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Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: 1415-6938 [email protected] Universidade Anhanguera Brasil Nobeschi, Leandro; Franquini Nogueira, Vanessa; Benedito, Aline; Alves Leitão Leite, Aurilúcia; Belém Morais, Ciléa; Silva, Claudia Maria; Munhoz, Elisangela; Silva, Fabiola Luiza; Souza Rocha, Risolandia; Fiusa Neto, José Percepção do conhecimento dos concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes multiprofissionais em Estratégia de Saúde da Família Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 15, núm. 1, 2011, pp. 171-185 Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26019329012 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas,

Agrárias e da Saúde

ISSN: 1415-6938

[email protected]

Universidade Anhanguera

Brasil

Nobeschi, Leandro; Franquini Nogueira, Vanessa; Benedito, Aline; Alves Leitão Leite, Aurilúcia; Belém

Morais, Ciléa; Silva, Claudia Maria; Munhoz, Elisangela; Silva, Fabiola Luiza; Souza Rocha,

Risolandia; Fiusa Neto, José

Percepção do conhecimento dos concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes

multiprofissionais em Estratégia de Saúde da Família

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 15, núm. 1, 2011, pp. 171-185

Universidade Anhanguera

Campo Grande, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26019329012

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Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. 15, Nº. 1, Ano 2011

Leandro Nobeschi Centro Universitário Anhanguera de Santo André [email protected]

Vanessa Franquini Nogueira [email protected]

Aline Benedito [email protected]

Aurilúcia Alves Leitão Leite [email protected]

Ciléa Belém Morais [email protected]

Claudia Maria Silva [email protected]

Elisangela Munhoz [email protected]

Fabiola Luiza Silva [email protected]

Risolandia Souza Rocha [email protected]

José Fiusa Neto [email protected]

PERCEPÇÃO DO CONHECIMENTO DOS CONCLUINTES DE ENFERMAGEM SOBRE LIDERANÇA DE EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

RESUMO

Introdução: atualmente ocorre um aumento de unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF), consequentemente o papel de liderança para a enfermagem se torna importante. Objetivo: quantificar o conhecimento da liderança de equipes multiprofissionais em ESF. Material e métodos: 122 concluintes do curso de enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André responderam um questionário com 16 questões a respeito de: liderança, ESF e avaliação do nível de satisfação dos alunos com o ensino oferecido durante a graduação sobre liderança e ESF. Resultados: constatou-se que a minoria dos voluntários atua como líder, com melhor resultado nas questões referentes à ESF em comparação com a de liderança. Entretanto, os participantes consideraram-se satisfeitos com o ensino em liderança. Conclusão: o conhecimento dos acadêmicos do curso de enfermagem é considerado positivo, por apresentar resultado satisfatório de médias totais nos itens de liderança e de atuação em ESF.

Palavras-Chave: liderança; estratégia de saúde da família; concluintes de enfermagem.

ABSTRACT

Introduction: currently there is an increase in the Family Health Strategy (FHS), therefore the leadership role for nursery becomes important. Objective: quantify the multiprofessional teams leadership knowledge in FHS. Material and methods: 122 graduating students from nursery course at Centro Universitário Anhanguera de Santo André answered a questionnaire with 16 questions regarding: leadership, FHS and students satisfaction level assessment with the studies offered during graduation about leadership and FHS. Results: it was seen that the majority of volunteers work as leader, with a better result in the questions referring to FHS compared to the leadership ones. However, participants considered themselves satisfied with leadership teaching. Conclusion: the knowledge of nursery students is considered positive due to a satisfactory result in the total average in leadership and FHS acting.

Keywords: leadership; Family Health Strategy; graduating students from nursery.

Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]

Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

Relato de Pesquisa Recebido em: 24/6/2010 Avaliado em: 27/9/2010

Publicação: 31 de agosto de 2011

172 Percepção do conhecimento dos concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes multiprofissionais em Estratégia de Saúde da Família

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 1, Ano 2011 • p. 171-185

1. INTRODUÇÃO

A liderança é uma das ferramentas imprescindíveis para o enfermeiro desempenhar seu

trabalho em uma equipe multiprofissional. Sua liderança deve ser baseada no seu

exercício profissional, buscando sintonia dos membros da equipe, para que estes sejam

seguidores do seu trabalho (BALSANELLE; CUNHA, 2005).

O líder pode assumir três estilos distintos: o líder autocrático, que mantém toda a

autoridade e responsabilidade com objetivo de alcançar metas, são firmes, dominadores e

insistentes, muitas vezes temidos pelos empregados; o líder democrático, centrado nas

pessoas, permite a liberdade dos membros da equipe nas tomadas de decisões as quais

são mais lentas, ocorrendo distanciamento do foco e metas e em alguns casos frustrantes;

líder permissivo, que evita responsabilidades e o poder de decisão é da equipe, raramente

funciona nas unidades de saúde devido à complexidade do ambiente de trabalho

(POTTER; PERRY, 2004).

Neste contexto os enfermeiros assumem posturas de líderes, independente do

estilo. Suas principais problemáticas são a conquista da empatia da equipe e a falta de

recursos (MARQUIS, HUSTON, 2005). Para que esses problemas sejam minimizados, o

líder precisa compreender o que é a liderança e quais as habilidades que precisam ser

desenvolvidas. Para isso é preciso se manter atualizado na compreensão e aplicação de

princípios contemporâneos de liderança (MARQUIS; HUSTON, 2005), capaz de perceber

a influencia do ambiente e da equipe, que sofrem mudanças constantes, desprendendo-se

da sua ideologia, sendo por muitas vezes resiliente (SIMÕES; FÁVERO, 2000).

Para o desempenho do papel de liderança, algumas características são

imprescindíveis, ligadas à inteligência estão conhecimento, julgamento, decisão e

influência oral; ligadas à personalidade estão adaptabilidade, criatividade, cooperação,

confiança, integridade pessoal, equilíbrio e controle emocional, não-conformismo e

independência; por fim, relacionadas à capacidades, como cooperação, encorajamento,

habilidade interpessoal, tato, diplomacia, prestígio e participação social. O líder não

utiliza a autoridade, mas sim a influencia na equipe, obtendo bem mais resultados no

desenvolvimento das tarefas (POTTER; PERRY, 2004; MARQUIS; HUSTON, 2005).

A saúde tem em sua definição, desde o princípio, ser de direito de todos, firmado

na Constituição Federal Lei N° 8.080 de 19 de setembro de 1990 (SOUZA, 2007). Antes

desse período as unidades trabalhavam isoladamente pela saúde. A partir dessa

Constituição foi implantado o Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de seguir

uma mesma doutrina e os mesmos princípios para todas essas unidades de saúde, sob a

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Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 1, Ano 2011 • p. 171-185

responsabilidade das três esferas: Federal, Estadual e Municipal, não sendo apenas

sistema e sim um conjunto de unidades, serviços ou ações que interagem para

desenvolver a promoção, proteção e recuperação da saúde, cujos preceitos são baseados

na universalidade, equidade e integralidade dos indivíduos (FIGUEIREDO, 2005). Em

março de 1994 foi criado o Programa de Saúde e Família (PSF), como uma estratégia

política do Ministério da Saúde, a fim de promover a organização das ações de atenção à

saúde, descentralizando o SUS e enfatizando a promoção da saúde (Ximenes, Sampaio,

2008).

Desde que foi estabelecido pela portaria 648 de 28 de março de 2006 pelo

Ministério da Saúde, o PSF deixou de ser reconhecido como programa, por se tratar de

uma estratégia por sua abrangência, impacto e resolubilidade, e passou a ser conhecido e

nomeado como Estratégia de Saúde da Família (ESF) (XIMENES; SAMPAIO, 2008).

Para entender o objetivo dessa ESF, se faz necessário identificar o que significa a

saúde da família. Segundo Figueiredo (2005), trata-se de um conjunto de experiências e

trajetórias individuais e coletivas, apresentadas em diversos tipos de organização e de

reações muito particulares. A ESF surge a fim de prestar assistência a essas famílias,

respeitando as suas individualidades, não só nas unidades de saúde, mas também em

domicílios.

Com o objetivo de se obter um atendimento eficaz, a equipe de saúde precisa

estar atenta e conhecer a população local, identificando os fatores de risco que essa possa

estar exposta. Para o desenvolvimento dessa Estratégia, a Unidade de Saúde trabalha com

uma equipe multiprofissional composta minimamente por um médico generalista, um

enfermeiro, dois auxiliares ou técnicos de enfermagem e de quatro a seis agentes

comunitários de saúde (ACS). A quantidade de profissionais varia dependendo da

quantidade de pessoas que serão atendidas na comunidade e os fatores de risco (Souza,

2007).

2. OBJETIVO

Identificar o conhecimento de concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes

multiprofissional em Estratégia de Saúde da Família.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa quantitativa exploratória de campo, tipo transversal. A pesquisa

foi realizada com 122 alunos concluintes do curso de Enfermagem do Centro

Universitário Anhanguera de Santo André-SP.

A coleta dos dados foi realizada por meio de um questionário elaborado pelo

grupo pesquisador, contendo 16 questões fechadas. Dessas questões, 10 estão relacionadas

com o conhecimento em liderança e ESF (cinco questões para cada tema); uma questão de

conhecimento sobre liderança em ESF por meio de uma situação proposta; três questões

de caráter sócio-demográfico, para análise do perfil dos concluintes; e duas questões para

avaliar o grau de satisfação dos alunos com o ensino oferecido pelo Centro Universitário

no decorrer do curso em relação à liderança.

Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

respeitando os princípios de beneficência, justiça e manutenção da dignidade humana. O

projeto de pesquisa foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa antes de ser

conduzido.

Os dados dos questionários foram lançados em uma planilha do Excel. A análise

descritiva foi realizada com as médias, desvios-padrão e porcentagens. Para a análise da

normalidade dos dados foi utilizado o teste de Anderson-Darling e, como os dados não

apresentaram normalidade foi utilizado para verificar a existência de correlação, o teste

estatístico não paramétrico de Correlação de Spearman. Consideramos como baixa

correlação quando o coeficiente foi de 0 a 0,3; moderada com o coeficiente de 0,31 a 0,7; e

alta correlação quando o coeficiente foi de 0,71 a 1. Para essa análise foi usado o software

Bioestatistic e adotado nível de significância de 0,05.

4. RESULTADOS

Nossa amostra representa 59% dos alunos concluintes do curso de graduação em

enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Os participantes

foram questionados sobre a atividade profissional. Divididos em cinco categorias: atuam

na área de enfermagem (73 alunos); atuam na área de enfermagem em ESF (11 alunos);

atuam como líder (três alunos); atuam em algum estabelecimento de saúde fora da área de

enfermagem (11 alunos) e outros (24 alunos) (Gráfico 1).

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Gráfico 1. Dados da amostra de atuação profissional dos voluntários.

O questionário aplicado apresentava 11 questões divididas em: cinco questões

sobre ESF, cinco questões sobre liderança, uma questão de liderança em ESF e duas

questões sobre o grau de satisfação com o ensino oferecido pela instituição nos temas de

ESF e Liderança. A média das notas das questões de ESF foi de 4,32 (± 0,9), nota superior a

da média das questões de liderança que foi de 4,22 (± 0,9). Apenas três dos 122 alunos

erraram a questão sobre liderança em ESF, apresentando uma porcentagem de acerto de

98%.

Com relação às questões de ESF, a que apresentou menor índice de acerto foi a

questão 7, essa referente às funções do enfermeiro no ESF. A questão que apresentou

maior índice de acertos foi a questão 5, referente às atividades desenvolvidas pela equipe

multidisciplinar numa unidade de ESF (Gráfico 2).

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Questões 4: Composição mínima da Equipe multidisciplinar; 5: Atividades que fazem parte da rotina da equipe;

6: Intenção do SUS ao criar a Estratégia de Saúde da Família; 7: Atribuições do enfermeiro na ESF; 8: Referente à área de abrangência da ESF.

Gráfico 2. Dados apresentando a porcentagem de acertos dos voluntários em cada questão referente à Estratégia de Saúde da Família.

Já nas questões relacionadas à liderança, a maior porcentagem de acertos foi na

questão 9 referente a definição de liderança em enfermagem, e a questão com maior índice

de erro foi a questão 12 referente aos 3 estilos de liderança (autocrática, democrática e

laissez-faire), onde foi proposto a escolha da opção que indicasse a característica de cada

um (Gráfico 3).

Questões 9: Como é considerado líder pelos indivíduos; 10: Desafios dos líderes; 11: situação de divergência entre os

membros da equipe; 12: estilos de liderança; 13: principais características do líder.

Gráfico 3. Dados apresentando o porcentagem de acertos dos voluntários em cada questão referente a Estratégia de Saúde da Família.

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Na questão que avalia o grau de satisfação em ESF, 34,42% dos alunos,

classificaram como regular o ensino oferecido pela instituição. Considerando como uma

avaliação positiva a soma das opções: bom e muito bom e, uma avaliação negativa a soma

de: regular, ruim e muito ruim, podemos perceber que as opções muito bom e bom

obtiveram uma soma de 36,87%; regular, ruim e muito ruim uma soma de 62,32%.

Evidenciando o ensino em ESF obteve uma avaliação negativa pelos alunos que

responderam o questionário (Gráfico 4).

Gráfico 4. Dados da avaliação do nível de satisfação dos voluntários com o ensino e preparo oferecido

pela universidade com relação à Saúde da Família, bem como Estratégia de Saúde da Família.

Na questão que avalia o grau de satisfação em liderança, 54,10% dos alunos,

classificaram como bom o ensino oferecido pela instituição. Considerando como uma

avaliação positiva a soma das opções: bom e muito bom e, uma avaliação negativa a soma

de: regular, ruim e muito ruim, podemos perceber que as opções bom e muito bom

obtiveram uma soma de 76,22%; regular, ruim e muito ruim uma soma de 23,78%.

Evidenciando que o ensino em liderança obteve uma avaliação positiva pelos alunos que

responderam o questionário (Gráfico 5).

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Gráfico 5. Dados da avaliação do nível de satisfação dos indivíduos com o ensino e preparo oferecido pela

universidade com relação à Liderança.

Ao comparar os alunos com idade entre 20 e 29 anos com os alunos que tem

idade entre 30 e 50 anos, pode-se observar que em todas as categorias (ESF, liderança e

total) os indivíduos de 30 a 50 anos obtiveram uma discreta vantagem. Nas questões

referentes à ESF os voluntários com mais idade tiveram 3,8% melhor resultado que os de

menor idade. Nas questões de liderança a diferença foi de 3% sendo o melhor resultado

dos alunos com idade entre 30 e 50 anos (Gráfico 6).

Gráfico 6. Dados referentes ao comparativo das idades dos concluintes de enfermagem, bem como suas respectivas porcentagens de acertos das questões de Estratégia de Saúde da Família, Liderança e total.

Ao comparar a porcentagem de acerto das questões de ESF, liderança e total

entre as atividades profissionais, pode-se perceber que os indivíduos que atuam na área

de enfermagem em ESF obtiveram o melhor resultado nas questões de ESF com 96,4% de

acerto com uma diferença de 9,80% do segundo melhor resultado que foi dos que atuam

como líderes. A menor porcentagem foi do grupo que atua em outras áreas sendo no total

de 83,40% (Gráfico 7).

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Quem atua como líder obteve melhor porcentagem de acerto nas questões

referentes à liderança com 93,4%, sendo o segundo melhor resultado o daqueles que

trabalham em ESF com uma mínima diferença de 0,60%, seguido pelo grupo de quem

atua na área de enfermagem com 83,8%, posteriormente de quem atua em outras áreas

com 82,6% e a menor pontuação foi a do grupo que atua em estabelecimento de saúde

fora da área de enfermagem com 81,8% (Gráfico 7).

No total a maior porcentagem foi do grupo que atua na área de enfermagem em

ESF (94,5%) com uma diferença de 4,5% do grupo que atua como líder (90%), seguido do

grupo que atua na área de enfermagem (85,1%), de quem atua em outras áreas fora da

enfermagem (82,9%) e por último o grupo que atua em estabelecimento de saúde fora da

área de enfermagem (82,7%).

Também se pode observar no Gráfico 8 que o grupo dos alunos que atuam na

área de enfermagem em ESF obtiveram um melhor resultado nas questões referentes à

ESF com 96,4% comparada as questões de liderança com 92,8%. Os indivíduos que atuam

como líderes obtiveram melhor resultado nas questões de liderança com 93,4%

diferenciando em 6,8% do resultado das questões de ESF. Os indivíduos que atuam na

área de enfermagem obtiveram melhor resultado nas questões de ESF com 86,4%

diferenciando em 2,6% das questões de liderança. Os indivíduos que atuam em

estabelecimento de saúde fora da área de enfermagem obtiveram melhor resultado nas

questões de ESF com 83,6% comparado as questões de liderança com 81,8%. Quem atua

em outras áreas fora da enfermagem obtiveram melhor resultado nas questões de ESF

com 83,4% diferenciando em 0,8% das questões de liderança.

No geral, a maior quantidade de acertos em todas as áreas foi nas questões de

ESF. Apenas os indivíduos que atuam como líderes obtiveram melhor resultado nas

questões de liderança.

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Enf. ESF – Atuam na área de enfermagem em ESF; Líder – Atuam como líder; Enf. – Atuam na área de enfermagem; Saúde fora enf. – Atuam na área de saúde fora da enfermagem; Outros – Atuam em outras áreas

Gráfico 7. Gráfico referente ao comparativo das notas das questões de ESF, Liderança e total correspondente a atuação profissional dos indivíduos.

Os resultados demonstram uma correlação moderada entre as questões de ESF e

as questões de liderança. Entre as variáveis, idade e questões de ESF com idade e questões

de liderança não foram encontradas correlações. Na correlação entre os acertos das

questões de ESF e a avaliação de satisfação com o ensino oferecido pela instituição sobre

ESF, não houve correlação (P = 0,06). Assim como a correlação entre a média das questões

de liderança e a avaliação de satisfação com o ensino oferecido pela faculdade sobre

liderança (P= 0,72). Correlacionando a atividade profissional dos sujeitos com o acerto das

questões de ESF e de liderança não foi encontrado correlação estatisticamente significativa

(P=0,16 e P=0,38, respectivamente). Porém, na correlação entre o nível de satisfação do

ensino oferecido pela faculdade sobre ESF e sobre liderança houve correlação

significativa.

5. DISCUSSÃO

É perceptível e também bastante discutido o aumento da oferta de empregos públicos e

postos de trabalho para enfermeiros. Em proporção ainda maior cresce o número de

instituições de ensino que oferecem cursos de enfermagem. Tudo isso, gera o aumento no

recrutamento e seleção desses profissionais (CARRIJO et al., 2007). Nesse contexto se faz

necessário a escolha correta e mais favorável para a formação acadêmica e

aperfeiçoamento na profissão escolhida.

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Neste estudo, a maioria dos estudantes atua como auxiliares ou técnicos de

enfermagem e demonstraram a opção em dar continuidade à atividade já desenvolvida

atualmente, ao passo que a minoria apresenta experiência como líderes, significando um

problema, uma vez que a liderança é de fundamental importância para os enfermeiros.

Conforme descrito na literatura, dez entre doze enfermeiros gerentes de

unidades básicas de saúde, não apresentaram nenhuma experiência em gerência, referem

isso como um ponto negativo para a atuação profissional (LOURENÇO et al., 2005).

Influenciados pela atuação profissional ou não, como é o caso de líderes na atual

pesquisa, foi evidenciado uma boa porcentagem de acertos (acima de 80%) do

questionário aplicado, sendo que as médias referentes ao conhecimento dos acadêmicos

sobre ESF foram superiores as médias das questões de liderança.

As notas das questões relacionadas à ESF apresentaram uma moderada

correlação com as notas das questões de liderança. Esses dados podem ser justificados

pelo fato de que a maioria dos pesquisados, cerca de 60%, já atuavam na área da

enfermagem, como citado anteriormente. Isso pode ter influenciado os resultados

encontrados, já que as questões eram todas voltadas para as atividades e atribuições dos

indivíduos dentro das unidades de ESF e pelo fato dos indivíduos já apresentarem

conhecimento prático da vida profissional e acadêmica levando ao conhecimento do

processo saúde-doença importante para os trabalhos com equipes de saúde.

Carrijo et al. (2007), por meio de estudo realizado com egressos do curso de

Graduação em Enfermagem em uma Universidade do Estado de Goiás, afirmaram que a

maioria dos entrevistados ingressou como enfermeiro na ESF após a conclusão do Curso.

Os enfermeiros consideraram-se preparados pela formação acadêmica. Esses dados

podem evidenciar o bom resultado no presente estudo por aqueles que não possuem

experiência na área da enfermagem e em liderança.

No entanto, Santos (2003) relata que os enfermeiros ao assumirem equipes na ESF

têm dificuldades pela falta de capacidade em supervisionar. Isso é devido a pouca base

teórica e prática que receberam na formação acadêmica, ressaltando que o profissional

pode reverter esta ausência ao final do curso buscando adquirir conhecimentos.

Acrescenta ainda que os enfermeiros estejam habilitados legalmente para exercer

determinadas funções e que não as fazem por falta de conhecimentos técnicos e legais.

Apesar do bom resultado dentre os pesquisados, a maioria, considera uma maior

satisfação no ensino oferecido em liderança quando comparado ao ensino em ESF, tal fato

pode ter ocorrido em virtude da maioria dos estudantes serem “trabalhadores-

estudantes”, enfrentando dupla ou tripla jornada de trabalho, o que leva o aluno a

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apresentar ausência e exaustão, interferindo principalmente no trabalho professor-aluno.

Alem disso, há não estabelecimento dos fatores formadores que permeiam o processo de

ensino aprendizagem que são: integração, interação, diversidade de idéias, troca de

experiências e participação crítica o que pode ter impedido uma partilha satisfatória.

A maioria dos participantes está satisfeita com o ensino oferecido pela instituição

em liderança. Portanto, este estudo revelou segundo abordagem dos temas, como

composição da equipe mínima da ESF, atividades importantes que fazem parte da rotina

da equipe tendo esta 97% de acerto, demonstrando o conhecimento dos concluintes sobre

a rotina das Equipes; intenção do SUS ao criar a ESF, como são estabelecidas as

necessidades da comunidade e por fim, atribuições específicas do enfermeiro; tendo esta

uma média inferior as demais questões e apresentando um grau de importância bastante

significativo. O enfermeiro ao assumir uma Unidade de Saúde da Família precisa estar

apto para desenvolver tais funções, segundo Moreti-Pires (2009).

O enfermeiro é o centro das equipes de saúde e cabe a esse profissional as

atribuições mais importantes para o desenvolvimento da ESF, que é a gerência,

coordenação e supervisão do trabalho da equipe multiprofissional atuante nas unidades

(ROCHA et al., 2009).

No que se refere às questões sobre liderança, em contexto geral, os participantes

obtiveram 96% de acertos. Desafios do líder perante a equipe apresentaram uma média

inferior em todo o questionário, apenas 51% dos participantes acertaram esta questão,

considerada importante para o futuro enfermeiro. O estilo mais adequado de liderança no

gerenciamento no território da ESF está entre os três principais estilos de liderança

democrática baseada na gestão participativa (XIMENES; NETO; SAMPAIO, 2008).

A questão com maior número de acertos de todo o questionário (98%), referiu-se

a uma situação proposta para avaliar a atuação do enfermeiro líder na ESF.

Demonstrando que os futuros enfermeiros estão aptos ao enfrentamento de situações

cotidianas como a proposta. Evidenciando a importância do trabalho em equipe para

resolução dos problemas da unidade.

Alguns autores consideram que o trabalho em equipe incentiva a criatividade e

leva os participantes a se condicionarem positivamente a escolha da melhor solução,

gerando em toda equipe crescimento profissional, motivação e conhecimento das

atribuições de cada um propiciando maior aproveitamento do potencial dos membros da

equipe (BENITO et al., 2005).

Na análise sócio-demográfica, percebemos uma média de idade dos voluntários

de 31,07 anos significando uma população mais madura, dentre os quais aqueles que

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apresentaram idade entre 30 e 50 anos obtiveram notas superiores a dos indivíduos com

idades entre 20 e 29 anos. Porém, na análise estatística este resultado não apresentou

correlação, sugerindo que a idade mais avançada não influenciou nas notas.

Raffone e Hennington (2005) demonstraram que indivíduos entre 35 e 68 anos

exercendo funções na enfermagem estão cada vez mais presentes. Muitas vezes, não

desenvolvendo as atividades com tanta agilidade, mas ainda buscando aperfeiçoamento

profissional por meio da formação acadêmica e pós-graduação, promovendo uma

transformação pessoal e social.

Citamos neste estudo que a experiência profissional pode ter influenciado no

resultado da pesquisa. Realizamos um comparativo entre todas as notas dos indivíduos e

suas respectivas atuações profissionais. Isso nos revelou um melhor resultado nas

questões referentes à ESF, exceto os que atuam como líderes, que tiveram melhor

desempenho em liderança, sugerindo que este resultado pode estar relacionado à

experiência que os indivíduos apresentam na área.

O conhecimento dos concluintes sobre as questões referentes à ESF e liderança,

sugere que o aprendizado foi satisfatório e eficiente para formação dos futuros

profissionais da enfermagem.

6. CONCLUSÃO

A pesquisa demonstrou que alguns temas para a formação apresentam lacunas e que

poderão influenciar no desenvolvimento profissional desses acadêmicos. Entretanto,

podem ser recuperados por meio da busca de conhecimentos, os quais não se limitam

apenas pela formação acadêmica, mais que devem estar presente em toda a vida dos

enfermeiros para enfrentamento das exigências profissionais. Ao contrário do que a

maioria dos acadêmicos idealiza a instituição de ensino em si, não é a única responsável

pela formação desse futuro profissional, o professor em seu processo de ensino é apenas

um facilitador sendo o aluno, co-responsável pelo seu aprendizado.

REFERÊNCIAS

BALSANELLI, A.P.; CUNHA, I.C.K. Liderança no contexto da enfermagem. Rev. Esc. Enfermagem da USP, v.40, n.1, p.117-122, 2005.

BENITO, G.A.V.; BECKER, L.C.; DUARTE, J.; LEITE, D.S. Conhecimento gerencial requerido do enfermeiro no Programa Saúde da Família. Rev. Bras. de Enferm., v.58, n.6, p.635-640, 2005.

184 Percepção do conhecimento dos concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes multiprofissionais em Estratégia de Saúde da Família

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 1, Ano 2011 • p. 171-185

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Leandro Nobeschi Coordenador do curso de Tecnologia em Radiologia do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Mestre em Morfologia.

Vanessa Franquini Nogueira Professora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Especialista em Ciências da Saúde

Aline Benedito Professora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Especialista em enfermagem.

Aurilúcia Alves Leitão Leite Coordenadora do curso de Biologia do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Mestre em Nefrologia.

Leandro Nobeschi et al. 185

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Ciléa Belém Morais Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.

Claudia Maria Silva Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.

Elisangela Munhoz Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.

Fabiola Luiza Silva Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.

Risolandia Souza Rocha Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.

José Fiusa Neto Coordenador do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Mestre em Enfermagem.