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A AVALIAÇÃO DOS RISCOS DA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL DE 2014: UMA FERRAMENTA USANDO ANÁLISE DE MULTICRITÉRIO Rodrigo de Moares Gaudard (UnB) [email protected] Ana Luisa Dias Ribeiro (UnB) [email protected] Edgard Costa Oliveira (UnB) [email protected] Joao Carlos Felix Souza (UnB) [email protected] Simone Borges Simao Monteiro (UnB) [email protected] O artigo apresenta uma proposta de ferramenta de identificação, análise e avaliação de riscos de alto nível para gestores de áreas responsáveis pela viabilização da infraestrura dos jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2014 na cidade de Braasília-DF. O trabalho partiu de um mapeamento de riscos prévio feito pelo governo do Estado de Minas Gerais, em que os riscos foram divididos em 9 áreas: transporte arterial, infraestrutura de eventos, serviços auxiliares e planejamento urbano, com seus respectivos sub-níveis de informação. A avaliação dos riscos teve como base a elaboração da ferramenta criada a partir da aplicação da metodologia de Análise de Multi- Critérios (AMC). Para a definição dos subcritérios em termos da percepção de risco, foi utilizado o método de Análise Hierárquica de Processos (AHP), na qual foi adaptada a escala de Saaty para a elaboração dos questionários. A análise e avaliação dos riscos das 9 áreas foi realizado por meio da análise de probabilidade e impacto, cujos nos critérios foram definidos em termos semi-quantitativos, seguindo uma escala que varia de 1 a 5, de baixo a alto. A ferramenta foi testada junto a um grupo de especialistas, por meio de análise de percepção de risco, com preenchimento das tabelas. O resultado do trabalho permitiu validar a ferramenta, o método utilizado, assim como identificar a gravidade do risco por áreas, cujo tratamento deve ser priorizado. Demonstrou que a AMC e AHP são muito úteis para a ponderação de riscos e sua automatização, por meio de tabelas, facilitando a identificação, análise e avaliação dos riscos que precisam ser gerenciados para que consequentemente sejam atingidos os objetivos de se realizar um grande evento como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil. XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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A AVALIAO DOS RISCOS DA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL DE 2014: UMA FERRAMENTA USANDO ANLISE DE MULTICRITRIO Rodrigo de Moares Gaudard (UnB) [email protected] Ana Luisa Dias Ribeiro (UnB) [email protected] Edgard Costa Oliveira (UnB) [email protected] Joao Carlos Felix Souza (UnB) [email protected] Simone Borges Simao Monteiro (UnB) [email protected] Oartigoapresentaumapropostadeferramentadeidentificao, anliseeavaliaoderiscosdealtonvelparagestoresdereas responsveispelaviabilizaodainfraestruradosjogosdaCopado MundodeFutebolde2014nacidadedeBraaslia-DF.Otrabalho partiudeummapeamentoderiscosprviofeitopelogovernodo Estado de Minas Gerais, em que os riscos foram divididos em 9 reas: transportearterial,infraestruturadeeventos,serviosauxiliarese planejamentourbano,comseusrespectivossub-nveisdeinformao. Aavaliaodosriscostevecomobaseaelaboraodaferramenta criadaapartirdaaplicaodametodologiadeAnlisedeMulti-Critrios(AMC).Paraadefiniodossubcritriosemtermosda percepoderisco,foiutilizadoomtododeAnliseHierrquicade Processos(AHP),naqualfoiadaptadaaescaladeSaatyparaa elaboraodosquestionrios.Aanliseeavaliaodosriscosdas9 reasfoirealizadopormeiodaanlisedeprobabilidadeeimpacto, cujosnoscritriosforamdefinidosemtermossemi-quantitativos, seguindo uma escala que varia de 1 a 5, de baixo a alto. A ferramenta foitestadajuntoaumgrupodeespecialistas,pormeiodeanlisede percepoderisco,compreenchimentodastabelas.Oresultadodo trabalhopermitiuvalidaraferramenta,omtodoutilizado,assim como identificar a gravidade do risco por reas, cujo tratamento deve ser priorizado. Demonstrou que a AMC e AHP so muito teis para a ponderaoderiscosesuaautomatizao,pormeiodetabelas, facilitando a identificao, anlise e avaliao dos riscos que precisam sergerenciadosparaqueconsequentementesejamatingidosos objetivosdeserealizarumgrandeeventocomoaCopadoMundode Futebol de 2014 no Brasil. XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 2 Palavras-chaves: Gesto de Riscos, Copa do Mundo, Anlise Hierrquica de Processo, Anlise Multicritrio, AHP, AMC, Riscos, Copa, Braslia, DF, Gesto XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 3 1. Introduo A realizao de megaeventos esportivos como a Copa do Mundo, gera aos pases em que so sediados,oportunidadesdeinvestimentosedeobtenoderesultadosobjetivos,almde relevantesimpactossociais,econmicosepolticosamdioelongoprazo.Pode-secitaro caso da Alemanha, que teve um lucro operacional de 30% sobre o valor investido na Copa do Mundo de 2006. O pas investiu cerca de 1,5 bilhes na construo e reforma de estdios, e injetou quase 3 bilhes na economia local. Foram 64 partidas de futebol realizadas e mais de 3,2milhesdeingressosvendidos.Paraatransmissodoeventoa213pases,cercade300 emissoras de televiso cobriram o evento e mais de 4,2 bilhes de pessoas acompanharam as transmisses,umamdiade500milhesdeespectadoresporjogo,totalizando33bilhes durantes todos os 64 jogos. Alm disso, foram publicados na mdia 22.822 artigos escritos em alemo e 3.500 artigos em lngua estrangeira. Segundo dados oficiais, em 2005, ano anterior realizao da Copa, o turista que visitava o pas gastava em mdia 174,10 por dia, enquanto que, no perodo do evento, os gastos subiram para uma mdia de 400 por dia, resultando em umfaturamentonosetorhoteleirode300milhesqueathojerecebeosefeitospositivos doevento.Onmerodehspedesestrangeirossubiu2%,foramgerados25milempregos duradourosnareadeTurismoe,duranteotorneio,maisde50milempregostemporrios (Ministrio do Turismo, 2012). Ospasesquesediamummegaevento,aexemplodaAlemanha,temaoportunidadede exposio proporcionada pela maior vinculao da mdia mundial, o que resulta em atrao de pblicoturstico,almdeinvestimentosfinanceiroseprincipalmente,nocasodoBrasil,o reforo e consolidao da sua posio econmica e poltica hegemnica na Amrica do Sul.SegundodadosdoestudoBrasilSustentvelImpactossocioeconmicosdaCopado Mundo2014,realizadopelaconsultoriaErnest&Young(2010)emparceriacoma Fundao Getlio Vargas - FGV, sero injetados um total de R$ 142,39 bilhes na economia brasileiraat2014paraviabilizararealizaodaCopadoMundonopas,gerando3,63 milhesdeempregos/ano,R$63,48bilhesderendaparaapopulao,almdeuma arrecadaotributriaadicionaldeR$18,13bilhes.ACopadoMundoimpactar diretamente o Produto Interno Bruto (PIB) que est sendo estimado em R$ 64,5 bilhes para o perodo 2010-2014. Esse valor corresponde a 2,17% do valor estimado do PIB para 2010, de R$ 2,9 trilhes. Os setores como construocivil,alimentos e bebidas, servios prestados s empresas,serviosdeutilidadepblica(eletricidade,gs,gua,esgotoelimpezaurbana)e serviosdeinformaoseroosmaisbeneficiadoscomarealizaodoeventonopas.A expectativadeque,ataCopa,hajaumaumentode79%donmerodeturistas internacionais no Brasil, representando um aumento de 2,98 milhes de pessoas. Como se pode inferir dos dados apresentados, muitos investimentos esto sendo feitos, muitas promessaseexpectativasestosendocriadas.Restasaberoquopreparadoestopaspara sediarumeventodetograndeporte,mesmocomtantasdificuldadesedesafiosinternose estruturais. UmfracassoemumeventointernacionalmentevisadocomoaCopadoMundotrazaopas sedemuitomaisdoqueprejuzosfinanceiros.Aqui,faz-seimportantemenoaocasoda CopadoMundode1986,naqualodesignadopasparasede,aColmbia,noatendeus XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 4 exigncias feitas pela Federao Internacional de Futebol (FIFA) e teve que cancelar o evento nopas,gerandoumgrandedesgastedeimagemealocaoderecursosdopas.Surgeaa necessidade e a importncia de se gerenciar os riscos existentes nos processos de preparao para realizao de uma Copa do Mundo em territrio no Brasil.Oobjetivodestetrabalhoconstruirumaferramentaqueserutilizadanoprocessode avaliaoderiscosparaseraplicadoaosgestoresenvolvidosnoplanejamentodoeventona cidade sede Braslia Distrito Federal. O resultado do processo de avaliao a identificao dosprincipaisriscosnasreasdeenergia,transporte,segurana,infraestrutura,sistema hoteleiro,serviosauxiliareseplanejamentourbano.Nesteartigoapresentamosatcnica desenvolvida,apoiadapelomtodoMCDA(MultipleCriteriaDecisionAnalysis),quetem como objetivo prover um padro para a anlise e avaliao de riscos da realizao de jogos da CopadoMundodeFutebolem2014emBraslia.Aferramentapodeseraplicadatendo-se comobaseapercepogeraldosriscosreferenteaostrabalhosdepreparodainfraestrutura urbana em Braslia, j mapeada e necessria para a plena realizao dos jogos da copa. 2. Reviso da literatura 2.1. Gesto de riscos Agestoderiscosumconjuntodeatividadescoordenadasvoltadasparaoalcancedos objetivosdeumgruposocial,umaorganizao,umpas.Orisco,paraanorma31000 (ABNT, 2009), o efeito da incerteza nos objetivos. As atividades do processo de gesto de riscos so gerenciadas para se ter controle sobre os riscos, com o intuito de tratar e reduzir os riscosindesejados,assimcomocriaroportunidadesdeseguranaesucessoparaalcancedos objetivos. Deacordocomafigura1,dentreasatividadesdoprocessodegestoderiscos,segundoa normaISO31000,temosacomunicaoeconsulta,monitoramentoeanlisecritica,o estabelecimentodecontexto,oprocessodeavaliaoderiscoseotratamentoderiscos.O processo de avaliao de riscos contm as atividades de identificao, anlise e avaliao de riscos. Figura 1: Processo de gesto de riscos (ABNT, 2009) Ao se estabelecer o contexto da gesto de riscos, define-se tanto os objetivos que se pretende alcanarquantoquaisseroosobjetosalvodasanlisesderiscos,ouativos,assimcomoos XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 5 critriosdeavaliaodosriscos,queserousadosnasanlises.Aidentificaodosriscos partedadefiniodequaisameaasevulnerabilidadesexistemnocontextoemanlise, respectivamentenosalvos,sejameleslocais,pessoas,tecnologias,processos,paraque possam ter o risco analisado. Aanlisederiscosvisaacompreensodanaturezadoriscoparasedeterminaronvelde riscoexistente.Elapermiteentoqueasameaasevulnerabilidadessejambuscadasese encontradas,tenhamentoaprobabilidadeeoimpactoidentificadospormeiodaspartes interessadas(ABNT,2009).Oresultadodaanlisederiscosavaliarasvulnerabilidades mediante o critrio deriscos definido anteriormente. A anlise, para serefetiva, necessita de uma sistematizao quanto ao processo de percepo dos riscos. A literatura internacional da gesto de riscos, consolidada recentemente em normas da famlia 31000,versasobretcnicasparaoprocessodeavaliaoderiscos,queforameditadasna recm-lanadanormaISO31010(ISO,2009).Aavaliaopermitecontrastaroresultadoda anlise de riscos com os critrios de riscos estabelecidos, para determinar o grau de tolerncia ou aceitabilidade do risco. A percepo do risco se d por intermdio da avaliao e a anlise de riscos, as quais podem serfeitasapartirdediversastcnicasexistentes,sendodeescolhadogestorderiscosaque melhorseadequaraocontextoecomplexidadedasituao.Tantopodemserescolhidas tcnicas formais como Delphi, HAZOP, AHP,MonteCarlo, dentre outras, como tambm ser por meio de coleta de evidncias, fotografias, descrio de cenrios, entrevistas, dentre outros (ISO, 2009). No caso de entrevistas, busca-se a percepo dos riscos por parte das pessoas ou organizaesenvolvidas,aspartesinteressadas,edevetercomobaseoenvolvimentoda pessoa entrevistada com o assunto em questo. Aspesquisasdeopinio,porexemplo,baseiam-seempercepesindividuaissobre determinadosassuntos.Nagestoderiscos,importantequeasanlisestenhamcomobase testemunhos de pessoas tecnicamente envolvidas com o risco, seja sob o enfoque do problema que gera o risco, seja sob o enfoque do controle que trata o risco para que ele seja gerenciado, reduzido e/ou eliminado. 2.1. Anlise Multicritrio (MCDA) Segundo Kou et al (2010), a metodologia MCDA (Multiple Criteria Decision Analysis) utiliza mtodosqueauxiliamnatomadadamelhordecisodiantedemltiploscritriosque envolvemumdeterminadoproblema.Elaconsistenaestruturaoeponderaodecritrios que podem ser utilizados como uma ferramenta de suporte aos tomadores de decises. Dentre os diversos mtodos utilizados pela MCDA, destaca-se o AHP (Analytic Hierarchy Process), ouprocessoanalticohierrquico,quefoiescolhidocomoomtodoutilizadonapriorizao dosriscosdessetrabalho.Vargas(1989)defineoAHPcomoumatcnicaestruturadapara analisareapoiartomadasdedecisescomplexas.OmtodoAHPconsisteemtrsetapas: decomposiodoscritriosemumaestruturahierrquica;comparaoentreoscritriosde mesmo nvel; e converso dos valores comparativos em valores numricos normalizados. Construiu-se uma Estrutura Analtica de Riscos com o intuito de representar os contextos de gestoderiscosqueenvolvemarealizaodaCopadoMundoemBraslia.Essaestrutura apresentaosobjetivosaseremalcanadosparaaseguranadoevento,osquaisforam XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 6 utilizados para definir os critrios necessrios, no, a princpio, para solucionar um problema outomarumadeciso,masparaavaliarapercepoderiscodeumapossvelsituao indesejada.Dessemodo,opresentetrabalhoutilizaastcnicasdedecisomulticritriopara suaresoluo.Ametodologiadeanlisemulticritriopodeserutilizadaemdiversasrease pretende-seestend-laparaousodeanlisedecritriosdepriorizaoderiscos, especificamentenocasodessetrabalho,parapriorizareavaliarosriscosnapreparaoda cidadedeBrasliaparaaCopade2014.Ospassosadotadospodemserresumidosem:a) definio de pesos para os critrios; b) normalizao (Ramos, 2000). 2.1.1. Definio de pesos para os critriosRamos (2000) coloca que no h um mtodo consensual para a definio de pesos, mas vrias propostasdeprocedimentosparaesteefeitopodemserencontradasnaliteratura(Von Winterfeltdt & Edwards, 1986; Malczewski, 1999). possvel agrupar os mtodos de definio de pesos em quatro categorias: mtodos baseados em ordenao de critrios (Stillwell et al., 1981), em escalas de pontos (Osgood et al., 1957), em distribuio de pontos (Easton, 1973) e comparao de critrios par a par (Saaty, 1977).Omtodoaplicadonestetrabalhoodecomparaoparaparnocontextodoprocessode tomadadedecisodenominadoAHP.Estatcnicabaseia-senumamatrizquadradanxn, onde as linhas e colunas correspondem aos n critrios analisados para o problema em questo. Assim,ovaloraijrepresentaaimportnciarelativadocritriodalinhaifaceaocritrioda colunaj.Comoestamatrizrecproca,apenasametadetriangularinferiornecessitaser avaliada, j que a outra metade deriva desta e a diagonal principal assume valores iguais a 1. Tabela 1 Escala para avaliao de riscos (adaptada da escala de Saaty) O estabelecimento de comparaes par a par para todos os critrios necessita da definio de uma escala, destinada normalizao, no caso a escala adaptada de Saaty (1980). Os valores 2, 4, 6 e 8 representam opines intermedirias s da tabela 1. 2.1.2. Normalizao de critriosEsteprocessopermitequevaloresdecritriosnocomparveisentresisejamnormalizados para uma mesma escala, viabilizando a agregao entre eles. A maior parte dos processos de normalizao utiliza o valor mximo e mnimo para a definio de uma escala. A forma mais simples uma variao linear definida pela Equao (1) (Eastman, 1997), onde Ri o valor a ser normalizado; Rmin o valor mnimo para o critrio; e Rmax o valor mximo para o critrio. Xi = (Ri Rmin) / (Rmax Rmin) (1) XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 7 Oprocessodenormalizaonasuaessnciaidnticoaoprocessodefuzzification introduzidopelalgicafuzzy,segundooqualumconjuntodevalorespodeserexpresso (convertido)numaescalanormalizada(porexemplo,entrezeroeum),tornando-os comparveis. Para este processo existem vrias funes fuzzy que podem ser utilizadas, sendo as mais conhecidas: sigmoidal, j-shaped, linear e complexa (Zadeh, 1965). 3. MetodologiaUmpr-testedaferramentafoirealizadocomprofessoresespecialistasdaUniversidadede Braslia UnB por meio deuma pesquisa de percepo de riscos. Afim de contextualizar o problema,realizou-seumlevantamentobibliogrficosobreaCopadoMundonoBrasilem 2014, alm de documentos e comparaes comgrandes eventos realizados em outros pases. Asprincipaisbibliografiasqueembasaramadefiniodoscritriosparaaavaliaoda percepodosriscosforamoestudoBrasilSustentvelImpactossocioeconmicosda CopadoMundo2014(Ernest&Young,2010)eoescopodoProgramaCopa2014em Minas definido pelo governo de Minas Gerais (Governo de Minas Gerais, 2012). A figura 2 ilustra a Estrutura Analtica de Riscos (nvel 1) que foi construda com o objetivo de organizar ocontexto e/ou reas potenciais para agesto deriscos daCopa do Mundo em Braslia. O objetivo desse trabalho identificar as reas com maior risco para a realizao da Copa do Mundo em 2014 no Distrito Federal. O nvel 2 (critrio de deciso) abrange as reas energia,transportearterial,infraestruturadeeventos,sistemahoteleiro,segurana, planejamentourbano,serviosauxiliares.Decompondoessescritrios,obtm-sesubcritrios ou chamados critrios de deciso nvel 3 e alguns de nvel 4. EAR - Estrutura Analtica de Riscos: Copa do Mundo 2014EnergiaSistema hoteleiroInfraestrutura de eventosTransporte arterialPlanejamento urbano Servios auxiliares RodoviasAeroportos IBC/IMCEstdiosServios de utilidade pblicaQualidade das vias urbanasOperaes em condies adversasOperaes urbanasTransporte pblicoTxiComrcioAlimentaoSade ComunicaesTelefoniaLimpeza urbanaguaLuzFan ParksSegurana Figura 2 - EAR - Estrutura Analtica de Riscos: Copa do Mundo 2014 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 8 Cada um dos critrios de deciso do nvel 2 pode ser compreendido pela respectiva definio: -Energia:correspondeseguranaenergticadascidades-sede.Oriscoestassociado possibilidade do no fornecimento (total ou parcial) de energia pelo sistema eltrico da cidade sede; -Transportearterial:oriscoestassociadoaosproblemasdetrfegonasrodoviasem relao ao fluxo de veculos, qualidade das vias, aos problemas de infraestrutura e capacidade limitada dos aeroportos. Os subcritrios (nvel 3) desta rea so as rodovias e os aeroportos; -Infraestruturadeeventos(estdios,IBC/IMCs,FanParks):oriscoestassociadoauma sriedefatores,taiscomoapossibilidadedonoatendimentoaosprazosdasobras, padronizaoeconformidadesexignciasdaFIFAparaosestdios,IBC/IMC(Centros Internacionais de Transmisso e de Mdias) e Fan Parks (pontos de encontro para torcedores assistiremaosjogos,obrigatriosparatodasascidades-sede).Ossubcritriosdestareaso os estdios, IBC/IMCs e Fan Parks; -Sistemahoteleiro:oriscoestassociadoprobabilidadedaredehoteleiranosuportara demanda; - Segurana: o risco est definido para a segurana pblica e privada da populao em geral, com a probabilidade de violncia nos estdios; -ServiosAuxiliares:riscoprobabilidadedeproblemasdaordemdedimensionamento, preo e demanda com a oferta de servios de atendimento ao pblico, tais como alimentao, taxi, comunicaes, sade e comrcio. Os subcritrios (nvel3) desta rea so os servios de alimentao, taxi, comunicaes, sade e comrcio; -Planejamentourbano:correspondeaoriscoemumasriedesubcritrios,taiscomo operaesurbanas,qualidadedasviasurbanas,operaesemcondiesadversas,transporte pblico e servios de utilidade pblica em geral (gua, luz, telefonia, limpeza urbana).A avaliao dos riscos foi dividida em duas partes. A primeira consistiu na realizao de uma pesquisacomosespecialistasdecadaumdoscritriosdefinidosquepossuamsubcritrios associados(transportearterial,Infraestruturadeeventos,serviosauxiliareseplanejamento urbano) para a identificao da percepo dos maiores riscos por parte dos mesmos, ou seja, cada especialista ponderou em sua rea de conhecimento os subcritrios que, em sua opinio, possuamosmaioresriscos.Paraadefiniodossubcritriosemtermosdapercepode risco,foiutilizadoomtodoAHP,naqualfoiadaptadaaescaladeSaatyparaaelaborao dosquestionrios.Asegundaparteparaavaliaodosriscosconsistiunaanlisede probabilidade de ocorrncia dos riscos x impacto que estes poderiam causar na realizao da CopadoMundode2014noDistritoFederal.Aanlisedeprobabilidadeximpactonos critriosdenvel2foidefinidaemtermossemi-quantitativos,seguindoumaescalade1a5 para cada um dos riscos relacionados conforme as tabelas 2 e 3. A definio dos riscos (tabela 2) foi feita por meio de reunies com professores especialistas em gesto de risco. XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 9 Tabela 2 Riscos por critrio Tabela 3 Escala de probabilidade e impacto Apsaaplicaodaferramentaparaaavaliaodosriscos,obtiveram-seosmaioresriscos para cada critrio, em termos de percepo, por parte dos especialistas. 4. Resultados Noprimeiromomentodaaplicaodomtodoforamanalisadososriscosemcadaumdos critriosquepossuamsubcritriosassociados(transportearterial,Infraestruturadeeventos, serviosauxiliareseplanejamentourbano).Astabelas4,5,6,7e8mostramoresultadoda pesquisa aplicados combase no mtodo AHP para a identificao da percepo dos maiores riscos, neste caso os maiores vetores prioridade encontrados.As matrizes de comparao do modelo AHP utilizado apresentam em suas linhas e colunas os subcritriosqueforamcomparados,seguindoalgicadecomparaodoelementodalinha para com o elemento da coluna, conforme a escala de Saaty adaptada apresentada na tabela 1. Na ltima coluna da tabela, temos o Vetor Prioridade (w) que indica o peso do subcritrio em XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 10 relao aos demais comparados, neste caso o valor percentual dos maiores riscos encontrados paracadarea.Ressalta-sequetodasasmatrizesapresentadastiveramasuaconsistncia devidamente verificada, o que garante a qualidade dos resultados apresentados.A primeira matriz apresentada referente ao critrio de Transporte Arterial: Tabela 4 Matriz de comparao dos subcritrios de Transporte Arterial Atabela4mostraqueapercepodosespecialistassobremaioresriscosparaocritrio Transporte Arterial est em grande parte associada ao subcritrio Aeroporto, ou seja, 67% dosmaioresriscosemrelaoaotransportearterialnoDFestonosaeroportos,segundoos especialistas da rea.A tabela 5 apresenta a matriz de comparao dos subcritrios de Servios Auxiliares. Tabela 5 Matriz de comparao dos subcritrios de Servios Auxiliares Segundoatabela5,osmaioresriscosparaosserviosauxiliaresnoDFencontram-sena alimentao e na sade, ambos com 35% dos maiores riscos.Astabelas6,7e8apresentamasdemaismatrizesdecomparaoparaoscritriosde Planejamento Urbano, Infraestrutura de Eventos e Servios de Utilidade Pblica: XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 11 Tabela 6 Matriz de comparao dos subcritrios de Planejamento Urbano Tabela 7 Matriz de comparao dos subcritrios de Infraestrutura de Eventos Tabela 8 Matriz de comparao dos subcritrios de Servios de Utilidade Pblica Deacordocomastabelas6,7e8,ainfernciadequenainfraestruturadoseventoseno planejamento urbano do DF, os maiores riscos esto respectivamente nos estdios (75%), nas operaes urbanas (20%) e nos servios de utilidade pblica (20%), sendo que neste ltimo os maiores riscos esto associados luz, gua e limpeza urbana (29% cada). No segundo momento da aplicao do mtodo, os resultados obtidos em relao anlise de probabilidade de ocorrncia dos riscos x impacto para cada um dos critrios foram: XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 12 Tabela 9 Tabela de Probabilidade e Impacto dos Riscos Natabela9encontra-seoIndicadordeRiscoparacadacritrio,quefoiobtido,conformea prpriadefiniodanormaABNTISOGuia73,peloprodutoentreaprobabilidadeeo impactodecadaumdosriscosanalisados.Comoconsequnciadoindicadorproposto,foi elaborada uma matriz de probabilidade x impacto dos riscos para os critrios analisados (veja figura 3). Figura 3 Matriz de Probabilidade x Impacto dos Riscos Os critrios extrema direita na figura 3 indicam os de maior risco para a realizao da Copa doMundode2014noDF,segundoacombinaodeprobabilidadex impacto(Indicadorde Risco).Ouseja,asreasdemaiorpreocupaoporpartedasentidadesresponsveispela realizaodoeventodeveriamsertransportearterial,planejamentourbanoesegurana, segundo a opinio dos especialistas. Em seguida, as reas relacionadas aos servios auxiliares eaosistemahoteleiro,eporfim,teramososcritriosdemenorrisco,infraestruturade eventos e energia. Apsaobtenodosresultados,aEstruturaAnalticadeRiscos(EAR)inicialmente apresentadafoiatualizada(figura4),obtendo-seumavisoholsticadetodaaanlise XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 13 realizada com base percepo dos riscos segundo o modelo AHP adaptado, em conjunto com aanliserealizadapelamensuraodosriscosporescalasdeprobabilidadeximpactopara cada critrio. Figura 4 EAR atualizada 5. Concluses e sugestes para trabalhos futuros Areadegestoderiscosestemplenodesenvolvimentocomcincia.Aindacarecede abordagenstericasemetodolgicas,principalmentenoqueserefereaoprocessode avaliao de riscos. O trabalho apresentadoneste artigo permitiu validar umaferramenta que pode ser muito til para a avaliao dos riscos no contexto dos jogos da Copa do Mundo. Aprovadeconceitofoiutilizadacomoobjetivodevalidaraferramentadeidentificao, anliseeavaliaoderiscos.Combasenosresultadosapresentados,conclui-sequea ferramentaobtevesucessonaidentificaodapercepoderiscos.Aferramentatambm possibilita que especialistas de vrias reas contribuam com a viso do risco de uma maneira ampla. Oresultadodotrabalhofoiaidentificaoeagravidadedoriscoporreas,cujotratamento deve ser priorizado. Demonstrou que a MCDA e o AHP so muito teis para a ponderao de riscosesuaautomatizao.Pormeiodetabelaspodefacilitaraidentificao,anlisee avaliao dos riscos que precisam ser gerenciados para que consequentemente sejam atingidos XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentvel e Responsabilidade Social: As Contribuies da Engenharia de Produo Bento Gonalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 14 os objetivos de se realizar um grande evento como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil. Comosugestesparatrabalhosfuturos,prope-seumaaplicaodaferramentaparaoutros gruposdegestoreseprofissionaisenvolvidosdiretaouindiretamentenasdemaisreas analisadas e no planejamento da Copa do Mundo de 2014 no Distrito Federal, buscando uma maioravaliaoderiscosbaseadanapercepoderiscosdosprofissionais.Ademais,a ferramenta deve permitir, em sua evoluo, a incluso de dados factuais sobre o andamento da realizao do preparo da infraestrutura para os jogos. Referncias ASSOCIAOBRASILEIRADENORMASTCNICAS. NBRISO/IEC31000:Gesto de Riscos Princpios e Diretrizes, 2009. EASTMAN,J.R.IDRISIforWindows:UsersGuide.Version2.0.ClarkUniversity Graduate School of Geography, Worcester, MA, USA, 1997. EASTON,A.ComplexManagerialDecisionInvolvingMultipleObjectives.JohnWiley& Sons, New York, NY, USA, 1973. ERNEST&YOUNG.BrasilSustentvelImpactossocioeconmicosdaCopadoMundo 2014, 2010. GOVERNODEMINASGERAIS.GerenciamentodoProgramaCopa2014emMinas Gerais, 2011. ISO/IEC 31010. 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