ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” -...

18
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica “ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” Projeto FEUP 2013/2014 1 º Semestre Supervisora: Ana Rosanete Lourenço Reis Monitora: Catarina Spratley Vieira Mendes Turma: 1M7 Equipa: 1M7_04 João Filipe Seabra da Costa – 201304647 Patrick James Welsh Talas – 201304261 Rosa Margarida de Miranda Moreira – 201308185 Tiago Alexandre Teixeira Neves Fonseca – 201308038 Data de entrega: 4 de Novembro 2013

Transcript of ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” -...

Page 1: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

“ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA”

Projeto FEUP 2013/2014

1 º Semestre

Supervisora: Ana Rosanete Lourenço Reis

Monitora: Catarina Spratley Vieira Mendes

Turma: 1M7

Equipa: 1M7_04

João Filipe Seabra da Costa – 201304647

Patrick James Welsh Talas – 201304261

Rosa Margarida de Miranda Moreira – 201308185

Tiago Alexandre Teixeira Neves Fonseca – 201308038

Data de entrega: 4 de Novembro 2013

Page 2: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

1 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Resumo

Neste trabalho apresenta-se um breve resumo da história do surf, desde a sua

utilização no trabalho dos pescadores, até ao seu reconhecimento como desporto/atividade,

com uma cultura e um modo de vida associados.

De seguida, são tratados alguns dos aspetos físicos que estão na base do surf,

nomeadamente a flutuação e a posição do centro de massa do sistema, que influencia a

direção que a prancha toma.

É também apresentado o processo de fabrico das pranchas, abordando, portanto, os

materiais utilizados e as várias etapas que levam à “transformação” de um bloco de

poliuretano numa prancha de surf resistente. Em paralelo com o fabrico, estudam-se os

formatos mais vulgares das pranchas e a sua influência na sua performance.

Por fim, apresentam-se vários acessórios utilizados na prática de surf, bem como

quatro passos fundamentais para se iniciar nesta atividade/desporto.

Page 3: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

2 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Resumo .......................................................................................................................................... 1

1. Introdução ................................................................................................................................. 3

2. Breve História do Surf ............................................................................................................... 4

3. Física e o Surf ............................................................................................................................. 5

4. Fabrico de Pranchas .................................................................................................................. 7

4.1 Materiais Utilizados ............................................................................................................. 7

4.2 Processo de fabrico ............................................................................................................. 8

4.3 Partes Constituintes da Prancha ....................................................................................... 10

5. Tipos de Pranchas .................................................................................................................... 11

6. Acessórios para o Surf ............................................................................................................. 13

7. Aprender a Surfar .................................................................................................................... 14

8. Conclusões ............................................................................................................................... 15

9. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 16

Índice

Page 4: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

3 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

1. Introdução

O presente relatório, realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP,

pretende abordar e aprofundar os conhecimentos no âmbito do surf e em tudo o que este

envolve.

Quem nunca desejou conseguir fazer o que os surfistas experientes fazem? Manter-se

em pé sobre o mar, efetuar manobras radicais vistosas, percorrer um “tubo”.

Na verdade, o surf, para além de um desporto, representa um estilo de vida, um modo

de estar para com as coisas, que dificilmente encontramos associado a outra atividade deste

tipo. No entanto, devido aos avanços tecnológicos e à descoberta de novos materiais, o surf

tem vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos, nomeadamente no que toca aos materiais

empregues no seu fabrico e à sua geometria. Por outro lado, foram sendo introduzidos novos

elementos nas pranchas, como as quilhas.

Apesar de todas as mudanças, a sua prática continua a basear-se em princípios muito

simples, como a flutuação, que é caracterizada pelo equilíbrio entre o peso do sistema

surfista+prancha e a impulsão que este sofre por estar imerso num fluido, e o posicionamento

do seu centro de massa, que dita o equilíbrio do surfista e a alteração do sentido do

movimento.

Com este trabalho pretendemos aprofundar os nossos conhecimentos,

principalmente, no que toca aos materiais empregues e às várias etapas da construção das

pranchas de surf, bem como aos princípios físicos mais básicos que estão na base do surf.

Page 5: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

4 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Figura 1- Uma das primeiras fotografias de um surfista

2. Breve História do Surf

O surf, enquanto atividade, existe há milhares de anos. Segundo o que se sabe, o surf

começou na Polinésia, sendo então utilizado pelos pescadores quando estes descobriram que

podiam aproveitar o movimento das ondas para chegar mais rapidamente à costa.

Posteriormente, no Havai, o surf foi ganhando fama

como desporto e, mais ainda, como uma expressão do

estatuto social, sendo que quanto maior fosse a prancha,

mais importante era o papel que essa pessoa

desempenhava na comunidade (fig.1).

Quando os europeus chegaram ao Havai, em 1778,

a reputação do surf degradou-se, uma vez que a ideia de

homens e mulheres, em trajes muito reduzidos, surfarem

juntos os escandalizava e ofendia. Desta feita, os

missionários tentaram banir o surf, pelo que a sua prática

foi diminuindo até meados de 1900, quando surfistas como

Goerge Freeth e Duke Kahanamoku despertaram a atenção

do público e da média. Isto levou ao renascimento do surf

como uma atividade recreativa e lúdica.

À medida que a popularidade do surf cresceu,

sofreu grandes alterações. As pranchas Havaianas originais

tinham entre 3 e 5 metros de comprimento e eram feitas de madeira maciça, o que as tornava

muito pesadas e difíceis de virar, pelo que os surfistas sentiram necessidade de as modificar,

de modo a serem fáceis de movimentar pela onda. A aplicação de novos materiais e as novas

formas aplicadas nas pranchas permitiu torná-las mais leves, fáceis de manobrar e mais

estáveis.

Há alguns requisitos base para que o mar esteja com as condições propícias à

realização de surf, que só existem em certos sítios no Mundo. Apesar destas limitações, o surf

expandiu-se para além do desporto ou da atividade lúdica para um género musical, para o

cinema, para a linguagem, etc. Ou seja, cresceu toda uma cultura inteira em volta do surf.

Page 6: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

5 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

3. Física e o Surf

Todos os movimentos no surf, desde os mais básicos aos mais complexos e vistosos,

podem ser explicados recorrendo a princípios físicos muito simples.

A flutuação provem da densidade do material em que a prancha é construída, que tem

de ser menor que a densidade da água do mar. Segundo a Lei de Arquimedes, que afirma que

todos os corpos imersos num fluido estão sujeitos a uma força de impulsão de valor igual ao

peso exercido pelo volume do líquido deslocado:

𝑰 = 𝝆𝑽𝒈 , onde 𝝆 é a densidade do fluído, 𝑽 o volume de fluído deslocado e 𝒈 a

aceleração gravítica.

Enquanto o surfista se encontra na água, o sistema surfista+pracha de surf está sujeito,

principalmente, à ação de duas forças: o seu peso “total” (𝑷) e a força de impulsão (𝑰) (fig.2).

Como a prancha é muito menos densa que a água, para que o peso da prancha iguale o

peso volume de água do mar deslocado, isto é, para que se atinja uma situação de equilíbrio

(para que a prancha boie), é necessário que se encontre um volume muito pequeno de

prancha submerso.

Acrescentando o surfista ao sistema, tem de se adicionar o seu peso às forças

aplicadas. Isto leva a que a escolha do tamanho da prancha seja um momento fundamental

para todos os que querem praticar surf, uma vez que é necessário que se continue a verificar

uma impulsão igual ao peso “total”. Isto só se consegue com um aumento proporcional do

tamanho da prancha com o aumento do peso do surfista. Desta forma, um surfista mais

pesado terá de usar uma prancha maior, que levará a que um maior volume de prancha esteja

submerso e, desta feita, a uma maior impulsão, comparando com as necessidades de um

surfista mais leve.

A localização do centro de massa do centro de massa do sistema surfista+prancha de

surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como da forma e massa da prancha.

A posição do centro de massa deste sistema é deveras importante, uma vez que dita o seu

equilíbrio. Ao posicionar-se mais sobre um dos lados da prancha, o surfista vai mudar a posição

do centro de massa do sistema, efetuando, desta forma, uma mudança de direção.

Figura 2-Diagrama de forças do sistema surfista+prancha simplificado

Page 7: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

6 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

As mudanças de direção podem ser explicadas segundo a Terceira Lei de Newton, que

afirmam que a aplicação de uma força resultará na ocorrência de uma força de igual valor, mas

sentido oposto, aplicada no produtor da “força original”. Ao posicionar-se mais sobre um dos

lados da prancha, esta inclinar-se-á devido à não distribuição equalitária do peso. Desta forma,

a força realizada pelo sistema sobre a água terá o seu “par ação-reação” (𝑭) a ser aplicado

sobre a prancha, que já não terá direcção apenas vertical, mas sim oblíqua, com uma

componente radial (𝑭𝒓), que levará à mudança de direcção pretendida (fig.3).

(Nota: O desenho está propositadamente exagerado, para que a ideia que queremos transmitir

seja clara e evidente)

Prancha

Figura 3- Força aplicada pela água sobre a prancha, e respetivas componentes, aquando da mudança de direcção

Page 8: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

7 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

4. Fabrico de Pranchas

O surf tem evoluído muito ao longo dos tempos, e isso revela-se principalmente nos

processos e nos materiais usados para o fabrico das pranchas. Para iniciar um processo de

fabrico de uma prancha, é necessário que se tenha a matéria-prima utilizada na produção.

Como referido anteriormente, as primeiras pranchas eram fabricadas à mão e utilizando

madeiras locais, mas com os avanço da ciência e a descoberta de novos materiais, que

permitem um melhor aproveitamento da onda por parte dos surfistas, as pranchas começaram

a ser feitas a partir de materiais mais leves e resistentes.

Hoje em dia, as pranchas podem ser fabricadas á medida de cada surfista ou então em

“massa”, sendo as últimas conhecidas com “pop-outs”, uma vez que são feitas em fábricas a

partir de moldes. Contudo, em ambos os processos os materiais utilizados são muito

parecidos.

4.1 Materiais Utilizados

Para a realização das pranchas podem ser usados muitos

materiais, porem, hoje em dia, o mais usual e fundamental é o

poliuretano (fig.4), um polímero formado por cadeias de

unidades orgânicas ligadas por meio de ligações uretânicas. Para

a sua obtenção é necessário a reação entre o di-isocianeto um

diol, ajudada por um catalisador.

No entanto este não é o único material:

Tinta vinílica: é uma tinta de fácil aplicação, é a mais utilizada devido ao seu elevado

rendimento e excelente aderência nos materiais. Contudo, a aplicação desta tinta deve

ser feita com muito cuidado uma vez que só pode ser aplicada em superfícies

devidamente limpas.

Tecido de fibra de vidro: tem como função impermeabilizar e dar resistência à

prancha, uma vez que aguenta bem o impacto e a flexão. Necessita de uma resina para

a sua correta aplicação.

Resina de poliéster insaturada: formada por uma cadeia de poliésteres, é obtida

através da condensação de diácidos ou anídricos e glicóis. Para ser bem aplicada na

prancha, deve ser diluída recorrendo a um monómero de estireno e a um catalisador.

Os monómeros de estireno são pequenas moléculas de hidrocarbonetos que

se podem ligar formando polímeros de plásticos;

Os catalisadores são substâncias que aceleram uma reação química e

diminuem a quantidade de energia de ativação. Na fabricação das pranchas de

surf, estes são utilizados juntamente com a resina de poliéster e com o

monómero de estireno para formar a mistura que será aplicada na fibra de

vidro;

Parafinado: o parafinado é uma solução de parafina que é aplicada para dar um

acabamento final na prancha. É aplicado após a laminação a sua preparação é

semelhante à da resina que é aplicada na fibra de vidro.

Figura 4- Blocos de poliuretano

Page 9: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

8 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

4.2 Processo de fabrico

O processo de fabrico das pranchas de surf pode ser dividido em 3 etapas principais: a

modelagem, que fica ao encargo dos shapers, a pintura, cujo responsável é o airbrusher, e a

laminação, efetuada pelo laminador.

1º Fase - Modelagem

Como já foi referido anteriormente, o poliuretano é o material que serve como base

para as pranchas, e é a partir de um bloco bruto deste material, vindo das indústrias, que os

shapers (responsáveis por modelar, lixar e dar o

devido acabamento à prancha) iniciam o processo.

Inicialmente, desenham-se as curvas da prancha

sobre o bloco de poliuretano, utilizando material de

medição, com base nas informações cedidas pelo

cliente sobre as dimensões e o formato (fig.5).

Seguidamente, com utensílios específicos,

nomeadamente lixas, começa-se a desgastar o bloco

até este ficar com o formato desejado. Este processo

deve ser efetuado com grande precisão, uma vez que dele resulta o bom desempenho da

prancha, sendo necessário que o shaper utilize uma sala com luzes específicas para assim

observar todos os defeitos e os corrigir.

Os blocos de poliuretano utilizados já têm presente, no seu interior, uma estrutura em

madeira conhecida como longarina, que se apresenta no meio da prancha, atribuindo-lhe

maior resistência longitudinal.

Depois de retirados todas as imperfeições, parte-se para a modelagem do fundo da

prancha, com a ajuda e uma plaina e de um surform. O shaper deve desgastar esta parte de

baixo da prancha de modo a fornecer uma maior envergadura, essencial para que o fluxo de

água seja o correto e, consequentemente, o

desempenho seja bom.

Terminada essa etapa, a peça é virada e

dá-se a modelação da parte superior da

prancha, sendo o desgaste sofrido será menor e

mais uniforme que o do fundo (fig.6).

Acabada a modelagem das partes

superior e inferior, parte-se para o shape da

borda, que consiste na formação de várias

linhas desde o bico (parte da frente) até à

rabeta (parte de trás), obtidas através do uso de um surform. Posteriormente, utilizando uma

lixa de ferro, a borda deverá ser arredondada até ficar uniforme, para assim possuir uma

flutuação adequada. Por fim, marcam-se os locais das quilhas, e removem-se quaisquer as

ondulações observadas.

Figura 5 – Processo de medições

Figura 6 - Modelagem da parte superior da prancha

Page 10: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

9 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Figura 8 - Aplicação de resina

Deve-se salientar que esta maneira manual de fabricar pranchas tem vindo a ser

substituída por métodos automáticos robotizados, baseados em desenhos sob a forma de

software CAD. Desta forma, as máquinas são programadas de modo a realizar pranchas em

“massa”. Contudo este processo não é totalmente automatizado, sendo necessário que, numa

fase final, um profissional retire algumas imperfeições manualmente para assim conferir uma

maior qualidade ao produto.

2º Fase – Pintura

Esta fase do processo de fabrico consiste na pintura da prancha, ficando assim mais

vistosa e apelativa. Os desenhos efetuados podem ser definidos pelo cliente, quando

requerido, ou provenientes da imaginação do airbrusher, sendo que a criatividade e a inovação

sãos duas características fundamentais desta fase.

Usualmente, o método de pintura mais

utilizado é a de utilização de um molde do desenho

que é posteriormente completo com as várias cores

pretendidas, deixando-se no fim a secar.

O tipo de tinta mais utilizado na pintura é a

tinta vinílica, aplicada utilizando uma pistola de

tinta conectada a um compressor de ar, um

aerógrafo (fig.7).

Esta etapa do processo de fabrico, vai encarecer o produto final, pelo que muitos

surfistas, nomeadamente iniciantes nesta atividade, optam por escolher uma prancha sem

pintura.

3º Fase – Laminação

É nesta fase do processo que entra o terceiro profissional, responsável por aplicar a fibra de

vidro sobre o bloco de poliuretano e realizar a colocação das quilhas. Esta etapa é, à

semelhança da modelação, muito importante pois dela depende o bom desempenho e a

rigidez da prancha

Inicia-se pela laminação do fundo, aplicando-

se um pedaço de tecido de fibra de vidro de

dimensões um pouco superiores às da prancha, sobre

a superfície. O monómero de estireno e o catalisador

são então adicionados à resina, para a diluir. De

seguida, concluída a diluição, a mistura é aplicada

sobre o fundo da prancha de modo a preencher toda a

sua área, sendo o excedente removido com a ajuda de

uma espátula (fig.8).

Depois de seca a resina, está terminada a laminação

do fundo da prancha, repetindo-se, então, mesmo

processo mas para a parte de cima da prancha.

Figura 7 – Processo de pintura

Page 11: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

10 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Figura 10 - Quilha

Figura 9 -Partes constituintes de uma prancha

4.3 Partes Constituintes da Prancha

Tal como a figura 9 ilustra, as partes principais da prancha são:

A- Topo; B- Nariz; C- Quilhas; D- Bordo; E- Fundo;

4.3.1 Quilhas

A principal função das quilhas é permitir a estabilidade do rumo da prancha. Podem

haver até 4 quilhas, sendo que um maior número de quilhas é recomendado para um surf mais

rápido, uma vez que este exige um maior e mais rápido manuseamento ou manobrabilidade.

Por outro lado, uma prancha com um menor número de quilhas destina-se a um surf mais

lento, ou mais “cruise”.

O afastamento entre as quilhas, a sua inclinação e formato, apresentados na figura 10,

também influenciam o comportamento da prancha, sendo que quanto mais afastadas

estiverem as quilhas frontais das traseiras, menos ágil esta será.

Page 12: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

11 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

5. Tipos de Pranchas

De um modo geral, a forma como as pranchas se comportam na água resume-se à sua

geometria e material.

Em termos de geometria, as pranchas podem ter diferentes comprimentos, larguras,

formas na sua parte lateral (ou rail) e diferentes ângulos de curvatura da sua parte frontal.

Neste projeto, vamos salientar 4 (Longboard, Gunboard, Funboard e Performance), que são os

principais e mais conhecidos (fig.11).

A Longboard, tal como o nome indica, tem como característica principal o seu grande

comprimento. Existem duas variações deste modelo, cuja distinção se resume à forma do bico

– as Longboard Classic são mais largas e mais redondas e as High-Speed Longboard são mais

estreitas, proporcionando manobras mais rápidas e, portanto, mais vistosas. As Longboards

destinam-se a um surf mais “cruise”, isto é, mais calmo e relaxado.

A Gungoard assemelha-se à Longboard, na medida que tem um comprimento elevado,

no entanto são mais estreitas e por isso, a área de contacto com a água é menor

proporcionando uma maior mobilidade e facilidade na execução das manobras. O seu

comprimento permite-lhe ter uma boa estabilidade e a sua largura permite-lhe atingir uma

maior velocidade, comparando com as Longboards. Dentro das Gunboards existem as Bullet

Gunboards, indicadas para ondas maiores, e as Small Gunboards, para ondas que enrolam

mais, isto é, para as ondas que formam o famoso “rolo”.

A Funboard atinge um comprimento de 2 metros, com um corpo redondo e largo, e

dão uma boa prancha de transição ou de aprendizagem. A largura extra proporciona uma

maior estabilidade e rapidez de resposta.

A Performance é mais estreita, curta e pontiaguda rasgando melhor o mar. Estas

pranchas destinam-se à prática de um surf com maior velocidade e manobrabilidade,

permitindo ao surfista realizar mudanças de direcção bruscas e até mesmo manobras aéreas.

Figura 8 – Vários tipos de pranchas

Page 13: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

12 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Na tabela 1 apresenta-se um resumo das dimensões e características de cada tipo de

prancha anteriormente mencionado.

Prancha Dimensões Características/Tipo de

Surf

Longboard

Entre 2.6 e 2.9 metros de

comprimento e cerca de 60

centrímetros de largura.

Muito estável; Destina-se a um surf mais “cruise”, ou seja, mais calmo e relaxado.

Gunboard

Entre 2.5 e 3 metros de

comprimento e cerca de 45

centrímetros de largura.

Maior manobrabilidade e

velocidade, mantendo a

estabilidade.

Funboard

Entre 2.0 e 2.4 metros de

comprimento e cerca de 50

centrímetros de largura.

Estável e com boa rapidez de resposta; Ideal para aprendizagem.

Performance

Entre 1.7 e 2.0 metros de

comprimento e cerca de 40

centrímetros de largura.

Rasga melhor o mar; A mais rápida e manobrável das pranchas; Destina-se a um surf mais rápido

Tabela 1 – Dimensões e características de cada tipo de prancha

Page 14: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

13 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

6. Acessórios para o Surf

A prancha de surf permite que uma pessoa “surfe” as ondas, mas são necessários

outros equipamentos para que a prática desta atividade seja correta, bem como para proteger

o interveniente.

Destes materiais, podemos destacar a cera (fig.12), o fato de mergulho (fig.13) e a

leash (fig.14).

A cera é aplicada na parte superior da prancha para criar uma maior tração (maior

atrito) entre os pés do surfista e a prancha, facilitando a permanência deste na prancha.

O fato de mergulho ajuda o surfista a manter-se quente quando pratica surf em águas frias.

Este equipamento deve, portanto, ser escolhido com muito cuidado, de modo a não deixar

“espaços livres” para a água entrar, ficando, assim, o fato sem efeito.

A leash consiste numa espécie de “corrente” feita em plástico e presa à prancha numa

das suas extremidades, consistindo a outra extremidade numa fita que é amarrada à região do

calcanhar do surfista, que evita que a prancha, no caso de quedas, se perca.

Figura 12 - Cera Figura 13 - Fato de mergulho

Figura 14 - Leash

Page 15: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

14 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

7. Aprender a Surfar

A aprendizagem e a prática do surf requerem balanço e coordenação, bem como uma

série de movimentos ou passos, conhecidos por pop-up, que permitem “apanhar uma onda”.

A figura 15 mostra um conjunto de movimentos necessários na prática de surf:

1. O surfista, deitado na

prancha, vai “remando” para fora da

costa;

2. Quando chega à zona onde

a onda começa a quebrar, mantem-

se em flutuação;

3. De seguida, aquando da

aproximação de uma onda, o

surfista “rema” o mais forte que

consegue para atingir a mesma

velocidade da onda;

4. Por fim, um pouco antes de

a onda quebrar, o surfista empurra a

prancha, coloca as suas pernas

debaixo do seu corpo, apoia os seus

pés e levanta-se.

A partir daí, surfistas

experientes realizam todo o tipo de

manobras interessantes e vistosas

(5), ou simplesmente manter-se em

frente à rebentação (6), permitindo

que a onda os leve até à costa, ou

ainda, em ondas de maior tamanho

que “enrolam”, formando o famoso

“tubo”, estes agacham-se um pouco

para caberem no seu interior.

Figura 15 – Movimentos principais para aprender a surfar

1 2

3 4

5 6

Page 16: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

15 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

8. Conclusões

Deste projeto pode-se concluir que o surf e os avanços tecnológicos permitiram a

utilização de melhores materiais e técnicas de construção das pranchas, visto que estas

passaram de serem construídas em madeira compacta, material pesado facilmente

degradável, a serem feitas a partir de poliuretano, espumas, fibra de vidro e, mais

recentemente, fibra de carbono, materiais mais leves e resistentes ao impacto e à degradação.

Estes desenvolvimentos também trouxeram novos elementos que ajudam na melhor

estabilidade e manobrabilidade da prancha, como as quilhas.

Estes novos materiais ajudam na flutuabilidade, uma vez que, ao serem mais leves,

diminuem o peso do sistema surfista+prancha, fazendo com que a situação de equilíbrio se

atinja mais facilmente. Por outro lado, a flutuabilidade também é influenciada pelas

dimensões (comprimento e largura) da prancha, pelo que nem todas as pessoas devem utilizar

pranchas com os mesmos tamanhos, tudo depende da massa do surfista, bem como da sua

altura.

Conclui-se também que as mudanças de direção do sistema surfista+prancha se

explicam pela existência de uma componente radial da força aplicada pela água sobre a

prancha, que leva à mudança da direção do movimento.

Por fim, pode-se referir que a unidade curricular Projecto FEUP contribuiu para o

desenvolvimento das capacidades de trabalho em equipa, para a aprendizagem de como se

realiza um relatório, um poster e, principalmente, uma apresentação.

Page 17: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

16 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

9. Referências Bibliográficas

Breve História do Surf

The End of the Custom Surfboard? - http://www.surfline.com/surfnews/article.cfm?id=1618

Surfboard Manufacturing Materials - http://www.tubetime.com.au/info/materials.html

Paul Jensen Surfboards - http://www.hollowsurfboards.com/ Física e o Surf, Acessórios para o Surf e Aprender a Surfar

How Stuff Works – Surf - http://adventure.howstuffworks.com/outdoor-activities/water-sports/surfing4.htm Fabrico de Pranchas

Técnicas de Construção de pranchas de surf e windsurf - http://windsurf.sergioteixeira.pt/ docu mentos/faqs/016_prancha.pdf

CEF Construção Naval – Contrução de uma prancha de surf - https://www.avalmancil.pt/ index.php?option=com_content&view=article&id=217:cef-construcao-naval-construcao-de-uma-prancha-de-sur&catid=25:noticias-escola

Pranchas de Surf – Introdução às Pranchas de Surf - http://www.fazfacil.com.br/artesanato /prancha-surf Quilhas

Waves shop – Por dentro das quilhas - http://waves.terra.com.br/surf/noticia/por-dentro-das-quilhas/40177 Tipos de Prancha

Tipos de Pranchas de Surf - http://cenasurf.com.br/tipos-de-prancha-de-surf/ Fig.1 - http://www.surfingforlife.com/history.html

Fig.4 - http://www.lucianolaranjeira.com.br/prancha-de-surfe/

Fig.5 - http://www.caller.com/photos/galleries/2011/aug/14/surfboard-craftsman/52582/

Fig.6 - http://www.mundo-surf.com/newsdesk_info.php?newsdesk_id=50

Fig.7 - http://www.caller.com/photos/galleries/2011/aug/14/surfboard-craftsman/52584/

Fig.8 - http://blogdotchek.blogspot.pt/2012/08/02.html

Fig.9 - http://waves.terra.com.br/surf/noticia/por-dentro-das-quilhas/40177

Fig.10 - http://carolsurftotal.blogspot.pt/2011/02/partes-da-prancha.html

Fig.11 - http://planeta-surf.blogspot.pt/p/blog-page.html

Fig.12 - http://www.surf-prevention.com/fiche-comment-mettre-son-leash--71-21.php

Fig.13 - http://www.sup-surf-shop.es/images/10010sexwax_alt.jpg

Page 18: ENGENHARIA NA CRISTA DA ONDA” - paginas.fe.up.ptpaginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_13_14/uploads/relat_1M7_4.pdf · surf depende da altura, massa e posição do surfista, bem como

Projeto FEUP MIEM

17 Engenharia na Crista da Onda- 1M7_04

Fig.14 - http://www.tribord.com/sites/default/files/images-

import/3344/800PX_mediacom_431794084_6.jpg

Fig.15 - http://adventure.howstuffworks.com/outdoor-activities/water-sports/surfing4.htm