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Apresentação

A exposição das obras do artista Enrico Bianco é um presente da Câmara dos Deputados ao público brasiliense e aos visitantes do Gabinete de Arte da Presidência que comemoram, neste mês de abril, os 50 anos de Brasília e a transferência do Congresso Nacional para a nova capital federal.

Tal como Brasília, Bianco surge da efervescência do movimento modernista, com proposta estética marcante e novas formas de expressão. Nascido na Itália, o artista, de 92 anos, migrou para o Brasil em 1936. Ainda em atividade, Bianco surpreende por seu vigor e expressividade.

Discípulo de Cândido Portinari, colaborou com o mestre em várias obras. Bianco demonstra em suas telas a paixão pela cultura brasileira, explorando temas do cotidiano do povo: o trabalho dos seringueiros, lavradores, boiadeiros, lavadeiras e as atividades lúdicas das crianças.

A exposição das obras de Enrico Bianco no Gabinete de Arte da Presidência da Câmara dos Deputados, organizada pelo Centro de Documentação e Informação por intermédio do Museu da Câmara, homenageia os 50 anos de Brasília e ao mesmo tempo convida o visitante a se emocionar com pinturas que denotam toda a nossa brasilidade, o nosso orgulho de viver aqui.

Gabinete da Presidência da Câmara dos Deputados

Michel TemerPresidente da Câmara dos Deputados

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ENRICO BIANCO

Enrico Bianco, nascido Enrico Paolo Vittoria Romana Bianco, gosta que o tratem simplesmente por "Bianco". Sempre carismático, espontâneo, bem-humorado e bom anfitrião, desta forma é que nosso mestre nos recebe. Culto e muito bem informado, aos 92 anos, considera-se privilegiado por ter participado de tantas mudanças importantes no Brasil.

Assim é Bianco, natural de Roma, filho de pai parlamentar e mãe pianista, inicia-se nas artes aos oito anos de idade e já aos dezessete participa da quadrienal italiana de pintura, em 1935. Em 1936 migra para o Brasil, deixando para trás uma guerra iminente.

Já estabelecido no Brasil, em 1940 faz parte do movimento renovador da arte com os intelectuais Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Heitor Villa-Lobos e outros. Participa na Secção Moderna do Salão Nacional de Belas-Artes, conquistando a Medalha de Prata. Com o pensamento no movimento modernista há uma mudança de atitudes em toda uma geração de artistas, sociedade e política; o novo pensamento estético é determinante na construção de uma nova capital federal, pelos olhos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, com os quais conviveu.

Pouco depois Bianco se torna discípulo de Cândido Portinari e, mais tarde, colaborador em várias obras, por dois anos consecutivos, destacando-se desta união o painel Guerra e Paz, para o edifício da Organização das Nações Unidas em Nova York, Estados Unidos.

No decorrer desse processo, Bianco mostra-se sensível ao sentimento da vida e cultura brasileira em temas que norteiam sua pintura. A alegria é contagiante em seu trabalho. Convicto, Bianco diz: "Meus compromissos com a pintura são tantos que várias vidas seriam poucas para satisfazê-los. A minha realidade é o que sou capaz de criar, dentro das minhas necessidades estéticas e com a minha vontade".

Bianco é um artista vitorioso; a coerência, a beleza e a temática de seu trabalho têm demonstrado a relação de amor que ele tem para com o Brasil e para conosco, brasileiros, seus admiradores. Portanto, para nós é uma enorme honra apreciar esta exposição organizada pela Câmara dos Deputados por ocasião do aniversário dos 50 anos da inauguração de Brasília.

Lothar Fidelis Marchand

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Atelier Bianco

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Palavra do curador

"Na plenitude dos seus 92 anos, o pintor Enrico Bianco retrata, com talento e maestria, os valores que engrandecem a sua obra: a paixão pelas mulheres, o amor pela natureza, o respeito pelos trabalhadores anônimos que constroem o Brasil. Esses, os elementos que fazem da pintura de Bianco uma das mais luminosas expressões da arte moderna brasileira."

Marco Maia 1º Vice-Presidente

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Enrico Bianco

"Bianco é um pintor de talento, dos quedesde moço se aprende a respeitar. Nãolimita sua atividade a determinadossetores. Tudo na vida o interessa: o quelhe permite manifestar-se na mais variadatemática. Foge das fórmulas e dosmodismos. Companheiro de Portinari,participou, nos tempos da construção doedifício do Ministério da Educação e Saúde,da ação do grupo dos modernistas quejuntava Mário de Andrade, ManuelBandeira, Carlos Drummond de Andrade,Graciliano Ramos, Oscar Niemeyer, LúcioCosta, Carlos Leão, os irmãos Roberto eAffonso Eduardo Reidy, Villa-Lobos equantos outros aos quais se deve arenovação que teve seu ponto de partidana Semana de 22. Como artista emergenteda tradição erroneamente denominadaacadêmica, a Bianco interessa a figura, apaisagem, a natureza-morta eparticularmente as cenas de campo. Cadatela mostra a maestria dos que se devotamà profissão de pintor-pintor, continuandoa considerar e revelar casos e encontros.”

Pietro Maria Bardi("Artes Plásticas: seus mercados, seus leilões". São Paulo: J. Louzada, 1984)

"Bianco é, antes de qualquer coisa, umpintor. Isso não significa apenas um artista,mas um homem habilitado ao trabalho dascores e dos materiais. Não existem, emtodo o Brasil, cinco (eu falei cinco) pintoresdo nível de Bianco. Em quantos pintoresnacionais a cor apresenta aquela sutileza,a tela torna-se tão objeto, tão coisapalpável? Ele é senhor de seu instrumentode trabalho. Não há improvisação, não hábrincadeira. Coisa rara, estamos diante deum verdadeiro profissional.Visto o primeiro aspecto, vamos ao segundo:Bianco é um artista de profundasensibilidade. A cor no seu trabalho não éapenas uma técnica fria, um instrumentocapaz de ser usado com grosseria. Aocontrário, ela é degustada como uma belamulher, como uma sombra sensível edolorosa. E juro que não é frase: quemnão sente nesses trabalhos onde as luzesse cruzam e interpenetram a dolorosasensibilidade das emoções?(...) Eu diria que é um pintor para os quelêem nas entrelinhas. É artista parasutilezas. Ainda bem que o Brasil temBianco na sua linha de frente.”

Jacob Klintowitz(Parte do texto publicado na "Tribuna da Imprensa", intitulado: "Bianco: Primeira Classe" em 27/11/1970) .

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Enrico Bianco

“(...) E os olhos de um Bianco, não nosdizem também de uma incessante busca,no mesmo sentido dos de Portinari, postoque serenamente?

(...) Esses olhos cuja honestidade artísticaa lente dos óculos não deforma, não sofrem,bem sentimos, das alucinações do olharlouro do mestre de Brodovski, masperseguem a verdade com a mesmafranqueza.”

Vinicius de Moraes(Parte extraída do texto “Olhos de Artistas”, de 1943 ).

"Se não me engano, foi Santa Rosa quem,num daqueles seus desprendimentoscaracterísticos, disse de Portinari que agrande virtude deste era saber as coisaspor fazê-las, quando outros pintoressabiam porque liam. No estrangeiro, umexemplo que me parece semelhante aPortinari e Picasso. Aqui, seria EnricoBianco que, como os outros dois mestres,dá longas, exaustivas explicações, poéticasexplicações sobre a sua arte e a arte emgeral. Acho as afirmativas de Portinariextremamente inteligentes. As explicaçõesde Picasso sobre as suas fases são tambémprofundamente inteligentes.As explicações de Enrico Bianco estão nomesmo ritmo e seguem a mesma linha depoesia, a clara poesia imanente às teoriasque nos parecem corretas.”

Millôr Fernandes(Parte do texto publicado na Revista "O Crizeiro", titulada como "Dentro do Caos", em 12/09/1946)

"A pintura de Bianco tem a força de seus 92 anos bem vividos. É um primor. Para mim, em especial, ele trabalha o verde como ninguém. Nas paisagens, o vento adquire uma dinâmica única e sopra na tela, dando uma sensação de movimento que nos entretém e emociona. Excelente iniciativa da Câmara dos Deputados em exaltar esse grande artista e cidadão brasileiro."

Deputado Otavio Leite, Líder da Minoria no Congresso Nacional, PSDB/RJ

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Vaso de Flores | 100x70cm | Óleo sobre tela | 2009

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Flores com paisagem | 70x50cm | Óleo sobre duratex | 1998Vaso com flores e cavalos | 25x35cm | Óleo sobre duratex | 1998

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Flores | 80x60cm | Óleo sobre tela | 2008

Flores | 45x60cm | Óleo sobre duratex | 1997


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Laranjal | 80x98cm | Óleo sobre tela | 2010

Trigal | 80x100cm | Óleo sobre tela | 2009


Cristo | 60x120cm | Óleo sobre tela | 2009

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Ceia | 100x200cm | Óleo sobre duratex | 1992

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Menino com carneiros

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Menino com carneiros60x80cmÓleo sobre tela2009

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Boiadeiros | 70x100cm | Óleo sobre tela | 2009 Cavalos correndo | 70x110cm | Óleo sobre tela | 2009


Boiada | 100x120cm | Óleo sobre duratex | 1993

Madona | 120x90cm | Óleo sobre duratex | 2000

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Madona com anjos | 100x70cm | Óleo sobre tela | 2008 Madona | 100x76cm | Óleo sobre tela | 2008


"Quanto mais vejo o corpo, mais o sinto existente em si mesmo, proprietário de um segredo, um sentido – labirinto particular, alheio ao ser precário.

Cada corpo é uma escrita diferente e tão selada em seu contorno estrito que a devassá-lo em vão se aflige a mente: não lhe penetra. na textura, o mito.

Trabalho eterno: a mão, o olhar absorto no gesto fulvo e nu da moça andando como flor a mover-se fora do horto.

Só o pintor conhece como e quando o corpo se demonstra na pureza que é negação de tempo e de tristeza.

A esse mestre da pintura como arte da transcendência do real e da vitória sobre o tempo, deixo aqui a minha homenagem nestes versos, que me provocou a contemplação de um de seus nus femininos".

Carlos Drummond de Andrade(Poema e dedicatória extraídos do livro BIANCO LIVRO – DOCUMENTOcom apresentação de Pietro Maria Bardi, pág. 87)

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Nu com Flores | 100x140cm | Óleo sobre duratex | 1992

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Nu com Lavadeiras | 100x130cm | Óleo sobre duratex | 1995Nu com Flores | 80x100cm | Óleo sobre duratex | 1995


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GABINETE DE ARTE – ENRICO BIANCO

REALIZAÇÃOPresidência da Câmara

COORDENAÇÃOCentro de Documentação e Informação

Coordenação de Preservação de Bens Culturais - Museu da Câmara

CURADORIALothar Fidelis

PRODUÇÃOCasimiro NetoMaisa Ferreira

OBRAS CEDIDAS POR:Afrísio Vieira Lima Filho

Christina QueirózEnrico Bianco

Fernando QueirózJosé Umberto da Almeida

Lothar Fidelis

FOTOGRAFIAEvandro França Leonardo Prado

Luiz AlvesNelson Guimarães

PROJETO GRÁFICOEly Borges

DETEC - Seção de Programação Visual

APOIODepartamento Técnico

Espaço Cultural Zumbi dos PalmaresSECOM – Relações Públicas

IMPRESSÃODEAPA – Coordenação de Serviços Gráficos

Enrico Bianco

Espantalho | 104x69cm | Óleo sobre duratex | 1996

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