Engenho ou Engenharia · são centenários. A maioria dos nossos navios foi construída comos...

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Engenharia ?

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EDITORIAL

Marco Afonso Rui Sardinha

Jorge Araújo Joaquim Almeida

Paulo Bispo Carlos R.da Silva

ColaboradoresColaboradoresColaboradoresColaboradores

Alexandre Jerónimo

Helder da Costa

Mário Fernandes

Marco Afonso

Sergio Gomes da Silva

Rui Abreu

Octávio Pessoa

Oscar Mota

Gisela Ferreira

Caros Colegas,

Nesta terceira edição, antes do tradicional

período de férias para a maior parte dos

colegas, o principal objetivo é a consolidação

das edições anteriores onde tivemos mais de

5000 leitores.

Nesse sentido privilegiamos artigos de

diferentes especialidades, e abrimos à

participação de colegas de outras classes

profissionais.

Aproveitamos para informar que a partir do

próximo mês de Setembro, regressaremos

com periocidade mensal, nova imagem,

novos temas e novos colaboradores, sempre

na procura de soluções que contribuam para

a valorização da profissão.

Aproveitamos para desejar a todos os colegas boas férias.

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ÍndiceÍndiceÍndiceÍndice

ENGENHO OU ENGENHARIA? Um panfleto político 3

Organizações Felizes e Infelizes. Será esta a causa da baixa produtividade? (parte II) 6

Trabalhar no estrangeiro: um Arquitecto português (entre muitos) em Macau 8

VI Fórum da Qualidade. ESCE IPVC 10

Seminário Cluster do Mar 11

Ciclo de Palestras +Engenharia 13

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Jack Soifer

Engª Eletrónico

[email protected]

ENGENHO OU ENGENHARIA?ENGENHO OU ENGENHARIA?ENGENHO OU ENGENHARIA?ENGENHO OU ENGENHARIA?

Um panfleto políticoUm panfleto políticoUm panfleto políticoUm panfleto político

A ciência mudou muito nos últimos 20 anos, as

grandes empresas não. Ainda há departamentos

que lutam uns contra outros. O que sabem os

fundos, donos das gigaindústrias, das construtoras,

sobre os seus clientes finais? Mas a Apple, quase

esmagada pela Microsoft, ao focar-se no cliente

final, ao juntar a ciência da informática,

nanotecnologia, sociologia, das expectativas não-

verbalizadas de um mercado exigente, voltou a

líder ar este mercado. Pergunte

ao Ingvar Kamprad, IKEA ¹, que,

apesar dos esforços de financeiras

de abarcar a empresa com fama

de atender bem, resistiu e

continua a liderar este

segmento de mercado.

Os conceitos, equipamentos e

materiais usados em transportes

são centenários. A maioria dos

nossos navios foi construída comos princípios da

era da pro-pulsão a vapor. A bitola ibérica das

nossas vias-férreas baseia-se na largura de uma

parelha de bois ². Os camiões de hoje pouco

diferem dos de há 80 anos, excepto a electrónica

embarcada. O turbo tem 50 anos ³. O motor a

explosão tem 110 anos, pouco mudou.

A ciência integrou-se. Já não se pode falar de

dicotomias como Socialismo contra o Capitalismo.

Aquele, em alguns países, misturou-se às piores

práticas da ditadura, apesar de não usar torturas.

Este usa o neuromarketingneuromarketingneuromarketingneuromarketing para oferecer à

população gadgets que a TV ‘vende’ como

necessidade, como real progresso 4. Pedimos

empréstimo para comprar gadgets superfluos;

somos escravos brancos da banca, de impostos, de

um sistema cada vez mais autoritário. A

engenharia não está mais a serviço do cidadão, mas

do especulador financeiro, que manda na indústria.

É a integraçãointegraçãointegraçãointegração entre pessoasentre pessoasentre pessoasentre pessoas livreslivreslivreslivres que obtêm

sinergias, o real progressoreal progressoreal progressoreal progresso de uma sociedade.

Antes, ditadores podiam, com a força das armas ou

intrigas impor as suas verdades. Hoje temos Internet

e redes sociais. Quem acredita na comunicação

social? Como então crer que, ao melhorar aqui e

ali, empresas centenárias, lideradas pelos que, em

vez de sorris-lhos têm só € na cara, podem

valorizar algo imaterial, p.ex. eficácia, progresso,

bem-estar. Para eles, quanto

mais um país gastar em gadgets,

melhor. Para nós, contribuintes,

quanto menos Portugal gastar,

ao usar a boa engenharia,

melhor.

Como consultor, durante 44

anos, o Jack aprendeu a caçar

des-perdícios na fabricação,

administração, transporte, nas

vendas. A entrevistar o cliente final. Tinha que

fazê-lo pensar em produtos que ainda não existiam:

‘E se…’. Pois a ciência e a tecnologia estão sempre à

frente do mercado. Como os truques do lóbi que

1111 - Navio hightech transporta plataforma

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não as quer, está sempre à frente da legislação 5.

O que é o progresso?O que é o progresso?O que é o progresso?O que é o progresso?

O futuroO futuroO futuroO futuro da engenhariada engenhariada engenhariada engenharia está em repensar tudo. A

centralização da indústria e da grande distribuição

trouxe alimentos com químicos perigosos, que o

lóbi convence os políticos em Bruxelas a deixar

passar, pois não matam para já 6. Ela matou a

produção alimentar próxima da fonte da matéria-

prima e do consumidor. E trouxe grande lucro à

indústria de fármacos, necessários para curar as

doenças causadas pelos conservantes feitos nas

químicas que os mesmos especuladores dominam.

Os engenheiros e os químicos foram obrigados a

fazer máquinas e processos para os especuladores.

Os chefes têm cada vez menos tempo para viajar

para reuniões e assim usam cada vez mais o skype,

que lhes permite até mostrar protótipos em ecrã

3D 7, com óculos apropriados. Quando vão para

os primeiros encontros com líderes profissionais,

preferem ir direto de um ponto a outro, evitar

hubs, troca de comboio ou avião. Mas os fundos

forçaram a engenharia a construir o jumbo, que

exige troca de avião, TGV que só é económico se

levar 600 passageiros, só 3 vezes ao dia, onde o

tempo gasto do meu escritório ao do meu

parceiro deixou de ser importante, só o tempo

daquela viagem, ignorando as deslocações a que

me obrigam, ao dificultar uma ida direta ao meu

destino, no horário que me convém. Ignoram que

é possível fazer o check-in num autocarro

específico ou numa carrinha, na ida do centro

para a aerogare; e assim economizar o tempo que

conta, o meu. Pois não conta no PIB o tempo em

que deixámos de fazer algo produtivo ou divertido

para chegar à gare ou ao aeroporto. E os

engarrafamentos no trânsito urbano, evitável

com um bom transporte público, como na

Escandinávia?

No mundo, os políticos ainda se vangloriam dos

milhões de carros que anualmente atravancam cada

vez mais as mesmas avenidas e ruas, causando stress,

poluição e desperdício de combustível. Uma solução

ilógica, que só beneficia a indústria-auto e as

petroleiras, que anunciam que isso é bom. E as TVs

alardeiam-no como real progresso 8.

Há décadas o PIB deixou de medir bem-estar. Na

China, quando lá trabalhei, os idosos nas famílias

de agricultores saíam muito cedo nos triciclos para

levar arroz, verduras e frutas para os mercados

públicos urbanos. À tarde atravessavam a rua e,

com o valor das vendas, compravam no mercado

de artesanato, roupa, calçado, alfaias, cerâmicas.

Nada disto era registado. Hoje temos as mesmas

vendas, mas tudo registado e assim entra na

contabilidade pública, no PIB. Pelo menos metade

do aumento do PIB da China, na última década,

deve-se a este truque. São os mesmos alimentos

e os mesmos calçados que trocam de mãos,

aparenta um crescimento real, quando é apenas

contabilístico.

Cada vez mais precisamos de soluções

customizadas, consoante o nicho. Hoje, as

exigências de segurança e do meio-ambiente,

podem rentabilizar p.ex. seis tipos de carruagens ou

TIR para líquidos, mais ou menos viscosos, + ou -

densos, + ou - inflamáveis. A rapidez na carga e

descarga trouxe, como na Suécia, carruagens com

diferentes formatos e resistência do aço, consoante a

facilidade no escoamento (lateral ou por baixo) de

grãos, minerais, areias, pellets, etc 9. São fáceis de

atrelar e desatrelar, para reduzir o tempo em que

um comboio pára numa estação intermediária, para

levar mais carga ou deixar parte dela. E ainda, as

locomotivas de tração elétrica recuperam a energia

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obtida nas travagens. O mesmo em camiões.

Este é um exemplo de inovações existentes em

alguns países mas que não chegam aqui pois há

interesse em travá-las, com medo das 13 poderosas

famílias que mandam na banca e assim na economia

e na engenharia, de perderem parte do seu poder.

Para dar a impressão que foca-se em inovação,

fazem concursos, dizem financiar ideias e patentes,

mas a roda aqui continua quadrada, não querem

importar a roda que já roda lá fora, nem deixam os

inventores fabricar a roda nova.

Novos materiais, novos modelosNovos materiais, novos modelosNovos materiais, novos modelosNovos materiais, novos modelos

A nanotecnologia e não só, trouxe-nos novos

materiais. Com o nanotubo de carbono 10 temos

hoje compósitos cada vez mais leves e resistentes.

Já não se usa o termo borracha nem plástico;

estão há décadas integrados nos ‘termoplásticos’

que podem incorporar peças

de aço ou outro metal, p.ex,

em autopeças. Novos

conceitos e materiais de

construção são usados há

décadas para economizar

energia no Norte da Europa,

volta-se a usar materiais locais, mas em Portugal

ignoramos a tecnologia green.

Sabia que o óxido de térbio já está a 650 dólares o

quilo e vai aumentar? Que o de európio, usado em

fibra óptica vai duplicar? Que o zircónio é usado

em biocerâmica, p.ex. implantação dentária 11?

A Suécia já não faz auto-estradas há 15 anos. Usa 3

faixas, onde uma alterna entre a que vai e a que vem

e permite ultrapassagens seguras a cada 2 km 12. Na

Europa do Norte há ciclo-vias em todas as cidades.

Hoje o que mais custa no transporte público, não é a

carruagem, o bus ou a aeronave, mas as infra-

estruturas, o combustível, a segurança. O que mais

custa numa estrada são os movimentos de terra se

quisermos linhas retas em zonas montanhosas; são

as pontes e os viadutos. Aos empreiteiros, amigos

dos políticos, interessa manter os padrões

centenários. A Europa do Norte usa p.ex. um 2º

trailer no TIR, ou carruagens automotoras, com o

motor em baixo da plataforma, que limita o peso

‘morto’ (tara) por eixo e reduz o custo das pontes.

Temos a tecnologia pendular, que permite, mesmo

para carga, fazer curvas com raios menores, sem

grandes movimentos de terra. Temos GPS e

sistemas de sinalização e comunicação, que

permitem muito trânsito numa só via, com linhas

duplas só nalguns troços 13. Ou estradas com seis

faixas, onde as duas centrais mudam o sentido

consoante o trânsito, ao comando do computador.

A tecnologia dos catamarans e trimarans aqui não é

bem utilizada, embora

embarateça o transporte

fluvial, o que faria as PME

do interior poder exportar.

O cidadão é que paga pela

ganância de uns poucos e os

governos já não governam,

não usam a nossa competência de bons

engenheiros, que acabam por emigrar.

Referências ¹ Turekull, Bertil, História da IKEA, A Esfera dos Livros, Lisboa, 2010 ² Silva, Luis Cabral: Plano Integrado de Transportes, SPG, Lisboa, 2009 ³ Soifer, Jack: Old Innovations in Seminário da UNESCO, Coastal Preservation, Tanger, Oct/10 4 Lavareda, António: Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais, Objetiva, Rio, 2009

5 Modernidade e Telecom, in OJE, 22/02/11, p.6

6 Nilsson, Mats-Eric: Akta Vara, Ordfront, Estocolmo, 2008 7

http://www.nyteknik.se/popular_teknik/teknikrevyn/article3118294.ece

8 Soifer, Jack: Como Sair da Crise ‘A’, Edição do autor, Lisboa, 2009, p.92

9 Malmbanan… in LKAB-framtid, Kiruna (Suécia) Nov/10, p.4

10 http://en.wikipedia.org/wiki/Carbon_nanotube 11 http://en.wikipedia.org/wiki/ Dental_implant 12 Soifer, Jack: Como Sair da Crise ‘C’, Edição do autor, Lisboa,

2010, p.133

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Helena Rollo

Engª Civil

[email protected]

OrganizaçõesOrganizaçõesOrganizaçõesOrganizações Felizes e Infelizes. Será esta a Felizes e Infelizes. Será esta a Felizes e Infelizes. Será esta a Felizes e Infelizes. Será esta a causa da baixa produtividade? (parte Icausa da baixa produtividade? (parte Icausa da baixa produtividade? (parte Icausa da baixa produtividade? (parte IIIII))))

Na 1ª parte deste artigo abordei o que

distingue uma organização feliz de uma

organização “doente” e a influência de cada

uma delas no modo como os colaboradores

“vivem a organização”.

De um modo geral, a baixa produtividade é

resultante de os colaboradores se sentirem

infelizes nas organizações onde estão

inseridos, sendo a culpa atribuída na maioria

das vezes aos líderes e gestores dessas

organizações.

Salvo honrosas exceções, esta infelicidade é

devido a:

� Falta de líderes e gestores que saibam

motivar os seus colaboradores

� Falta de reconhecimento pelo

trabalho bem desenvolvido.

� Falta de orientação e planeamento

� Comunicação inexistente sobre os

Resultado conseguidos, o que leva as

pessoas a sentirem total indiferença

pela Organização.

� Desconhecimento total dos

colaboradores e das suas reais

competências.

� Má definição dos RH e má atitude por

parte dos empresários que muitas

vezes só vêm números e não têm em

conta as mínimas necessidades dos

colaboradores.

� Falta de respeito pelos colaboradores

e pelos seus Valores.

� Não saber Ouvir

Podemos juntar a estes pontos algo muito

comum na maior parte das empresas:

Organizações que condicionam o

comportamento dos seus colaboradores, e

líderes e gestores que ainda não perceberam

que o êxito do seu trabalho e

consequentemente da organização onde estão

inseridos depende essencialmente do seu

próprio comportamento.

Saber planear, saber mostrar o caminho, saber

ouvir, tornar bem visível a sua própria

motivação, conhecer os valores de cada

colaborador de modo a identificar o que

motiva cada um (todas as pessoas são

diferentes), saber incentivar, elogiar e mostrar

reconhecimento, são características

fundamentais num líder.

Cada vez mais, a capacidade para liderar

pessoas é fundamental, no entanto, a

primeira regra para uma liderança eficaz é

saber que antes de liderar os outros deve

saber liderar-se a si mesmo!

Uma das tarefas que um líder tem como

crucial, é motivar os seus colaboradores,

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primeiro que tudo com a sua própria

motivação, que deve ser bem visível.

Colaboradores desmotivados apresentam sinais

que os líderes e gestores devem saber

identificar, como sejam:

� Resistência a mudanças.

� Trabalhos mal executados e atrasos na

sua execução.

� Apatia, passividade e indiferença pelo

trabalho.

� Falta de cooperação no ultrapassar de

problemas e dificuldades.

� Pouca pontualidade e elevado

absentismo.

� Mau humor e falta de brio

Quem está motivado hoje, pode deixar de o

estar amanhã. Motivar é pois um trabalho

contínuo e o líder deve dar o exemplo com a

sua motivação. Os líderes e gestores não

devem ficar á espera que sejam os

colaboradores o motor. Não! Devem ser eles

que devem Organizar, Planear, Incentivar,

Motivar, Controlar e Elogiar os recursos mais

importantes de uma organização - os

Colaboradores.

Os Líderes das melhores empresas para

trabalhar consideram que se deve lutar pelo

sucesso empresarial valorizando as pessoas,

considerando os colaboradores um Recurso e

não um Custo. Sendo um Recurso deve-se

valorizá-lo, potencializá-lo e não reduzi-lo ou

limitá-lo.

Empresas com líderes e gestores que consigam

implementar estas práticas poderão com

certeza num futuro próximo vir a ser

Empresas Felizes, juntando-se ao grupo

daquelas que já o são.

Em tempos um colega escreveu-me a seguinte

frase que adorei:

“ Em (mês) estou no mercado procurando ser

Feliz numa empresa Feliz...e as infelizes que

me desculpem pois não tenho tempo para

perder com elas”.

E você…está numa empresa feliz ou doente?

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Nuno Leal

Arquitecto, Mestre em Gestão

[email protected]

TTTTrabalhar no estrangeiro: um rabalhar no estrangeiro: um rabalhar no estrangeiro: um rabalhar no estrangeiro: um aaaarquitecto rquitecto rquitecto rquitecto

português (entre muitos) em Macau.português (entre muitos) em Macau.português (entre muitos) em Macau.português (entre muitos) em Macau.

Quando fui desafiado a escrever para esta

revista, primeiro estranhei: um arquitecto a

escrever numa revista de um movimento de

engenharia? Mas, após reflexão, e como diria

Pessoa, depois entranhei: sim, porque cada vez

mais estas duas áreas dependem uma da outra

para fazer face à crise.

Sempre fui apologista da necessidade das duas

áreas actuarem de forma concertada para

melhor se defenderem – ambas as ordens

deveriam dialogar mais e tentar defender, quer

no país, quer no estrangeiro, os seus membros

de forma a melhor valorizar o trabalho que

estes fazem. Infelizmente tenho a sensação

que não é o que tem acontecido.

Aliás, penso que essa ligação deveria começar

no ensino universitário, em que cada um

deveria aprender mais sobre aquilo que o

outro executa – por essa razão frequentei uma

especialização em Engenharia Civil, na área de

Processos e Gestão da Construção. Se houvesse

mais interdisciplinaridade na fase do ensino,

com toda a certeza que mais tarde, quando

profissionais, saberiam colaborar melhor.

Mas o convite para fazer este artigo surgiu do

facto de estar presentemente a trabalhar na

“Pérola do Oriente”, Macau – isto depois de já

ter estado em Angola entre 2006 e 2010.

Perguntavam-me quais as hipóteses dos

engenheiros encontrarem aqui oportunidades

de trabalho. E, na realidade, são muitas –

apesar de, em mais de um ano aqui, ainda não

ter encontrado nenhum engenheiro português

por cá…

A receptividade aos trabalhadores é boa, no

geral 1 . Os portugueses, graças ao acordo de

transição assinado com a China que permitiu a

entrega desta região de novo ao Governo

Chinês, têm alguma facilidade em conseguir o

“cartão de residente” de Macau, bastando para

isso apresentar algumas garantias como uma

proposta de contrato de trabalho ou local para

habitar. No entanto, este processo não é

imediato, podendo levar pelo menos uns 4

meses – sendo que nesse período de tempo não

é permitido trabalhar… Uma boa opção de

procura é através de sites de empregos, como o

DB Jobs2.

Trabalho, em Macau, não falta. Com um

crescimento económico enorme, um superavit

anual pois o Governo de Macau não consegue

gastar todo o dinheiro angariado da indústria

do jogo, todos os operadores do jogo estão a

registar crescimentos da ordem dos 20% e

estão, por isso, em plena expensão.

1 http://www.icote.pt/macau/

2

http://hk.jobsdb.com/HK/EN/Search/FindJobs?SearchFi

elds=Positions,Companies&KeyOpt=COMPLEX&JSRV=1

&RLRSF=1&JobCat=0&Key=macau&Locations=0&oCou

ntries=0

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Para melhor se perceber o crescimento de

Macau, que não é só económico mas também

físico, alguns dados: Macau tem hoje 28 Km2

de superfície3 – mas há 15 anos atrás tinha

apenas 16 Km2. Na década passada foram

construídos alguns mega-casinos, dos quais se

destaca o “The Venetian”, uma réplica de

Veneza que inclui canais com gondolas dentro

do centro comercial e que é o 7º maior edifício

do mundo em área de pisos4, sendo que neste

momento estão em construção 5 novos centros

mega-casinos – sendo que três deles são,

segundo informações que me deram, ainda

maiores que o The Venetian…

A forma mais fácil, pelo que me apercebo, dos

engenheiros trabalharem em Macau é através

de grandes empresas multinacionais como a

“Mott Macdonald”, a “Meinhardt” ou a

“Inhabitat”, entre tantas outras, que a partir de

Hong Kong estão a trabalhar directamente

com os casinos na área das estruturas, das

fachadas, do ar-condicionado, das redes

hidráulicas, da electricidade, da electrónica,

das vias.

Também o Metro de Macau 5 , um comboio

ligeiro de superfície e elevado, está a ser

construído de raiz, uma linha de 20 Km e 23

estações que ligam o extremo norte do

território, as Portas do Cerco, até aos mega-

casinos no istmo do Cotai (o aterro que ligou

as ilhas da Taipa e de Coloane) terminando no

aeroporto, numa impressionante obra de

engenharia (com a participação da empresa

portuguesa “Fase”) que se iniciou em 2012 e

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Macau

4

http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_largest_buildings_

in_the_world#Largest_area 5 http://www.git.gov.mo/pt/index.aspx

que deverá estar operacional a partir de 2016 é

uma excelente oportunidade. Para o futuro

está prevista a ampliação de novas linhas que

deverão complementar o percurso fechando o

anel da península de Macau e ligando a ilha da

Taipa à ilha de Coloane.

Os ordenados não são excelentes, pelo menos

não são ao nível do que é pago em Angola ou

Moçambique, mas são bem melhores que em

Portugal, evidentemente. No entanto, o nível

de vida aqui é geralmente mais caro do que em

Portugal – nomeadamente no que toca à

habitação: o aluguer de um apartamento T2

modesto custará um mínimo de 600 euros,

podendo a fasquia subir bem acima dos 1000

euros se falarmos nos condomínios e torres de

luxo, pelo que a questão da habitação é um

factor a ter em conta antes de aceitar/pensar

em trabalhar em Macau.

A língua pode ser um problema, pois apesar do

português ser uma das línguas oficiais, para lá

da comunidade portuguesa de pouco serve.

Maioritariamente fala-se cantonês na região e

o inglês é a língua mais usada

profissionalmente. Nem todos os empregos

obrigam a que se fale cantonês (ou mandarim)

mas dominar-se a língua é um must.

O lado bom é que estamos pertos de destinos

luxuriantes e que a partir da Europa

dificilmente visitamos, mas que aqui, a menos

de 4 horas de avião a partir de Macau e por

vezes em voos de baixo custo, são facilmente

visitáveis, como a Tailândia, Malásia,

Indonésia, Vietname, Laos, Cambodja ou a

Coreia do Sul e o Japão, bem como a imensa

China. Um dos poucos privilégios de quem

está longe de Portugal…

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Mário Fernandes

Eng. Geógrafo

[email protected]

VI Fórum da Qualidade. ESCE IPVC

Apresentação do caso de

estudo de uma empresa de

Engenharia Civil (área de

projecto)

Na sequência de um

convite do nosso colega

Eng. José Carlos Sá, estive

presente como orador no

VI Fórum da Qualidade,

em Valença.

Foi um fórum

extremamente abrangente, com pessoas dos mais

diversos recantos da indústria em Portugal

presente. Alguns deles tubarões do nosso meio

socio industrial, o que confesso que me deixou um

pouco intimidado. O rol de empresa era

impressionante. Desde Caetano Aeronautic, IKEA,

Panrico, APCER, Siemens (através da presença da

ATEC), Faurécia, General Electric, GEWISS, o

Hospital de Santo António, a NOS, e claro o meu

GOP. Como podem ver pela amostra, o espectro de

conhecimento é do mais vasto possível, e percorre

transversalmente a totalidade da sociedade.

A ideia do fórum era a partilha de experiências

entre as diversas áreas de conhecimento, entre os

diversos ambientes industriais, para que cada um

dos assistentes determina-se quais a ferramenta, ou

ferramentas, que se ajustariam à sua forma de

trabalhar.

Desde o lean, six sigma, 5S, melhoria continua ou

kaizen, passando formas mais ou menos elaboradas

de combinações destas ferramentas ou suas

derivadas, até algumas novas perspectivas houve de

tudo.

Curioso foi verificar que a grande maior dos

presentes, dos oradores, tinha formação em

engenharia. Uns engenheiros químicos, ou

engenheiros mecânicos, e outros engenheiros

geógrafos (????).

Todo este pluralismo de culturais de base, que se

uniram num só propósito, num só ambiente, com a

determinação de melhorarem as

suas capacidades através da

partilha, fizeram-me lembrar do

que se encontra nos livros de

história, nas suas referências aos

primórdios da engenharia, e que

se lê naquilo que está subjacente

as palavras escritas.

Isto deu-me um reforço na ideia de

que o engenheiro tem que assumir

o seu real papel: o de peça

fundamental na engrenagem que

poderá tirar este nosso querido país do marasmo e

da profunda crise que nos vem assolando.

Considero que o fórum foi um imenso sucesso. Saí

de lá extremamente enriquecido. E deixo aqui o

meu agradecimento ao colega José Carlos Sá pela

oportunidade. Aliás, quase que me apetece ligar-lhe

e fazer-me convidado para o VII Fórum da

Qualidade

do ESCE-

IPVC, em

Valença.

Ilustração 1 - Panorâmica da sala durante a

apresentação, com visão para a mesa de oradores. Da

esquerda para a direita estão o representante da

Panrico, o Director do IPVC, a representante da General

Electiric e o representante da APCER

2 - Mário Fernandes durante a apresentação

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Seminário Cluster do MarSeminário Cluster do MarSeminário Cluster do MarSeminário Cluster do Mar

Realizou-se no passado dia 10 de Julho, nas instalações da AERLis-Oeiras, o seminário “Cluster do Mar” promovido pelo movimento mais engenharia.

“O Mar é a maior área de Portugal, e a mais esquecida nas últimas décadas. Deixámos de inovar por incrementos. Por isso parece que quando falamos no Cluster do Mar estamos a descobrir a roda ou antes o caminho marítimo para a India. Mas não, estamos só a constatar que precisamos de recuperar o atraso, com grandes incrementos de inovação.

O Mar não é só a industria pesada, é também software, química, biologia, energia, turismo, logística, desporto, drones, comunicações, arte, lazer e também .... Água.

Viver uma espera sem esperança, resignados queixando nos de que a reforma do Estado não chega não é a solução. Temos de plantar um novo pinhal de Leiria e lançar novamente as caravelas que trouxeram mais mundos ao mundo. E isso está nas mãos dos empresários, das universidades e essencialmente da opinião pública. “

Joaquim Nogueira de Almeida

Eng. Pedro Antunes

Empreendorismo na área naval e a

necessidade de Internaciolização

Prof. Alexandre Magrinho

Inovação financiada a 95 e 125%

Contra Almirante Victor Gonçalves de Brito

Contributos da Engenharia para a Economia

do Mar

Page 13: Engenho ou Engenharia · são centenários. A maioria dos nossos navios foi construída comos princípios da era da pro-pulsão a vapor. A bitola ibérica das ... somos escravos brancos

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Ciclo de Palestras +Engenharia

A Reindustrialização

Caros Amigos e Colegas,

O movimento +Engenharia tem a honra de vos convidar a participar na conferência sobre

Reindustralização que se encontra a preparar e a promover.

Esta conferência terá lugar em Vila Nova de Famalicão em Outubro próximo.

É sabido que a Europa precise de uma nova política industrial que tome em linha de conta os

desafios industriais que lhe vêem surgindo. Se a Europa precisa, Portugal ainda mais. Esta será a

oportunidade de reduzirmos o fosso tecnológico e organizacional que separar a nossa indústria do

patamar cimeiro onde pretendemos que ela esteja.

Mas as questões essenciais que se colocam é como poderá Portugal relançar a sua indústria? Como

combater a deslocalização da produção industrial? Como poderá a engenharia e os engenheiros

portugueses participar e promover esse relançamento?

É a estas questões, e outras essenciais para o perfeito desenvolvimento do tema, que pretendemos

abordar e discutir nesta conferência. Procuramos incorporar neste debate / discussão a opinião de

todos os engenheiros e de todas as especialidades. Porque todos são válidos. Porque todos são

necessários. Porque todos, juntos, promovem a engenharia portuguesa.

Proximamente iremos divulgar mais detalhes acerca deste evento, nomeadamente a lista de tópicos a

abordar e a listagem de conferencistas.

Contamos com a vossa presença em Vila Nova de Famalicão.

Local e data a anunciar brevemente