ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL NO CULTIVO DO … · centesimal e sensorial das mesmas, baseadas na...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL NO CULTIVO DO AGARICUS BLAZEI COM FERRO E ZINCO E ELABORAÇÃO DE PREPARAÇÃO ALIMENTÍCIA COM A FARINHA DO COGUMELO Camila Alliatti Lajeado, março de 2014

Transcript of ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL NO CULTIVO DO … · centesimal e sensorial das mesmas, baseadas na...

  • CENTRO UNIVERSITRIO UNIVATES

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU

    MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

    ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL NO CULTIVO DO AGARICUS

    BLAZEI COM FERRO E ZINCO E ELABORAO DE PREPARAO

    ALIMENTCIA COM A FARINHA DO COGUMELO

    Camila Alliatti

    Lajeado, maro de 2014

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    Camila Alliatti

    ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL NO CULTIVO DO AGARICUS

    BLAZEI COM FERRO E ZINCO E ELABORAO DE PREPARAO

    ALIMENTCIA COM A FARINHA DO COGUMELO

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Ambiente e

    Desenvolvimento, do Centro Universitrio

    UNIVATES, como parte da exigncia para

    obteno do grau de Mestre em Ambiente e

    Desenvolvimento na rea de concentrao

    Tecnologias e Ambiente.

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo Miranda Ethur

    Lajeado, maro de 2014

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    Camila Alliatti

    ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL NO CULTIVO DO AGARICUS

    BLAZEI COM FERRO E ZINCO E ELABORAO DE PREPARAO

    ALIMENTCIA COM A FARINHA DO COGUMELO

    A Banca examinadora abaixo aprova a Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-graduao em Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitrio

    UNIVATES, como parte da exigncia para a obteno do grau de Mestre em

    Ambiente e Desenvolvimento, na rea de concentrao Tecnologias e Ambiente:

    Prof. Dr. Eduardo Miranda Ethur orientador

    Centro Universitrio UNIVATES

    Profa. Dra. Maria Helena Weber

    Universidade Feevale

    Profa. Dra. Simone Morelo Dal Bosco

    Centro Universitrio UNIVATES

    Profa. Dra. Simone Stulp

    Centro Universitrio UNIVATES

    Lajeado, maro de 2014

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    AGRADECIMENTOS

    Especial agradecimento a minha famlia, por todo o incentivo e exemplo de

    vida.

    Ao meu marido Ervin, grata pela compreenso na minha ausncia. Eu sabia

    que sempre estaria l para o que eu precisasse. Essa segurana e parceria me

    fortaleceram e encorajaram.

    Ao meu orientador, Prof. Eduardo, pela tranquilidade, compreenso e amizade

    em todos os momentos.

    A grande amiga Virgnia, presente em todos, verdadeiramente todos os

    momentos, sendo trabalhos braais ou aqueles em que uma boa conversa e risadas

    j serviam de incentivo a no desanimar. Minha gratido especial para ti (e seguem

    os trabalhos!).

    A amiga Greice tenho um agradecimento especial, por todo o conhecimento e

    disponibilidade para me auxiliar nas questes tcnicas. Porm nessas tantas

    conversas tcnicas foram surgindo outras conversas, relacionadas a vida. Te admiro

    muito.

    As meninas do laboratrio Ana, Leandra, Alana e Brbara por compartilhar

    momentos de crescimento pessoal e profissional, alm de boas risadas, conversas e

    chimas.

    Aos colegas do mestrado pelos momentos compartilhados, muitos trabalhos,

    angstias, mas tambm risadas e parcerias.

    Aos tcnicos do Laboratrio de Qumica da Univates, Bruna, Raquel e

    Gabriel, meu agradecimento pela colaborao e pacincia.

    Agradeo a Empresa SLL Cogumelos, pela parceria e estmulo ao

    desenvolvimento deste trabalho.

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    RESUMO

    Entre os vrios tipos de cogumelos, o Agaricus blazei vem se destacando no mercado em funo de seus componentes qumicos e nutricionais, demonstrando ser um potencial alimento. Sendo esse cogumelo, nativo do Brasil, considerado um alimento funcional, importante pensar em alternativas para o seu consumo, visto que, em nosso pas ainda limitada sua utilizao devido ao custo elevado as caractersticas sensoriais, no comuns a grande parte da populao. Assim, este trabalho tem o objetivo de verificar se a adio dos metais ferro e zinco ao substrato de produo do cogumelo Agaricus blazei promove aumento destes nutrientes no produto, bem como elaborar preparaes alimentcias com a farinha do cogumelo. Foi realizada anlise dos metais ferro e zinco no cogumelo inoculado com diferentes propores desses minerais durante o cultivo atravs de Espectometria de emisso ptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). Tambm foram elaboradas preparaes alimentcias com farinha de cogumelo, sendo realizado a anlise centesimal e sensorial das mesmas, baseadas na metodologia do Instituto Adolfo Lutz e AOAC. Esse cogumelo apresentou capacidade de absoro de zinco, com maior resultado na adio de 1600 mg/Kg substrato. O ferro, no entanto, no promoveu bioacumulao, provavelmente, devido sua quantidade no substrato e no cogumelo j serem altas. Com relao aos alimentos, esses apresentaram valor nutricional caracterizado por elevado contedo proteico e de gorduras monoinsaturas e polinsaturas. O contedo de fibras, das preparaes, tambm se mostrou relevante podendo ser considerados alimentos ricos nesse nutriente. Referente a aceitao das preparaes evidenciou-se dados positivos nas quatro preparaes, sendo que destacaram-se as barras 1 e 2. Este trabalho obteve importantes dados referentes a bioacumulao de metais e composio nutricional do Agaricus blazei cultivado no Vale do Taquari. A utilizao da farinha de cogumelo em preparaes alimentcias tambm se apresentou como possibilidade futura para a indstria alimentcia. Palavras-chave: Cogumelo. Agaricus blazei. Farinha de cogumelo.

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    ABSTRACT

    Among the different types of mushrooms, the Agaricus blazei has drawn attention on the market for its chemical and nutritional components, proving to be a potential food source. Native from Brazil, and deemed as a functional food, it is important to consider alternatives to its consumption, since its use in our country is still limited due to cost factors and sensory characteristics, not common to much of the population. Thus, this paper aims not only to check if the addition of iron and zinc metals to the production substrate of the mushroom Agaricus blazei promotes the increase of these nutrients in the product, but also devise food recipes using mushroom flour. An analysis of the iron and zinc metals has been carried out in the mushroom inoculated with different portions of these minerals during cultivation, through Inductively-coupled plasma with optical emission spectrometry (ICP/OES). Food preparations using mushroom flour have also been devised, as well as their centesimal and sensory analysis based on the methodology of Instituto Adolfo Lutz and AOAC. This mushroom showed zinc absorption capacity, with better results when adding 1600 mg/Kg substrate. The iron, however, did not promote bioaccumulation, probably because of its already-high quantity present in the substrate and mushroom. With respect to food, it showed nutritional value characterized by a high content of proteins and polyunsaturated and monounsaturated fats. The fiber content in the food preparations also showed to be relevant, reason why they can be considered as foods high in this nutrient. As for acceptance of food preparations, data was positive in the four preparations, of which bars 1 and 2 stood out. Important data regarding the bioaccumulation of metals and nutritional composition of the Agaricus Blazei was obtained from the one cultivated in the Taquari Valley. The use of the mushroom flour in food preparations also showed future possibilities in the food industry.

    Key-Words: Mushroom. Agaricus blazei. Mushroom flour.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Formatos elaborados para os produtos: barra 1 e 2 ................................ 75

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: biscoito salgado ....................................................................................... 39

    Quadro 2 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: barra 1 ..................................................................................................... 40

    Quadro 3 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: barra 2 ..................................................................................................... 41

    Quadro 4 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: cookie. ..................................................................................................... 42

    Quadro 5 - Composio centesimal biscoito salgado e percentual de adequao da

    RDA ........................................................................................................................... 79

    Quadro 6 - Composio centesimal barra 1 e percentual de adequao da RDA .... 80

    Quadro 7 - Composio centesimal barra 2 e percentual de adequao da RDA .... 80

    Quadro 8 - Composio centesimal cookie e percentual de adequao da RDA ..... 80

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Recomendaes de ferro (mg/dia)........................................................... 33

    Tabela 2 Recomendaes de zinco (mg/dia).......................................................... 34

    Tabela 3 - Anlise de correlao entre zinco e macro e microminerais de cogumelos

    suplementados com diferentes concentraes de zinco ........................................... 59

    Tabela 4 - Concentrao de zinco no cogumelo associada a recomendao diria de

    ingesto (RDA) 10 g de cogumelos desidratados ..................................................... 60

    Tabela 5 - Concentrao ferro (g/g) no cogumelo associada a RDA em 10 g

    cogumelos desidratados............................................................................................ 61

    Tabela 6 - Composio nutricional Agaricus blazei ................................................... 64

    Tabela 7- Composio de minerais do Agaricus blazei ............................................. 65

    Tabela 8 - Composio nutricional do cogumelo produzido com adio de diferentes

    concentraes de zinco ao substrato ........................................................................ 66

    Tabela 9 - Distribuio das gorduras saturadas, mono e polinsaturadas nos

    alimentos com farinha de cogumelo .......................................................................... 78

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Quantidade de zinco (g/g) nos cogumelos produzidos em substratos

    enriquecidos com diferentes concentraes de zinco mg/kg .................................... 51

    Grfico 2 Produo de Agaricus blazei (g) em substratos enriquecidos com

    diferentes concentraes de zinco (mg/kg) ............................................................... 52

    Grfico 3 Concentrao de clcio (mg/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 53

    Grfico 4 - Concentrao de potssio (mg/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 53

    Grfico 5 - Concentrao de cobre (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 54

    Grfico 6 - Concentrao mangans (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 54

    Grfico 7 Concentrao nquel (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 54

    Grfico 8 - Concentrao alumnio (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 55

    Grfico 9 - Concentrao boro (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 55

    Grfico 10 - Concentrao sdio (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 56

    Grfico 11 - Concentrao ferro (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 56

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    Grfico 12 - Concentrao magnsio (mg/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 57

    Grfico 13 Concentrao fsforo (mg/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 57

    Grfico 14 - Concentrao enxofre (mg/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 57

    Grfico 15 - Concentrao cobalto (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 58

    Grfico 16 - Concentrao arsnio (g/g) no cogumelo produzido com diferentes

    concentraes de zinco adicionadas ao substrato .................................................... 58

    Grfico 17 Concentrao de ferro (g/g) em cogumelos produzidos com diferentes

    concentraes de ferro adicionada ao substrato de cultivo ....................................... 61

    Grfico 18 Concentrao zinco (g/g) em cogumelos produzidos com substrato

    enriquecido com diferentes concentraes de ferro (mg/Kg) .................................... 61

    Grfico 19 Pontuao referente ao atributo aparncia nas preparaes com farinha

    de cogumelo .............................................................................................................. 68

    Grfico 20 Pontuao referente ao atributo odor nas preparaes com farinha de

    cogumelo ................................................................................................................... 69

    Grfico 21 Pontuao referente ao atributo sabor nas preparaes com farinha de

    cogumelo ................................................................................................................... 69

    Grfico 22 Pontuao referente ao atributo textura nas preparaes com farinha de

    cogumelo ................................................................................................................... 70

    Grfico 23 Pontuao referente a impresso global nas preparaes com farinha

    de cogumelo .............................................................................................................. 70

    Grfico 24 Pontuao referente ao ndice de aceitao nas preparaes com

    farinha de cogumelo .................................................................................................. 71

    Grfico 25 - Inteno de compra: biscoito salgado ................................................... 72

    Grfico 26 - Inteno de compra: barra 1 .................................................................. 73

    Grfico 27 - Inteno de compra: barra 2 .................................................................. 73

    Grfico 28 - Inteno de compra: cookie ................................................................... 74

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABM - Agaricus blazei Murril

    ANVISA - Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    CEPA - Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de Passo Fundo

    DRIs - Dietary Reference Intakes

    EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    FAO - Food and Agricultural Organization

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas

    INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

    MAPA - Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    MS - Ministrio da Sade

    OMS - Organizao Mundial da Sade

    ONU - Organizao das Naes Unidas

    RDA - Recomendao diria de alimento

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    RDC Resoluo

    RS - Rio Grande do Sul

    USA - United States of America

    UV-B - Ultravioleta B

    WHO - World Health Organization

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    LISTA DE SMBOLOS

    g micrograma

    cm - centmetro

    Fe ferro

    FeSO4 - sulfato ferroso

    g grama

    kg quilograma

    mg miligrama

    C - graus Clsius

    ppm - partes por milho

    Zn zinco

    ZnSO4 - sulfato de zinco

    beta

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................... 16 1.1 Justificativa ................................................................................................................ 18 1.2 Objetivos .................................................................................................................... 20 1.2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 20 1.2.2 Objetivos especficos ............................................................................................. 21

    2 FUNDAMENTAO TERICA ..................................................................................... 22 2.1 Cogumelos ................................................................................................................. 22 2.2 Forma de produo ................................................................................................... 23 2.3 Aspectos produtivos e de consumo no Brasil ........................................................ 24 2.4 Aspectos nutricionais e benefcios de consumo ................................................... 26 2.5 Minerais ...................................................................................................................... 30

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ....................................................................... 36 3.1 Etapa 1: preparo do substrato de cultivo e processo produtivo ........................... 36 3.2 Etapa 2: adio dos sais sulfato ferroso e sulfato de zinco ao substrato, semeadura e colheita ...................................................................................................... 37 3.3 Etapa 3: anlise dos metais ferro e zinco nos cogumelos .................................... 38 3.4 Etapa 4: elaborao dos produtos com a farinha de cogumelo ............................ 38 3.5 Estimativa do custo alimentar .................................................................................. 42 3.6 Etapa 5: Anlise sensorial ........................................................................................ 43 3.6.1 Formao da equipe sensorial .............................................................................. 43 3.6.2 Teste de aceitao pela escala hednica ............................................................. 44 3.6.3 Teste de escala de atitude ou de inteno de compra ........................................ 44 3.7 Etapa 6: anlise centesimal das preparaes ......................................................... 44 3.7.1 Anlise de protenas .............................................................................................. 45 3.7.2 Determinao de lipdios: extrao por solvente a quente ................................ 45 3.7.3 Cinzas ...................................................................................................................... 46 3.7.4 Anlise de umidade por dessecao em estufa a 105C .................................... 46 3.7.5 Anlise de carboidratos ......................................................................................... 47 3.7.6 Anlise de fibras ..................................................................................................... 47 3.7.7 Valor calrico .......................................................................................................... 47 3.8 Anlise estatstica ..................................................................................................... 48

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    4 RESULTADOS E DISCUSSO...................................................................................... 49 4.1 Enriquecimento do substrato de cultivo do Agaricus blazei com zinco .............. 49 4.2 Enriquecimento do substrato de cultivo do Agaricus blazei com ferro ............... 60 4.3 Anlise centesimal do Agaricus blazei .................................................................... 61 4.2.1 Anlise centesimal do cogumelo produzido com adio de zinco ao substrato .......................................................................................................................... 65 4.3 Anlise sensorial das preparaes com a farinha de cogumelo .......................... 66 4.3.1 Inteno de compra................................................................................................ 71 4.3.2 Formato do produto ............................................................................................... 74 4.4 Anlise centesimal das preparaes com farinha de cogumelo ........................... 75 4.5 Estimativa custo alimentar das preparaes .......................................................... 81

    5 CONCLUSO ................................................................................................................ 82

    REFERNCIAS ................................................................................................................. 85

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    1 INTRODUO

    Agaricus blazei, conhecido popularmente como cogumelo do sol, uma

    espcie que possui importantes caractersticas nutricionais e funcionais, devido a

    sua composio qumica e nutricional, como tambm possui aspectos relevantes ao

    ambiente por degradar rejeitos vegetais de difcil decomposio. Foi descoberto em

    1960 por Takatoshi Furumoto um produtor e pesquisador da cidade de Piedade,

    Estado de So Paulo, que o enviou para o Japo em 1965, para investigao. Foi

    identificado como Agaricus blazei Murrill (ABM) pelo botnico belga Heinemannem

    1967 (MIZUNO et al., 1990).

    Pela sua composio nutricional demonstra ser uma potencial fonte alimentar,

    devido ao baixo teor de carboidratos (complexos) e gorduras (em sua maioria

    polinsaturadas), alm de possuir significativas quantidades de protenas, vitaminas e

    minerais (SHIBATA e DEMIATE, 2003).

    Associado a isto, existe uma demanda populacional com evidentes carncias

    nutricionais, exacerbada pelo estilo de vida contemporneo, com excesso de

    consumo de alimentos industrializados e pobre em nutrientes, como tambm a

    desnutrio est presente em vrias regies do mundo. Segundo dados

    epidemiolgicos brasileiros, h uma tendncia a obesidade nos diferentes grupos

    etrios e classes sociais, sendo que a maior velocidade de crescimento est nas

    famlias mais pobres, referindo ainda que obesidade e desnutrio coexistem. Para

    tanto o Governo Federal est implementando um Plano Intersetorial de Preveno e

    Controle da Obesidade, que dentre seus objetivos visa melhorar o padro de

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    consumo de alimentos da populao brasileira e revalorizar o consumo dos

    alimentos regionais, preparaes tradicionais e promover o aumento da

    disponibilidade de alimentos adequados e saudveis populao (BRASIL, 2012).

    Para tanto, ampliar as possibilidades de consumo de alimentos encontrando

    alternativas mais atrativas e melhorar sua composio, so estratgias para

    aumentar o consumo alimentar destes. Desta forma a bioacumulao uma

    estratgia interessante para ser usada no desenvolvimento de alimentos mais

    nutritivos, visto que caracteriza-se como a habilidade das clulas ou microrganismos

    vivos de absorver metais de uma soluo (KADUKOV e VIRCKOV, 2005).

    Mediante incremento de nutrientes ao substrato de crescimento do cogumelo,

    associado a elaborao de novas preparaes para o produto final, pretende-se

    ampliar as possibilidades de consumo desse alimento. Porm, somente um alimento

    mais nutritivo no indicativo de consumo. O sabor influencia o processo de

    escolha, sendo necessrio ento verificar, atravs de anlise sensorial, a percepo

    das pessoas em relao aos alimentos desenvolvidos.

    Esta pesquisa est sendo realizada em colaborao com a Empresa SLL

    Cogumelos, da cidade de Teutnia, Rio Grande do Sul. A empresa possui nove anos

    de funcionamento, sua produo anual de 1,2 toneladas, tendo como produtos o

    cogumelo desidratado, em p e encapsulado. A empresa possui interesse em

    desenvolver um produto diferenciado dos demais existentes no mercado, mediante

    incremento de nutrientes ao cultivo do Agaricus blazei, e ampliar a linha para

    produtos que possuam configurao de alimento, visto que a maioria das vendas da

    empresa de cogumelos em cpsulas que, mesmo sendo um suplemento alimentar,

    possui a conotao de medicamento.

    Neste sentido esta dissertao compreende duas partes distintas: o

    enriquecimento de cogumelos com metais durante a produo e a formulao de

    alimentos com farinha de cogumelo produzido convencionalmente, isto , sem o

    enriquecimento por metais.

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    1.1 Justificativa

    Sendo o cogumelo Agaricus blazei, nativo do Brasil, considerado um alimento

    com caractersticas benficas para a sade, importante pensar em alternativas

    para aumentar o seu consumo, pois ainda no existe, em nosso pas, o costume do

    consumo desse alimento, devido ao seu custo elevado (EMBRAPA, 2008). Ainda

    salienta-se o fato de ser um alimento com caractersticas sensoriais peculiares,

    possibilitando inmeras opes culinrias para o produto.

    As tecnologias relacionadas aos microrganismos esto em plena expanso

    (LIMA et al., 2001). Segundo Helm-Ziliotto (1995), as bactrias e fungos podem vir a

    ser as melhores opes proteicas para alimentao. Associado ao fato da populao

    mundial estar crescendo, mesmo que num ritmo menor que no sculo 20, agrava-se

    o problema da alimentao, devido a questes econmicas e ambientais de

    produo (ONU, 2013). Neste sentido os cogumelos podem ser importantes aliados

    na resoluo de muitos problemas, desde o aproveitamento de resduos

    agroindustriais at a produo de medicamentos utilizados no combate diversas

    doenas (HERRERA, 2001).

    O Brasil passa por uma transio nutricional, com diminuio gradual da

    desnutrio e aumento do sobrepeso e obesidade (ESCODA, 2002; COUTINHO,

    GENTIL e TORAL, 2008). Este fato por sua vez no representa necessariamente

    uma populao bem nutrida, pois segundo dados indicados na Poltica Nacional de

    Alimentao e Nutrio (BRASIL, 2012), a dieta habitual dos brasileiros alm do

    bsico arroz e feijo est fortemente caracterizada pela presena de alimentos ultra-

    processados, com altos teores calricos, de gorduras, sdio e acares e baixo teor

    de micronutrientes.

    Esta realidade se expressa nos dados relativos ao excesso de peso em 2011

    no Brasil, onde a proporo de pessoas acima do peso avanou de 42,7%, em 2006,

    para 48,5%. No mesmo perodo, o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8%

    (BRASIL, 2012), sendo que a mdia mundial est em 12% (OMS, 2012). Considera-

    se a obesidade um problema de sade pblica, caracterizada como epidemia

    mundial, duplicou entre 1980 e 2000, sendo os maiores percentuais encontrados nas

    Amricas chegando, em alguns pases, a sobrepeso de 62% e obesidade 26%,

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    como refere o Relatrio da Organizao Mundial da Sade (2012).

    As patologias, segundo Melucci (2004), esto exacerbadas pelo

    comportamento assumido no dia-a-dia, onde o tempo no faz mais distino entre o

    individual e ritmo social coletivo, isto , as pessoas esto assumindo posturas

    mecanizadas, sem levar em considerao a individualidade, o seu ritmo. Esta

    adaptao reflete, por exemplo, no tempo dispensado para alimentar-se e no tipo de

    alimento escolhido.

    Esses novos hbitos alimentares, relacionados ao estilo de vida, esto

    atrelados a um modelo de desenvolvimento que estimula o consumo de alimentos

    ultra-processados e refletem uma populao deficiente de nutrientes essenciais.

    Segundo Leo e Santos (2012), mediante reviso de artigos dos ltimos 11 anos,

    nas principais bases de dados cientficos, existem evidncias de que micronutrientes

    como vitaminas A, C, E e D, clcio e zinco, esto envolvidos em processos

    metablicos e endcrinos importantes no que diz respeito a gnese/controle do

    excesso de peso.

    As carncias nutricionais j so parcialmente contempladas por programas

    governamentais no Brasil, por ainda se apresentarem como problemas de sade

    pblica, como so os casos da hipovitaminose A e deficincia de ferro (BRASIL,

    2012).

    Sabe-se da multifatoriedade das causas da obesidade e desnutrio, devido

    s mesmas estarem relacionadas ao padro atual de consumo de alimentos

    industrializados, ricos em alguns componentes e pobres em outros (BEZERRA e

    SICHIERI, 2011). Devido ao estilo de consumo, caracterizado por excessos ou falta

    de alimentos, uma parte da populao, brasileira e mundial, apresenta deficincia de

    vrios micronutrientes, tanto os desnutridos como os obesos, sendo importante o

    desenvolvimento de opes alimentares mais nutritivas e atrativas. O cogumelo,

    neste sentido, uma opo que contempla parte dessas deficincias, no sendo

    ainda largamente utilizado pela populao devido ao alto valor de mercado.

    Salienta-se ainda que as estratgias devem ser pensadas para toda a

    populao, pois no somente indivduos com excesso de peso possuem hbitos

    alimentares inadequados, mas a sociedade como um todo est adotando uma

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    alimentao favorvel ao ganho de peso (BEZERRA e SICHIERI, 2011).

    Em contrapartida verifica-se que a populao do Brasil est envelhecendo,

    segundo dados do Censo Demogrfico de 2010, h um estreitamento da base da

    pirmide etria brasileira e alargamento do topo, indicando maior longevidade

    (IBGE, 2009). Os dados mostram tambm aumento da mdia de escolaridade na

    populao, evidenciando assim que o perfil populacional brasileiro est se formando

    no sentido de uma populao com mais idade e escolaridade. Esta realidade

    associa-se bem s tendncias de consumo, explicitada por Ventura (2010), quando

    refere um aumento da demanda por produtos e servios orientados a uma vida mais

    saudvel. Neste sentido verifica-se que existe possibilidade de crescimento no

    mercado dos cogumelos, visto suas propriedades benficas sade, atrelado ao

    fato de haver uma populao com maior interesse neste tipo de produto.

    A utilizao das tecnologias de mecanismos naturais, mediante

    esclarecimento das modificaes que desenvolvem nos alimentos, so aspectos

    relevantes ao meio cientfico. O desenvolvimento de opes alimentares tendo como

    base o cogumelo pode ser uma forma de melhorar a aceitao deste produto, visto

    que no um alimento de paladar comum a grande parte da populao, sendo seu

    maior consumo na forma de comprimidos ou cpsulas.

    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivo geral

    Analisar o efeito da adio dos sais sulfato ferroso e sulfato de zinco na

    produo do cogumelo Agaricus blazei e desenvolver preparaes alimentcias com

    a farinha do cogumelo.

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    1.2.2 Objetivos especficos

    -Realizar anlise dos metais ferro e zinco no cogumelo inoculado com

    diferentes propores destes durante o cultivo.

    -Elaborar preparaes alimentcias com a farinha do cogumelo sem

    enriquecimento de metais.

    -Realizar anlise centesimal das preparaes (carboidratos, protenas,

    gordura, cinzas e fibras).

    -Analisar o custo alimentar das preparaes.

    -Aplicar teste sensorial dos produtos resultantes para verificar aceitao de

    consumo e inteno de compra.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 Cogumelos

    Os cogumelos se caracterizam por serem fungos macroscpicos (TRABULSI

    et al., 2002). Embora alguns fungos sejam unicelulares, a maioria so pluricelulares

    formados por filamentos conhecidos como hifas, sendo o conjunto de hifas chamado

    de miclio (RAVEN, 2007).

    Os fungos so desprovidos de clorofila e no realizam fotossntese, devem

    absorver os nutrientes dissolvidos no ambiente, isto , sua nutrio se d atravs da

    absoro (PELCZAR et al., 1997). Caracterizam-se por serem saprfitas, utilizam

    substncias orgnicas em decomposio para sobreviver. Para a sua nutrio do

    preferncia para carboidratos simples como a glicose, entretanto outros acares,

    mesmo os mais complexos, podem ser utilizados. Ressalta-se ainda que eles

    necessitam tambm de substncias nitrogenadas, gua, mineirais e vitaminas para

    sobreviver (TRABULSI et al., 2002). Possuem ainda uma caracterstica que os

    diferencia das bactrias, pois so capazes de metabolizar carboidratos complexos

    como lignina (madeira) (TOTORA, FUNKE e CASE, 2005).

    Das espcies de fungos conhecidos, 12.000 so consideradas cogumelos,

    sendo que destas pelo menos 2.000 so comestveis. No mundo cerca de 35

    espcies so cultivadas comercialmente e 20 em escala industrial (SANCHEZ,

    2004).

    Dentre os vrios tipos de cogumelos uma espcie vem se destacando no

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    mercado em funo de suas caractersticas. Seu nome cientfico Agaricus blazei,

    conhecido popularmente como cogumelo do sol. Foi descoberto em 1960 por

    Takatoshi Furumoto um produtor e pesquisador da cidade de Piedade/So Paulo,

    que o enviou para o Japo em 1965, para investigao. Foi identificado como

    Agaricus blazei Murrill pelo botnico belga Heinemannem 1967 (MIZUNO et al.,

    1990). Faz parte da categoria dos Basiodomycota (TRABULSI et al., 2002).

    Segundo Braga (1998) a especificao sistemtica de classificao do

    Agaricus blazei a seguinte:

    - Diviso: Basidiomycota;

    - Sub-diviso: Homobasidiomycetidae;

    - Ordem: Agaricales;

    - Famlia: Agaricaceae;

    - Gnero: Agaricus;

    - Espcie: Agaricus blazei.

    2.2 Forma de produo

    A primeira tcnica que os chineses empregaram para produzir cogumelos

    consistia em encontrar troncos de rvores cados na floresta e coloc-los prximos

    aos troncos frutificados, que, por sua vez, eram expostos ao vento, para capturar os

    esporos. Eventualmente, fragmentos de cogumelos eram colocados dentro ou sobre

    os troncos. No Ocidente, em Bonnefons na Frana, iniciou-se a produo de

    cogumelos em substrato com esterco de cavalos e resduos midos. Naquela poca,

    acreditava-se que a semente dos cogumelos estava presente no esterco dos

    cavalos. A germinao de esporos se dava em troncos de rvores, que eram

    plantados cobertos com esterco de cavalo e terra, crescendo assim os cogumelos

    (HERRERA, 2001). A partir de 1950, a inoculao de sementes puras tornou-se

    amplamente aplicada e em 1960, a inoculao natural de esporos e miclio tomou

    lugar completamente. No final da dcada de 70, veio a segunda maior mudana,

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    com a popularizao do uso da serragem, do farelo de arroz e de trigo como

    substratos e de sacos de plsticos como recipientes. Esta tcnica, chamada de

    cultivo na serragem, resultou em grande aumento da produo e contribuiu para a

    preservao dos recursos florestais. Antes da dcada de 1980, os principais

    materiais para cultivo de fungos comestveis eram rvores e seus resduos. Contudo,

    o desenvolvimento desta tcnica estava na direo contrria ao balano ecolgico

    das florestas. Deste modo, iniciou-se uma pesquisa com novos substratos para o

    cultivo, tais como bagao, palha de arroz, carapaa da semente de algodo, caule

    de trigo, folha de bananeira e outras espcies vegetais (URBEN, 2004).

    Algumas possibilidades esto surgindo, no campo da fortificao de alimentos

    complementares, como estratgias relacionadas fertilizao do solo, tcnicas de

    engenharia e outras que visam aumentar o contedo de determinados

    micronutrientes na dieta (SANT'ANA, 1998).

    No cultivo de Agaricus sp., podem ser aproveitados resduos agroindustriais

    como substratos base de palha de trigo, palha de arroz, gramneas e cana-de-

    acar. De acordo com Eira e Minhoni (1997), todo o composto para o cultivo de

    cogumelos tem como regra o componente volumoso e fibroso base de palhas de

    capim e outros materiais fibrosos, ricos em carbono e pobres em nitrognio.

    Portanto, o composto deve ser previamente suplementado com materiais

    concentrados como farelos e tortas.

    Foi observado que o substrato suplementado com 20% de farelo de trigo

    proporciona as maiores massas micelianas e velocidade de crescimento para

    Agaricus blazei, e na concentrao de 10%, o farelo de milho ocasiona maior

    velocidade de crescimento da linhagem comparado aos farelos de trigo, arroz e soja

    na mesma concentrao (DONINI, BERNARDI e NASCIMENTO, 2006).

    2.3 Aspectos produtivos e de consumo no Brasil

    O Brasil se destaca como o maior produtor mundial de Agaricus blazei, por

    ser uma espcie nativa e apresentar as condies climticas favorveis para o

    cultivo (TOMIZAWA et al., 2007).

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    O consumo de cogumelos por ano no Brasil ainda muito baixo quando

    comparado a outros pases, cerca de 30 gramas por habitante. Na Amrica Latina

    estima-se que seja consumido 125 gramas per capita/ano. Na Frana o consumo

    de 2 kg por habitante, na Itlia, cerca de 1,3 kg, e na Alemanha o consumo alcana 4

    kg, na Finlndia de 0,5 a 2 kg, na Repblica Tcheca cerca de 10 kg e na Inglaterra

    120 gramas por pessoa ao ano (EMPRAPA, 2008; DE ROMAN, BOA e

    WOODWARD, 2006; SISAK, 2007). Este aspecto j foi evidenciado por Braga

    (1998), quando referiu um consumo pequeno do brasileiro quando comparado ao

    consumo europeu, porm ressaltando que a procura estava aumentando devido seu

    valor nutricional e propriedades medicinais.

    A prtica do cultivo de cogumelos foi estimulada pelos japoneses e chineses

    que, na metade do sculo XX, chegaram ao Brasil, especialmente no Estado de So

    Paulo (DIAS, 2010; MEIRELLES, 1998). A sua expanso de consumo ainda

    limitada ao fato do valor de mercado deste produto, estando limitada ao consumo de

    populaes com maior poder aquisitivo (DIAS, ABE e SCHWAN, 2004). Porm

    vrios fatores tm contribudo para o aumento de consumo desse alimento, sendo

    um deles o aumento da conscincia dos consumidores que, desejando melhorar a

    qualidade de vida, optam por hbitos mais saudveis de consumo (MORAES e

    COLLA, 2006).

    Segundo o ltimo Censo Agropecurio do Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica (IBGE), no ano de 2006, a produo de cogumelos no Brasil foi de 5.894

    toneladas, em 386 estabelecimentos, movimentando 29.870 milhes de reais (IBGE,

    2009), sendo a maior parte da produo destinada exportao. Na Amrica Latina,

    no perodo de 1995 a 2001, houve aumento de 31% da produo, representando

    apenas 1,3% do total de cogumelos produzidos no mundo (TOMIZAWA, 2007).

    Os cogumelos so comercializados em vrios pases como suplemento

    diettico, na forma de cpsulas ou tabletes, como tambm mediante o uso de seu

    extrato na composio de nutracuticos (CHANG e BUSWELL, 1996).

    Em sua tese Herrera (2001) analisa aspectos da produo de cogumelos

    Agaricus blazei atravs das peculiaridades da cadeia produtiva no Brasil, suas inter-

    relaes, associando: mercado, perfil do consumidor, custos sustentabilidade e

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    eficincia energtica. Salienta que existem inmeras oportunidades para o setor,

    sendo que a diversidade da linha de produtos com agregao de valor foi

    considerada das mais importantes. Refere ainda, que existe neste mercado um

    despreparo para a produo de produtos diferenciados, referindo as potencialidades

    do cogumelo em agregar valor a outros produtos, tambm podendo melhorar e gerar

    novas dinmicas no meio rural.

    Novas perspectivas so levantadas por Largeteau et al. (2011) num artigo de

    reviso em que analisa vrios aspectos que envolvem o Agaricus blazei, salientando

    seus potenciais de alto valor nutritivo, potencial para a indstria, produo de

    enzimas e na agricultura para o controle de patgenos de plantas, sendo uma

    alternativa utilizao de qumicos nocivos.

    Os cogumelos possuem aspectos benficos na cadeia alimentar na medida

    em que decompem vegetais mortos reciclando elementos vitais (TORTORA,

    FUNKE e CASE, 2005). Os substratos de produo vem normalmente de resduos

    agroindustriais, considerados fluxo de energia perdido ou reciclado na agricultura,

    retornando ao ciclo produtivo como protena (HERRERA, 2001).

    2.4 Aspectos nutricionais e benefcios de consumo

    O Agaricus blazei passou a ser estudado por possuir vrios compostos

    biologicamente ativos como polissacardeos, glicoprotenas e propriedades

    antioxidantes, alm de serem apreciados por suas caractersticas sensoriais. Os

    cogumelos comestveis so, em geral, alimentos de alto valor nutricional,

    apresentando de 19 a 35% de protenas, podendo chegar a 38%, sendo rico em

    lisina e leucina. Do total de gorduras 72 a 85% so polinsaturadas, apresentam

    baixos ndices de carboidratos. Possuem ainda fibras e vitaminas como tiamina,

    riboflavina, niacina, biotina, vitamina C, vitaminas complexo B e minerais. Sua

    composio qumica varia de acordo com a espcie e a linhagem avaliada (EIRA e

    MINHONI, 1997; CHANG e BUSWELL, 1996; AQUARONE et al., 2001).

    Segundo Mizuno et al. (1990), o corpo de frutificao do Agaricus blazei

    apresenta 6-8% de fibras, 5-7% de minerais e 3-5% de gordura, todos medidos em

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    base seca. O alimento contm, ainda, as vitaminas B1, B2 e niacina.

    Anlise em 100 g de cogumelos Agaricus blazei seco do Departamento de

    Biologia da Universidade Federal de Lavras verificou a seguinte composio:

    umidade 9,67%, lipdios 1,48%, protenas 30,13%, cinzas 9,37%, fibra bruta 14,57%,

    glicdios 34,78%, cobre 61,88 g, zinco 86,90 g, ferro 79,13 g (OLIVEIRA et al.,

    1999).

    Analisando sua composio nutricional verificam-se importantes relaes na

    distribuio de nutrientes, apresentando baixas concentraes de gorduras e

    elevadas em protenas, como a presena de minerais e vitaminas. Alm desse

    aspecto outras funes benficas ao organismo so relatadas na literatura, sendo

    fator de estmulo aos consumidores deste alimento.

    Seus atributos medicinais tem sido reconhecidos a tempos pelas culturas

    orientais, especialmente China e Japo (CHANG e BUSWELL, 1996), sendo que os

    autores referem um mercado em expanso para produtos nutracuticos.

    Pela definio da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), na

    Resoluo n 272/2005, cogumelo comestvel o produto obtido de espcie de

    fungo comestvel, tradicionalmente utilizada como alimento. Pode ser dessecado,

    inteiro, fragmentado, modo ou em conserva, submetido a processo de secagem,

    defumao, coco, salga, fermentao ou outro processo tecnolgico considerado

    seguro para a produo de alimentos (BRASIL, 2005).

    Os cogumelos comestveis desidratados nas formas de cpsulas, tabletes e

    comprimidos esto enquadrados, segundo a ANVISA, como novo alimento e devem

    atender a Resoluo n 16 de 30 de abril de 1999 (BRASIL, 1999). permitido o uso

    de alegaes de propriedades funcionais para este tipo de produto, sendo

    comprovada a presena de algum dos elementos aprovados conforme RDC n 19,

    de 30 de abril de 1999, a qual prev os procedimentos para registro de alimento com

    alegao de propriedades funcionais e ou de sade (BRASIL, 1999), sendo possvel

    utilizar esta denominao na embalagem do produto.

    Do ponto de vista legal, constata-se que os alimentos funcionais e

    nutracuticos possuem conceituaes semelhantes em muitas partes do mundo,

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    persistindo dificuldade de regulamentao dos termos, pois deve ser mantida a

    diferena fundamental, que faz com que os alimentos funcionais se relacionem

    venda e consumo dos mesmos como alimentos, ao passo que os nutracuticos so

    ingredientes funcionais isolados e consumidos sob diferentes formas, dadas pela

    indstria farmacutica (MORAES e COLLA, 2006).

    Um alimento considerado funcional quando, alm de seu valor nutritivo

    estabelecido, possui algum componente com comprovado benefcio sade, ou

    melhora na qualidade de vida, sendo que a primeira definio aceita mundialmente

    de alimentos funcionais foi dada em 1995 pelo International Life Science Institute

    como aqueles alimentos que melhoram ou afetam a funo corporal, alm de seu

    valor nutricional normal (MORAES e COLLA, 2006).

    Como nutracuticos define-se os suplementos alimentares que contm a

    forma concentrada de um composto bioativo do alimento, apresentado

    separadamente da matriz alimentar e utilizado com a finalidade de melhorar a sade,

    em doses que excedem aquelas que poderiam ser obtidas de alimentos (Health

    Canada, 1998).

    Alm da composio nutricional, os componentes funcionais dos cogumelos,

    em especfico da espcie Agaricus blazei, esto sendo pesquisados com relao a

    vrias aes possveis contra doenas.

    Segundo Wani, Bodha e Wani (2010), mediante reviso sobre cogumelos,

    ressaltam que o provrbio de Hipcrates, referente a fazer do alimento um

    medicamento, se adapta a este alimento por seus valores medicinais e nutricionais,

    sendo valiosos para o bem-estar do ser humano.

    orientado o consumo da parte area do cogumelo do sol, sendo atribudo ao

    seu uso tradicional efeito imunoestimulante. indicado seu consumo como auxiliar

    no tratamento do diabetes tipo 2, salientado a cautela em portadores de doenas

    auto imunes ou tratamento com imunossupressores (PANIZZA, VEIGA e ALMEIDA,

    2012).

    A ao antidiabtica, anticolesterolmica e antiaterosclertica foi demonstrada

    em ratos mediante a extrao de -glucanas em gua e sua adminstrao aos

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    animais (KIM et al., 2005). A ao, preveno e controle do diabetes atribui-se a

    presena das fibras solveis presentes nos cogumelos (CHANDALIA et al., 2000),

    principalmente as -glucanas (CAMELINI et al., 2005).

    Estudos demonstraram que o Agaricus blazei pode proteger contra alergia

    (ELLERTSEN e HETLAND, 2009; SONG et al., 2012). O consumo deste cogumelo

    tambm est associado a reduo de citocinas pro-inflamatrias em pacientes com

    colite ulcerativa e doena de Crohn quando ingeriram por 12 dias extrato aquoso

    desta espcie de cogumelos (FORLAND et al., 2011).

    Efeito imunomodulatrio foi observado em clulas humanas (SMIDERLE et

    al., 2011) e efeito antitumoral em ratos (FUJIMIYA et al., 1998; KOBAYASHI, et al.,

    2005), sendo que Novaes et al. (2011), numa reviso da literatura entre 1990 e 2011,

    referencia que existem evidncias de sua ao como coadjuvante em tratamentos

    do cncer de mama.

    Os cogumelos so abundantes em ergosterol, que pode ser convertido em

    vitamina D2 pela irradiao ultravioleta. Assim foi testado o uso de cogumelos

    irradiados com UV-B em um grupo de adultos jovens saudveis com deficincia

    srica de 25-hydroxi-vitamina D, quando comparado a um grupo controle que utilizou

    suplemento de vitamina D. Em cinco semanas de consumo houve melhora nos

    nveis sricos de vitamina D2 em ambos os grupos, demonstrando assim

    biodisponibilidade deste nutriente em cogumelos (URBAIN et al., 2011).

    Cogumelos so fontes naturais de ergosterol, que mediante irradiao

    ultravioleta convertido em colecalciferol, vitamina D3 (JASINGHE e PERERA,

    2006; PHILLIPS et al., 2012). A deficincia de vitamina D est muito relacionada a

    regio geogrfica em que a pessoa encontra-se, estao do ano, hbitos de

    exposio ao sol, uso de roupas e de proteo solar por tempo prolongado e menor

    ingesto de vitamina D (BANDEIRA et al., 2006; PREMAOR e FURLANETTO,

    2006). Nesse sentido o RS, devido suas caractersticas climticas, possui maior

    possibilidade dessa deficincia (SANTOS JUNIOR et al., 2011).

    Cardozo (2012) em estudo in vivo, atravs de poro polissacardea sulfatada

    do Agaricus blazei, observou potencial efeito no herpes cutneo, e evidenciou a

    potencialidade futura deste composto para a indstria farmacutica.

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    O Agaricus blazei uma excelente fonte de antioxidantes, devido aos

    compostos fenlicos presentes (IZAWA e INOUE, 2004; TSAI, TSAI e MAU, 2007;

    MOURO et al., 2001; CARNEIRO et al., 2012).

    Com relao a possvel toxicidade desta espcie de cogumelo Kuroiwa et al.

    (2005), em ensaio com animais, utilizando extrato aquoso por 90 dias, no

    observaram alteraes hematolgicas ou histolgicas nos rgos. Cardozo (2012)

    realizou estudos com pores de polissacardeos extrados de Agaricus blazei, em

    clulas tumorais e clulas normais, verificando efeito citotxico seletivo sobre clulas

    tumorais, salientando que outros estudos referentes a citotoxicidade em outras

    linhagens de clulas normais necessitam ser realizados. Referente a extrato de

    Agaricus sylvaticus, Orsine (2013) observou baixa toxicidade para humanos,

    observando tambm que mais estudos necessitam ser feitos.

    Devido a capacidade dos cogumelos em geral de absoro de metais do solo,

    esta caractersticas pode se apresentar como interferente txico para o consumo

    humano, na medida em que ser dependente do local em que foi cultivado. Assim,

    Garcia et al. (1998) alertam para este fato referindo que os cogumelos,

    especialmente os selvagens, podem apresentar nveis de contaminao de metais

    txicos como arsnio, chumbo, cdmio e mercrio.

    2.5 Minerais

    Os nutrientes so fundamentais ao organismo humano para que todas as

    funes aconteam. Alguns so necessrios numa quantidade maior, os

    macronutrientes (carboidratos, lipdios e protenas), e outros possuem papel tambm

    importante, porm, em quantidades menores, os micronutrientes (vitaminas e sais

    minerais).

    Os minerais so ainda classificados conforme sua necessidade para o

    organismo, podendo ser considerados como macrominerais, aqueles onde a

    necessidade diria de 100 mg/dia ou mais, e os microminerais, ou elementos trao

    e ultra-trao, com necessidades dirias de menos de 100 mg/dia (ANDERSON,

    2002). Assim, Borges et al. (2009) estabeleceram uma classificao referindo aos

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    minerais e elementos trao, como aqueles que possuem funes e recomendaes

    bem estabelecidas e esto presentes em maiores concentraes no organismo,

    sendo os elementos ultra-trao presentes em quantidades menores e apresentam

    funes metablicas e necessidades orgnicas no bem elucidadas. Sendo ento

    divididos da seguinte forma: minerais (clcio, fsforo, magnsio e enxofre),

    elementos trao (ferro, zinco, cobre, cromo, selnio, mangans, molibdnio, flor,

    iodo) e os elementos ultra-trao (cobalto, silcio, vandio, boro, ltio, cdmio, arsnio,

    nquel).

    Estes elementos possuem funes importantes para o bom funcionamento do

    organismo, mesmo que em pequenas quantidades. Entre suas funes bsicas

    esto: constituintes de enzimas, hormnios e secrees, regulam metabolismo

    enzimtico, mantm equilbrio cido-bsico, irritabilidade nervosa e muscular,

    facilitam o transporte pela membrana celular, alm das funes sinrgicas entre si,

    sendo que o excesso ou deficincia de um deles interfere no metabolismo de outro

    (BORGES, 2009).

    Neste sentido, sabe-se que alteraes no consumo de minerais iro

    desenvolver deficincias ou excessos, acarretando modificaes das funes

    normais do organismo, predispondo-o a patologias. O caso da osteoporose, por

    exemplo, reflete como ocorrem as interaes metablicas e que, somente consumir

    clcio em nvel adequado no indicativo de massa ssea dentro das faixas

    normais. Outros nutrientes esto intimamente ligados ao metabolismo sseo, como

    flor, cobre, zinco, potssio, protena, vitamina D e K, oligossacardeos, os quais

    promovem alteraes da homeostase do clcio, estrutura ssea, taxa de

    remodelamento sseo e sistema endcrino (CASHMAN, 2007), assim como o sdio

    consumido em excesso pode aumentar a excreo de clcio urinrio (WEAVER e

    HEANEY, 2003).

    Tambm cabe ressaltar o caso de uma patologia que um dos maiores

    problemas de sade pblica mundiais, a obesidade (OMS, 2012). Suas causas so

    multifatoriais, ligadas a fatores genticos, metablicos, comportamentais e

    ambientais, muitas vezes relacionados a um excesso de consumo alimentar

    associado a uma diminuio na atividade fsica (POPKIN, 2009). Porm carncias

    nutricionais tambm esto sendo associadas ao excesso de peso, isto , somente

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    consumir alimentos em quantidades menores pode no ser o caminho, pois a

    qualidade da ingesto de fundamental importncia (COZZOLINO, 2007). Aspecto

    salientado tambm por Leo e Santos (2012), quando referem que nutrientes como

    vitaminas A, C, E e D, clcio e zinco, esto envolvidos em processos metablicos e

    endcrinos importantes no que diz respeito a gnese e controle do excesso de peso.

    Efeito positivo num experimento em ratos induzidos ao excesso de peso

    demonstrou que o consumo alimentar entre os grupos manteve-se o mesmo, quando

    comparado ao suplementado com Agaricus blazei, sendo que houve aumento da

    atividade de gasto de energia e atividade locomotora, diminuio da lipase

    pancretica, havendo menor absoro de gorduras. A concluso foi de que o uso do

    Agaricus blazei promoveu efeito protetor contra o ganho de peso corporal e dos

    transtornos a ele relacionados (VINCENT et al., 2012).

    O ferro um mineral importante para o crescimento e desenvolvimento da

    criana (WEFFORT e LEITE, 2012), estando presente em 95% dos casos de

    anemias no mundo (WHO, 2001). No Brasil, existem apenas dados regionais

    referentes aos casos de anemias no h um levantamento nacional para o controle.

    Neste sentido um estudo de Jordo, Bernardi e Barros Filho (2009), promoveu um

    levantamento de artigos publicados de 1996 e 2007 sobre o tema e verificou uma

    mdia de 53% de prevalncia de anemia em crianas at 5 anos de idade.

    Cabe considerar que o Programa de Suplementao de Ferro do Ministrio da

    Sade, contempla prioritariamente crianas e gestante (BRASIL, 2004) e possui

    certas dificuldades de adeso, devido ser uma suplementao medicamentosa,

    podendo acarretar esquecimentos de ingesto, associado ao sabor desagradvel

    das formulaes (TADDEI et al., 2011).

    O ferro est associado a funcionalidade de vrios sistemas orgnicos, como

    formao de hemcias, atrofia muscular, reduo de linfcitos T, reduo na

    capacidade antimicrobiana (HENRIQUES e COZZOLINO, 2009), sendo sua

    recomendao evidenciada na Tabela 1.

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    Tabela 1 Recomendaes de ferro (mg/dia)

    RDA (mg/dia)

    Infncia

    0 a 12 meses

    6,9

    Crianas

    1-3 anos

    4-8 ano

    3,0

    4,1

    Meninos/homens

    9-13 anos

    14-18 anos

    + 19 anos

    5,9

    7,7

    6

    Meninas/mulheres

    9-13 anos

    14-18 anos

    19-50 anos

    + 51 anos

    5,7

    7,9

    8,1

    5

    Gestantes

    14-18 anos

    19-50 anos

    23

    22

    Lactao

    14-18 anos

    19-50 anos

    7,0

    6,5

    Fonte: Dietary Reference Intakes (DRIs) (2001).

    Outro mineral com importantes funes no organismo o zinco. Atribui-se a

    este, aes estruturais, enzimticas e reguladoras no corpo. Como funo estrutural

    para clulas e enzimas, cita-se sua necessidade para cerca de 300 enzimas

    efetuarem suas aes. Como regulador est envolvido ativamente na sntese

    proteica, replicao de cidos nuclicos, diviso celular, ao da insulina e de vrios

    hormnios (MAHAN e SCOTT-STUMP, 2002; COZZOLINO, 2009). Cozzolino (2007)

    mostra, em relao ao zinco, que crianas diabticas e obesas apresentam uma

    distribuio bastante prejudicada em relao a ele. Em 48% das crianas obesas, a

    concentrao de zinco no plasma foi inferior ao padro de referncia, enquanto em

    apenas 9,5% das crianas normais o nvel estava baixo. Tabela 2 est a

    Recomendao Diria de Alimento (RDA) para este nutriente.

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    Tabela 2 Recomendaes de zinco (mg/dia)

    RDA

    Crianas

    0-3 anos

    2,5

    Crianas

    4-8 anos

    4,0

    Meninos/homens

    9-13 anos

    14-18 anos

    19 a + de 70 anos

    7,0

    8,5

    9,4

    Meninas/mulheres

    8-13 anos

    14-18 anos

    19 a + 50 anos

    7,0

    7,3

    6,8

    Gestantes

    -18 anos

    + 19 anos

    10,5

    9,5

    Lactentes

    14-18 anos

    + de 19 anos

    10,9

    10,4

    Fonte: DRIs (2001).

    Mesmo sendo a deficincia de ferro um problema de sade pblica, o

    excesso tambm possui consequncias. A ingesto excessiva deste mineral a

    principal causa da hemocromatose, que uma quantidade alta de hemossiderina

    nos tecidos, podendo causar aumento no tamanho do fgado, diabetes,

    hipogonadismo, inflamaes articulares e doena cardaca (HENRIQUES e

    COZZOLINO, 2009).

    O zinco no diferente do ferro no sentido de promover distrbios tanto com

    sua deficincia como em excesso. Neste sentido a ingesto oral do zinco ao ponto

    de toxicidade raro (100 a 300 mg/dia) porm, ele pode interferir na absoro de

    outros minerais, sendo que 2 g/dia ou mais esto associadas a irritao

    gastrointestinal e vmitos. A principal toxicidade com o zinco visto em pacientes

    com deficincia renal tratados com hemodilise (ANDERSON, 2002).

    Existe inter-relao entre os minerais no que se refere a sua absoro. O

    ferro e o zinco apresentam interao direta na biodisponibilidade um do outro.

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    Entretanto, quando ferro e zinco so administrados na presena de alimento este

    efeito no observado, visto que estes elementos podem estar complexados com

    outros componentes alimentares, sendo absorvidos por vias alternativas. Porm em

    orientaes com suplementaes de ferro, recomenda-se atentar para esta relao

    (HENRIQUES e COZZOLINO, 2009).

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    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Esta pesquisa do tipo quantitativa e foi desenvolvida atravs de mtodo

    indutivo, configurando-se um estudo experimental.

    Foi realizada anlise de ferro e zinco no cogumelo que teve, durante sua

    produo, os sais sulfato ferroso (FeSO4) e sulfato de zinco (ZnSO4) adicionados ao

    substrato de produo, bem como, foram elaboradas quatro preparaes

    alimentcias com a farinha do cogumelo.

    Salienta-se que o desenvolvimento deste projeto aconteceu em parceria com

    a empresa SLL Cogumelos, na cidade de Teutnia - RS, sendo que todo o processo

    de cultivo ocorreu na empresa e as anlises nos Laboratrios da Univates,

    Laboratrio Unianlises (Univates), Centro de Pesquisa em Alimentos (CEPA) da

    Universidade de Passo Fundo e Laboratrio do Dr. Michael Grusak, USDA, Houston,

    USA.

    Alguns dados referentes a produo dos cogumelos foram descritas de forma

    qualitativa devido a confidencialidade.

    3.1 Etapa 1: preparo do substrato de cultivo e processo produtivo

    Na empresa SLL Cogumelos so utilizados como substratos para a produo

    dos cogumelos, os seguintes componentes: bagao de cana, palha de trigo ou aveia,

    sulfato de amnia, cloreto de potssio, farelo de soja, cama de frango de corte,

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    carbonato de clcio, gesso, super fosfato simples. As quantidades de cada

    componente no foram mencionadas por ser aspecto confidencial da empresa.

    O preparo do substrato de cultivo etapa fundamental do processo ocorrendo

    as seguintes etapas:

    a) Montagem em pilhas dos componentes;

    b) Umidificao regular;

    c) Viradas dos componentes (durao de 3 semanas);

    d) Pasteurizao em cmara especfica por 15 dias a uma temperatura de 50

    a 60C;

    e) Colocao do substrato em sacos plsticos (neste momento ocorreu a

    adio dos metais;

    f) Semeadura dos fungos: quantidade utilizada de 10 a 12% do substrato;

    g) Aps 20 dias ocorre a cobertura com terra;

    h) Colheita inicia aps 25 dias, aproximadamente, com durao de at 3

    meses.

    3.2 Etapa 2: adio dos sais sulfato ferroso e sulfato de zinco ao substrato,

    semeadura e colheita

    A adio dos sais e semeadura foi feita no dia 22 de Agosto de 2012. O

    estudo foi feito em cinco repeties, sendo as concentraes de ferro de 100, 500,

    1000, 1500 e 3000 mg/kg. Para o zinco foi adicionado ao substrato 10, 25, 100, 400

    e 1600 mg/kg. Com relao ao zinco as quantidades foram baseadas no trabalho de

    Rabinovich, Delmastro e Curvetto (2007), sendo a ltima concentrao, tanto no

    ferro como zinco, em valores bem acima de outros pesquisados, para verificar

    possibilidade de interferncia no desenvolvimento do fungo. O controle foi cogumelo

    produzido nas mesmas condies, local e substrato, porm sem a adio dos

    metais.

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    As concentraes dos metais foram pesadas em balana analtica Mark 210A,

    na Univates, embaladas em sacos plsticos e aps encaminhadas para a empresa.

    No local de cultivo foi pesado 15 kg de substrato em cada saco, sendo aps

    adicionadas as concentraes dos metais em cada saco. Aps os sacos foram

    revirados vigorosamente para que os metais fossem completamente incorporados ao

    substrato. Cada saco foi catalogado e encaminhado para a semeadura com o fungo.

    Em cada saco foram colocados de 10 a 12%, do composto, de fungos. Aps os

    sacos foram dispostos em prateleiras de madeira, em local protegido, estufa rstica,

    sem monitoramento de temperatura e umidade (conforme a empresa executa

    regularmente sua produo).

    Aps 20 dias foi colocada uma camada de terra de cobertura. A colheita foi

    iniciada aps 25 dias, sendo realizada por colaboradores da empresa. A durao da

    colheita de at 3 meses. As amostras dos cogumelos, aps colhidos, foram

    lavados em gua corrente e aps passaram por desidratao numa temperatura de

    45C de 12 a 15 horas. Sendo ento, embaladas em sacos plsticos e rotulados.

    Todas as etapas referidas acima foram realizadas pela empresa, sendo

    somente a adio dos metais desenvolvida pelos pesquisadores.

    3.3 Etapa 3: anlise dos metais ferro e zinco nos cogumelos

    As amostras desidratadas foram trituradas e mantidas em sacos plsticos.

    Foram encaminhadas para o Laboratrio do Dr. Michael Grusak, Houston, USA, para

    anlise por espectometria de emisso ptica com plasma indutivamente acoplado

    (Ciros ICP Modelo FCE12; Spectro, Kleve, Alemanha). A anlise foi realizada com

    cinco repeties. Para controle foi utilizado amostras de cogumelos produzidos no

    mesmo perodo e sob as mesmas condies de cultivo dos cogumelos adicionados

    dos metais.

    3.4 Etapa 4: elaborao dos produtos com a farinha de cogumelo

    As preparaes alimentcias foram feitas agregando percentuais de farinha de

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    cogumelos, produzidos sem adio de ferro e zinco, a uma receita definida, sendo

    que a farinha de cogumelos foi fornecida pela empresa.

    Foram elaboradas quatro preparaes alimentcias, sendo especificadas suas

    composies no Quadro 1, 2, 3 e 4. Os preparos dos alimentos foram feitos no

    Laboratrio de Tcnica Diettica da Univates, sendo realizados dentro dos princpios

    de Boas Prticas de Fabricao de Alimentos.

    Estudo preliminar demonstrou a inviabilidade de se utilizar nveis de farinha

    de cogumelo acima de 10%, pelo sabor acentuado que conferiu as preparaes.

    Quadro 1 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: biscoito salgado

    Ingredientes Composio percentual

    Trigo germinado 43,2

    Farinha de trigo refinada 13,6

    Gergelim em gro 9,1

    Pimento amarelo e vermelho 4,5

    leo de girassol 15,8

    Temperos secos: manjerico,

    tomilho, aafro, pprica

    picante, adobo, pimenta sria,

    organo, manjerona.

    3,6

    Sal iodado refinado 0,2

    Farinha de cogumelo 10,0

    TOTAL 100

    Fonte: Elaborado pela autora.

    O preparo do biscoito salgado seguiu as seguintes etapas: trigo foi colocado

    na gua em temperatura ambiente e deixado de molho por 12 horas, sendo aps

    escorrido em coador plstico e deixado germinar por mais 12 horas, sendo lavado

    vrias vezes durante este perodo. Aps foi processado num liquidificador marca

    Walita, at que virasse uma pasta, sendo mantido em vasilha protegida sob

    refrigerao (at 5C). Os pimentes foram higienizados em gua corrente e aps

    colocados em soluo clorada a 200 ppm por 15 minutos, sendo aps lavados em

    gua corrente novamente. Foram picados e colocados em uma frigideira

    antiaderente juntamente com os temperos secos citados no Quadro 1. Em

    temperatura baixa foram levemente aquecidos sendo aps acrescentado o leo de

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    girassol. Aps ter esfriado foi colocada em vidro com tampa e acondicionada em

    refrigerador por 12 horas. O preparo a seguir consistiu da mistura de todos os

    ingredientes em bancada de inox, sendo aps amassado manualmente e feito os

    biscoitos cortados em tiras de aproximadamente 5 cm de comprimento por 1 cm de

    largura. Uma parte do gergelim foi salpicada por cima dos biscoitos. Aps foram

    colocados em formas de inox e levados ao forno a 45C por 1 hora. Aps esfriarem

    foram acondicionados em sacos plsticos prprios para alimentos.

    Quadro 2 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: barra 1

    Ingredientes Composio percentual

    Uva passa preta 20,8

    Uva passa branca 6,9

    Ameixa preta 20,2

    Amndoas 17,4

    Castanha de caju 4,2

    Gergelim gro 4,9

    Amendoim 5,2

    Linhaa hidratada 3,4

    Agar agar 6,9

    Sal iodado refinado 0,1

    Farinha de cogumelo 10,0

    TOTAL 100

    Fonte: Elaborado pela autora.

    O preparo da barra 1 seguiu as seguintes etapas: foram trituradas, num

    processador marca Walita, a uva passa preta, uva passa branca e a ameixa. A

    castanha de caju, amndoas, gergelim e o amendoim foram torrados em

    temperatura de 45C por 1 hora em forno eltrico com circulao de ar, sendo aps

    batidos grosseiramente no liquidificador. A linhaa foi colocada em gua por 1 hora.

    O agar agar foi desmanchado em gua fervente. Aps, todos os ingredientes foram

    misturados manualmente em vasilha de inox, sendo acondicionados em travessa de

    vidro, cobertas com plstico filme, levados ao refrigerador por 2 horas. Aps foram

    cortadas em quadrados de 2 cm por 2 cm e levadas ao forno eltrico a 45C por 1

    hora e 30 minutos. Deixadas esfriar e acondicionadas em sacos plsticos para

    alimentos.

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    Quadro 3 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: barra 2

    Ingredientes Composio percentual

    Uva passa preta 16,7

    Uva passa branca 16,7

    Ameixa preta 10,4

    Amndoas 17,6

    Castanha de caju 6,0

    Amendoim 6,0

    Gergelim 6,0

    Linhaa hidratada 4,0

    Cacau em p 3,8

    Cardamomo em p 0,01

    Agar agar 7,8

    Farinha de cogumelo 5,0

    TOTAL 100

    Fonte: Elaborado pela autora.

    O preparo da barra 2 seguiu as seguintes etapas: foram trituradas, num

    processador marca Walita, a uva passa preta, uva passa branca e a ameixa. A

    castanha de caju, amndoas, gergelim e o amendoim foram torrados em

    temperatura de 45C por 1 hora em forno eltrico com circulao de ar, sendo aps

    batidos grosseiramente no liquidificador. A linhaa foi colocada em gua por 1 hora.

    O agar agar foi diludo em gua fervente. Aps, todos os ingredientes foram

    misturados manualmente em vasilha de inox, sendo acondicionados em travessa de

    vidro, cobertos com plstico filme, sendo levados ao refrigerador por 2 horas. Aps,

    as barras, foram cortadas em quadrados de 2 cm por 2 cm e levadas ao forno

    eltrico a 45C por 1 hora e 30 minutos. Deixadas esfriar e acondicionadas em sacos

    plsticos para alimentos.

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    Quadro 4 - Composio percentual da preparao alimentcia com farinha de

    cogumelo: cookie.

    Ingredientes Composio percentual

    Aveia em Lminas 15,0

    leo de girassol 13,5

    Cacau em p 8,2

    Farinha de trigo integral 9,0

    Castanha de caju 7,4

    Acar mascavo 15,0

    Linhaa hidratada 15,0

    Fermento em p qumico 0,9

    Canela em p 0,9

    Agar agar 5,1

    Farinha de cogumelo 10,0

    TOTAL 100

    Fonte: Elaborado pela autora.

    O preparo dos cookies seguiu as seguintes etapas: a castanha de caju foi

    processada num liquidificador. A linhaa foi hidratada em gua por 2 horas. O agar

    agar foi diludo em gua fervente. Aps, todos os ingredientes secos foram

    misturados manualmente em vasilha de inox, sendo em seguida adicionado o leo

    de girassol, a linhaa hidratada e o agar agar hidratado. Aps a massa foi modelada

    numa bancada de inox e cortada com um molde de inox em crculos com raio de

    aproximadamente 1cm. Aps, foram assados em forno eltrico com circulao de ar

    a 45C por 2 horas. Esfriaram em temperatura ambiente e foram acondicionados em

    sacos plsticos para alimentos.

    3.5 Estimativa do custo alimentar

    A estimativa do custo alimentar das preparaes foi realizado baseado na

    quantidade de matrias-primas utilizadas para a produo, tendo como referncia o

    porcionamento padro referido pela RDC N 359/2003 (BRASIL, 2003).

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    Os valores foram calculados utilizando-se preos de varejo em reais (R$) dos

    ingredientes utilizados para a preparao dos alimentos, comprados no mercado

    local.

    3.6 Etapa 5: Anlise sensorial

    Os testes de anlise sensorial realizados foram os recomendados pelo

    Instituto Adolfo Lutz (2008). O trabalho passou pela anlise do Comit de tica em

    Pesquisa, estando sua aprovao registrada da Plataforma Brasil sob n

    16765813.0.0000.5310.

    3.6.1 Formao da equipe sensorial

    A escolha dos indivduos que compuseram a equipe sensorial, seguiu alguns

    requisitoss:

    - Os indivduos estavam cientes de que a participao nos testes era

    espontnea e voluntria. Foi solicitado o consentimento mediante assinatura do

    Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido.

    - Os participantes foram escolhidos aleatoriamente entre alunos e funcionrios

    da Univates.

    - Aos fumantes foi orientado no fumar 1 hora antes do incio do teste, bem

    como no consumir alimentos muito picantes no dia do teste.

    - A faixa etria dos participantes ficou entre 18 a 50 anos, pois aps esta

    idade o indivduo pode apresentar alguma desensibilizao dos rgos sensores.

    - No foi autorizada a participao de pessoas com doena celaca ou alergia

    a algum componente da preparao.

    - Foi aplicado um questionrio para equipe sensorial, com intuito de conhecer

    melhor o pblico. Salientando que estes no foram critrios de incluso ou excluso.

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    - Os participantes foram orientados quanto aos benefcios do estudo em

    relao ao consumo de um alimento enriquecido com cogumelo, sobre suas

    propriedades antioxidantes, rico em fibras e minerais. Os riscos de participar do

    experimento tambm foram salientados. Como risco pode ser considerado alergia

    que a pessoa desconhea a algum ingrediente do produto. Caso alguma reao

    alrgica fosse desencadeada o sujeito seria encaminhado a clnica de enfermagem

    da Univates que faria o devido encaminhamento ao servio de sade, sendo os

    custos do pesquisador.

    3.6.2 Teste de aceitao pela escala hednica

    Com o teste da escala hednica, o indivduo expressa o grau de gostar ou

    desgostar de um determinado produto, de forma globalizada. As escalas mais

    utilizadas para adultos so as de 7 a 9 pontos, sendo que para este trabalho ser

    utilizada a escala de 7 pontos. As amostras foram codificadas com algarismos de

    trs dgitos e, aleatorizadas, foram apresentadas ao julgador para avaliar o quanto

    gosta ou desgosta de cada uma delas atravs de escala previamente definida.

    O nmero de julgadores foi 60, segunda metodologia Instituto Adolfo Lutz

    (2008) e o local de realizao o Laboratrio de Anlise Sensorial do Curso de

    Nutrio da Univates.

    3.6.3 Teste de escala de atitude ou de inteno de compra

    Por meio das escalas de atitude ou de inteno, o indivduo expressa sua

    vontade em consumir, adquirir ou comprar, um produto que lhe oferecido. A escala

    utilizada foi a de 7 pontos. As amostras codificadas com trs dgitos e aleatorizadas

    foram apresentadas sequencialmente ao julgador. O nmero de julgadores foi 60.

    3.7 Etapa 6: anlise centesimal das preparaes

    Aps o preparo dos alimentos foi realizada a anlise da composio

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    nutricional. A anlise centesimal de alimentos compreende: protenas, lipdeos,

    cinzas, umidade, fibras e carboidrato.

    3.7.1 Anlise de protenas

    A determinao de protenas baseia-se na determinao de nitrognio pelo

    processo de digesto Kjeldahl. Este mtodo baseia-se em trs etapas: digesto,

    destilao e titulao. A matria orgnica decomposta e o nitrognio existente

    transformado em amnia, sendo o contedo de nitrognio das diferentes protenas

    de aproximadamente 16%. Esta anlise foi realizada conforme metodologia do

    Instituto Adolfo Lutz (2008).

    Foi realizada a digesto cida da matria orgnica em Bloco digestor

    (Marconi), com cido sulfrico PA e mistura cataltica composta de sulfato de

    potssio e sulfato de cobre (10/1), em temperatura de 400C. Aps a amostra foi

    destilada em Destilador de Nitrognio TE-0363 (Tecnal), sendo o nitrognio

    transformado em sal amoniacal. Aps a amnia ser liberada do sal amoniacal pela

    reao com hidrxido de sdio 50%, e recebida numa soluo cida de volume e

    concentrao conhecidos, de cido brico 4% e soluo indicadora. Por fim foi

    realizada a titulao com cido clordrico 0,1N. Esta anlise foi realizada em

    triplicata. Foi utilizado o fator de converso de nitrognio em protena para a farinha

    de cogumelo de 4,38, devido os cogumelos possurem uma significativa quantidade

    de nitrognio no proteico na forma de quitina nas suas paredes celulares, sendo

    este composto no digervel (FURLANI e GODOY, 2005). Para os alimentos biscoito

    salgado e cookie utilizou-se o fator de converso de 5,83, estabelecido para farinhas

    de trigo e aveia. Para as barras 1 e 2 utilizou-se o fator de converso de 5,30, devido

    sua composio com base de farinhas de gros oleaginosos.

    3.7.2 Determinao de lipdios: extrao por solvente a quente

    A determinao de lipdios foi realizada conforme mtodo oficial 945.16

    (AOAC, 1995).

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    A vidraria foi seca em estufa a 105C por 1 hora e acondicionada em

    dessecadores, at esfriar. Foram pesadas as vidrarias em balana analtica Mark

    2010A. Aps, 3 gramas de amostra foi pesada em papel filtro, sendo acoplado em

    um suporte do Determinador de gorduras TE-044 (Tecnal), para a extrao da

    gordura com ter de petrleo PA. As amostras ficaram imersas no ter por 2 horas e

    1 hora sob gotejamento. Em seguida o ter foi recuperado por evaporao e

    destilao. O resduo obtido foi seco em estufa a 105C por 2 horas, esfriado em

    dessecador e pesado. Anlise realizada em triplicata.

    3.7.3 Cinzas

    Resduo por incinerao ou cinzas o nome dado ao resduo obtido por

    aquecimento de um produto em temperatura prxima a 550C. O mtodo escolhido

    foi o determinado pelo Instituto Adolfo Lutz (2008).

    Foi pesado 3 gramas da amostra em uma cadinho de porcelana, previamente

    aquecidos em forno Mufla MA 385/2 (Marconi) a 550C, resfriados em dessecador

    at a temperatura ambiente e pesados. As amostras ficaram no forno Mufla por 4

    horas a 550C, sendo transferidas para dessecador at temperatura ambiente. Esta

    operao de aquecimento e resfriamento foi repetida at peso constante. Anlise

    realizada em triplicata.

    3.7.4 Anlise de umidade por dessecao em estufa a 105C

    A umidade foi determinada pela metodologia referida pelo Instituto Adolfo Lutz

    (2008). Foram utilizadas cpsulas de porcelana secas por 2 horas em estufa a

    105C e esfriadas em dessecador. Aps foi pesado 3 gramas de amostras, sendo

    levadas para estufa por 4 horas a 105C. Esfriadas aps em dessecador e pesadas

    em balana analtica Mark 201A. Esta operao foi repetida at peso constante.

    Anlise realizada em triplicata.

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    3.7.5 Anlise de carboidratos

    Esta determinao do contedo provvel de carboidratos na amostra

    efetuada por diferena entre 100 (percentual total) e o somatrio dos percentuais

    encontrados para umidade, cinzas, frao proteica, fibra e gordura.

    Assim:

    Carboidrato (%)= 100 (% umidade + %cinzas + % protenas + % gorduras +

    % fibras).

    3.7.6 Anlise de fibras

    A determinao de fibra alimentar total da farinha de cogumelo com adio de

    zinco foi feita pelo Mtodo Enzimtico Gravimtrico conforme mtodo 991.43 do

    AOAC (1995), pelo Centro de Pesquisa em Alimentos (CEPA) da Universidade de

    Passo Fundo. Anlise realizada em duplicata. Amostras foram secas e a gordura

    extrada. Aps foram submetidos a digesto enzimtica sequencial pelo calor com

    amilase estvel, protease e amiloglicosidase para remover o amido e protena. A

    amostra foi tratada com lcool para precipitar a fibra diettica antes de ser filtrada, e

    o resduo foi lavado com lcool e acetona, seco e pesado.

    Anlise de fibra alimentar total dos alimentos elaborados e do controle foi

    realizada pelo Laboratrio Eurofins Alac, atravs do mtodo acima citado, sendo

    realizado em simplicata, conforme laudo emitido pelo Laboratrio.

    3.7.7 Valor calrico

    O valor calrico total dos alimentos foi calculado levando em considerao

    que cada grama de carboidrato e protena fornece 4 quilocalorias e de lipdeo 9

    quilocalorias (FAO, 2002).

    Assim:

    Valor calrico total = (g carboidratos X 4)+(g protenas X 4)+(g lipdeos X 9)

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    3.8 Anlise estatstica

    Neste trabalho foram utilizados os seguintes testes estatsticos para anlise

    dos dados: anlise