870) houve uma grande expectativa em torno dessa decisão, por parte do grande público. Seu nome era assaz conhecido nos meios científicos e o seu veredicto seria aceito como decisivo julgamento do movimento então chamado «Spiritualism. Ao contrário, porém, do que se esperava, após três anos de pesquisa, utilizando-se de todos os meios científicos então disponíveis para evitar o falseamento e a mistificação, e contando com o auxílio de um grupo de pesquisadores de sua confiança, William Crookes, o mais confiável e galardoado sábio britânico, concluiu pela insofismável realidade dos fenômenos espíritas. Durante três anos o Espírito Kate King conviveu com o casal, demonstrando cabalmente, a sobrevivência da alma após a desencarnação. O relatório de
Crookes sobre a sua pesquisa, concluiu em 1874, que esses fenômenos não podiam ser explicados como prestidigitação e que pesquisa adicional seria útil. Crookes não estava só nessa opinião. Na Inglaterra surgiram grandes e renomados médiuns de efeitos físicos e intelectuais, como Daniel Dunglas Home, Slade, Madame d’Esperance, com a conversão de vários pastores evangélicos da Igreja Anglicana, entre eles médiuns como os reverendos Robert Dale Owen e Stainton Moses, fecundo, virtuoso e sábio médium de efeitos físicos que além de produzir muitos fenômenos escreveu, entre outros, o excelente livro Ensinos Espiritualistas, provocando a reação imediata da Igreja Romana e da Ciência Oficial que encarregou William Crookes, o mais importante e confiável de seus cientistas para por fim àquela onda de fatos falaciosos ou demoníacos.
Vários cientistas, seus companheiros, passaram a confirmar a veracidade da comunicação de espíritos, entre eles Alfred Russel Wallace. (Connan Doyle, 1926: volume 1, p 62). No entanto, como a maioria dos cientistas tinha a opinião preconcebida de que o Espiritismo era fraudulento, o relatório final de Crookes ultrajou de tal modo o “establishement” científico de então que “falou-se de cancelar sua filiação à Royal Society”.
Crookes tornou-se mais cauteloso a partir de então e não mais discutiu seu ponto de vista em público até 1898, quando sentiu que sua posição estava segura (Doyle, 1926: vol. 1, próprio 169-170). Foi nesse ano, em seu discurso de posse na presidência da British Association pelo Avanço da Ciência, que afirmou: “Já se passaram trinta anos desde que publiquei um relatório dos experimentos tendentes a mostrar que fora de nosso conhecimento científico existe uma Força utilizada por inteligências que diferem da comum inteligência dos mortais”... _____________________________ (1) -Vide no Bvespírita, além destes livros, “As Mesas Girantes e o Espiritismo”, de Zeus Wantuil, da editora FEB- Rio. (2) - (*)Vide, no Wikipédia além da biografia de A. Jackson Davis e outras personagens citadas, muito mais dessa
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fantástica história, que agitou os EUA e o mundo no século XIX, e 3*- 1-HydesvilleMemorialPark). 2 - TV Nova Luz -A.Kardec - O Surgimento do Espiritismo -1/5- 3- Youtube De Kardec aos dias de hoje.
Numa entrevista na The International Psychic Gazette, em 1917, ele repetiu: “Nunca tive jamais qualquer ocasião para modificar minhas idéias a respeito. Estou perfeitamente satisfeito com o que eu disse nos primeiros dias. É absolutamente verdadeiro que uma conexão foi estabelecida entre este mundo e o outro”. (Fodor, N.)
Nada tenho a me retratar. Confirmo minhas declarações já publicadas, a verdade, muito teria que acrescentar a isto”. (Crookes, 1898). Encyclopaedia of Psychic Science, U.S.A.: University Books, 1974, p.70) Entre os fenômenos verificados destacou-se a materialização tangível, obtida por ele a partir da médium Florence Cook, cujo fantasma foi auscultado pela equipe de pesquisadores, verificando-se que possuía reações orgânicas peculiares aos seres encarnados, como pulso e batimento cardíaco, respiração, apalpamento do Espírito Katie King; foi verificada a existência de vísceras e que mais, fazendo com que Crookes supusesse que o Espírito levaria com ele, tais fenômenos após sua morte. Foi o que expôs em seu revolucionário livro Fatos Espíritas, editado em 1874 na Inglaterra e, em 1919, e 10 anos depois, no Brasil, pela FEESP-SP e a FEB-Rio.
As pesquisas sobre os fenômenos do Espiritismo por Sir William durante os anos de 1870 a 1874 constituem
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As Irmãs Fox Hydesville - 1 de Março de 1848 A cabana de Hidesville – EUA
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Florence Cook -1856 - 1904 William Crookes - 1832-1919 Kate King materializada-1871-1874
Daniel D. Home 1833-1886 Andrew. J. Davis -1824 -1910 Edgard. Cayce - 1877- 1945
Mme d’Esperance Eusápia Palladino Carmine Mirabelli Zé Arigó 1855 -1919 1854 -1918 1889 -1941 1922 - 1951
GALERIA DE VALOROSOS MÉDIUNS DO PASSADO
É preciso que a humanidade conheça os nomes dos primeiros pioneiros da obra, daqueles cuja abnegação e devotamento merecerão ser inscritos em seus anais. Allan Kardec
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ALPHONSE CAHAGNET – PRECURSOR DO ESPIRITISMO – MESTRE DE KARDEC Cahagnet nasceu em 1809 em Caen e faleceu em 1885 em Argenteil, na França. Embora descendente de uma
família pobre e tendo trabalhado sucessivamente, para poder viver como relojoeiro, torneiro de cadeiras, caixeiro de comércio, fotógrafo, conseguiu, com sua poderosa força de vontade, seu dinamismo extraordinário e sua honestidade, adquirir posição de destaque, sendo respeitado e admirado por todos quantos com ele privaram, mesmo os inimigos. Além das citadas habilidades, Cahagnet desenvolveu mais uma que o tornaria célebre – a de magnetizador. Foi desse
modo que manteve relações com os entes do além túmulo. Anotando as palestras do maravilhoso intercâmbio com os espíritos, Cahagnet edificou a portentosa obra com cerca de mil páginas, que formaram o tomo I dos “Arcanos”. Na bela introdução desse monumental trabalho adverte o autor: “Sede prudente, não admitais nem rejeiteis nada sem um exame maduro; aquilo que não puderdes compreender, jamais digais que não é! Ao tomo I seguiram-se os tomos II e III.
Em 1848, Cahagnet reunia em Argenteuil um grupo de pessoas que havia testemunhado os fatos obtidos através da sonâmbula Adéle Maginot, e criou a primeira “Sociedade dos Magnetizadores Espiritualistas”, por sugestão do espírito Swedenborg. Três anos depois, essa sociedade continuou seus estudos sob a denominação de “Sociedade dos Estudantes Swedenborgianos”, aproximando-se mais tarde do Espiritismo codificado por Allan Kardec. Sob os auspícios da “Sociedade” funda o jornal “O Magnetizador Espiritualista”, no qual são registrados todos os fatos maravilhosos das relações com o Além, obtidos por ele e
pelos magnetistas de todo o mundo que o quisessem fazer. Seguiram-se ainda muitas outras obras de grande valor: 1850 – “Santuário do Espiritismo” – 1851 – “Tratamentos das Enfermidades”, obra que engloba um estudo das propriedades medicinais de 150 plantas que a extática Adéle Maginot transmitira em 1856 – “Revelações do Além-túmulo”, pelos espíritos de Galileu, Hipócrates, Franklin. As datas acima demonstram que a obra de Cahagnet antecedeu a de Kardec e sucedeu-o também, na luta pela verdade espírita, suportando sem desanimar os ataques infringidos à doutrina. “Tudo o que a ignorância, o fanatismo, a tolice reeditaram posteriormente contra Alphonse Cahagnet e nossa doutrina foi despejada sobre o pobre magnetizador” – diz Gabriel Delanne. Qual ocorreu com as obras de Kardec, as de Cahagnet também foram batizadas pelo fogo. A leitura dos Arcanos foi proibida em todos os países, por decisão da Igreja Católica. Cahagnet, porém, jamais esmoreceu. A 10 de abril de 1885, com 76 anos, desencarnava, em Argenteuil, o velho batalhador Cahagnet, a cujo enterro compareceu inúmeros amigos e espiritistas. Menino pobre, torneiro, relojoeiro, caixeiro, haveria de tornar-se, mercê da vontade, da inteligência e da perseverança, um erudito e profundo metafísico, merecedor do reconhecimento de sumidades científicas e literárias de todos os países e do respeito e eterna gratidão dos espíritas do mundo inteiro.
É preciso que a humanidade conheça os nomes dos primeiros pioneiros da obra, daqueles cuja abnegação e devotamento merecerão ser inscritos em seus anais. Allan Kardec
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Quanto ao que sucedeu no hemisfério norte, a rejeição da revelação espírita e, por conseqüência, a da obra
citada deveu-se a motivos facilmente perceptíveis levando-se em conta a conturbadíssima situação político-social então vigente nos países do hemisfério norte, envolto numa gravíssima conjuntura na qual, a população, cansada de ser por séculos violentada em seus anseios de igualdade, justiça e liberdade, procurou satisfazê-los, fazendo-o, porém, na Europa, de forma violenta e anárquica através da Revolução Francesa, o que levou Kardec, após frisar que o Espiritismo não é, como as existentes, uma religião constituída, sendo-o somente no sentido filosófico, a ater-se, no Evangelho segundo o Espiritismo, à parte moral, incontroversa, dos textos evangélicos.
A enorme oposição que, não obstante tal providência sofreu, dá-nos idéia quanto ao que sem dúvida sucederia se “Os Quatro Evangelhos” em que a parte religiosa é especificamente tratada, se tornasse, então, alvo de maior atenção. O movimento espírita após enorme expansão, provocada pelas “mesas girantes,” pouca aceitação recebeu depois, tanto na Europa, como na América do Norte, devido à forte oposição das seitas religiosas, ao positivismo materialista da ciência e ao ceticismo e indiferentismo reinantes, causadores do conturbado ambiente político-social, que se agravou em 1870, (um ano após a desencarnação de Kardec), pela derrota e invasão da França pela Prússia.
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Vejamos o que sobre essa importantíssima parte da História da Humanidade comentou o escritor espírita, José
Lacerda de Azevedo (Porto Alegre-RGS, 1919-1997) na obra “Energia e Espírito”, que, com a devida vênia, apresentamos ao leitor:
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“Realmente, no século passado os espíritos tomaram a iniciativa de acordar o Homem-carne para a realidade do Homem-espírito,” e obedecendo a um plano muito bem elaborado, estabeleceram contato em massa, por todos os meios possíveis, visando a esse desideratum.
Por mais de um século, as manifestações mais diversas se sucederam. Com exceções, os resultados foram decepcionantes. Os Espíritos logo encontraram pela frente a poderosa barreira dos dogmas e arraigados preconceitos religiosos, mormente quando, na velha Europa, a doutrina nova apontou para as interpretações de conceituação etico- religiosas obsoletas e ultrapassadas – há muito fora da realidade.
Era evidente que os arejados conceitos novos, que abriram horizontes insuspeitados aos verdadeiros estudiosos, teriam influência decisiva sobre os velhos dogmas cambaleantes, que fatalmente iriam cair por terra, deixando lugar para todo um processo científico-ético-religioso diferente e mais lógico, em vista da natural renovação que a Verdade impõe quando aparece objetivamente.
Ora, somando-se aos preconceitos, dogmas e interesses (inclusive econômicos) das castas sacerdotais e seus
seguidores, surgiram os preconceitos científicos, não menos poderosos,– em estranha aliança, embora ateus e materialistas – visando abafar as idéias novas, que se encontravam à disposição de todos aqueles que desejassem investigá-las. Sem a assistência dos sacerdotes (agora não mais necessários) donos do Céu e pretensos representantes de Deus, ou de cientistas, igualmente proprietários da Ciência, os únicos habilitados, pela chancela das universidades, a manipular suas equações e penetrar em seus laboratórios, defrontaram-se, logo de início, com essas condições negativas humanas de alto porte, sofrendo os primeiros revezes.
A tudo isso, juntou-se o processo natural da absorção energética da matéria, criando condições quase intransponíveis para o estabelecimento definitivo dessas revelações entre os homens. Não fora, certamente, o valor pessoal desses Espíritos arautos da verdade e o auxílio efetivo do Alto e, provavelmente, as idéias novas teriam perecido imediatamente ao receberem a luz em nosso mundo.
Repetiu-se aí o que acontecera com o Evangelho, logo após a partida de Jesus, quando as Trevas caíram em
cima dos ensinamentos novos, visando erradicá-los dentre os homens. Foi o primeiro confronto da doutrina que surgia de origem celestial, com as sombras espirituais que envolvem o Planeta. Na história do Cristianismo nascente, esse período foi caracterizado pelo aparecimento de Cismas, os quais, em grande número, tentaram mascarar os ensinamentos do Cristo, por meio de interpretações outras, com o objetivo de distorcer os ensinos.
Apesar de todos os empecilhos, Kardec conseguiu levar avante suas acuradas observações dos fenômenos inusitados, que, em volume avultado, se apresentava, tendo triunfado com a estruturação da nova Doutrina em bases objetivas. In “Energia e Espírito” – José Lacerda, Pág.18. (Disponível no Bvespírita, na Internet.)
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O MOVIMENTO ESPÍRITA NO BRASIL
Chico Xavier atende repórteres no armazém O hábito de ler e de estudar, a atividade intelectual enfim, que se expandiu enormemente nos últimos anos, era
assaz inexpressiva em nosso país até a década dos anos 40 do século passado, sendo esta, uma das razões pelas quais a Codificação Kardequiana não é ainda satisfatoriamente conhecida pelos espíritas do Brasil, os mais animados satisfazendo-se com O Evangelho segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, a grande maioria dando ainda, preferência à leitura de novelas, poesias e as interessantes e instrutivas obras mediúnicas recebidas desde 1912, pela médium Zilda Gama.
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A partir de 1932, com o magnífico Parnaso de Além-túmulo recebido por Francisco Xavier e logo depois, por um grande número de médiuns de ambos os sexos foi dada, de forma sumamente exitosa, seqüência à obra iniciada pelo Codificador e continuada em nosso país sob a eficiente batuta do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes (1831-1900) que conseguiu com grande fé e tenacidade, eficiência e valor, conciliar e congregar sob a bandeira da Unificação a maioria das entidades espíritas nascentes no país.
Imensa luz é projetada sobre a embaraçosa conjuntura que se verificou nos primórdios do Movimento Espírita, pelos esclarecimentos dados por Divaldo Franco, digno complementador da obra de Chico Xavier, numa entrevista divulgada pelo site da Associação Lar Espírita José de Anchieta, de Aracati-Ce:
ENTREVISTA COM DIVALDO PEREIRA FRANCO
2 milhões de Espíritos Franceses Reencarnaram no Brasil
- Divaldo, Deus te abençoe. É tão difícil entender que no Brasil, sendo a “Pátria do Evangelho”, ainda existam tantas pessoas que não amam o próximo. Por quê? - Porque não são Espíritos do Brasil. Vêm de outras pátrias, de outras raças. Não são almas brasileiras. Vêm para cá, porque, se ficassem nos seus países de origem, os sentimentos de rancor e ressentimentos torná-los-iam mais desventurados.
Após a Revolução Francesa de 1789, quando a França se libertou da Casa de Bourbon, os grandes filósofos da libertação sonharam com os direitos do homem, direitos que foram inscritos nos códigos de justiça em 1791 e que, até hoje, ainda não são respeitados, embora em 1947, no mês de dezembro, a ONU voltasse a reconhecê-los. Depois daquele movimento libertário, o que aconteceu com os franceses? Os dois partidos engalfinharam-se nas paixões sórdidas e políticas e como conseqüência, os grandes filósofos cederam lugar aos grandes fanáticos, e a França experimentou os dias de terror, quando a guilhotina, arma criada por José Guilhotin, chegava a matar mais de mil pessoas por dia. Esses Espíritos saíam desesperados do corpo e ficavam na psicosfera da França buscando vingança. Começa o século XIX e é programada a chegada de Allan Kardec. O grande missionário vai reencarnar na França, porque a mensagem de que é portador deverá enfrentar o cepticismo das Academias na Cidade-Luz da Europa e do mundo e, naquele momento, Cristo havia designado que o Espiritismo nasceria na França, mas seria transplantado para um país onde não houvesse carmas coletivos, e esse país, por enquanto, seria o Brasil. São Luis, o guia espiritual da França, cedeu que a terra gaulesa recebesse Allan Kardec, mas “negociou” com Ismael, o guia espiritual do Brasil: “Já que a mensagem de libertação vai ser levada para a Terra do Cruzeiro, a França pede que muitos Espíritos atribulados da Revolução reencarnem no Brasil, pois, se reencarnarem aqui impedirão o processo da paz”. E dois milhões de franceses vieram reencarnar no Brasil, para que, quando chegasse a mensagem espírita, culturalmente se identificassem com o chamado método cartesiano de Allan Kardec. (sem grifos).
Naturalmente, esses Espíritos eram atribulados, perturbados, com ressentimentos, com mágoas. Se nós considerarmos que os Espíritos brasileiros são os índios, que a maioria de nós é constituída por Espíritos comprometidos na Eurásia, e que estamos aqui de passagem, longe dos fenômenos cármicos para nos depurarmos, compreenderemos porque muitos brasileiros do momento ainda não amam esta grande nação. É o primeiro sentimento que têm quando, ao invés de investir em fortunas, honesta ou desonestamente amealhadas no solo brasileiro, eles as mandam para os países estrangeiros. Não confiam no Brasil, porque são “de lá”. Mandam para lá porque, morrendo aqui, o dinheiro fica lá para poderem “pagar” o carma negativo que lá deixaram. Os chamados “paraísos fiscais” são também lugares de alguns de nós que aqui nos encontramos, mas apesar de ainda não termos o sentimento do amor, já temos alguma luz. Viajando pelo mundo, onde tenho encontrado brasileiros espíritas, descubro uma célula espírita. Começa-se com um estudo do Evangelho no lar, depois se chama os amigos, os vizinhos, forma-se um grupo e, hoje, na Europa. 90% dos grupos espíritas são criados por brasileiros. Com exceção de Portugal. Espanha e um pouquinho da França, o movimento é todo de brasileiros e latinos acendendo as labaredas do Evangelho de Jesus. Não há pouco tempo, brasileiros na Holanda encontraram as obras de Kardec traduzidas para o holandês, brasileiros na Suíça revisaram O Evangelho segundo o Espiritismo e se está tentando publicar as obras de Kardec, agora em alemão. Brasileiros na América do Norte retraduziram O Livro dos Espíritos e O Evangelho segundo o Espiritismo, que o foi por um protestante, que substituiu a palavra reencarnação por ressurreição. Brasileiros em Londres, com alguns ingleses, já formam oito grupos espíritas e seria fastidioso se fosse enumerando na Ásia, na África... Certa feita recebi um telefonema de uma cidade asiática. Tratava-se de uma consulesa do Brasil que me dizia o seguinte: “Eu estou no outro lado do mundo, sou espírita, tenho três filhos rapazes – um de 10, um de 14 e outro de 18 anos. Tenho-lhes ensinado o Espiritismo, mas o meu filho mais velho está na Universidade e me faz perguntas muito embaraçosas; aqui eu não tenho acesso a maiores instruções. Queria convidá-lo a vir aqui dar umas aulas de Espiritismo ao meu filho. Você viria?” Eu respondi-lhe: - Sim, senhora, com a condição de conseguir-se espaço para eu falar em auditório publico sobre o Espiritismo: - O marido era o representante dos negócios do Brasil no país. – Se a senhora aceitar a condição, ficaria alguns dias para debater com os seus meninos. Como não falo inglês, seu filho será o meu intérprete.
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E assim, fiz a longa viagem de 36 horas com escalas e lá, naturalmente, ela me disse: “Mas, Divaldo, onde vamos ter esse encontro?” Eu lhe respondi: “Tive uma entrevista com o Baghavan Swami Sai Baba, e sei que essa é uma cidade em que há um grande movimento Babista e, se a senhora conseguir um grupo Sai Baba eu me prontifico a fazer uma conferência ali”.
Encontramos o representante de Sai Baba para a Ásia e ele ficou muito feliz porque Swami havia-me recebido. Ele reuniu mil pessoas para que eu falasse sobre o Espiritismo. Fiquei até com pena dele! E pensei: “Vou arrastar toda a turma de Sai Baba para o Sr. Allan Kardec” (risos...).Então, fiz a palestra, falei sobre Allan Kardec, sobre as comunicações, ele ficou tão sensibilizado, que me perguntou se eu teria coragem de ir a Cingapura para fazer a mesma coisa. Eu lhe respondi: - O senhor me mandando até o CingaInferno eu irei para falar sobre o Espiritismo. Fui a Cingapura e fiz uma viagem pela Ásia e, onde havia brasileiros, lá estavam eles...
A missão do Brasil, “Pátria do Evangelho e Coração do Mundo” não é a de sermos todos ricos, maravilhosamente ricos; é a de sermos maravilhosamente espiritualizados, sem nenhum demérito para os outros países, que são todos amados por Deus e por Jesus em igualdade de condição. Aqui entra o nacionalismo, para ver se a gente ama um pouquinho mais este país que está passando uma fase de grande desprestígio. Deus só tem ajudado no Tênis! Que Ele tenha compaixão de nós e nos ajude também no Futebol e noutra coisa qualquer! (risos...).
Nós somos as cartas vivas do Evangelho. Jesus escreveu em nossa alma a Sua mensagem. Onde quer que vamos, que brilhe a nossa luz; mas, para que ela brilhe, é necessário que a acendamos, e o combustível dessa luz é a fraternidade. Assim, todos saberão que estamos ligados a Ele, graças à presença dos bons Espíritos, que aqui estão conosco, e sempre se encontram a qualquer hora. Como disse Kardec, com muita propriedade, todos têm seu Guia espiritual que os inspira; dessa forma, todos são médiuns, estão sintonizados com esses. Extraído do livro: APRENDENDO COM DIVALDO. Entrevistas / Divaldo P.Franco: Postado por Associação Lar Espírita José de Anchieta. Pág. 62-74- http://www.aracatiemfoco.com.br/ - Ceará
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Sobremaneira fácil perceber quão verossímil é o que acima afirmou Divaldo, em perfeita consonância com os
fatos político-sociais desenrolados a partir do início do século XIX, na França e em nosso país, dentro e fora do Movimento Espírita. Escritores e poetas fecundos e de alta e nobre inspiração, estadistas e militares, inventores e empreendedores audazes, filósofos e médicos sanitaristas, economistas, desbravadores do território pátrio, arquitetos, educadores e pioneiros, da arte e da cultura em geral, cujos nomes, devido ao grande número, seria, – é pena – fastidioso citar aqui.
Se levarmos em conta o que aconteceu naqueles países e tentarmos identificar o fator que deles nos diferencia, veremos que além de sua diferente formação étnica, é enorme o desnível cultural existente entre eles e nós. O hábito de ler e de estudar, a atividade intelectual enfim, como dissemos acima, tem sido realmente inexpressiva em nosso país, sendo esta a razão pela qual, não só a Codificação Kardequiana, mas também as importantíssimas obras complementares antigas e recentes não são ainda satisfatoriamente conhecidas pelos espíritas do Brasil, embora os ingentes, reiterados esforços de numerosas entidades espíritas do país, congregadas pelo CFN, o Conselho Federativo Nacional.
---oo0oo--- Na introdução do artigo “Os Grandes Pioneiros”, editado pelo tablóide “O Seareiro”, do Núcleo de Estudos
Espíritas “Amor e Esperança” de Diadema – SP, em que focaliza Bittencourt Sampaio, a articulista Eloísa tece o seguinte comentário:
“Para podermos entender a preocupação do Plano Espiritual, com a evolução da Terra e a planificação do Alto, muitos foram os livros de mensagens que nos surgiram às mãos, através da mediunidade”. Dos pioneiros que reencarnaram com missões, em todos os campos de atividades, veio a Doutrina Espírita que, além de nos trazer o Consolador prometido por Jesus, mostrou-se em três aspectos diferentes: científico, filosófico e religioso. Levantada esta questão para Emmanuel, qual desses aspectos o Espiritismo apontaria como o maior, ele nos dá a resposta como sendo a “Doutrina Espírita um triângulo de forças espirituais” (livro “O Consolador”).
“Ele ainda explica que a ciência e a filosofia se ligam à Terra num nobre princípio das investigações humanas, visando o aperfeiçoamento da Humanidade. Mas no aspecto religioso é que se encontra a grandeza divina, por trazer “A restauração do Evangelho de Jesus Cristo”, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para o seu imenso futuro espiritual.” A Doutrina Espírita também trouxe para a Terra, através da arte, médiuns que transmitiram os mais elevados sentimentos espirituais, na formação de ideais para a conduta humana. A pintura, a música, a poesia e a prosa, mediunicamente vindos do Além, abrem caminhos para se chegar a Deus, de uma forma harmônica de paz e de sabedoria. Muitos foram os espíritos convocados por Jesus para reencarnarem com esses propósitos científicos, literários e filosóficos. Um desses sublimes emissários é lembrado pelo Site da Casa Recuperadora e Benefícios Bezerra de Menezes:
Tão longe de mim distante, Onde irá, onde irá teu pensamento!... Quisera saber agora onde irá, onde irá teu pensamento.
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Quem ouve os primeiros acordes e versos da modinha “Quem Sabe”, de Carlos Gomes, impressionando-se com a sua beleza e a espiritualidade de sua poesia, está na verdade reverenciando também o trabalho de um dos maiores vultos do Espiritismo de todos os tempos: Francisco Leite de Bittencourt Sampaio. Apreciemos de sua lavra o soneto em que, no Parnaso de Além-túmulo, o primeiro livro recebido por Chico Xavier, Bittencourt Sampaio, o famoso poeta brasileiro, autor de inspirados livros espíritas antes e após sua desencarnação, eleva sua comovente súplica
À Virgem
Do teu trono de róseas alvoradas, Estende, mãe bendita, as mãos radiosas, Sobre a angústia das sendas escabrosas Onde choram as mães atormentadas. Mãe de todas as mães infortunadas Com tua alma de lírios e de rosas, Mitiga a dor das almas desditosas Entre as sombras de míseras estradas. Anjo consolador dos desterrados, Conforta os corações encarcerados Nas algemas do mundo amargo e aflito. Ao teu olhar, as lágrimas da guerra E os quadros de amargor, que andam na Terra, São caminhos de luz para o Infinito. Vide na Internet: Poesias de Bittencour Sampaio e B. Sampaio – (www.thesaurus.com.br
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A UNIFICAÇÃO E O PACTO ÁUREO *
“Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de
nossos propósitos.” Bezerra de Menezes Na seqüência das atividades, fatos de grande importância se verificaram no desenvolvimento das atividades do
movimento espírita no país. Após um grande número de congressos e reuniões de dirigentes por todo o país criou-se o ambiente para a concretização do chamado Pacto Áureo, um acordo celebrado entre a Federação Espírita Brasileira (FEB) e representantes de várias Federações e Uniões de âmbito estadual, visando unificar o movimento espírita a nível nacional. Foi assinado na sede FEB, na cidade do Rio de Janeiro, a 5 de outubro de 1949. A expressão é atribuída a Artur Lins de Vasconcelos, um de seus signatários à época, o qual financiou a “Caravana da Fraternidade” idealizada e realizada sob a inspiração e o entusiasmo de Leopoldo Machado e integrada por oradores de vários estados.
Em conseqüência, em 1º. De Janeiro do ano seguinte (1950), foi instituído o Conselho Federativo Nacional da FEB (CFN), com a posse dos seus onze membros pelo presidente da FEB. Em 8 de março desse mesmo ano, o CFN lançou a Proclamação aos Espíritas. Desde então, o CFN exerce a função de dirimir dúvidas, orientando o movimento Espírita e recomendando normas e diretrizes para os Centros Espíritas. A assinatura do Pacto Áureo em 1949 foi a base para um entendimento entre as instituições espíritas no país, possibilitando uma nova fase de difusão da Doutrina Espírita, viabilizando a convivência entre as mesmas sem prejuízo da liberdade de pensamento e da ação individuais.
Através de mensagens transmitidas por Chico Xavier na Comunhão Espírita Cristã de Uberaba e Divaldo Franco na FEB do Rio de Janeiro, em 1963, 1975, 1995, constantes do opúsculo “O Trabalho de Unificação do Movimento Espírita”, disponibilizado na Internet pelo CFN da FEB, Bezerra de Menezes, o “Allan Kardec brasileiro” demonstra esse seu constante empenho. Vejamos alguns trechos da mensagem psicofônica que ditou ao médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, realizado em Brasília (DF), na manhã de 10 de novembro de 2013, da qual pinçamos os trechos mais significativos: “Tende-vos preocupado com as diretrizes de segurança para o futuro do nosso Movimento e em agir com sabedoria sob a inspiração superior”. “Se abraçamos o Espiritismo por ideal cristão, não lhe podemos negar fidelidade”
“O legado da tolerância não se consubstancia na omissão da advertência verbal diante às enxertias conceituais e práticas anômalas, que alguns companheiros intentam impor no seio do movimento espírita. Para os mais estouvados, a pureza doutrinária é a defesa intransigente dos postulados espíritas, sem maior observância das normas evangélicas; para outros não menos afoitos, é a rígida igualdade de tipos de comportamentos, sem a devida consideração aos níveis diferenciados de evolução em que estagiam as pessoas”.
Bittencourt Sampaio
1834-1895
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“Sabemos que o excesso de rigor na defesa doutrinária pode levar a graves erros, se enredarmos pelas trilhas de extremismos injustificáveis, posto que redundarão em divisão inaceitável, em face dos impositivos da fraternidade. É óbvio que não podemos converter defesa da pureza kardequiana em cristalizada padronização de práticas que podem obstar a criatividade espontânea diante da liberdade de ação”.
Quanto às enxertias conceituais e práticas anômalas, que alguns companheiros intentam impor no seio do movimento espírita a que se referiu acima Bezerra de Menezes, vejamos o que, sobre tão importantíssimo tema elucida André Luiz nas páginas 20 a 21 do seu recente livro Evolução e Vida, psicografado pelo médium Vagner Gomes da Paixão, acessível no Bvespírita: – “Até hoje, lutam os Benfeitores da Humanidade por libertar as consciências reencarnadas dos signos místicos ou míticos que as impregnam, condicionando-lhes as mentes à obediência cega a fórmulas e preceitos mágicos no plano das religiões”.
“Daí, a dificuldade tremenda de absorção, por parte da criatura no mundo, daquele conteúdo de Sabedoria e Amor que está contido nas letras do Evangelho Cristão – a fórmula mais pura e efetiva de liberar e redimir os corações, incorporado, desde a segunda metade do século XIX, pela Doutrina Espírita que o reapresenta à Terra, sublime e imortal como chegou ao Orbe. A tarefa da Verdade que o Espiritismo cumpre, mesmo sob a mira dos dragões da impiedade que dominam por signos negros e materializantes a Terra que o Senhor criou para nossa evolução, representa o derradeiro investimento do Pai a nosso favor, por eficiente e definitivo, acordando-nos da hipnose conveniente, para os exercícios do amor que nos infunde lucidez, autonomia e paz”.
É sobre esse tema que, com clareza e profundidade, discorre Luciano dos Anjos no artigo “Pactos, sínteses e utopias” publicado na revista Reformador de Março de 1960, pág 61/62 cujo trecho final, com a devida vênia, transcrevemos: “Em termos de conteúdo, de substância, tenho para mim que o Espiritismo é síntese derradeira na sua mais bela evolução hegeliana. E, em padrões de forma, de método, de programa, o Pacto Áureo é síntese na sua mais alta expressão de entendimento humano. Haja vista os frutos que já ofereceu nesses longos anos de aplicação e que dão a medida justa da sua eficácia. Quanto às querelas sobre união e unificação, as mais modernas técnicas de coexistência têm demonstrado sobejamente que a unificação deve vir sempre na frente da união. Assim pensam, por exemplo todos os países membros da Onu. O inverso é utopia que não conseguiria resistir ao mais simples argumento, muito menos ao rigor da experiência. O que é pior: utopia anticientífica e dialeticamente absurda. Afinal são 18 anos de verdadeira confraternização, do que se conclui que FINIS CORONAT OPUS. ”São atualmente 65 anos de mãos dadas e mentes e corações vibrando sob a inspiração de Jesus, se estreitam os laços de amor entre as entidades estaduais e instituições espíritas por todo o país”. Vejam na Internet, no Portal do Espírito e/ou na revista Reformador da FEB, os nº.s 2047, anos 117, de Out.1999, e 127, de Out. de 2009, edições dedicadas ao Aniversário do Pacto Áureo. _____________________________________________ (*) – Vide na segunda parte, Carta de Guillon, item 8, p 233, Alerta aos Espíritas, item 34, p 282 e Pacto Áureo, item 70, p 361.
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REVISTA “REFORMADOR” – UM MANANCIAL DE PAZ E AMOR – Jorge Luiz Hessen *
Fundada em 21/1/1883 por Augusto Elias da Silva, a revista “Reformador” foi um dos mais audaciosos empreendimentos de publicação espírita no Brasil. Isto porque, fundar e conservar um órgão de propaganda espírita, na Corte do Brasil era, naquele período, para entibiar o ânimo dos espíritas mais resolutos. Uma vez que dos púlpitos brasileiros, principalmente dos da Capital, choviam anátemas sobre os espíritas, os novos hereges que cumpria abater. Escreveu Augusto Elias: “Abre caminho, saudando os homens do presente que também o foram do passado e ainda hão de ser os do futuro, mais um batalhador da paz: o “Reformador”. Com essas palavras inaugurais apresentava-se, ao mundo o novo órgão da divulgação espírita. O artigo de fundo do primeiro número traçava as diretrizes de paz e progresso pelos quais se nortearia o órgão evolucionista da imprensa espírita, definindo ainda os relevantes objetivos que tinha em vista alcançar. Apresentou-se, portanto, o “Reformador” como mais um semeador da paz, apetrechado da tolerância e da fraternidade, desfraldando a bandeira do paradigma Ismaelino: Deus, Cristo e Caridade. Até 1888 a redação do periódico funcionou (num atellier) na residência de Augusto Elias da Silva. Era um jornal quinzenal de quatro páginas e estima-se que sua tiragem inicial era de aproximadamente 300 exemplares, contando com cerca de uma centena de assinantes. A partir de 1902 passou ao formato de revista, inicialmente com 20 páginas e periodicidade bimensal. Na década de 30 passou a ser mensal, e o número de páginas aumentou gradativamente, até as atuais 40 páginas. Em 1939, a FEB adquiriu e instalou as máquinas impressoras próprias, nas dependências dos fundos do prédio da Avenida Passos. Foi uma decisiva empreitada, um novo alento na trajetória do difusor doutrinário na “Pátria do Evangelho”. Graças a essa providência, as edições e reedições de livros espíritas começaram sua grande expansão. Com a instalação do Departamento Editorial, em 1948, em amplo edifício especialmente construído em São Cristóvão/Rio de Janeiro, a “Casa de Ismael” deu sólida estrutura a todo seu complexo editorial. (1) Nos anos 70 a FEB iniciou as
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impressões de Reformador com as capas coloridas, substituindo inclusive o logotipo e desenho e a Revista tomou novo aspecto gráfico, com excelente recepção.
Edifício frontal – Sede da FEB – Brasília Colméia – Edifício base da FEB – Brasília
Cenáculo da FEB em Brasília, em Brasília A famosa “Caravana da Fraternidade” - 1950
Na sua extraordinária trajetória “Reformador” esteve intimorato ao lado de causas justas, como a abolição da escravatura e a tolerância religiosa, preservando até hoje o caráter genuinamente espírita e cristão da revista, que se tornou um dos veículos principais do desenvolvimento da doutrina espírita no mundo. A propósito, “a obra da Federação Espírita Brasileira, que se molda no espírito da Codificação Kardequiana e no Evangelho de Jesus, tem-se refletido no movimento espiritista de vários países da Europa, das Américas, da Ásia e da África, ensejando contatos fraternos de expressiva importância no que diz respeito às finalidades primaciais do Espiritismo”. (2) No transcorrer das décadas que se seguiram à sua fundação, duas guerras mundiais estremeceram as estruturas da Terra e diversas convulsões sociais desestabilizaram nosso País. Nesse contexto histórico, irrompiam em diversos países os totalitarismos bolchevistas, fascistas, nazi-fascistas. Irrompe-se a filosofia, o movimento existencialista e a licenciosidade, porém sem amargar os ressaibos amargosos dos estrugidos da violência, “Reformador” disseminava através de suas páginas, como manancial de esperança, preciosos estudos e oportunos comentários sobre a Boa Nova do Cristo e a Codificação Espírita de Allan Kardec, estimulando os esforços mais nobres dos espíritos bem-intencionados, no rumo da confraternização e da paz mundial... “Reformador” continuou sempre a singrar, com equilíbrio sereno e inabalável, o agitado oceano das idéias em conflito, repetindo, mês a mês, com imperturbável segurança, a mensagem da verdade e do perdão, do trabalho, da solidariedade e da tolerância, em nome da Terceira Revelação. Hoje é o decano da imprensa espiritista em nosso território e um dos mais antigos do Mundo, entre os similares. Conforme consignam os Anais da Biblioteca Nacional (Vol. 85) o “ Reformador” é um dos quatro periódicos surgidos no Rio de Janeiro, de 1808 a 1889, que sobreviveram até os dias atuais. São eles, a saber, pela ordem: “Jornal do Commercio” (1827); “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro” (1839); “Diário Oficial” (1862); “Reformador” (1883). (3) Excetuando-se o “Diário Oficial”,”Reformador” é o único que nunca teve interrompida sua publicação. Conservando as diretrizes que lhe foram assentadas desde sua fundação, jamais divergiu do programa de estudar, difundir e propagar o Espiritismo sob o seu tríplice aspecto (científico-filosófico-religioso), e, se deu maior
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importância à face moral e religiosa da Doutrina, não desconheceu, entretanto, e não desconhece o justo e real valor da experimentação científica e das reflexões. “A trajetória secular do Reformador virtualmente se confunde com a própria história da Casa de Ismael” (4) da qual é o porta-voz e a representação do seu pensamento. Todos os espiritistas conhecem sobejamente a orientação editorial do órgão febiano. Servindo de mensageiro da Federação espírita Brasileira, expressa seu pensamento e suas diretrizes. Está permanentemente a serviço do Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, e isto diz tudo. Sempre esteve na estacada, em defesa do Movimento Espírita, das Instituições Espíritas, dos espíritas, contra os ataques, as perseguições e os preconceitos de qualquer ordem ou procedência. Nessa linha de coerência, tem expressado sempre a coragem serena dos que pugnam pela prevalência da verdade, da justiça e da fraternidade entre os homens. “Como se expressava o Codificador, a unidade da Doutrina é a fortaleza ante a qual as dissidências se fundirão e os sofismas quebrar-se-ão ante princípios sustentados pela razão”. (5) Para a consubstanciação desse projeto, “há mais de um século “Reformador” vem doutrinando e consolando as massas brasileiras, principalmente, na proposta eficaz da transformação dos preconceitos arraigados e de idéias que estorvam a evolução espiritual”. (6) Nesse sentido Emmanuel se expressa “Para que todos sejam um”. (7) A rigor, a Unificação é um processo lento, de amadurecimento, que caminha no sentido de estimular a vivência de participação, de intercâmbio e de respeito entre as instituições espíritas, considerando suas diversidades de condições, respeitando-se a autonomia administrativa que dispõem. (8) Para alguns confrades a FEB difunde demasiadamente (via “Reformador”) o aspecto religioso da doutrina, motivo pelo qual, nutrem certa ojeriza bastante estranha frente a tudo que tenha laços com a religião. Várias instituições laicas vêm tentando ingerir-se no Movimento Espírita brasileiro. Companheiros que afirmam não ser o Espiritismo o Consolador Prometido, pois Espiritismo e Cristianismo seriam duas doutrinas distintas. (sic) Negam a adjetivação cristã ao Espiritismo. Nesse vórtice confuso não admitem submissão a qualquer poder constituído; as regras para o espírito anarquista são atropelos para o livre-pensar, por isso, usando a liberdade como bandeira de suas teses estranhas são convictos de suas “sapiências” e julgam que suas idéias são a expressão da verdade. No que reporta à intransferível tarefa institucional da FEB ressaltamos as instruções de Allan Kardec, quando trata da organização do Movimento Espírita. O mestre lionês demonstra não só a necessidade do órgão diretivo, mas como deveria funcionar. Por forte razão, deixar a Doutrina Espírita solta à volúpia insuperável das interpretações pessoais pode transformar o Movimento Espírita numa confusão sem precedentes. Quem não entende a necessidade de uma instituição unificadora torna-se partidário do que se chama movimento “anárquico-libertário” (?!). E não são poucos os remanescentes de tais arroubos progressistas formando escolas de um “Espiritismo à moda” sob os frágeis pilares das “meias verdades”. Com o objetivo de alcançar harmonioso relacionamento com os centros espíritas adesos, a FEB e o “Reformador” materializam o compromisso junto às federativas estaduais [sintonizadas com a FEB] de evitar a dispersão sistemática e generalizada, em caminho de desintegração, por força de interferências estranhas. Até porque a unidade doutrinária foi a única e derradeira divisa de Allan Kardec, por ser a fortaleza inexpugnável da Doutrina Espírita. Ao lembrar, pois, a importância da revista “Reformador”, dentro da conjuntura atual do Movimento Espírita Mundial, recomendamos a todos sua leitura, como fonte de paz e amor e poderoso antídoto contra os venenos das discórdias e desuniões. FONTES 1- Departamento Editorial e Gráfico funciona em prédio próprio, à Rua Souza Valente nº. 17, no Rio de Janeiro (RJ), e já publicou cerca de 6.000.000 de exemplares das obras de Allan Kardec e mais de 12.600.000 de outras obras espíritas, entre as quais se incluem, com mais de 8.300.000 de exemplares, os livros mediúnicos recebidos por F. C. Xavier. Algumas dezenas de obras didáticas e doutrinárias foram editadas em Esperanto pela Federação Espírita Brasileira, que desde 1909 propaga a Língua Neutra Internacional nos meios espíritas e até mesmo no seio de coletividades leigas. - 2- Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita Baseado em Publicação da FEB. - 3- Juvanir Borges de Souza In Reformador Janeiro de 2003 - 4-“Reformador”: Porta-voz da espiritualidade superior” – artigo de Francisco Thiesen In “Reformador”” de 10/1972. - 5- Juvanir B. de Souza, artigo Allan Kardec e a Unificação, disponível em acessado em 21/11/2005. - 6- Frase extraída do capítulo sobre Augusto Elias da Silva de Grandes Espíritas do Brasil, 2ª. ed., revista e corrigida, Rio, FEB, 1969. - 7- (João, 17: 22). - 8- O Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto. Daí vem que os centros que se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir-se para combater os inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo. (In Obras Póstumas – Constituição do Espiritismo). _______________________________ Jorge Luiz Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. É Servidor Público Federal lotado no INMETRO de Brasília; Formação acadêmica: Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História, Escritor, Jornalista e articulista com vários artigos publicados na Revista O Médium, de Juiz de Fora, Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, Jornal da Federação de Mato Grosso e do Jornal da Federação do Df. Artigo gentilmente oferecido para publicação no site do Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental.
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GALERIA DE CONSAGRADOS MÉDIUNS D O PASSADO
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FAROL DA NOVA ERA “O homem conquistou o poder fora de si, o domínio da terra. Agora tem que conquistar o poder dentro de si, o domínio do espírito.” “A descoberta da realidade do espírito é a maior descoberta científica que vos aguarda e revolucionará o mundo, iniciando uma nova era”. Sua Voz/Jesus – in A Grande Síntese. P. Ubaldi - 1936
MATERIALISMO X ESPIRITUALISMO
O Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Não é, pois, de admirar que tenha por adversários
os materialistas. S. Agostinho. (O Livro dos Espíritos – Conclusão – II). Apresentaremos a seguir, sobre esse importantíssimo tema, vários artigos que primam por sua eloqüência e
objetividade: 1 – Os mortos de que Jesus falava (Mateus, 5, 22) são os que vivem exclusivamente para o corpo e não pelo
Espírito e para o Espírito; são aqueles que para quem o corpo é tudo e o Espírito nada. Aqueles que, tendo ouvidos para ouvir e compreender, não ouvem nem compreendem, que são incapazes de ouvir e compreender, que têm olhos para ver e não vêem, que são incapazes de ver. Abandonai, pois, os mortos. Que os mortos pelo Espírito e para o Espírito, vivos para o corpo, aos quais falecem outras consolações, se agarrem a esses amontoados de podridões. Deixai-lhos. Deixai que enterrem seus mortos. Abandonai-lhes esses mortos e ide vós pregar a vida eterna. Consolai, amparai, exortai os homens e fazei-os entrar nas veredas da vida, onde tudo é perfume e luz. Vol. 2 pág. 101 “Os Quatro Evangelhos” Coordenação: J. B. Roustaing. 3º. Ed. FEB-1942 – A ênfase fundamental, ao explicarem-se os males da sociedade, recai no materialismo, pois esse fundamenta as doutrinas políticas que são assim homogeneizadas pelo caráter perverso do apego material. Nesse caso, os homens, por estarem presos à visão limitada do materialismo, preocupam-se mais com
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“a defesa da ordem material do que moral”: lutam pelos bens materiais e delícias efêmeras e, baseando-se em teorias adotadas pelas velhas doutrinas políticas e religiosas, cada um quer diminuir o outro para salientar-se, e dessa competição nascem o fingimento, o despeito, a inveja, as intrigas, as traições, os ódios, os crimes, uma série de barbarismo que têm sido os fatores que conduzem às guerras. [...] os legisladores e dirigentes dos povos, afastando-se desses dons espirituais e das leis paternas, têm-se limitado a estabelecer regimens que lhes possam proporcionar as grandezas de ordem material!... Por causa desse egoísmo cruel e desumano, vivem inquietos todos os povos, a clamar contra os infortúnios e as misérias, por efeito das injustiças sociais. (Revista Reencarnação, 11-1940, p. 4-6).
* Da Física Quântica à Espiritualidade – A Morte da Matéria e do Materialismo – Gilson Freire
O primeiro grande feito da física quântica, com importante respaldo na moderna visão de mundo, foi a destituição da matéria como substrato último da complexidade universal. As conclusões, evidenciadas nas fórmulas de Erwin Schrödinger, demonstraram que a matéria não pode ser decomposta em partículas fixas e fundamentais. Sua base final é um processo dinâmico, destituído de forma ou qualquer vestidura material. Sua segunda proeza foi concluir que partícula e onda são fenômenos de mesma natureza, distinguindo-se não pela essência, mas por momentânea forma de se manifestarem. Um substrato incompreensível e imponderável revela-se capaz de se apresentar como massa ou energia, em obediência às exigências do meio em que se mostram, ou mesmo, à simples resposta aos nossos instrumentos de aferição. Como conseqüência dessas primeiras evidências, a realidade concreta desvaneceu-se aos olhos da magia quântica. O universo físico não pôde mais ser explicado pela matéria e suas propriedades, pois esta não tem existência real e independente. Tudo que existe tornou-se expressão de eventos imateriais, destituídos de qualquer concretude. A matéria, agora feita de ilusões, desaparece como o último estofo do universo físico. E com a morte desta, sucumbe também o materialismo que conduziu o pensamento humano nos três últimos séculos. Um intrigante campo de eventos, que entretece tanto a energia quanto a matéria, é agora o último sustentáculo da realidade. Um Reino Além da Matéria Além de desfazer-se da matéria como último alicerce da realidade, a ciência quântica deparou-se, nos entremeios do infinitamente pequeno, com uma diferenciada região de eventos, na qual não se delineiam o tempo e o espaço. Chamado de não-localidade, demonstrava-se à inteligência humana a existência de um domínio por onde trafegam informações que não consomem tempo para caminhar e que não percorrem distância alguma entre seus intervalos. São verdadeiros saltos, chamados quânticos, por sobre o espaço e à revelia do tempo. Estava aberto para a inteligência humana o reino do absurdo: processos que ludibriam os parâmetros euclidianos, brincando com as imposições das dimensões macroscópicas. Nesse estranho domínio, realizam-se proezas inimagináveis, como trocas de informações instantâneas, interligações que ignoram as distâncias, partículas que ocupam dois lugares ao mesmo tempo e que podem surgir momentaneamente desse “não-lugar” para nele tornarem a desaparecer misteriosamente. Ou seja, a não-localidade, embora feita do mais absoluto vazio físico, está plena de potencialidades que não se sabe de onde procedem. Exatamente por isso, Niels Bohr, um dos fundadores dessa estranha ciência, afirmou que se ela parecer lógica para alguém, este não a compreendeu de fato. A mesma ciência que tão veementemente negara a existência de qualquer imaterialidade subjacente à realidade visível, agora se via obrigada, através da magia quântica, a readmiti-la como verdade científica. Entreabriam-se para o atônito homem moderno as portas do imponderável. Nos Estados Unidos existem correntes religiosas que ainda defendem a idade de 6.000 anos para a Terra e lutam para que isso seja ensinado nas escolas, juntamente com a TEORIA CRIACIONISTA. (Deus é criador do Homem e do Planeta, como está escrito na Bíblia) em detrimento à teoria da evolução de Darwin, que com o método absoluto de datação e uma Terra com bilhões de anos, se torna incontestável.
* ROTEIRO ESPÍRITA MAIO – JUNHO 89 PÁGINA 8
4 – ÉTICA OPERACIONAL – AURELIANO ALVES NETO-ABRAJEE 1044 – Caruaru-PE A moral é a higiene da alma. Lingirée
Através das narrativas dos fenômenos de transporte, temos provas reiteradas de que há, entre os Espíritos uma
norma de procedimentos a que poderíamos chamar com muita propriedade de “ética operacional”. Citemos alguns exemplos expressivos: 1- Conta Charles Richet que, certa vez, em Buenos Aires, numa sessão de efeitos físicos a entidade manifestante trouxe uma cédula de nova de cinco centavos, a menor divisão monetária da época. Como lhe houvessem pedido, depois, que trouxessem uma nota de cem piastras, o Espírito respondeu:”Não posso trazê-lo pois seria um furto. Trouxe-lhes uma nota de cinco centavos do cofre forte de um Banco, porque considero insignificante o prejuízo causado, mas para uma soma importante não posso operar.” 2- Em seu livro “No Pais das Sombras” Madame D’Esperance refere-se a uma planta (lírio dourado) que transportada pelo Espírito Iolanda, se conservou viva, perfeita, durante uma semana. Alguém indagou de Walter, Espírito orientador dos trabalhos:
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–E não poderíamos pagá-lo (o lírio) a fim de o conservarmos? – Poderíeis, se soubéssemos donde ele veio, mas a própria Iolanda não vo-lo pode dizer. Disseram-lhe que não ficasse com aquilo que não lhe pertence. Ela quer levar o lírio, e creio que isso conseguirá. Levou-o, com efeito, naquela mesma noite.1
3- Graças à mediunidade de Mr. Bayley, de Melbourne, um guia hindu operou um admirável fenômeno de transporte: trouxe da Índia um ninho de pássaro, lindamente construído de fibras muito finas de musgo. Dentro do ninho estava um ovo branco com pintas castanhas. Influenciado pelo guia hindu, o médium colocou o ovo na palma da mão e o quebrou, verificando que havia apenas clara; nem o menor sinal de gema. Não nos é permitido interferir com a vida – declarou o guia – Se o ovo tivesse sido fertilizado, não o poderíamos ter trazido. Estas palavras foram ditas antes de o quebrar, de modo que ele sabia em que condições estava o ovo, o que certamente é notável. (História do Espiritismo – Conan Doyle p 426)
Relatando suas experiências com Eusápia Paladino, afirma Ernesto Bozzano que o guia do médium, depois de haver trazido um enorme pão, apressou-se em trazê-lo de volta, esclarecendo: – Pertence ao padeiro ali vizinho. Se te empenhas em reavê-lo dá-me dois soldos. Escreve o autor de Fenômenos de Transporte, comentando o ocorrido: –A tal propósito convém antes de tudo recordar que as personalidades mediúnicas explicam o fato da escassez do valor comercial dos objetos transportados, observando concordemente, porque não lhes é licito furtar, e algumas vezes, acrescentam poderiam procurar objetos de valor não pertencentes a ninguém, mas que lhes é inibido fazê-lo porque não se devem prestar a satisfazer a baixa avidez do lucro. (...)... Se um experimentador desejasse o “transporte de uma moeda de cobre, de um cartão de visita especial, de uma pérola falsa, ele muito frequentemente veria o seu desejo, mas quando, ao contrário quisesse, intensamente, o “transporte” de ouro que não fosse seu ou de uma nota de Banco pertencente a outrem ou de uma pérola genuína a ser subtraída de uma Casa de Negócios, ele não poderia nunca esperar que fosse satisfeita a sua cobiça. Por quê? Que relações existem entre um fenômeno de ordem física e os ditames da ética”? Parece não ser difícil a elucidação: – É que o fenômeno físico é simplesmente o fato objetivo. As objeções de ordem moral só podem ser provenientes de uma causa inteligente – o Espírito, cuja “ética operacional” não poderia deixar de ajustar-se aos altos desígnios da sabedoria divina. Extraído do Boletim – Roteiro Espírita maio-junho/89 – p. 8. Belo Horizonte –Mg – HEAL Ante o exposto acima é de se perguntar: – PÔDE MARIA GERAR E DAR À LUZ UM FILHO PRODUZIDO POR UM ÓVULO NÃO FECUNDADO E CONSERVAR SUA VIRGINDADE? AS LEIS DA NATUREZA E A ÉTICA OPERACIONAL SUPRACITADA DEIXARAM ENTÃO, DE FUNCIONAR? (*1) Lírio dourado produzido durante a sessão de 28-06-1890. Fotografada ao lado da médium, pode-se apreciar as suas reais dimensões. Ereta, a planta alcançava 2,27 m. de altura. Curvada, tal como se acha na foto, media 1,95 m. Permaneceu perfeita durante uma semana, período no qual se lhe tomaram 6 fotografias. Depois se desmaterializou e desapareceu. Ver a foto do lírio na Pág. 182 do livro País das Sombras de Mme d’Esperance. Disponível no Bvespírita.
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J. Herculano Pires – Autor de dezenas de obras primorosas e do texto abaixo sobre a evolução do movimento espírita no Brasil e no mundo.
Para termos clara idéia sobre a evolução do movimento espírita no mundo atual, vejamos um trecho do livro “Curso Dinâmico de Espiritismo,” no qual José Herculano Pires nos dedica um capítulo intitulado “O Grande Desconhecido” onde assevera: “Todos falam de Espiritismo, bem ou mal.”. Mas poucos o conhecem. Geralmente o
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consideram como uma seita religiosa comum, carregada de superstições. “Muitos o vêem como uma tentativa de sistematização de crendices populares, onde todos os absurdos podem ser encontrados”.
Há os que o aceitam como nova Goécia, magia negra da Antigüidade disfarçada de Cristianismo milagreiro. Grandes cientistas se deixaram envolver nos seus problemas e se desmoralizaram. Outros entendem que podem encontrar nele a solução para todos os seus problemas, conseguir filtros de amor e os 13 pontos da Loteria Esportiva. E na verdade os seus próprios adeptos não o conhecem. Quem se diz espírita arrisca-se a ser procurado para fazer macumba. O Espiritismo, nascido ontem, nos meados do século passado, é hoje o Grande Desconhecido dos que o aprovam e o louvam e dos que o atacam e criticam.
Durante muito tempo ele foi encarado com pavor pelos religiosos, que viam nele uma criação diabólica para perdição das almas. Falar em fenômenos espíritas era provocar votos de esconjuro. Ler um livro espírita era pecado mortal, comprar passagem direta para o Caldeirão de Belzebu. Médicos ilustres chegaram a classificar o Espiritismo como fábrica de loucos. Grandes instituições espíritas, geralmente fundadas por pessoas sérias, tornam-se às vezes verdadeiras fontes de confusão a respeito do que é realmente o Espiritismo.
Quando começaram a surgir os hospitais espíritas para doenças mentais, alegaram que os espíritas procuravam curar loucos que eles mesmos faziam para aliviar suas consciências pesadas. E quando viram que o Espiritismo realmente curava loucos incuráveis, diziam que os demônios se entendiam entre si para lograr o povo. Hoje a situação mudou. Existem sociedades de médicos espíritas e a pesquisa de fenômenos mediúnicos invadiu as maiores Universidades do Mundo. Não se pode negar que a coisa é séria, mas definir o Espiritismo não é fácil.
Porque ninguém o conhece, ninguém acredita que se precisa estudá-lo, pensam quase todos que se aprende a doutrina ouvindo espíritos. Os intelectuais espíritas são confundidos com médiuns. Quem escreve sobre Espiritismo não escreve, faz psicografia. Acham que para estudar a doutrina é preciso desenvolver a mediunidade e receber maravilhosas lições de Espíritos Superiores. Não obstante, o Espiritismo é uma doutrina moderna, perfeitamente estruturada por um grande pensador, escritor e pedagogo francês, homem de letras e ciências, famoso por sua cultura e seus trabalhos científicos e que assinou suas obras espíritas com o pseudônimo de Allan Kardec. Saber isso já é saber alguma coisa a respeito, mas está muito longe de ser tudo. Doutrina complexa, que abrange todo o campo do Conhecimento, apresenta-se enquadrada na seqüência epistemológica de: a) Ciência – como pesquisa dos chamados fenômenos paranormais, dotada de métodos próprios, específicos e ad