Envolver à Mesa
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Indice
Introdução ................................................................................................................. 3
Enquadramento Conceptual do Recurso ............................................................ 6
Narrativa da prática ............................................................................................... 10
Instrumentos e ferramentas Utilizadas .............................................................. 23
Receitas Étnicas ..................................................................................................... 23
Receita de Guisos .............................................................................................. 23
Receita de Frango à cigana .............................................................................. 24
Ouriço ................................................................................................................... 25
Café com Borras ................................................................................................. 25
Receita de cabrito de cigana............................................................................ 26
Avaliação do Recurso ........................................................................................... 27
Testemunhos de Parceiros e pessoas envolvidas .......................................... 27
Considerações Finais............................................................................................ 32
Bibliografia .............................................................................................................. 33
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Introdução
As actividades realizadas no âmbito do Projecto Envolver, financiado
pelo Programa Escolhas e está sediado nas instalações da Associação de
Desenvolvimento de Nisa, têm como objectivo minimizar a incidência de
problemas como o insucesso escolar, a negligência familiar e os
comportamentos desviantes por parte dos destinatários, assim como as
dificuldades de integração de elementos das diferentes etnias na comunidade
local.
Ao longo do último ano de implementação, foram desenvolvidas
dinâmicas no sentido da criação de um suporte de comunicação ilustrativo das
tradições culturais da etnia cigana. Inicialmente esta actividade era dinamizada,
à semelhança da Escola de Pais, com dois grupos distintos: um pertencente à
comunidade cigana de Nisa, outro à comunidade de Tolosa. No final do
primeiro semestre, uma das comunidades deixou o Concelho de Nisa, ficando
o grupo alvo de intervenção reduzido a aproximadamente 5 elementos (de
Tolosa). Neste grupo são de destacar duas presenças masculinas, algo que
tem vindo a ser uma mais-valia e o reflexo do eco que a intervenção pretende.
Relativamente ao número de indivíduos a abranger por esta actividade, para os
dois primeiros anos de intervenção, de acordo com o previsto em candidatura,
pretendia-se trabalhar com um grupo de 10 pessoas de etnia cigana. Apesar
desta recente redução, ocorrida no final do 1º semestre de 2010, esse número
foi alcançado. No decorrer do primeiro semestre desse ano, a comunidade
cigana de Nisa ainda era alvo de intervenção no projecto.
A actividade Escola de Pais tem por objectivo formar os destinatários,
promovendo o desenvolvimento de competências pessoais e sociais, com vista
à transmissão das mesmas aos outros elementos da comunidade. No decorrer
das sessões, é notória a vontade de aumentar o seu leque de conhecimentos e
experiências, não só sobre questões do seu quotidiano, mas também
relativamente a áreas por eles menos exploradas, como é o caso da pintura. Ao
analisar os dados obtidos, deduz-se que foi atingido o número de participantes
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previsto em candidatura. Foram abrangidos 12 beneficiários e 2 destinatários,
existindo um desvio total de 140%. Apesar de ser uma actividade pensada para
famílias, dadas as características da lei e cultura ciganas, existem duas jovens,
incentivadas pelos familiares a participar, daí que além dos beneficiários sejam
incluídas 2 destinatárias.
Muitas destas actividades realizadas com estes grupos constituiu uma
nova resposta para problemas até agora insuficientemente resolvidos que se
tinha, revelado inadequados .
A ideia do audio-livro e o processo de participaçao dos beneficiários na
construção deste, veio do interesse dos homens pela informática, aulas essas
dinamizadas muitas vezes pelos membros da equipa do projecto. Sendo a
maioria do grupo jovem e do sexo feminino, ficava patente a vontade de
agradar os seus parceiros com novos paladares, mas tendo elas uma grande
dificuldade de aprendizagem, não só na leitura , como tambem na escrita. O
que nos levou a pensar numa estratégia de ajuda a comunidade cigana.
Tendo eles quase todos acesso a internet em casa, visto que a maioria
deste grupo vive em condições normais, inseridos no Concelho de Nisa.
Facilitou desta forma algumas ideias inovadoras para este recurso,
pesquizando com os homens na internet sobre a sua cultura e tradições a nivel
da gastronomia. E com a ajuda da monitora, conseguiu-se uma
reaprendizagem a nivel do conhecimento das letras e a facilidade de leitura, até
se conseguirem envolver na construção do recurso.
A estratégia de aproximação passou por recurso a um mediador privilegiado
que funcionou como elo de ligação inicial entre a comunidade local e a
comunidade cigana.
Numa segunda fase, recolheu-se o maior número possível de receitas típicas
da gastronomia de etnia cigana, com a colaboração e apoio dos técnicos do
projecto.
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Após a selecção, foi feita uma gravação áudio na voz dos parceiros de
concepção do recurso que irá conter todas as explicações necessárias à
confecção das receitas;
Seguidamente compilou-se a informação áudio com a informação
escrita.
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Enquadramento Conceptual do Recurso
Quando se estuda a origem de um povo, a sua formação e
desenvolvimento como estrutura social, religiosa e económica, este estudo
baseia-se fundamentalmente em documentos ou registos escritos, que ao lado
de outros elementos, como ruínas da arquitectura da época, pinturas, armas,
túmulos, recintos que sugerem ter sido usados como sacros, objectos dos mais
diversos, especialmente de uso domestico, recompõem toda a narrativa
histórica de um conjunto de indivíduos que habitam a mesma região, ficando
subordinados as mesmas leis e partilhando os mesmos hábitos e costumes.
O indivíduo cigano sempre viveu daquilo a que deita mão e da
mendicidade. Por se tratar dum povo nómada, a sua alimentação é, de certo
modo, dependente do que existe nesses locais, tal como as aves do céu, que
«não semeiam nem enceleiram1» e que laçam mão do que a natureza põe ao
seu alcance.
Os homens não garantem a subsistência, a não ser nos casos
esporádicos de caça e pesca. São as mulheres que têm esse encargo.
Roubam (a maior parte dos seus furtos são de ordem alimentar), compram, ou
pedem esmola.
A culinária cigana é geralmente bem condimentada, abundante em
tomate, o pimento, a cebola, salsa, e o alho, e principalmente cebola, presente
em todos os pratos. Predomina a carne, sobretudo de galináceos, que sabem
preparar de modo especial. Apreciam também o porco e o cabrito. O leitão
figura sempre nas suas bodas, bem como o cabrito, assados inteiros. Nenhum
dos recursos alimentares dos países onde a comunidade se estabelece é
ignorado. Das gorduras preferem a banha ou o toucinho, e o azeite. Além
disso, há acepipes apenas do conhecimento da comunidade. São disso
exemplos a sopa de feijão com rama de funcho ou a carne de borrego com
tengarrinhas. Certos autores afirmam que da sua dieta fazem parte gatos e
ratos.
1 Nunes, Olímpo (1996) O Povo Cigano, pp.241.
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"Quando há muita fome", afirmou um elemento da etnia, "talvez se
comam»
Também não têm qualquer preconceito ou relutância em comer carne de
animais mortos de doença. Dizem aliás que a carne «dum animal que deus
mata é melhor que a que é morta pela mão do homem2».
Na herdade do Padrão (Alentejo), num ano em que a peste dizimou
muitas cabeças de gado suíno, galináceos, deu-se o caso de elementos da
comunidade que foram desenterrar os porcos abatidos e que levaram as
galinhas doentes. G.Borrow refere que os ciganos chegavam a envenenar
animais dos rebanhos para depois os pedir aos lavradores. Lavavam
cuidadosamente o interior do animal e faziam deles um banquete. A preparação
dos alimentos tem grande importância, aliás.
É sempre a mulher quem cozinha e de preferência ao ar livre. Prefere
cozinhar a lenha, com grandes caldeiras de cobre sobre o fogo, ou de esmalte,
ou simples latas de conservas. A carne é cozida ou assada no espeto ou sobre
as brasas. É também hábito assar carne em fornos que fabricam a partir de
bidons velhos. Muitas vezes o caldeirão de cobre é suspenso da asa por uma
corrente que penduram a um ramo duma árvore ou então sobre uma trempe de
ferro.
Näo é costume preparar bolos ou mesmo pão e os hábitos alimentares
consistem numa refeição plena por dia, à tardinha - prato único -, embora
comam frequentes vezes durante o dia, qualquer alimento.
Mesmo que pobre, o cigano mostra abundância quando oferece, para
que lhe não recusem a oferta. Geralmente a mulher e filhos comem depois dos
homens (influência oriental), isto nas grandes festas em que se encontram
mulheres de família extensa, ou nas refeições rituais.
Os nómadas gostam de comer ao ar livre, numa sombra; não usam
mesas, estendem-se no chão em volta da comida ou agachados. Os
sedentários já usam mesas, geralmente baixas para se sentarem no chão. As
famílias mais evoluídas usam mobiliário como o nosso. Das refeições não
2 Nunes, Olímpo (1996) O Povo Cigano, pp.241.
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devem ficar restos, pois poderia ser mal sinal de desgraça na procura de
alimentos nos dias seguintes.
A caça e a pesca são actividades dignas de registo, embora a pesca
seja uma actividade menos apetecível. A comunidade apenas recorre a ela
quando não dispõe de qualquer outro recurso. Porém, parece pertencer ao
pescador cigano a invenção dos engodos de pesca, das moscas artificiais para
trutas, e outras iscas. Mas são-lhe reconhecidas as excelentes qualidades de
pisteiro de caça, como bom observador da vida dos animais, e a caça ao
coelho é a mais comum. Perdizes e lebres no espeto são também um petisco
muito apreciado para acompanhar cerveja. Entre as suas bebidas de eleição
ainda constam o vinho, a aguardente, o chá e o café. Os ciganos nómadas não
são muito dados a álcool. A sua bebida habitual é água. Bebem vinho ou
cerveja mas apenas em festas. O café é apreciado por todos e o leite apenas
pelas crianças.
Há, porém, um animal que a comunidade procura avidamente, o ouriço-
cacheiro que, ao contrário do que é hábito, é cozinhado pelo homem.
„O animal é morto por uma pancada seca no nariz. Os picos são
arrancados com a ponta dum canivete, ou então envolvem o animal com barro
mole. Depois de lhe extrair as vísceras e de introduzir os temperos, é metido no
forno. Depois de cozido, partem o barro e os picos vêm agarrados ao barro.
Geralmente temperam-no com alho-porro, pimenta e sal“3.
A técnica para o caçar é assaz apurada, como se o cacador dispusesse
de um sexto sentido, e a mera menção ao animal é capaz de entusiasmar
qualquer conversa. A boa estação da caça é o fim de Verão e Outono (de
Agosto a Dezembro) quando o ouriço está gordo, antes da hibernação. Para
evitar a extinção da raça, o animal não é caçado na Primavera, nem antes de
fazer criação.
É preciso ainda realcar outro hábito: a total ausência de noção de
previdêndia, de poupança, ou de armazenamento. Não guarda em dia farto
para o dia de escassez. Por outras palavras: esbanja o que tem e depois
aperta o cinto.
3 Nunes, Olímpo (1996) O Povo Cigano, pp.243
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Há certos animais considerados impuros, como o cavalo. Também não
comem animais domésticos que convivam com eles: cabra, cão, urso...
É de assinalar o hábito de fumar, não só tabaco mas também certas
folhas secas (silva, nespereira, etc). O hábito é transversal a toda a
comunidade. Havia ciganos que se dedicavam ao fabrico de cachimbos. O
ofício parece ter desaparecido.
Conforme foi dito acima, a culinária cigana é variada, entre outros
motivos por depender daquilo a que a comunidade tem acesso. As mulheres
rebuscam os campos, os homens passam por um pomar, apanham um
galináceo desgarrado, ou por vezes um leitão ou borrego que encontram pelo
caminho. Estaremos a falar de ladrões profissionais? Sim e não. O cigano só
se sente autorizado a roubar quando não têm que comer. Rouba para viver e
apenas aquilo de que tem necessidade, como comida ou roupa. Não assalta
bancos ou arromba depósitos de haveres. Não rouba de noite, com medo dos
espíritos. Rouba o que lhe é vital para sobreviver.
O seu conceito de propriedade é diferente. Dita que aquilo que a
natureza produz é para quem dela têm necessidade. Uma maçä e uma galinha
são providência natural.
"Porque é que um indivíduo com 100 galinhas não dá uma ao seu
vizinho, que não tem nenhuma?"
Nas suas festividades a comunidade compra animais, como porcos ou
carneiros, vitelas, mas não faz conservas. Não é conhecido o hábito de criação
de animais.
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Narrativa da prática
Os primeiros contactos realizados para este recurso tiveram lugar com a
presença da responsável pelo Núcleo Local de Inserção (NLI) da segurança
social de Nisa, a quem compete a gestão processual continuada dos percursos
de inserção dos beneficiários do Rendimento Social de Inserção. É
responsabilidade destes núcleos a elaboração e aprovação dos programas de
inserção, organização dos meios inerentes, e ainda o acompanhamento e
avaliação da respectiva execução. É de referir o contacto que o projecto
permite com crianças de etnia cigana nas escolas do agrupamento de Nisa, o
que facilitou a aproximação à comunidade.
Assim foi sinalizado o grupo de etnia cigana com quem trabalhamos de
entre outros que tiveram que abandonar o seu acampamento por uma rixa
familiar. Ao serem sinalizados, a equipa do Projecto Envolver actuou de
diferentes formas, visto que existiam dois grupos no Concelho de Nisa. O
primeiro a ser experienciado foi do acampamento de Nisa (nómadas), que nos
acolheu de forma bastante positiva pelo facto de acompanharmos os seus
filhos no meio escolar. Quanto ao segundo grupo foi através de uma
convocatória em conjunto com a responsável pelo IRS: o grupo de Tolosa.
Foram trabalhadas várias áreas junto de ambos grupos, sugeridas pelos
destinatários como de maior adesão e necessidade de novas aprendizagens,
tais como: a expressão plástica, dinâmicas de grupo, actividades de utilização
de novas tecnologias, e gastronomia. O leque diversificado de áreas teve como
objectivo capacitar os destinatários em vários níveis de intervenção,
procurando tanto quanto possível aproximar as suas experiências das
experiências da população em geral, utilizando os seus conhecimentos, valores
e percursos de vida particulares. A avaliação feita da actividade por parte da
comunidade que nela participa é reveladora da importância que esta tem para
os destinatários. É vista como uma possibilidade de experimentar áreas de
actuação e actividades da comunidade em geral a que, por norma, têm menos
acesso. Ao mesmo tempo, este é um espaço onde a comunidade envolvente
tem a oportunidade de partilhar a realidade e cultura ciganas. Pretende-se
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dotar os participantes de competências pessoais e sociais, ao nível de cuidado
parental e familiar, autonomia, etc. Além do trabalho realizado directamente
com adultos, existe em paralelo a possibilidade de levar a cabo uma actividade
de animação para os filhos dos destinatários abrangidos por esta actividade.
Muitas vezes, as mães não têm com quem deixar os filhos. De realçar ainda
como ponto positivo a participação de elementos do sexo masculino nas
sessões realizadas ao nível destas actividades.
De entre todas estas áreas, sobressaiu a vontade de explorar a parte da
gastronomia, na partilha de receitas novas, rápidas e simples. Sendo a maioria
do grupo jovem e do sexo feminino, ficava patente a vontade de agradar os
seus parceiros com novos paladares. Em muitas conversas, durante estas
sessões, foram percebidas diferenças. A maioria das jovens cozinheiras não
queria confeccionar como antigamente e, no dia a dia, a presença das sogras
näo lhes permitia desenvolver as suas capacidades. O Projecto Envolver
conseguiu que estas jovens se sentissem mais desinibidas e de certa forma
motivadas. Tiveram oportunidade de trocar entre elas novos pratos e
experiencias, e o projecto desafiou-as ainda a confeccionar uma receita, um
doce simples que pudessem levar para casa. Isto conduziu à necessidade de
certa pesquisa acerca de gastronomia cigana e da sua cultura em geral. Foi
consultada a literatura disponível na internet, com auxílio do monitor Cid. É de
realçar a participação dos homens na elaboração do suporte escrito, por ser o
elemento com maior capacidade para a escrita. Mas mesmo assim com a ajuda
da monitora, fizemos algumas sessões de reaprendizagem das letras e leitura
para um maior envolvimento com o recurso, e ganhou-se confiança para
desenvolver o trabalho para além desta actividade. Achámos pertinente
concluir esta experiência com suporte áudio. Ficando elaborada a parte do
Audio-Livro, onde se valoriza não só a cultura cigana como os saberes e
tradições desta comunidade e dar a conhecer melhor a população não cigana.
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Elementos ilustrativos do Recurso Escolhas
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Instrumentos e ferramentas Utilizadas
Receitas Étnicas
Receita de Guisos
Curiosidade: receita utilizada na Época Natalícia.
Ingredientes
- 1kg de feijão de manteiga
- vinagre q.b.
- 2 cebolas
- azeite q.b
- 2 dentes de alho
- um pouco de cravinhos
- um pouco de comimhos
- um pouco de pimentão
- dois quadrados de knorr
- sal q.b
Modo de preparo:
- O feijão fica de molho de um dia para o outro;
- O feijão vai a cozer com uma cebola cheia de cravinhos espetados e sal;
- Faz-se á parte o refogo (azeite, alho, cebola);
- Pica-se a cebola, os dentes de alho e as folhas de louro;
- Deixa-se refogar e põe-se o pimentão e os cominhos;
- Depois de o refogo preparado junta-se ao feijão cozido e junta-se também
dois quadrados de knorr;
- No final coloca-se vinagre q.b.
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Receita de Frango à cigana
Ingredientes
1 kg de frango cortado em pedaços
Sal e pimenta a gosto
100 g de margarina
1 cebola picada
2 pimentões picados
1 lata de tomate
1 colher de (sopa) de páprica picante (pimenta)
2 cravos
1 colher (café) de canela em pó
2 cubos de caldo de galinha
Modo de preparar:
Tempere o frango com o sal e a pimenta.
Na panela de pressão, coloque a margarina e a cebola picada, refogue um
pouco e junte o frango deixando fritar.
Acrescente os 2 pimentões picados, o tomate, a páprika, os cravos, a canela
em pó e os cubinhos de caldo de galinha dissolvidos em 1 xícara de água.
Feche a panela e deixe cozinhar por 12 minutos.
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Ouriço
Faz-se uma fogueira e mete-se o ouriço a queimar vivo. Deixa-se
queimar uma quantidade dos picos, retira-se para fora, raspa-se com uma
navalha. Novamente mete-se no lume, mais um pouco a queimar, tira-se para
fora outra vez e raspa-se outra vez com a navalha, o que se faz continuamente,
até os picos ficarem todos queimados e não haver já picos.
Depois, com a faca roda-se à volta da carapaça para a retirar. Tiram-se
os pelos da barriga, porque esses não se queimam, são retirados com uma
navalha. Depois dos pelos todos tirados da barriga, tira-se os pelos dos
ouvidos, e depois abre-se ao meio o ouriço, tira-se as tripas, e tirando as tripas
parte-se aos bocadinhos.
Quanto ao modo de preparar, há muitas maneiras de o fazer, mas na
etnia cigana, gostam muito de frito com pimentões: parte-se o ouriço aos
bocados, tempera-se com sal e alho e frita-se, acompanhado com pimentões
assados.
Café com Borras
Ferve água
Quando ferver adicione o pó de café.
Deixe repousar. Doce a gosto, e beba o café que ficou por cima da borra da
chaleira.
Portanto esse café não é coado e sim tomado e no fundo da chaleira fica a
borra de café.
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Receita de cabrito de cigana
3kg de carne de cabrito da parte do
pernil,
200 gramas de tomate,
100 gramas de pimentão amarelo,
100 gramas de pimentão vermelho,
100 gramas de cebola,
1 taça de vinho branco,
1 taça de vinho tinto da Madeira,
1/2 cabeça grande de alho,
1 molho de cheiro verde,
1 maço de tomilho,
1 cheiro verde, vinagre,
1 ramo de alecrin,
100 gramas de gordura de porco ou
bacon,
200 gramas de touchinho fumado,
3 limões grandes,
Sal ao gosto
Coloral.
Modo de preparar:
Limpa-se a carne do cabrito com vinagre, bate-se todos os tempêros e
passa-se no pernil, que deve ser perfurado para absorver melhor o molho,
acrescentando a taça de vinho branco e tinto da Madeira e deixa-se descansar
numa vasilha de madeira durante a noite. No dia seguinte recheia-se com
touchinho fumado, cebola, e cenoura cozida, batatas cozidas, coloca-se numa
panela grande e refoga-se lentamente na gordura de porco.Quando o pernil
estiver bem dourado, acrescente o molho e cubra com água, deixando que
cozinhe por cerca de uma hora. A carne deve ficar macia macia mas não se
deve desfazer. Em seguida, escorra todo o caldo e leve o pernil ao forno por 35
minutos ou até estar dourado por inteiro. Sirva num prato com bróculos e
batatas cozidas, arroz branco e vinho tinto Mago à cigano.
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Avaliação do Recurso
Testemunhos de Parceiros e pessoas envolvidas
Na 4ª Geração do Programa Escolhas (que, ao nível do Projecto
Envolver foi a 2ª implementada no território), houve o desafio para a produção
de um recurso Escolhas, cujo objectivo era a criação de um conteúdo de
conhecimento disponível em suporte físico resultado das aprendizagens
adquiridas ao longo do tempo. Inicialmente a delimitação deste recurso partiu
da equipa do projecto, que procurou definir quais as actividades críticas
desenvolvidas no âmbito do mesmo e quais as que teriam maior interesse para
a criação deste referido recurso, olhando ao impacto no público-alvo. Avaliando
os critérios definidos pelo Programa Escolhas foi seleccionada a actividade
“Nós e os Outros”, tendo sido efectuada uma análise prévia da pertinência dos
conteúdos e respostas, sobretudo pela sua intervenção junto da comunidade
de etnia cigana. A perspectiva foi essencialmente a transmissão do
conhecimento face à realidade de uma determinada etnia e simultaneamente
contribuir para a sua divulgação junto da comunidade em geral. Ao mesmo
tempo, a identificação com as tradições e aspectos da cultura tornam esta
actividade mais apelativa e promotora de participação activa dos elementos da
comunidade cigana envolvidos.
O contacto com esta franja populacional teve de percorrer um longo
caminho antes da sua inclusão enquanto realidade de actividade. Inicialmente,
o contacto começou por ser feito através do recurso a mediadores privilegiados
na comunidade cigana, que colaboraram com o projecto numa lógica de
intervenção junto dos elementos da comunidade e de facilitar a aproximação
dos técnicos à mesma, quer no âmbito da sua implementação na 3ª geração do
Programa Escolhas quer na sua continuidade, no âmbito da 4ª Geração. Quer
num caso, quer no outro, procuraram-se alargar as estratégias de intervenção
e aumentar o número de participantes e comunidades envolvidas pois esta
intervenção deixou de ter lugar unicamente junto da comunidade cigana de
Nisa para procurar incluir também outras comunidades de etnia locais, mas
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fora da sua sede de Concelho.
As actividades desenvolvidas foram-no no sentido de dotar os elementos
destas comunidades de um espectro mais alargado de competências pessoais,
sociais e de dinâmicas familiares. Ao mesmo tempo, a sua participação
procurou servir de lançamento para outras formas de dar a conhecer a sua
dinâmica cultural às outras franjas da comunidade local.
Os primeiros contactos foram realizados conjuntamente com a
Professora Teresa Almeida, e decorreram no acampamento cigano de Nisa.
Mais recentemente (na 4ª Geração), a mediadora foi também a Drª. Lurdes
Pessoa, da Segurança Social de Nisa, facilitando o contacto com a
comunidade cigana de Tolosa e Alpalhão. A procura da participação dos
destinatários foi feita inicialmente pela deslocação dos técnicos do projecto ao
contexto vivencial dos mesmos, procurando cativá-los e fazer um levantamento
daquelas que seriam as necessidades dos participantes. Neste levantamento
inicial as necessidades evidenciadas pelos elementos da comunidade
prendiam-se com actividades de formação e incentivo à participação na vida
familiar destes mesmos membros. Foi a partir deste levantamento inicial e da
procura de conjugação de horários e disponibilidades (entre técnicos do
projecto e destinatários) que foram delineadas as primeiras sessões. Nestas
trabalharam-se questões de decoração, gestão doméstica e familiar, culinárias,
entre outros.
Nas primeiras sessões uma das dificuldades apontadas pelos
participantes foi a dificuldade em se deslocar às sessões por terem filhos
pequenos, o que conduziu à identificação de mais necessidade por parte da
equipa do projecto, que criou em simultâneo às actividades desenvolvidas para
os pais, uma actividade de ocupação dos mais novos que permitisse aos
adultos frequentar as actividades.
Ao longo da implementação da actividade notou-se claramente um
aumento do envolvimento dos participantes, patente não só na participação
efectiva dos elementos como também ao nível da satisfação dos mesmos e do
ganho de competências. A actividade resultou em ganhos para ambas as
partes, não só pelo lado dos destinatários como também dos próprios técnicos;
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a troca multicultural tem vindo a ser cada vez mais rica e profícua, resultando
num aumento do conhecimento de todos os elementos da comunidade.
Marisa Tapadinhas
(Antiga coodenadora da 3ºGeração
Numa das reuniões de consórcio do Programa Escolhas concluímos que
ainda não havia sido atingido um dos objetivos ligado à comunidade de etnia
cigana do concelho, apesar deste ser considerado por todos um dos mais
relevantes.
As razões apresentadas tinham a ver com a dificuldade em estabelecer
um primeiro contacto com os adultos da comunidade cigana por não haver, por
parte das técnicas ligadas a este projeto, à vontade para ir ao acampamento e
apresentar aos membros da comunidade uma proposta de trabalho conjunto.
Na sequência desta constatação, dado que na qualidade de diretora do
agrupamento de escolas contactei durante muitos anos com elementos das
famílias que vivem no acampamento e que ao longo desses anos foram-se
estreitando relações entre nós, ofereci-me para acompanhar as técnicas do
projeto ao acampamento, ajudar a quebrar alguma desconfiança que poderia
surgir relativamente a estas, para lhes explicar o objetivo da nossa visita e
tentar motivar as mulheres e jovens a participar.
Assim aconteceu e o projeto foi sendo desenvolvido com um grande
entusiasmo por parte de todas as mulheres da comunidade que semana após
semana, se dirigiam às instalações do Programa Escolhas para aí trocarem
experiências com as monitoras e caminharem cada vez mais no sentido da sua
integração.
Teresa Almeida
(Sub-directora do Agrupamento de Escolas de Nisa)
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A parceria estabelecida entre o Projecto “Envolver” e a Segurança Social
através da Medida do Rendimento Social de Inserção surge pela necessidade
premente de se fazer um trabalho conjunto e uma intervenção integrada e
articulada por forma a permitir e a favorecer a Inclusão também ela integrada
das minorias étnicas existentes no concelho de Nisa, sendo o grupo alvo os
indivíduos de etnia cigana por ser aquele que mais se destaca no concelho e
que carece desse tipo de intervenção.
Sendo esta população alvo beneficiários da prestação de rendimento
social de inserção e estando sujeitos ao cumprimento de um Programa de
Inserção tornou-se pertinente e muito importante este trabalho de parceria
porque foram desenvolvidas um conjunto de acções especificas destinadas a
este público alvo que se inscreviam no Programa de Inserção estabelecido.
Para que tais acções fossem exequíveis foi necessário encontrar estratégias de
intervenção articuladas e adequadas para motivar e apelar à sua participação
no respeito pelo seu modus vivendi, pela sua cultura e pelas suas diferenças.
Desejar-se-ia que a participação fosse por opção e não por imposição para que
não se criasse uma relação de conflito entre as partes e não se sentissem
coagidos a participar. Pretendia-se que essa participação acontecesse
naturalmente e que sentissem a necessidade em participar e se
manifestassem disponíveis para fazer um conjunto de aprendizagens inter-
culturais, tendo acesso a conhecimentos e saberes que na sua cultura não
lhes é permitido ter, iniciando-se deste modo o processo de aculturação.
Efectivamente a sua participação tem-se revelado positiva apesar de não se
verificar a adesão de todos os membros do grupo por razões diversas, contudo
a continuidade do incentivo à participação e a motivação permanente bem
como o acompanhamento que a medida do rendimento social de inserção
exige tem resultado de uma muito eficaz. A articulação entre as entidades tem
como objectivo comum favorecer a inclusão deste grupo étnico que existe
numa comunidade onde esta situação inclusiva já existe com maior ou menor
intensidade por parte das pessoas que compõem as comunidades onde se
insere esta minoria étnica. Este grupo está localizado em 3 freguesias do
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concelho (1 urbana e duas rurais) estando a comunidade onde se inserem
receptiva à inclusão do grupo desde que o processo de inclusão e aculturação
aconteça de uma forma em que não entre em conflito com os valores, as
formas de estar e a forma como se organizam estas comunidades. Para que o
processo de inclusão se torne mais eficaz o grupo deverá ter presente os
direitos e deveres por forma a exercer o seu direito e dever de cidadania.
A forma como o grupo se manifesta quanto às aprendizagens realizadas
é muito positiva e reconhecida relativamente aos técnicos que desenvolveram
e acompanharam as actividades/acções definidas no projecto. Consideramos
que seria importante a participação de outros membros da comunidade nas
acções sendo um meio facilitador do processo de inclusão.
Para terminar deixo aqui a frase mais célebre do testemunho “ TODOS
NASCEMOS EM IGUALDADE DE DIREITOS E DIGNIDADE”.
A Técnica Superior de Serviço Social, (Maria de Lurdes Marques Pessoa)
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Considerações Finais
Ao longo do trabalho desenvolvido, tivemos a percepção das múltiplas funções
e preocupações inerentes à organização de todo o recurso.
A realização deste recurso requer uma estrutura bem definida e rigorosa,
pode-se mesmo referir que esta tem um papel importante na organização,
desenvolvimento e sucesso do projecto. O Projecto Envolver, obteve os mais
diversos papéis, desde os primeiros contactos a realizaçao das diversas
actividades em conjunto com alguns parceiros, trabalhando em diferentes
áreas com poder decisivo, as suas competências: selecção da proposta de
várias temáticas, definição de objectivos, formação dos grupos, distribuição de
funções e tarefas, entre muitas outras.
Deste modo, verifica-se a complexidade que a própria estrutura que
suporta o recurso, visto que é necessário um forte espírito de equipa, assim
como o respeito pela importância do projecto, que para além de se direccionar
à comunidade cigana, permite o envolvimento desta no seu desenvolvimento.
Numa perspectiva cultural, a realização deste recurso permite comprovar
a importância das tradições ciganas e formas de confecçionar seus alimentos
para uma maior promoção da valorização do seu património.
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Bibliografia
Nunes, Olímpo (1996) O Povo Cigano, Grafilarte- Artes Gráficas, Lda. Lisboa
Coelho, Adolfo (1995) Os Ciganos de Portugal, Publicações Dom Quixote, Lisboa