ENSINO SUPERIOR E TIC: PERCEPÇÕES DE DISCENTES E DOCENTES DERELAÇÕES PÚBLICAS DA UFPB

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15 e 16 de outubro de 2010 no Centro de Educação (UFPB) - Campus I - João Pessoa - Paraíba GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD ENSINO SUPERIOR E TIC: PERCEPÇÕES DE DISCENTES E DOCENTES DE RELAÇÕES PÚBLICAS DA UFPB Maria Lívia Pachêco de Oliveira 1 (UFPB) Josilene Ribeiro de Oliveira 2 (UFPB) RESUMO: As constantes transformações sociais decorrentes do desenvolvimento e uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm impactos diretos na educação formal, especialmente no ensino superior. Diante disso, cabe-nos discutir como os indivíduos envolvidos neste processo de reconfiguração da aprendizagem percebem as TIC, levantando as contradições e as potencialidades de sua aplicação na formação e na prática profissional. Nosso objeto de estudo é o curso de comunicação social, habilitação em relações públicas, onde desenvolvemos uma investigação sobre o entendimento de alunos e professores a respeito das TIC, incluindo um relato breve sobre a experiência com o uso da plataforma Moodle, como recurso de apoio às aulas presenciais. Através da realização de pesquisa quantitativa e qualitativa, que incluiu entrevista em profundidade com 7 docentes e a aplicação de questionário com uma amostra de 178 alunos, buscamos identificar como alguns princípios da EAD estão sendo incorporados em cursos presenciais, em nível de graduação. PALAVRAS-CHAVE: Princípios da EAD; formação; Comunicação Social. 1 INTRODUÇÃO A discussão sobre a inserção das tecnologias da informação e comunicação no âmbito da educação é, sem dúvida, um tema muito presente na academia e na sociedade contemporânea. Essa preocupação se dá em parte pela demanda mercadológica que requer profissionais capacitados para lidar tanto tecnicamente quanto criticamente em relação às TIC. Mas, enquanto o mercado faz uso de modo intensivo das TIC, o ensino superior das universidades brasileiras parece não acompanhar o ritmo da revolução tecnológica, surgindo um descompasso entre o processo de ensino-aprendizagem e a formação de profissionais capazes de atender as novas demandas. Colossi, Consentino e Queiroz (2001, p.50) ponderam que “[...] os processos educacionais dependem muito do estado em que se encontra, de maneira geral, o corpo social. O fato é que toda mudança na estrutura política, econômica e social deste grupo mais amplo, influencia na educação.” Por outro lado, ressaltamos que a academia não pode andar a reboque do mercado, ou seja, ela deve questionar, refletir e aprimorar os conhecimentos acerca dos problemas científicos, o que inclui antecipar-se e investigar os impactos das tendências sociais. Neste sentido, Werthein (2000, p.72) acrescenta: O foco sobre a tecnologia pode alimentar a visão ingênua de determinismo tecnológico segundo o qual as transformações em direção à sociedade da 1 Aluna concluinte do Curso de Comunicação Social da UFPB - UFPB. E-mail: [email protected] 2 Professora Assistente do Curso de Comunicação Social da UFPB. E-mail: [email protected]

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Este artigo trata do desenvolvimento e uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e seus mpactos diretos na educação formal, especialmente no ensino superior. discuti-se como os indivíduos envolvidos neste processo de reconfiguração da aprendizagem percebem as TIC, levantando as contradições e as potencialidades de sua aplicação na formação e na prática profissional. O objeto de estudo é o curso de comunicação social, habilitação em relações públicas, onde desenvolvemos uma investigação sobre o entendimento de alunos e professores a respeito das TIC, incluindo um relato breve sobre a experiência com o uso da plataforma Moodle, como recurso de apoio às aulas presenciais. Através da realização de pesquisa quantitativa e qualitativa, que incluiu entrevista em profundidade com 7 docentes e a aplicação de questionário com uma amostra de 178 alunos, buscamos identificar como alguns princípios da EAD estão sendo incorporados em cursos presenciais, em nível de graduaç

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15 e 16 de outubro de 2010 no Centro de Educação (U FPB) - Campus I - João Pessoa - Paraíba

GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD

ENSINO SUPERIOR E TIC: PERCEPÇÕES DE DISCENTES E DOCENTES DE

RELAÇÕES PÚBLICAS DA UFPB

Maria Lívia Pachêco de Oliveira1 (UFPB) Josilene Ribeiro de Oliveira2 (UFPB)

RESUMO: As constantes transformações sociais decorrentes do desenvolvimento e uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm impactos diretos na educação formal, especialmente no ensino superior. Diante disso, cabe-nos discutir como os indivíduos envolvidos neste processo de reconfiguração da aprendizagem percebem as TIC, levantando as contradições e as potencialidades de sua aplicação na formação e na prática profissional. Nosso objeto de estudo é o curso de comunicação social, habilitação em relações públicas, onde desenvolvemos uma investigação sobre o entendimento de alunos e professores a respeito das TIC, incluindo um relato breve sobre a experiência com o uso da plataforma Moodle, como recurso de apoio às aulas presenciais. Através da realização de pesquisa quantitativa e qualitativa, que incluiu entrevista em profundidade com 7 docentes e a aplicação de questionário com uma amostra de 178 alunos, buscamos identificar como alguns princípios da EAD estão sendo incorporados em cursos presenciais, em nível de graduação. PALAVRAS-CHAVE: Princípios da EAD; formação; Comunicação Social. 1 INTRODUÇÃO

A discussão sobre a inserção das tecnologias da informação e comunicação no âmbito da educação é, sem dúvida, um tema muito presente na academia e na sociedade contemporânea. Essa preocupação se dá em parte pela demanda mercadológica que requer profissionais capacitados para lidar tanto tecnicamente quanto criticamente em relação às TIC. Mas, enquanto o mercado faz uso de modo intensivo das TIC, o ensino superior das universidades brasileiras parece não acompanhar o ritmo da revolução tecnológica, surgindo um descompasso entre o processo de ensino-aprendizagem e a formação de profissionais capazes de atender as novas demandas.

Colossi, Consentino e Queiroz (2001, p.50) ponderam que “[...] os processos educacionais dependem muito do estado em que se encontra, de maneira geral, o corpo social. O fato é que toda mudança na estrutura política, econômica e social deste grupo mais amplo, influencia na educação.” Por outro lado, ressaltamos que a academia não pode andar a reboque do mercado, ou seja, ela deve questionar, refletir e aprimorar os conhecimentos acerca dos problemas científicos, o que inclui antecipar-se e investigar os impactos das tendências sociais. Neste sentido, Werthein (2000, p.72) acrescenta:

O foco sobre a tecnologia pode alimentar a visão ingênua de determinismo tecnológico segundo o qual as transformações em direção à sociedade da

1 Aluna concluinte do Curso de Comunicação Social da UFPB - UFPB. E-mail: [email protected] 2 Professora Assistente do Curso de Comunicação Social da UFPB. E-mail: [email protected]

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informação resultam da tecnologia, seguem uma lógica técnica e, portanto, neutra e estão fora da interferência de fatores sociais e políticos. Nada mais equivocado: processos sociais e transformação tecnológica resultam de uma interação complexa em que fatores sociais pré-existentes, a criatividade, o espírito empreendedor, as condições da pesquisa científica afetam o avanço tecnológico e suas aplicações sociais.

Pensando dessa forma, podemos entender que é necessário refletir sobre a forma de ensino em vigor, questionando-nos como os indivíduos desse novo século aprendem, considerando as influências do uso das TIC como um fator presente na vida de todos, e que vem modificando a natureza da sociedade e, consequentemente, o caráter dos símbolos e das interações sociais (SANCHO e HERNANDEZ, 2006).

O indivíduo contemporâneo se vê imerso em uma realidade dinâmica em que as formas de aprender e ensinar estão se transformando, embora não se tenha clareza sobre os impactos de tais transformações para além da esfera mercadológicas. No mercado, as mudanças podem ser observadas e identificadas, por um lado, pela crescente automação, eficiência e competitividade das organizações, e por outro, pela exigência explícita do domínio das TIC como pré-requisito para o ingresso dos profissionais no mercado de trabalho. Para o profissional de relações públicas (RP) não é diferente. Considerando-se que as relações públicas (RRPP) se dedicam a função de legitimar as ações organizacionais perante a sociedade e gerenciar o relacionamento entre elas e seus públicos, usando a comunicação como estratégia e ferramenta de trabalho. Assim, podemos afirmar que as TIC têm dupla importância para a área, devendo estar presente tanto como componente curricular da formação do bacharel em comunicação com habilitação em relações públicas, quanto como instrumento de facilitação do aprendizado. A proposta desse artigo vem ao encontro destas duas facetas, pretendendo refletir sobre a importância das TIC na formação e na atuação desse profissional. Para tal, realizamos uma pesquisa com docentes e discentes com o intuito de, a partir das suas próprias percepções, identificar quais as contradições, potencialidades e fragilidades do uso das TIC na área de relações públicas e o que professores e alunos esperam destas tecnologias. 2 TIC E RELAÇÕES PÚBLICAS: RECONFIGURAÇÕES NA “ERA DIGITAL”

O século XXI, considerado a “era digital” devido aos processos de globalização em

conjunto com o desenvolvimento exponencial de tecnologias, traz as RRPP a outro patamar de atuação. Da comunicação massiva à comunicação dirigida, de meios e técnicas “analógicos” aos “digitais”, temos que pensar como a profissão deve se posicionar nesses tempos em que a informação se tornou recurso estratégico, nos seus inúmeros formatos, gêneros e códigos.

A comunicação adquiriu um caráter de instantaneidade, alta permeabilidade social e difusão sem fronteiras, isso significa dizer que as organizações encontram-se envolvidas nessa rede de informação, que mais parece ser um emaranhado de fios, de conexões tão imbricadas e complexas que a própria palavra rede parece não descrevê-la. (CASTELLS, 1991)

Na sociedade da informação, cabe ao profissional de relações públicas adequar as tecnologias às atividades que desempenha e não esquecer que com a entrada das TIC, há mudança também nos aspectos sociais. Sobre a importância entre relações públicas e TIC Miège (2009, p.155) fala:

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[...] a maior parte (dos profissionais de relações públicas) não se preocupa ou se preocupa pouco em tirar conclusões sobre o funcionamento das sociedades contemporâneas e a pesquisar as ligações que unem o fenômeno com a ascensão das Tic.

A princípio, não há mudança no cerne da profissão, mas sim, uma reconfiguração do

uso das ferramentas de comunicação o que exige do profissional novas competências: os comunicados escritos tendem a virar e-mails, as reuniões em teleconferências, os informativos escritos tornam-se virtuais, e assim por diante, não ocorrendo todos necessariamente ao mesmo tempo ou com a mesma intensidade.

E quanto às funções, não se trata apenas de trabalhar estrategicamente formas de comunicação, pois tudo agora depende da informação adequada, no lugar adequado, no tempo necessário e para o público certo. Então, os esforços são multiplicados pelas tecnologias, mas se bem aplicados, os resultados certamente também serão.

De acordo com Correia, Santos e Porém (2009, p.6): A criação de processos de trabalho apoiados em tecnologias que atravessam as fronteiras organizacionais representa avanços na direção de uma nova arquitetura dos projetos organizacionais que podem tornar qualquer empresa mais ágil e permitir-lhe acompanhar certas mudanças.

Os desafios e possibilidades para a profissão são muitos, e ainda nos encontramos em

uma fase de descoberta, de entender como podemos tirar proveito dessas ferramentas. Por isso, é importante que o graduando esteja em contato com diversos tipos de tecnologias durante a sua formação, para que possa incorporar novas práticas e ferramentas às suas atividades profissionais. Ainda assim, não podemos creditar às tecnologias o poder de solucionar dificuldades nos âmbitos profissional e acadêmico, pois nos cabe ponderar sobre suas aplicações, evitando desse modo que as tecnologias sejam empregadas apenas por modismo.

2.1 Ensino de RRPP no contexto das TIC

Na atualidade, há uma série de discussões entre pesquisadores e professores das

relações públicas sobre como adequar as diretrizes curriculares que regem os cursos nas diversas instituições de ensino superior do Brasil, de modo que a formação profissional possa está em consonância com a realidade mercadológica. Conforme Kunsch, W. (2006, p. 56):

Diante do fenômeno da globalização e do acelerado avanço das tecnologias da informação e da comunicação, o mercado e a academia devem ter na mente e ante os olhos uma revolução das relações públicas, repensando suas práticas e seus conceitos.

Segundo Moura (2009), as diretrizes curriculares “orientam a elaboração dos projetos

pedagógicos, com conteúdos abrangentes, conhecimentos específicos e de áreas afins”, e são essenciais para garantir as relações entre as áreas do saber. Ainda segundo a autora, o currículo ou estrutura curricular, que diz respeito às disciplinas, é mais específico, o que garante a identidade de cada curso. Então, deve-se prestar esforços quanto as diretrizes e aos currículos para evitar que a identidade do curso de relações públicas sofra deturpações devido a possíveis desencontros entre diretrizes/currículos e demandas sociais.

De forma geral, a grande questão para a área de comunicação (assim como em outras áreas) é como adequar os currículos às tendências mercadológicas e científicas. Isso tem sido tema de muita discussão, visto que pensar na prática profissional requer repensar a teoria, nos

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GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD modelos de ensino e no conteúdo lecionado. Mas, segundo Freitas (2006, p.697), já que não há mais um modelo pré-determinado por um currículo mínimo para a formação do comunicador, “a universidade [...] está mais livre para criar”. Isso quer dizer que as diretrizes curriculares guiam as IES quanto à criação dos currículos, mas estas instituições ficam livres para adequarem os programas e conteúdos à necessidade dos profissionais em relação ao que julgam mais importante ou mais pertinente para a formação destes.

Revisando as diretrizes curriculares propostas na Resolução CNE/CES nº 16, de 13 de março de 2002 (MOURA, 2009; MEC, 2010) do curso de Comunicação Social na habilitação Relações Públicas, constatamos que dentre os conteúdos sugeridos na formação desse profissional está os conhecimentos de linguagens, técnicas e tecnologias midiáticas dentro das matérias/disciplinas eletivas do tronco comum. Assim, tem-se possibilidade de inserir ferramentas pedagógicas que tratem desses conhecimentos e que proporcionem o contato com tecnologias, de maneira a facilitar o ensino-aprendizagem e explorar as potencialidades das TIC em relação ao “fazer” profissional.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa realizada se caracterizou como descritivo-explicativa, na qual utilizamos os métodos de abordagem quantitativo e qualitativo para análise dos dados. A amostragem utilizada nesta pesquisa foi a probabilística casual simples e o universo da pesquisa foi dividido em duas partes: os graduandos e os docentes da habilitação de RRPP.

Para os graduandos, a amostra foi extraída de um universo de 320 alunos regularmente3 matriculados no período 2010.1, estabelecendo uma margem de erro de 5% para mais ou para menos. O cálculo amostral, demonstramos a seguir, levou-nos a uma amostra de 178 alunos, o que equivale a 55,6% do número total de alunos.

N= tamanho da população (320) E0= erro amostral tolerável de 5% (E0= 0,05) n0= primeira aproximação do tamanho da amostra n= tamanho da amostra Em que: n0 = 1/E0² e n= N.n0 / N+ n0

Assim tivemos: n0 = 1/ 0,05² --- n0 = 1/ 0.0025 --- n0 = 400 alunos Continuando: n= N.n0 / N+ n0 --- n= 320. 400 / 320 + 400 --- n= 128000/ 720

n= 177,7 => 178 alunos

Quadro 1: Cálculo Amostral A amostra de 178 indivíduos foi intencionalmente composta por estudantes de

períodos diversificados, incluindo tanto novatos, como alunos intermediários ou antigos, para que refletisse com mais exatidão possível as diferentes percepções. As cotas, não necessariamente proporcionais, foram formadas conforme descrito no quadro abaixo.

3 Alunos regularmente matriculados são aqueles que estão matriculados em pelo menos uma disciplina e não efetuaram trancamento total do período.

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Plano Amostral da Abordagem Quantitativa Nº de alunos matriculados no curso do 1º ao 3º período 64 Nº de alunos matriculados no curso do 4º ao 6º período 53 Nº de alunos matriculados no curso do 7º ao 10º período 61 Nº total de entrevistas 178

Quadro 2: Plano Amostral

O número total de docentes da área específica de Relações Públicas na UFPB é de 8 (oito) professores, dos quais 7 (sete) foram entrevistados4, representando 87,5% dos que estão em exercício na UFPB.

A coleta de dados junto aos alunos foi feita por meio de um questionário com questões de múltipla escolha, contendo seis afirmativas, utilizando como opção de resposta a escala de Likert. Para os professores utilizou-se um roteiro de entrevista, com quatro questões abertas, além de perguntas de caracterização tais como titulação, número de anos na docência etc.

As pesquisas com alunos e professores foram realizadas durante os meses de maio e junho de 2010, nas dependências do Complexo de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da UFPB.

4. INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Dividimos esta seção em três partes: o tópico 4.1 aborda o curso de Comunicação da UFPB, em que apresentamos um breve panorama da situação em se encontra; no tópico 4.2 apresentamos as percepção dos discente; e no tópico 4.3 encontra-se as percepção dos docentes sobre o tema. 4.1 O CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NA UFPB

O Curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba foi criado em

24/03/1977 pela resolução nº 24 do CONSUNI5, tendo seu reconhecimento através da portaria nº 68 de 15/01/1980, na modalidade bacharelado. O currículo mínimo foi estabelecido pela resolução nº 2 do CFE6, de 24/01/1984 e o currículo pleno, pela resolução nº 16 do CONSEPE7, de 18/06/1985. Pertence ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA). O departamento responsável é o Decomtur, que abrange também o curso de Turismo.

O curso possui três habilitações: jornalismo (diurno), rádio e TV (diurno) e relações públicas (noturno), tendo a duração mínima de 8 e máxima de 14 períodos.

Após a criação, o curso foi instalado provisoriamente em um antigo depósito de materiais, e hoje, mais de 30 anos depois, ainda continua no mesmo local que passou por várias reformas, porém, insuficientes para a demanda do curso. Há um prédio em construção, que também servirá aos cursos de Turismo e Artes, mas ainda não há previsão para entrega.

O corpo docente do Decomtur é formado por 13 mestres, 21 doutores e 1 PHD. Algumas disciplinas são lecionadas por professores de outros cursos, como português, filosofia e sociologia. Falando especificamente da habilitação de relações públicas, o corpo

4 Exclui-se um docente da área de relações públicas em razão deste estar orientando tal trabalho de pesquisa. 5 Conselho Universitário, órgão deliberativo superior em matéria de política geral da Universidade. (UFPB, 2010) 6 Conselho Federal de Educação. (UFPB, 2010) 7 Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, órgão deliberativo superior da Universidade em matéria de natureza acadêmica. (UFPB, 2010)

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GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD docente é formado por oito professores, sendo um destes professor substituto. Dos professores efetivos, cinco possuem mestrado, um possui doutorado e outro, pós-doutorado.

A estrutura curricular do curso é a mesma desde sua criação. Neste ano de 2010, o departamento de comunicação aprovou um novo projeto político pedagógico e com isso uma nova estrutura curricular para relações públicas a qual está prevista para entrar em vigor em 2011. Nesta nova estrutura curricular, diferentemente da vigente, o tema das TIC é diretamente mencionado. A priori, este é um indício de que há uma intenção de inserir efetivamente este tema no currículo.

4.2 PERCEPÇÃO DOS DISCENTES Os resultados da pesquisa expostos abaixo demonstram como os alunos de relações públicas entendem as TIC no contexto da sala de aula (4.2.1) e com relação ao exercício da profissão (4.2.2). 4.2.1 As TIC em sala de aula A primeira assertiva teve como objetivo aferir as opiniões dos alunos com relação a inserção prática das TIC na estrutura das disciplinas do curso. Vejamos o Gráfico 1:

Gráfico 1: Oferta de disciplinas práticas sobre TIC

Os alunos dos diversos períodos concordaram com a afirmação de que a estrutura do curso de comunicação- RRPP, não oferece disciplinas práticas sobre o tema.

Observando a estrutura curricular vigente, podemos verificar que não há nenhuma disciplina obrigatória que contemple o tema.

De acordo com o que tratamos sobre o uso de tecnologias na prática profissional, vimos que as TIC, apesar de não serem fator primordial para a profissão, podem ser somadas ao conhecimento do RP, viabilizando a realização de suas funções e atividades. Por este motivo, a implantação de disciplinas na estrutura curricular seria importante, pois ajudaria a adequar a formação às tendências sociais/mercadológicas.

No gráfico 2, temos expressas as opiniões sobre a abordagem que os professores realizam a cerca das TIC. O objetivo nesta afirmativa foi o de verificar se os alunos percebem que os subsídios teóricos e práticos das TIC são trazidos para sala de aula.

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Gráfico 2: Abordagem das TIC pelos professores

Segundo 29,5% dos entrevistados, os professores não abordam e nem trazem subsídios

teóricos e práticos sobre as TIC e 39,9% disseram não concordar nem discordar da afirmação proposta.Se 16% dos alunos concordam, isto demonstra que os professores abordam o tema em aula, mas devido a baixa porcentagem dos alunos que concordaram, esta abordagem pode está acontecendo de maneira insuficiente ou não atende as expectativas geradas pelos alunos.

Em seguida, a afirmativa permite verificar a expectativa dos alunos em reação a formação universitaria, no que tange aos conhecimentos técnicos sobre como utilizar as TIC.

Gráfico 3: A formação universitária e o uso das TIC

Grande parte dos alunos, 79,3% (discordo e discordo plenamente), acreditam que a

formação universitária tem a obrigação de ensinar a usar as TIC. Isso significa dizer que para os alunos é importante agregar a sua formação não só conhecimentos teóricos, mas sobretudo práticos sobre as tecnologias, e que, esperam que a universidade oferte isso. Observando o gráfico seguinte (gráfico 4), podemos observar como os alunos procuram suprir a necessidade de saber mais sobre TIC.

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Gráfico 4: Conhecimento sobre as TIC

Mais da metade dos alunos afirmam que seus conhecimentos sobre as TIC foram

obtidos fora da universidade, o que de certa forma indica que os alunos aprendem de maneira individualizada, sem a mediação da teoria.

O uso das tecnologias desmembrado de um saber teórico, não agrega conhecimento suficiente para que o profissional desempenhe suas funções e atividades como se espera. Se o aprendizado sobre TIC fosse somente em relação à questão técnica, de saber operar, manusear as tecnologias, cremos que não haveria problema nenhum no fato do aluno obter esse conhecimento fora da universidade já que a mesma não têm condições de oferecer isto. Porém, a contradição reside no papel da academia, que tem o dever de formar cidadãos e profissionais qualificados e com senso crítico para atender as demandas sociais e enfrentar os desafios em seu campo profissional. 4.2.2 Influência das TIC no exercício da profissão Nos dois gráficos seguintes (5 e 6), temos as percepções dos alunos quanto a sentirem-se preparados para trabalhar com as TIC enquanto profissionais.

Gráfico 5: Aptidão para usar as TIC na prática profissional

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A maioria dos alunos participantes da amostra (36%), não se sente seguro sobre o uso das TIC enquanto profissional, e uma outra parcela significativa (32%) não concordou nem discordou da afirmação. Este alto percentual de alunos que nem concordam nem discordam sugere que muitos não saibam exatamente o quê as TIC englobam e como terão que usá-las. Usar a tecnologia (como operar um computador por exemplo) muitos devem saber, porém, usá-la de modo a contribuir no exercício da profissão é algo que transcede o conhecimento básico. Pelo número dos que nem concordaram e nem discordaram, podemos inferir que os alunos estão atentos ao fato de que o uso das TIC pelo profissional é diferente do uso que fazem no dia-a-dia, por isso justifica-se a insegurança dos alunos com relação a esta questão. No gráfico abaixo (6), os alunos opinaram sobre a relação das TIC e da profissão de relações públicas:

Gráfico 6: Influência do uso das TIC na profissão de relações públicas

Grande parte dos entrevistados acreditam que há influência das TIC na profissão de

Relações Públicas, os quais totalizaram 77,5% entre ‘Discordo plenamente’ e ‘Discordo’ de que as TIC não influem sobre a profissão.Para os alunos, há uma concepção clara sobre a necessidade que se tem de trabalhar com as TIC.

Todavia, há que se considerar nessa questão a natureza do curso de comunicação social, que trata de formar comunicadores, profissionais aptos a levantar, questionar e produzir informação através de diferentes meios e veículos de comunicação. Atendo-se mais especificamente a habilitação de relações públicas, some-se a isso o fato que o profissional de RRPP deve gerenciar a comunicação organizacional, o que significa a escolha de meios e instrumentos de comunicação mais adequados para estabelecer relações com os públicos da organização. Em outras palavras, o RP deve conhecer e compreender diversas tecnologias da comunicação e informação.

Por outro lado, ressalvamos que compreendemos que a formação do RP deve ser generalista o suficiente para que ele se torne um gestor e não meramente um operador de tecnologias. Assim, é preciso haver equilíbrio na estrutura curricular, para não privilegiar apenas o aspecto técnico do uso das TIC.

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GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD 4.3 PERCEPÇÃO DOS DOCENTES

A pesquisa com docentes teve o objetivo de identificar como usam as TIC em sala de

aula, as possíveis dificuldades, razões de não uso na habilitação de RRPP. 4.3.1 Quanto ao uso das TIC em sala de aula

Quando perguntados como os recursos tecnológicos podem melhorar a formação e

auxiliar no ensino, os professores afirmaram que as TIC dinamizam as aulas. Porém sabemos que não basta dinamizar as aulas, pois, as tecnologias por si só não promovem a melhoria da qualidade de ensino, portanto, precisam ser utilizadas dentro de um contexto com muito planejamento para que não se tornem cópias dos formatos de ensino para uma realidade digital. Como afirma Oliveira (2010, p.5) “deve-se utilizar a tecnologia a serviço da Educação e não a Educação subjugada e restrita às ofertas tecnológicas”.

Sobre o uso das TIC em sala de aula, o ponto em comum foi que a instituição (UFPB, e seus Centros, Departamentos), não oferece condições ao Curso de Comunicação-RRPP para o uso pleno das TIC em sala de aula ou em laboratórios. A partir dessa realidade, os professores se dividem: parte não faz uso por não terem subsídios e parte adquire seus próprios equipamentos.

Nesse sentido, destacamos a fala de um dos entrevistados que afirma: “tanto alunos como professores precisam estar aptos para usar as TIC” (P7: João Pessoa, 2010). Depreendemos dessa afirmação, que o (a) entrevistado (a) acredita que nem todos têm conhecimento necessário para usar as TIC como ferramentas pedagógicas e que muitos alunos não dominam o mínimo requerido para lidar com estas no âmbito acadêmico. Além disso, essa fala revela que o docente tem consciência que não basta a inserção de recurso/equipamentos, pois o uso das TIC em sala de aula não deve ser apenas “ferramenta de dinamização do ensino”.

Os entrevistados (P4 e P7, 2010) sugerem que a princípio, sejam ofertados cursos de extensão para que os alunos de RRPP possam ter o contato necessário com as TIC (parte prática) até que o próprio curso tenha condições técnicas de trabalhar o tema de forma adequada. Há também uma menção importante: “O suporte tem que ser dado tanto aos professores quanto aos alunos”. (P7: JOÃO PESSOA, 2010). 4.3.2 Quanto à importância das TIC na prática profissional

Sobre a importância do uso das TIC pelos profissionais de relações públicas, todos os entrevistados concordaram com a necessidade do uso, com a ressalva de que o profissional precisa saber trabalhar com as TIC de modo que gere resultados positivos. Um dos informantes diz que “o profissional tem que ter isso [as TIC] dentro de sua formação de forma estratégica, como um diferencial" (P4: João Pessoa, 2010).

De acordo com a práxis das relações públicas, podemos enquadrar essa necessidade do profissional em relação as TIC quanto as funções de “Propor políticas e estratégias que atendam às necessidades de relacionamento das organizações com seus públicos e implementar programas e instrumentos que asseguram a interação das organizações com seus públicos”.Nestas duas funções as TIC podem contribuir significativamente, pois o caráter de velocidade, fluidez e dinamismo das mesmas proporcionam um contato mais eficiente com os públicos, e viabilizam a implantação de projetos que objetivam assegurar a interação e o relacionamento adequado.

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GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD Quanto às atividades, a proximidade com as TIC se intensifica, pois envolvem meios de comunicação, opinião pública e meios audiovisuais de maneira em geral. Sendo assim, de acordo com o ‘fazer’ da profissão, as TIC têm muito a contribuir, desde que não sejam aplicadas como simples instrumentos que em nada facilitam os modos de fazer, utilizadas tão somente para acompanhar modismos. Não basta saber operar uma tecnologia, pois esta possui inteligência artificial e necessita de raciocínio humano para que, em conjunto, gere resultados realmente inteligentes. É preciso relacionar as tendências sociais e mercadológicas sem distorcer a práxis, e para tal o profissional deve valer-se de toda a sua criatividade e competência para não voltar ao passado da história das relações públicas no Brasil e se transformar num mero tecnicista.

Não faz muito tempo que a maioria da população mundial se assustou com o advento vertiginoso das tecnologias em todas as áreas do conhecimento. Discursos do tipo “não haverá lugar para nós, humanos” foram difundidos, levando a população a acreditar que dentro de pouco tempo, não haveria mais empregos disponíveis, nem escola, nem livros, enfim, tudo seria substituído pela tecnologia e só nos restaria espaço no máximo para operá-las.

Hoje, sabemos que essa predição não se confirmou, pelo menos dessa forma apocalíptica que foi imaginada. Mais do que nunca trabalhamos com termos como “ensino humanizado”, “profissionais humanizados”, “trabalho humanizado”. Há uma necessidade de reafirmar o papel do homem na sociedade atual, de exaltá-lo como “recurso” primordial. Esse discurso “humanístico” tem se reproduzido na mídia, centrada na idéia da responsabilidade social, no ambiente escolar, etc. Segundo Costa, (2004, pg. 18):

O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente, e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de resultados.

Isso demonstra que as tecnologias por si só não atendem as expectativas de nenhum

segmento da sociedade, mas sim o uso que é feito dela, da maneira como é trabalhada e aplicada. O profissional que está apto para desempenhar suas funções de maneira eficaz é aquele que sabe utilizar as TIC, mas que, acima de tudo, consegue emanar conhecimento, inteligência e todas as habilidades de trabalhar com pessoas.

Sendo assim, o profissional de relações públicas, por trabalhar diretamente com relacionamento entre pessoas, entre organizações, por lidar com a informação como matéria prima e como meio de instaurar a concordância, de fazer do diálogo sua prática constante e de estar o tempo todo buscando integrar partes diferentes, deve estar atento ao uso que fará com as TIC. Antes de tudo, o lado humano fala mais alto, mas não o humano no sentido puro da benevolência, pois isto é inviável no nosso contexto econômico/mercadológico, mas humano no sentido de ter inteligência, estratégia, dinamismo, articulação, criatividade e persuasão.

4.3.4 O uso da plataforma Moodle em apoio às aulas presenciais

No momento da pesquisa constamos e pudemos acompanhar o trabalho de alguns professores de Relações Públicas que estão desenvolvendo uma experiência inovadora, fazendo uso do ambiente virtual de aprendizagem Moodle, em apoio às atividades didáticas presenciais.

Segundo eles, essa experiência se constitui na configuração de cursos semi-presenciais, que vêm apresentando resultados positivos em relação ao ensino-aprendizagem: os alunos têm que trabalhar em conjunto, as barreiras de tempo e espaço são eliminadas, o professor pode fazer um acompanhamento mais individualizado e o aluno tem a possibilidade

15 e 16 de outubro de 2010 no Centro de Educação (U FPB) - Campus I - João Pessoa - Paraíba

GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD de ampliar seus conhecimentos através de links, hipertextos e atividades em conexão com a rede mundial de computadores.

Porém, conforme os professores, a plataforma ainda apresenta problemas: é restrita quanto a variação de atividades e o suporte tecnológico dado pela UFPB apresenta falhas, resultando em problemas de acesso. Além disso, os docentes apontam a escassa política de qualificação da instituição e a falta de infra estrutura (laboratórios com computadores e acesso a internet) como dificuldades para usar as TIC em sala de aula.

Esse lado negativo é um desestímulo para professores e alunos, contudo isso vem sendo superado por um projeto de monitoria virtual, que pressupõe que discentes e docentes possam usar seus próprios equipamentos para acessar de suas casas/trabalho, independentemente de laboratórios e equipamentos da própria universidade.

A habilitação de relações públicas funciona pelo turno da noite, o que de fato muda o perfil do aluno em relação a outras habilitações. Em geral, os alunos já estão inseridos no mercado de trabalho (em áreas diversas) e por esse motivo, possuem pouca disponibilidade de tempo para participar de outras atividades acadêmicas, como projetos de extensão e pesquisa por exemplo.

Adotando alguns princípios da EAD, tais como comunicação sincrônica e assincrônica, aprendizagem focaliza o aluno (aprendente), a implementação de cursos semi-presencias tem ajudado a minimizar dois problemas enfrentados no curso: o conhecimento e acesso as tecnologias (identificado na pesquisa) e a extensão do ambiente de aprendizagem para além da estrutura física da universidade (devido ao perfil do aluno de RRPP, que se torna restrito ao horário mínimo exigido).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização desta pesquisa, foi possível identificar as percepções que docentes e discentes possuem em relação ao uso e a importância das tecnologias da informação e comunicação, com destaque para as contradições entre a realidade e as expectativas evidenciadas nos discursos. Em síntese destacamos que:

Os alunos entrevistados concordam quanto à importância do ensino das TIC na universidade e julgam que o que aprenderam até o presente momento não é suficiente para a prática profissional. Contudo, apesar dos docentes estarem cientes da necessidade de tratar desse assunto, afirmam que instituição não disponibilizar recursos suficientes para trabalhar com e sobre as TIC.

A inserção das TIC na habilitação de relações públicas ainda não está ocorrendo de maneira satisfatória, pois faltam recursos tecnológicos, infra estrutura adequada em relação a laboratórios que atendam a demanda dos alunos e a inserção de conteúdos teóricos e práticos com relação ao tema, e por conseqüência, falta um maior preparo do corpo docente para lecionar sobre e usar as TIC em sala de aula.

As perspectivas para solucionar tais limitações em relação à infra estrutura, baseiam-se nos projetos de melhoria de laboratório financiados pelo governo federal e a UFPB, os quais se postos em prática trarão os subsídios técnicos que faltam. Além disso, constatou-se que o novo projeto político pedagógico, oferta disciplinas que contemplam as TIC enquanto em suas ementas. Ainda sim, salientamos que é preciso mais celeridade e flexibilidade para a adequação dos programas de curso, para que outra vez o currículo não volte a se estagnar.

As potencialidades do uso das TIC no ensino presencial na habilitação de relações públicas estão se evidenciando com a criação de cursos semi-presenciais através da plataforma Moodle, a qual, segundo alunos e professores, apresenta uma série de vantagens:

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GT Nº 8 - Fundamentos da educação e EAD minimiza as limitações do ensino presencial, especialmente para os cursos noturnos; estão permitindo assistir de forma ainda mais presente/constante aos alunos; estimula um ambiente de aprendizagem colaborativo; e aproxima os alunos das TiC.

O exemplo trazido aqui sobre os cursos semi-presencias não tem a pretensão de resumir as TIC à EAD, nem tampouco de afirmar que os problemas estruturais que afastam docentes e discentes das tecnologias da informação e comunicação poderão ser solucionados através de plataformas virtuais de aprendizagem. O que se buscou ressaltar neste trabalho foi a ideia de que é possível, dentro das limitações existentes, encontrar formas criativas de suprir o déficit em relação às TIC. Sendo assim, tais cursos tornam-se apropriados por sua acessibilidade e pela série de vantagens que já apresentamos, tanto em relação ao processo ensino-aprendizagem quanto pela adoção de princípios da EAD.

Sabemos da importância do uso das TIC para a atuação profissional, então, de acordo com a pesquisa, podemos afirmar que o profissional precisa ter em sua formação subsídios que o prepare para a realidade de mercado. Estes subsídios são de duas ordens: instrumentais e teóricos.

Os primeiros dizem respeito a todo tipo de recurso tecnológico utilizados no ambiente acadêmico: computadores (e softwares adequados), recursos multimídias (áudio e imagem), data show, laboratórios de edição de jornal, TV e rádio para as disciplinas de laboratório, câmeras fotográficas e de filmagem, acesso à internet banda larga e outras ferramentas que possibilitem a aprendizagem de técnicas necessárias ao profissional de RRPP, o qual é antes de tudo é um profissional de comunicação, e tem que está preparado para trabalhar com qualquer ferramenta.

O segundo subsídio é o teórico. Os alunos precisam ter uma compreensão teórica das TIC, pois caso contrário, serão apenas técnicos operando equipamentos, o que não deve ser característica de um profissional de ensino superior, que deve também ter em sua formação uma visão holística e crítica da realidade, onde tem que aplicar os conhecimentos adquiridos de modo construtivo, ético e para o bem comum.

Assim, o que se espera da academia é que a mesma proporcione teoria e prática sobre as tecnologias da informação e comunicação, mantendo equilíbrio entre essas duas vertentes e estimulando os alunos a buscarem, dentro e fora do contexto acadêmico, meios que possam contribuir no desenvolvimento do saber sobre as TIC, visto que esse assunto também não pode ser considerado como a base do ensino das relações públicas, e sim como elemento que muito tem a contribuir e não pode ser relegado puramente ao interesse pessoal do formando. Assim, concluímos com a seguinte fala do entrevistado P:7 (João Pessoa, 2010):

As tecnologias são necessárias, devem ser usadas como suporte para viabilizar o trabalho do profissional, mas tem que se haver um equilíbrio para não se perder de vista a questão humanística das relações públicas.

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