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ensino, no h maior chamadoUm Guia de Recursos para o Ensino do Evangelho

ENSINO, NO H MAIOR CHAMADOUm Guia de Recursos para o Ensino do Evangelho

Publicado por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ltimos Dias Salt Lake City, Utah

Comentrios e SugestesSeus comentrios e sugestes sobre este livro sero bem-vindos. Envie-os para: Curriculum Planning 50 East North Temple Street, Floor 24 Salt Lake City, UT 84150-3200 USA E-mail: [email protected] Coloque seu nome, endereo, ala e estaca. No deixe de indicar o nome do material. Faa seus comentrios e sugestes sobre os pontos fortes do manual e as reas de possvel melhora. 1999 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados Impresso no Brasil Aprovao do ingls: 8/98 Aprovao da traduo: 8/98 Traduo de Teaching, No Greater Call Portuguese

Capa, Pgina 3: Jesus na Sinagoga em Nazar, de Greg K. Olsen. Greg K. Olsen Pgina 1: Sermo da Montanha, de Carl Bloch. Usado com permisso do Museu Histrico Nacional do Castelo de Frederiksborg em Hillerd, Dinamarca. Pgina 5: Pgina 22: Pgina 29: Amas-me Mais do que Estes? de David Lindsley. David Lindsley Jardim Pioneiro, de Valoy Eaton. Valoy Eaton. Jesus e a Samaritana, de Carl Bloch. Usado com permisso do Museu Histrico Nacional do Castelo de Frederiksborg em Hillerd, Dinamarca. Pgina 31: Pgina 33: Pgina 35: Histrias Contadas na Galilia, de Del Parson. Del Parson Mulher Tocando a Orla da Tnica do Salvador, de Judith Mehr. Judith Mehr O Bom Pastor, de Del Parson. Del Parson

COMO UTILIZAR ESTE GUIA DE RECURSOSQuem deve utilizar este guia de recursos?Este guia de recursos destina-se a todos os que ensinarem o evangelho, incluindo: Os pais; Os professores; Os lderes do sacerdcio e das auxiliares; Os mestres familiares e professoras visitantes.

Parte E Ensinar em Situaes de LideranaEsta parte do livro ajuda os lderes do sacerdcio e das auxiliares a compreenderem sua responsabilidade vital de ensinar.

Parte F Mtodos DidticosEsta parte do livro descreve vrios mtodos que os professores podem utilizar para enriquecer a apresentao das aulas.

O que contm este guia de recursos?Ensino, No H Maior Chamado contm diretrizes e sugestes relacionadas ao ensino, conforme se v no sumrio abaixo:

Parte G O Curso Ensinar o EvangelhoEsta parte do livro contm doze lies que preparam as pessoas para ensinar o evangelho. Apesar de concebidas para serem utilizadas em uma classe organizada, podem tambm ser estudadas individualmente ou em famlia.

Parte A Seu Chamado para EnsinarEsta parte do livro explica a importncia do ensino do evangelho no plano de Deus. Traz ainda sugestes relativas preparao pessoal para o ensino do evangelho.

Parte B Princpios Bsicos do Ensino do EvangelhoEsta parte do livro aborda princpios que ajudam a servir de base para todo o ensino do evangelho.

Como se deve utilizar este guia de recursos?O propsito de Ensino, No H Maior Chamado ser um guia de recursos e no um livro a ser lido de capa a capa. Deve-se utiliz-lo como: Um guia de estudo pessoal; Uma fonte de subsdios para as reunies de aperfeioamento didtico; Manual para o curso Ensinar o Evangelho; Um recurso a que os lderes possam recorrer ao trabalharem com os professores nas organizaes; A fim de tirar o mximo proveito do livro, os professores devem: Examinar os ttulos relacionados no sumrio; Estudar as sees que digam respeito a seus interesses e necessidades atuais.

Parte C Ensinar Grupos Etrios DiferentesEsta parte do livro fornece informaes e sugestes para o ensino do evangelho a crianas, jovens e adultos.

Parte D Ensinar no LarEsta parte do livro contm idias para os pais ensinarem o evangelho aos filhos. Traz tambm sugestes para os mestres familiares e professoras visitantes.

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Pode ser, por exemplo, que os pais desejem aproveitar melhor as oportunidades de ensino para ajudar os filhos a crescerem espiritualmente. A Parte D, Ensinar no Lar, contm uma seo intitulada Momentos de Ensino na Vida Familiar, que mostra como reconhecer oportunidades de ensino e transmitir princpios que os filhos estejam preparados para assimilar. Pode haver professores que queiram utilizar uma maior variedade de mtodos didticos nas aulas. As informaes contidas em Utilizar Mtodos Eficazes, na Parte B, trazem idias teis sobre como escolher e utilizar mtodos didticos diferentes. Ao ser utilizado dessa forma, Ensino, No H Maior Chamado se tornar uma importante fonte de recursos para os professores em seu contnuo esforo para aperfeioaremse didaticamente.

Histrias do Livro de Mrmon (35666 059) Msicas para Crianas (34831 059) Manual de Instrues da Igreja, Volume 2: Lderes do Sacerdcio e das Auxiliares (35209 059) Catlogo do Centro de Distribuio (o cdigo varia de um ano para outro) Livro de Recursos para a Noite Familiar (31106 059) Pacote de Gravuras do Evangelho (34730 059) Princpios do Evangelho (31110 059) A seo Ensino e Liderana no Evangelho do Manual de Instrues da Igreja (35903 059) Hinos (consultar a lista completa de cdigos no Catlogo do Centro de Distribuio) Como Melhorar o Ensino do Evangelho: Um Guia para o Lder (35667 059) A seo Msica do Manual de Instrues da Igreja (35714 059) O livreto Meus Dias de Realizao (35317 059) O vdeo Treinamento da Lder da Primria (53008 059) Primria Mdia Kit (53179 059) Histrias das Escrituras (31120 059)

Publicaes SubstitudasEste livro substitui as seguintes publicaes: Todas as verses anteriores de Ensino No H Maior Chamado Mtodos para Ensinar Crianas Livro de Recursos Tempo de Compartilhar da Primria

Lista de Materiais CitadosSegue-se uma lista dos materiais produzidos pela Igreja citados nesta publicao. Os cdigos encontram-se abaixo e no no interior do livro. A seo Atividades do Manual de Instrues da Igreja (35710 059)

Guia de Ensino (34595 059) O vdeo Ensine a Criana (53677 059)

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Ensinar a Doutrina 10 O Poder da Palavra ........................................ 11 Manter a Pureza da Doutrina ........................ 12 Ensinar a Partir das Escrituras ....................... Incentivar o Aprendizado Diligente 13 Ajudar as Pessoas a Sentirem-se Responsveis por Aprender o Evangelho ..... 14 Dirigir Discusses ........................................... 15 Ouvir .............................................................. 16 Ensinar com Perguntas .................................. 17 Ajudar os Alunos a Prestarem Ateno ........ 18 Como Saber Se os Alunos Esto Aprendendo ................................................... 19 Ajudar os Alunos a Viverem o que Aprendem ............................................... Criar uma Atmosfera Propcia ao Aprendizado 20 Preparar a Sala de Aula .................................. 21 Ensinar as Pessoas a Contriburem para uma Atmosfera Propcia ao Aprendizado ..... 22 Como os Professores Podem Contribuir para uma Atmosfera Propcia ao Aprendizado ................................................... 23 Reverncia ...................................................... 24 Ajudar as Pessoas que Tumultuarem a Aula . Utilizar Mtodos Eficazes 25 Ensinar de Forma Variada ............................. 26 Escolher Mtodos Adequados ....................... 27 Escolher Mtodos Eficazes ............................. 28 Iniciar a Aula .................................................. 29 Encerrar a Aula .............................................. Preparar Todas as Coisas Necessrias 30 Reservar Tempo para a Preparao ............... 31 Preparar a Aula ............................................... 32 Elaborar Aulas a Partir de Discursos de Conferncia e Outras Fontes ......................... 33 Adaptar as Aulas para os Alunos ................... 34 Avaliar a Apresentao da Aula .................... 35 Recursos da Igreja para o Ensino do Evangelho ......................................................

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SUMRIOComo Utilizar Este Guia de Recursos ................. Parte A: Seu Chamado para EnsinarA Importncia do Ensino do Evangelho no Plano de Deus 1 No H Maior Chamado ............................... 2 Nutrir a Alma ................................................. 3 O Comissionamento Divino do Professor ... Preparar-se Espiritualmente 4 Buscar o Dom da Caridade ........................... 5 Buscar o Esprito ............................................ 6 Procurar Obter a Palavra ............................... 7 Criar um Programa Pessoal de Estudo do Evangelho ...................................................... 8 Viver o que Ensina ........................................ 9 Chamados, Designados e Magnificados ....... Desenvolver os Talentos 10 Procurar Lies em Tudo ............................... 11 Elaborar um Plano para Melhorar o Ensino ......................................................... 12 Conseguir o Apoio de Seus Lderes ...............

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Parte B: Princpios Bsicos do Ensino do EvangelhoAmar os Alunos 1 O Amor Enternece o Corao ....................... 2 Compreender os Alunos ............................... 3 Tocar Cada Pessoa .......................................... 4 Auxiliar os Membros Novos e Menos Ativos ................................................. 5 Ensinar Alunos Portadores de Deficincias .. Ensinar pelo Esprito 6 O Esprito o Verdadeiro Professor .............. 7 Ensinar com o Testemunho .......................... 8 Convidar o Esprito ao Ensinar ..................... 9 Reconhecer e Seguir o Esprito ao Ensinar ... 31 33 35 37 38

Parte C: Ensinar Grupos Etrios Diferentes1 2 3 4 Ensinar Crianas ............................................ Caractersticas Etrias das Crianas .............. Dar Aula para Crianas de Grupos Etrios Mistos ................................................. Compreender e Ensinar Jovens .................... 108 110 117 118

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Ensinar os Jovens por meio de Atividades de Grupo ...................................... 121 Compreender e Ensinar Adultos ................... 123

Parte D: Ensinar no LarEnsinar na Famlia 1 A Responsabilidade que os Pais Tm de Ensinar ...................................................... 2 O Pai como Professor .................................... 3 A Me como Professora ................................. 4 A Parceria dos Pais no Ensino ....................... 5 Ensinar por meio de Padres de Prtica do Evangelho ...................................................... 6 Oportunidades Regulares de Ensino no Lar . 7 Momentos de Ensino na Vida Familiar ........ 8 A Influncia que Outros Membros da Famlia Podem Exercer no Ensino ................

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Os Mestres Familiares e as Professoras Visitantes 9 O Ensino Feito pelos Mestres Familiares ...... 145 10 O Ensino Feito pelas Professoras Visitantes . 147

Parte E: Ensinar em Situaes de Liderana1 2 3 4 Liderar Ensinar ........................................... Ensinar em Reunies de Liderana ............... Ensinar em Entrevistas .................................. Quando os Lderes Ensinam os Professores . 150 152 153 154

Aulas Expositivas .................................................. Aplicao das Escrituras ........................................ Mapas .................................................................... Memorizao ......................................................... Msica ................................................................... Msicas com Narrativas (Histrias Cantadas) ..... Atividades com Objetos ....................................... Retroprojetor ......................................................... Painis de Discusses ............................................ Figuras de Papel .................................................... Gravuras ................................................................ Fantoches .............................................................. Perguntas ............................................................... Leitura Dramtica ................................................. Declamaes .......................................................... Simulao de Situaes ......................................... Cineminha ............................................................ Escrituras, Marcaes e Notas nas Margens das .. Escrituras, Memorizao de .................................. Escrituras, Leitura em Voz Alta das ...................... Escrituras, Auxlios para o Estudo das ................. Escrituras, Ensino a Partir das .............................. Histrias Cantadas ................................................ reas de Trabalho ................................................. Histrias ................................................................ Auxlios Visuais ..................................................... Quadro Branco ...................................................... Exerccios Escritos .................................................

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Parte F: Mtodos DidticosFolhas de Atividades ............................................. Atividades com Mmica ........................................ Tcnicas de Aplicao ........................................... Atividades Motivadoras (Para Atrair Ateno) .... Recursos Audiovisuais (Fitas de udio e Vdeo) .. Tempestade Cerebral ............................................ Trabalhos em Grupo ............................................. Estudos de Caso .................................................... Quadro-negro ........................................................ Jograis .................................................................... Comparaes e Atividades com Objetos ............. Demonstraes ...................................................... Dioramas ............................................................... Discusses .............................................................. Dramatizaes ....................................................... Atividades de Desenho ......................................... Exemplos ............................................................... Flanelgrafo .......................................................... Jogos ...................................................................... Convidados Especiais ........................................... 159 159 159 160 160 160 161 161 162 163 163 164 165 165 165 166 167 168 168 170

Parte G: O Curso Ensinar o EvangelhoAuxlios para o Instrutor do Curso ...................... Estudo Pessoal e Familiar do Curso ..................... Lio 1: A Importncia do Ensino do Evangelho no Plano de Deus ............ Lio 2: Amar os Alunos ................................. Lio 3: Ensinar pelo Esprito ......................... Lio 4: Ensinar a Doutrina ............................ Lio 5: Incentivar o Aprendizado Diligente . Lio 6: Criar uma Atmosfera Propcia ao Aprendizado (Parte 1) ........................ Lio 7: Criar uma Atmosfera Propcia ao Aprendizado (Parte 2)......................... Lio 8: Utilizar Mtodos Eficazes (Parte 1) ... Lio 9: Utilizar Mtodos Eficazes (Parte 2) ... Lio 10: Preparar Todas as Coisas Necessrias Lio 11: Desenvolver os Talentos .................... Lio 12: Seguir Avante no Ensino ................... 186 188 189 194 198 203 208 213 219 222 227 230 234 238

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ASEU CHAMADO PARA ENSINAR

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|A IMPORTNCIA DO ENSINO DO EVANGELHO NO PLANO DE DEUSComo professor do evangelho, voc encontra-se no pice da educao, pois qual ensino tem tamanho valor e efeitos de alcance to longo quanto o que explica o que o homem foi na eternidade de ontem, na mortalidade de hoje e ser na eternidade do amanh? No s o tempo, mas a prpria eternidade, constituem seu campo de atuao. Presidente J. Reuben Clarck Jr.

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1NO H MAIOR CHAMADOEm uma conferncia geral, o lder Jeffrey R. Holland declarou: Somos extremamente gratos por todos os que ensinam. Ns amamos vocs e nem temos palavras para expressar nossa gratido. Temos muita confiana em vocs. Em seguida, disse: O ensino eficaz, acompanhado do sentimento de que se est tendo sucesso, realmente exige trabalho rduo, mas vale a pena. No h maior chamado que possamos receber. () Para cada um de ns, [vir] a Cristo, guardar Seus mandamentos e seguir Seu exemplo para voltar ao Pai, so com certeza os mais altos e sagrados propsitos da existncia humana. A tarefa de ajudar as outras pessoas a fazerem o mesmo ensinando-as, persuadindo-as e, em esprito de orao, levando-as a seguir o caminho da redeno certamente deve ser a segunda coisa mais importante de nossa vida. Talvez seja por isso que o Presidente David O. McKay tenha dito certa vez: Nenhum homem [ou mulher] pode ter maior responsabilidade do que ser professor dos filhos de Deus . (A Liahona, julho de 1998, p. 27)

em sua vinha para a salvao da alma dos homens. (D&C 138:56) Depois de expulsar Ado e Eva do Jardim do den, o Senhor enviou anjos para ensinar-lhes o plano de redeno. (Ver Alma 12:2732.) Posteriormente, ordenou a Ado e Eva que [ensinassem] estas coisas liberalmente a seus filhos. (Ver Moiss 6:5759.) Em todas as dispensaes do evangelho, o Senhor dirige pessoalmente o ensino do plano de redeno. Ele envia anjos (ver Mosias 3:1-4; Morni 7:2932; Joseph Smith Histria 1:3047), chama profetas (ver Ams 3:7), fornece escrituras (ver D&C 33:16) e ajuda as pessoas a conhecer a verdade pelo poder do Esprito Santo (ver 1 Nfi 10:19; Morni 10:5). Ele deu a Seus seguidores o mandamento de ensinar o evangelho famlia (ver Deuteronmio 6:57, Mosias 4:1415, D&C 68:3528), aos demais membros da Igreja (ver D&C 88:7778) e s pessoas que ainda no receberam a plenitude do evangelho. (Ver Mateus 28:1920; D&C 88:81.) Acerca da importncia do ensino do evangelho na Igreja, o lder Gordon B. Hinckley afirmou: O ensino do evangelho aos membros da Igreja fundamental no programa da Igreja. Em cumprimento a um mandamento dado Igreja desde a restaurao, desenvolveu-se na Igreja um sistema de grandes organizaes de ensino os quruns do sacerdcio, tanto o Aarnico como o de Melquisedeque, o sistema educacional da Igreja, espalhado pelo mundo inteiro, e as auxiliares (), todos com um papel de suma importncia na formao de nosso povo. (Conference Report, outubro de 1962, pp. 7273)

O Papel do Ensino no Plano do Pai CelestialPara podermos exercer plenamente nosso arbtrio em retido, precisamos aprender a respeito do Salvador e das doutrinas de Seu evangelho. Assim, o ensino do evangelho sempre desempenhou um papel primordial no plano do Pai Celestial para Seus filhos. No mundo espiritual pr-mortal, [recebemos nossas] primeiras lies () e [fomos] preparados para nascer no devido tempo do Senhor, a fim de [trabalharmos]

Cada Membro, um ProfessorQuando o Salvador ressurreto ensinou os nefitas, disse: Levantai vossa luz para que brilhe perante o mundo. Eis que eu sou a luz que levantareis aquilo que me vistes fazer. (3 Nfi 18:24) Nesta instruo, o Senhor no fez distino entre os que ouviram Sua voz: todos receberam o mandamento de ensinar. O mesmo vlido hoje em dia. A responsabilidade de ensinar o evangelho no se restringe aos que tenham o chamado3

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formal de professor. Na condio de membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ltimos Dias, voc tem a responsabilidade de ensinar o evangelho. Como pai, filho, filha, marido, esposa, irmo, irm, lder da Igreja, professor de uma classe, mestre familiar, professora visitante, colega de trabalho, vizinho ou amigo, voc depara-se com a oportunidade de ensinar. s vezes, poder ensinar de forma aberta e direta por meio do que disser e do testemunho que prestar. E sempre ensinar pelo exemplo. O Senhor disse: Esta minha obra e minha glria: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem. (Moiss 1:39) Ao pensar no papel do ensino do evangelho na salvao e exaltao dos filhos de Deus, voc pode conceber um dever mais nobre ou sagrado? Ele exige seus mais diligentes esforos para conseguir aumentar sua compreenso e melhorar suas tcnicas, sabendo que o Senhor o magnificar caso ensine da forma ordenada por Ele. um trabalho de amor, uma oportunidade de ajudar as pessoas a exercerem seu arbtrio em retido, virem a Cristo e receberem as bnos da vida eterna.

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vir a Cristo, invocar Seu nome, guardar Seus mandamentos e permanecer em Seu amor. (Ver D&C 93:1; Joo 15:10.)

Alguns Ensinamentos No Nutrem a AlmaMuitos assuntos so interessantes, importantes e at mesmo relevantes para a vida, mas ainda assim no nutrem a alma. No cabe a ns abordar tais questes. Devemos, isto sim, edificar as pessoas e ensinar-lhes princpios relativos ao reino de Deus e salvao da humanidade. O ensino que estimula o intelecto sem falar ao esprito no pode nutrir. Tampouco o faz algo que suscite dvidas sobre o evangelho restaurado ou a necessidade de dedicarmo-nos a ele de todo o corao, poder, mente e fora. O lder Bruce R. McConkie aconselhounos: Ensinem as doutrinas de salvao; forneam alimento espiritual; testifiquem que o Senhor o Filho de Deus. Qualquer coisa que se desviar disso indigna de um verdadeiro ministro que tenha sido chamado por revelao. Somente quando a Igreja alimentada com o po da vida que seus membros se mantm nos caminhos da retido. (Doctrinal New Testament, 3 vols. [19661973], 2:178)

NUTRIR A ALMAs margens do Mar da Galilia, o Senhor ressurreto perguntou a Pedro trs vezes: Amas-me? A cada vez, a resposta foi a mesma: Tu sabes que te amo. Aps a declarao de Pedro, o Senhor ordenou: Apascenta os meus cordeiros. (Joo 21:1517) O mandamento que o Senhor deu a Pedro aplica-se a todos os que foram chamados para realizar Sua obra. O Presidente Gordon B. Hinckley escreveu: H fome sobre a Terra e uma sede genuna: a imensa fome de ouvir a palavra do Senhor e uma sede insaciada das coisas do Esprito. () O mundo est faminto de alimento espiritual. Temos a obrigao e o privilgio de nutrir a alma. (Alimentar o Esprito, Nutrir a Alma, A Liahona, outubro de 1998, p. 2; ver tambm Ams 8:1112.)

O Desafio de Nutrir as PessoasAlgumas pessoas parecem no estar interessadas em ouvir os princpios do evangelho. Contudo, devemos buscar, em esprito de orao, meios de ensinar-lhes esses preceitos. Devemos ter sempre em mente a meta de ajudar as pessoas a serem [nutridas] pela boa palavra de Deus. (Morni 6:4) Pode ser que as pessoas a quem voc ensine s vezes sejam semelhantes samaritana que Jesus encontrou na fonte de Jac. Quando Ele dirigiu-lhe a palavra pela primeira vez, ela no O conhecia. Contudo, Ele a conhecia e tinha cincia das preocupaes, responsabilidades, inquietaes e receios dela. Ele sabia que ela necessitava da gua viva que somente Ele poderia oferecer. Ele comeou pedindo-lhe

O Evangelho de Jesus Cristo: Alimento Duradouro para a AlmaAssim como precisamos de alimentos nutritivos para nossa sobrevivncia fsica, necessitamos do evangelho de Jesus Cristo para subsistir espiritualmente. Nutrimos a alma com tudo que fale de Cristo e nos leve a Ele, esteja registrado nas escrituras, proferido pelos profetas modernos ou ensinado pelos humildes servos de Deus. O prprio Salvador disse: Eu sou o po da vida; aquele que vem a mim no ter fome, e quem cr em mim nunca ter sede. (Joo 6:35) O ensino que nutre a alma eleva as pessoas, fortalece-lhes a f e d-lhes confiana para enfrentar as dificuldades da vida. Motiva-as a abandonar o pecado e a

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O Presidente Spencer W. Kimball contou a seguinte histria: Alguns anos atrs, visitamos um pas onde se ensinavam ideologias estranhas e se difundiam diariamente doutrinas perniciosas nas escolas e na imprensa manipulada. Todos os dias, as crianas ouviam as doutrinas, filosofias e ideais que seus professores transmitiam. Algum disse que gua mole em pedra dura, tanto bate at que fura. Eu tinha plena conscincia disso; assim, perguntei sobre as crianas: Elas conseguem manter a f? No acabam sucumbindo ante a constante presso dos professores? Como vocs podem ter certeza de que elas no perdero a f em Deus? A resposta foi algo como: Todas as noites, tentamos reparar os danos. Ensinamos a nossos filhos a retido para que as falsas filosofias no criem razes. Eles esto crescendo firmes na f e na justia, a despeito das quase irresistveis presses externas. At mesmo as represas com rachaduras podem ser reformadas e salvas, e sacos de areia podem deter a inundao. E o ensino contnuo e reiterado da verdade, as oraes constantes, a pregao do evangelho, as demonstraes de amor e o interesse demonstrado pelos pais podem salvar os filhos e mant-los no caminho certo. (Faith Precedes the Miracle [1972], pp. 113114)

gua para beber. Em seguida, disse-lhe: Qualquer que beber desta gua tornar a ter sede; mas aquele que beber da gua que eu lhe der nunca ter sede, porque a gua que eu lhe der se far nele uma fonte de gua que salte para a vida eterna. Isso chamou a ateno dela. Ela demonstrou interesse genuno pelo que Ele tinha a ensinar-lhe. Quando Ele testificou que era o Messias, ela acreditou Nele e foi testificar Dele para seu povo. (Ver Joo 4:130.) A irm Susan L. Warner, que serviu como segunda conselheira na presidncia geral da Primria, relatou a seguinte experincia: Em nossa famlia, tentamos estudar as escrituras todas as manhs. Mas um de nossos filhos deixava-nos frustrados, pois freqentemente se queixava e tinha de ser incentivado a sair da cama. Quando finalmente se juntava a ns, imediatamente deitava a cabea na mesa. Anos mais tarde, quando servia como missionrio, escreveunos uma carta dizendo: Obrigado por ensinarem-me as escrituras. Quero que saibam que todas aquelas vezes em que agi como se estivesse dormindo, estava na verdade ouvindo com os olhos fechados. A irm Warner disse ainda: Pais e professores: Os esforos despendidos para ajudar nossas crianas a estabelecerem um legado de ricas lembranas espirituais nunca sero desperdiados. s vezes, as sementes que plantamos levaro anos para dar frutos, mas encontraremos consolo na esperana de que algum dia as crianas que ensinarmos iro lembrar-se de como tero recebido e ouvido as coisas do Esprito. Iro lembrar-se do que sabem e do que sentiram. Iro lembrar-se de sua identidade como filhos do Pai Celestial, mandados por Ele para a Terra com um divino propsito. (A Liahona, julho de 1996, p. 82) Se voc d aula para os jovens, talvez ache que eles s vezes no queiram falar de doutrinas e princpios do evangelho. Voc pode ser tentado a simplesmente ser agradvel, entretendo-os com amenidades e conversando sobre as atividades sociais e experincias deles na escola. Isso constituiria um grave erro. O Presidente Reuben Clark Jr. declarou:

Os jovens da Igreja esto famintos das coisas do Esprito; ansiosos por aprender o evangelho, de forma direta e pura. () Esses seus alunos esto esforando-se para atingir a maturidade espiritual, o que acontecer ainda mais cedo caso vocs apenas lhes forneam o alimento correto. () () No preciso fazer rodeios ou sussurrar a religio nos ouvidos deles; sejam diretos e falem-lhes face a face. No necessrio encobrir as verdades religiosas sob o manto das coisas do mundo; levem essas verdades para eles abertamente, com toda a naturalidade. () No h lugar para abordagens graduais, circunlquios, adulaes ou paternalismo. (The Charted Course of the Church in Education, rev. ed. [pamphlet, 1994], pp. 3, 6, 9) Uma irm membro da Igreja foi chamada para dar aula aos jovens de doze e treze anos na Escola Dominical. O marido dela registrou posteriormente que ela havia conversado bastante com ele sobre qual seria o alimento correto para aqueles jovens, ainda que eles pedissem apenas uma poro mais leve e divertida, como a sobremesa. Ele escreveu sobre a experincia que teve ao nutrir a alma dos jovens da classe: Ela ministrou-lhes o alimento que os nutriu e os fez crescer, incentivando-os a trazer as escrituras e a refletir sobre as grandiosas doutrinas do reino. Essa transformao levou tempo, mas ainda mais importante, exigiu confiana de que os alunos realmente precisavam e queriam ser nutridos pelo evangelho e que a apresentao do alimento por meio das escrituras e do Esprito realmente era o que os fortaleceria. Nos meses que se seguiram, uma mudana gradual aconteceu com os alunos e eles comearam a trazer as escrituras com regularidade, passaram a discutir o evangelho com mais vontade e disposio e comearam a dar-se conta da grandiosidade da mensagem. Os pais comearam a perguntar a ela o que estava acontecendo na classe e por que seus filhos estavam insistindo em levar as escrituras para a Igreja. Indagaram at

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mesmo, em tom de brincadeira, como deveriam responder s perguntas que os filhos estavam fazendo em casa sobre as doutrinas e princpios do evangelho que estavam sendo ensinados nas aulas. Os alunos estavam famintos do evangelho, pois tinham uma professora que () entendia () qual alimento era substancioso e qual era a melhor forma de apresent-lo. (Jerry A. Wilson, Teaching with Spiritual Power [1996], pp. 2627) Se seus alunos forem pequenos, voc deve estar ciente da dificuldade de sua tarefa. Porm, as crianas pequenas desejam e precisam ouvir as verdades do evangelho. Elas reagiro positivamente a seu empenho em preparar aulas diversificadas e apresent-las com entusiasmo e carinho. Uma professora da Primria relatou a seguinte experincia: O que aconteceu foi de fato incomum. Mas serviu para mostrar o que realmente importava para as crianas de nove anos de minha turma. Sem perceber o que estavam fazendo, assumiram, de iniciativa prpria, o controle da discusso. Tudo comeou com Katie. Ela respondeu a uma pergunta do manual relativa ao plano de salvao. Em

seguida, continuou a discusso fazendo sua prpria pergunta. Outro aluno voluntariamente deu uma resposta que ajudou a esclarecer a dvida de Katie. Logo depois, John fez uma indagao sobre o mesmo assunto, mas foi ainda mais a fundo do que Katie. Algum respondeu e, em seguida, Carly fez um questionamento aprofundando a discusso. At o fim da aula, as crianas continuaram a fazer perguntas e responder a elas, com um interesse e uma perspiccia muito superiores ao que se esperaria de meninos de sua idade. No houve interrupes e ningum falou fora de hora. As contribuies, marcadas pela franqueza e espontaneidade e complementadas pelas minhas intervenes, acabaram por abranger todo o contedo da lio. Elas estavam tomadas de curiosidade, ansiavam por respostas e mostravam real interesse; o que elas disseram exigia raciocnio e entendimento. Eu sabia que esses filhos do Pai Celestial estavam prontos e vidos para conhecer as verdades que o evangelho tem a oferecer.

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3O COMISSIONAMENTO DIVINO DO PROFESSORA seguir, esto trechos de um discurso que o lder Bruce R. McConkie fez em 1977 para o Departamento de Escola Dominical da Igreja. Trata-se de uma citao direta. Em nosso ensino, representamos o Senhor e fomos designados para ensinar Seu evangelho. Somos os agentes Dele e, nesta condio, somos autorizados a dizer somente o que Ele deseja que se diga. Os agentes representam aquele que os enviou; no tm poder em si mesmos. Agem em nome de outrem. Fazem o que lhes foi mandado. Dizem o que foram autorizados a dizer nada mais, nada menos. Somos os agentes do Senhor. Ns O representamos. Como sois agentes, diz Ele, estais a servio do Senhor; e tudo o que fazeis de acordo com a vontade do Senhor negcio do Senhor. (D&C 64:29) Nosso negcio como professores ensinar Sua doutrina e nenhuma outra. No h outro curso que podemos seguir se quisermos salvar almas. No temos poder para salvar em ns mesmos. No podemos criar uma lei ou doutrina que redima, ressuscite ou salve quem quer que seja. Somente o Senhor pode fazer isso; fomos designados para ensinar o que Ele revela sobre esses e todos os demais princpios do evangelho. Ento, o que estamos autorizados a fazer ao ensinar o evangelho? Qual o nosso comissionamento divino? O comissionamento divino do professor subdivide-se em cinco partes: 1. Recebemos o mandamento no se trata de uma escolha ou alternativa de ensinar os princpios do evangelho.8

"Ensinai diligentemente e minha graa acompanharvos-, para que sejais instrudos mais perfeitamente em teoria, em princpio, em doutrina, na lei do evangelho, em todas as coisas pertinentes ao reino de Deus, que vos convm compreender." (D&C 88:78)

Na revelao conhecida como a lei da Igreja, o Senhor afirma: Os lderes, sacerdotes e mestres desta igreja ensinaro os princpios de meu evangelho. (D&C 42:12) Numerosas so as revelaes que declaram: Pregai meu evangelho e minha palavra, dizendo nada mais do que escreveram os profetas e apstolos e o que lhes for ensinado pelo Consolador por meio da orao da f. (D&C 52:9) bvio que no poderemos ensinar o que desconhecemos. Um requisito para ensinar-se o evangelho estud-lo. Por isso, o Senhor deu-nos mandamentos como: [Examinai] as escrituras. (Joo 5:39) Examinai estes mandamentos. (D&C 1:37) [Entesourai] minha palavra. (Joseph Smith Mateus 1:37) Estuda minha palavra. (D&C 11:22) Examinai o que disseram os profetas. (3 Nfi 23:5) Deveis examinar estas coisas. Sim, ordeno-vos que examineis estas coisas diligentemente, porque grandes so as palavras de Isaas. (3 Nfi 23:1) No procures pregar minha palavra, mas primeiro procura obter minha palavra e ento tua lngua ser desatada; e ento, se o desejares, ters meu Esprito e minha palavra, sim, o poder de Deus para convencer os homens. (D&C 11:21) Se mantivermos um ritmo de cerca de seis pginas por dia, conseguiremos ler todas as obras-padro da Igreja em um ano. Porm, um estudo sincero e uma ponderao solene demandaro muito mais tempo. H conhecimento e experincias espirituais que adquiriremos ao lermos e ponderarmos as escrituras e orarmos a respeito delas que no alcanaremos de nenhuma outra forma. Por mais dedicados e ativos que ns membros da Igreja formos em assuntos administrativos, jamais receberemos as grandes bnos advindas do estudo das escrituras se no pagarmos o preo desse estudo e, assim, tornarmos a palavra escrita parte de nossa vida. 2. Devemos ensinar os princpios do evangelho conforme se acham nas obras-padro da Igreja.

A I m p o r T n c i a d o e n s i n o d o e va n g e l h o N O P L A N O D E D E U S

Na lei da Igreja, o Senhor diz: Os lderes, sacerdotes e mestres desta igreja ensinaro os princpios de meu evangelho - e agora observem esta restrio que esto na Bblia e no Livro de Mrmon, no qual se acha a plenitude do evangelho. (D&C 42:12) Em seguida, o Senhor fala da necessidade de sermos guiados pelo Esprito, mas volta a mencionar a fonte escriturstica da verdade do evangelho com as seguintes palavras: E tudo isto fareis como vos ordenei com respeito ao vosso ensino, at que seja dada a plenitude de minhas escrituras. (D&C 42:15) Quando esta revelao foi dada, a Bblia e o Livro de Mrmon eram as nicas escrituras disposio dos santos dos ltimos dias. Agora, temos tambm Doutrina e Convnios e Prola de Grande Valor e h, certamente, outras revelaes que ainda sero concedidas no devido tempo do Senhor. 3. Devemos ensinar pelo poder do Esprito Santo. O Senhor deu a todos os professores o mandamento de ensinar os princpios do evangelho conforme se acham nas obras-padro e declarou: Estes sero seus ensinamentos, conforme forem dirigidos pelo Esprito. Logo em seguida, Ele d a seguinte orientao: E o Esprito ser-vos- dado pela orao da f; e se no receberdes o Esprito, no ensinareis. Alm destas instrues, Ele fez-nos a promessa: Ao elevardes vossa voz pelo Consolador, falareis e profetizareis como me parecer melhor; porque eis que o Consolador conhece todas as coisas e presta testemunho do Pai e do Filho. (D&C 42:1314, 1617) Todos os professores, em todas as situaes de ensino, devem guiar-se pela seguinte linha de raciocnio: Se o Senhor Jesus estivesse aqui, o que Ele diria nesta situao seria perfeito. Mas Ele no est aqui; na verdade, enviou-me para represent-Lo. Devo dizer o que Ele diria se estivesse aqui; devo dizer o que Ele deseja que se diga. A nica maneira de conseguir isso pedir-Lhe que me indique o que devo dizer. Posso receber essas orientaes e revelaes pelo poder de Seu Esprito. Portanto, se pretendo ensinar da melhor forma possvel e cumprir meu papel de agente do Senhor, devo ser guiado pelo Esprito. Esses princpios para o ensino das verdades do evangelho pelo poder do Esprito so explicados em mais detalhes em outra revelao, por meio de perguntas e respostas reveladas, da seguinte forma: Pergunta: Eu, o Senhor, fao-vos esta pergunta: Para qu fostes ordenados? (D&C 50:13)

Ou seja: Qual vosso comissionamento? O que vos dei poder para fazer? Que autorizao recebestes de mim? Resposta: Para pregar meu evangelho pelo Esprito, sim, o Consolador que foi enviado para ensinar a verdade. (D&C 50:14) Ou seja: Vosso comissionamento, vossa autorizao, o que vos foi mandado fazer ensinar meu evangelho, no pontos de vista pessoais, nem as filosofias do mundo, mas meu evangelho eterno, e faz-lo pelo poder de meu Esprito, em harmonia com o mandamento que dei anteriormente: Se no receberdes o Esprito, no ensinareis. Pergunta: Aquele que ordenado por mim e enviado para pregar a palavra da verdade pelo Consolador, no Esprito da verdade, prega-a pelo Esprito da verdade ou de alguma outra forma? (D&C 50:17) Antes de ouvir a resposta revelada, observemos que aqui o Senhor est falando a respeito de ensinar o evangelho, a palavra da verdade, os princpios de salvao. Ele no est fazendo referncia s doutrinas do mundo e aos mandamentos dos homens; a observncia deles v e no conduz salvao. A pergunta a seguinte: quando pregamos o evangelho, estudamos a palavra da verdade e estabelecemos as verdadeiras doutrinas da salvao, fazemo-lo pelo poder do Esprito Santo ou de alguma outra forma? Obviamente, a outra forma de ensinar a verdade pelo poder do intelecto. Agora, a resposta revelada: Se for de alguma outra forma, no de Deus. (D&C 50:18) importante deixar isto bem claro: ainda que o que ensinarmos for verdadeiro, no ser de Deus a menos que ensinado pelo poder do Esprito. No h converso e experincia espiritual sem a participao do Esprito do Senhor. Pergunta: E tambm, aquele que recebe a palavra da verdade, recebe-a pelo Esprito da verdade ou de alguma outra forma? (D&C 50:19) Resposta: Se for de alguma outra forma, no de Deus. (D&C 50:20) por isso que, no incio, eu disse que para que essa apresentao tivesse poder de converso, eu deveria apresent-la pelo poder do Esprito e vocs deveriam ouvila e receb-la por esse mesmo poder. S assim, aquele que prega e aquele que recebe se compreendem um ao outro e ambos so edificados e juntos se regozijam. (D&C 50:22) 4. Ao ensinar, devemos aplicar os princpios do evangelho s necessidades e circunstncias de nossos ouvintes. Os princpios do evangelho jamais mudam. Permanecem iguais em todas as eras. E, de forma geral, as necessidades das pessoas no se alteram de uma poca para a outra. No h problemas que enfrentemos que no9

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tenham acometido os homens desde o incio dos tempos. Assim, no difcil aplicar os princpios do evangelho eterno a nossas necessidades especficas. A verdade abstrata deve assumir contornos reais na vida das pessoas, a fim de produzir frutos. Nfi, quando citou o livro de Moiss e os escritos de Isaas, disse: Apliquei todas as escrituras a ns, para nosso proveito e instruo (1 Nfi 19:23); ou seja, empregou os ensinamentos de Moiss e Isaas de acordo com as necessidades dos nefitas. 5. Devemos testificar da veracidade do que ensinamos. Somos um povo que presta testemunho, como realmente devemos ser. Em nossas reunies, h freqentes afirmaes solenes de que o trabalho em que estamos envolvidos verdadeiro. Testificamos com fervor e convico que Jesus o Cristo, que Joseph Smith Seu profeta e que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ltimos Dias a nica igreja verdadeira e viva na face de toda a Terra. (D&C 1:30) Em tudo isso, samo-nos bem. Contudo, devemos fazer muito mais. O professor inspirado, o que prega pelo poder do Esprito, deve prestar testemunho de que a doutrina que ensina verdadeira. Alma d o exemplo neste aspecto. Ele pregou um sermo vigoroso sobre o renascimento espiritual. Em seguida, disse que falara francamente, que recebera o mandamento de faz-lo, que citara as escrituras e que declarara a verdade. E isto no tudo, acrescentou ele. No supondes que eu prprio saiba destas coisas? Eis que vos testifico que sei que estas coisas de que falei so verdadeiras. (Alma 5:45) Eis o momento que deve coroar todo o ensino do evangelho e dar-lhe credibilidade: o testemunho pessoal do professor de que a doutrina que ensinou verdadeira! Quem pode refutar um testemunho? Os descrentes podem contender a respeito de nossa doutrina. Podem distorcer as escrituras para sua prpria destruio. Podem rebater um ponto ou outro em bases meramente intelectuais, mas no podem negar um testemunho. Se eu afirmar que esta ou aquela profecia messinica de Isaas foi cumprida neste ou naquele momento da vida de nosso Senhor, muitos vo prontamente querer debater e mostrar que os sbios do mundo tm opinio diferente. Mas se eu disser que sei, por intermdio de revelaes do Esprito Santo minha alma, que as palavras profticas

dizem respeito a Jesus de Nazar, o Filho de Deus, o que h para se debater? Nessas ocasies, presto meu testemunho pessoal sobre o ponto de doutrina em questo e todos os ouvintes que estiverem em sintonia com o mesmo Esprito sabero no corao que o que eu declarei verdade. Alma, aps prestar testemunho que as coisas que ensinara eram verdadeiras, indagou: E como supondes que eu tenho certeza de sua veracidade? Sua resposta, que deve servir de modelo para todos os professores, : Eis que vos digo que elas me foram mostradas pelo Santo Esprito de Deus. Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E agora sei por mim mesmo que so verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou por seu Santo Esprito; e este o esprito de revelao que est em mim. (Alma 5:4546) Assim, temos diante de ns uma exposio de nossa situao como agentes do Senhor e do comissionamento divino do professor. Somos designados: 1. A ensinar os princpios do evangelho 2. A partir das obras-padro 3. Pelo poder do Esprito Santo 4. Sempre aplicando os ensinamentos a nossas necessidades e 5. A testificar da veracidade do que ensinamos. Agora, resta-me fazer algo nesse aspecto: prestar testemunho da veracidade dos conceitos aqui apresentados e da certeza de que se os seguirmos, teremos poder para converter e salvar a alma dos homens. Sei: Que o Senhor nos deu o mandamento de ensinar os princpios de Seu evangelho conforme se acham nas sagradas escrituras; Que a menos que faamos isso pelo poder de Seu Santo Esprito, nosso ensino no de Deus; Que Ele espera que apliquemos os princpios da verdade eterna em nossa vida; Que devemos, a todos os que se dispuserem a ouvir, prestar testemunho que nossos ensinamentos provm do Deus Eterno e traro aos homens paz nesta vida e vida eterna no mundo vindouro. Oro para que todos ns professores ajamos de acordo com esse padro divino. Em nome de Jesus Cristo. Amm.

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PREPARAR-SE ESPIRITUALMENTEOra, esses filhos de Mosias () haviam-se fortalecido no conhecimento da verdade; porque eram homens de grande entendimento e haviam examinado diligentemente as escrituras para conhecerem a palavra de Deus. Isto, porm, no tudo; haviam-se devotado a muita orao e jejum; por isso tinham o esprito de profecia e o esprito de revelao; e quando ensinavam, faziam-no com poder e autoridade de Deus. Alma 17:23

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4BUSCAR O DOM DA CARIDADEJ perto do fim de Seu ministrio mortal, Jesus disse a Seus discpulos: Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vs, que tambm vs uns aos outros vos ameis. (Joo 13:34) Essa admoestao foi importante para os professores do evangelho daquela poca e ainda o para os de hoje. O apstolo Paulo ressaltou a necessidade da caridade, ou o puro amor de Cristo: Ainda que eu falasse as lnguas dos homens e dos anjos, e no tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistrios e toda a cincia, e ainda que tivesse toda a f, de maneira tal que transportasse os montes, e no tivesse amor, nada seria. E ainda que distribusse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e no tivesse amor, nada disso me aproveitaria. (I Corntios 13:13) Se vocs tiverem o amor de Cristo, estaro mais bem preparados para ensinar o evangelho. Sero inspirados a ajudar as pessoas a conhecer o Salvador e segui-Lo. Orar para ser cheio de amor. O profeta Mrmon admoestou-nos: A caridade o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possurem, no ltimo dia tudo estar bem. Portanto, () rogai ao Pai, com toda a energia de vosso corao, que sejais cheios desse amor. (Morni 7:4748) Pode ser que no sintamos imediatamente o puro amor de Cristo em resposta a nossas oraes. Porm, se vivermos em retido e continuarmos a orar com sinceridade e humildade por essa bno, ns a receberemos. Servir. Desenvolvemos amor pelas pessoas quando as servimos. Quando deixamos de lado nossos prprios interesses em prol do bem comum, conforme o exemplo do Salvador, tornamo-nos mais receptivos ao Esprito. Ao orarmos pelas pessoas a quem ensinamos, ponderarmos suas necessidades e prepararmos as aulas, nosso amor por elas aumentar. (Em Tocar Cada Pessoa, pp. 3536, h outras maneiras de servirmos a nossos alunos.) Procurar o que h de bom nas pessoas. Ao descobrirmos as qualidades de nossos semelhantes, aumentaremos nossa percepo de que eles so filhos de Deus. O Esprito confirmar a verdade de nossas descobertas sobre eles e os amaremos com mais intensidade e seremos mais gratos por eles.

O que Voc Pode Fazer para Receber o Dom da CaridadeA caridade um dom que voc pode receber ao orar para ser cheio de amor, ao servir e ao procurar o que h de bom nas pessoas.

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BUSCAR O ESPRITOViver de Modo a Sermos Receptivos ao EspritoDepois de j termos recebido o dom do Esprito Santo, o que podemos fazer para receber a companhia do Esprito? O lder Dallin H. Oaks declarou: Para ensinar pelo Esprito necessrio primeiro que guardemos os mandamentos e sejamos puros diante do Senhor para que Seu Esprito possa habitar em nosso templo pessoal. (Ensinar e Aprender pelo Esprito, A Liahona, maio de 1999, p. 17) Para sermos puros diante do Senhor, devemos recordar o Salvador em tudo o que fizermos, agindo sempre como verdadeiros discpulos. Devemos arrepender-nos de nossos pecados. Devemos buscar coisas virtuosas, amveis, de boa fama ou louvveis. (Ver Regras de F 1:13.) Devemos estudar as escrituras diariamente e com real inteno, procurando ser nutridos pela boa palavra de Deus. (Morni 6:4) Devemos ler bons livros e ouvir msicas edificantes e inspiradoras. Devemos [permanecer] em lugares santos (D&C 45:32), assistindo s reunies da Igreja, tomando o sacramento e indo ao templo com a maior freqncia possvel. Devemos servir a nossos familiares e vizinhos. O lder Boyd K. Packer ensinou que a espiritualidade, mesmo tendo excepcional fora, sensvel s mais sutis mudanas do ambiente. (I Say Unto You, Be One, Brigham Young University 19901991 Devotional and Fireside Speeches [1991], p. 89) Devemos ter cautela e evitar completamente qualquer coisa que nos leve a perder a companhia do Esprito. Isso inclui evitar conversas e atividades recreativas que sejam inadequadas ou fteis. Nossas roupas devem sempre primar pelo recato. Nunca devemos ofender as pessoas, nem mesmo em palavras ociosas. No devemos tomar o nome do Senhor em vo nem usar qualquer outro tipo de linguagem vulgar ou rspida. No devemos rebelar-nos contra os servos escolhidos pelo Senhor ou critic-los.

O lder Bruce R. McConkie afirmou: No h preo alto demais, () luta demasiado rdua, sacrifcio grande demais, se por meio deles recebermos e desfrutarmos o dom do Esprito Santo. (A New Witness for the Articles of Faith [1985], p. 253)

As Bnos de Receber a Companhia do EspritoO Pai Celestial no exige que sejamos perfeitos antes de conceder-nos Seu Esprito. Ele nos abenoar por nossos desejos justos e esforos fiis para fazermos o melhor que pudermos. O Presidente Ezra Taft Benson falou sobre algumas dessas bnos: O Esprito Santo enternece nossos sentimentos. Passamos a sentir mais caridade e compaixo uns pelos outros. Tornamo-nos mais serenos em nossos relacionamentos. Aumentamos nossa capacidade de amar uns aos outros. As pessoas desejaro estar a nossa volta porque nosso semblante irradiar o Esprito. Assemelhamo-nos mais a Deus em nossos atributos. Conseqentemente, tornamo-nos cada vez mais sensveis aos sussurros do Esprito Santo e, assim, mais aptos a compreender as coisas espirituais com mais clareza. (Seek the Spirit of the Lord, Ensign, abril de 1988, p. 4)

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6PROCURAR OBTER A PALAVRAEm maio de 1829, logo aps a restaurao do Sacerdcio Aarnico, Hyrum Smith, irmo do Profeta Joseph Smith, inquietou-se muito, desejando saber qual deveria ser seu trabalho. (Pearson H. Corbett, Hyrum Smith Patriarch [1963], p. 48) Em resposta a esse pedido humilde, o Senhor deu a Hyrum uma revelao por intermdio do Profeta. Parte dela aplica-se preparao que devemos fazer para ensinarmos o evangelho: No procures pregar minha palavra, mas primeiro procura obter minha palavra e ento tua lngua ser desatada; e ento, se o desejares, ters meu Esprito e minha palavra, sim, o poder de Deus para convencer os homens. (D&C 11:21) O Presidente Ezra Taft Benson disse que esse conselho indica-nos a seqncia que devemos seguir para contarmos com o poder de Deus em [nosso] ensino. () Primeiro, procuramos obter a palavra; em seguida, adquirimos compreenso e o Esprito e, finalmente, o poder para convencer. (The Gospel Teacher and His Message [address to religious educators, 17 de setembro de 1976], p. 5)

Estudo DiligenteO lder Dallin H. Oaks aconselhou-nos: A leitura das escrituras pe-nos em sintonia com o Esprito do Senhor. () Por crermos que a leitura das escrituras pode ajudar-nos a receber revelao, somos incentivados a l-las continuamente. Dessa forma, -nos franqueado acesso ao que o Pai Celestial gostaria que soubssemos e fizssemos em nossa vida pessoal hoje. Esse um dos motivos pelos quais os santos dos ltimos dias crem no estudo dirio das escrituras. (Scripture Reading and Revelation, Ensign, janeiro de 1995, p. 8) Quando estudamos as escrituras com regularidade e empenho, buscando sinceramente a orientao do Esprito, ficamos receptivos s impresses que nos guiam na preparao das aulas. Tambm estaremos preparados para receber e seguir os sussurros do Esprito ao ensinarmos. Quando [entesouramos] sempre em [nossa] mente as palavras de vida, () na hora precisa [nos] ser dada a poro que ser concedida a cada homem. (D&C 84:85)

CrerMrmon ensinou que no devemos [duvidar], mas [acreditar]. (Mrmon 9:27) Devemos encarar o estudo das escrituras com essa perspectiva. Joseph Smith, por exemplo, tinha o corao cheio de f quando leu Tiago 1:5, que o inspirou a solicitar sabedoria a Deus. Ele fez conforme as escrituras indicaram e perguntou ao Senhor a que Igreja devia filiar-se. Por demonstrar disposio para crer, recebeu resposta para sua orao. (Ver Joseph Smith Histria 1:1117.)

Aprender pelo Estudo e Tambm pela FO Senhor disse-nos como podemos obter Sua palavra: Procurai conhecimento, sim, pelo estudo e tambm pela f. (D&C 88:118) Podemos seguir este mandamento estudando as escrituras diligentemente, tendo o corao confiante e o compromisso de obedecer aos princpios que aprendemos. Tambm seguimos este mandamento ao examinarmos as escrituras em esprito de orao e jejum.14

ObedinciaDevemos empenhar-nos para viver de acordo com os princpios que estudamos, mesmo antes de os entendermos completamente. Se confiarmos no que o Senhor disse, nosso conhecimento do evangelho aumentar. Ele declarou: Se algum quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecer se ela de Deus() (Joo 7:17)

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Orao e JejumEstudar as escrituras diferente de ler um romance, jornal ou livro didtico. Antes de faz-lo todos os dias, devemos orar e buscar o Esprito para conseguirmos compreender as palavras do Senhor. Ao orarmos pedindo entendimento, s vezes devemos jejuar. Alma um bom exemplo de algum que jejuou e orou para aprender as verdades do evangelho. Depois de testificar da Expiao de Jesus Cristo e da necessidade de passarmos por uma vigorosa mudana de corao, ele disse: No supondes que eu prprio saiba destas coisas? Eis que vos testifico que sei que estas coisas de que falei so verdadeiras. E como supondes que eu tenho certeza de sua veracidade? Eis que vos digo que elas me foram mostradas pelo Santo Esprito de Deus. Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E

agora sei por mim mesmo que so verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou por seu Santo Esprito. (Alma 5:4546) (Ver tambm Buscar o Esprito, p. 13.)

Comprometermo-nos ao Estudo Constante das EscriturasO Presidente Benson aconselhou-nos: No tratemos com leviandade as coisas grandiosas que temos recebido das mos do Senhor! Sua palavra uma das mais valiosas ddivas que nos deixou. Exorto-os a entregarem-se novamente ao estudo das escrituras. Mergulhem nelas diariamente, para que o poder do Esprito os ampare em seus chamados. Leiam-nas em famlia e ensinem seus filhos a am-las e estim-las. (The Power of the Word, Ensign, maio de 1986, p. 82)

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7CRIAR UM PROGRAMA PESSOAL DE ESTUDO DO EVANGELHOO lder M. Russell Ballard ensinou: Temos, portanto, a obrigao de fazer tudo o que pudermos para ampliar nosso conhecimento e entendimento, estudando as escrituras e as palavras dos profetas vivos. Quando lemos e estudamos as revelaes, o Esprito pode confirmar em nosso corao a veracidade do que estamos aprendendo. Desse modo, a voz do Senhor fala a cada um de ns. (A Liahona, julho de 1998, p. 35) As sugestes a seguir podem ajud-lo a desenvolver um programa de estudo para ampliar [seu] conhecimento e entendimento, como aconselhou o lder Ballard. Seu programa no precisa ser pesado a ponto de sobrecarreg-lo, mas deve ajud-lo a ser constante em seu estudo do evangelho. Registre-o em um dirio ou em um caderno, de modo a no o esquecer. Sacerdcio de Melquisedeque e na Sociedade de Socorro, (2) as passagens de escrituras designadas para a aula de Doutrina do Evangelho na Escola Dominical e (3) os artigos de A Liahona.

Quando EstudarSe for possvel, estabelea um horrio regular em que consiga estudar sem ser interrompido. O lder Howard W. Hunter aconselhou-nos: Muitos consideram a manh o melhor horrio para estudar, pois aps uma noite de sono, a mente est descansada e livre de muitas preocupaes que tolhem o pensamento. J outros preferem estudar nas horas tranqilas depois do trabalho, quando as aflies do dia terminaram e so postas de lado. Assim, podem findar o dia com a paz e a tranqilidade que provm da comunho com as escrituras. Mais importante do que discutir qual seria o melhor momento do dia talvez seja estabelecer um horrio regular para o estudo. O ideal seria que se dedicasse uma hora diria; mas se no for possvel, meia hora constituiria um excelente incio. Quinze minutos pouco, mas ainda assim surpreendente quanta luz e conhecimento podemos adquirir sobre assuntos to significativos nesse curto intervalo. (Conference Report, outubro de 1979, pp. 9192; ou Ensign, novembro de 1979, p. 64)

O que EstudarCentralize nas escrituras seu estudo do evangelho. Voc pode decidir estudar um livro de escrituras inteiro ou dedicar-se a um ou mais assuntos, lendo tudo o que as obras-padro disserem a respeito. Poder combinar esses dois mtodos, estudando um livro de escrituras e concentrando-se em assuntos e temas medida que os encontrar. Poder tambm estudar os ensinamentos dos profetas modernos em discursos de conferncia geral e em A Liahona. Se tiver um chamado de professor, seu manual dever ocupar um lugar de destaque em seu programa de estudo. No deixe tampouco de incluir os seguintes materiais em seu estudo do evangelho: (1) o manual utilizado no16

Como EstudarAntes de comear a estudar, ore pedindo compreenso e discernimento. Pondere o que ler e procure formas de aplicar em sua vida. Aprenda a reconhecer e ouvir os sussurros do Esprito.

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Considere a possibilidade de utilizar algumas das idias a seguir, ou todas elas, para melhorar seu estudo: Use os auxlios didticos fornecidos nas edies das escrituras publicadas pela Igreja, como o Guia para Estudo das Escrituras, os trechos da Traduo de Joseph Smith da Bblia e os mapas contidos no Guia para Estudo das Escrituras. (Ver sugestes em Ensinar a Partir das Escrituras, pp. 54-59.) Ao ler, pergunte a si mesmo: Que princpio do evangelho esta passagem ensina? Como posso aplicar isso em minha vida? Tenha sempre mo um caderno ou dirio para poder registrar seus sentimentos e reflexes. Comprometa-se por escrito a aplicar o que aprender. Releia com freqncia as idias que anotar. Antes de ler um captulo das escrituras, examine o cabealho. Isso vai ajud-lo a procurar e encontrar algumas coisas no captulo. Marque suas escrituras e faa anotaes nelas. Nas margens, escreva referncias escritursticas que esclaream as passagens que estiver estudando. Memorize os versculos que sejam mais significativos para voc. Coloque seu nome no lugar de um personagem das escrituras, para personalizar a passagem. Depois de estudar, faa uma orao para agradecer pelo que aprendeu. Repasse para as pessoas o que aprender. Ao fazer isso, voc organizar melhor seus pensamentos e seu poder de memorizao e reteno aumentar.

Faa o que PuderUma irm membro da Igreja tentou vrias vezes seguir programas especficos de estudo das escrituras, mas sempre tinha muitas dificuldades. Mais tarde, escreveu: Parecia que mesmo me esforando para criar a famlia e cumprir minhas responsabilidades na Igreja, eu nunca alcanava plenamente tal meta. Eu designava um certo horrio e local para estudar todos os dias, mas meu programa era sempre interrompido pela necessidade de prestar assistncia a meus filhos doentes ou resolver algum outro problema tpico de uma famlia em crescimento. Naquele perodo de minha vida, nunca me considerei boa no estudo das escrituras. Ento, certo dia recebi a visita de minha me. Ela viu uma mesa enorme repleta de materiais da Igreja (inclusive minhas escrituras) e disse: Adoro o fato de voc estar continuamente lendo as escrituras. Elas parecem sempre estar abertas em uma mesa ou outra. De repente, passei a ter outra viso a respeito de mim mesma. Ela tinha razo: as escrituras envolviam completamente minha vida, ainda que eu no tivesse um programa de estudo formal. Eu amava as escrituras e elas nutriam-me espiritualmente. Havia passagens afixadas nas paredes de minha cozinha que me inspiravam enquanto eu trabalhava, escrituras que eu estava ajudando meus filhos a memorizar para discursos que eles iriam fazer. O mundo em que eu vivia era marcado pela leitura das escrituras e dei-me conta de que meu banquete era abundante.

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8VIVER O QUE ENSINAO exemplo pessoal um dos instrumentos de ensino mais eficazes de que dispomos. Quando realmente nos convertemos, todos os nossos pensamentos e atitudes so guiados pelos princpios do evangelho. Prestamos testemunho da verdade em tudo o que fazemos. O lder Bruce R. McConkie ensinou que o testemunho inclui aes justas: Ser valente no testemunho de Jesus significa crer em Cristo e Seu evangelho com convico inabalvel. Pressupe conhecer a veracidade e divindade da obra do Senhor na Terra. Mas isso no tudo. necessrio mais do que crer e conhecer. Precisamos ser cumpridores da palavra e no apenas ouvintes. Necessitamos fazer mais do que simplesmente falar; no nos basta confessar com os lbios que o Salvador o Filho de Deus. Devemos desenvolver a obedincia, a submisso e a retido pessoal. (Conference Report, outubro de 1974 pp. 4546 ou Ensign, novembro de 1974, p. 35)

Dirigindo-se a um grupo de professores do evangelho, o Presidente Spencer W. Kimball aconselhou-os: Pratiquem tudo o que ensinarem seus alunos a fazer: jejuar, prestar testemunho, pagar o dzimo, assistir a todas as reunies e s sesses do templo sempre que possvel, santificar o Dia do Senhor, prestar servio na Igreja com boa vontade, realizar a noite familiar e as oraes familiares, saldar todas as dvidas e ser honesto e cheio de integridade. (Men of Example [address to religious educators, 12 Sept. 1975], p. 7)

A Influncia do ExemploNossa conduta pode exercer influncia positiva sobre as atitudes de nossos alunos. O Presidente Thomas S. Monson contou a seguinte experincia: No funeral de uma nobre Autoridade Geral, H. Verlan Andersen, foi-lhe prestado um tributo por seu filho. algo que tem aplicao em todas as nossas atividades. () O filho do lder Andersen relatou que, certa vez, alguns anos antes, ele tinha marcado para sair com uma colega de

escola no sbado noite. Ele pediu o carro da famlia emprestado a seu pai. Quando recebeu as chaves do carro e dirigiu-se para a porta, seu pai disse-lhe: O carro precisar ser abastecido ainda hoje. No deixe de encher o tanque antes de voltar para casa. O filho do lder Andersen contou que a atividade daquela noite foi maravilhosa. () Por causa de sua alegria, ele deixou de seguir as instrues do pai e no encheu o tanque do carro antes de voltar para casa. Na manh de domingo, o lder Andersen encontrou o marcador de gasolina no zero. O filho viu o pai colocar as chaves do carro sobre a mesa. Na casa da famlia Andersen, o Dia do Senhor era um dia de adorao e no de se comprar coisas. Em seu discurso fnebre, o filho do lder Andersen disse: Vi meu pai colocar o casaco, despedir-se de ns e andar at a capela distante para participar de uma reunio bem cedo. O dever chamava-o. A verdade no precisou curvar-se perante as circunstncias. Ao concluir seu discurso, o filho do lder Andersen disse: Nenhum filho recebeu lio mais eficaz de seu pai do que eu naquele dia. Meu pai no apenas conhecia a verdade, mas tambm a vivia.(A Liahona, janeiro de 1998, p. 20) Nossa conduta pode representar tambm uma influncia negativa. Por exemplo, quando Corinton, filho de Alma, foi pregar aos zoramitas, abandonou o ministrio e cometeu pecados graves. (Ver Alma 39:3.) Alma afirmou que muitas pessoas se desencaminharam por causa da atitude de Corinton e disse-lhe: Quanta iniqidade trouxeste sobre os zoramitas; pois quando viram teu procedimento, no acreditaram em minhas palavras. (Alma 39:11) O Presidente Heber J. Grant incentivounos: Exorto todo homem e mulher que ocupe uma posio de responsabilidade cujo dever seja ensinar o evangelho de Jesus Cristo a viv-lo e guardar os mandamentos de Deus, para que seu exemplo seja o professor. (Gospel Standards [1941], comp. G. Homer Durham, p. 72)

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Se der o exemplo e viver o que ensina: Suas palavras se enchero de vigor e do Esprito, levando seu testemunho ao corao de seus alunos. (Ver 2 Nfi 33:1.) O Presidente Joseph Fielding Smith escreveu: Nenhum homem ou mulher pode ensinar pelo Esprito o que no praticar. (Church History and Modern Revelation, 2 vols. [1953], 1:184) Voc ajudar as pessoas a ver que podem seguir as palavras de Cristo no dia-a-dia. A paz e a felicidade que sentir ao viver o evangelho sero evidentes. Estaro estampadas em seu rosto, em suas palavras e no poder de seu testemunho. As pessoas a quem ensinar confiaro em voc e acreditaro mais prontamente no que lhes disser. Seu prprio testemunho crescer. Se algum quiser fazer a vontade [do Pai], ensinou o Salvador, pela mesma doutrina conhecer se ela de Deus. (Joo 7:17) Voc talvez ache que no entende certo princpio que est preparando-se para ensinar. Contudo, ao estud-lo em esprito de orao, empenhar-se para vivlo e depois o transmitir s pessoas, seu prprio testemunho se fortalecer e se aprofundar.

Empenhar-se para Viver o EvangelhoEnsinar o evangelho exige mais do que preparao e apresentaes. O lder Richard G. Scott explicou: Seu compromisso de ensinar os preciosos filhos de nosso Pai Celestial no envolve apenas o longo perodo que despende preparando cada aula nem as muitas horas de jejum e orao que passa pedindo para tornar-se um melhor professor. o compromisso de levar uma vida em que cada momento seja vivido com propsito e de acordo com os ensinamentos e o exemplo do Salvador e de Seus servos. o compromisso de empenhar-se continuamente para ser cada vez mais espiritual, mais dedicado, mais merecedor de ser um instrumento para que o Esprito do Senhor toque o corao dos que foram confiados a voc, para que lhes conceda uma compreenso maior de Seus ensinamentos. (Four Fundamentals for Those Who Teach and Inspire Youth, in Old Testament Symposium Speeches, 1987, p. 1) Embora no v alcanar a perfeio em tudo, voc pode esforar-se para ser mais perfeito na prtica das verdades que ensina. Encontrar mais fora e poder para ensinar os princpios do evangelho caso se empenhe continuamente para viver de acordo com eles.

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9CHAMADOS, DESIGNADOS e MAGNIFICADOSOs filhos de Le, Jac e Jos, do um exemplo para os que foram chamados para ensinar. Jac disse que havia recebido essa misso do Senhor. Ele e Jos foram consagrados, ou designados, sacerdotes e mestres [do] povo. Ento, [magnificaram seu] ofcio para o Senhor. (Jac 1:1719)

um servo que Dele necessite. (Tears, Trials, Trust, Testimony, Ensign, setembro de 1997, p. 5)

Ser Apoiado e DesignadoVoc receber fora renovada quando for apoiado pela congregao e designado. Na designao, os lderes do sacerdcio colocam as mos sobre sua cabea e do-lhe a permisso de agir em seu chamado. Dolhe tambm bnos de fortalecimento e orientao. O Presidente Spencer W. Kimball declarou: A designao deve ser levada a srio; envolve um distanciamento do pecado, das coisas da carne, do que vil, baixo, torpe, desprezvel ou vulgar; separao do mundo em favor de um plano mais elevado de pensamento e atividade. (The Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball [1982], p. 478) Nenhum chamado formal para ensinar completo sem a designao por parte da devida autoridade do sacerdcio. Se voc foi chamado e apoiado como professor, mas no foi designado, contate seu lder do qurum ou auxiliar para verificar os procedimentos necessrios para a designao.

Receber o Chamado para EnsinarSe voc tiver o chamado de professor ou lder na Igreja, pode estar certo de que ele veio do Senhor por meio de Seus servos escolhidos. E Ele garantiu: Seja pela minha prpria voz ou pela voz de meus servos, o mesmo. (D&C 1:38) O chamado uma oportunidade sagrada de servir. Implica uma responsabilidade para com o Senhor. Deve influenciar sua maneira de viver, governar suas decises e motiv-lo a ser um servo fiel e sbio. Quando recebeu um chamado para ensinar, voc talvez tenha dito a si mesmo: Mas no recebi treinamento para ensinar. No tenho capacidade de dar uma aula ou conduzir uma discusso em classe. H tantos que se sairiam muito melhor do que eu. mesmo provvel que haja muitos outros com bem mais experincia didtica ou aptido do que voc. No entanto, voc que foi chamado. O Senhor o tornar um instrumento em Suas mos se voc for humilde, fiel e diligente. O Presidente Thomas S. Monson ensinou: Se algum irmo ou irm se sentir despreparado e at incapaz de responder ao chamado para servir, sacrificar-se e abenoar a vida das pessoas, deve lembrar-se da seguinte verdade: A quem Deus chama, Ele qualifica. Ele, que est atento queda de um simples passarinho, no desamparar

O Presidente Gordon B. Hinckley falou o seguinte a respeito da palavra magnificar: Conforme meu entendimento, significa ampliar, aproximar e engrandecer. Ele disse que quando os portadores do sacerdcio magnificam seu chamado, engrandecem o potencial de [seu] sacerdcio. (Conference Report, abril de 1989 pp. 60, 63 ou Ensign, maio de 1989, pp. 46, 49) Isso se aplica a seu chamado para ensinar. Quando magnificar seu chamado com diligncia (), trabalhando com toda [sua] fora (Jac 1:19), voc aumentar seu potencial de influenciar as pessoas para o bem.

Magnificar Seu Chamado e Ser Magnificado pelo SenhorComo foi dito acima, Jac e Jos magnificaram seu chamado de ensinar o povo. Pregaram a palavra de Deus com diligncia (), trabalhando com toda [sua] fora. (Jac 1:19) Se magnificar seu chamado para ensinar, o Senhor o magnificar. O Presidente Ezra Taft Benson ensinou: No h como haver falhas no trabalho do Senhor quando [damos] o melhor de [ns]. Somos apenas instrumentos; esta a obra do Senhor. Esta Sua Igreja, Seu plano do evangelho. Estes com quem estamos trabalhando so Seus filhos. Ele no permitir que fracassemos se fizermos nossa parte. Ele nos conceder talentos e capacidade maiores que os nossos, quando necessrio. Sei disso. Tenho certeza de que vocs j vivenciaram isso, assim como eu. uma das experincias mais agradveis que um ser humano pode desfrutar. (The Teachings of Ezra Taft Benson [1988], p. 372)

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DESENVOLVER OS TALENTOSO Senhor tem um grande trabalho para cada um de ns. Vocs podem ficar imaginando como pode ser isso. Podem achar que nada h de especial ou superior acerca de vocs ou de sua capacidade. () O Senhor pode realizar notveis milagres com uma pessoa de capacidade mediana, se ela for humilde, fiel, servi-Lo diligentemente e procurar aperfeioar-se. Isto se d porque Deus a suprema fonte de poder. Presidente James E. Faust

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10PROCURAR LIES EM TUDOEnquanto trabalhava em seu jardim, um presidente de estaca estava pensando no discurso que iria fazer na conferncia de estaca que se aproximava. Ele estava planejando falar sobre como fortalecer a famlia. Sua vizinha, que parecia ter um talento especial para cuidar de flores e deix-las viosas, tambm estava trabalhando em seu jardim. Ele chamou-a e perguntou: Qual o seu segredo na jardinagem? A resposta que ela deu foi profundamente simples. Ela disse: Fico sempre perto do jardim. Visito-o todos os dias, mesmo quando no conveniente para mim. E enquanto estou aqui, fico atenta a sinais de pequenos problemas que possam estar acontecendo, como ervas daninhas, insetos e problemas no solo. Todas essas dificuldades so facilmente contornveis se detectadas e corrigidas no incio, mas irreparveis se negligenciadas. O presidente de estaca foi inspirado a comparar a preocupao de sua vizinha com seu jardim com o cuidado que devemos ter com nossa famlia. No discurso que fez na conferncia de estaca, falou sobre o jardim de sua vizinha. Observou que se quisermos que nossos relacionamentos com os membros da famlia floresam, precisamos ficar perto do jardim, dedicar tempo a eles todos os dias, conversar com eles, externar-lhes nossa gratido e procurar sinais de problemas em potencial que possam ser resolvidos antes que seja tarde demais. Uma irm presente conferncia lembrou-se do discurso do presidente de estaca quando viu que algumas de suas

E agora, como comeaste a ensinar a palavra, assim desejo que continues a ensinar. E desejo que sejas diligente e moderado em todas as coisas. (Alma 38:10)

plantas haviam murchado. Ela no se dera ao trabalho de acompanhar o progresso delas diariamente. Isso fez com que ela pensasse em seus filhos que estavam crescendo e se comprometesse a no desperdiar os poucos anos que teria junto a eles. Por causa do que aprendeu com seu presidente de estaca, tornou-se uma melhor me. O presidente de estaca seguira o exemplo do Salvador, que sempre comparava verdades espirituais a objetos e atividades familiares e prosaicos. Voc pode fazer o mesmo; pode encontrar lies de vida nas coisas que faz e observa todos os dias. Ao ponderar e orar sobre uma lio e sobre seus alunos, o mundo a sua volta pode ganhar vida e fornecer respostas a perguntas e exemplos de princpios do evangelho. Os dois exemplos a seguir mostram como outros professores identificaram lies em suas observaes cotidianas: Uma professora da Primria ficou observando uma famlia na Igreja certo domingo. Notou quando um menino da famlia, que pertencia a sua classe e s vezes era descorts com os colegas de turma, auxiliou a irm. Esse o exemplo de que preciso, ela disse a si mesma. Isso vai ilustrar o princpio e ajudar esse menino. Posteriormente, ela deu o exemplo em uma aula sobre a bondade. As crianas aprenderam com o exemplo, e o menino comeou a melhorar seu comportamento e relacionamento com os colegas de turma. Um pai e seu filho estavam brincando com blocos. Quando o menininho fez algumas tentativas infrutferas de construir grandes estruturas sobre bases pequenas, o pai enxergou a uma oportunidade de ensino. Ele explicou a importncia de alicerces fortes e slidos. Ento, antes de continuarem a brincar, leu Helam 5:12, que diz que sobre a rocha de nosso Redentor, que Cristo, o Filho de Deus, que [devemos] construir os [nossos] alicerces. Mais tarde, no mesmo dia, a famlia estudou as escrituras em conjunto. Em uma lio curta que reforava a passagem que leram, pai e filho mostraram os blocos e conversaram sobre a importncia de construir sobre o alicerce de Cristo.

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Desenvolver Olhos e Ouvidos de ProfessorAs seguintes sugestes podem ajud-lo a identificar oportunidades de ensino em todos os lugares. Estude as lies com bastante antecedncia. Se voc estiver familiarizado com as aulas que dar, vai estar mais atento s ocorrncias do dia-a-dia que podero ser utilizadas nelas. Se for lecionar para uma classe que tenha um manual, proveitoso ter uma boa noo do contedo do livro inteiro. Ento, voc estar mais apto a determinar quando certa observao poder aplicar-se a uma lio que s ensinar dentro de vrias semanas. Ore todos os dias pedindo auxlio em sua preparao. Pea ao Pai Celestial que o ajude a tomar conhecimento de coisas que tornaro suas aulas mais memorveis, inspiradoras e cheias de vida para seus alunos. Tenha sempre em mente as pessoas que voc ensina e a aula que est preparando. Pense em seus alunos. Reflita sobre a vida deles, as decises que precisam tomar e os rumos que esto seguindo. Esteja aberto a idias que podero ser utilizadas no ensino ao fazer coisas como estudar as escrituras ou observar as belezas da natureza. Elas podero ocorrer-lhe enquanto realiza atividades como limpar a casa, ir para o trabalho ou fazer compras. Praticamente qualquer experincia pode fornecer exatamente o exemplo, a ilustrao ou o esclarecimento de que voc precise para uma aula do evangelho.

Registre as Impresses que ReceberAo identificar idias de ensino a sua volta, no deixe de registrar as impresses que receber. Tenha sempre mo um pequeno caderno e escreva sobre as coisas que lhe chamarem a ateno por serem idias de ensino em potencial. Registre impresses que tiver ao ouvir discursos ou participar de aulas. Escreva sobre experincias que fortaleam a f. Ao criar o hbito de anotar essas coisas, voc desenvolver uma percepo cada vez mais aguada dos ricos recursos didticos a seu redor. No se preocupe com a forma pela qual essas idias sero utilizadas, apenas tome nota delas. s vezes, suas observaes se aplicaro a uma aula que vai dar dentro em breve, mas outras vezes, voc ver ilustraes ou exemplos maravilhosos de princpios que s vai ensinar aps semanas ou mesmo anos. Caso no os registre, poder esquec-los. Voc pode tambm criar uma pasta para cada uma das aulas que vai dar nos prximos meses. medida que lhe ocorrerem ilustraes com objetos, comparaes e outras idias, ponha um lembrete na respectiva pasta. Quando chegar a hora de preparar uma aula especfica, talvez voc se d conta de que recolheu um vasto cabedal de idias e atividades para enriquecer a lio.

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11ELABORAR UM PLANO PARA MELHORAR O ENSINOQuando estava resumindo o registro dos jareditas, Morni ficou preocupado com sua fraqueza na escrita. Achou que os gentios que iriam ler suas palavras acabariam zombando delas e rejeitando-as. Orou para que os gentios tivessem caridade e no rejeitassem a palavra de Deus. Ento, o Senhor fez-lhe a seguinte promessa: Porque viste a tua fraqueza, sers fortalecido. (ter 12:37) O Senhor disse-lhe tambm: E se os homens vierem a mim, mostrar-lhes-ei sua fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; e minha graa basta a todos os que se humilharem perante mim; porque caso se humilhem perante mim e tenham f em mim, ento farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles. (ter 12:27) Em seu chamado para ensinar o evangelho, voc talvez tenha s vezes a sensao de inadequao. Mas essa promessa do Senhor pode trazer-lhe alento. Caso se humilhe, reconhea reas em que precise de Seu auxlio e exera f Nele, Ele o fortalecer e o ajudar a ensinar de forma agradvel a Ele. ajud-lo a ensinar. Relacione-os no dirio ou em um caderno ou faa o grfico da pgina 25. Ao proceder assim, pense nos princpios didticos abordados neste livro, como amar os alunos, ensinar pelo Esprito, ensinar a doutrina, convidar os alunos a estudar diligentemente, criar uma atmosfera propcia ao aprendizado, usar mtodos eficazes ou preparar as aulas. Talvez seja a sua pacincia que mais v ajud-lo como professor. Ou talvez seu sorriso constante, sua preocupao genuna com as pessoas, seus dotes artsticos, seu conhecimento das escrituras, sua disposio para ouvir, seu esprito calmo, seu hbito de preparar-se exaustivamente ou seu desejo sincero de ensinar bem. Voc no precisa identificar um grande nmero de pontos fortes; basta alguns para iniciar. O objetivo de concentrar-se em alguns de seus pontos fortes apoiar-se neles para a partir da melhorar em reas em que talvez no se esteja saindo to bem.

Persiste em ler, exortar e ensinar, at que eu v. No desprezes o dom que h em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposio das mos. () Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvars, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. (I Timteo 4:1316)

Quais So Meus Pontos Fracos como Professor?Depois de pensar em seus pontos fortes, reflita sobre suas experincias didticas recentes. Pense nas reas em que poderia melhorar. Novamente, volte a ateno para os princpios didticos que este livro ressalta. Voc pode fazer uma lista das vrias coisas que pode fazer melhor, mas talvez seja mais proveitoso limitar-se a duas de cada vez. Falando em termos gerais, crescemos linha sobre linha, preceito sobre preceito. (2 Nfi 28:30) Devemos agir com sabedoria e ordem; porque no se exige que o homem corra mais rapidamente

Avaliar Seus Prprios Pontos Fortes e FracosPara comear, crie um plano determinando como est seu desempenho atualmente. Algo til seria dividir essa avaliao em duas partes: seus pontos fortes e fracos como professor.

Quais So Meus Pontos Fortes como Professor?Comece pensando em alguns dos dons que o Senhor j lhe deu e que podem24

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do que suas foras o permitam. (Mosias 4:27) Quando escolher uma ou duas reas em que gostaria de melhorar, escreva-as em seu dirio ou em um caderno.

pedir-lhes que reformulem os princpios com suas prprias palavras. Ela decide utilizar esta idia na prxima aula que for dar e registra este plano em seu dirio.

Fazer um Plano para o AperfeioamentoPara decidir como melhorar na rea ou reas que escolheu, pense nas seguintes perguntas: O que posso fazer agora para melhorar como professor? Que tcnicas preciso desenvolver? Quem pode auxiliar-me? Que materiais esto disposio? A seguir, h um exemplo que mostra como voc pode utilizar essas perguntas. Nele, uma professora da Sociedade de Socorro percebeu que precisava melhorar sua capacidade de discernir se os alunos estavam entendendo suas aulas.

Que Tcnicas Preciso Desenvolver?A professora tambm l que deve observar os alunos durante as aulas. Ela diz para si mesma: Eis uma tcnica que preciso desenvolver, mas que vai exigir bastante prtica. Ela registra este plano em seu dirio. Ao pensar em seu plano, percebe que j tem pelo menos um ponto forte sobre o qual pode edificar: o fato de preparar suas aulas com extremo zelo. Por estar sempre familiarizada com o contedo da lio, ser capaz de observar os alunos, em vez de dar demasiada ateno ao manual ou a suas anotaes.

Quem Pode Auxiliar-me? Quais So os Materiais Disposio?Por fim, a professora pergunta a si mesma se h recursos que poderia usar. Ela j utilizou este livro como fonte e pensa em outros possveis recursos: Quem sabe outros professores? Eu poderia falar com o coordenador de aperfeioamento didtico ou outro professor capacitado

O que Posso Fazer para Melhorar como Professor?A professora decide folhear este livro em busca de idias sobre o que pode melhorar agora. Ao ler Como Saber Se os Alunos Esto Aprendendo (pgina 73), ela descobre que uma forma de avaliar a compreenso dos alunos

Utilize este grfico (ou outro que voc mesmo elaborar) para criar um plano para melhorar seu ensino. Nos espaos em branco, escreva suas respostas s perguntas.

Como Estou Saindo-me? Quais so meus pontos fortes como professor? Quais so meus pontos fracos?

O que Posso Fazer para Melhorar? O que posso fazer agora para melhorar como professor? Que tcnicas preciso desenvolver?

Que Recursos Vou Utilizar? Quem pode auxiliar-me? Que materiais esto disposio?

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para avaliar a compreenso dos alunos? Um de meus lderes poderia assistir a uma aula minha e dar sugestes? Os alunos poderiam propor sugestes?

Estabelecer uma Meta e Registrar Seu ProgressoDepois de traar um plano para o aperfeioamento, estabelea uma data na qual voc espera atingir sua meta. Escreva sobre seu progresso no dirio ou em um caderno. Se, no decorrer do tempo, precisar adaptar sua meta, faa-o. Quando sentir que alcanou a melhora pretendida, comece a dedicar-se a outro aspecto didtico.

receberdes o Esprito, no ensinareis. (D&C 42:14) () Quem orar suplicando auxlio para ensinar ter o poder do Esprito Santo e seus ensinamentos sero, como declarou Nfi, levados ao corao dos filhos dos homens pelo poder do Esprito Santo. (The Teachings of Harold B. Lee, ed. Clyde J. Williams [1996], p. 444) Ao avaliar seus pontos fortes e fracos como professor, pense como voc irradia essas qualidades essenciais. Reflita sobre as seguintes perguntas: Demonstro a meus alunos que os amo? Mostro interesse pessoal em cada um deles? Eles podem sentir meu amor pelo Senhor e Seus ensinamentos? Ajudo-os a ver a aplicao desses ensinamentos em sua vida? Meus alunos conseguem sentir meu testemunho do evangelho restaurado de Jesus Cristo? Eles conseguem sentir minha grande f em Deus? Oro com f para ensinar pelo poder do Esprito Santo? Mesmo que tenha pouca experincia em muitos aspectos didticos, concentre-se nas qualidades mais importantes. Voc pode amar as pessoas a quem ensinar. Pode demonstrar de forma consistente seu amor pelo Senhor e Seus ensinamentos. E, com fervor, pode transmitir sua f em Deus e seu testemunho do evangelho restaurado. Voc pode sair-se bem nas qualidades mais importantes, mesmo enquanto ainda estiver desenvolvendo suas tcnicas.

Qualidades Mais ImportantesEm seu esforo contnuo para ser um melhor professor, lembre-se das qualidades mais importantes. O Presidente Harold B. Lee descreveu uma professora que exerceu grande influncia sobre ele em sua infncia. Voc pode guiar-se por esta descrio para avaliar sua eficcia como professor e criar planos para aperfeioar-se: Em minha infncia, as aulas religiosas mais marcantes a que assisti foram as da Escola Dominical. Contudo, pouqussimos professores da Escola Dominical despontam em minha memria por terem feito uma contribuio duradoura minha instruo religiosa. Uma professora () parecia ter o talento especial de imprimir no fundo de nossa alma as lies de histria da Igreja, moralidade e as verdades do evangelho de tal forma que, ainda hoje, quase quarenta anos depois, surpreendo-me recordando suas aulas e sendo guiado por elas. O que conferia a ela as qualidades essenciais de um professor bem-sucedido da Escola Dominical? Ela no tinha grande conhecimento secular nem era versada nas teorias e prticas da pedagogia moderna. A aparncia dela era simples e comum, a de uma esposa e me de uma pequena comunidade interiorana onde a necessidade exigia que todos os membros da famlia trabalhassem arduamente. Ela possua trs dons que, a meu ver, tornavam seus ensinamentos eficazes: primeiro, tinha a capacidade de fazer com que cada aluno sentisse que ela se interessava pessoalmente por ele; segundo, tinha muito conhecimento das escrituras e amor por elas e a capacidade de fazer habilidosas ilustraes em cada lio para apliclas em nossa vida; terceiro, possua grande f em Deus e um testemunho inabalvel da divindade do evangelho restaurado de Jesus Cristo. Tinha outra qualificao menos bvia, mas () de extrema importncia para ela e para qualquer pessoa que desejar ensinar o evangelho de Jesus Cristo. O Senhor declarou a lei dos professores nas seguintes palavras: E o Esprito ser-vos- dado pela orao da f; e se no

Com o Auxlio do Senhor, Voc Pode MelhorarAo empenhar-se para melhorar, a ajuda do Senhor muitas vezes vir por meio de outras pessoas. A histria a seguir, contada por um homem que servira como presidente de misso na Europa Oriental, ilustra esse princpio: No vero de 1993, visitei um de nossos ramos recmcriados. A aula da Escola Dominical era dada por um membro novo. Era visvel que ela no se sentia vontade diante dos alunos. Em vez de correr o risco de cometer um erro, lia a lio palavra por palavra. Enquanto os olhos dela se mantinham fixos no manual, os alunos moviam-se incontrolavelmente. Depois da aula, elogiei a professora pela correo doutrinria de sua exposio e, da forma mais cuidadosa possvel, indaguei se ela j havia pensado em fazer algumas perguntas que estimulassem o raciocnio dos alunos e as discusses em classe. Ela respondeu que, na Europa, os professores no fazem perguntas. Fui embora, questionando-me sobre o que poderamos fazer para ajudla, assim como muitos outros novos professores como ela em um pas onde a Igreja acabara de estabelecer-se.

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Em agosto daquele ano, um casal foi designado para iniciar os programas do Sistema Educacional da Igreja em nossa rea. Pedimos-lhes que realizassem o que ento chamvamos de sesses de treinamento didtico. Uma das professoras que eles iriam auxiliar era aquela cuja classe eu visitara. Quatro meses depois, voltei ao ramo dela. Acontecera um milagre. Diante da classe havia uma pessoa transformada, com excelente postura e grande autoconfiana. Suas perguntas cuidadosamente preparadas suscitavam respostas interessadas e ela fazia comentrios entusiasmados aps cada contribuio dos alunos. Ela pedira previamente a um aluno que contasse uma

experincia pessoal relacionada ao tema da aula e em seguida solicitou o mesmo a outros. Perto do fim da aula, uma recm-conversa prestou testemunho. A professora parou e indagou de forma serena: Vocs tambm sentiram um forte Esprito enquanto a irm Molnar estava falando? o Esprito do Senhor. Ao desfrutarmos o sentimento calmo e maravilhoso que tivramos juntos naquele prdio alugado, agradeci ao Pai Celestial pelo casal que ensinara os princpios do evangelho quela assustada recmconversa e a ajudara a tornar-se algum que realmente merecia o ttulo de professora do evangelho de Jesus Cristo.

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12CONSEGUIR O APOIO DE SEUS LDERESParte da responsabilidade de um lder do sacerdcio ou de uma auxiliar ajudar e apoiar os professores. A qualidade do ensino na Igreja melhorar quando os lderes e professores desenvolverem uma relao de preocupao e apoio mtuos. No sacerdcio e nas auxiliares, os lderes tm a designao de trabalhar com professores especficos. Um membro da presidncia da Primria, por exemplo, pode receber a designao de trabalhar com os professores que do aula para as crianas de 8 a 11 anos. Um membro da presidncia do qurum de lderes pode ser designado para trabalhar com os instrutores do qurum.

realizados pessoalmente, mas podem, se necessr