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    CONDIÇÃO DE TRABALHO PARASAÚDE DOS TRABALHADORES DE

    CÂMARAS FRIGORÍFICASAndre Roberto Schiehl (UTFPR)

    [email protected]

    Luiz Alberto Pilatti (UTFPR)[email protected]

    Maria Helene Giovanetti Canteri (UTFPR)[email protected]

    Guatacara dos Santos Junior (UTFPR)[email protected]

    Leticia Lorena Vasconcelos (UTFPR)[email protected]

    O presente estudo refere-se a um estudo de caso que tem como objetivoanalisar o sofrimento dos trabalhadores, com relação ao fatorcondições de trabalho em atividades frigorificas em setores comtemperaturas entre 10oC e -35ºC em um frigorrífico de grande porte deum município do interior do Paraná. Os resultados quantitativos foramobtidos por meio da participação de 178 funcionários, através daaplicação dos questionários do instrumento ITRA - Inventário sobreTrabalho e Riscos de Adoecimento, contemplando analise do fatorcondições de trabalho. Para cálculo da média e desvio-padrão dosresultados foi utilizado o programa Excel, bem como para comparaçãoentre diferentes classes, por meio da análise de variância (ANOVA).

     Foi aplicado o Teste HSD (Honest Signifficant Difference) de Tukey,do programa Statistica versão 5.0 (Statsoft). Os principais resultadosdemonstram que para o fator condição de trabalho, todos os itensanalisados foram classificados no nível crítico. Os resultadosrevelaram que os colaboradores avaliam de forma mais negativa oitem relacionado ao ruído excessivo no ambiente de trabalho e

     positivo, o material de consumo é insuficiente e o posto de trabalho éinadequado para realizar as tarefas.

     Palavras-chaves: Saúde no Trabalho, Baixa Temperatura, Condiçãode Trabalho, Frigorifico, Câmaras Frigorífica

    XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO  Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

    Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.  

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    Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.  

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    1. Introdução

    A produção avícola industrial brasileira, antes da década de 70, era incipiente. A

    criação, o abate e o processamento dos frangos eram realizados de forma doméstica em

     propriedades rurais, para abastecer o comércio local. Uma década depois, tanto a carne de

    frango quanto a utilização de câmaras frias e refrigeradores ganham popularidade

    (TOMBOLDO, 2007).

    Atualmente, o Brasil é responsável por aproximadamente 6% do abate de frangos que

    ocorrem em todo mundo (FAO, 2011). Esse número praticamente duplicou nos últimos dez

    anos, passando de 692 milhões de carcaças no primeiro trimestre de 2010 para 1 bilhão e 300

    milhões no mesmo período em 2011 (IBGE, 2011). O aumento da produção de frangos decorte no Brasil não se repete em escala global, na qual houve aproximadamente 20% de

    acréscimo no período compreendido entre 2001 e 2009 (FAO, 2011).

     No Brasil, a região Sul lidera a produção entre as regiões, com 60% do total produzido

    no país (IBGE, 2011). Pode ser observada a liderança do Paraná, com 27%, seguido de SantaCatarina, com 18% e Rio Grande do Sul com 15% do total produzido, de acordo com o

    gráfico 1.

    Gráfico 1- Volume de frangos abatidos no Brasil mensalmente em ordem decrescente (da esquerda para a

    direita) e cumulativa, no ano de 2010

    Fonte: IBGE (2011)

     No Paraná, a avicultura é dominada por líderes de mercado, como a Sadia e a

    Perdigão, que hoje formam uma das maiores empresas de alimentos do mundo, a Brasil

    Foods. Apesar da crise aparente nesse setor no primeiro semestre de 2009 com relação ao

    segundo semestre de 2008, a média foi praticamente a mesma nesses 2 anos, considerando a

     produção anual (AviSite, 2010). A produção do ano de 2008 foi apenas 1,3% mais elevada

    que 2009 (IBGE, 2011), sendo que a tendência geral é a manutenção desse crescimento,

    observada a partir do segundo trimestre de 2010, de acordo com o Gráfico 2.

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     pouco abrangentes, comparadas às normas internacionais. Em função desta limitação, cabe a

    cada indústria desenvolver sua própria normatização, adequada às atividades executadas,

    sendo que essas peculiaridades podem influenciar a forma como os trabalhadores percebemseu ambiente de trabalho, quanto ao prazer e sofrimento.

    A saúde está relacionada tanto ao bem estar físico do ser humano, quanto ao mental,

    sendo que os problemas a ela associados diminuem a produtividade e o desempenho do

    trabalho, aumentando a ocorrência de acidentes e lesões (OLIVEIRA, 2009). No trabalho, os

    danos à saúde podem ser resultado de três fatores principais: agentes físic os e químicos por

    ação direta; uso impróprio ou excessivo da força de trabalho humana e infração à auto-estima

    dos trabalhadores com condições não dignas de trabalho (DAVEZIES, 1999).

    Para qualidade de vida é importante considerar ambas as variáveis, trabalho e saúde,

     bem como a interrelação entre as mesmas. Nos primórdios, o conceito de qualidade de vida

    era voltado para questões materiais (BORATO; FRANCISCO; TIMOSSI, 2008), estando

    atualmente relacionado ao grau de satisfação e realização do ser humano. A qualidade de vidarelacionada ao trabalho preconiza a realização de atividades em ambientes com o mínimo de

    insalubridade.

    Uma das contribuições desse estudo é informar de forma quantitativa sobre o processo

    de trabalho e riscos de adoecimento dos funcionários, no sentido de fornecer subsídios para

    análises do sistema de gestão, visando a identificação de melhorias para redução do número

    de afastamentos, remanejamentos e absenteísmo. Esse estudo de caso possibilita analisar em

     profundidade os principais itens de sofrimento e danos nos colaboradores dessa empresa,

    elucidando as causas e direcionando para soluções, em relação aos fatores condições de

    trabalho em áreas com temperaturas abaixo de 10 oC em um frigorífico de grande porte de um

    município do interior do Paraná.

    2. Metodologia

    Esse trabalho foi realizado em uma unidade frigorífica, na qual trabalham 4.700

     pessoas, localizada no interior do Paraná, pertencente a uma grande empresa do ramo

    alimentício do Brasil. A aplicação do instrumento de coleta de dados foi realizada nos setores

    de paletização e carregamento, nos quais trabalham 234 pessoas, em temperatura abaixo de

    10oC. Desses colaboradores arrolados, 56 foram classificados como perdas, por estarem em

     período de férias, faltantes ou afastados. A coleta de dados ocorreu com a aplicação do

    questionário ITRA nos 178 funcionários restantes dos 2 setores finais da cadeia produtiva do

    abate de frango, expostos a temperaturas entre -35

    o

    C e 10

    o

    C, ou seja, efetivamente presentesna empresa.

    Quanto ao perfil dos colaboradores, apenas 2 colaboradores eram do sexo feminino.

    Em função desse pequeno número, não foram consideradas as diferenças entre os gêneros

    neste trabalho. Quanto à escolaridade 162 entrevistados (91%) tinham nível médio de

    escolaridade, sendo que 12 (6,7%) tinham apenas ensino fundamental e 4 apresentavam

    superior incompleto (2,2%). Dentre esses, 112 eram casados ou viviam com companheira

    (62,9%), sendo o restante solteiro ou separado. Com relação ao tempo de serviço na empresa,

    47 colaboradores (26,4%) tinham abaixo de 2 anos; 52 (29,2%), entre 2 a 5 anos; 52 (29,2%),

    entre 6 a 10 anos e 27 (15,2%) acima de 10 anos de empresa. Em referência ao turno de

    trabalho, 67 colaboradores trabalhavam no período noturno (21h às 5h20min), 59 no turno

    matutino (5h às 13h20min) e 52 colaboradores no período da tarde (13h às 21h20min). Essacarga horária é cumprida de segunda à sábado. Com relação a idade, 90 colaboradores que

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    refere-se a 50,6% da população tem entre 18 a 27 anos, 70 colaboradores, sendo 39,3% tem

    sua faixa de idade entre 28 a 37 anos, e 10,1% no total de 18 colaboradores tem acima de 38

    anos.A aplicação dos questionários ITRA  –   Inventário sobre Trabalho e Riscos de

    Adoecimento, criado e desenvolvido e validado por Ferreira e Mendes (2003) e Mendes e

    Ferreira (2007). O instrumento é composto por 4 escalas de avaliação, dividido em 13 fatores,

    no total geral em 124 itens. Nesse trabalho optou-se trabalhar com apenas ao fator pertencente

    a Escala de Avaliação de Contexto de Trabalho. Verifica-se a crescente utilização do

    instrumento ITRA em pesquisas recentemente publicadas em outros campos de atuação

     policiais por Anchieta (2011), atendentes de telemarketing por Mendes, Vieria, Morrone

    (2009), indústria automobilística por Brüning (2011) e hospitais por Shimizu, Couto, Hamann

    (2011).

    A pesquisa foi quantitativa. O formulário de instrumento de coleta foi aplicado em salaespecífica para treinamento, durante a jornada de trabalho, sendo liberados grupos de

    trabalhadores para participação. O trabalho foi desenvolvido no mês de maio de 2010.

    As condições de trabalho foram avaliadas por meio das respostas às questões 22 a 31

    da primeira escala do ITRA (EACT), composta por 31 itens no total, que representa a

     percepção dos trabalhadores sobre as dimensões do contexto de produção de bens e serviços:

    organização do trabalho, condições de trabalho e relações socioprofissionais.

    As escalas EACT utilizam mensuração do tipo likert de 5 pontos, nas quais, o

    colaborador devia assinalar num formulário o número correspondente à sua avaliação, sendo o

    resultado expresso por meio da média de todas as respostas registradas. Considera-se a média

    obtida entre 1 até 2,29 como avaliação mais positiva - condição de trabalho satisfatório; entre2,3 até 3,69, avaliação moderada - crítico e entre 3,7 até 5, mais negativa- grave, conforme

    tabela 1. 

    NUNCA RARAMENTE ÀS VEZES FREQUENTE-MENTE

    SEMPRE

    1 2 3 4 5

    Tabela 1: Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) e parâmetros quantitativos das médias obtidas

    Fonte: Mendes e Ferreira, 2007

     Nota:

    (1)Legenda:faixa verde- de 1 a 2,29= satisfatório; faixa amarela- de 2,3 a 3,69= crítico; acima de 3,7= grave

    Os colaboradores foram divididos em diversas classes para permitir uma análise

    direcionada, exceto para o sexo dos colaboradores, visto que apenas duas pessoas eram do

    sexo feminino.

    Com referência à escolaridade (ES), os colaboradores foram segregados em 3 grupos:

    Grupo 1ES, com Ensino Fundamental Completo ou Incompleto; Grupo 2ES, com Ensino

    Médio Completo ou Incompleto e Grupo 3ES com Ensino Superior Completo ou Incompleto.

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    Três grupos foram considerados para a variável estado civil (EC): Grupo 1EC= com

    companheiro(a) declarado(a), Grupo 2EC= sem companheiro(a) declarado(a) e Grupo 3EC

    que não definiram seu estado civil.Quanto ao tempo de serviço (TS), a divisão foi realizada em 4 grupos: Grupo 1TS, até

    2 anos, Grupo 2TS, entre 2 a 5 anos; Grupo 3 TS, entre 5 a 10 anos e Grupo 4TS, acima de 10

    anos.

    Para a variável turno (TN), os colaboradores foram classificados em 3 grupos: Grupo

    1TN matutino; Grupo 2TN- tarde e Grupo 3TN- noturno.

    Quanto à idade, os colaboradores foram segregados em 3 grupos (ID): Grupo 1ID=

    entre 18 a 27 anos; Grupo 2 ID= 28 a 37 anos e Grupo 3 ID= acima de 38 anos

    Adicionalmente, foi considerada a variável temperatura (T), com divisão em 3 grupos,

    segundo a predominância do tempo no ambiente: Grupo 1T, que desenvolvem suas atividadesa -18 oC, Grupo 2T (ajudante de produção e prático de produção) a -5oC e Grupo 3T a 10 oC.

    Para cálculo da média e desvio-padrão dos resultados foi utilizado o programa Excel,

     bem como para comparação entre diferentes classes, por meio da análise de variância

    (ANOVA). Foi aplicado o Teste HSD (Honest Signifficant Difference) de Tukey, do

     programa Statistica versão 5.0 (Statsoft), entre as médias com diferença estatística

    significativa (5% de significância) para identificar com letras as diferentes classes na Tabela,

    quando necessário.

    3. Resultados e discussão

    3.1. Processo de trabalho

    Para se aproximar desse ambiente de baixa temperatura, sendo setores de

    congelamento de produtos, paletização, estocagem e carregamento, conforme norma da

    empresa, primeiramente se faz necessário equipar com todos os equipamentos de proteção

    individuais (EPIS) exigidos no setor de trabalho, de acordo com cada faixa temperatura, por

    necessidade do processo e por normalização da legislação específica. Dentre os EPIs

    utilizados nos ambientes frios destacam-se a bota térmica, as meias térmicas, a calça semi-

    térmica, a calça térmica, a bata semi térmica, a jaqueta térmica, a touca carrasco e o capacete.

    Algumas atividades em temperaturas mais baixas necessitam do uso de uma calça semi-térmica e outra térmica adicional, bata térmica e duas jaquetas. Os trabalhadores devem ter

    todo o corpo coberto pelas roupas térmicas, mantendo apenas o rosto visível.

    Os trabalhadores realizam rodízio térmico, conforme legislação estabelecida na

     NR15(Referência), sendo 20 minutos de “repouso” térmico em ambiente com temperatura

    mais alta (acima de 10ºC) a cada 100 minutos de trabalho na área de temperatura fria (abaixo

    de 10ºC). O repouso não caracteriza exatamente um momento sem atividade física, mas se

    refere ao estar afastado do ambiente de temperatura mais baixa. Em algumas tarefas, aplica-se

    o rodízio com tempos diferenciados, ainda de acordo com a Legislação, mas sempre evitando

    a exposição superior a 100 minutos em áreas abaixo de 10oC (Ex: 60 min. versus 60 min.).

    Há uma grande diversidade de atividades realizadas nessas áreas, desde individuais atégrandes equipes, com hierarquia de gestores para comando dessas atividades, é norma o

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    treinamento dos funcionários antes de realizar uma nova atividade e reciclagem nas atividades

    conforme necessidade, tudo registrado eletronicamente.

    3.2. Condições de trabalho

    A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos com a totalidade dos colaboradores, sem

    divisão em classes, referente aos itens da Escala de Avaliação do Contexto do Trabalho

    (EACT) para o fator Condições de Trabalho.

    Nº Itens dos fatoresMédia ±

    Desvio-padrãoClassificação

    ¹

    22 As condições de trabalho são precárias 2,49 ± 1,31 Crítico

    23 O ambiente físico é desconfortável 2,81 ± 1,31 Crítico

    24 Existe muito barulho no ambiente de trabalho 3,57 ± 1,39 Crítico

    25 O mobiliário existente no local de trabalho é inadequado 2,56 ± 1,38 Crítico

    26 Os instrumentos de trabalho são insuficientes para realizar as tarefas 2,77 ± 1,45 Crítico

    27 O posto/estação de trabalho é inadequado para realizar as tarefas 2,40 ± 1,23 Crítico

    28 Os equipamentos necessários para realização das tarefas são precários 2,79 ± 1,45 Crítico

    29 O espaço físico para realizar o trabalho é inadequado 2,64 ± 1,36 Crítico

    30 As condições de trabalho oferecem risco à segurança das pessoas 3,19 ± 1,38 Crítico

    31 O material de consumo é insuficiente 2,39 ± 1,18 CríticoResultado Geral 2,76 ± 1,34  Crítico 

    Tabela 2 - Média, Desvio Padrão do fator Condições de Trabalho

     Nota:(1) Segundo Tabela 1

    Todos os 10 itens dos fatores pesquisados estão no parâmetro crítico no fator

    organização do trabalho da Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT). As

    variáveis mais positivas do fator condição do trabalho foram os itens: [#27] o posto/estação de

    trabalho é inadequado para realizar as tarefas e [#31] o material de consumo é insuficiente.

    Esses dados apresentaram médias menores com relação aos outros e mais similares entre si(Tabela 1).

    Por outro lado, os resultados revelaram que os colaboradores avaliam de forma mais

    negativa o item relacionado ao ruído excessivo no ambiente de trabalho (3,57). Entretanto,

    deve-se ressaltar que os colaboradores fazem uso obrigatório do protetor auricular do tipo

    concha, que diminui o ruído, mas não elimina completamente o barulho.

    O fator condição de trabalho foi também analisado estatisticamente de acordo com as

    diferentes classes, discriminadas no item metodologia.

    De acordo com a temperatura de trabalho, tempo de serviço e estado civil, não houve

    diferença estatisticamente significativa com relação às condições de trabalho entre as

    diferentes classes, quando se aplicou a análise de variância para cada um dos itens desse fator,

    sendo o F calculado menor que o F tabelado.

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    Variável Item 1 2 3

    Turno

    22. As condições de trabalho são precárias 2,25 b  2,21

     b  2,86

    23. O ambiente físico é desconfortável 2,54 b  2,65

    ab  3,12

    27. O posto/estação de trabalho é inadequado para realizar as

    tarefas2,15

     b  2,17

     b  2,78

    Idade27. O posto/estação de trabalho é inadequado para realizar as

    tarefas2,42

     b  2,56

    ab  1,72

     bc 

    Tabela 3 –  Médias obtidas para classes discriminadas pela análise de variância para Fator Condições de Trabalho

    Considerando as condições de trabalho, para o turno, houve diferença estatisticamente

    significativa nos itens: [#22] as condições de trabalho são precárias; [#23] o ambiente físico é

    desconfortável e [#27] os postos de trabalho são inadequados para a realização das tarefas.

    Com a aplicação do Teste de Tukey, observa-se que a percepção desses itens para os

    colaboradores do turno noturno foi mais negativa, embora as médias estejam todas no nível

    crítico para os 3 turnos avaliados. Esse resultado pode refletir indiretamente o desgaste

    emocional, mental e familiar por trabalhar num período diferenciado, visto que tanto o

    ambiente de trabalho, quanto as atividades desenvolvidas são similares nos 3 turnos. O

    incentivo à permanência nesse horário de trabalho parece ser principalmente salarial, em

    função do recebimento do adicional noturno. Estudo realizado por Tepas (2004) em que

    analisou os aspectos do bem-estar entre os turnos de trabalho em 4 países sendo Croácia,

    Polônia, Ucrânia e Estados Unidos concluiu que a percepção de cansaço físico e cansaço

    mental ao final da jornada de trabalho é maior entre os profissionais do período noturno.

    Com relação à idade dos trabalhadores, houve diferença estatística também no item

    [#27] posto/estação de trabalho é inadequado para realizar as tarefas. O grupo com idade entre

    28 e 37 anos, classificou a situação de maneira mais negativa, entretanto ainda não grave. Os

    mais velhos avaliaram o posto de trabalho como satisfatório, se considerada a classificação daTabela 2.

    4. Conclusão

     Nesse estudo de caso de acordo com os resultados obtidos por meio da aplicação e

    interpretação dos dados do ITRA, com relação ao fator condições de trabalho conclui-se que

    todos os itens analisados foram classificados no nível crítico, ou seja, intermediário entre

    satisfatório e grave. A variável temperatura não influenciou estatisticamente o fator

    “condições de trabalho”, sendo o turno de trabalho a variável com maior influência Os

    resultados revelaram que os colaboradores avaliam de forma mais negativa o item relacionadoao ruído excessivo no ambiente de trabalho e positivo, o material de consumo é insuficiente e

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    o posto de trabalho é inadequado para realizar as tarefas. Sendo necessária a revisão das

    condições de trabalho a fim de proporcionar maior satisfação dos funcionários.

    Embora o instrumento de avaliação tenha sido aplicado para avaliar os danos do

    trabalho em baixas temperaturas, conclui-se que a temperatura nem sempre é a variável que

    contribui para o sofrimento dos trabalhadores.

    A realização desse estudo permitiu investigar as condições de trabalho presentes nocontexto dos trabalhadores em atividades frigorificas em setores com temperaturas entre 10 oC

    e -35ºC em um frigorífico de grande porte de um município do interior do Paraná. O estudo,

    ao aliar análise quantitativa, permitiu maior compreensão dos resultados para evidenciar as

    oportunidades de melhoria que a empresa do ramo de frigorífico pode oferecer e auxiliar no

    suporte organizacional e políticas de melhorias de condição de trabalho melhorando assim a

    saúde dos trabalhadores envolvidos.

    Referências

    ANCHIETA, V. C. C; et al. Trabalho e riscos de adoecimento: um estudo entre policiaiscivis. Psic. Teor. e Pesq., Brasília, v. 27, n. 2, jun. 2011 .

    ANTTONEN, H; PEKKARINEN, A; NISKANEN, J.  Safety at Work in Cold Environments and Prevention of Cold Stress. Industrial Health. n. 47, pg. 254 – 261, 2009.

    AVISITE.  Produção e mercado em resumo. Artigo da Revista do AviSite, Produção Animal- Avicultura - Edição 36, abril de 2010. Disponível em: http://www.avisite.com.br/economia.

    Acessado em 20/05/2010. 

    BORATO, A.F. FRANSCISCO, A.C. TIMOSSI, L.S.  Análise da Qualidade de Vida de professores e técnicos administrativos da UTFPR  –  Campus Ponta Grossa. 2008. Disponívelem: http://www.pg.cefetpr.br/incubadora/wp-content/themes/utfpr-gerec/artigos/19.pdf.

    Acesso em: 10 abr 2010.

    BRÜNING, C. Prazer, sofrimento e riscos de adoecimento na linha de produção: um estudode caso em uma empresa do setor automotivo da região metropolitana de Curitiba.  2010.172p. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná.

    DAVEZIES P.  Évolution des organisations du travail et atteintes à la santé. Travailler. v. 3, p. 87-114, 1999.

    ELIAS, M.A. & NAVARRO, V.L.  A relação entre o trabalho, a saúde e as condições devida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de umhospital escola. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Vol.14 N.4. Ribeirão Preto July/Aug. 2006.

    FAO.   Food and Agriculture Organization of the United.  Disponível em:http://faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault.aspx?PageID=573#ancor. Acessos 14 jul. 2011.

    FERREIRA, M. C; MENDES, A. M.  Trabalho e riscos de adoecimento: o caso dosauditores fiscais da previdência social brasileira. Brasília: Ler, Pensar, Agir (LPA), 2003.

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    XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO  Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

    Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.  

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