EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

33
EPI-Dor: retratos da dor no Brasil Profa. Dra. Karine A.S. Leão Ferreira Universidade de São Paulo Instituto do Câncer “Octávio Frias de Oliveira” Centro Interdisciplinar de Dor – HCFMUSP Universidade Guarulhos - UnG Liga de Dor FMUSP/EEUSP

description

 

Transcript of EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Page 1: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

EPI-Dor: retratos da dor no Brasil

Profa. Dra. Karine A.S. Leão Ferreira

Universidade de São PauloInstituto do Câncer “Octávio Frias de Oliveira”

Centro Interdisciplinar de Dor – HCFMUSPUniversidade Guarulhos - UnGLiga de Dor

FMUSP/EEUSP

Page 2: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Declaração de Conflito de Interesse

• Recebi apoio financeiro de indústria farmacêutica para participação em eventos científicos– Wyeth– Janssen-Cilag– Cristália

• Apresentação de conferências técnico-científicas– Novartis– Wyeth– Sanofi-Aventis– Nycomed– Schering-Plough

• Realizo pesquisa financiada por empresa farmacêutica– Janssen-Cilag– Grünenthal

Page 3: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Prevalência de Dor Crônica

É variável

Depende do conceito de dor crônica adotado

> 3 meses

> 6 meses

Page 4: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Definição de Dor Crônica

“Dor que persiste após o tempo necessário para

a cura de uma lesão, permanecendo por três

meses ou mais”

IASP (1986); Anderson et al., 1998

Page 5: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Dor Crônica: MundoEscócia= 46,5% (Idade >25 a)

Londres= 48% (Idade >18 a)

Dinamarca=19 -20,2%(Idade >18 a)

Finlândia= 35% (Idade >15 a)

Austrália= 19% (Idade >16 a)

Canadá= 11-16% (idade>12a) França= 31,7% (Idade >18 a)

Espanha= 13% (Idade >18 a)

Itália= 26% (Idade >18 a)

Noruega= 30% (Idade >18 a)

Page 6: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Dor Crônica: Brasil

Londrina= 451 idosos – 51,4% com dor (costas e MMII) (Dellaroza et al., 2007)

Rio Grande= 1259 idade > 15 anos – 54,4% dor de cabeça, 35,6 “juntas” e 35,1% costas (Mendonza-Sassi et al., 2006)

Salvador = dor > 6 m.2297 pessoas (idade > 20 a)41,4% com dor (Sá et al., 2008).

São Paulo= desconhecida?

Page 7: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

DESCONHECIDA Estudo Inédito na América Latina: inquerito telefônico

para Avaliação da Dor.

Prevalência, causas, gravidade, duração e local da dor crônica

Distribuição por sexo e idade

Fatores sócio-demográficos e clínicos associados à presença de dor crônica.

Dor Crônica: São Paulo

Page 8: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

• Manoel Jacobsen Teixeira. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Departamento de Neurocirurgia. Centro Multidisciplinar de Dor. Hospital das Clínicas FMUSP.

• Maria Rosário Latorre - Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP.

• Karine A. Sao Leão Ferreira - Centro Multidisciplinar de Dor. Hospital das Clínicas FMUSP. Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Universidade de Guarulhos.

• Aline M. Silva - Departamento de Eidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP.

• Telma R.P. Dias - Departamento Médico da Janssen-Cilag Brazil. • José C. Appolinario -Departamento Médico da Janssen-Cilag Brazil.

Investigadores

Page 9: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Objetivos Determinar a prevalência, causas, gravidade,

duração e local da dor crônica, segundo sexo e idade

Identificar fatores sócio-demográficos e clínicos associados à presença de dor crônica

Page 10: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Método Desenho: transversal Local: município de São Paulo Sujeitos:

Critérios Inclusão: idade ≥ 18 anos e ter linha telefônica residencial fixa População: 10.886.518 habitantes (IBGE, 2007). Cobertura telefônica: 76,1% (VIGITEL- MS, 2007) Estimativa: assumida prevalência de 50% (erro=2% e IC= 95%) 2.401 sujeitos. Amostragem

1ª. Etapa: sorteio sistemático 5.000 linhas telefônicas 2ª. Etapa: re-sorteio em 40 réplicas – 200 linhas em cada. 3ª. Etapa: Contato telefônico e sorteio de 1 pessoa do domicílio

Coleta de dados Entrevista telefone (10 tentativas) Questionários: BPI, LANSS, CPG e Moreira-Jr. e Souza (2003)

Page 11: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

• 2401 pessoas foram entrevistadas (homens e mulheres com idade entre 18 a 91 anos - Mediana = 42,0 anos).

• Prevalência de dor crônica = 28,7% (n=686)

Prevalência de Dor

Page 12: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Dor Crônica: Brasil

Londrina= 451 idosos – 51,4% com dor (costas e MMII) (Dellaroza et al., 2007)

Salvador = dor > 6 m.2297 pessoas (idade > 20 a)41,4% com dor (Sá et al., 2008).

São Paulo= 28,7%

Page 13: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Freqüência de comorbidade entre as pessoas com dor crônica

Comorbidade n %

Problemas na coluna 283 41,25 Dor de cabeça/enxaqueca 214 31,20 Ansiedade/outro trans,psiq, 168 24,49 Depressão 132 19,24 Artrite 86 12,54 Diabetes 82 11,95 Reumatismo 73 10,64 Cirurgia há < 1 ano 62 9,04 Fibromialgia 50 7,29

Page 14: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Freqüência de comorbidade entre as pessoas com dor crônica

Comorbidade n %

Osteoartrose 43 6,27 Cardiopatia < 1 ano 41 5,98 Fratura há menos de 1 ano 32 4,66 LER/doença ocupacional 26 3,79 Acidente há menos de 1 ano 21 3,06 Endometriose 18 2,62 Distrofia muscular 13 1,90 Câncer 13 1,90 Seqüela de AVC 10 1,46 Lupus 6 0,87 Esclerose múltipla 3 0,44 Doença de Crohn 3 0,44 HIV/Aids 2 0,29

Page 15: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

7.1%

5.3%

8,2% (n=196)

5.2%

6,3% (n=151)

7,1% (n=170)

5,3% (n=130)

5,2% (n=125)

ANTERIOR POSTERIOR

DIREITA ESQUERDA ESQUERDA DIREITA

Prevalência de Dor Crônica segundo Local da dor (n=2401)

Page 16: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Prevalência de Dor segundo Sexo

Prev

alên

cia

Page 17: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Prevalência de Dor segundo Faixa Etária

Page 18: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Desnutrido (N=55)

Eutrófico (N=1362)

Sobrepeso (N=536)

Obeso (N=299)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Pre

va

lên

cia

(%

)

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Prevalência de Dor segundo Estado Nutricional

38,5%

30,2%26,4%

20%

Page 19: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Prevalência de Dor segundo Escolaridade

35,4%

37,0%27,6%

Page 20: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Prevalência de Dor segundo Situação de Trabalho

Page 21: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Percentual de pessoas segundo comorbidade

Page 22: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Prevalência de Dor Crônica segundo o consumo de medicamentos nos últimos 12 meses

Page 23: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Não Fisioterapia Acupuntura Massagem Outros0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Pe

ss

oa

s c

/ d

or,

se

gu

nd

o u

so

d

e t

era

pia

(%

). N

=6

86

.

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Prevalência de Dor Crônica segundo uso de terapias não-farmacológicas

79,0%

7,5%4,4% 5,4% 6,7%

Page 24: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

RESULTADOS PRELIMINARES

• A prevalência de dor crônica em São Paulo foi de 28,7%

• As mulheres apresentaram prevalência maior que os homens

• A faixa etária mais atingida foi a dos 50 a 59 anos

• A prevalência de dor crônica foi maior em indivíduos obesos

• As comorbidades mais freqüentes foram “problemas na coluna” (22,1%), dor de cabeça/enxaqueca (19,6%) e ansiedade ou outros transtornos psiquiátricos (14%)

• Uma parte significante dos entrevistados não estava recebendo qualquer tratamento para dor e menos da metade estava utilizando medicamentos prescritos por um médico

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Page 25: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Qual o perfil dos pacientes que

buscam tratamento em Centros

de Referência em Dor?

Karine A.S.L. Ferreira, Silvia Regina D. T. de

Siqueira, Manoel Jacobsen Teixeira,

Page 26: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

• Desenho: transversal• Local: Centro Multidisciplinar de Dor da USP• Amostra

– 550 pacientes com dor crônica– Primeira consulta

Dor em Centro de Referência

Page 27: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Dor em Centro de Referência

Características Musculoesquelética Neuropática Oncológica Total p-valor n % n % n % n % Sexo 0,000

Feminino 210 73,7 103 48,4 30 57,7 343 62,4 Masculino 75 26,3 110 51,6 22 42,3 207 37,6

Faixa etária 0,000 <= 25 anos 21 7,4 11 5,2 - - 32 5,8 26 a 59 anos 214 75,1 141 66,2 29 55,8 384 69,8 >= 60 anos 49 17,2 61 28,6 23 44,2 133 24,2 Missing 1 0,4 - - - - 1 0,2

• Dor musculoesquelética: 51,8% (n=285) • Dor neuropática: 38,7% (n=213)• Dor Oncológica: 9,5% (n=52)

Page 28: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Características Total Musculoesquelética Neuropática Oncológica p-valor*

Duração (meses) 0,001

(M>O,0,00)

(N>O, 0,014)

Média (dp) 56,58 (76,24) 64,93 (83,07) 54,01 (71,16) 20,67 (36,1)

Médiana (Q1-Q3) 30 (10-72) 36 (15-81) 24(7-73) 7(5-15)

N de médicos

consultados

0,002

(M>O,0,001)

(N>O, 0,023) Média (dp) 5,82 (5,79) 6,37 (6,46) 5,69 (5,1) 3,29 (3,52)

Médiana (Q1-Q3) 4 (2-7) 5 (3-8) 4(2-8) 2(1-4)

Intensidade da dor 0,080

Média (dp) 7,66 (2,16) 7,94 (1,79) 7,28 (2,58) 7,97(1,57)

Médiana (Q1-Q3) 8 (6,5-10) 8 (7-9,5) 8 (5-10) 8 (6,62-9,75)

Dor em Centro de Referência

Page 29: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Farmacológicos Total Musculoesquelética Neuropática Oncológica p-valor n % n % n % n %

Miorrelaxantes 52 9,7 34 12,1 18 8,8 - - 0,021 Anestésicos locais 5 0,9 - - 5 2,5 - - 0,149 AINH 292 54,6 200 71,4 79 38,7 13 25,5 0,000 Opióides fracos 158 29,5 55 19,6 71 34,8 32 62,7 0,000 Opióides fortes 212 39,6 112 40,0 81 39,7 19 37,3 0,914 Antidepressivos tricíclicos

158 29,5 85 30,4 63 30,9 10 19,6 0,282

Fenotiazínicos 134 25,0 51 18,2 67 32,8 16 31,4 0,001 Anticonvulsivantes 146 27,3 63 22,5 72 35,3 11 21,6 0,009 Corticosteróides 85 15,9 47 16,8 33 16,2 5 9,8 0,451 Vitaminas 72 13,5 34 12,1 37 18,1 1 2,0 0,009

Tratamentos Farmacológicos em Uso

Não tinham alívio completo e satisfatório da dor

Page 30: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Tratamentos Total Musculoesquelética Neuropática Oncológica p-valor n % n % n % n % Não-farmacológicos

Medidas físicas 11 2,1 9 3,2 2 1,0 - - 0,120 Crendices* 35 6,5 16 5,7 19 9,3 - - 0,046 Remédio caseiro 50 9,3 17 6,1 31 15,2 2 3,9 0,002 Acupuntura 94 17,6 57 20,4 35 17,2 2 3,9 0,017 Massagem 41 7,7 23 8,2 18 8,8 - - 0,098 Fisioterapia 243 45,4 152 54,3 85 41,7 6 11,8 0,000 Psicologia 77 14,4 44 15,7 33 16,2 - - 0,009 Procedimentos neurocirúgicos

46 8,6 23 8,2 23 11,3 - - 0,040

Bloqueio Anestésico 88 16,4 54 19,3 34 16,7 - - 0,003 Infiltração 81 15,1 35 12,5 43 21,1 3 5,9 0,001

Tratamentos Não-Farmacológicos em Uso

Page 31: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

e-mail: [email protected]

Page 32: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Take home message

“A Excelência nunca é um acaso, é

sempre o resultado de uma elevada

intenção, uma dedicação sincera,

decisão inteligente, execução

habilidosa, e a visão de ver os

obstáculos como oportunidades ”.

Autor desconhecido

Page 33: EPI-Dor: Retratos da dor no Brasil

Instituto do Câncer de São PauloICESP-FMUSP