Entrevista Marta Heloísa Lopes, professora da Faculdade de ... · te salarial que cobre a...

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Pág. 4 Pág. 4 Pág. 5 Jornal do Simesp Nº 20 Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • março 2017 Pág. 3 Vitórias! Médicos de quase 400 cidades terão reajuste salarial de 9,62%. Só este mês foram 113 novos municípios contemplados Santa Casa de São Carlos Simesp aciona prefeitura de São Carlos para quitar pagamentos atrasados de médicos dispensados Ribeirão Preto Crise da Saúde municipal inclui atrasos salariais, falta de médicos, insumos e segurança. Foram sete assaltos em UBSs só neste ano! Médicos com pagamentos atrasados são intimidados pela prefeitura de Guarulhos Em visita a unidades de urgência sem serviços de limpeza e segurança, prefeito e secretário de Saúde culparam profissionais pelas péssimas condições de atendimento Entrevista Marta Heloísa Lopes, professora da Faculdade de Medicina da USP: “O mapa da febre amarela aumentou” Pág. 8

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Jornal do SimespNº 20 • Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • março 2017

Pág. 3

Vitórias! Médicos de quase 400 cidades

terão reajuste salarial de 9,62%. Só este mês foram 113 novos municípios contemplados

Santa Casa de São Carlos

Simesp aciona prefeitura de São Carlos para quitar pagamentos

atrasados de médicos dispensados

Ribeirão PretoCrise da Saúde municipal inclui

atrasos salariais, falta de médicos, insumos e segurança. Foram sete

assaltos em UBSs só neste ano!

Médicos com pagamentos atrasados são intimidados pela prefeitura de Guarulhos Em visita a unidades de urgência sem serviços de limpeza e segurança, prefeito e secretário de Saúde culparam profissionais pelas péssimas condições de atendimento

Entrevista Marta Heloísa Lopes, professora da Faculdade de Medicina da USP: “O mapa da febre amarela aumentou” Pág. 8

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DIRETORIAPresidente Eder Gatti [email protected]

As atuais crises políticas e eco-nômicas agudizaram problemas que já eram crônicos em relação às ofertas de serviços de saúde no Brasil. Para o médico não foi dife-rente. Temos observado uma pre-carização do nosso trabalho sem precedentes.

Em vez de encarar o cerne do problema de gestões pouco qua-lificadas e de financiamento in-suficiente, que têm resultado em atrasos e calotes de salários aos médicos e aos demais profissio-nais de saúde, os gestores públi-cos têm optado por usar meios de comunicação para jogar a popu-lação contra os profissionais que têm tentado trabalhar para man-ter os atendimentos.

Um exemplo é o da Prefeitura Municipal de Guarulhos, que sus-pendeu o pagamento de maneira unilateral às organizações sociais (OS) que, por consequência, atra-saram os salários dos médicos e demais profissionais de saúde. A solução que o prefeito encontrou para escapar de sua responsabili-dade foi assediar os funcionários nas unidades de saúde com trans-missão nas redes sociais em uma tentativa de demonstrar que es-tava trabalhando para resolver a situação. Infelizmente, o prefeito Guti não é um caso isolado.

O colapso na saúde e nos aten-dimentos se reproduz em diferen-tes municípios do estado de São Paulo. Atinge a capital e cidades de diferentes portes como São Carlos, Catanduva e Itaquaquecetuba. A

união dos médicos em Ribeirão Preto tem conseguido fazer frente ao verdadeiro descaso da Secreta-ria Municipal de Saúde e, em Gua-rulhos, o Simesp em conjunto com os médicos, fez uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde e está organizando um abaixo-assi-nado pedindo a retratação do pre-feito pelos atos abusivos praticados.

Além das questões específi-cas da saúde, nos deparamos com grandes desafios para a nossa apo-sentadoria com uma proposta de Reforma da Previdência que prevê contribuição por 49 anos para um indivíduo se aposentar de forma integral. No caso de nós, médicos, formados a partir dos 25 anos, tra-balharemos até depois dos 74 anos para termos direito ao descanso merecido. Essa reforma não pro-moverá justiça, pelo contrário, tornará ainda mais difícil o acesso à previdência no Brasil e privile-giará apenas uma casta do Esta-do (Poder Judiciário, Ministério Público, militares de alta patente, procuradores e parlamentares).

É necessário um sindicato for-te, que confronte todas as adversi-dades juntamente com os médicos como temos feito. Só nesse início de ano, médicos de santas casas, hospitais filantrópicos e organi-zações sociais de quase 400 cidades foram contemplados com reajus-te salarial que cobre a inflação. É preciso ter trabalho, seriedade e disposição para lutar. É bom estar ao lado dos médicos de São Paulo. Não admitiremos retrocessos.

SECRETARIASGeralDenize Ornelas P. S. de Oliveira Comunicação e Imprensa Gerson Salvador AdministraçãoEderli M. A. Grimaldi de CarvalhoFinançasJuliana Salles de CarvalhoAssuntos JurídicosGerson MazzucatoFormação Sindical e SindicalizaçãoMarly A. L. Alonso Mazzucato Relações do TrabalhoJosé Erivalder Guimarães de OliveiraRelações Sindicais e AssociativasOtelo Chino Júnior

EQUIPE DO JORNAL DO SIMESPDiretorGerson Salvador Coordenadora de comunicaçãoFlávia MartinelliReportagem e revisãoLeonardo Gomes Nogueira Nádia MachadoNicolli OliveiraFotosOsmar Bustos Relações-PúblicasJuliana Carla Ponceano Moreira IlustraçãoCélio Luigi

Todas as matérias publicadas terão seus direitos resguardados pelo Jornal do Simesp e só poderão ser publicadas (parcial ou integralmente) com a autorização, por escrito, do Sindicato.

A versão digital desta publicação está disponível no site do Simesp. Caso não queira receber a edição impressa, basta mandar e-mail para [email protected]

2 • Jornal do Simesp

Redação e administraçãoRua Maria Paula, 78, 3° andar 01319-000 – SP – Fone: (11) 3292-9147 [email protected]

PROJETO GRÁFICOMed Idea - Design para médicosOscar Freire, 2189, Pinheiros São Paulo/SP 05409-011 Fone: (11) [email protected] www.medidea.com.brEditor de arte e diagramaçãoIgor Bittencourt

Tiragem: 15 mil exemplaresCirculação: Estado de São Paulo

Diretoria do Simesp

Editorial

Não admitiremos retrocessos

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Com condutas intimidadoras que podem ser enquadradas como assédio e abuso de auto-ridade, o prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (Guti), e o secretário de Saúde, Roberto Lago, constrangeram profissio-nais que atuam no Pronto Aten-dimento (PA) Maria Dirce e na Unidade de Pronto Atendimen-to (UPA) São João, no início de fevereiro. O objetivo da ação era fiscalizar as causas da falta de atendimento de casos não carac-terizados como urgência e emer-gência no serviço, mas o que acabaram fazendo foi oprimir médicos e profissionais de enfer-magem das unidades. O episódio foi amplamente divulgado nas redes sociais, o que desencadeou uma campanha de desvaloriza-ção dos profissionais que, além de coagidos, foram expostos.

De acordo com o presiden-te do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti, é importante que o poder público inspecione a boa execução dos serviços, mas sem constranger os funcionários. “Fiscalizar para garantir bons serviços para a

população é essencial, porém, in-dependentemente de ter sido em gestões anteriores, foi opção da prefeitura contratar uma organi-zação social para prestar esse ser-viço. Deve-se cobrar essa empresa e não os funcionários, como foi demonstrado nos vídeos.”

O fato foi só a ponta do iceberg. Os médicos rechaçados estavam trabalhando em condições pre-cárias sem equipe de limpeza e de segurança (em greve por fal-ta de pagamentos), com falta de materiais e de insumos básicos, além .disso, sem receberem seus salários. “O problema da rede municipal tem a ver com a gestão dos governantes e não dos profis-sionais que atuam nas unidades”, explica o presidente do Simesp.

Segundo denúncias recebi-das pelo Sindicato, no Hospital Municipal de Urgência (HMU), por exemplo, os médicos traba-lharam em plantões com falta de gaze, luvas, fios para sutura e medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes graves. “Os colegas relataram grande preocupação sobre a possibilida-de de colocar a vida dos pacien-

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Nicolli Oliveira

tes em risco”, conta Gatti.O caos instaurado motivou

a criação de uma comissão para definir pautas e prioridades. O grupo é formado por médicos da urgência e emergência de unida-des que são administradas pela organização social (OS) Funda-ção ABC, de unidades de pronto atendimento da administração direta (servidores públicos) e médicos de família e comuni-dade da rede de atenção primá-ria do município. A comissão vai, juntamente com o Simesp, procurar os gestores públicos da cidade para tentar formar uma mesa de negociações permanen-te de propostas.

Além da comissão, os médi-cos servidores do município e o Simesp divulgaram, no início de março, carta aberta em repúdio às atitudes dos gestores. Questio-nada a repeito do posicionamen-to da prefeitura sobre as fiscali-zações e uma possível retratação pública em relação ao ocorrido, a assessoria de imprensa da gestão municipal disse, apenas, que foi realizada uma reunião sobre o tema com entidades médicas.

Os serviços administrados

pela organização social (OS)

Fundação ABC (Pronto Aten-

dimento Maria Dirce, Pronto

Atendimento Paraíso e Uni-

dade de Pronto Atendimento

São João) tiveram 13º e sa-

lário de janeiro de seus fun-

cionários CLT atrasados. Já

os médicos que atuam como

pessoa jurídica (PJ), estive-

ram com pagamentos atrasa-

dos desde novembro.

Os profissionais com vín-

culo empregatício da organi-

zação social SPDM (Hospitais

Pimentas e Bonsucesso) per-

maneceram mais tempo com

o 13º e salário de janeiro atra-

sados. A empresa priorizou o

pagamento de fornecedores

em vez dos empregados.

Médicos que atuam como PJ

também tiveram pagamentos

atrasados desde novembro.

“Não pagar os profissio-

nais é um desrespeito bila-

teral por parte da prefeitura

de Guarulhos e das organi-

zações sociais”, diz Gatti.

As duas empresas alegaram

falta de repasse de verbas.

“Salário é um direito. Sejam

quais forem os intermediá-

rios, o bom funcionamento

da rede de saúde é responsa-

bilidade da prefeitura”, pon-

tua. Após aporte de verbas,

os vencimentos atrasados

foram quitados.

Histórico de atrasos salariais

Prefeito e secretário de saúde intimidaram e constrangeram profissionais em ações fiscalizatórias que podem ser caracterizadas como assédio. Em vez de cobrar a empresa prestadora de serviços, o gestor culpabilizou funcionários

Capa

Abuso de autoridade, atraso nos pagamentos e falta de condições sanitárias em Guarulhos

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4 • Jornal do Simesp

Ribeirão Preto e Vale do Paraíba Catanduva

Em debate: irregularidades nas contratações de médicos

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) negocia com a Prefeitura de Catandu-va a regularização dos víncu-los trabalhistas dos médicos da única Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do muni-cípio de 120 mil habitantes.

No ano passado, houve atraso salarial do mês de se-tembro e o Simesp prestou auxílio para que esse direito básico do trabalhador fosse respeitado. O pagamento foi realizado após os médicos co-gitarem uma paralisação.

A UPA é administrada, des-de 2015, pela organização social Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi, que contra-ta os médicos como pessoa ju-rídica. Conhecido como “pejoti-zação”, esse vínculo de trabalho deixa o empregado sem garan-tias legais enquanto diminui os custos do empregador. Hoje, a luta dos médicos de Catanduva é para que, no futuro, a contra-tação se dê por CLT.

Médicos que trabalham em santas casas, hospitais filan-trópicos e organizações sociais (OSs) de Ribeirão Preto e re-gião, além de profissionais do Vale do Paraíba terão reajuste salarial de 9,62%. Isso equivale ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do mês agosto de 2015 até o mesmo período do ano passado. A da-ta-base do Sindicato dos Médi-cos de São Paulo (Simesp) é 1º de setembro.

As duas Convenções Co-letivas contemplam médicos de 113 cidades dos estado de São Paulo. E esse reajuste já tinha sido aplicado para os profissionais que estão sob a abrangência do Sindhosfil- SP, em fevereiro. Totalizando

Ribeirão Preto

Médicos e pacientes sofrem com descaso da prefeitura

Os problemas na área da saúde da Prefeitura de Ribeirão Preto estão generalizados. Nos últimos três meses, os médicos servidores do município sofreram com falta de pagamento de salários, de concur-so público para completar o qua-

dro funcional, de medicamentos (antibióticos a anticoagulantes) e até falta de segurança (leia ao lado). “Para piorar, o governo anunciou que os servidores não terão reajuste salarial este ano”, conta Ulysses Strogoff, diretor-

> Servidores fazem pressão na Câmara Municipal em busca de melhorias

presidente do Simesp na cidade. Sofrem os trabalhadores. So-

frem os munícipes. Mas os servi-dores estão mobilizados. Já con-seguiram receber os pagamentos atrasados e permanecem fazen-do pressão na administração para reverter o quadro caótico. As principais reivindicações são: reajuste anual de salários; plano de carreira; fim das terceiriza-ções (com prioridade para con-tratações por concursos); aposen-tadoria integral; e segurança no local de trabalho.

Eder Gatti, presidente do Si-mesp, discutiu o assunto com o secretário municipal de Saúde, representantes da organização social Mahatma Gandhi e com os médicos da UPA. “Os profis-sionais vivem inseguros. Além do calote do ano passado, já ti-veram perdas salarias em 2015, quando a gestão da unidade passou das mãos do Instituto Americano de Pesquisa, Me-dicina e Saúde Pública (Iape-mesp) para a do atual gestor.”

O Simesp denunciou as ir-regularidades e a Prefeitura se mostrou disposta a negociar. “Foi combinado que haverá formalização dos contratos de prestação de serviços e discus-são sobre a regularização para CLT sem necessidade de apelar para outras instâncias”, expli-cou Gatti. A organização tam-bém se mostrou aberta a ne-gociar. Em assembleia com os médicos da UPA, foram traça-das estratégias de mobilização para manter a categoria unida.

AssaltosRibeirão Preto viveu uma onda de

assaltos a Unidades Básicas de

Saúde (UBS). Foram sete casos

só do início do ano a 19 de feve-

reiro, data do último assalto re-

gistrado. “A insegurança impacta

negativamente na qualidade do

atendimento. Há comentários

de médicos que querem pedir

demissão”, alerta Strogoff e com-

pleta: “A prefeitura não adota ne-

nhuma medida concreta. Temos

medo de que aconteça algo pior.”

quase 400 municípios. O presidente do Simesp,

Eder Gatti, afirma que o Sin-dicato tem como norte não aceitar nenhum reajuste salarial abaixo da inflação. Nada, portanto, que contri-bua para diminuição do salá-rio do médico.

As convenções assinadas entre o Simesp e o Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filan-trópicos do Estado de São Paulo (Sindhosfil) de Ribeirão Preto e do Vale do Paraíba têm vigên-cia até 31 de agosto deste ano. O acordo contempla pessoas regularmente contratadas. Ou seja: os benefícios são para tra-balhadores com vínculo CLT. Daí o princípio do Sindicato em combater a “pejotização”.

Médicos de quase 400 cidades terão reajuste salarial de 9,62%

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> Incêndio no final de fevereiro destruiu lavanderia da Santa Casa de São Carlos

FGTS

Atenção, médicos do AHM e HSPMApós vitória do Simesp na Justiça, os médicos da Au-tarquia Hospitalar Munici-pal (AHM) e do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) podem sacar o Fundo de Garantia do Tempo de Ser-viço (FGTS) retido desde o ano passado. A medida beneficia-rá cerca de 900 trabalhadores da cidade de São Paulo.

Para sacar o FGTS, os mé-dicos devem comparecer pes-soalmente na sede do Simesp (rua Maria Paula, 78, 3º andar – Bela Vista), de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h30, para pegar um kit de docu-mentos. Para mais informa-ções, entre em contato com o Simesp Relacionamento pelo telefone (11) 3292-9147 ou pelo e-mail relacionamento@ simesp.org.br.

A Prefeitura de São Carlos, cida-de a cerca de 240 quilômetros da capital paulista, encerrou a con-tratação de médicos por Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) de forma abrupta, sem alterna-tiva de substituição, o que cau-sou uma considerável redução do corpo clínico. Não há vínculo empregatício na RPA e, por isso, o Sindicato dos Médicos de São Pau-lo (Simesp) considera que essa forma de contratação fraudulen-ta. “Os municípios precisam fazer concursos públicos para suprir o déficit de médicos”, avalia Eder Gatti, presidente do Simesp.

Além disso, a prefeitura ficou devendo dois meses de salários

Ao menos quatro médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaquaquecetuba foram demitidos verbalmente no final do ano passado, sem reposição no quadro funcional, incluindo os únicos ortopedistas e cirur-giões do serviço. Foram manti-dos apenas clínicos gerais, o que deixa a população desassistida de procedimentos específicos. É o que consta em denúncia feita ao Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). De acordo com a própria Secretaria Municipal de Saúde, em resposta aos ques-tionamentos do sindicato, as de-missões foram feitas com base na nova Portaria nº 10 do Ministério da Saúde, que autoriza as UPAS a terem apenas dois médicos (um durante o dia e outro à noite), a critério da prefeitura, sem indi-

São Carlos

Itaquaquecetuba

Médicos são dispensados e não recebem pagamento de dois meses

Prefeitura usa manobra do Ministério da Saúde para demitir médicos

para esses profissionais. Com a redução do número

de médicos, duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) fo-ram temporariamente fechadas e os atendimentos de urgência e emergência agora têm se concen-trado na Santa Casa do município sem qualquer aporte financeiro, material ou de recursos huma-nos à instituição. O aumento do atendimento levou à sobrecarga no serviço, comprometendo a qualidade e causando tempo de espera que chega a passar de qua-tro horas. “Existe um problema sanitário grave no município”, alerta Gatti.

O Sindicato acionará a prefei-

cação de tipo de especialidade.Para o presidente do Simesp,

Eder Gatti, a perda de médicos es-pecialistas afetará a população de Itaquaquecetuba, já que não foi divulgado o que acontecerá com pacientes que quebrarem um bra-ço, por exemplo. “A prefeitura está expondo a população a situações de risco, deixando sem cirurgião e ortopedista. Onde será a refe-rência para atendimento de casos específicos? O que vai acontecer com a população que ficará sem essa assistência?”, questiona.

Além de terem sido demitidos sem nenhum tipo de documento ou pagamento de rescisão contra-tual, os médicos, que trabalhavam com vínculo empregatício CLT, descobriram que o Fundo de Ga-rantia do Tempo de Serviço (FGTS) nunca havia sido depositado. De

tura administrativamente requi-sitando a quitação dos pagamen-tos atrasados dos médicos que trabalhavam por RPA e continua-rá acompanhando a evolução da situação, lutando sempre contra a precarização do trabalho e em prol da população.

IncêndioPara agravar a situação, no dia 22 de fevereiro, houve um incêndio na da Santa Casa de Misericór-dia de São Carlos que destruiu a

acordo com Gatti, a prefeitura fu-giu da própria responsabilidade, alegando que as irregularidades seriam apuradas e regularizadas, mas nada foi feito. “Agora os mé-dicos estão sem emprego e sem condições de se manterem até en-contrarem novos postos de traba-lho por não terem recebido as ver-bas rescisórias e o FGTS”, explica.

Como justificativa para a ela-boração da Portaria nº 10, o minis-tro da Saúde, Ricardo Barros, ale-gou que a iniciativa seria apenas para abrir novas UPAs que já es-tavam construídas, mas que não tinham profissionais suficientes para atuarem nas unidades. “Era nítido que essa medida acabaria autorizando as prefeituras a de-mitirem médicos para reduzir o quadro e o custeio dessas unida-des. As emergências caóticas co-locam a saúde e a vida das pessoas atendidas em risco e expõem os médicos a situações de violência. O cenário só está se agravando.”

.

Déficit de profissionais provocou o fechamento de unidades de saúde. Para piorar, a santa casa que passou a receber casos de urgência e emergência sofreu incêndio

lavanderia do hospital, roupas usadas em cirurgias, lençóis, fronhas e toalhas de banho. Não houve feridos.

O setor fica em uma área ex-terna do hospital, distante dos se-tores de internação dos pacientes. As cirurgias eletivas foram cance-ladas e retomadas a partir da se-gunda semana de março. Segun-do o vice-provedor da Santa Casa, Marco Nagliati, o prejuízo pode chegar a R$ 1 milhão. A causa do incêndio ainda não foi divulgada.

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Plantão Médico

6 • Jornal do Simesp

Especialista em Medicina de Família e Comunidade, Amin Ibn Chahrur, de Marília, luta por saúde pública de qualidade e participou de movimento que unificou trabalhadores de diferentes hospitais que estavam com salários atrasados

É comum o empregado ser dispensado após o retorno de afastamento motivado por acidente de trabalho ou doença ocupacional

O que a legislação garante aos trabalhadores acidentados? É dever do empregador prezar pela manutenção da relação de emprego dos funcionários acometidos por acidente de trabalho ou doença de origem laboral. Porém, é bastante co-mum a dispensa de emprega-dos ao retornarem da licença, especialmente quando ficam com sequelas. Por isso, o art. 118 da lei 8.213/1991 garante ao em-pregado que sofreu acidente de trabalho ou que foi acometido

por alguma doença ocupacional que tenha estabilidade provisó-ria de 12 meses após a alta por parte da previdência.

Em quais situações o trabalha-dor tem direito à estabilidade provisória? Para aquisição do direito à esta-bilidade provisória, o empregado deve ter sofrido doença laboral ou acidente de trabalho, motivo que o tenha levado a afastamen-to previdenciário por prazo su-perior a 15 dias. Deve, também,

> O que você gostaria de ler na próxima edição? Mande suas sugestões: [email protected] <

Direitos dos médicos

ter recebido auxílio-doença aci-dentário pela Previdência Social (modalidade B-91).

O trabalhador pode ir à Justiça reivindicar reconhecimento de doença? Caso avalie oportuno, o trabalha-dor ou a trabalhadora pode levar a questão à Justiça, por meio de reclamação trabalhista com o objetivo de que seja reconheci-da a doença ocupacional ou do acidente de trabalho e pedido de indenizações por danos morais e

Nádia Machado

Na defesa do médico e da ampliação do SUS

> Chahrur: “É preciso ampliar e valorizar a Atenção Primária no SUS”

Diante do desrespeito que atrasos recorrentes de salários represen-tam à categoria, o médico Amin Ibn Chahrur se viu impelido a re-agir. Funcionário de unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade de Marília, município a 446 quilômetros da capital pau-lista, desde 2008, decidiu se unir aos colegas e lutar contra a falta de regularidade de pagamentos por parte da organização social Associação Feminina de Marília Maternidade e Gota de Leite (que gere as unidades de saúde).

Para garantir os vencimentos

e um atendimento de qualida-de para a população, Chahrur e outros médicos, com o apoio do Simesp, se organizaram, fizeram paralisação e conquistaram a quitação dos salários e décimo-terceiro atrasados. Ele vê a união dos médicos em prol de seus sa-lários como algo positivo para a região. “O movimento foi impor-tante porque melhorou o diálogo entre os médicos da atenção bási-ca e os da urgência e emergência, o que auxiliará em ações futuras.”

Na ocasião, os profissionais da ESF se solidarizaram a outros

médicos do Pronto Atendimento Zona Sul (PA) que, por não terem nenhum vínculo de trabalho, não tinham direito de fazer greve -- apesar de estarem com os paga-mentos atrasados.

Valorização da Atenção PrimáriaA luta do médico não é apenas em defesa dos seus diretos traba-lhistas, no seu dia a dia Chahrur defende uma saúde pública de qualidade. “Sou especialista em Medicina de Família e Comuni-dade pela Universidade de Ma-rília e acredito que o acompa-

nhamento dos pacientes e seus familiares é fundamental para prevenção de doenças”, conta.

Segundo Chahrur, a amplia-ção e a valorização da Atenção Primária no Sistema Único de Saúde influenciariam até a dimi-nuir a superlotação dos serviços secundário e terciário. “A popu-lação teria melhor acompanha-mento para se conscientizar do que é uma vida saudável e das práticas do dia a dia que ajudam a evitar o aparecimento de doen-ças que se agravam com o tem-po”, avalia o médico.

Célio

Lui

gi

materiais (decorrentes de redu-ção de capacidade laborativa, se for o caso).

Também, é possível pedir ju-dicialmente a reintegração ao serviço, caso o empregado ainda esteja dentro do período de esta-bilidade, ou mesmo, a indeniza-ção substitutiva.

Caso o empregado seja dis-pensado no gozo de sua estabili-dade provisória, recomendamos que procure assistência do Sindi-cato, inclusive para que não haja homologação de sua dispensa.

Estabilidade poracidente de trabalhoou doença ocupacional

Edio

Jun

ior

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Processo Eleitoral

A votação para o triênio 2017 a 2020 será realizada em mesa coletora das 10h às 18h na sede do Sindicato (rua Maria Pau-la, 78, 1º andar) entre os dias 10 e 13 de abril. Há ainda a pos-sibilidade de votar por cor-respondência nas localidades não abrangidas por mesas coletoras fixas ou itinerantes. Concorrem ao mandato duas chapas: Simesp Independen-te e Muda Simesp.

Confira a relação nominal das chapas registradas:

Diretoria Executiva – Presiden-te: Eder Gatti Fernandes; Se-cretária geral: Denize Ornelas Pereira Salvador de Oliveira; Secretária de finanças: Diânge-li Soares; Secretária de assun-tos jurídicos: Juliana Salles de Carvalho; Secretário de comu-nicações e imprensa: Gerson Sobrinho Salvador de Oliveira; Secretário de formação sindical e sindicalizações: Ademir Lopes Junior; Secretária de adminis-tração: Ederli M. de A. Grimal-di de Carvalho; Secretário de relações de trabalho: José Eri-valder Guimarães de Oliveira; Secretário de relações sindicais e associativas: Otelo Chino Jú-nior; Secretarias: Secretaria geral: Diretora: Gabriela Cer-queira C. Pinto; Diretor adjun-to: Luiz Gonzaga Francisco de Assis Barros D’Elia Zanella; Secretaria de finanças: Diretor: Carlos Alberto G. Izzo; Diretor

Diretoria executiva – Presiden-te: Marta Maite Sevillano; Se-cretário geral: Gabriel Ramos Senise; Secretária de finanças: Renata Matsuura Endo; Se-cretário de assuntos jurídicos: Gerson Mazzucato; Secretário de comunicações e imprensa: José Carlos Arrojo Júnior; Se-cretária de formação sindical e sindicalização: Marly Apare-cida Lopez Alonso Mazzucato; Secretário de administração: Jarbas Simas; Secretário de re-lações do trabalho: Paulo César Rozental Fernandes; Secretá-ria de relações sindicais e asso-ciativas: Vera Lúcia Anacleto Cardoso Allegro; Secretarias: Secretaria Geral: Diretora: Ma-ria Regina Montez Halász; Di-retora adjunta: Maria Helena Yooko Suzuki Horie; Secretaria de finanças: Diretor: Ithamar Nogueira Stocchero; Diretor adjunto: Onassis Leme da Silva;

Entre os dias 10 e 13 de abril haverá eleição para a composição da Diretoria Executiva, das Secretarias e do Conselho Fiscal do Simesp, assim como suas Diretorias Regionais e Diretorias de Base. Veja como votar

Eleições do Simesp para o triênio 2017 a 2020

Adjunto: José Augusto Barreto; Secretaria de assuntos jurídicos: Diretora: Márcia Affonso Fernan-des; Diretor adjunto: Luiz Frederi-co Hoppe; Secretaria de adminis-tração: Diretora: Mayara Tiemi Ayres Sakuma; Diretor adjunto: Thiago Eugênio Gouveia Herbst; Secretaria de comunicação: Dire-tor: Rafael Conceição dos Santos; Diretor adjunto: Pedro Bonequini Júnior; Secretaria de formação sindical: Diretora: Stela Maris da Silva Grespan; Diretor adjunto: Antonio Carlos da Cruz Junior; Secretaria de relações de traba-lho: Diretor: Antonio Carlos Bar-bosa Cintra de Souza; Diretor ad-junto: Cristovão Canedo Gomes; Conselho fiscal: Efetivos: Aizena-que Grimaldi de Carvalho, Eurí-pedes Balsanufo Carvalho, Jane de Oliveira G. Teixeira; Suplentes: Cid Célio Jayme Carvalhaes, Djal-ma Silva Junior, Marco Tadeu Moreira de Moraes.

Secretaria de assuntos jurí-dicos: Diretor: Antônio Noel Ribeiro; Diretor adjunto: Jef-ferson Kengi Sato; Secretaria de administração: Diretor: Carlos Riad Aoude; Direto-ra adjunta: Ieda Therezinha do Nascimento Verreschi; Secretaria de comunicação: Diretor: Aldemir Humber-to Soares; Diretora adjunta: Vera Lúcia Polverini; Secre-taria de formação sindical: Diretora: Sandra Maria Mo-netti; Diretora adjunta: Va-nessa Castilho; Secretaria de relações do trabalho: Diretor: Gilberto Archero Amaral; Di-retor adjunto: Mauro Saraiva Apocalypse; Conselho fiscal: Efetivos: Kimiko Ishitsu, Nei-fe Zina, Carlos Roberto Vono; Suplentes: Maria Luiza Rodri-gues de Andrade Machado, Carlos Carmelo Carpentieri, Bernardo Mazzini Ketzer.

Todo sindicato, tal como o Simesp,

defende os interesses gerais e a

melhoria das condições de sua ca-

tegoria. Isso não significa, porém,

que todo profissional seja associa-

do ao seu sindicato. Os que optam

por essa condição fortalecem a

defesa dos médicos em seu traba-

lho, garantindo representatividade

e maior poder nas negociações. A

É eleitor todo o associado que,

na data da eleição:

- contar com mais de seis me-

ses de inscrição como sócio do

Simesp

- estiver quite com a contribuição

associativa, que poderá ser qui-

tada até o dia do pleito

- for aposentado associado

QUEM É ELEITOR? O QUE É SER SÓCIO DO SIMESP? contribuição associativa, também

chamada de contribuição social,

é a anuidade prevista em Esta-

tuto que é devida apenas pelos

médicos associados ao sindicato.

O Simesp oferece isenção para

médicos aposentados. Importante:

diferente da contribuição social, a

contribuição sindical é um imposto

devido ao Ministério do Trabalho e

Emprego, pagar a contribuição sin-

dical não configura associação.

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8 • Jornal do Simesp

Entrevista

De acordo com dados do Mi-nistério da Saúde, vivemos o pior surto de febre amarela da história. Quão grave é a situação?Nós tínhamos, em um pas-sado remoto, a febre amare-la urbana, que foi erradica. Transmitida, predominan-temente, pelo Aedes aegyp-ti. Nós erradicamos a febre amarela urbana desde 1942. A febre amarela silvestre nós não vamos erradicar nunca. Porque o inseto tá na mata e os primatas, macaco ou ho-mem, vão ser picados pelo mosquito. Então esse ciclo silvestre não vai terminar nunca, pois você precisaria acabar com a mata. Mas ele ficava restrito à mata. O que tem acontecido nos últimos tempos? O homem tem se aproximado cada vez mais da mata. Então nós temos tido casos em que, às vezes, nós temos dificuldade em saber se são silvestres ou não, mas são silvestres porque eles são transmitidos pelos mosqui-tos que tem na mata, que são os Haemagogus e os Sabethes. Atualmente nós não temos casos de febre amarela trans-mitida pelo mosquito Aedes aegypti. Por isso que a gente fala que nós não temos caso de febre amarela urbana. Mas nós temos muitas lo-

calidades onde o homem vive muito perto da mata. E estão acontecendo também alguns fe-nômenos como desmatamento, enfim, várias mudanças ecoló-gicas que, provavelmente, expli-cam esse aumento do número de casos silvestres. Essa é uma das explicações. Agora, sem dú-vida nenhuma, do que nós te-mos registrado, esse é o surto de maiores proporções.

Minas Gerais é o estado mais afe-tado do país. A senhora vê algu-ma relação entre o aumento de casos e o crime ambiental (de-corrente do rompimento da bar-ragem da Samarco/Vale no final de 2015) que devastou o Rio Doce?Não sabemos. É umas das hipó-teses. Mas não dá pra afirmar. Por exemplo: em 2008, 2009 nós tivemos um surto, também de febre amarela silvestre aqui no estado de São Paulo, na re-gião de Botucatu, com menos casos, e naquela época nós não detectamos nenhuma grande agressão ao meio ambiente que pudesse explicar isso. Mas, em Minas, alguma coisa aconte-ceu. Mas certeza do que seja a gente não tem até o momento.

Segundo o próprio Ministério da Saúde, há um problema de desabastecimento de vacinas que será resolvido até o fim des-se ano. No caso da febre amare-

la, há doses suficientes?Desabastecimento de vacina de febre amarela não houve. E até onde eu saiba também não houve desabastecimento nos outros estados. Porque a dis-tribuição é toda pelo Ministé-rio, é central. Neste momento, aumentou muito a procura, a demanda por vacina. Até o momento não houve falta. Mas está havendo um controle, uma restrição. Então, por exemplo, aqui que não é uma área en-dêmica, só vai tomar quem vai viajar para área de risco. E nós estamos preocupados com o abastecimento nesse momento. No futuro é uma preocupação. Se muitas pessoas precisarem ser vacinadas pode ser que os produtores não tenham capaci-dade de atender a demanda.

Como há relatos de macacos assassinados por pessoas com medo da febre amarela, eu acho importante falar... É o mosqui-to quem transmite a doença e não o macaco, correto?É o mosquito. O macaco pode ter o vírus, mas não é o macaco diretamente quem transmite para o homem. O mosquito pica o macaco, que tem o vírus, pica o homem e transmite o vírus para o homem. O macaco funciona como sentinela dos casos huma-nos. A vigilância sanitária iden-tifica e investiga macacos mor-

tos. Se há um diagnóstico de febre amarela nesse macaco, isso é um alerta. É ele quem nos alerta que o vírus está cir-culando naquela região.

Talvez seja necessária uma revisão das áreas considera-das endêmicas?O mapa da febre amarela, ele vem aumentando as zo-nas que estão circulando o vírus. Por causa das tais das epizootias. É quando o vírus está circulando e os mosqui-tos estão picando os macacos. Isso é uma epizootia. E a gen-te tem visto aumento das epi-zootia em várias regiões. O vírus da febre amarela vem se aproximando do leste. Por-que ele era predominante nas regiões norte e centro-oeste do Brasil. Então, nesses casos, você vai ampliando a área de vacinação. Nos próximos me-ses nós vamos, provavelmen-te, discutir uma mudança nessa área de indicação. Por enquanto, sem alarme. Não tem necessidade.

Por fim, há risco de a febre amarela voltar a circular em áreas urbanas? Teoricamente sim. Pois nós temos muito Aedes e ele é ca-paz de transmitir o vírus. É um risco teórico, não saberia quantificar. O risco existe.

A médica Marta Heloísa Lopes é uma das coordenadoras do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, responsável pela vacinação das pessoas que, partindo da capital paulista, pretendam viajar para áreas endêmicas. Professora de moléstias infecciosas e parasitárias na Faculdade de Medicina da USP, ela diz que há o risco (teórico) da febre amarela voltar a circular nas cidades, lugar onde já estava erradicada desde 1942

Leonardo Gomes Nogueira

“O mapa da febre amarela aumentou”

> “Desmatamento e mudanças ecológicas aumentam o número de casos”