ENTREVISTA IPVC QUER SERRUI TEIXEIRA · correio director paulo monteiro | ano lxxix sÉrie vi n.º...

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AS NOSSAS RAÍZES Casa do Povo de Tadim tem ambição de continuar a crescer Pags. 10 a 12 do Minho .pt Correio DIRECTOR PAULO MONTEIRO | ANO LXXIX SÉRIE VI N.º 9948 DIÁRIO € 0.85 IVA Inc. Publicidade Segunda 21 de Março 2016 ENTREVISTA RUI TEIXEIRA IPVC QUER SER A COR DO ALTO MINHO Págs. 3 a 6 PORTAL PAREDES DE COURA É O MELHOR MUNICÍPIO PAGADOR NO MINHO Pág. 21 SC BRAGA 2 - 0 UNIÃO DA MADEIRA QUARTO ESTÁ MAIS SEGURO Págs. 24 e 25 BRAGA Págs. 8 e 9 BARCELOS Pág. 18 PONTE DE LIMA Pág. 22 Publicidade 2,14€/Unid. 25% + POUPE de 9,49€/kg 30% + POUPE de SÓ HOJE! Ó O JE! de UNID. POUPE + % 25 59 , 1 de POUPE + % 30 59 , 6 KG SÓ HO OJ JE! Publicidade Publicidade

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AS NOSSAS RAÍZES

Casa do Povo de Tadim tem ambição de continuar a crescer Pags. 10 a 12

do Minho.ptCorreio

DIRECTOR PAULO MONTEIRO | ANO LXXIX SÉRIE VI N.º 9948 DIÁRIO € 0.85 IVA Inc.

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Segunda 21 de Março 2016

ENTREVISTA RUI TEIXEIRA PRESIDENTE DO POLITÉCNICO

IPVC QUER SERA COR DO ALTO MINHOPágs. 3 a 6

PORTAL DE TRANSPARÊNCIA MUNICIPALPAREDES DE COURA É O MELHOR MUNICÍPIO PAGADOR NO MINHOPág. 21

SC BRAGA 2 - 0 UNIÃO DA MADEIRA

QUARTO ESTÁ MAIS SEGURO Págs. 24 e 25

BRAGA

Procissão dos Passos trouxemilhares de fiéis à cidadePágs. 8 e 9

BARCELOS

Festas das Cruzes apresentadacomo “a melhor de Portugal” Pág. 18

PONTE DE LIMA

Ampliação do quartel de Freixo“é promessa cumprida”Pág. 22

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FLÁVIO FREITAS

? 14 de Novembro 2015 correiodominho.ptcorreiodominho.pt 21 de Março 2016 3

| José Paulo Silva | Rui Alberto Sequeira |

P - O Instituto Politécnico de Viana doCastelo (IPVC) tem seis escolas emViana, Ponte de Lima, Valença e Mel-gaço. Está cumprida a missão do IPVCde se integrar na região do Alto Mi-nho?

R - Tenho a sensação de que somos umcorpo com a cabeça a um lado e os mem-bros a outro.

P - A matriz multipolar do IPVC é es-tratégica?

R - Durante alguns anos eu pensei quetinha sido um erro. Hoje considero que aforma que o meu antecessor, Lima Carva-lho, teve de construir o IPVC foi visioná-ria. A nossa maior valia é a distribuiçãopelo Alto Minho, com competências es-pecializadas muito ligadas ao território.Podem perguntar: Lazer e Desporto emMelgaço? Melgaço tem um centro des-portivo, tem o Parque Nacional da PenedaGerês, cultivamos os desportos naturezacom sentido de futuro. A distribuição geo-gráfica que o IPVC tem hoje é uma gran-de mais valia pela proximidade que cria àregião. As universidades hoje fazem-secom redes.

P - Essa distribuição vem ao encontro

do que é a essência do ensino politécni-co?

R - A essência do ensino politécnico es-tá na sua missão.

P -Há o eterno debate sobre as compe-tências das universidades e dos politéc-nicos...

R - Há quem veja isso quase como queuma guerra. Não faz nenhum sentido.Uma matriz de conhecimento mais funda-mental e outra de conhecimento maisaplicado existem em todo o mundo. Oque se discute é se elas devem estar juntasou separadas. Em Portugal, na última re-forma do ensino superior, entendeu-seque deve estar separadas. Quase todas asuniversidades têm uma componente poli-técnica. Ao passo que a universidade seorganiza há mais de sete séculos em Por-tugal em volta do conhecimento funda-mental, o politécnico organiza-se sobretu-do em volta de profissões e na resoluçãode problemas concretos das regiões. Asfunções de um e de outro subsistemacomplementam-se, não são antagónicas.

P - A sociedade tem essa noção?R - Como dizem os sociólogos, o valor

percebido da coisa ensino superior poli-técnico é, hoje, indiscutivelmente inferiorà do ensino universitário.

P - Quer dizer que há alunos que vão-para os politécnicos convencidos deque vão para universidades?

R - Os alunos que vão para os politécni-cos vão à procura de uma formação per-feitamente identificada com o mundo dotrabalho, sabendo que a oportunidade deemprego é efectivamente maior e que vaiadquirir uma profissão de nível superior.

P - Essa percepção foi reforçada coma criação dos cursos técnicos superioresespecializados ( CTeSP)?

R - Os cursos de especialização tecnoló-gica, que estavam distribuídos por univer-sidades e politécnicos, tinham um proble-ma: eram cursos pós-secundários nãosuperiores. Estavam num limbo muito di-fícil de classificar. Neste rumo do 20/20em que queremos 40% de diplomados naEuropa para lutar contra os 55% dos Es-tados Unidos da Europa e os 65% da Co-reia do Sul, havia que fazer a reconversãopara a paridade europeia. Hoje há umgrande número de alunos do ensino se-cundário com uma vertente técnica. É im-portante que muitos desses alunos não te-nham de ter uma formação de três ouquatro anos. Os CTeSP são cursos emi-nentemente técnicos, dados sobretudo emambiente laboral, para preparar técnicos

do mais alto nível. Nós temos 34 CTeSPaprovados, 35 licenciaturas e 50 mestra-dos. Os CTeSP são desenhados por nós epelas empresas onde os alunos vão esta-giar. Os CTeSP são ao aluno uma profis-são e a possibilidade de continuar uma li-cenciatura ou doutoramento. Como sãonovos, vai haver uma seriação a curtoprazo. Ainda agora um grupo de empresá-rios sugeriu-nos que fizessemos um cursode técnicos de venda.

P - Os doutoramentos estão vedadosaos institutos politécnicos. Lamenta?

R - Se for fazer essa pergunta a todos ospresidentes de politécnicos, alguns vãoachar que isso é uma desgraça. Para mim,é um factor que não tem importância ne-nhuma. Somos instituições com 30 anos eo doutoramento é uma fase extremamenteelevada do percurso formativo. Muitospolitécnicos ainda precisam de algumtempo de madureio, o que não significaque haja universidades com três doutoresque dão doutoramentos em Bioquímica ehaja politécnicos como o de Bragançacom 60 doutores que não o podem fazer.Mais ou dois ministros e estaremos lá. Es-te ministro (n.r. Manuel Heitor), com umasinceridade profunda, avisou-nos que,para ele, esse assunto não está em cima damesa. Eu acho que ele tem razão.

IPVC QUER SER A COR DO ALTO MINHO

Convidado do programa ‘PrimeiroPlano’, Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana doCastelo (IPVC) confia nos resultadosdo programa de modernização evalorização destes estabelecimentosde ensino superior, recentementeanunciado pelo Governo. Quase a completar 30 anos, o IPVCassume-se, nas palavras do seupresidente, como agente activo para o desenvolvimento económico e social da região do Alto Minho.

Rui TeixeiraEntrevista

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correiodominho.pt 14 de Novembro 2015 Entrevista ?4 Entrevista 21 de Março 2016 correiodominho.pt

Rui Teixeira

P - No Orçamento de Estado de 2016,a verba para os politécnicos mantém-senos cerca de 270 milhões de euros. Asuniversidades têm um pouquinho maisdo que em 2015...

R - Nós não temos grandes reivindica-ções. Reconhecemos que as universida-des têm um papel fundamental, têm ou-tros custos Nós somos complementares,não somos antagónicos. Os politécnicossão um carro mais do povo.

P - Mas a distribuição de verbas não épenalizadora para os politécnicos?

R - Não me vou meter por aí. Digo queprecisamos de um mínimo de verbas paraassegurar a nossa missão com profundaqualidade. Se aligeirarmos o ensino e to-do o processo formativo, vamos pagar is-so mais tarde. Por graça de Deus e por tra-balho dos homens, não temos tidoproblemas financeiros no IPVC.

P - Conseguiram outras fontes de fi-nanciamento?

R - Recebemos do Orçamento de Estadoentre os 9 e os 11 milhões de euros, masfecho orçamentos do IPVC com 19 a 20milhões. Três milhões são de propinas.Temos conseguido trabalhar o resto. Pago14 milhões de vencimentos. Fica de foratudo, desde o papel higiénico ao gasóleo,ao congresso, ao livro. Temos um concei-to de internacionalização muito confundí-vel com cooperação. Por exemplo, tive-mos um papel estruturante no sistemaeducativo da Guiné Bissau. Isso serve pa-ra nós respirarmos. Mas atenção que oEstado tem de ter a noção de que institui-ções que não estão em Braga ou Viana doCastelo, que não têm um tecido económi-co à volta, caso do Politécnico de Bragan-ça, andam à procura de gente. O ano pas-sado, o Politécnico de Bragança entregoudiplomas a estudantes de 64 países. Amim interessam-me grandes acordos diri-gidos como o que fizemos com a Univer-sidade Cidade de Pequim, dedicada àsquestões da economia e sociedade de umaregião. Criámos uma licenciatura em co-mum. Temos cá uma turma de 25 alunoschineses. Tem sido uma experiência fan-tástica, até para a cidade de Viana do Cas-telo

P - Algumas universidades têm opta-do pelo regime de Fundação para termaleabilidade de gestão?

R - Nós não temos. O IPVC já estevevárias vezes à porta para passar a Funda-ção. O Governo anterior teve muitas dú-vidas. Honro a determinação da Universi-dade do Minho e do seu reitor, AntónioCunha, em conseguir passar a Fundação.

P - O IPVC não quer?R - Eu tinha a Fundação Fernão de Ma-

galhães que me permitia contratar pes-soas para projectos que não conseguiu pe-la porta das funções públicas. A FundaçãoFernão de Magalhães foi extinta. Agora,a própria natureza fundacional para oIPVC é um grande objectivo que estamosa trabalhar.

P - Acha que isso vai acontecer dois outrês ministros depois?

R - (risos) Vai acontecer, garanto. Não épossível continuarmos assim.

P - Está em curso a revisão dos estatu-tos do IPVC. O processo entronca naquestão fundacional?

R - Essa possibilidade está aberta. A re-visão estatutária tem a ver com ajustes eproblemas de coordenação. Estamos a ar-rumarmo-nos do ponto de vista científicoe a constituir centros de investigaçãotransversal.

P - Temos com este Governo um mi-nistro apenas para o Ensino Superior eCiência. Concorda com a separação daEducação?

R - Cheguei a dizer ao Primeiro Minis-tro anterior, Passos Coelho, que foi umerro juntar as duas áreas. Em 1973, o mi-nistro Veiga Simão, dizia que o Ministé-rio da Educação é irreformável, algo quejá Eça de Queirós tinha dito atrás. Tive-mos o ministro Nuno Crato cuja intençãoera implodi-lo e não conseguiu. Faz todoo sentido esta separação. Trabalhei mui-tos anos em conjunto com o ministro Ma-nuel Heitor numa área que dói e decisiva:a acção social. Está com uma postura as-sertiva.

P - Este ministro lançou o Programade Modernização e Valorização dos

Institutos Politécnicos. O programa vaidar meios?

R - O meu Instituto tem pouco a benefi-ciar com esse programa. Claro que com opresidente do Instituto Politécnico do Cá-vado e Ave (IPCA), João Carvalho, va-mos ter algumas centenas de milhares deeuros e não estragaremos um tostão.

P - O anúncio deste programa é um si-nal político do Governo?

R - É sobretudo um sinal político. É di-zer à nossa comunidade científica que éfundamental desenvolver a capacidade deinvestigação dos institutos politécnicos,tendo em conta o desenvolvimento dasregiões. Hoje, Bragança tem 21 mil habi-

tantes, 10 mil estão no seu Instituto Poli-técnico. Se o politécnico acabar em Bra-gança, Bragança desaparece. Quando di-go Bragança, posso dizer Castelo Bran-co ou Portalegre. Os politécnicos têm ho-je o papel que tinham antigamente osquartéis: fixavam as pessoas e criam mo-vimento e economia. A valorização dospolitécnicos passa pela ideia do investi-mento aplicado tendo em vista o desen-volvimento regional. Que produzam ciên-cia efectiva, conhecimento absolutamen-te necessário ao desenvolvimento daactividade económica local, percebendoquais são as áreas de potencial. O IPVCquer internacionalizar-se com a nossa re-gião.

SE ALIGEIRARMOS OENSINO E O PROCESSOFORMATIVO VAMOSPAGAR MAIS TARDE

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? Entrevista 14 de Novembro 2015 correiodominho.ptcorreiodominho.pt 21 de Março 2016 Entrevista 5

Rui Teixeira

P - O IPCV tem pólos em Viana doCastelo, Ponte de Lima, Valença e Mel-gaço. As suas escolas são avaliadas emtermos de procura por parte dos alu-nos?

R - Esse é o nosso respirar. Antes de tu-do, somos uma escola. Hoje estamos nodesenvolvimento de um enorme conjuntode indicadores. Posso dizer-lhes que mo-nitorizamos coisas ao dia. Por exemplo, oabandono escolar. Um nosso aluno só nosabandona em último recurso. Aí pela se-gunda semana de Setembro, no dia emque se conhecem as colocações de alunosna primeira fase do ensino superior, a in-formação é unânime: os politécnicosmorreram, estão vazios por todo o país!

Esta informação cumpre interesses e, porisso, não aprofunda as suas fontes. É qua-se impossível fazer passar a mensagem deque aquela é uma das fases de uma dasvias, da múltiplas fases e das múltiplasvias que hoje existem para se chegar aoensino superior. Nunca é notícia que a ge-neralidade dos politécnicos enche todosos anos. É o caso do IPVC que, pelo tra-balho e pela atitude de todos e bondadedivina, tem cursos atractivos. Deixem-meapresentar rapidamente a situação demercado dos nossos cursos. A Escola Su-perior de Desporto e Lazer de Melgaçoenche nas primeiras colocações. Melga-ço, neste momento, domina o ‘fitness’,que é um grande negócio...

P - Quando decidiram instalar a Esco-la de Desporto e Lazer em Melgaço,houve quem torcesse o nariz...

R - Claro. Melgaço teve um autarca úni-co e brilhante, Rui Solheiro, que percebeuque perdeu milhares de habitantes e nãopoderia fechar o concelho. Queremosalargar a nossa actividade onde formamostreinadores para quase todas as modalida-des, onde temos quatro mestrados dirigi-dos e vamos das únicas entidades em Por-tugal preparadas para o treino em altura.Em Melgaço já há várias empresas vira-das para os desportos radicais. Melgaçocomeça a viver, mas não está ainda a vitó-ria garantida.

Na Escola Superior Agrária de Ponte deLima percebeu-se que a agricultura é va-lor. Está cheia com mais de 600 alunos,estamos a desenvolver nichos de agricul-tura biológica. Estamos apostados emmanter o rural sem que isso signifiquesubdesenvolvimento, mas antes qualida-de de vida em territórios de baixa densi-dade.

As Escolas de Saúde e Educação esgo-tam sempre. A única Escola que tem algu-ma dificuldade em afirmar-se é a de Ciên-cias Empresariais de Valença.

P - Porquê?R - Quantas vezes ouviram dizer que

Valença iria evoluir do ponto de vista dalogística? Lembram-se do projecto doporto seco de Salvaterra? Tudo isso estáum bocadinho parado, mas nós aposta-mos nessa Escola. Vamos inaugurar no-vas instalações dentro de pouco tempo.

P - A Escola ainda não beneficia daeurocidade Valença-Tui?

R - De Espanha nem bom vento nembom casamento vai ser uma realidade quevai perdurar por muito tempo. Há 30 anoséramos verdadeiramente irmãos, só tínha-

mos um rio a meio chamado Minho. Ho-je, do lado de cá, temos 67% da riquezamédia europeia, porque somamos com oPorto que tem 104%; eles, do lado de lá,estavam atrás de nós, e hoje têm 94% dariqueza média europeia. Onde é que elesapostaram? Nós temos 10% de diploma-dos, eles têm 28%.

P - Valença merece uma atenção espe-cial por parte do IPVC?

R - Temos uma Escola nova para inau-gurar dentro de dias. O que temos feitoem Valença é de tal qualidade em áreascomo o e.commerce, o e.banking e omarketing.

P - Portugal está preparado paracumprir as metas europeias previstaspara o ensino superior em 2020?

R -Receio que não. Perdemos muitotempo neste domínio nos últimos anos.Deveríamos chegar aos 40% de diploma-dos na faixa etária dos 30 aos 35 anos.Pouco passámos dos 30%. Teríamos quefazer um esforço enorme para o conseguirno pouco tempo que falta. Mas o impor-tante é que invertamos essa tendência eque se comece a assumir que não há alter-nativas para um jovem ou menos jovemnão qualificado. A mensagem que se de-ve passar é que ninguém tem hoje o direi-to, repito, o direito de ficar em casa semformação. Incluir uma pessoa sem forma-ção custa brutalmente a uma sociedademoderna, pela baixa competitividade epor tudo mais que queiram.

O acto que mais me custou a tomar foifechar cinco de oito licenciaturas em ho-rário nocturno, em áreas que nós conside-ramos estruturantes. Porquê? Porque opessoal prefere a ‘Quinta’e a novela. Ain-da não chegámos ao ponto de as pessoasperceberem que a sua formação é essen-cial.

FLÁVIO FREITAS

FIM DOS ESTALEIROS NAVAISDE VIANA DO CASTELO FOI UM PROCESSO DOLOROSOP - Como é que assistiu ao fim dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo?R - Senti um enorme desgosto e quero vingar-me. Para me vingar, a nova empresa que lá estátem de dar a Viana do Castelo a construção naval e o esplendor industrial que os estaleiros tive-ram. Foi um processo muito doloroso e tenho receio de perder o ‘know-how’. Não tenho aindagrandes notícias sobre a actividade da nova empresa. A única vingança que Viana do Castelo queré manter a construção naval e aproveitar as competências enormes de uma terra que há muitosanos manteve esta actividade.

P - O IPVC pode ter aí algum papel?R - Por haver aqui na terrinha dois concertos por ano não temos de ter aqui uma fábrica de micro-fones. Isso é um conceito importante. Para tudo o que os estaleiros ou qualquer outra empresaprecisem, o IPVC está lá. Somos a entidade que, de alguma forma deve resolver todos os proble-mas de produção e transferência de conhecimento.

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P - No âmbito do IPVC, como está aacção social?

R - O primeiro patamar da acção socialé a propina.

P - O congelamento das propinas de-cidida agora pelo Governo não o preo-cupa?

R - Não. A nossa taxa de má cobrançanão é significativa. O que é significativo éque, entre 4 500 alunos, 2 100 a 2 200 pe-dem bolsa de estudo. Cerca de 1 600 a1700 têm bolsa. Para ter bolsa hoje é pre-ciso ser ‘ventre ao sol’. Percebem? Ascondições de atribuição de bolsa são paragente que vive no limiar da pobreza.

P - É por isso que avançou com algu-mas medidas que, para além de simbó-licas, têm algum significado económicocomo a redução do preço das refeiçõesnas cantinas?

R - Tenho um Conselho Económico eSocial constituído por todos os presiden-tes de associações de estudantes, o direc-

tor dos Serviços de Acção Social e pormim. É lá que fazemos os preços dos ba-res, o que tem muito de educativo. Comenorme pomos a sopa a 30 cêntimos e osdonuts a três vezes mais. O grande pro-blema hoje é a pobreza envergonhada. Asmaiores ambições do IPVC e das suas es-colas, numa visão não monolítica, mas si-nérgica, estão centradas no combate ferozao muito baixo nível de qualificações daspessoas do Alto Minho, de que resulta obaixo nível de rendimentos disponível.Ambas as coisas estão natural e profunda-mente ligadas. Só se formos capazes deaumentar o valor acrescentado daquiloque fazemos é que poderemos sair daquicriando mais rendimento disponível ecombatendo a pobreza. Esta é uma tarefapara gerações e que exige a presença e ocontributo de todos os players sociais.

P - Como evoluiu então o IPVC no pa-norama do desenvolvimento regional?

R - O mandato em curso, que será o meuúltimo, é o tempo de usarmos o nosso ex-

traordinário património material e imate-rial e devolvê-lo, em espécie, à sociedadee ao bem comum. Passados 30 anos, co-meça agora o tempo eleito para, servindoas pessoas, melhorar as condições decompetitividade, pela inovação, das nos-sas empresas e instituições, de contribuirpara uma sociedade que se sinta cúmplicee implicada com a sua própria condição.Não seremos capazes de fazer isto sozi-nhos. Precisamos de todos, desde cidadãocomum, dos jovens e das suas famílias,dos empreendedores e do poder político.

P - Um projecto que foi posto em prá-tica este ano lectivo tem a ver com amobilidade dos estudantes do IPVC.

R - Há dez anos, desde que fui para pre-sidente do IPVC, que andava a sonharcom o ‘bus’ académico. O objectivo é quequalquer aluno de qualquer freguesia dodistrito de Viana do Castelo pode fre-quentar curso de qualquer escola saindode manhã e regressando a casa à noite. Ocusto mensal entre Melgaço e Viana do

Castelo são quarenta euros, se não forbolseiro.

P - O ‘bus’ académico tem cumpridoesse objectivo?

R - Começou há muito pouco tempo.Temos uma média de 120 alunos a deslo-car-se, o que é muito bom.

P - Tem de convencer muitos a deixa-rem o carro?

R - Claro. O problema estrutural do AltoMinho são as comunicações. Estamos ab-solutamente convictos de que o ‘bus aca-démico’ é mais uma oportunidade.

FLÁVIO FREITAS

correiodominho.pt 14 de Novembro 2015 Braga ?6 Entrevista 21 de Março 2016 correiodominho.pt

Rui Teixeira

RUI Alberto Martins TEIXEIRA énatural de Perre, freguesia doconcelho de Viana do Castelo ondeexerce mandato de presidente daAssembleia de Freguesia, eleito pelalista de independente ‘Gostar dePerre’.Presidente do Instituto Politécnicode Viana do Castelo desde 2005, RuiTeixeira lidera também a ADISPOR -Associação dos Institutos SuperioresPolitécnicos Portugueses e a APNOR- Associação dos InstitutosPolitécnicos do Norte.Com licenciatura em Ciências daNutrição pela Universidade do Porto,tem pós-graduação em NutriçãoClínica Pediátrica e mestrado emSaúde Pública.Mais recentemente, Rui Teixeira pós-graduou-se em Gestão Estratégica eobteve doutoramento em Economiae Empresas pela Universidade daEstremadura.Faz parte da comissão deacompanhamento da AgênciaNacional de Avaliação e Acreditaçãodo Ensino Superior e representa osistema científico e tecnológico noConselho Regional do Norte.

§Perfil

Os institutos politécnicos têm de ter a cor da sua região e servi-lanas suas múltiplas necessidades de formação e conhecimento.“ Hoje, a proximidade com as populações que a nossa distribuição

no terreno nos proporciona é uma das nossas mais significativasforças e oportunidades que têm facilitado muito a nossa missão.“

Entrevista disponível em vídeo Youtube RadioAntenaMinho Braga

Poadcast www.antena-minho.pt