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ENTRFV}STA 0 divä anarquista O rebelde Roberto Freire, criador da Soma, uma terapia libertr{ria e anticapitalista, conta a histdria de sua geragäo no romance Os cümplices ALESSANDRA NAHRA gäo Popular era o nome de um gru- po de militantes de esquerda nos anos 60.AuniJos,ainspira- gäo cristä ditada pela IgrejaCatdlicaeabase ideol6gica marxista leni- nista. O ex-psiquiatra e psicdlogo Roberto Freire era apenas mais um de seus integrantes. Assim como os ministros Sdrgio Motta, Jos6 Serra e Pau- lo Paiva. Isso sem falar que o prdprio presidente Fernando Henrique Car- doso passou por 16. Maq se a maioria do grupo des- viou-se para a chamada politica tradicional, Frei- re - que atendia pelo co- ! dinome Bento - preferiu -# romper com tudo. Publi- [ cou romances, ensaios, E contos erdticos, histririas "e infantis e textos para tea- tro. Desenvolveu a teoria da Soma, uma terapia de ideologia li- bert6ria baseada em Wilhelm Reich, na bioenergdtica, na gestalterapia, na ludoterapia e em principios anarquis- tas, e consolidou-a em trös volumes in- titulados Soma, uma terapia anarquis- ta: A slma 6 o corpo, A arma 6 o corpo e Corpo a corpo. Aos 68 anos, estä cego de um olho e quase cego do outro, re- sultado de um descolamento de retina provocado pelos tttelefonestt - t6cnica de tortura que consiste em aplicar gol- pes nos ouvidos da vitima com as mäos em concha - que recebeu durante as 12 vezes em que esteve preso durante o regime militar. Freire escreye agora o que considera o seu riltimo romance: Os cümplices. Trata-se de um perfil da sua geragäo a ser langado em dois volu- mes - o primeiro deles sai em dezem- bro por sua prdpria editora, a Sol e Chuva. E se junta a outros dois roman- ces, Cleo e Daniel e O coiote, publicado em 1986. ISTOE - Por que o sr. voltou a escrever um romance? Roberto Freire - Pretendo falar do amor atrav6s da 6tica da cumplicidade. Eu vivi esse amor com meus amigos de infäncia, com as minhas namoradinhas, com a mi- nha familia. Depois, no golpe de 64, n6o os vi mais, foi uma coisa horrorosa. Nossa geragäo toda sobreviveu graEas a uma gran- de cumplicidade. Mesmo com pessoas com as quais a gente näo esL4 diretamente relacio- nado, voc6 sabe mais ou menos quem säo aqueles que estäo do mesmo lado. ISTOE - O livro entdo relata as dfficul- dades pelas quais passou a geraEöo que viveu o regime militar? Freire - O periodo da perseguigäo politi- ca foi terrivel, em 15 anos fui preso 12 vezes, passei pelas piores torturas. Fstou cego de um olho e ficando cego do outro gragas aos "telefones". Irvava em m6dia dois a t€s "telefones" por dia quando esta- va preso e isso acabou descolando minhas retinas. Mas tive muitos cümplices durante esse periodo terrivel. Estou trancado aqui nessa casa, em Ilhabela, hä mais de um ano, tentando escrever a biografia da mi- nha geragäo. Eu quero ser um personagem, mas diluido em todos. Entäo criei no ro- mance dois irmäos, filhos de imigrantes italianos que foram morar no Bixiga. ISTO6 - O que o sr. pretende com este livro? Freire - O golpe de 64 atingiu muito a gente, mas o resto da sociedade näo esta- va sentindo aquelas coisas. Procuro re-

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ENTRFV}STA

0 divä anarquistaO rebelde Roberto Freire, criador da Soma, uma terapia libertr{ria

e anticapitalista, conta a histdria de sua geragäo no romance Os cümplicesALESSANDRA NAHRA

gäo Popular era onome de um gru-po de militantes deesquerda nos anos

60.AuniJos,ainspira-gäo cristä ditada pelaIgrejaCatdlicaeabaseideol6gica marxista leni-nista. O ex-psiquiatra epsicdlogo Roberto Freireera apenas mais um deseus integrantes. Assimcomo os ministros SdrgioMotta, Jos6 Serra e Pau-lo Paiva. Isso sem falarque o prdprio presidenteFernando Henrique Car-doso passou por 16. Maqse a maioria do grupo des-viou-se para a chamadapolitica tradicional, Frei-re - que atendia pelo co- !dinome Bento - preferiu

-#romper com tudo. Publi- [cou romances, ensaios, E

contos erdticos, histririas "e

infantis e textos para tea-tro. Desenvolveu a teoriada Soma, uma terapia de ideologia li-bert6ria baseada em Wilhelm Reich,na bioenergdtica, na gestalterapia, naludoterapia e em principios anarquis-tas, e consolidou-a em trös volumes in-titulados Soma, uma terapia anarquis-ta: A slma 6 o corpo, A arma 6 o corpo eCorpo a corpo. Aos 68 anos, estä cegode um olho e quase cego do outro, re-sultado de um descolamento de retinaprovocado pelos tttelefonestt - t6cnicade tortura que consiste em aplicar gol-pes nos ouvidos da vitima com as mäosem concha - que recebeu durante as 12vezes em que esteve preso durante oregime militar. Freire escreye agora oque considera o seu riltimo romance:Os cümplices. Trata-se de um perfil dasua geragäo a ser langado em dois volu-mes - o primeiro deles sai em dezem-bro por sua prdpria editora, a Sol e

Chuva. E se junta a outros dois roman-ces, Cleo e Daniel e O coiote, publicadoem 1986.

ISTOE - Por que o sr. voltou a escreverum romance?Roberto Freire - Pretendo falar do amoratrav6s da 6tica da cumplicidade. Eu viviesse amor com meus amigos de infäncia,com as minhas namoradinhas, com a mi-nha familia. Depois, no golpe de 64, n6oos vi mais, foi uma coisa horrorosa. Nossageragäo toda sobreviveu graEas a uma gran-de cumplicidade. Mesmo com pessoas comas quais a gente näo esL4 diretamente relacio-nado, voc6 sabe mais ou menos quem säoaqueles que estäo do mesmo lado.

ISTOE - O livro entdo relata as dfficul-dades pelas quais passou a geraEöo queviveu o regime militar?

Freire - O periodo da perseguigäo politi-ca foi terrivel, em 15 anos fui preso 12

vezes, passei pelas piores torturas. Fstoucego de um olho e ficando cego do outrogragas aos "telefones". Irvava em m6diadois a t€s "telefones" por dia quando esta-va preso e isso acabou descolando minhasretinas. Mas tive muitos cümplices duranteesse periodo terrivel. Estou trancado aquinessa casa, em Ilhabela, hä mais de umano, tentando escrever a biografia da mi-nha geragäo. Eu quero ser um personagem,mas diluido em todos. Entäo criei no ro-mance dois irmäos, filhos de imigrantesitalianos que foram morar no Bixiga.

ISTO6 - O que o sr. pretende com estelivro?Freire - O golpe de 64 atingiu muito agente, mas o resto da sociedade näo esta-va sentindo aquelas coisas. Procuro re-

produzir o mäximo possivel a viol6ncia, acrueldade, a deslealdade e a sacanagemdo golpe. Como os militares mantiveramo poder atrav6s da humilhagäo, da cruel-dade, da morte, dos assassinatos. Eu que-ro dar a minha contribuigäo para a cons-cientizagäo da juventude de hoje da vio-löncia que foram as d6cadas de 60 e 70neste pais. As pessoas desconhecem prati-camente tudo o que aconteceu. E uma coi-sa que näo se perdoa. Me lembro que umdia eu estava discutindo com aquele coro-nel horroroso de Säo Paulo, o Erasmo Dias.Uma hora, dei uma opiniäo bem radical e

ele me falou assim: "Jä houve a anistia,parc com isso." Eu falei: "Voc6s nos anistiaram, mas eu näo anistiei voc6s. Para mim,voc6s continuam sendo os bandidos que

sempre foram e väo continuar sendo."

ISTOE - Como o sr. re-latou estas histörias deprisöes e tortura?Freire - Eu estava es-crevendo hoje sobre ocaso de um menino queera meu amigo e milita-va comigo na AEäo Po-pular. Ele tinha um ca-coete terrfvel, falava me-xendo as mäos. Se para-va de falar, as mäos pa-ravam. Ele caiu numa re-vista estudantil e no in- tterrogatörio o delegado 3Sdrgio Paranhos Fleury ,fimandava ele parar com fias mäos. Ele dizia que "näo podia, que era umacoisa que estava nele. OFleury dava porrada namäo dele e dizia: "Pfuade fazer isso porque estäme incomodando." At6que chegou uma hora emque ele pegou uma ma-chadinha e cortou as duas mäos do garo-to. Isso foi contado por um cara que esta-va ao lado dele, sendo torturado ao mes-mo tempo. Ele ficou depois no HospitalMilitar uns tempos e, quando voltou paracasa, näo conseguia mais falar, nuncamais falou. Foi internado num sanat6rio,tinha alucinagöes, ficou completamenteperturbado.

ISTO6 - Qual a relagdo da teoria daSoma com esse momento?Freire - Eu era jomalista, militante daAgäo Popular e diretor do Servigo Nacio-nal de Teatro. Os organismos de seguran-ga tinham interesse em colher informa-göes nessas tr6s iireas e, sobretudo, indica-göes de companheiros. Era muita tortura,

muita violöncia e fui perdendo meu equi-librio emocional e psicol6gico. Eu era umpsiquiatra, mas näo podia procurar socor-ro nessa ärea porque muitos profissionaisestavam entregando. Achava que era ne-cessärio existir uma psicologia que näofosse reacionäria, porque eu comecei aentender, quando larguei a psicanälise, queela era extremamente reacionäria. Em1970 eu fui para a Europa. Lä, assisti a

dois espetäculos teatrais que me deixa-ram fascinado, um do Brodovisky, umautor polonös, cujo tema era um plebisci-to. E um espetäculo do Living Theater, deNova York. Fui conversar com eles e fi-quei sabendo que eram anarquistas e queestudavam profundamente a obra deWilhelm Reich. Eu nem sequer conheciaReich. Comecei a estudar e fiquei absolu-

tamente fascinado, porque ele contestouFreud em tudo aquilo que eu contestava.Foi ai que surgiu a primeira iddia da Soma.

ISTOE -Naquela öpoca näo se estudavaa obra de Reich?Freire - Absolutamente. A psicanälisetem horror a Reich, porque ele a contes-tou com obras cientificas maravilhosas.Percebi que atrav6s da sua obra eu podiachegar a uma terapia que pudesse serviräs pessoas de id6ias socialistas, äs pessoas

que näo quisessem se submeter ao regimecapitalista burguös, que fossem contraqualquer forma de autoritarismo. A obrade Reich indicava algumas coisas impor-tantes que eu precisava desenvolver: a

neurose näo 6 uma coisa que nasga com a

pessoa. Näo estä no pensamento e na ca-bega, mas no corpo inteiro. Portanto, erapreciso lrabalhar o corpo todo.

ISTOE - (Jma caracteristica que diferecompletamente a Soma das terapias tra-dicionais ö a definiEdo de um tempo detratamento predeterminado. Todas as pes-soas conseguem se livrar de suas neuro-ses depois desse tempo?Freire - A psicanälise dura cinco, dezanos, e acho que isso cria uma neurose nocliente muito grande. A neurose de de-

:':!$,iirr T

"Vocös nos anistiaram, mas eu näo anistiei

sendo os bandidos que sempre foram e seräo"

vocös. Pannfim, vocös continuam

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Fleury e Erasmo: oscomandantes darepressäo contra osestudantes de 68

pendöncia do terapeuta ouda terapia para mim 6 umaneurose täo grave quantoqualquer outra. Na Soma, aterapia dura um ano. Depoisdesse tempo, as pessoas ad-quirem a capacidade de con-tinuar tocando sua vida, se

defendendo do processo neu-r6tico, que 6 continuo, des-de a infäncia ele näo p6ra. ASoma näo cura a neurose,mas ensina a se defender e

se livrar, o mais possivel, dastensöes neurdticas.

ISTOE - Essa 6 a definiEöo de uma tera-pia libertäria?Freire - O anarquismo 6 o elemento maisimportante de toda a concepgäo da Soma.As terapias clässicas tamb6m töm umavisäo ideol6gica muito definida: säo to-das de capitalistas burgueses. Em geral,o terapeuta adapta as pessoas a viveremde acordo com aquilo que a sociedadequer. Ele näo quer produzir uma revolu-gäo, mas procurar adaptar as pessoas aoEstado, ä familia, ä moral. Na Soma, agente quer que as pessoas vivam de umaforma revolucionäria, contra aquilo quevem da sociedade e da familia. Se 6 oautoritarismo que gera neurose, entäo te-mos que enfrentä-lo de todas as formas.

ISTOE - Quais sdo os argumentos de

c o nt e stuQ Ao mai s fre quent e s ?

Freire -Dizem, por exemplo, que a Soma6 uma suruba, que se reiinem 30 pessoas e

se bolinam, transam, fazem de tudo. Quan-do dizem isso a minha resposta 6 sempre a

mesma: infelizmente, näo 6. Ouffo dia meperguntaram se era verdade que eu comiatodas as minhas clientes. Eu falei: "Masisso 6 um absurdo, uma mentira horrenda.Eu s6 como as mais gostosas."

ISTOE - A Soma pode ser ritil em casos

de problemas sexuais como tm-potäncia e frigidez, por exemPlo?Freire - A Soma näo trata de

sexo, somos contra qualquer tra-tamento ä sexualidade, Porque 6

uma coisa cientificamente com-provada para n6s que ningu6mtem problemas de sexo. a näo ser

aqueles casos que o ginecologis-ta e o urologista resolvem. To-dos os outros problemas sexuaisderivam da falta de liberdade das

pessoas.

ISTOE - Como o sr. consegueser anarquista nos dias de hoie?Freire - Por atitudes simples. Porexemplo, se eu quero ser um anar-quista dentro da sociedade capita-lista, eu preciso ser uma Pessoaque consuma o menos possivel egaste o menos possivel porque vouter pouco dinheiro. VocÖ tem que

romper com as ambiEöes capita-listas e burguesas do consumo.

ISTOE -E o amor, como se podev iv € - I o anar qui c ame nt e ?

Freire - As pessoas atuam noamor como atuam por dinheiro.A gente quer ser proprietilrio das

coisas, dirigi-las. E näo pode. O€Imor anarquista 6 um amor emque o autoritarismo 6 absoluta-mente banido.

ISTOE - A juventude ö ds vezes

acusada de ser individualista e

alienada. O sr. pensa assim?Freire - Eu acho que os jovens näo es-

täo interessados no poder. Sempre existeem todas as sociedades um grupo de pes-sgas que 6 revoltado e näo aceita a situa-gäo em que vive. No passado, at6 68,havia um instrumento forte para comba-ter o capitalismo. que era o marxismo.Depois, muitos estudantes perguntavampara mim: "Como 6 que a gente vai lutaralora, como a gente vai se organizar?"Na Soma aparecem pessoas que näo su-portam o autoritarismo da famflia, nem

"Acredito que havia um desejo visceral

da escola, nem do Estado, nem dofruteiro, de ningu6m, e estäo procuran-do alguma coisa para fazer. Tomar opoder 6 uma coisa que dä um trabalhoterrivel, morrem milhares de pessoas e

quando se chega lä em cima tem que se

exercer o autoritarismo do mesmo jeito.

ISTOE - Hä uma saida possivel em par-tidos populares?Freire - Uma boa parte da juventude ade-

riu ao PT. Mas, com o passar do tempo, foidescobrindo que se trata de um partido

igual aos outros. Aquelas figuras que eramlindas na 6poca da resistöncia se tornaramridiculas. O Jos6 Serra, por exemplo, erameu amigo de subversäo e hoje 6 umhorror, uma figura odiosa. Os partidostöm forga como qualquer partido. Masnäo para justificar o sonho revolucioni{riodajuventude.

ISTOf -No livro Amee dO vexame, o sr.

fala da existöncia de iovens arutrquistasviscerais que seriam os herdeiros de Maio

de 68. Os caras-pintadas que sairam ds

ruas pedindo o impeachment de Collor se

enc aixam ne s sa definiE öo ?

Freire - Sim e näo. Aquelas manifesta-göes de rua da juventude foram decisivase nenhum partido tem peito de dizer quefoi ele que organizou esses movimentos.Aquele menino que era presidente daUNE foi humilde, dizia que participavae se interessava, mas que as coisas vi-nham meio espontaneamente. Acreditoque havia um desejo visceral dessa ju-ventude de näo aceitar o Collor e o

autoritarismo descarado que elerepresentava. Esse anarquismoexiste em boa parte da juventu-de. Ningu6m conduz uma massade um pais inteiro.

ISTOE - Ainda no livro Ame e

dö vexame, o sr. fala de umateoria de Friedrich Engels, se-gundo a qual o ciüme se tornaum instrumento de poder quan-do o homem passa a deseiar apropriedade da terra, da produ-qäo, dos animais, dos outros ho-mens e consequentemente da mu-lher. O ciüme seria um dos ma-les da sociedade capitalista?Freire - Se a pessoa mant6m a

ideologia capitalista, näo vaimudar o cirime. Voc6 pode tra-balhar com ela na Soma ä von-tade, mas, se ela mant6m o de-sejo de se apropriar das pessoas como se apropriou das coi-sas, näo vai mudar nada. Eu seique o ciüme näo atinge sd os

capitalistas, atinge todas as pes-soas, todos os meus clientes e

eu mesmo. Nas minhas riltimasrelagöes amorosas eu tive mui-to citime, mas ai eu reagia, pro-curava ser legal, refazer as bes-teiras que tinha feito. Eu tinhapavor de ter cirimes, näo queriater cirimes, mas tinha. Foi umaluta fantästica. Deixar de ser ma-chista 6 como tirar todas as suasamanas, toda a sua seguranga.

ISTOE - O sr. .id afirmou värias vezesque as pessoas devem procurar ser mar'ginais. O que quer dizer isso?Freire - Marginal 6 uma pessoa queestä ä margem da estrutura social capi-talista burguesa. Isso quer dizer que elanäo vai trabalhar como escrava, näo vaise deixar explorar, näo vai trabalhar emcoisas que näo goste, näo vai produzircoisas que acha desnecessdrias. Essapessoa se torna marginal porque näo en-tra na engrenagem.

dessa juventude de näo aceitar Collor

e o autoritarismo que ele representava"

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Garas-pintadas contra Gollor: movimento espontäneo