Epidemiologia 1

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ÁTRYO PREPARATÓRIOcurso de Epidemiologia

Medicina - BR

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MEDIDAS EM EPIDEMIOLOGIA

• Um dos objetivos da epidemiologia é quantificar as freqüências com que os problemas de saúde ocorrem;

• Para isso existem medidas padronizadas;

• As duas principais são: prevalência e incidência.

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Medidas de freqüência de doença

• Componentes necessários para se medir freqüência de doenças:

– Classificar e categorizar a doença;– Decidir o que será considerado "caso";– Definir a população que está em risco;– Obter permissão para estudar as pessoas;– Medir a freqüência da doença.

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O QUE MEDEM?

• Prevalência: situação atual, casos atuais (velhos + novos); (transversal)

• Incidência: casos novos em um determinado período, por isso precisa de no mínimo duas medidas. (longitudinal)

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LINHA DO TEMPO

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LINHA DO TEMPO

T0: A0 são os que já iniciaram o estudo doentes e C0 é o resto da população (que está

sadia);

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LINHA DO TEMPO

T1: A1 são aqueles mesmos doentes que já estavam assim no início do estudo, e que não se curaram, B1

são as pessoas que adoeceram neste período de tempo (entre T0 e T1) e C1 são os sujeitos que cismam

em continuar sadios;

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LINHA DO TEMPO

T2: A2 são aqueles mesmos doentes do início do estudo, e que não se curaram, B2 são as pessoas que adoeceram neste período de tempo (agora o tempo vai de T0 a T2 - ou seja B1 mais novos doentes) e C2

são os sujeitos que não adoeceram mesmo.

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COMO MOSTRAR AS MEDIDAS?

• Na cidade A morrem 84 recém-nascidos;• Na cidade B morrem 20 recém-nascidos;

Pergunta: em que cidade morrem mais crianças?

Resposta: qual o denominador?

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MEDIDAS ABSOLUTAS E RELATIVAS

• Absoluta: número puro obtido pela pesquisa. – Ex.: em RG 84 recém-nascidos morrem

por ano.

• Relativa: número levando em conta um coeficiente (por mil, por 10 mil, …). – Ex.: por ano, morrem 12 recém-nascidos

por mil.(supondo em RG nascessem 7 mil crianças/ano)

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Estudando amostras de populações

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CÁLCULOS – tabela 2 X 2

DOENTES

NÃO-DOENTES

EXPOSTOS A B

NÃO-EXPOSTOS C D

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• Exposição: fator de interesse a ser estudado,

• pode ser Não-doente: pessoa isenta da doença de interesse do estudo. Não quer dizer que seja 100% saudável;

• Doente: pessoa que possui a doença (evento) de interesse.

CONCEITOS

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Cálculo da Prevalência

DOENTES

NÃO-DOENTES

EXPOSTOS A B

NÃO-EXPOSTOS

C D

Prevalência =A + C

A + B + C + D

A prevalência nada mais é do

que o número de doentes sobre

toda a população

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Relação Prevalência-Incidência

• Quanto maior a incidência de uma doença, maior tende a ser sua prevalência. Exceções: picos epidêmicos, como a dengue, que podem não ser detectados em estudos de prevalência;

• Doenças de longa duração podem apresentar alta prevalência e baixa incidência. Ex.: hipertensão (muitas pessoas doentes por longos períodos, porém com relativamente poucos casos novos).

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EXEMPLO - SAZONALIDADE

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TAXA DE INCIDÊNCIA• Expressão da freqüência com que surgem

novos casos de uma doença, ou problema de saúde, por unidade de tempo, e com relação ao tamanho de uma determinada população.

– Ex.: 2,2 óbitos/milhão de habitantes por dia

A taxa sempre nos dá a idéia de velocidade com que os fatos ocorrem, como quando dizemos que um carro anda a 80 Km/h

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TAXA DE INCIDÊNCIA

• O cálculo da taxa é a razão entre o número de casos novos, e o total de pessoas-tempo, matematicamente:

TI =Casos novos

Pessoas-tempo

O cálculo para se chegar ao número de “pessoas-tempo” varia de acordo com o tipo

do estudo.

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PESSOAS-TEMPO?????• Período durante o qual o indivíduo esteve

exposto ao risco de adoecer. Se adoecesse seria considerado um caso novo.

• As experiências individuais devem ser somadas para se chegar ao resultado final. – 1 pessoa durante um ano sem desenvolver a

doença é 1 pessoa-ano;– 2 pessoas acompanhadas por 6 meses cada (sem

adoecer) contribuem com meia pessoa-ano cada;

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INCIDÊNCIA ACUMULADA

• Representa uma estimativa do risco de desenvolvimento de uma doença ou agravo em uma população, durante um intervalo de tempo determinado.

Incidência Acumulada =

Nº casos novos no período

População (fixa) exposta no início do

período Exemplo de resultado: o risco de um sujeito HIV

positivo desenvolver AIDS dentro de 10 anos é cerca de 50%

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Taxa de Incidência ≠

Incidência Acumulada

• O cálculo da taxa de incidência leva em conta o fato de que, à medida que as pessoas morrem ou adoecem, o denominador da taxa diminui, e isso não ocorre com a incidência cumulativa, onde o denominador é fixo.

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CONCEITOS

• A seguir temos 3 conceitos que seguidamente aparecem vinculados às medidas.

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MORBIDADE

• Qualquer condição de saúde que impeça o indivíduo de desempenhar todas suas funções biológicas plenamente. Algo que não mata (ou ainda não matou), mas atrapalha e diminui a qualidade de vida.

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LETALIDADE

• Capacidade de matar. Algo pode ser muito letal e apresentar uma mortalidade baixíssima.

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MORTALIDADE

• Número de mortos, expresso como um número inteiro ou uma porcentagem.

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Prevalência 1

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Prevalência 2

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Prevalência 3

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Associação & Causalidade

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ASSOCIAÇÃO

• Algo que está associado com um fator é alterado por este fator. Sempre que o fator muda isso implicará em mudanças no desfecho;

• Sempre que uma aumenta ou diminui, a outra aumenta ou diminui. Se eu digo que x está associado com y, sempre que eu alterar x o y será alterado também.

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CAUSALIDADE

• Estuda o papel de fatores que possam ser responsáveis pela existência de doenças ou condições;

• Uma causa é qualquer evento, condição ou característica que exerça função primordial na ocorrência de uma doença ou condição.

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A ARANHA

• PIADA SEM GRAÇA

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Associação X Causalidade

• Associação: existe uma fortíssima associação entre “não ter pernas” e não obedecer (ou ser surda), já que todas as aranhas sem pernas não obedecem (ou são surdas).

• Causalidade: o que causou essa desobediência da aranha?

• ficar surda?• não conseguir andar por não ter pernas?

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INDO AOS EXTREMOS• Muitas coisas estão altamente associadas,

porém não têm nenhuma relação de causalidade.

• Existe uma alta associação entre usar óculos e morte cardiovascular, uma vez que quase 100% dos que morrem do coração são usuários de óculos.

• Qual a plausibilidade biológica disso?• Será que a idade não é o fator em comum

que leva pessoas a usar óculos e a morrer do coração?

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MARCADORES

Carregar fósforos ou isqueiro tem uma alta associação com câncer de

pulmão.

Fósforo/isqueiro causa ca de pulmão?

Não – é um marcador, mas nada tem a ver com causalidade, apenas aparece

junto.

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Associação Estatística Vs. Importância Clínica e Validade Externa

• Sem dúvida a estatística é importante, mas não pode ser a única ferramenta usada para o julgamento da aplicação ou não de uma nova estratégia– Ex.: uma nova droga anti-hipertensiva será testada. Ela

é mais cara que a antiga e existe a dúvida se vale a pena recomendar esta droga ao invés da antiga.

– Uma amostra de 15 mil pessoas é selecionada e é possível provar que ocorreu uma queda (estatisticamente significativa) de 2 mmHg na pressão sistólica com a nova droga, portanto, matematicamente esta droga é melhor do que a antiga.

– Clínica e eticamente, seria conveniente começar a prescrever esta droga ao invés da antiga, pregando que ela é melhor?

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Associação Estatística Vs. Importância Clínica e Validade Externa

• A validade externa ou generalização também precisa ser levada em conta.

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Critérios de Hill• FORÇA DE ASSOCIAÇÃO (strength of association)

Quanto mais elevada for a medida de efeito (RR, OR, etc.), maior a plausibilidade de que a relação seja causal. O que não quer dizer que uma associação fraca não possa ser causal.Exemplos de associações fortes: limpadores de chaminé (200 X ca de escroto) fumantes pesados (30 X ca de pulmão).

• CONSISTÊNCIA (consistency)

A associação também é mostrada em vários locais, pessoas e tempos (e inclusive com diferentes delineamentos – se aplicável), ou seja, é possível reproduzir várias vezes o estudo, obtendo resultados semelhantes? Ex.: todos estudos no mundo, mostram existir uma forte associação entre sedentarismo e obesidade.

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Critérios de Hill• ESPECIFICIDADE (specificity)

Esta exposição leva apenas ao desfecho?Uma causa é específica se ao introduzirmos o fator causal a doença ocorre, e ao retirarmos o efeito não ocorre. Devido à multi-causalidade da maioria das doenças, este critério deve ser analisado sempre com muito cuidado e embasamento teórico.

• TEMPORALIDADE (temporality)

A causa deve sempre preceder o efeito. Os estudos longitudinais e os retrospectivos são os únicos que conseguem analisar este critério, pois conseguem ver o que veio antes – causa ou efeito.

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Critérios de Hill• PLAUSIBILIDADE BIOLÓGICA (biologic plausibility)

Essa associação faz sentido biologicamente? Os achados são coerentes com os preceitos científicos conhecidos até o momento?Quanto menos se sabe sobre determinada doença, menos pode-se avaliar este critério.Os estudos sobre câncer e uso de celulares foram todos abandonados por esta falha, faltava plausibilidade biológica para provar a associação causal.

• RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA (dose-response effect)

Quanto mais exposição ao fator de risco, maior a chance de adoecer ou maior a gravidade da doença. Ex.: tabagismo e ca de pulmão, quanto mais cigarros fumados maior a mortalidade pelo câncer.

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Critérios de Hill• EVIDÊNCIA EXPERIMENTAL (experimental evidence)

A teoria foi provada corretamente metodologicamente através de experiências (com animais e humanos)? Ao retirar o fator em laboratório, o desfecho diminuiu ou desapareceu?Muitas vezes este critério não pode ser avaliado por questões éticas.

• ANALOGIA (analogy)

Esta associação é similar a outras? Uma analogia simples pode aumentar a credibilidade para uma atribuição de causalidade. Por exemplo, se determinada droga é reconhecidamente causadora de malformação congênita, talvez uma similar que está em estudo também o seja.

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CAUSA SUFICIENTE

• Uma causa suficiente precede a doença e se a causa está presente, a doença irá ocorrer inevitavelmente.

• Com a aceitação da multicausalidade para a maioria das doenças, exemplos de causas suficientes são raros, e a maioria deles se encontra no campo da genética, onde síndromes e anomalias cromossômicas resultam sempre em problemas.

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CAUSA NECESSÁRIA

• Uma causa necessária precede a doença e se a causa está ausente, a doença não pode ocorrer. Exemplos destas causas são muito comuns em doenças infecciosas.

• Exemplo:– Mycobacterium tuberculosis

tuberculose

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CAUSA CONTRIBUINTE• É uma causa que apesar de não ser suficiente nem

necessária, contribui muito para aumentar o risco de se adoecer. Exemplos: – sedentarismo e hipertensão;

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Estudos de Casos e Controles

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DEFINIÇÃO• Delineamento em que partindo de

um grupo de pessoas com determinada condição ou doença (casos), comparamos estas pessoas com um grupo semelhante que não tenha esta condição ou doença (controles);

• Analisando as semelhanças e diferenças entre os dois grupos tentamos entender a doença;

• Parte do doente, e não da população.

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DEFINIÇÃO

CASOS

CONTROLES

PASSADO

DIFERENÇASCONCLUSÕES

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CARACTERÍSTICAS

• A principal característica destes estudos é a formação de pelo menos dois grupos distintos: casos e controles;

• Nestes estudos, os dois grupos são questionados (ou via parentes, prontuários, etc.) sobre as exposições passadas e possíveis fatores de risco;

• O propósito destes estudos é identificar características que ocorrem em maior ou menor freqüência entre casos do que entre os controles.

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PAREAMENTO

• Parear significa alocar sujeitos semelhantes aos casos para comparação;

• Pode ser natural (vizinhos, irmãos, amigos, cônjuges, etc.), ou artificial (segundo critérios do investigador);

• Os controles existem para representar a população de onde saíram os casos;

• As variáveis usadas devem ser aquelas mais provavelmente ligadas ao confundimento;

• O objetivo do pareamento é equalizar estas variáveis entre casos e controles, desfazendo a associação entre a variável de confundimento e a doença.

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PAREAMENTO

• A principal razão para se parear é controlar os fatores de confusão. Entenda-se por fator de confusão algo que esteja associado ao agravo, porém não é causal;

• Nunca podemos estudar o efeito do fator que pareamos, simplesmente porque se emparelhamos as pessoas por idade, por exemplo, a idade não pode ter efeito algum sobre nada, já que será a mesma para todos.

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Quando emparelhar?

• Só vale a pena emparelhar quando o fator de emparelhamento estiver muito associado com a doença e a exposição;

• Os dois fatores para os quais mais comumente se emparelha são idade e sexo;

• Outros como local de residência, de trabalho, renda e paridade da mãe também podem ser usados. Cada estudo define que tipo de pareamento é mais indicado.

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Estudos de Coorte

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DEFINIÇÃO

• Grupo de pessoas acompanhado ao longo do tempo e que periodicamente é investigado por pesquisadores que vão agrupando dados sobre estas pessoas;

• Também conhecidos como: •estudos de incidência (incidence);•longitudinais (longitudinal) ou •de seguimento (follow-up).

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DEFINIÇÃO

• Para que um estudo seja considerado longitudinal, no mínimo duas investigações devem ser feitas com a população em estudo;

• Este delineamento é usado freqüentemente para problemas comuns, como doenças cardiovasculares, acidentes de trânsito, infecções, mortes por qualquer causa, etc.

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Exemplos de Coorte

• Coorte de nascimentos de Pelotas (1982);

• Framinhghan Heart Study (USA);• Alunos de medicina durante o curso (do

1º ao 5º ano);• Empregados de uma grande indústria;• Acompanhar por alguns anos todos

soldados que serviram em determinado quartel.

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TIPOS DE COORTE

• Fixa: o estudo é iniciado com uma população a ser acompanhada e com o tempo esta população só vai diminuindo (ninguém entra);

• Dinâmica: o estudo aceita que pessoas entrem ao longo do mesmo. Ex.: a população de uma cidade.

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Temporalidade: PROSPECTIVAS

• É o tipo “clássico” de coorte;

• Exposição e doença não são conhecidos no início do estudo;• Os grupos são montados, coletados os dados basais e continua-se a coletar dados com o passar do tempo;• É o mais próprio para inferência causal.

ESTUDO EXPOSIÇÃO DOENÇA

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Temporalidade - AMBISPECTIVAS

• Dados de exposição coletados no passado enquanto a doença é desconhecida, segue-se a coorte para observar a ocorrência da doença.

ESTUDO DOENÇAEXPOSIÇÃO

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Temporalidade - RETROSPECTIVAS

• Exposição e doença foram coletados no passado e os registros estão disponíveis. Muito usados para doenças com longo tempo de indução ou relativamente raras

ESTUDODOENÇAEXPOSIÇÃO

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Exemplos de coortes Retrospectivas

• estudar os expostos à bomba de Hiroshima e segui-los até o presente para ver alguns desfechos como morte, câncer, etc;

• identificar um grupo exposto ao raio-x in utero e outro que não sofreu exposição. Depois procurar saber quantos, de cada grupo, tinham ficado com câncer durante a infância ou adolescência.

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Vigilância Epidemiológica

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O QUE É VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ?

• Procedimentos de prevenção de doenças através de uma rede de coleta, análise e divulgação de estatísticas vitais;

• Função principal: coletar e analisar sistematicamente dados e fatos que possam desencadear ações de prevenção e combate às doenças;

• Referência Mundial – CDC – Atlanta – USA.

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Centers for Disease Control and Prevention (CDC)

• Propôs as diretrizes (indicadores) de avaliação da vigilância:– Indicadores epidemiológicos: freqüências,

mortalidade e letalidade de cada doença são avaliadas para indicar a importância do agravo à saúde. Avaliação do impacto real de ações de combate aos agravos ;

– Indicadores operacionais: instrumentos usados para avaliar o desempenho das atividades de vigilância de acordo com os atributos considerados

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ATRIBUTOS DA VIGILÂNCIA

• São os itens a avaliar em qualquer programa de saúde;

• Divididos em Utilidade e Qualidade:• UTILIDADE: Capacidade do sistema

em detectar epidemias, tendências, identificar fatores de risco e avaliar o impacto das medidas de controle.

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QUALIDADE DA VIGILÂNCIA• Aceitabilidade:

– capacidade de “conquistar” a população;– poucas recusas (formulários em branco ou mal

preenchidos);– população percebe que aquela ação lhe trará

benefícios futuros;

• Sensibilidade:– capacidade de detectar casos verdadeiros do

evento. (Valor Preditivo Positivo = refere-se à proporção de casos positivos que são de fatos positivos. Um sistema que apresente baixo VPP resulta em um grande número de falso-positivos, gerando despesas desnecessárias)

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QUALIDADE DA VIGILÂNCIA• Representatividade:

– capacidade de atingir todas parcelas da população (sem viés de seleção);

– extremamente fraco em países como o Brasil, em que a parcela da população que procura auxílio na rede privada de saúde dificilmente serve como fonte de dados para o serviço de vigilância.

• Oportunidade: – capacidade do sistema de saúde em fornecer

medidas de controle e prevenção às doenças rápida e oportunamente;

– avalia principalmente o tempo decorrido entre as fases de ocorrência do agravo e início das ações epidemiológicas de prevenção e controle.

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QUALIDADE DA VIGILÂNCIA

• Simplicidade:– capacidade do sistema em realizar o que se

propôs, de forma simples e objetiva, sem perder a qualidade na obtenção de informações.

• Flexibilidade:– capacidade do sistema em se moldar de

acordo com o local em que está sendo aplicado, e principalmente no ritmo das mudanças que podem surgir.

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NO BRASIL• A FUNASA é responsável pela coordenação do Sistema

Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) - composto pelas unidades do SUS, que notificam e orientam condutas sobre o controle de doenças;

• O SNVE atua nos seguintes níveis:Nacional: Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Saúde, em Brasília/DF;

Estadual: Secretaria Estadual de Saúde e Conselho Estadual de Saúde, nas capitais estaduais;

Municipal: Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Municipal de Saúde, nas sedes municipais;

Local: são os centros e postos de saúde, igrejas, hospitais, laboratórios e escolas. Fazem principalmente diagnóstico e notificação de doenças, agindo diretamente com a comunidade, investigando casos e surtos, tratando e orientando.

• As ações do SNVE dependem da notificação de agravos à saúde;

• Esta estratégia funciona com doenças agudas, mas não é indicada para males crônicos e “silenciosos”, já que o diagnóstico destes males costuma ser tardio. Nestas situações usa-se a Vigilância Sentinela.

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Vigilância Sentinela• É uma busca ativa de informação sobre problemas

específicos, muitas vezes aumentando inclusive a representatividade dos dados pois ao se incluir no monitoramento os serviços privados, inclui-se uma parcela da população que freqüentemente é excluída do sistema de vigilância epidemiológica;

• Faz o mapeamento da soroprevalência de infecções inaparentes, como a hepatite A, cujo estudo demanda a realização de exames sorológicos caros;

• Em resumo, ao invés de esperar que no fim do ano os serviços de saúde informem as doenças encontradas no período; ou ao invés de conduzir pesquisas populacionais caras, monta-se um esquema de busca dos problemas no momento em que eles estão ocorrendo.

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Vigilância Epidemiológica de doenças não transmissíveis

• Trabalha com o grupo de doenças mais prevalentes do país;

• É muito abrangente, mas o foco está principalmente nas doenças cardiovasculares, crônico-degenerativas, agravos decorrentes das causas externas (acidentes, violências e envenenamentos) e os transtornos de natureza mental;

• Da mesma forma que a epidemiologia em geral, a vigilância precisou se adaptar com o fenômeno da transição epidemiológica. Para tal precisou incluir em suas diretrizes tópicos como HAS, diabetes, aterosclerose, cânceres, etc.

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Vigilância Ambiental em Saúde

• Pesquisa os fatores biológicos (vetores, hospedeiros, reservatórios, animais peçonhentos), qualidade da água, contaminantes ambientais que possam interferir na qualidade da água, ar e solo, e os riscos decorrentes de desastres naturais e de acidentes com produtos perigosos;

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W E B S I T E SRIO GRANDE DO SUL • http://www.saude.rs.gov.br

BRASIL• www.saude.gov.br (Ministério da Saúde)• www.funasa.gov.br (Fundação Nacional de Saúde)

EUA• www.cdc.gov (Centers for Disease Control and

Prevention)

MUNDO• www.who.int (World Health Organization)

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Medidas de Associação

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UTILIDADE

• As medidas de associação servem para nos indicar a força da associação entre um fator e um desfecho;

• Quantificam a influência que um fator tem sobre um resultado;

• Este fator pode ser uma exposição, um fator de risco ou de proteção, e o resultado é a ocorrência de uma doença, condição ou qualquer outro tipo de desfecho estudado.

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EXEMPLOS

• Crianças que nascem com menos de 2500g têm uma chance X% maior de morrerem antes de completar um ano;

• Fumantes têm 22 vezes mais risco de adoecerem de câncer de pulmão do que não-fumantes;

• Entre aqueles que têm câncer de próstata, apenas X% apresentam uma dieta pobre em gordura animal.

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CONCEITOS BÁSICOS

• RAZÃO (ratio): é a divisão de um número por outro. Pode ir de 0 a + . – Exemplo: em Rio Grande há 1 telefone

celular para cada 12 habitantes• O numerador e o denominador não precisam

ter relação nenhuma (telefones e habitantes).

1 / 12 = 0.08

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CONCEITOS BÁSICOS• PROPORÇÃO: é uma razão em que o

numerador está contido no denominador. Por isso deve variar de 0 a 1.

– Exemplos: se em 50 crianças, 10 estão desnutridas, a proporção é de 0,2, ou 20% (10/50 = 0,2). Em Rio Grande há 1 celular para cada 10 telefones (fixos + celulares)

• Existe uma relação entre numerador e denominador.

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CONCEITOS BÁSICOS

• Arremesso de dados• Chance de cair um determinado

número:– Proporção: 1/6 = 0,16;– Odds: 1/5 = 0,20

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R I S C O

• O termo “risco” nos informa amplamente a chance de algum evento acontecer;

• Em epidemiologia existem várias maneiras de expressar risco. Uma delas é estabelecer diferenças entre 2 populações e comparar a chance de ocorrer um evento em uma e na outra.

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RISCO RELATIVO - RR

• Razão entre o risco de morrer (adoecer ou ter um episódio) em uma população exposta a um determinado fator, e em uma população não exposta ao fator.

• O risco relativo nos responde quantas vezes é maior o risco de se desenvolver a doença entre os indivíduos expostos em relação aos não-expostos.

Page 81: Epidemiologia 1

RISCO RELATIVO

• Fórmula básica:

RR = freqüência entre os expostos

freqüência entre os não-expostos

É sempre calculado comparando dois grupos: expostos e não-expostos. Matematicamente, é

a incidência entre os expostos dividida pela incidência entre os não-expostos.

Page 82: Epidemiologia 1

RR - INTERPRETAÇÃORR > 1 A exposição é

risco

O nº de expostos doentes é maior que o de não expostos doentes

Se o numerador é maior, o resultado da divisão é sempre algo maior que 1

RR = freqüência entre os expostos

freqüência entre os não-expostos

RR = 10

2

RR = 5

Page 83: Epidemiologia 1

RR - INTERPRETAÇÃORR < 1 A exposição é um

fator de proteção

O nº de expostos doentes é menor que o de não expostos doentes

Se o numerador é menor, o resultado da divisão é sempre algo menor que 1

RR = freqüência entre os expostos

freqüência entre os não-expostos

RR = 6

12

RR = 0.5

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RR - INTERPRETAÇÃO

• Transformar o resultado numa proporção facilita para o público leigo.

• Dizer que o RR = 1.5 é o mesmo que dizer que tem uma chance 50% maior.

Alguns estudos apontam para os fumantes um RR para câncer de pulmão acima de 20, ou seja, acima

de 1000% a mais de chance de ter a doença.

Page 85: Epidemiologia 1

OUTRAS FÓRMULAS

• Às vezes o risco pode ser calculado assim:

Razão de Incidência (RI) =

incidência nos expostos

incidência nos não-expostos

Razão de Prevalências (RP) =

prevalência nos expostos

prevalência nos não-expostos

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Exemplos de Risco Relativo

Tipo de leite diarréia IRA’s Outras

Peito 1.0 1.0 1.0

Peito + em pó 4.5 2.1 0.1

Peito + vaca 3.4 1.2 1.4

Em pó 16.3 3.9 2.3

De vaca 11.6 3.3 2.6

Riscos Relativos para algumas infecções de acordo com o tipo de leite (Victora et al., Lancet, 1987)

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Intervalos de Confiança

• Tanto para RR quanto para OR, sempre que o IC95% contém a unidade (1), o resultado não é significativo.

• Por que?• Como os dois são calculados por uma

divisão, sempre que o resultado de uma divisão é 1, significa que não há diferença entre numerador e denominador.

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Intervalo de Confiança

Leite Diarréia (IC95%) IRA’s (IC95%) Outras (IC95%)

A -- -- --

B 4.5 (1.7 – 3.6) 2.1 (0.8 – 6.0) 0.1 (0 – 0.7)

C 3.4 (1.1 – 10.3) 1.2 (0.4 – 3.4) 1.4 (0.2 – 7.9)

D 16.3 (6.4 – 8.2) 3.9 (1.8 – 8.7) 2.3 (0.5 – 1.3)

E 11.6 (4.5 – 29.8) 3.3 (1.4 – 7.8) 2.6 (0.9 – 7.0)

Dados fictícios

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Errar é humano.Botar a culpa em outro é mais

humano ainda.

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EOS E VIESEZ

Page 91: Epidemiologia 1

DEFINIÇÃO

• Erros ou vieses nada mais são do que fatores que levam (induzem) o pesquisador a encontrar um resultado distorcido, diferente da realidade;

• Quando um viés ocorre o poder de uma associação entre causa e feito pode ser modificado, chegando algumas vezes a inverter o sentido desta associação.

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CONCEITOS• População Externa: todos os

indivíduos para os quais se gostaria de generalizar os resultados de um estudo. – Exemplo: adultos de 20 a 65 anos.

• População-alvo: grupo restrito de pessoas sobre o qual o estudo poderá fazer inferências. – Exemplo: moradores adultos de Rio

Grande.

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CONCEITOS• População real: indivíduos elegíveis para entrar no

estudo. – Exemplo: dos moradores de RG, aqueles que seriam

captados pelo estudo.

• Amostra representativa: é uma amostra que se assemelha à população original sob todos os aspectos (principalmente sexo, idade, cor de pele, renda, etc.).

• O termo “representativa” significa que todos os indivíduos da população de onde saiu a amostra tinham a mesma chance de ser incluídos na amostra.

• A representatividade não tem a ver com o tamanho da amostra, a precisão da amostra é que depende do tamanho da mesma.

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VALIDADE

• EXTERNA: possibilidade de se extrapolar os achados de uma pesquisa para a população externa ao estudo, como para outras cidades e países.

• INTERNA: capacidade de extrapolar o resultado de um estudo para toda população estudada. Quando um estudo tem validade interna, ele mediu realmente o que se propôs a medir.

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EOS

• ALEATÓRIO: também conhecido como erro não-diferencial ou erro causal. Este tipo de erro produz achados que são muito altos ou muito baixos em quantidades aproximadamente iguais;

• SISTEMÁTICO: erro que ocorre sempre (ou quase sempre), e que desvia o resultado sempre da mesma maneira. Este tipo de erro pode reverter uma associação ou dissolver a real associação entre um fator e o desfecho.

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CEGAMENTO

• Artifício usado em pesquisa para evitar distorções que poderiam surgir devido principalmente aos aspectos comportamentais e psicológicos que envolvem pesquisas com humanos;

• A definição dos tipos de cegamento varia, o ideal é que o pesquisador informe o que realmente foi feito.

Page 97: Epidemiologia 1

CEGAMENTOS• Não-cego: participantes e profissionais que

acompanham o estudo sabem a que grupo cada sujeito pertence.

• Uni-cego: quando o sujeito a ser analisado não sabe a que está sendo submetido. O pesquisador sabe quem recebeu o que, os sujeitos não.

• Duplo-cego: quando nem os sujeitos nem os pesquisadores que estão próximos deles sabem a que grupo cada um pertence.

• Triplo-cego: é quando os participantes, os médicos que lidam com eles e os pesquisadores que farão a análise dos dados não sabem a que grupo cada um pertence.

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V I É S

• São sinônimos: vício, erro diferencial ou tendenciosidade;

• Fator que induz o pesquisador ao erro, produzindo desvios ou distorções;

• Torna-se um problema sério quando enfraquece uma associação verdadeira, produz associação espúria ou distorce a direção aparente de uma associação entre variáveis;

• Os autores da epidemiologia foram classificando estes erros na medida em que eles surgiam em sua prática de pesquisa.

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VIESES

• Viés de Seleção– A escolha dos sujeitos que pertencerão ao estudo

pode levar a conclusões que não se aplicam à toda população. A alocação dos sujeitos para os diferentes grupos de um estudo também pode resultar num viés.

– Ex.: um entrevistador precisa escolher casas para realizar entrevistas, e tende a bater nas casas de melhor aparência. Essa amostra não representará a população do local, já que nem todos terão a mesma chance de entrar na amostra.

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VIESES• Viés de medição ou de aferição

– É introduzido por falhas mecânicas ou humanas, levando a erros sistemáticos ou aleatórios.

– Ex.: num trabalho de campo algumas balanças não estão aferidas.

• Viés de recordatório ou de memória – Quando ocorre um evento marcante como uma

doença grave, esta pessoa pode refletir mais sobre os fatores envolvidos na determinação da doença.

– Ex.: mães que tiveram filhos anormais tendem a pensar mais sobre sua gestação e provavelmente se lembrem mais de infecções, medicamentos ou lesões.

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VIESES• Viés do entrevistador/pesquisador

– a maneira com que o pesquisador ou entrevistador conduz a pesquisa pode exercer influência sobre a resposta obtida.

– Ex.: um pesquisador quer provar que mulheres brancas apresentam menos déficit cognitivo do que as negras, e ao aplicar os testes nas brancas fala mais pausadamente.

• Viés de Berkson ou de hospitalização – Pacientes com uma determinada característica

podem ser examinados ou hospitalizados mais freqüentemente do que pacientes sem esta característica.

– Ex.: mulheres que tomam AO são mais diagnosticadas com ca de colo de útero.

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VIESES

• Viés de seguimento (follow-up bias) – Em um estudo longitudinal as perdas podem ocorrer

de forma desigual entre 2 ou mais grupos estudados, distorcendo as associações encontradas.

• Viés do não respondente (non respondent bias) – As pessoas que não respondem a um questionário, a

princípio são diferentes daquelas que responderam. – Ex.: em uma pesquisa sobre tabagismo e fatores

associados para doenças crônicas, é enviado por correio um questionário, e a taxa de não respondentes é bem maior entre os fumantes do que entre os não-fumantes.

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VIESES• Viés do trabalhador sadio ou auto-seleção (membership bias)

– Sujeitos com determinada característica podem ter maior probabilidade de entrar em um estudo.

– Ex.: num estudo de saúde ocupacional numa indústria descobre-se que os empregados têm menor morbi-mortalidade do que a população em geral. (para estar empregado e ativo é preciso estar relativamente saudável)

• Viés de sobrevivência ou incidência/prevalência– É quando a doença ou o fator estudado tem

características diferentes entre os grupos de estudo, podendo levar a associações distorcidas.

– Ex.: num estudo de AIDS, a prevalência de doentes entre os pobres é maior, no entanto o tempo de sobrevivência dos ricos é maior. Como os ricos ficam mais tempo vivos, parece que existem mais ricos doentes do que pobres.

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Causalidade Reversa

• Acontece quando não é possível estabelecer o que surgiu antes – causa ou efeito.

• Quando a exposição pode mudar como resultado da doença, e não se sabe o que veio antes, o “fator de risco” ou o desfecho. – Exemplos: associações entre obesidade e

exercício físico, calvície e uso de chapéu, etc.;

• Pode ocorrer em estudos transversais e de casos e controles.

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Causalidade Reversa

O QUE FAZER? • Após coletados os dados nada pode ser

feito, apenas é preciso reconhecer a causalidade reversa, discuti-la e de preferência não fazer estudos testando hipóteses quando a priori já se tenha consciência deste problema.

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Fatores de Confusão (Confounding Factors)

• Confusão é uma situação em que os efeitos de duas variáveis são difíceis de separar um do outro. É uma mistura de efeitos;

• Um pesquisador tenta mostrar associação de uma exposição com um desfecho, mas na realidade acaba medindo o efeito de um terceiro fator, chamado de “variável de confusão”;

• Para ser considerada como confusão, a variável precisa estar associada com o desfecho, estar associada com a exposição sendo avaliada e não fazer parte da cadeia causal que liga a exposição ao desfecho.– Ex.: idade materna e paridade como causas para

baixo peso ao nascer.

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Fatores de Confusão

• A confusão pode ser controlada após a coleta de dados, desde que os mesmos tenham sido coletados de maneira que possibilite tal controle;

• Para detectar confusão deve-se fazer uma análise estratificada pelo fator de confusão, mostrando que os riscos entre os diferentes estratos são similares entre si, mas diferentes do risco bruto;

• Além disso, o referencial teórico é um excelente auxiliar na formulação de suspeitas de confusão.

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Detectando Confusão

• Um estudo avaliou em pessoas de alta e baixa renda a influência de ter carro ou não sobre a anemia;

• Na amostra total (ricos + pobres) o RR para ter carro foi 0.2 (ter carro parece proteger contra anemia), mas estratificando por renda o RR entre os pobres e os ricos foi igual a 1;

• A renda é o fator de confusão, na verdade ter dinheiro é que protege contra anemia.

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Fatores Mediadores

• São parte da cadeia causal que liga uma exposição a um desfecho, e portanto não podem ser fatores de confusão;

• Estes fatores por si só não levam ao desfecho, mas estão sempre na cadeia causal;– Ex.: a depressão é um fator mediador

entre morar sozinho e o suicídio; a hipertensão é mediadora entre o sedentarismo e a cardiopatia isquêmica.

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Erros de Classificação (Misclassification)

• Ocorrem quando sujeitos são alocados equivocadamente nos grupos de estudo.– Ex.: num estudo de casos e controles sobre

dislipidemias em pessoas que não consomem medicamentos contra esse problema, uma pessoa que consumiu ultimamente medicação é equivocadamente classificada como não tendo dislipidemia, quando na realidade ela apresenta este problema porém ele está mascarado pelo uso de remédios.

• O conceito de erro de classificação está atrelado aos conceitos de sensibilidade e especificidade.

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Especificidade & Sensibilidade

• Os testes diagnósticos são imperfeitos;• Alguns indivíduos saudáveis podem ser

classificados como doentes (falso positivo) e outros que realmente são doentes podem não ser detectados (falso negativo);

• A acurácia de um procedimento diagnóstico é comumente medida através da:– sensibilidade (proporção de positivos verdadeiros

identificados corretamente) e – especificidade (proporção de negativos verdadeiros

identificados corretamente).• Para estimar devidamente a sensibilidade e

especificidade, é preciso conhecer o estado real do indivíduo ("padrão-ouro“).

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Modificadores de Efeito

• Quando o efeito de uma exposição sobre um desfecho varia conforme o nível de uma terceira variável, diz-se que há modificação de efeito. – Exemplo: a falta de aleitamento materno é um

forte fator de risco (RR = 23) para a morte por diarréia em crianças com menos de 2 meses. Para crianças com idades entre 2 e 12 meses, a falta de leite continua sendo um fator de risco, porém representando um risco bem menor (RR = 5). A idade, portanto, modifica o efeito do aleitamento.

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INTERAÇÃO

• É uma modificação de efeito;• Interagir não é apenas “agir ao mesmo

tempo”, interagir é aumentar o poder de determinado fator em causar uma doença. O efeito dos dois fatores juntos é maior do que se somássemos o efeito dos dois separados.– Ex.: para determinada doença, o fumo

representa um risco de 2; para a mesma doença, o álcool representa um risco de 3; caso a pessoa fume e beba, o risco dela não será apenas 5, mas algo acima de 6.

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• MONITORAMENTO versus VIGILÂNCIA

• “ EPIDEMIOLOGIA = Ciências Sociais + Estatística + Medicina “ ( Palmeira)

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3. ÍNDICES E COEFICIENTES SANITÁRIOS • Mensurar o estado de saúde e bem-estar de uma determinada população

visando o diagnóstico e intervenções além de permitir que seja avaliado o impacto produzido nesta população

• INDICADORES – documentam as condições de vida da população e dimensionam o espaço social em que ocorrem as mudanças no estado de saúde ( OPAS, 1998)

• VARIÁVEIS POPULACIONAIS – permite conhecer as principais doenças e agravos à saúde que atingem uma determinada comunidade, os grupos mais susceptíveis, as faixas etárias mais atingidas, os riscos mais relevantes e os mecanismos efetivos de controle para cada caso.

• DADOS PRIMÁRIOS• DADOS SECUNDÁRIOS• Fatores que interferem na qualidade dos dados – • - captação / notificação• -qualidade da informação – quem informa ?• - tratamento / gestão dos dados/ sistematização• - organização dos bancos de dados• - interpretação /diagnóstico• - ações resultantes• - VALIDADE – corresponde ao grau em que um instrumento é capaz de

medir o “ verdadeiro valor” de um fenômeno• -CONFIABILIDADE – grau de repitibilidade da medida ou seja de

concordância dos resultados obtidos em diferentes medições do mesmo objeto

Page 116: Epidemiologia 1

• VARIÁVEIS – São os atributos das unidades de análise que admitem variação. São as características a serem comparadas. Devem ser uniformes quanto à sua definição e ao modo de aferição . Essa uniformidade deve dada pela definição operativa.

• VARIÁVEL DEPENDENTE – é sempre expressa em número de pessoas acometidas por uma determinada doença ou falecidas. Os dados colhidos DIRETAMENTE das fontes de informação são dados não-trabalhados e são designados VALORES ABSOLUTOS.

• Os valores absolutos , quando relacionados à variável independente passam a ser denominados FREQÜÊNCIAS ABSOLUTAS associadas À referida variável. Ex. : diferentes categorias de mortalidade e morbidade.

• EX. freqüências absolutas – Suicídios segundo Unidades da Federação – pág. 32

• INDICADOR – representa uma variável a ser estudada, sujeito à uma verificação empírica sendo o elemento que permite através da medida , classificar as unidades de análise segundo as distintas categorias que a variável admite.

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NATUREZA DAS VARIÁVEIS • - qualitativas : variáveis nominais – expressam-se nominalmente

( cor , raça, sexo, religião, etc) . Não são expressadas por operações de aritmética usuais.

• Variáveis ordinais – possuem ordem natural não sendo possível, porém , determinar uma magnitude das diferenças entre elas ( escolaridade, nível sócio-econômico, etc) . Operações somente do tipo “maior que” ou “menor que “.

• - quantitativas – variáveis discretas – EXPRESSAM-SE EXCLUSIVAMENTE POR NÚMEROS INTEIROS ( qualquer intervalo finito da escala sempre define um conjunto finito de valores) – resultam do processo de contagem ( número de filhos, número de consultas, etc). Admitem qualquer operação matemática.

• Variáveis contínuas – SE EXPRESSAM ATRAVÉS

DE ESCALAS que admitem valores fracionários ( podem ser definitos infinitos valores em qualquer intervalo finito da escala através de sucessivas reduções da ordem de grandeza) – resultam de procedimentos de medida ( estatura, peso, POA, glicose, temperatura, etc). Admitem qualquer operação matemática. Devem ser agrupadas em intervalos de classe ( 0-4,4-8, etc)

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INDICADORES DE SAÚDE • MORTALIDADE – • Coeficiente Geral de Mortalidade – óbitos

ocorridos em uma determinada população, durante um certo período , ponderado pelo tamanho da população , no meio do período.

CGM = total de ób. ocorridos na pop. durante o período x 1.000

pop. total no meio do período

• Indicadores específicos de mortalidade segundo as características das pessoas que morrem ( idade , sexo, raça, ocupação , renda, etc) assumem os formatos genéricos .

EX: IAM CM iam = No. de ób. de pessoas por IAM na pop. e no período x

1.000 Total de pessoas com IAM no meio do per.

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• Mortalidade segundo a idade :

• EX: mortalidade infantil = óbitos < 1 ano

CMI = No. de ób. de menores de 1 ano na pop. e no período x 1.000

Total de NV do período

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• RAZÃO DE MORTALIDADE PROPORCIONAL – outro modo de calcular a mortalidade segundo a idade expressando a proporção de óbitos de diferentes faixas etárias ( numerador) em relação ao total de óbitos ocorridos na população no período considerado ( denominador) . Além de discriminar as condições de vida e saúde e dispensam dados populacionais.

• EX: Razão de Mortalidade proporcional dos maiores de 50 anos – Indicador de Swaroop e Uemura

RMP= No. de ób. de pessoas > 50 anos ou mais na pop. e no período x 1.000

Total de óbitos na população e no período

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• Mortalidade segundo a causa : normalmente com base na CID• Coeficiente específico de mortalidade pela causa “X” em uma

determinada população , em um certo período:

CM x = total de ób. pela causa “X” na pop. e no período x 10 n

População sob risco de morrer pela causa “X”• • Mortalidade proporcional pela causa “X”( OU GRUPO DE CAUSAS)

em uma determinada população , em um certo período:

MP x = total de ób. pela causa “X” na pop. e no período x 100

Total de ob. de todas as causas na população e no período

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• Coeficiente de prevalência da doença “d” em uma população específica em um certo momento :

• CP d = No. de casos da dç “d” na pop. no momento x 10n

População total no momento

• Coeficiente de Incidência :• CI d = No. de casos novos da dç “d” na pop. no momento

x 10n População exposta ao risco de contrair a doença “d” durante o

período

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4. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

• As primeiras ações para controle das Doenças e Epidemias que se tem notícia são a Quarentena e o Isolamento.

• CONTROLE SOBRE AS PESSOAS # CONTROLE SOBRE AS DOENÇAS

• Visa interromper a cadeia de transmissibilidade de uma doença ou de agravos numa população.

• Vigilância Epidemiológica – observação ativa e sistemática da distribuição da ocorrência de agravos, a avaliação da situação epidemiológica com base nas informações obtidas , e a definição ( e a difusão ampla) das medidas de prevenção e controle pertinentes .

• Inclui também a execução e a avaliação das medidas de controle .

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• FATORES DE RISCO – Risco Relativo =RR- é a razão entre o coeficiente de incidência entre os expostos e o coeficiente de incidência entr5e os não expostos. Se RR=1 significa que não há associação . Um RR=5 significa que o risco de adoecer entre os expostos é 5 vezes maior do que entre os não expostos .

• MEDIDAS PROFILÁTICAS• Profilaxia = Prevenção : tem como objetivo

interceptar ou anular a evolução de uma doença. Visa eliminar elos da cadeia patogênica , ou no ambiente físico ou social, ou no meio interno dos seres vivos afetados ou suscetíveis.Podem ser aplicados em vários períodos que constituem a história natural da doença.