Ensaios Olga Felicio

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Re vist a Babil ónia Ensaios 163 A Lingua Russa - História, Evolução, Ensino O lga F e líc io (P rofes sora na Univ ers idade L us ófona) O rige n s Os pr imeiros dados his tóricos s obr e a R ús s ia e o pov o «R os » pe rt encem ao s éc ulo VI. Es s a et n ia es lav a vivia no lugar ond eo R io R os de s agu a para o Dnie pre . S obre os russ os do s éc ulo VI s abemos qu e er amalt os, v ale nt es ev igor os os . No s éc ulo IX t orn ou-se o es t ado dos es lavos de L es t e, « R us » , com a cap ita l qu e tin ha o nom e da actua l cap it al da Ucr ân ia. Eis por qu e a R ús sia deent ão é conhecidacom o «Kie v skaia Rus». Num m anus crit o pe rs a, e ncontrado em1892, a Rúss ia da prim eira m et ade do s éc ulo IX é de scrita com o « um pais ext en s o, com a população de ar de s afiante e guerreira...» A nat ure za dotou a Rússia de abundantes recursos. O desenv olvim ento do comércio e a na v egação, pe los m are s do Norte e do S ul, en riqu eceu a s ua cult ur a gra ças ao relacioname nt o es t re ito com os países m ais próx imos. O s laços es t re itos comBiz ân cio be ne ficia rama adop ção do cr is t ian is mo com oa re ligião ofic ial. Em988 o prín cipe ru s s o Vlad ímir adop t ou o cris t ianis m o e bap t izou os russos e m m as sa no Rio Dnie pre . O cris t ianismo es palh ou-s e por to da a R ús sia s ub s t itu indo o pag anism o (c u lt os do Deu s da Gue rra - P er um, do Deu s da riq ue z a - V ele s , en tre outros ) . A n ova re ligião en raiz ou-s e bem no solo rus so, pr eg ando as norm as m orais . No s é culo XII « Kiev s kaia Rus» já era umdos pr incip ais país es da Eu ropa. No seu te rrit ório ex is tiam de z enas de m ilha re s de ald eia se pov oaç ões qu e de ramorig ema fut ur as cidad es . Fun dação de Moscov o No iníc io do s éculo XII «Kiev s kaia R us» div idiu-se em m ais de uma dúzia de Mio lo Babil on ia f ina l s ai da .qx p 23/ 06/ 200 5 18: 49 Pag e 163

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    A Lingua Russa -Histria, Evoluo, Ensino

    Olga Felcio(Professora na Universidade Lusfona)

    Origens

    Os primeiros dados histricos sobre a Rssia e o povo Ros pertencem aosculo VI. Essa etnia eslava vivia no lugar onde o Rio Ros desagua para o Dniepre.Sobre os russos do sculo VI sabemos que eram altos, valentes e vigorosos. No sculoIX tornou-se o estado dos eslavos de Leste, Rus, com a capital que tinha o nome daactual capital da Ucrnia. Eis porque a Rssia de ento conhecida como KievskaiaRus. Num manuscrito persa, encontrado em 1892, a Rssia da primeira metade dosculo IX descrita como um pais extenso, com a populao de ar desafiante eguerreira...

    A natureza dotou a Rssia de abundantes recursos. O desenvolvimento docomrcio e a navegao, pelos mares do Norte e do Sul, enriqueceu a sua culturagraas ao relacionamento estreito com os pases mais prximos. Os laos estreitoscom Bizncio beneficiaram a adopo do cristianismo como a religio oficial. Em 988o prncipe russo Vladmir adoptou o cristianismo e baptizou os russos em massa noRio Dniepre. O cristianismo espalhou-se por toda a Rssia substituindo o paganismo(cultos do Deus da Guerra - Perum, do Deus da riqueza - Veles, entre outros). A novareligio enraizou-se bem no solo russo, pregando as normas morais. No sculo XIIKievskaia Rus j era um dos principais pases da Europa. No seu territrio existiamdezenas de milhares de aldeias e povoaes que deram origem a futuras cidades.

    Fundao de Moscovo

    No incio do sculo XII Kievskaia Rus dividiu-se em mais de uma dzia de

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    principados. Uma regio no Nordeste Russo, entre os rios Volga e Oka, clebre pelassuas terras frteis e bem protegidas pelos bosques dos assaltos das tribos nmadas,foi governada pela prncipe Iuri Dolgoruki - Iuri-das-Mos-Longas. Este construiuvrias cidades e fez alianas com os vizinhos. Em 1147 convidou-os para acelebrao da vitria sobre os inimigos, numa aldeia fronteiria, Moscou. Esta data considerada como a data da fundao de Moscovo. Em 1156, foi construda nestacidade a primeira fortaleza de madeira, que se tornou uma das maravilhas do mundo- o Kremlin de Moscovo.

    Geografia

    A Federao Russa o maior pas do mundo. Mais de 10 mil quilmetros e 11fusos horrios separam Sochi, no Oeste, de Vladivostok, no extremo Leste. O seuvasto territrio alcana dois continentes, a Europa e a sia. A parte Europeiadelimitada pelos Montes Urais rene quatro quintos da populao, e as principaiscidades, entre elas a capital, Moscovo, e a imperial So Petersburgo. A leste do RioIenissei, elevam-se planaltos e serras bastante elevados e ao Sul estende-se oCucaso. As plancies inspitas da Sibria, na poro asitica, concentram as ricasreservas minerais que fazem do pais lder mundial na produo de carvo, petrleo egs natural. A grande extenso territorial, porm, esconde uma fragilidadegeopoltica, que se traduz na existncia de poucas sadas para guas navegveis.Com uma longa costa gelada no Oceano Glacial rctico e no Mar de Bering, restamos portos estratgicos nos mares Negro, Bltico e de Barents.

    Cirilo e Metdio

    Foi no sculo IX, no ano 827, que nasceu Constantino, stima criana de umafamlia aristocrtica. Na cidade de Salnica, na costa do mar Egeu, Constantino e seuirmo mais velho Metdio, que na altura tinha catorze anos, mostraram-se desdecedo muito inteligentes para as suas idades. Muitos cientistas crem que desde osmeados do sculo IX numerosos grupos eslavos viveram na Grcia e que, assimsendo, a me de Constantino e os seus irmos eram eslavos. Por volta do sculo IX,Roma, Vaticano e Constantinopla eram cidades consideradas como centros da vidareligiosa, da cultura e da poltica de muitos povos tendo, portanto, influncia sobretodas as regies que dominavam. Foi sobretudo na religio que estas cidadesmostravam a sua supremacia, permitindo que as missas fossem apenas faladas oucelebradas em latim, grego e hebraico. O desenvolvimento e prosperidade dos pasestornavam-se assim dependentes da religio.

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    Apesar da obrigatoriedade das referidas trs lnguas, a famlia de Constantinofalava, alm dessas, a sua lngua materna, o eslavo. Quando tinha cerca de vinteanos, Constantino, porque pertencia a uma famlia considerada influente e rica, deuentrada num convento para continuar os seus estudos. Sempre fora bom aluno atodas as disciplinas, mas tinha um fascnio especial pela histria das religies. Aps asua formao em Teologia, que foi precedida por uma cerimnia, Constantinorecebeu o nome de Frei Cirilo. Para a sua poca, este era um homem muito inteligentedotado da capacidade de falar vrias lnguas, entre outras o rabe e o hebraico,sendo considerado pelos seus colegas como um filsofo. Metdio, o seu irmo maisvelho, tambm se tinha tornado frade, tendo ambos desempenhado um importantepapel no desenvolvimento do Cristianismo na Europa.

    Quando tinha vinte e quatro anos, Cirilo, j cientista, telogo e linguista,aceitou a seu cargo a tarefa, ordenada pelo Imperador, de converter os povos eslavosrecm-convertidos. O Imperador de Bizncio escolheu Cirilo para converter os povosao Cristianismo, e desse modo unificar o povo e a religio, centralizando o poder.

    neste momento que poderemos colocar a questo: Se esses povos aceitaramo Cristianismo como a sua nica religio, porque no aceitaram o grego (latim ouhebraico) como lngua ou forma de divulgar essa religio?

    Na altura, a situao poltica tornava urgente a aceitao do Cristianismo, maso problema residia ainda na sua divulgao. Antes de Cirilo, j muitos outroscientistas (linguistas) tinham tentado inventar um novo alfabeto para o eslavo, poisapesar desta lngua ser falada pelos povos convertidos ao Cristianismo, ainda nopossua uma forma escrita. A adopo de smbolos gregos e latinos tornava-seimpossvel, pois a fontica do eslavo era difcil e no poderia utilizar os mesmossmbolos para a sua representao.

    Foi ao longo de vinte anos que Cirilo e Metdio tentaram compreender asdiferenas existentes entre a sua lngua materna e a lngua da sua religio,conseguindo finalmente inventar um novo alfabeto. Cirilo morreu, com quarenta e umanos, aps ter concludo o trabalho a que se props, ou seja, o trabalho de uma vidainteira. Aps a sua morte, o Papa Adriano II nomeou o seu irmo Metdio arcebispo.No ano 870 autorizou que as missas fossem celebradas pela primeira vez emeslavnico. Este passo foi uma grande vitria dos dois irmos e seus discpulos, mas,pouco tempo aps a morte do referido Papa, o seu sucessor proibiu a leitura da BbliaSagrada em eslavo.

    No ano 885, Bris, Czar da Bulgria, converteu-se ao Cristianismo e ofereceucondies aos discpulos de Cirilo e Metdio para traduzirem os livros sagrados emeslavnico. Mais tarde, quando Bizncio perdeu a sua importncia, a Bulgria passaa ser o centro da lngua eslava e da cultura religiosa ortodoxa. A transformao da

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    Bulgria num centro importante de cultura religiosa foi outro passo importante nahistria. J nessa altura havia algumas diferenas entre os dialectos dos diferentespovos no sendo, no entanto, necessrias tradues quer da lngua quer do alfabetoeslavo.

    Em 945, sculo X, a Rssia, com o seu povo eslavo, aceita tambm oCristianismo, 123 anos depois dos blgaros. As diferenas entre os dois dialectos,blgaro e russo, eram mnimas tendo os russos aceite o blgaro antigo dotado deuma escrita graas inveno do alfabeto cirlico pelos dois irmos eruditos Cirilo eMetdio. J h muito tempo o Blgaro antigo se tinha tornado a lngua oficila daIgreja Ortodoxa.

    S muito tempo depois, que no resto da Europa se comeou a falar a lnguamaterna dos respectivos povos durante as missas, em vez do latim ou do grego. NaInglaterra comeou-se a falar ingls nas missas s no final do sculo XIV e na Franas no sculo XV.

    Poderemos assim dizer que Cirilo e Metdio, com a ajuda dos seus discpulos,em meados do sculo IX, 560 anos antes dos restantes povos, revolucionaram aleitura dos Livros Sagrados durante as missas, tendo obtido o povo eslavo uma grandevitria sobre o Cristianismo.

    At na escrita, foi apenas depois do sculo XVI que na Europa se deixou de usarLivros Sagrados escritos em eslavo. At o ritual executado por um prncipe antes de setornar rei, aps a morte do rei precedente, tinha a presena do Livro Sagrado escritoem eslavo para a prestao do juramento.

    O trabalho que nos deixaram os dois irmos sem duvida um dos mais ricose notveis pois eles no s criaram o alfabeto eslavo como tambm enriqueceram acultura do seu povo e do mundo inteiro. Hoje, o povo eslavo a nica etnia mundialque conhece a origem e os criadores do seu alfabeto.

    Cirilo disse: Se Deus criou povos com vrias lnguas, isso d-lhes o direito decelebrarem Deus na sua prpria lngua.

    Lnguas Eslavas

    As lnguas faladas a sul e a leste do mundo eslavo, na Europa oriental,preservaram, durante a sua evoluo, os alfabetos criados na poca em que surgiramtais troncos filolgicos. Assim, depois dos primeiros caracteres glagolticos, os doisirmos criaram os caracteres cirlicos que deram incio aos alfabetos cirlicosmodernos: russo, blgaro e servo-croata.

    As lnguas eslavas constituem um ramo da famlia lingustica do indo-europeu.Abrangem todos os idiomas e dialectos que se falam na vasta regio compreendida

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    entre as estepes russas, a leste, a plancie polonesa, a oeste, e a parte setentrional dapennsula balcnica ao sul, com excepo do hngaro, que uma lngua fino-ugriana.

    Tradicionalmente, entre os povos eslavos distinguem-se as seguintes reaslingusticas:

    As lnguas eslavas orientais compreendem o russo e o ucraniano. As lnguaseslavas ocidentais so o checo, o eslovaco, o polaco.

    Nas regies meridionais fala-se o blgaro, prprio da Bulgria e das regieslimtrofes da Romnia e da Grcia; o macednio, da Macednia e norte da Grcia;o esloveno, da Eslovnia e zonas fronteirias da Crocia; e o servo-croata, principallngua eslava do sul, falada na Srvia, Crocia, Montenegro e Bsnia-Herzegovina.O servo-croata grafado em alfabeto latino na Crocia, e em cirlico na Srvia.

    As lnguas eslavas modernas descendem do proto-eslavo, estreitamenteaparentado com o protobltico, do qual originaram as lnguas blticas. Destas, spersistiram o lituano e leto. Os eslavos habitaram uma regio a norte dos Crpatosat aos primeiros sculos da era crist, quando comearam a expandir-se,alcanando, no sculo VI, as fronteiras do Imprio Bizantino.

    Em finais do sculo IX, esses povos adoptaram o cristianismo. A lngua queutilizaram nos seus textos religiosos constituiu a base do eslavnio, lngua litrgica doseslavos ortodoxos. Para transcrever os sons das lnguas eslavas, como j sabemos,criaram o alfabeto, hoje chamado cirlico, inspirado essencialmente nas letras cursivasgregas, mas que para representar os fonemas inexistentes em grego, contava tambmcom grafemas, procedentes de outras lnguas j existentes. Quase ao mesmo tempo,comeou-se a usar o alfabeto cirlico - assim chamado em homenagem a So Cirilo- que apresentava traos comuns com a escrita glagoltica e a uncial grega.

    O eslavo disseminou-se pelos territrios evangelizados e proporcionou a essespovos uma lngua escrita comum. Embora a origem da lngua escrita de Cirilo eMetdio parea estreitamente vinculada s lnguas macednias, variantes do blgaro,a sua expresso oral no devia diferir muito do idioma usado pelos eslavos, pois adivergncia dialectal na poca era muito pequena.

    Entre os sculos X e XII, registaram-se diversas mudanas no sistema voclico,com diferentes resultados em cada dialecto, o que levou ao desenvolvimento degrupos separados de lnguas. Essas, em parte, coincidem com as caractersticas geraisque modernamente distinguem o ramo eslavo. Embora o eslavo eclesistico se tenhaconservado em essncia como lngua litrgica, com o tempo o ramo eslavo dividiu-se em vrias dialectos.

    A maior parte dos documentos redigidos em eslavo (os mais antigos remontamao sculo X) so religiosos. No sculo XI, em consequncia do cisma do Oriente, que

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    separou as igrejas romana e bizantina, a escrita eslava foi suprimida em algumasregies. Assim, as literaturas vernculas comearam a desenvolver-se em alfabetosderivados do latino, comeando assim o processo de normalizao das lnguaseslavas ocidentais. Todavia, o desenvolvimento das lnguas literrias vernculas nosgrupos eslavos orientais e na maioria dos meridionais foi condicionado pelo uso daescrita eslava. Na Rssia, a lngua escrita surgiria em grande parte como um meio-termo entre a lngua popular e o eslavo eclesistico.

    Na Idade Mdia, as lnguas eslavas expandiram-se nas regies orientais, ondese imps um alfabeto cirlico simplificado. Contudo, nas regies do oeste, os colonosgermnicos fizeram com que essas lnguas retrocedessem progressivamente.

    Entre as modernas lnguas eslavas, o russo ocupa lugar de destaque, tanto pelacultura de que tem sido veculo como pela sua expanso e nmero de falantes. Apartir da idade moderna propagou-se pela Sibria, e, em finais do sculo XX, erafalado como primeira ou segunda lngua pela grande maioria dos pases queformavam a extinta Unio Sovitica.

    Evoluo lingustica

    As lnguas eslavas, juntamente com as blticas, so os grupos lingusticos queseguem com mais fidelidade o modelo indo-europeu, nisto diferindo das lnguasgermnicas e latinas. No ramo eslavo registam-se poucos fenmenos de evoluoradical e quase todas as lnguas mantm os traos caractersticos do eslavo comum.Assim, a comunicao oral entre os falantes de diferentes idiomas, embora difcil, no impossvel.

    No campo da fonologia comum a todas a lnguas eslavas a oposio entreconsoantes duras ou brandas. O mais curioso, no plano gramatical, a manutenodo sistema indo-europeu de casos, do qual perduram o nominativo, genitivo, dativo,acusativo, vocativo, instrumental e locativo, somente faltando o ablativo. Sob esseaspecto, o blgaro e o macednio constituem grandes excepes, pois mantiveramapenas um sistema bicasual (com os casos directo e oblquo), compensado pelo usomais frequente de preposies. tambm uma caracterstica dessas duas lnguas oartigo definido posposto, que no existe nos demais troncos eslavos. Os substantivospodem ser de trs gneros: masculino, feminino e neutro, e, excepto no esloveno,perderam o dual. Os tempos verbais formam-se a partir de dois radicais de ummesmo verbo, que indicam o Pretrito Perfeito (resultado da aco) e o Imperfeito (querepresenta o constatao de facto, a repetio da aco ou a prpria aco).

    O vocabulrio fundamental das lnguas eslavas, que deixa transparecer antigosvnculos com os troncos lingusticos germnico e indo-iraniano, enriqueceu-se

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    progressivamente com a introduo de prefixos e sufixos e mediante combinaes derazes. Regionalmente, observam-se influncias de lnguas estrangeiras, sobretudo doalemo, no Oeste, e do turco, nos Balcs. Para criar novos termos costuma-serecorrer adaptao de vocbulos gregos e latinos, e so muito frequentes osemprstimos entre as diferentes lnguas eslavas.

    O ensino da lngua - Particularidades do ensino da lngua russa como lnguaestrangeira na etapa inicial.

    A lngua um sistema de sinais de natureza fsica que serve de meio derealizao do pensamento e da comunicao humana; no seu sentido propriamentedito, a lngua, composta por palavras, um fenmeno socialmente necessrio ehistoricamente condicionado. Uma das manifestaes naturais e imediatas da lngua a fala, a qual nos aparece sob a forma de comunicao oral. A lngua um sistemade comunicao que no s serve a sociedade, como um patrimnio social. Asociedade tem interesse em cultivar a lngua, em torn-la mais rica e perfeita. Noprocesso da comunicao, os intervenientes trocam mensagens portadoras deinformao que lhes necessria e, por isso mesmo, nova.

    Nos dias de hoje abre-se uma nova perspectiva Pedagogia. Se antes, noprocesso de ensino da lngua, se ensinava principalmente a gramtica, agora pe-sesobretudo o problema da estrutura da composio significativa do texto. Para secompreender o que significa um texto necessrio tomar ateno a algunscomponentes essenciais da estrutura de fala. sabido que a fala se desdobra nadinmica multi-estratificada do mecanismo das unidades lingusticas - os fonemas, osmorfemas, os sintagmas, as oraes. O desenvolvimento, a aceitao e ageneralizao da fala do-se atravs da elaborao do todo a partir dos elementos.O ouvinte reconhece no texto as unidades da lngua e capta desse modo a oraocompleta. O orador, para mais, deve partir do todo que forma o conjunto damensagem formulada na sua cabea, ou, de outro modo, no obter um textocoerente. Por outras palavras, necessrio levar a cabo uma anlise cognitiva.

    A sntese da anlise cognitiva consiste em fazerem-se - com base no estudo doselementos e das variadas propriedades do objecto - tentativas de elucidar e explicara estrutura e as propriedades do todo. Daqui resulta que no processo dacomunicao oral trabalha activamente no s a lngua sonora, mas tambm a falainterna. necessrio formar aquele todo que se dirige aos interlocutores e este todo a ideia do texto. Os meios da fala interna so diferentes dos da fala externa.Quando o Homem fala ou ouve a fala, emergem de relance aqueles esquemas eimagens evidentes j anteriormente consolidados. Estas imagens so, por si,

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    intransmissveis e necessrio, por isso, substitu-las por palavras. E nisto consiste,grosso modo, o processo de compreenso. Esta no s um mtodo, mas tambmum objecto de reconhecimento, de investigao bastante multifacetado. A variedadedas formas e dos meios de compreenso no mundo humano est condicionada pelamultiplicidade real das lnguas.

    Existe uma estreita ligao entre as lnguas e o clima. O sol produz sonsvoclicos, da mesma forma que contribui para o crescimento das flores. No Norteabundam os sons consonnticos, do mesmo modo que abunda o gelo no seuterritrio. O equilbrio entre consoantes e vogais estabelece-se nas lnguasintermdias, fruto de climas temperados.

    Para o ensino de uma lngua estrangeira h, evidentemente, que ter em contaeste factor. O ensino inclui em si um sistema de noes tericas e de formasorganizadas que assegura a possibilidade de obteno individual e sistemtica deconhecimentos e hbitos, atravs dos diferentes tipos de estudantes. O ensino devepartir da individualizao mxima do processo de aprendizagem, no qual cadaestudante poder aprender em consonncia com as suas capacidades individuais,ritmos individuais de aprendizagem, etc.

    As variantes de ensino mais eficazes devem focar aqueles aspectos tais comoa automatizao do controlo dos conhecimentos dos estudantes e a utilizao datcnica de estudo e de consulta por parte dos mesmos. Ao nmero das abordagensmodernas na elaborao de novos sistemas remetem-se aquelas orientadas para aresoluo das questes didcticas que propem a formao de sistemas deadaptao do ensino com a ajuda do computador.

    O desenvolvimento e o aproveitamento do ensino fizeram surgir novasquestes de carcter terico e prtico acerca das melhores formas de gesto domesmo, e garantiram um aproveitamento mais intensivo e a criao de mecanismosespeciais de ensino.

    Segundo o Dicionrio de Lngua Russa, de S. I. Ojegov, ensinar significainstruir informando, transmitindo um testemunho sistematizado de qualquer disciplinadidctica. O ensino um processo criativo e as iniciativas criativas do professordevem ser expostas e este, como possuidor das bases principais da sua profisso,comea criativamente, a dar-lhes nova interpretao e a formular as tcnicas quemelhor correspondam ao carcter da sua individualidade e s condies de trabalho,o que, no final das contas, ir garantir a eficcia do processo didctico.

    Ao assumir a gramtica de qualquer lngua que no seja a materna, no possvel contar s com a formao espontnea dos hbitos gramaticais da fala e daescrita correctas. A compreenso do todo da estrutura gramatical de uma lnguaestrangeira e a sua especificidade, que tem como fundo a lngua materna, facilita em

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    muito, e torna mais seguro, o domnio da lngua.Uma condio obrigatria para o domnio prtico de uma lngua estrangeira

    a capacidade de construir oraes que correspondam a determinadas situaesorais, de acordo com as normas dessa mesma lngua.

    As informaes sobre o sistema da lngua estudada e as regras de unio e deutilizao das unidades em anlise ensinam-se atravs de um esquema de modelosestruturais, ou seja, de exemplos de conversao. Os exemplos de conversaoempregam-se tanto na introduo de um material gramatical novo, como no sistemade seu processamento, isto , em exerccios. No entanto, a utilizao do sistema dosmodelos estruturais pode dar o efeito desejado somente quando se tem, na base doexemplo de conversao, um esquema estrutural que tenha uma ampla capacidadede variar os componentes gramaticais do exemplo e que sirvam ao estudante comopadro em caso de execuo de aces por analogia.

    O processo de formao, por parte dos estudantes, dos seus prprios discursosnuma lngua estrangeira, exige o domnio consciente da estrutura gramatical dessalngua. O estudo do sistema gramatical da lngua obter maior efeito se forapresentado atravs do confronto do sistema da lngua materna com o dessa lnguaem estudo. Tal confronto apoia-se sempre na anlise comparativa da estruturasignificativa das palavras e, na maioria dos casos, provoca um resultado positivovisvel.

    Na organizao de aulas de lngua russa tem-se em ateno, por um lado, acategoria do material oral, as faculdades e hbitos de fala e, por outro, os objectivose perodo do ensino. Os objectivos do ensino da lngua russa como lngua estrangeiraso: a conscincia e consolidao dos hbitos de domnio da lngua - o ensino daconversao, que exige um alto nvel de automatizao.

    Uma das principais tarefas de ensino da lngua russa na etapa inicial a dealicerar as bases da fala correcta. A resoluo desta tarefa exige uma compreensoconsistente, a consolidao dos significados e das formas das unidades gramaticais elexicais da lngua, e uma prtica abundante da sua utilizao na fala.

    Ao apresentar-se o material gramatical h que ter em vista que a compreensodas unidades gramaticais, e mesmo do sistema da lngua, no por si s o objectivodo ensino: pode-se saber gramtica e no dominar a lngua. O objectivo consiste noem saber somente gramtica, mas tambm em conseguir empreg-la na fala. Estatarefa mais importante realiza-se atravs de exerccios direccionadas para trabalhar ascapacidades e hbitos determinados pelo programa, dependendo dos objectivos decomunicao e das condies de ensino.

    Um dos princpios bsicos do ensino da lngua estrangeira de elaborar umanoo geral sobre os principais traos da concepo metodolgica na qual se

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    constri a apresentao, a consolidao e a introduo dos estudantes na fala dosmodelos estruturais bsicos da orao russa. Antes disto, dada uma importnciaparticular ao significado da funo da declinao, o qual se obtm atravs daconsciencializao do material gramatical por parte do aluno, com a ajuda dacomparao com a lngua materna.

    H que referir que o domnio prtico da lngua russa, por parte dosestrangeiros, particularmente dificultado pela existncia de um sistema dedeclinaes. A assimilao das significaes mltiplas das declinaes, das diferentesterminaes como princpio - base de mudana da forma dos substantivos, dospronomes, dos adjectivos e dos numerais, apresenta-se, aos estudantes estrangeiros,como o travo da sua rpida aprendizagem.

    O sistema de declinao da lngua , por variadas causas, difcil para amaioria dos estrangeiros, independentemente do facto de existir ou no na lnguamaterna de cada um, o dado fenmeno gramatical. por isso que a questo daelaborao de conhecimentos e hbitos de utilizao das declinaes na fala umdos principais e mais complexos problemas da metodologia do ensino inicial dalngua russa como lngua estrangeira. O professor que assim a ensina como lnguaestrangeira tem que dar particular significado ao momento de apresentao domaterial gramatical, da organizao correcta do qual depende a exactido da falados estudantes, a capacidade de construir oraes por si prprios e inseri-las nassituaes dialogais em constante mudana. J se sabe que a quantidade, a qualidadee o preenchimento lingustico dos exerccios que os estudantes devem executar, ajudaa atingir mais rapidamente hbitos de domnio dos modelos estruturais iniciais,necessrios para a comunicao oral possvel na etapa inicial.

    A acumulao gradual e a tomada de conscincia dos fenmenos gramaticaisdo finalmente ao estudante uma noo geral sobre a estrutura da lngua russa emcomparao com a estrutura da lngua materna

    Se, por exemplo, se puser ante o estudante o objectivo de falar e compreendera fala russa, num diapaso amplo, cairemos na situao de que a maioria do tempodo processo didctico ser ocupado pelo treino prtico, e ento o estudante no ter,a curto prazo, uma noo mais ou menos exemplificada do sistema da lngua russa.O material dividido em pequenas doses, mesmo que bem activado, no d ainda aoestudante uma noo completa da lngua estudada.

    por isso que no processo de ensino so necessrias tcnicas pedaggicasparticulares, durante as quais se d a sistematizao dos conhecimentos gramaticaisem forma de micro-esquemas completos. E assim, ao se terminar, por exemplo, oestudo do sistema de declinaes dos substantivos, necessrio fornecer ao estudantetabelas que generalizam todas as declinaes estudadas e as suas formas.

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    O consolidao das formas declinativas ter mais sucesso, quando maior fora quantidade de material que se utilize para treinar, e por isso que a introduo denovas estruturas que expressem formas conhecidas constitui um factor positivo.

    A Lngua Russa em Portugal

    A histria dos contactos entre as lnguas portuguesa e russa ainda no estbem estudada. A informao, que consta nas primeiras notcias sobre a Rssia,chegou a Portugal com as narrativas das viagens pelo Oriente, feitas pelo venezianoMarco Plo, nos finais do sculo XIII, no seu manuscrito Da provncia de Rossiya,editado em Lisboa, e tambm na carta escrita pelo Dr. Martim Lopes, em 1500.

    Desde que a Rssia saiu do seu isolamento, o imperador Pedro I, O Grande(1682-1725) abriu uma janela Europa. As relaes com o Ocidentemultiplicaram-se e comearam a perder o seu carcter espordico.

    O nmero de europeus, que se fixaram com famlias em Moscovo ou quepermaneceram durante uma longa estadia, aumentou a tal ponto, que apareceu nacidade um bairro destinado s a estrangeiros. H confirmao da presena entre elesde portugueses.

    Um dos primeiros chefes da Polcia de So Petersburgo, fundada em 1703, eraum portugus chamado Conde Sapicha, que o Czar Pedro encontrou comomarinheiro de um navio mercante na Holanda, em 1676, e que depois de ter entradopara a Guarda Imperial, foi nomeado chefe da Polcia. J depois da morte de Pedro,O Grande, viu-se envolvido em algumas aventuras e complicaes na corte russa eacabou por ser mandado para a Sibria.

    O convvio entre os dois pases e o desenvolvimento das relaes comerciaisjustificou a instalao da Embaixada Portuguesa na Rssia. A nomeao do primeiroembaixador portugus na Rssia data de 1778. Era a poca do reinado na Rssia daczarina Catarina II (1762-1796). O enviado portugus corte russa, Horta Machado,chegou a So Petersburgo em 1779. A Gazeta de Lisboa, peridico daquela poca,ter comeado a publicar notcias da Rssia.

    O Dirio de Notcias, de 22 de Abril de 2004, no artigo de Ana MarquesGasto "Europa com 20 idiomas e Portugal pouco os ensina" refere o seguinte:

    Com a adeso, a 1 de Maio, de dez novos estados (Polnia, Repblica Checa,Eslovquia, Hungria, Eslovnia, Letnia, Estnia, Litunia, Malta e Chipre), a Europapassar a trabalhar em vinte idiomas diferentes, o que levar contratao demilhares de funcionrios: intrpretes, juristas, linguistas, altos responsveis. E aLngua, como se sabe, cruza vectores to relevantes como o cientfico-cultural, opedaggico-didctico, o econmico e o poltico, aprendendo-se no s por razes

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    de cio-erudito, mas por motivos de utilidade pessoal e colectiva.Se no plano europeu, a tendncia ser a da simplificao, j que a maioria de

    pessoas preferem o ingls - que as novas geraes da Europa privilegiam -, emPortugal o ensino destes idiomas (estnio, leto, lituano, polaco, checo, eslovaco,hngaro, esloveno, malts e como no oficiais o russo e turco) de uma grandeescassez, sobretudo no domnio das universidades.

    Nos trs pases blticos (Estnia, Letnia e Litunia) as minorias russfonassomam perto de milho e meio de pessoas. Outra novidade na Unio Europeia.

    Se o destino da Europa no ser bablico, muito menos o de Portugal, pelomenos nos tempos mais prximos. Entre estes novos idiomas, o russo est a serleccionado (no ano lectivo 2003-2004), como curso livre ou opo.

    O panorama , portanto, de alguma pobreza, apesar do surto de imigrao,no que no haja interesse por parte das Faculdades, mas no abunda adisponibilidade econmica e a procura reduzida. Basta dizer-se que, no plano datraduo literria, h muito poucas pessoas a trabalhar. O russo e o polaco so,porm, as lnguas mais procuradas, o que ter a ver com a dimenso dos pases. Ecom a chegada das nove lnguas Unio Europeia, os tradutores e intrpretes,sobretudo no aspecto tcnico, sero muito solicitados. Curiosamente, em Portugal, fora das Universidades que se verifica um maior flego no incremento do ensinodestes idiomas, em que qualquer pessoa se pode inscrever. A experincia adquirida,tanto por professores como alunos, tem vindo a demonstrar que, cada vez mais, oensino tem que se adaptar s novas exigncias da sociedade contempornea. Estasociedade sofre grandes mutaes em espaos temporais cada vez mais curtos e osdiversos sistemas de ensino no podem ficar estticos, incapazes de promover aformao de indivduos teis.

    Na sequncia destes factores, h j algum tempo que se faz sentir a falta deportugueses habilitados a movimentarem-se com facilidade nos mercados dos pasesdo Leste emergentes no novo sculo. Estes mercados, que incluem mais de metade darea e da populao europeia, tm a particularidade de s num passado aindarecente terem sido abertos ao Ocidente, resultando da um enorme movimento depessoas, prevendo-se, a curto prazo, um enorme movimento de bens e servios.

    No nos podemos esquecer dos aspectos culturais. Neste caso h ainda maisa explorar se considerarmos que grande nmero dos eventos histricos, cientficos,culturais etc., que mais profundamente influenciaram o curso da histria edesenvolvimento na Europa e no Mundo, ocorreram na regio leste da Europa.

    Portugal, inserido geogrfica e politicamente numa comunidade de estadoscuja tendncia o alargamento, tem necessidade de diversificar os seus contactos anvel poltico econmico e social. Para tanto obrigado a recorrer a especialistas nosdiversos aspectos que caracterizam as sociedades, capazes de fundamentar as suas

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    opinies ou aconselhar devidamente governos ou investidores.No que concerne o funcionamento do Estado, so conhecidos os problemas

    actualmente enfrentados por tribunais, foras policiais e de segurana, assim comoorganizaes no governamentais, em relacionarem-se com o crescente nmero deimigrantes do Leste que circulam pela Europa e por Portugal em particular.

    No respeitante s empresas, estas tm tido dificuldades extremas em ganhar oseu espao no mercado, por no existirem nos seus quadros pessoas habilitadas arepresentar os interesses das mesmas no meio burocratizado dos pases do Leste.

    A nvel cultural podemos referir a falta de tradues a partir dos originais dosgrandes clssicos da literatura ou do cinema.

    Podemos assim afirmar que, at ao momento presente, so pouqussimos osespecialistas em economia, poltica ou cultura do Leste Europeu, mas tambmpodemos afirmar, sem querermos assumir capacidades visionrias, que uma grandefatia do futuro de cada um dos pases europeus passa pela sua capacidade deadaptao rpida aos novos desafios da expanso do mercado mundial para Leste.

    Paralelamente, tambm podemos afirmar o interesse que qualquer cidadooriundo do Leste Europeu ter em frequentar uma licenciatura que permita a suarpida insero no mercado de trabalho do pas que o recebe. Para estes cidados,a licenciatura ter um cariz talvez mais simples, considerando que j possuem umaformao prvia em algumas disciplinas do curso, obtendo no entanto um grauacadmico no final do mesmo, que lhes permite facilmente o acesso ao emprego emPortugal ou em qualquer outro pas da Comunidade Europeia.

    Em Portugal, a Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologia, assumiuo desafio de criar condies para os estudantes portugueses e outros, se tornaremmembros extremamente necessrios sociedade e acaba assim de criar, no conjuntode seis licenciaturas em Lnguas e Literaturas Modernas, a primeira licenciatura oficialde Estudos Portugueses e Russos.

    Mediante o curso de Licenciatura em Lnguas e Literaturas Modernas e na linhado j existente curso de Licenciatura em Tradutores e Intrpretes, esta nova licenciaturapretende complementar tanto terica como do ponto de vista prtico, a UniversidadeLusfona de Humanidades e Tecnologias oferece a oportunidade de obter umaformao cientifica e profissional de nvel superior, altura dos novos desafios etarefas do mundo contemporneo, designadamente em funo e segundo asperspectivas da Unio Europeia.

    O nmero previsto das aulas tericas e prticas da Lngua, Literatura e CulturaRussa no curso diurno ou nocturno suficiente para um estudo ao nvel acadmico.

    O sistema pedaggico pode ser descrito como estrutural/funcional, ondeestruturas gramaticais e lexicais so aprendidas atravs da material didctico

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    adaptado aos falantes de lngua portuguesa. Para tal, as explicaes gramaticais elexicais, bem como os enunciados e instrues dos exerccios de aplicao, so dadosem portugus. As instalaes, equipadas com Biblioteca e materiais udio, vdeo emultimdia, esto sempre ao dispor dos alunos.

    O futuro dos alunos (sadas profissionais) que decidam enveredar por estalicenciatura, assegurado pela crescente procura de intrpretes, tradutores,professores, investigadores, representantes de negcios ou pessoal habilitado aopreenchimento de vagas nas embaixadas e nas empresas, sentida ultimamente pelasempresas e rgos do Estado que, em crescendo, se tm virado para o Leste daEuropa. No nos devemos esquecer dos aspectos internos e assim ter em ateno queo Servio de Estrangeiros e Fronteiras prev o alargamento dos quadros, com certezaincluindo alguns especialistas na lngua e cultura Russa, na Polcia Judiciria, nosTribunais, no Ministrio dos Negcios Estrangeiros, nos Hospitais, nos Correios, nasForas Policiais em geral, nas Foras Armadas e nas instituies e organizaesnacionais e internacionais. Isto para mencionarmos apenas algumas das entidadesque, por inerncia de funes, mais premncia tm de verem os seus quadrospreenchidos com pessoal com uma formao exemplar nesta rea da Europa quepara os portugueses continua a ser desconhecida ou pouco conhecida.

    Eis a declarao de uma aluna, no terceiro ano da Licenciatura de Tradutorese Intrpretes, que frequenta aulas de lngua russa:

    Quando ficou decidido que iramos ter a lngua russa como 3 lngua, senti-me entusiasmada porque foi-nos dito que seramos os primeiros licenciados em russono nosso pais e porque o conhecimento desse idioma representa numa mais valia nonosso currculo, que poucos poderiam afirmar ter.

    De incio, os temas dados podem parecer complicados, devido multiplicidadedas declinaes e dos casos gramaticais, mas com a prtica de exerccios, tantoescritos como orais, tudo se torna mais claro. A aprendizagem de lngua russa no ,portanto, uma tarefa difcil, desde que o aluno se aplique e estude regularmente.

    Apenas algumas razes para se aprender a Lngua Russa:

    1. uma das cinco lnguas mais importantes da actualidade.2. Segundo dados da ONU, mais de 600 milhes de pessoas expressam-se em

    russo.3. uma das lnguas oficiais da ONU - idioma de trabalho.4. um poderoso auxiliar na aquisio de novos conhecimentos tcnicos e

    cientficos.

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    O Imperador Carlos V, aconselhava a falar: com Deus em espanhol, com osamigos em francs, com os inimigos em alemo, e com as damas em italiano. Masse Carlos V soubesse a lngua russa, diria certamente, que em russo se pode falar comtodos: com Deus, com os amigos, com os inimigos e com as damas, porque na lnguarussa h a majestade do espanhol, a vivacidade do francs, a fora do alemo, aleveza do italiano e, alm disso, a riqueza, a expressividade e a conciso do latim edo grego (M.V.Lomonosov).

    Bibliografia

    ANDRADE Fr. L. A Rssia, a Turquia e a Histria da actual guerra do Oriente. Porto. 1854.BATALHA L. A Rssia por dentro: esboo analtico da civilizao moscovita. Lisboa. 1905.CARVALHO R. Relaes entre Portugal e a Rssia no sculo XVIII. Lisboa. 1979.OJEGOV S.I. Dicionrio de Lngua Russa. Moscovo. 1991.Dicionrio Enciclopdico. Rio de Janeiro. 1979.Dirio de Noticias, 22 de Abril de 2004.

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