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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
“ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA”
Projeto FEUP 2013/2014
1 º Semestre
Supervisora: Ana Rosanete Lourenço Reis
Monitora: Catarina Spratley Vieira Mendes
Turma: 1M7
Equipa: 1M7_04
João Filipe Seabra da Costa – 201304647
Patrick James Welsh Talas – 201304261
Rosa Margarida de Miranda Moreira – 201308185
Tiago Alexandre Teixeira Neves Fonseca – 201308038
Data de entrega: 4 de Novembro 2013
Projeto FEUP MIEM
1 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04
Resumo
Neste trabalho apresenta-se um breve resumo da história do surf, desde a sua
utilização no trabalho dos pescadores, até ao seu reconhecimento como desporto/atividade,
com uma cultura e um modo de vida associados.
De seguida, são tratados alguns dos aspetos físicos que estão na base do surf,
nomeadamente a flutuação e a posição do centro de massa do sistema, que influencia a
direção que a prancha toma.
É também apresentado o processo de fabrico das pranchas, abordando, portanto, os
materiais utilizados e as várias etapas que levam à “transformação” de um bloco de
poliuretano numa prancha de surf resistente. Em paralelo com o fabrico, estudam-se os
formatos mais vulgares das pranchas e a sua influência na sua performance.
Por fim, apresentam-se vários acessórios utilizados na prática de surf, bem como
quatro passos fundamentais para se iniciar nesta atividade/desporto.
Projeto FEUP MIEM
2 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04
Resumo .......................................................................................................................................... 1
1. Introdução ................................................................................................................................. 3
2. Breve História do Surf ............................................................................................................... 4
3. Física e o Surf ............................................................................................................................. 5
4. Fabrico de Pranchas .................................................................................................................. 7
4.1 Materiais Utilizados ............................................................................................................. 7
4.2 Processo de fabrico ............................................................................................................. 8
4.3 Partes Constituintes da Prancha ....................................................................................... 10
5. Tipos de Pranchas .................................................................................................................... 11
6. Acessórios para o Surf ............................................................................................................. 13
7. Aprender a Surfar .................................................................................................................... 14
8. Conclusões ............................................................................................................................... 15
9. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 16
Índice
Projeto FEUP MIEM
3 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04
1. Introdução
O presente relatório, realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP,
pretende abordar e aprofundar os conhecimentos no âmbito do surf e em tudo o que este
envolve.
Quem nunca desejou conseguir fazer o que os surfistas experientes fazem? Manter-se
em pé sobre o mar, efetuar manobras radicais vistosas, percorrer um “tubo”.
Na verdade, o surf, para além de um desporto, representa um estilo de vida, um modo
de estar para com as coisas, que dificilmente encontramos associado a outra atividade deste
tipo. No entanto, devido aos avanços tecnológicos e à descoberta de novos materiais, o surf
tem vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos, nomeadamente no que toca aos materiais
empregues no seu fabrico e à sua geometria. Por outro lado, foram sendo introduzidos novos
elementos nas pranchas, como as quilhas.
Apesar de todas as mudanças, a sua prática continua a basear-se em princípios muito
simples, como a flutuação, que é caracterizada pelo equilíbrio entre o peso do sistema
surfista+prancha e a impulsão que este sofre por estar imerso num fluido, e o posicionamento
do seu centro de massa, que dita o equilíbrio do surfista e a alteração do sentido do
movimento.
Com este trabalho pretendemos aprofundar os nossos conhecimentos,
principalmente, no que toca aos materiais empregues e às várias etapas da construção das
pranchas de surf, bem como aos princípios físicos mais básicos que estão na base do surf.
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Figura 1- Uma das primeiras fotografias de um surfista
2. Breve História do Surf
O surf, enquanto atividade, existe há milhares de anos. Segundo o que se sabe, o surf
começou na Polinésia, sendo então utilizado pelos pescadores quando estes descobriram que
podiam aproveitar o movimento das ondas para chegar mais rapidamente à costa.
Posteriormente, no Havai, o surf foi ganhando fama
como desporto e, mais ainda, como uma expressão do
estatuto social, sendo que quanto maior fosse a prancha,
mais importante era o papel que essa pessoa
desempenhava na comunidade (fig.1).
Quando os europeus chegaram ao Havai, em 1778,
a reputação do surf degradou-se, uma vez que a ideia de
homens e mulheres, em trajes muito reduzidos, surfarem
juntos os escandalizava e ofendia. Desta feita, os
missionários tentaram banir o surf, pelo que a sua prática
foi diminuindo até meados de 1900, quando surfistas como
Goerge Freeth e Duke Kahanamoku despertaram a atenção
do público e da média. Isto levou ao renascimento do surf
como uma atividade recreativa e lúdica.
À medida que a popularidade do surf cresceu,
sofreu grandes alterações. As pranchas Havaianas originais
tinham entre 3 e 5 metros de comprimento e eram feitas de madeira maciça, o que as tornava
muito pesadas e difíceis de virar, pelo que os surfistas sentiram necessidade de as modificar,
de modo a serem fáceis de movimentar pela onda. A aplicação de novos materiais e as novas
formas aplicadas nas pranchas permitiu torná-las mais leves, fáceis de manobrar e mais
estáveis.
Há alguns requisitos base para que o mar esteja com as condições propícias à
realização de surf, que só existem em certos sítios no Mundo. Apesar destas limitações, o surf
expandiu-se para além do desporto ou da atividade lúdica para um género musical, para o
cinema, para a linguagem, etc. Ou seja, cresceu toda uma cultura inteira em volta do surf.
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3. Física e o Surf
Todos os movimentos no surf, desde os mais básicos aos mais complexos e vistosos,
podem ser explicados recorrendo a princípios físicos muito simples.
A flutuação provem da densidade do material em que a prancha é construída, que tem
de ser menor que a densidade da água do mar. Segundo a Lei de Arquimedes, que afirma que
todos os corpos imersos num fluido estão sujeitos a uma força de impulsão de valor igual ao
peso exercido pelo volume do líquido deslocado:
𝑰 = 𝝆𝑽𝒈 , onde 𝝆 é a densidade do fluído, 𝑽 o volume de fluído deslocado e 𝒈 a
aceleração gravítica.
Enquanto o surfista se encontra na água, o sistema surfista+pracha de surf está sujeito,
principalmente, à ação de duas forças: o seu peso “total” (𝑷) e a força de impulsão (𝑰) (fig.2).
Como a prancha é muito menos densa que a água, para que o peso da prancha iguale o
peso volume de água do mar deslocado, isto é, para que se atinja uma situação de equilíbrio
(para que a prancha boie), é necessário que se encontre um volume muito pequeno de
prancha submerso.
Acrescentando o surfista ao sistema, tem de se adicionar o seu peso às forças
aplicadas. Isto leva a que a escolha do tamanho da prancha seja um momento fundamental
para todos os que querem praticar surf, uma vez que é necessário que se continue a verificar
uma impulsão igual ao peso “total”. Isto só se consegue com um aumento proporcional do
tamanho da prancha com o aumento do peso do surfista. Desta forma, um surfista mais
pesado terá de usar uma prancha maior, que levará a que um maior volume de prancha esteja
submerso e, desta feita, a uma maior impulsão, comparando com as necessidades de um
surfista mais leve.
A localização do centro de massa do centro de massa do sistema surfista+prancha de
surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como da forma e massa da prancha.
A posição do centro de massa deste sistema é deveras importante, uma vez que dita o seu
equilíbrio. Ao posicionar-se mais sobre um dos lados da prancha, o surfista vai mudar a posição
do centro de massa do sistema, efetuando, desta forma, uma mudança de direção.
Figura 2-Diagrama de forças do sistema surfista+prancha simplificado
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As mudanças de direção podem ser explicadas segundo a Terceira Lei de Newton, que
afirmam que a aplicação de uma força resultará na ocorrência de uma força de igual valor, mas
sentido oposto, aplicada no produtor da “força original”. Ao posicionar-se mais sobre um dos
lados da prancha, esta inclinar-se-á devido à não distribuição equalitária do peso. Desta forma,
a força realizada pelo sistema sobre a água terá o seu “par ação-reação” (𝑭) a ser aplicado
sobre a prancha, que já não terá direcção apenas vertical, mas sim oblíqua, com uma
componente radial (𝑭𝒓), que levará à mudança de direcção pretendida (fig.3).
(Nota: O desenho está propositadamente exagerado, para que a ideia que queremos transmitir
seja clara e evidente)
Prancha
Figura 3- Força aplicada pela água sobre a prancha, e respetivas componentes, aquando da mudança de direcção
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4. Fabrico de Pranchas
O surf tem evoluído muito ao longo dos tempos, e isso revela-se principalmente nos
processos e nos materiais usados para o fabrico das pranchas. Para iniciar um processo de
fabrico de uma prancha, é necessário que se tenha a matéria-prima utilizada na produção.
Como referido anteriormente, as primeiras pranchas eram fabricadas à mão e utilizando
madeiras locais, mas com os avanço da ciência e a descoberta de novos materiais, que
permitem um melhor aproveitamento da onda por parte dos surfistas, as pranchas começaram
a ser feitas a partir de materiais mais leves e resistentes.
Hoje em dia, as pranchas podem ser fabricadas á medida de cada surfista ou então em
“massa”, sendo as últimas conhecidas com “pop-outs”, uma vez que são feitas em fábricas a
partir de moldes. Contudo, em ambos os processos os materiais utilizados são muito
parecidos.
4.1 Materiais Utilizados
Para a realização das pranchas podem ser usados muitos
materiais, porem, hoje em dia, o mais usual e fundamental é o
poliuretano (fig.4), um polímero formado por cadeias de
unidades orgânicas ligadas por meio de ligações uretânicas. Para
a sua obtenção é necessário a reação entre o di-isocianeto um
diol, ajudada por um catalisador.
No entanto este não é o único material:
Tinta vinílica: é uma tinta de fácil aplicação, é a mais utilizada devido ao seu elevado
rendimento e excelente aderência nos materiais. Contudo, a aplicação desta tinta deve
ser feita com muito cuidado uma vez que só pode ser aplicada em superfícies
devidamente limpas.
Tecido de fibra de vidro: tem como função impermeabilizar e dar resistência à
prancha, uma vez que aguenta bem o impacto e a flexão. Necessita de uma resina para
a sua correta aplicação.
Resina de poliéster insaturada: formada por uma cadeia de poliésteres, é obtida
através da condensação de diácidos ou anídricos e glicóis. Para ser bem aplicada na
prancha, deve ser diluída recorrendo a um monómero de estireno e a um catalisador.
Os monómeros de estireno são pequenas moléculas de hidrocarbonetos que
se podem ligar formando polímeros de plásticos;
Os catalisadores são substâncias que aceleram uma reação química e
diminuem a quantidade de energia de ativação. Na fabricação das pranchas de
surf, estes são utilizados juntamente com a resina de poliéster e com o
monómero de estireno para formar a mistura que será aplicada na fibra de
vidro;
Parafinado: o parafinado é uma solução de parafina que é aplicada para dar um
acabamento final na prancha. É aplicado após a laminação a sua preparação é
semelhante à da resina que é aplicada na fibra de vidro.
Figura 4- Blocos de poliuretano
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4.2 Processo de fabrico
O processo de fabrico das pranchas de surf pode ser dividido em 3 etapas principais: a
modelagem, que fica ao encargo dos shapers, a pintura, cujo responsável é o airbrusher, e a
laminação, efetuada pelo laminador.
1º Fase - Modelagem
Como já foi referido anteriormente, o poliuretano é o material que serve como base
para as pranchas, e é a partir de um bloco bruto deste material, vindo das indústrias, que os
shapers (responsáveis por modelar, lixar e dar o
devido acabamento à prancha) iniciam o processo.
Inicialmente, desenham-se as curvas da prancha
sobre o bloco de poliuretano, utilizando material de
medição, com base nas informações cedidas pelo
cliente sobre as dimensões e o formato (fig.5).
Seguidamente, com utensílios específicos,
nomeadamente lixas, começa-se a desgastar o bloco
até este ficar com o formato desejado. Este processo
deve ser efetuado com grande precisão, uma vez que dele resulta o bom desempenho da
prancha, sendo necessário que o shaper utilize uma sala com luzes específicas para assim
observar todos os defeitos e os corrigir.
Os blocos de poliuretano utilizados já têm presente, no seu interior, uma estrutura em
madeira conhecida como longarina, que se apresenta no meio da prancha, atribuindo-lhe
maior resistência longitudinal.
Depois de retirados todas as imperfeições, parte-se para a modelagem do fundo da
prancha, com a ajuda e uma plaina e de um surform. O shaper deve desgastar esta parte de
baixo da prancha de modo a fornecer uma maior envergadura, essencial para que o fluxo de
água seja o correto e, consequentemente, o
desempenho seja bom.
Terminada essa etapa, a peça é virada e
dá-se a modelação da parte superior da
prancha, sendo o desgaste sofrido será menor e
mais uniforme que o do fundo (fig.6).
Acabada a modelagem das partes
superior e inferior, parte-se para o shape da
borda, que consiste na formação de várias
linhas desde o bico (parte da frente) até à
rabeta (parte de trás), obtidas através do uso de um surform. Posteriormente, utilizando uma
lixa de ferro, a borda deverá ser arredondada até ficar uniforme, para assim possuir uma
flutuação adequada. Por fim, marcam-se os locais das quilhas, e removem-se quaisquer as
ondulações observadas.
Figura 5 – Processo de medições
Figura 6 - Modelagem da parte superior da prancha
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Figura 8 - Aplicação de resina
Deve-se salientar que esta maneira manual de fabricar pranchas tem vindo a ser
substituída por métodos automáticos robotizados, baseados em desenhos sob a forma de
software CAD. Desta forma, as máquinas são programadas de modo a realizar pranchas em
“massa”. Contudo este processo não é totalmente automatizado, sendo necessário que, numa
fase final, um profissional retire algumas imperfeições manualmente para assim conferir uma
maior qualidade ao produto.
2º Fase – Pintura
Esta fase do processo de fabrico consiste na pintura da prancha, ficando assim mais
vistosa e apelativa. Os desenhos efetuados podem ser definidos pelo cliente, quando
requerido, ou provenientes da imaginação do airbrusher, sendo que a criatividade e a inovação
sãos duas características fundamentais desta fase.
Usualmente, o método de pintura mais
utilizado é a de utilização de um molde do desenho
que é posteriormente completo com as várias cores
pretendidas, deixando-se no fim a secar.
O tipo de tinta mais utilizado na pintura é a
tinta vinílica, aplicada utilizando uma pistola de
tinta conectada a um compressor de ar, um
aerógrafo (fig.7).
Esta etapa do processo de fabrico, vai encarecer o produto final, pelo que muitos
surfistas, nomeadamente iniciantes nesta atividade, optam por escolher uma prancha sem
pintura.
3º Fase – Laminação
É nesta fase do processo que entra o terceiro profissional, responsável por aplicar a fibra de
vidro sobre o bloco de poliuretano e realizar a colocação das quilhas. Esta etapa é, à
semelhança da modelação, muito importante pois dela depende o bom desempenho e a
rigidez da prancha
Inicia-se pela laminação do fundo, aplicando-
se um pedaço de tecido de fibra de vidro de
dimensões um pouco superiores às da prancha, sobre
a superfície. O monómero de estireno e o catalisador
são então adicionados à resina, para a diluir. De
seguida, concluída a diluição, a mistura é aplicada
sobre o fundo da prancha de modo a preencher toda a
sua área, sendo o excedente removido com a ajuda de
uma espátula (fig.8).
Depois de seca a resina, está terminada a laminação
do fundo da prancha, repetindo-se, então, mesmo
processo mas para a parte de cima da prancha.
Figura 7 – Processo de pintura
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Figura 10 - Quilha
Figura 9 -Partes constituintes de uma prancha
4.3 Partes Constituintes da Prancha
Tal como a figura 9 ilustra, as partes principais da prancha são:
A- Topo; B- Nariz; C- Quilhas; D- Bordo; E- Fundo;
4.3.1 Quilhas
A principal função das quilhas é permitir a estabilidade do rumo da prancha. Podem
haver até 4 quilhas, sendo que um maior número de quilhas é recomendado para um surf mais
rápido, uma vez que este exige um maior e mais rápido manuseamento ou manobrabilidade.
Por outro lado, uma prancha com um menor número de quilhas destina-se a um surf mais
lento, ou mais “cruise”.
O afastamento entre as quilhas, a sua inclinação e formato, apresentados na figura 10,
também influenciam o comportamento da prancha, sendo que quanto mais afastadas
estiverem as quilhas frontais das traseiras, menos ágil esta será.
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5. Tipos de Pranchas
De um modo geral, a forma como as pranchas se comportam na água resume-se à sua
geometria e material.
Em termos de geometria, as pranchas podem ter diferentes comprimentos, larguras,
formas na sua parte lateral (ou rail) e diferentes ângulos de curvatura da sua parte frontal.
Neste projeto, vamos salientar 4 (Longboard, Gunboard, Funboard e Performance), que são os
principais e mais conhecidos (fig.11).
A Longboard, tal como o nome indica, tem como característica principal o seu grande
comprimento. Existem duas variações deste modelo, cuja distinção se resume à forma do bico
– as Longboard Classic são mais largas e mais redondas e as High-Speed Longboard são mais
estreitas, proporcionando manobras mais rápidas e, portanto, mais vistosas. As Longboards
destinam-se a um surf mais “cruise”, isto é, mais calmo e relaxado.
A Gungoard assemelha-se à Longboard, na medida que tem um comprimento elevado,
no entanto são mais estreitas e por isso, a área de contacto com a água é menor
proporcionando uma maior mobilidade e facilidade na execução das manobras. O seu
comprimento permite-lhe ter uma boa estabilidade e a sua largura permite-lhe atingir uma
maior velocidade, comparando com as Longboards. Dentro das Gunboards existem as Bullet
Gunboards, indicadas para ondas maiores, e as Small Gunboards, para ondas que enrolam
mais, isto é, para as ondas que formam o famoso “rolo”.
A Funboard atinge um comprimento de 2 metros, com um corpo redondo e largo, e
dão uma boa prancha de transição ou de aprendizagem. A largura extra proporciona uma
maior estabilidade e rapidez de resposta.
A Performance é mais estreita, curta e pontiaguda rasgando melhor o mar. Estas
pranchas destinam-se à prática de um surf com maior velocidade e manobrabilidade,
permitindo ao surfista realizar mudanças de direcção bruscas e até mesmo manobras aéreas.
Figura 8 – Vários tipos de pranchas
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Na tabela 1 apresenta-se um resumo das dimensões e características de cada tipo de
prancha anteriormente mencionado.
Prancha Dimensões Características/Tipo de
Surf
Longboard
Entre 2.6 e 2.9 metros de
comprimento e cerca de 60
centrímetros de largura.
Muito estável; Destina-se a um surf mais “cruise”, ou seja, mais calmo e relaxado.
Gunboard
Entre 2.5 e 3 metros de
comprimento e cerca de 45
centrímetros de largura.
Maior manobrabilidade e
velocidade, mantendo a
estabilidade.
Funboard
Entre 2.0 e 2.4 metros de
comprimento e cerca de 50
centrímetros de largura.
Estável e com boa rapidez de resposta; Ideal para aprendizagem.
Performance
Entre 1.7 e 2.0 metros de
comprimento e cerca de 40
centrímetros de largura.
Rasga melhor o mar; A mais rápida e manobrável das pranchas; Destina-se a um surf mais rápido
Tabela 1 – Dimensões e características de cada tipo de prancha
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6. Acessórios para o Surf
A prancha de surf permite que uma pessoa “surfe” as ondas, mas são necessários
outros equipamentos para que a prática desta atividade seja correta, bem como para proteger
o interveniente.
Destes materiais, podemos destacar a cera (fig.12), o fato de mergulho (fig.13) e a
leash (fig.14).
A cera é aplicada na parte superior da prancha para criar uma maior tração (maior
atrito) entre os pés do surfista e a prancha, facilitando a permanência deste na prancha.
O fato de mergulho ajuda o surfista a manter-se quente quando pratica surf em águas frias.
Este equipamento deve, portanto, ser escolhido com muito cuidado, de modo a não deixar
“espaços livres” para a água entrar, ficando, assim, o fato sem efeito.
A leash consiste numa espécie de “corrente” feita em plástico e presa à prancha numa
das suas extremidades, consistindo a outra extremidade numa fita que é amarrada à região do
calcanhar do surfista, que evita que a prancha, no caso de quedas, se perca.
Figura 12 - Cera Figura 13 - Fato de mergulho
Figura 14 - Leash
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7. Aprender a Surfar
A aprendizagem e a prática do surf requerem balanço e coordenação, bem como uma
série de movimentos ou passos, conhecidos por pop-up, que permitem “apanhar uma onda”.
A figura 15 mostra um conjunto de movimentos necessários na prática de surf:
1. O surfista, deitado na
prancha, vai “remando” para fora da
costa;
2. Quando chega à zona onde
a onda começa a quebrar, mantem-
se em flutuação;
3. De seguida, aquando da
aproximação de uma onda, o
surfista “rema” o mais forte que
consegue para atingir a mesma
velocidade da onda;
4. Por fim, um pouco antes de
a onda quebrar, o surfista empurra a
prancha, coloca as suas pernas
debaixo do seu corpo, apoia os seus
pés e levanta-se.
A partir daí, surfistas
experientes realizam todo o tipo de
manobras interessantes e vistosas
(5), ou simplesmente manter-se em
frente à rebentação (6), permitindo
que a onda os leve até à costa, ou
ainda, em ondas de maior tamanho
que “enrolam”, formando o famoso
“tubo”, estes agacham-se um pouco
para caberem no seu interior.
Figura 15 – Movimentos principais para aprender a surfar
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8. Conclusões
Deste projeto pode-se concluir que o surf e os avanços tecnológicos permitiram a
utilização de melhores materiais e técnicas de construção das pranchas, visto que estas
passaram de serem construídas em madeira compacta, material pesado facilmente
degradável, a serem feitas a partir de poliuretano, espumas, fibra de vidro e, mais
recentemente, fibra de carbono, materiais mais leves e resistentes ao impacto e à degradação.
Estes desenvolvimentos também trouxeram novos elementos que ajudam na melhor
estabilidade e manobrabilidade da prancha, como as quilhas.
Estes novos materiais ajudam na flutuabilidade, uma vez que, ao serem mais leves,
diminuem o peso do sistema surfista+prancha, fazendo com que a situação de equilíbrio se
atinja mais facilmente. Por outro lado, a flutuabilidade também é influenciada pelas
dimensões (comprimento e largura) da prancha, pelo que nem todas as pessoas devem utilizar
pranchas com os mesmos tamanhos, tudo depende da massa do surfista, bem como da sua
altura.
Conclui-se também que as mudanças de direção do sistema surfista+prancha se
explicam pela existência de uma componente radial da força aplicada pela água sobre a
prancha, que leva à mudança da direção do movimento.
Por fim, pode-se referir que a unidade curricular Projecto FEUP contribuiu para o
desenvolvimento das capacidades de trabalho em equipa, para a aprendizagem de como se
realiza um relatório, um poster e, principalmente, uma apresentação.
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9. Referências Bibliográficas
Breve História do Surf
The End of the Custom Surfboard? - http://www.surfline.com/surfnews/article.cfm?id=1618
Surfboard Manufacturing Materials - http://www.tubetime.com.au/info/materials.html
Paul Jensen Surfboards - http://www.hollowsurfboards.com/ Física e o Surf, Acessórios para o Surf e Aprender a Surfar
How Stuff Works – Surf - http://adventure.howstuffworks.com/outdoor-activities/water-sports/surfing4.htm Fabrico de Pranchas
Técnicas de Construção de pranchas de surf e windsurf - http://windsurf.sergioteixeira.pt/ docu mentos/faqs/016_prancha.pdf
CEF Construção Naval – Contrução de uma prancha de surf - https://www.avalmancil.pt/ index.php?option=com_content&view=article&id=217:cef-construcao-naval-construcao-de-uma-prancha-de-sur&catid=25:noticias-escola
Pranchas de Surf – Introdução às Pranchas de Surf - http://www.fazfacil.com.br/artesanato /prancha-surf Quilhas
Waves shop – Por dentro das quilhas - http://waves.terra.com.br/surf/noticia/por-dentro-das-quilhas/40177 Tipos de Prancha
Tipos de Pranchas de Surf - http://cenasurf.com.br/tipos-de-prancha-de-surf/ Fig.1 - http://www.surfingforlife.com/history.html
Fig.4 - http://www.lucianolaranjeira.com.br/prancha-de-surfe/
Fig.5 - http://www.caller.com/photos/galleries/2011/aug/14/surfboard-craftsman/52582/
Fig.6 - http://www.mundo-surf.com/newsdesk_info.php?newsdesk_id=50
Fig.7 - http://www.caller.com/photos/galleries/2011/aug/14/surfboard-craftsman/52584/
Fig.8 - http://blogdotchek.blogspot.pt/2012/08/02.html
Fig.9 - http://waves.terra.com.br/surf/noticia/por-dentro-das-quilhas/40177
Fig.10 - http://carolsurftotal.blogspot.pt/2011/02/partes-da-prancha.html
Fig.11 - http://planeta-surf.blogspot.pt/p/blog-page.html
Fig.12 - http://www.surf-prevention.com/fiche-comment-mettre-son-leash--71-21.php
Fig.13 - http://www.sup-surf-shop.es/images/10010sexwax_alt.jpg
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Fig.14 - http://www.tribord.com/sites/default/files/images-
import/3344/800PX_mediacom_431794084_6.jpg
Fig.15 - http://adventure.howstuffworks.com/outdoor-activities/water-sports/surfing4.htm