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Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas,
Agrárias e da Saúde
ISSN: 1415-6938
Universidade Anhanguera
Brasil
Nobeschi, Leandro; Franquini Nogueira, Vanessa; Benedito, Aline; Alves Leitão Leite, Aurilúcia; Belém
Morais, Ciléa; Silva, Claudia Maria; Munhoz, Elisangela; Silva, Fabiola Luiza; Souza Rocha,
Risolandia; Fiusa Neto, José
Percepção do conhecimento dos concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes
multiprofissionais em Estratégia de Saúde da Família
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 15, núm. 1, 2011, pp. 171-185
Universidade Anhanguera
Campo Grande, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26019329012
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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
171
Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. 15, Nº. 1, Ano 2011
Leandro Nobeschi Centro Universitário Anhanguera de Santo André [email protected]
Vanessa Franquini Nogueira [email protected]
Aline Benedito [email protected]
Aurilúcia Alves Leitão Leite [email protected]
Ciléa Belém Morais [email protected]
Claudia Maria Silva [email protected]
Elisangela Munhoz [email protected]
Fabiola Luiza Silva [email protected]
Risolandia Souza Rocha [email protected]
José Fiusa Neto [email protected]
PERCEPÇÃO DO CONHECIMENTO DOS CONCLUINTES DE ENFERMAGEM SOBRE LIDERANÇA DE EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
RESUMO
Introdução: atualmente ocorre um aumento de unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF), consequentemente o papel de liderança para a enfermagem se torna importante. Objetivo: quantificar o conhecimento da liderança de equipes multiprofissionais em ESF. Material e métodos: 122 concluintes do curso de enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André responderam um questionário com 16 questões a respeito de: liderança, ESF e avaliação do nível de satisfação dos alunos com o ensino oferecido durante a graduação sobre liderança e ESF. Resultados: constatou-se que a minoria dos voluntários atua como líder, com melhor resultado nas questões referentes à ESF em comparação com a de liderança. Entretanto, os participantes consideraram-se satisfeitos com o ensino em liderança. Conclusão: o conhecimento dos acadêmicos do curso de enfermagem é considerado positivo, por apresentar resultado satisfatório de médias totais nos itens de liderança e de atuação em ESF.
Palavras-Chave: liderança; estratégia de saúde da família; concluintes de enfermagem.
ABSTRACT
Introduction: currently there is an increase in the Family Health Strategy (FHS), therefore the leadership role for nursery becomes important. Objective: quantify the multiprofessional teams leadership knowledge in FHS. Material and methods: 122 graduating students from nursery course at Centro Universitário Anhanguera de Santo André answered a questionnaire with 16 questions regarding: leadership, FHS and students satisfaction level assessment with the studies offered during graduation about leadership and FHS. Results: it was seen that the majority of volunteers work as leader, with a better result in the questions referring to FHS compared to the leadership ones. However, participants considered themselves satisfied with leadership teaching. Conclusion: the knowledge of nursery students is considered positive due to a satisfactory result in the total average in leadership and FHS acting.
Keywords: leadership; Family Health Strategy; graduating students from nursery.
Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]
Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE
Relato de Pesquisa Recebido em: 24/6/2010 Avaliado em: 27/9/2010
Publicação: 31 de agosto de 2011
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1. INTRODUÇÃO
A liderança é uma das ferramentas imprescindíveis para o enfermeiro desempenhar seu
trabalho em uma equipe multiprofissional. Sua liderança deve ser baseada no seu
exercício profissional, buscando sintonia dos membros da equipe, para que estes sejam
seguidores do seu trabalho (BALSANELLE; CUNHA, 2005).
O líder pode assumir três estilos distintos: o líder autocrático, que mantém toda a
autoridade e responsabilidade com objetivo de alcançar metas, são firmes, dominadores e
insistentes, muitas vezes temidos pelos empregados; o líder democrático, centrado nas
pessoas, permite a liberdade dos membros da equipe nas tomadas de decisões as quais
são mais lentas, ocorrendo distanciamento do foco e metas e em alguns casos frustrantes;
líder permissivo, que evita responsabilidades e o poder de decisão é da equipe, raramente
funciona nas unidades de saúde devido à complexidade do ambiente de trabalho
(POTTER; PERRY, 2004).
Neste contexto os enfermeiros assumem posturas de líderes, independente do
estilo. Suas principais problemáticas são a conquista da empatia da equipe e a falta de
recursos (MARQUIS, HUSTON, 2005). Para que esses problemas sejam minimizados, o
líder precisa compreender o que é a liderança e quais as habilidades que precisam ser
desenvolvidas. Para isso é preciso se manter atualizado na compreensão e aplicação de
princípios contemporâneos de liderança (MARQUIS; HUSTON, 2005), capaz de perceber
a influencia do ambiente e da equipe, que sofrem mudanças constantes, desprendendo-se
da sua ideologia, sendo por muitas vezes resiliente (SIMÕES; FÁVERO, 2000).
Para o desempenho do papel de liderança, algumas características são
imprescindíveis, ligadas à inteligência estão conhecimento, julgamento, decisão e
influência oral; ligadas à personalidade estão adaptabilidade, criatividade, cooperação,
confiança, integridade pessoal, equilíbrio e controle emocional, não-conformismo e
independência; por fim, relacionadas à capacidades, como cooperação, encorajamento,
habilidade interpessoal, tato, diplomacia, prestígio e participação social. O líder não
utiliza a autoridade, mas sim a influencia na equipe, obtendo bem mais resultados no
desenvolvimento das tarefas (POTTER; PERRY, 2004; MARQUIS; HUSTON, 2005).
A saúde tem em sua definição, desde o princípio, ser de direito de todos, firmado
na Constituição Federal Lei N° 8.080 de 19 de setembro de 1990 (SOUZA, 2007). Antes
desse período as unidades trabalhavam isoladamente pela saúde. A partir dessa
Constituição foi implantado o Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de seguir
uma mesma doutrina e os mesmos princípios para todas essas unidades de saúde, sob a
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responsabilidade das três esferas: Federal, Estadual e Municipal, não sendo apenas
sistema e sim um conjunto de unidades, serviços ou ações que interagem para
desenvolver a promoção, proteção e recuperação da saúde, cujos preceitos são baseados
na universalidade, equidade e integralidade dos indivíduos (FIGUEIREDO, 2005). Em
março de 1994 foi criado o Programa de Saúde e Família (PSF), como uma estratégia
política do Ministério da Saúde, a fim de promover a organização das ações de atenção à
saúde, descentralizando o SUS e enfatizando a promoção da saúde (Ximenes, Sampaio,
2008).
Desde que foi estabelecido pela portaria 648 de 28 de março de 2006 pelo
Ministério da Saúde, o PSF deixou de ser reconhecido como programa, por se tratar de
uma estratégia por sua abrangência, impacto e resolubilidade, e passou a ser conhecido e
nomeado como Estratégia de Saúde da Família (ESF) (XIMENES; SAMPAIO, 2008).
Para entender o objetivo dessa ESF, se faz necessário identificar o que significa a
saúde da família. Segundo Figueiredo (2005), trata-se de um conjunto de experiências e
trajetórias individuais e coletivas, apresentadas em diversos tipos de organização e de
reações muito particulares. A ESF surge a fim de prestar assistência a essas famílias,
respeitando as suas individualidades, não só nas unidades de saúde, mas também em
domicílios.
Com o objetivo de se obter um atendimento eficaz, a equipe de saúde precisa
estar atenta e conhecer a população local, identificando os fatores de risco que essa possa
estar exposta. Para o desenvolvimento dessa Estratégia, a Unidade de Saúde trabalha com
uma equipe multiprofissional composta minimamente por um médico generalista, um
enfermeiro, dois auxiliares ou técnicos de enfermagem e de quatro a seis agentes
comunitários de saúde (ACS). A quantidade de profissionais varia dependendo da
quantidade de pessoas que serão atendidas na comunidade e os fatores de risco (Souza,
2007).
2. OBJETIVO
Identificar o conhecimento de concluintes de enfermagem sobre liderança de equipes
multiprofissional em Estratégia de Saúde da Família.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa quantitativa exploratória de campo, tipo transversal. A pesquisa
foi realizada com 122 alunos concluintes do curso de Enfermagem do Centro
Universitário Anhanguera de Santo André-SP.
A coleta dos dados foi realizada por meio de um questionário elaborado pelo
grupo pesquisador, contendo 16 questões fechadas. Dessas questões, 10 estão relacionadas
com o conhecimento em liderança e ESF (cinco questões para cada tema); uma questão de
conhecimento sobre liderança em ESF por meio de uma situação proposta; três questões
de caráter sócio-demográfico, para análise do perfil dos concluintes; e duas questões para
avaliar o grau de satisfação dos alunos com o ensino oferecido pelo Centro Universitário
no decorrer do curso em relação à liderança.
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
respeitando os princípios de beneficência, justiça e manutenção da dignidade humana. O
projeto de pesquisa foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa antes de ser
conduzido.
Os dados dos questionários foram lançados em uma planilha do Excel. A análise
descritiva foi realizada com as médias, desvios-padrão e porcentagens. Para a análise da
normalidade dos dados foi utilizado o teste de Anderson-Darling e, como os dados não
apresentaram normalidade foi utilizado para verificar a existência de correlação, o teste
estatístico não paramétrico de Correlação de Spearman. Consideramos como baixa
correlação quando o coeficiente foi de 0 a 0,3; moderada com o coeficiente de 0,31 a 0,7; e
alta correlação quando o coeficiente foi de 0,71 a 1. Para essa análise foi usado o software
Bioestatistic e adotado nível de significância de 0,05.
4. RESULTADOS
Nossa amostra representa 59% dos alunos concluintes do curso de graduação em
enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Os participantes
foram questionados sobre a atividade profissional. Divididos em cinco categorias: atuam
na área de enfermagem (73 alunos); atuam na área de enfermagem em ESF (11 alunos);
atuam como líder (três alunos); atuam em algum estabelecimento de saúde fora da área de
enfermagem (11 alunos) e outros (24 alunos) (Gráfico 1).
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Gráfico 1. Dados da amostra de atuação profissional dos voluntários.
O questionário aplicado apresentava 11 questões divididas em: cinco questões
sobre ESF, cinco questões sobre liderança, uma questão de liderança em ESF e duas
questões sobre o grau de satisfação com o ensino oferecido pela instituição nos temas de
ESF e Liderança. A média das notas das questões de ESF foi de 4,32 (± 0,9), nota superior a
da média das questões de liderança que foi de 4,22 (± 0,9). Apenas três dos 122 alunos
erraram a questão sobre liderança em ESF, apresentando uma porcentagem de acerto de
98%.
Com relação às questões de ESF, a que apresentou menor índice de acerto foi a
questão 7, essa referente às funções do enfermeiro no ESF. A questão que apresentou
maior índice de acertos foi a questão 5, referente às atividades desenvolvidas pela equipe
multidisciplinar numa unidade de ESF (Gráfico 2).
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Questões 4: Composição mínima da Equipe multidisciplinar; 5: Atividades que fazem parte da rotina da equipe;
6: Intenção do SUS ao criar a Estratégia de Saúde da Família; 7: Atribuições do enfermeiro na ESF; 8: Referente à área de abrangência da ESF.
Gráfico 2. Dados apresentando a porcentagem de acertos dos voluntários em cada questão referente à Estratégia de Saúde da Família.
Já nas questões relacionadas à liderança, a maior porcentagem de acertos foi na
questão 9 referente a definição de liderança em enfermagem, e a questão com maior índice
de erro foi a questão 12 referente aos 3 estilos de liderança (autocrática, democrática e
laissez-faire), onde foi proposto a escolha da opção que indicasse a característica de cada
um (Gráfico 3).
Questões 9: Como é considerado líder pelos indivíduos; 10: Desafios dos líderes; 11: situação de divergência entre os
membros da equipe; 12: estilos de liderança; 13: principais características do líder.
Gráfico 3. Dados apresentando o porcentagem de acertos dos voluntários em cada questão referente a Estratégia de Saúde da Família.
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Na questão que avalia o grau de satisfação em ESF, 34,42% dos alunos,
classificaram como regular o ensino oferecido pela instituição. Considerando como uma
avaliação positiva a soma das opções: bom e muito bom e, uma avaliação negativa a soma
de: regular, ruim e muito ruim, podemos perceber que as opções muito bom e bom
obtiveram uma soma de 36,87%; regular, ruim e muito ruim uma soma de 62,32%.
Evidenciando o ensino em ESF obteve uma avaliação negativa pelos alunos que
responderam o questionário (Gráfico 4).
Gráfico 4. Dados da avaliação do nível de satisfação dos voluntários com o ensino e preparo oferecido
pela universidade com relação à Saúde da Família, bem como Estratégia de Saúde da Família.
Na questão que avalia o grau de satisfação em liderança, 54,10% dos alunos,
classificaram como bom o ensino oferecido pela instituição. Considerando como uma
avaliação positiva a soma das opções: bom e muito bom e, uma avaliação negativa a soma
de: regular, ruim e muito ruim, podemos perceber que as opções bom e muito bom
obtiveram uma soma de 76,22%; regular, ruim e muito ruim uma soma de 23,78%.
Evidenciando que o ensino em liderança obteve uma avaliação positiva pelos alunos que
responderam o questionário (Gráfico 5).
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Gráfico 5. Dados da avaliação do nível de satisfação dos indivíduos com o ensino e preparo oferecido pela
universidade com relação à Liderança.
Ao comparar os alunos com idade entre 20 e 29 anos com os alunos que tem
idade entre 30 e 50 anos, pode-se observar que em todas as categorias (ESF, liderança e
total) os indivíduos de 30 a 50 anos obtiveram uma discreta vantagem. Nas questões
referentes à ESF os voluntários com mais idade tiveram 3,8% melhor resultado que os de
menor idade. Nas questões de liderança a diferença foi de 3% sendo o melhor resultado
dos alunos com idade entre 30 e 50 anos (Gráfico 6).
Gráfico 6. Dados referentes ao comparativo das idades dos concluintes de enfermagem, bem como suas respectivas porcentagens de acertos das questões de Estratégia de Saúde da Família, Liderança e total.
Ao comparar a porcentagem de acerto das questões de ESF, liderança e total
entre as atividades profissionais, pode-se perceber que os indivíduos que atuam na área
de enfermagem em ESF obtiveram o melhor resultado nas questões de ESF com 96,4% de
acerto com uma diferença de 9,80% do segundo melhor resultado que foi dos que atuam
como líderes. A menor porcentagem foi do grupo que atua em outras áreas sendo no total
de 83,40% (Gráfico 7).
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Quem atua como líder obteve melhor porcentagem de acerto nas questões
referentes à liderança com 93,4%, sendo o segundo melhor resultado o daqueles que
trabalham em ESF com uma mínima diferença de 0,60%, seguido pelo grupo de quem
atua na área de enfermagem com 83,8%, posteriormente de quem atua em outras áreas
com 82,6% e a menor pontuação foi a do grupo que atua em estabelecimento de saúde
fora da área de enfermagem com 81,8% (Gráfico 7).
No total a maior porcentagem foi do grupo que atua na área de enfermagem em
ESF (94,5%) com uma diferença de 4,5% do grupo que atua como líder (90%), seguido do
grupo que atua na área de enfermagem (85,1%), de quem atua em outras áreas fora da
enfermagem (82,9%) e por último o grupo que atua em estabelecimento de saúde fora da
área de enfermagem (82,7%).
Também se pode observar no Gráfico 8 que o grupo dos alunos que atuam na
área de enfermagem em ESF obtiveram um melhor resultado nas questões referentes à
ESF com 96,4% comparada as questões de liderança com 92,8%. Os indivíduos que atuam
como líderes obtiveram melhor resultado nas questões de liderança com 93,4%
diferenciando em 6,8% do resultado das questões de ESF. Os indivíduos que atuam na
área de enfermagem obtiveram melhor resultado nas questões de ESF com 86,4%
diferenciando em 2,6% das questões de liderança. Os indivíduos que atuam em
estabelecimento de saúde fora da área de enfermagem obtiveram melhor resultado nas
questões de ESF com 83,6% comparado as questões de liderança com 81,8%. Quem atua
em outras áreas fora da enfermagem obtiveram melhor resultado nas questões de ESF
com 83,4% diferenciando em 0,8% das questões de liderança.
No geral, a maior quantidade de acertos em todas as áreas foi nas questões de
ESF. Apenas os indivíduos que atuam como líderes obtiveram melhor resultado nas
questões de liderança.
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Enf. ESF – Atuam na área de enfermagem em ESF; Líder – Atuam como líder; Enf. – Atuam na área de enfermagem; Saúde fora enf. – Atuam na área de saúde fora da enfermagem; Outros – Atuam em outras áreas
Gráfico 7. Gráfico referente ao comparativo das notas das questões de ESF, Liderança e total correspondente a atuação profissional dos indivíduos.
Os resultados demonstram uma correlação moderada entre as questões de ESF e
as questões de liderança. Entre as variáveis, idade e questões de ESF com idade e questões
de liderança não foram encontradas correlações. Na correlação entre os acertos das
questões de ESF e a avaliação de satisfação com o ensino oferecido pela instituição sobre
ESF, não houve correlação (P = 0,06). Assim como a correlação entre a média das questões
de liderança e a avaliação de satisfação com o ensino oferecido pela faculdade sobre
liderança (P= 0,72). Correlacionando a atividade profissional dos sujeitos com o acerto das
questões de ESF e de liderança não foi encontrado correlação estatisticamente significativa
(P=0,16 e P=0,38, respectivamente). Porém, na correlação entre o nível de satisfação do
ensino oferecido pela faculdade sobre ESF e sobre liderança houve correlação
significativa.
5. DISCUSSÃO
É perceptível e também bastante discutido o aumento da oferta de empregos públicos e
postos de trabalho para enfermeiros. Em proporção ainda maior cresce o número de
instituições de ensino que oferecem cursos de enfermagem. Tudo isso, gera o aumento no
recrutamento e seleção desses profissionais (CARRIJO et al., 2007). Nesse contexto se faz
necessário a escolha correta e mais favorável para a formação acadêmica e
aperfeiçoamento na profissão escolhida.
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Neste estudo, a maioria dos estudantes atua como auxiliares ou técnicos de
enfermagem e demonstraram a opção em dar continuidade à atividade já desenvolvida
atualmente, ao passo que a minoria apresenta experiência como líderes, significando um
problema, uma vez que a liderança é de fundamental importância para os enfermeiros.
Conforme descrito na literatura, dez entre doze enfermeiros gerentes de
unidades básicas de saúde, não apresentaram nenhuma experiência em gerência, referem
isso como um ponto negativo para a atuação profissional (LOURENÇO et al., 2005).
Influenciados pela atuação profissional ou não, como é o caso de líderes na atual
pesquisa, foi evidenciado uma boa porcentagem de acertos (acima de 80%) do
questionário aplicado, sendo que as médias referentes ao conhecimento dos acadêmicos
sobre ESF foram superiores as médias das questões de liderança.
As notas das questões relacionadas à ESF apresentaram uma moderada
correlação com as notas das questões de liderança. Esses dados podem ser justificados
pelo fato de que a maioria dos pesquisados, cerca de 60%, já atuavam na área da
enfermagem, como citado anteriormente. Isso pode ter influenciado os resultados
encontrados, já que as questões eram todas voltadas para as atividades e atribuições dos
indivíduos dentro das unidades de ESF e pelo fato dos indivíduos já apresentarem
conhecimento prático da vida profissional e acadêmica levando ao conhecimento do
processo saúde-doença importante para os trabalhos com equipes de saúde.
Carrijo et al. (2007), por meio de estudo realizado com egressos do curso de
Graduação em Enfermagem em uma Universidade do Estado de Goiás, afirmaram que a
maioria dos entrevistados ingressou como enfermeiro na ESF após a conclusão do Curso.
Os enfermeiros consideraram-se preparados pela formação acadêmica. Esses dados
podem evidenciar o bom resultado no presente estudo por aqueles que não possuem
experiência na área da enfermagem e em liderança.
No entanto, Santos (2003) relata que os enfermeiros ao assumirem equipes na ESF
têm dificuldades pela falta de capacidade em supervisionar. Isso é devido a pouca base
teórica e prática que receberam na formação acadêmica, ressaltando que o profissional
pode reverter esta ausência ao final do curso buscando adquirir conhecimentos.
Acrescenta ainda que os enfermeiros estejam habilitados legalmente para exercer
determinadas funções e que não as fazem por falta de conhecimentos técnicos e legais.
Apesar do bom resultado dentre os pesquisados, a maioria, considera uma maior
satisfação no ensino oferecido em liderança quando comparado ao ensino em ESF, tal fato
pode ter ocorrido em virtude da maioria dos estudantes serem “trabalhadores-
estudantes”, enfrentando dupla ou tripla jornada de trabalho, o que leva o aluno a
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apresentar ausência e exaustão, interferindo principalmente no trabalho professor-aluno.
Alem disso, há não estabelecimento dos fatores formadores que permeiam o processo de
ensino aprendizagem que são: integração, interação, diversidade de idéias, troca de
experiências e participação crítica o que pode ter impedido uma partilha satisfatória.
A maioria dos participantes está satisfeita com o ensino oferecido pela instituição
em liderança. Portanto, este estudo revelou segundo abordagem dos temas, como
composição da equipe mínima da ESF, atividades importantes que fazem parte da rotina
da equipe tendo esta 97% de acerto, demonstrando o conhecimento dos concluintes sobre
a rotina das Equipes; intenção do SUS ao criar a ESF, como são estabelecidas as
necessidades da comunidade e por fim, atribuições específicas do enfermeiro; tendo esta
uma média inferior as demais questões e apresentando um grau de importância bastante
significativo. O enfermeiro ao assumir uma Unidade de Saúde da Família precisa estar
apto para desenvolver tais funções, segundo Moreti-Pires (2009).
O enfermeiro é o centro das equipes de saúde e cabe a esse profissional as
atribuições mais importantes para o desenvolvimento da ESF, que é a gerência,
coordenação e supervisão do trabalho da equipe multiprofissional atuante nas unidades
(ROCHA et al., 2009).
No que se refere às questões sobre liderança, em contexto geral, os participantes
obtiveram 96% de acertos. Desafios do líder perante a equipe apresentaram uma média
inferior em todo o questionário, apenas 51% dos participantes acertaram esta questão,
considerada importante para o futuro enfermeiro. O estilo mais adequado de liderança no
gerenciamento no território da ESF está entre os três principais estilos de liderança
democrática baseada na gestão participativa (XIMENES; NETO; SAMPAIO, 2008).
A questão com maior número de acertos de todo o questionário (98%), referiu-se
a uma situação proposta para avaliar a atuação do enfermeiro líder na ESF.
Demonstrando que os futuros enfermeiros estão aptos ao enfrentamento de situações
cotidianas como a proposta. Evidenciando a importância do trabalho em equipe para
resolução dos problemas da unidade.
Alguns autores consideram que o trabalho em equipe incentiva a criatividade e
leva os participantes a se condicionarem positivamente a escolha da melhor solução,
gerando em toda equipe crescimento profissional, motivação e conhecimento das
atribuições de cada um propiciando maior aproveitamento do potencial dos membros da
equipe (BENITO et al., 2005).
Na análise sócio-demográfica, percebemos uma média de idade dos voluntários
de 31,07 anos significando uma população mais madura, dentre os quais aqueles que
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apresentaram idade entre 30 e 50 anos obtiveram notas superiores a dos indivíduos com
idades entre 20 e 29 anos. Porém, na análise estatística este resultado não apresentou
correlação, sugerindo que a idade mais avançada não influenciou nas notas.
Raffone e Hennington (2005) demonstraram que indivíduos entre 35 e 68 anos
exercendo funções na enfermagem estão cada vez mais presentes. Muitas vezes, não
desenvolvendo as atividades com tanta agilidade, mas ainda buscando aperfeiçoamento
profissional por meio da formação acadêmica e pós-graduação, promovendo uma
transformação pessoal e social.
Citamos neste estudo que a experiência profissional pode ter influenciado no
resultado da pesquisa. Realizamos um comparativo entre todas as notas dos indivíduos e
suas respectivas atuações profissionais. Isso nos revelou um melhor resultado nas
questões referentes à ESF, exceto os que atuam como líderes, que tiveram melhor
desempenho em liderança, sugerindo que este resultado pode estar relacionado à
experiência que os indivíduos apresentam na área.
O conhecimento dos concluintes sobre as questões referentes à ESF e liderança,
sugere que o aprendizado foi satisfatório e eficiente para formação dos futuros
profissionais da enfermagem.
6. CONCLUSÃO
A pesquisa demonstrou que alguns temas para a formação apresentam lacunas e que
poderão influenciar no desenvolvimento profissional desses acadêmicos. Entretanto,
podem ser recuperados por meio da busca de conhecimentos, os quais não se limitam
apenas pela formação acadêmica, mais que devem estar presente em toda a vida dos
enfermeiros para enfrentamento das exigências profissionais. Ao contrário do que a
maioria dos acadêmicos idealiza a instituição de ensino em si, não é a única responsável
pela formação desse futuro profissional, o professor em seu processo de ensino é apenas
um facilitador sendo o aluno, co-responsável pelo seu aprendizado.
REFERÊNCIAS
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Leandro Nobeschi Coordenador do curso de Tecnologia em Radiologia do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Mestre em Morfologia.
Vanessa Franquini Nogueira Professora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Especialista em Ciências da Saúde
Aline Benedito Professora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Especialista em enfermagem.
Aurilúcia Alves Leitão Leite Coordenadora do curso de Biologia do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Mestre em Nefrologia.
Leandro Nobeschi et al. 185
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 1, Ano 2011 • p. 171-185
Ciléa Belém Morais Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.
Claudia Maria Silva Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.
Elisangela Munhoz Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.
Fabiola Luiza Silva Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.
Risolandia Souza Rocha Enfermeira. Graduada no Centro Universitário Anhanguera de Santo André.
José Fiusa Neto Coordenador do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Santo André. Mestre em Enfermagem.