Entoa ção e dom ínios pros ódicos em senten ças pseudo...

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1 Entoa Entoa ç ç ão e dom ão e dom í í nios pros nios pros ó ó dicos dicos em senten em senten ç ç as pseudo as pseudo - - clivadas clivadas do português europeu (PE) do português europeu (PE) FLAVIANE ROMANI FERNANDES (pós-graduação em Lingüística - Unicamp) [email protected] III Seminário Internacional de Fonologia - 12.04.2007

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EntoaEntoaçção e domão e domíínios prosnios prosóódicos dicos em sentenem sentençças pseudoas pseudo--clivadas clivadas

do português europeu (PE)do português europeu (PE)

FLAVIANE ROMANI FERNANDES

(pós-graduação em Lingüística - Unicamp)[email protected]

III Seminário Internacional de Fonologia - 12.04.2007

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1.1. IntroduIntroduççãoão

1.1. As estruturas clivadasclivadas� Uma das opções de focalizafocalizaççãoão em PEPE.

(cf. Âmbar, 1997, 1999; Costa & Duarte, 2000; Duarte, 2003)

� Focalização� Informação nova → foco informacional� Informação nova + contraste → foco contrastivo

1.2. Tipos de estruturas clivadas� Em PEPE: diferentes tiposdiferentes tipos de sentenças clivadasclivadas (cf. Duarte, 2003)

�� pseudopseudo--clivadaclivada: “O que o corvo comeu foi o queijo.”�� clivadaclivada: “Foi o queijo que o corvo comeu.”�� clivada invertida clivada invertida ‘é‘é queque’’: “O queijo é que o corvo comeu.”�� semisemi--pseudopseudo--clivadaclivada: “O corvo comeu foi o queijo. ”

[O que comeu o corvo?]

1.3. Delimitação do objeto de estudo�� PseudoPseudo--clivadasclivadas → foco informacional no sujeitofoco informacional no sujeito

(1) Quem chegou foram as velhas. [Quem chegou hoje?]

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2.1. Hipóteses e objetivo deste trabalho� O contornocontorno de sentenças com “estruturas sintestruturas sintááticas especiaisticas especiais”

� Frota (1994)

Foco ou tópico em PE: contorno entoacionalcontorno entoacional localmente e, por vezes, globalmente alteradoalterado (em relação ao contorno neutro).

2.1.1. Hipóteses�� DiferenDiferenççaa entre a entoaentoaççãoão das sentenças neutrasneutras e pseudopseudo--clivadasclivadas do

PEPE;�� Estrutura sintEstrutura sintáática tica especial das sentenças pseudopseudo--clivadasclivadas codificadacodificada pela

estrutura prosestrutura prosóódicadica, refletida na estrutura entoacional. (cf. também Vigário, 1998 sobre a codificação de estruturas sintáticas pela estrutura prosódica em PE –diferenciação de ambigüidades)

2.1.2. Objetivo� Investigação das hipóteses apresentadas

� Realização de experimento: estudo comparativoestudo comparativo da estrutura estrutura entoacionalentoacional das sentenças neutrasneutras e pseudopseudo--clivadasclivadas do PEPE.

2.2. HipHipóóteses e objetivoteses e objetivo

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3.1. Corpus

�� 56 senten56 sentenççasas�� VariaVariaççãoão: nnºº de σσss e de ωωss dos constituintes

3.2. Metodologia

3.2.1. Obtenção dos dados�� ElaboraElaboraçção ão de questionquestionáário rio ‘‘semisemi--abertoaberto’’

� contexto próprio para a obtenção de sentenças neutras e com foco informacional no sujeito

�� AplicaAplicaçção ão do questionário a 3 falantes3 falantes nativos de PEPE:� Mesmos sexo, grau de escolaridade, faixa etária e procedência

�� GravaGravaçção digitalão digital das sentensentenççasas produzidas � 2 repetições para cada tipo de sentença (neutra e com foco no sujeito)

3.2.2. Análise dos dados� Análise do contorno entoacionalcontorno entoacional

� Transcrição de eventos tonais (cf. Pierrehumbert, 1980; Beckman & Pierrehumbert, 1986; Pierrehumbert & Beckman, 1988; Ladd, 1996; Frota, 1997, 2000, 2002a, b;Vigário, 1998; Frota & Vigário, 2000).

� Programa computacional utilizado na análise: Praat

(http://www.fon.hum.uva.nl/praat/)

3.3. Corpus Corpus e Metodologiae Metodologia

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Exemplos de contextos para a obtenExemplos de contextos para a obtençção de sentenão de sentençças as neutras e com foco informacional em PEneutras e com foco informacional em PE

(2) ContextoContexto para obtenção de sentensentençças neutrasas neutras

a. Contexto: Tu sabes que as governadoras chegaram. Ouvi dizer que algo aconteceu, mas não sei exactamente o quê, então, pergunto-te:

O que aconteceu?

Ou:

b. Contexto: Lê a seguinte notícia:

‘As governadoras chegaram’.

(3) ContextoContexto para a obtenção de sentenças com foco informacional no foco informacional no sujeitosujeito

Contexto: Estamos à espera das governadoras no gabinete. Percebo que vês chegar alguém que eu ainda não vi, então, pergunto-te:

Quem chegou?

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4.1. A entoação das sentenças neutras do PE

�� 332332 sentensentenççasas produzidas

�� Subida inicialSubida inicial, plateauplateau intermediário e descida finaldescida final pronunciada (cf. Delgado Martins & Lacerda, 1977; Viana, 1987; Frota, 1991, 1997, 2000, 2002a, 2002b, Falé, 1995; Vigário, 1998; Grφnnum & Viana, 1999; Frota & Vigário, 2000, entre outros)

→ TonsTons associados às 11ªª.. e úúltima ltima ωωss de II.(cf. Frota, 1997, 2000, 2002a, 2002b; Vigário, 1998).

(4) [[(as miÚdas)ω(BElas)]φ[(moRREram)ω]φ[(no LAgo)ω]φ]I| |

H H+L*

4.4. Resultados e DiscussãoResultados e Discussão

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Figura 1: F0 da sentença ‘As miúdas belas morreram no lago’, produzida por um falante nativo de PE em contexto de obtenção de sentença neutra.

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4.2. A entoação das sentenças pseudo-clivadas do PE

�� 203 senten203 sentenççasas produzidas

�� PossibilidadesPossibilidades de associação tonal encontradas:

(i) Subida inicialSubida inicial, ascendênciaascendência precedendoprecedendo a parte clivadaparte clivada e descidadescidafinalfinal pronunciada.

� acentos tonaisacentos tonais associados à 11ªª. . ωω de I, à ωω cabecabeçça a do φφ que antecede antecede a parte clivadaparte clivada e à úúltima ltima ωω de II;

�� acentos tonaisacentos tonais associados às ωωs cabes cabeççasas dos φφss de II.

(5) [[(QUEM)ω] φ [(choROU)ω(HOje)ω] φ [(FOram)ω]φ [(as aLUnas)ω(JOvens)ω]φ]I | | | |H* L*+H H+L* Li

(6) [[(QUEM)ω] φ [(leVOU)ω]φ[(as MAlas)ω] φ [(FOram)ω]φ [(as BIo)ω(MÉdicas)ω]φ]I| | | | | |H* L*+H L*+H H* H+L* Li

4.4. Resultados e DiscussãoResultados e Discussão

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Figura 2: F0 da sentença ‘Quem chorou hoje foram as alunas jovens’, produzida por um falante nativo de PE em contexto de focalização informacional do sujeito.

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Figura 3: F0 da sentença ‘Quem levou as malas foram as biomédicas’, produzida por um falante nativo de PE em contexto de focalização informacional do sujeito.

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(ii) AssociaAssociaççãoão tonal igualigual à associação das sentenças neutrasneutras:

� Subida inicial, plateau intermediário e descida final pronunciada

→TonsTons associados às 11ªª.. e úúltimaltima ωωss de II.

(7) [[(QUEM)ω]φ [(moRREU)ω]φ [(no LAgo)ω]φ [(FOram)ω]φ [(as miÚdas)ω(BElas)ω]φ]I| | |H* H+L* Li

4.4. Resultados e DiscussãoResultados e Discussão

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Figura 4: F0 da sentença ‘Quem morreu no lago foram as miúdas belas’, produzida por um falante nativo de PE em contexto de focalização informacional do sujeito.

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4.3. Proporção dos tipos de associação tonal (i) e (ii) encontrada nos dados dos falantes de PE:

Figura 5. Porcentagens dos tipos de associação tonal (i) e (ii) ao contorno das sentenças pseudo-clivadas de PE.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

120,0%

Falantes

Po

rcen

tag

em

Tipo (i)

Tipo (ii)

Tipo (i) 100,0% 71,8% 92,2%

Tipo (ii) 0,0% 28,2% 7,8%

MJ P S

4.4. Resultados e DiscussãoResultados e Discussão

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4.4. Comparação dos resultados obtidos com os resultados de trabalhos anteriores

� Os contornos entoacionaiscontornos entoacionais encontrados em nossos dados de pseudo-clivadas de PE confirmamconfirmam os resultadosresultados já obtidos por Viana (1987)Viana (1987):

“A freqfreqüüência fundamental sobeência fundamental sobe no ininíício cio da frase até a primeira sílaba acentuada e a declinadeclinaççãoão dá conta do escalonamento dos picos de F0 que se seguem imediatamente a este acento.... A descida gradual de F0 ébruscamente interrompida e observa-se uma subidasubida sobre a ssíílaba laba acentuadaacentuada que precede a seqprecede a seqüüênciaência que se pretende realpretende realççarar e a que estáassociado um acento de alturaacento de altura.”

(Viana, 1987: 83)

4.4. Resultados e DiscussãoResultados e Discussão

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Figura 6: Curvas de F0 da sentença ‘Quem deu um livro à Maria foi o Vasco.’ produzida por três falantes de PE e extraídas de Viana (1987:88).

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� Sentenças neutrasneutras e pseudoe pseudo--clivadasclivadas do PEPE → estrutura entoacionalestrutura entoacionalfreqüentemente diferente:diferente:

� Sentenças neutrasneutras��TonsTons associados apenas às 11ªª. e . e úúltima ltima ωωss de II.

� Sentenças pseudopseudo--clivadasclivadas��Maior Maior nnºº de acentos tonaisacentos tonais no interior do contorno(cf. também Frota, 1994 sobre o contorno entoacional de sentenças com constituintes deslocados e quantificadores em PE)

→ Acentos tonaisAcentos tonais associados às ωωs cabes cabeççasas dos φφss de I ouou acentos tonaisacentos tonaisassociados à 11ªª. . ωω de I, à ωω cabecabeççaa do φφ que antecedeantecede a parte clivadaparte clivada e à úúltimaltima ωωde I.

�� CodificaCodificaçção prosão prosóódicadica da estrutura sintestrutura sintááticatica especial associada às pseudopseudo--clivadasclivadas:

� Hipótese: ascendênciaascendência da curva entoacionalcurva entoacional na porporçção ão que antecedeantecede a parte clivadaparte clivada (acento tonal L*+H associado à ω cabeça do φ que antecede a parte clivada) codificacodifica prosodicamente o movimentomovimento especial do argumento argumento internointerno, diferente do sujeitodiferente do sujeito, parapara o ininííciocio da sentensentenççaa:

[TP [CP quem morreu no lago]i [T’ [T foramj [vP tj [VP tj as miúdas belas ti]]]]](sobre a derivação sintática das sentenças pseudo-clivadas em português, cf. Costa & Duarte, 2000; Modesto, 2001; Duarte, 2003; entre outros)

5.5. ConclusõesConclusões

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� Estudo aprofundado da relarelaççãoão entre movimento sintmovimento sintááticotico e codificacodificaçção prosão prosóódicadica, refletida na estrutura entoacional, em PEPE;

� Estudo da estrutura entoacionalestrutura entoacional das sentenças pseudopseudo--clivadasclivadasem português brasileiro (PB)português brasileiro (PB);

�� Estudo comparativoEstudo comparativo da estrutura entoacionalestrutura entoacional das sentenças pseudopseudo--clivadasclivadas nas duas variedades de portuguêsduas variedades de português.

6.6. Apontamentos FuturosApontamentos Futuros

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� Charlotte Galves

� Sónia Frota

� Marina Vigário

� Os informantes de PE: Maria João, Patrícia e Sofia

� Margarita Corrêa

� Departamento de Lingüística Geral e Românica da Universidade de Lisboa

� Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)

� Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)

AgradecimentosAgradecimentos