Epidemiologia, dano tóxico genético em Camaçari, BA, 1979-1992

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    Universidade Federal da BahiaInstituto de Sade ColetivaCurso de Especializao em Epidemiologia

    Perspectivas epidemiolgicas para avaliao e controle dedano txico-gentico na populao residente em um municpio

    prximo a um Plo Petroqumico em Camaari, BA - 1979-1992

    Salvador, Bahia, 1995

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    Paulo Pedro Pinto Rodrigues da Costa

    Perspectivas epidemiolgicas para avaliao e controle dedano txico-gentico na populao residente em um municpio

    prximo a um Plo Petroqumico em Camaari, BA - 1979-1992

    Monografia apresentado ao curso de Especializaoem Epidemiologia do Instituto de SadeColetiva da Universidade Federal da Bahia

    Orientador: Naomar de Almeida Filhoc/ participao: Lilia M. Azevedo Moreira

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    Crditos/ agradecimentos

    Para minha sorte no caminho de aprender a ser um profissional de sade pude contar com o

    auxlio orientao de profissionais que admiro, espero ter feito jus sua pacincia e pelo esforoda compreenso, ter contribudo de alguma maneira para melhorar o meio ambiente do mundoem que vivemos e auxiliar os trabalhadores em sua dura luta por melhores condio de vida etrabalho, embora saiba que so spalavras, e imperfeito saber sobre a morte e dor, que poderiamser evitadas.

    Agradeo a Deus portanto, a condio privilegiada de pensar, refletir, analisar e ao auxilio de:

    Naomar de Almeida Filho do Instituto de Sade Coletiva da UFBa,

    Lilia M. Azevedo Moreira, do Instituto de Biologia, Laboratrio de Gentica Humana

    Agradecimentos ainda a participao/ orientao de :

    Pedro Prata, Ex-Coordenador do Curso de Especializao em Epidemiologia, com quem tive aoportunidade de ser aluno e trabalhar por 7 meses na elaborao de uma Estudo de ImpactoAmbiental de uma Unidade de extrao e beneficiamento de Urnio em Caetit - Ba. Atividadeesta que resultou, conforme acordo praticamente na substituio do estgio no Laboratrio deGentica Humana do Instituto de Biologia.

    Ana Mota e equipe da PLANARQ Engenharia Ambiental por conduzir seriamente um ElA-RIMA.

    Mrio P. Rodrigues da Costa, meu irmo, amigo, Advogado, Procurador do Municpio deSalvador da Secretaria do Meio Ambiente a quem eu devo as consultas orientadas legislaoambiental e a possibilidade de dispor do equipamento do seu escritrio para trabalhar emcomputadores nos fins de semana impresso, xerox, etc.

    Antnio Roberto Ramos Virgens, Secretrio de Sade do Municpio de Camaari (1992-1996),pela liberao parcial da jornada de trabalho para participar do Curso de Especializao emEpidemiologia e pesquisar o tema dapresente monografia

    e a tantos outros professores e colegas que me ajudaram sem nem sequer saber que foramimportantes para mim, e eu nunca lhes disse nada .

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    RN, sexo feminino c/ anencefalia (A. acranius)nascida na maternidade da UIS Camaari em 1988

    "A arte longa e a vida breve a deciso difcil e perigosa, um mdico tem queestar preparado no s para saber o que certo, mas tambm para praticar o que correto e convencer os outros de que o que diz certo."

    Hipocrates Writings - Aphorisms

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    Resumo

    Trata-se de um texto com a proposio de reunir informaes relativas a um classe especial desubstancias presentes nos processos petroqumicos e articular conceitos de epidemiologia e gentica,especialmente referentes unidade dos fenmenos relativos a mutagnese, teratognese , e carcinognese,

    para obter os subsdios necessrios ao controle do dano provocado por tais substancias genotxicas emnvel da populao explorando os dados disponveis do municpio de Camaari e/ou a necessidade deinformaes para tal avaliao.

    Camaari, Invaso da rodoviria (foto do autor

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    Roteiro/ ndice

    Apresentao

    Epidemiologia gentica

    Mutagnese

    Exposio a produtos txico-genticos /percepo e natureza do dano

    Teratognese

    Vigilncia Epidemiolgica de Malformaes Congnitas

    Carcinognese

    Dano txico ambiental

    Indicadores adequados

    Camaari 1979 - 1992

    Anexos:

    Lei N 6.803 de 1980 Quadros estatsticos Relao de Produtos e Matrias Primas utilizadas no Polo Petroqumico de Camaari Tabelas e grficos consultados Roque Monteleone / Revista Veja

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    Epidemiologia gentica

    A epidemiologia gentica um campo emergente com diversos interesses, onde o mesmorepresenta uma importante interao entre as duas disciplinas que o originaram: Gentica eEpidemiologia. Epidemiologia gentica difere da epidemiologia por sua explicita consideraoaos fatores genticos e semelhana familiar, ela difere da gentica de populaes por seu focosobre a doena e tambm difere da gentica mdica por sua nfase na populao investigandosimultaneamente o impacto dos fatores ambientais. (Khoury et al., 1993)

    Nas relaes acima descritas deve se observar que a gentica possui seu prprio modelo tericocomo o exemplo do postulado que define os organismos como a relao de um conjunto degenes entre si e com o seu meio ambiente, tal modelo se revela capaz de prever ou explicarrelaes que no seriam percebidas analisando-se a distribuio de patologias com por exemplo

    uma mutao de um gene recessivo com possibilidade "X" de expresso em um casamento,consangneo ou no, em uma populao com freqncia "Y" daquele gene.

    Por outro lado a gentica, mesmo gentica de populaes, no possui um conjunto de conceitos emtodos capazes de evidenciar as condies em que determinados indivduos ou fraes declasse onde se inserem, se expem a determinados agentes genotxicos, ou at mesmo as regrasque determinam casamentos preferenciais em determinadas comunidades. Um dos maiores

    problemas do desenvolvimento dessa disciplina em nossos dias e especificamente no campo dopresente estudo so as relaes ticas que sero estabelecidas aps a identificao bioqumica degrupos sensveis determinadas substancias e/ou com distintas tendncias de adoecimento.

    A epidemiologia definida como o estudo dos fatores que determinam a freqncia de doenasnas coletividades humanas seu desenvolvimento contudo na Amrica Latina a partir da dcadade 80 vem acentuando a historicidade dos processos sade/doena e sua raiz econmica(Almeida Filho; Rouquayrol, 1992) incluindo no seu objeto de trabalho os processos que, nodomnio social geral ou das classes e fraes sociais especiais determinam condies especficasde sade e doena (Breilh, 1991)

    Os problemas jurdicos de avaliao de risco devem incorporar tal possibilidade na identificaode um dano populao ou da resposta de cada organismo uma exposio txica, so

    problemas de diagnstico clnico ou interpretao de indicadores formalmente institudos em um

    dado momento histrico e/ou conjuntura social. A epidemiologia por sua articulao comdistintos campos das cincias mdicas e sociais (onde a norma jurdica se constitui) torna-se oinstrumento da avaliao tcnica do risco ou danos, alm do que logicamente se articula com as

    prticas de avaliao, planejamento, administrao das aes de sade pblica.

    No estudo do efeito txico-gentico a identificao do dano em nvel de populao, portanto seconstitui como uma tarefa da epidemiologia o que inclui a seleo e validao de indicadoreselaborados a partir da estatstica vital (Hardy, 1990) que iro compor os sistemas de vigilncia asade ambiental e ocupacional, associando sua interveno a verificao dos parmetros de

    poluio ambiental definidos por lei, que como veremos em nosso pas regulam o processo deimplantao/ operao de cada fbrica e como se sabe, esto em transformao sob presso

    social dos interesses de distintos segmentos de classe e/ou movimentos da sociedade organizada.

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    Por outro lado em nvel de indivduos trata-se da incorporao da gentica clnica (ouGeneticista) na avaliao p/ laudo pericial da Justia do Trabalho em Unidades de Sade doTrabalhador, visando se estabelecer nexo causal entre determinado dano gentico e seuambiente, o que por sua vez exige a aplicao por excelncia da gentica de populaes para se

    estabelecer no universo de possibilidades (gene pool) de expresso do genoma da populao, orisco individual ou freqncia de cada gene. No se descarta tambm o uso de marcadoresbiolgicos de natureza citogentica (WHO, 1985) compondo estudos especficos em umsegundo nvel de analise (Hardy, 1990) com grupos de maior risco ou exposio.

    Mutagnese

    Uma mutao definida como qualquer alterao permanente do material gentico ou mais

    especficamente uma alterao da sequncia dos nucleotdeos ou rearranjo do DNA no genoma.,(Lima, 1996, Thompson & Thompson, 1993). Em termos genricos pode ser classificada como:1 - uma mutao do genoma ou seja uma alterao do conjunto de genes que compe oindivduo onde a mutao representa perda ou acrscimo de material gentico ocasionadogeralmente por no disjuno dos cromossomos. 2 - uma mutao dos cromossomos ou umrearranjo do material gentico (sem perda) 3 - uma mutao gnica ou alteraes dos pares de

    base que compem o DNA por substituio, deleo ou insero, antes do desenvolvimento dagentica molecular era identificada como uma mutao de ponto, no dependente de rearranjocromossmico detectvel. (Thompson, J.S.; Thomson, 1976, 1993)

    Todo polimorfismo ou variao natural da espcie bem como as doenas genticas hereditriasonde se incluem muitos tipos de cncer so decorrentes de mutaes na linhagem germinativa ouseja so hereditrias, transmissveis para gerao seguinte. A medida de sua ocorrncia ou a taxade mutao de um gene expressa como o nmero de mutaes novas pelo local ou posioesperada para o gene "normal" no cromossomo (locus) por gerao, situa-se na ordem de 1 X 10-5 a 10 -6 por locus por gerao, ou que significa que uma entre cada 10 pessoas recebeu umgene modificado de um dos seus genitores.

    As alteraes cromossmicas so tambm freqentes , estima-se que aproximadamente 60% dosabortos espontneos e 6% dos Natimortos 0.6% dos Nascidos Vivos apresentam um caritipo

    anormal. (Opitz,1984; Thompson & Thompson, 1993).

    Mutaes gnicas ou cromossmicas em clulas somticas possuem uma relao direta com suaatividade mittica ("turn over number") e determinam os casos de mosaicismo somtico quandoocorrem no perodo de desenvolvimento ou cncer no indivduo formado. Nesse sentido o cncer fundamentalmente uma doena gentica, observe-se que a distino entre gentico e hereditrio fundamental. Essa ltima condio refere-se a possibilidade de transmisso de umadeterminada caracterstica para gerao seguinte e a expresso "gentico" designa a maquinariade regulao, e replicao ou reproduo celular.

    A gentica desde sua origem no incio do sculo estuda exatamente os padres e mecanismos

    de transmisso dessas caractersticas (biolgicas ou bioqumicas). Basicamente identifica-se ospadres de herana a partir: da localizao do gene nos cromossomos sexuais, autossomos ou

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    DNA mitocondrial; e por seu poder de expresso fenotpica (padro de herana recessivo oudominante) e/ou interao com fatores ambientais (herana multifatorial). At 1975 j haviamsido catalogadas 2336 doenas humanas causadas por mutaes deletrias, com padresidentificados de herana (1218 condies autossmicas dominantes, 947 autossmicasrecessivas, 171 ligadas ao cromossomo X). McKusic, 1975. At 1983 esse mesmo trabalho j

    inclua 1828 condies autossmicas dominantes, (WHO, 1985)Agentes mutagnicos ambientais so substancias qumicas (muitas vezes sem nenhum outroefeito nocivo) ou condies de exposio fatores fsicos como radiao e temperatura, capazesde aumentar a probabilidade ou freqncia de mutaes como foi dito, geralmente porsubstituio, deleo ou insero de pares de base na sequncia que compe o DNA. Algunsvrus (a exemplo do Citomegalovirus - da famlia do Herpesvirus, e do vrus da rubola -

    Rubivirusprovavelmente semelhante a fam. Togaviridae) e condies biolgicas como idade dospais tambm possuem esse poder. Substancias txico-genticas ou substancias, produtosgenotxicos so portanto uma classe de agentes mutagnicos.

    A distino entre o poder de dano uma clula germinativa ou somtica ainda controvertido e

    apesar da plausibilidade biolgica de um mecanismo comum (a mutagnese) responsvel peloefeito nocivo ao material gentico de indivduos em desenvolvimento ou adultos, seu estudorequer certa especificidade para compreenso do conjunto de fatores envolvidos no que sedenomina teratognese e carcinognese.

    Como foi dito os agentes mutagnicos podem causar danos genticos em qualquer clula doorganismo. Se a mutao ocorre em clulas somticas pode levar ao desenvolvimento do cncer(ou eventualmente a outras doenas do organismo exposto, tipo degenerativas por exemplo).Essa afirmao o resultado de uma srie de trabalhos que tm demonstrado que muitassubstancias qumicas, que se mostram mutagnicas so tambm carcinognicas, segundo Ribeiro(1984) com 85 - 95 % de correlao, assinalando ainda que tal grau de correlao, entre essesdois fenmenos, uma forte indicao de uma relao funcional ntima, e existe a possibilidadede que um evento genotxico seja essencial para o processo oncognico, o que tem adquiridoconsidervel suporte em nossos dias.

    As evidncias da participao de mutaes gnicas no cncer se revelam por sua naturezahereditria. Para aproximadamente 5% dos tipos de cncer possvel se identificar um padro deherana simples como o caso dos canceres de pele na Xerodermia pigmentosa (carterautossmico recessivo) e mais de 50 distrbios mendelianos nos quais o risco de cncer muitoalto (alguns prximos de 100%).

    Para muitos casos de cncer possvel se identificar uma alterao cromossmica como oRetinoblastomaresultante da deleo da regio proximal do brao longo (q) do cromossomo 13,del(13q14); aLeucemia mielide crnica(22q 11.21 ou 9q 34.1); a Leucemia linftica aguda emielognica que esto associados a translocao de segmentos dos braos longos doscromossomos 9 e 2 - t(9;22) (q34.1;q11.21) etc (Vierma; Babu, 1995)

    Para outros identifica-se apenas o risco aumentado da concentrao familiar em padres deherana multifatorial, mas com evidncias em nvel molecular como o caso do Cncer de mamafeminina e um gene do cromossomo 17 e do Cncer de clon naPolipose mltipla do Clon eum gene no cromossomo 5. (Lima, 1996, Thompson & Thompson, 1993). Contudo uma das

    principais evidncias dos mecanismos mutagnicos na carcinognese foi a descoberta dos

    oncogenes (proto-oncogenes e genes de supresso tumoral) nos estudos principalmente, detransfeco com DNA vrico capazes de produzir neoplasias como o Sarcoma (avirio) de Rous

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    Observe-se que na prtica e principalmente em nvel de populaes as duas classes defenmenos (teratognese, carcinognese) no se distinguem da mutagnese embora permaneamdiferenciadas quanto s caractersticas das populaes susceptveis, (gestantes, indivduos emdesenvolvimento e populao idosa especialmente) e tempo de latncia entre exposio emanifestao clnica do dano. A tabela 1 apresentada por Monteleone Neto (1985) enumera as

    principais disfunes da reproduo e desenvolvimento humano possveis de serem provocadospor agentes ambientais, considerando simultaneamente as informaes disponveis nos sistemasde registro de estatsticas vitais e possibilidades de expresso clnica do dano mutagnico(teratognico - carcinognico).

    Entre as possibilidades do estudo de tais fenmenos especialmente a carcinognese, considera-se que os estudos in vitro (mutao de bactrias, efeitos na molcula do DNA, em cultura declulas, etc.) e os bio-ensaios com animais, possuem menor custo, rapidez e capacidade paracontrolar mltiplas exposies e os estudos epidemiolgicos so mais adequados a validarindicadores (valor de predio) e identificar os padres (locus) da carcinognese humana.

    (Frumkin, 1995)

    T A B E L A 1

    POSSVEIS DISFUNES REPRODUTIVASCONSEQUENTES EXPOSIO A CERTOS AGENTES AMBIENTAIS

    _____________________________________________________________________________

    1 - Disfuno sexual: libido potncia2 - Alterao dos espermatozides: nmero, forma motilidade3 - Diminuio da fertilidade: Anomalias. gnadas, amenorria, infertilidade, etc.

    4 - Aumento da freqncia de doenas durante a gestao ou parto: toxemia, hemorragia, etc.5 - Perda fetal precoce (menos de 28 semanas): aumento do % de anomalias6 - Perda fetal tardia (mais de 28 semanas): aumento do % de anomalias7 - Morte fetal intra-parto8 - Morte na primeira semana ps-natal9 - Diminuio do peso ao nascer

    10 - Alteraes na idade gestacional: pr, ps-maturos11 - Alteraes na razo sexual: nas perdas fetais e nos recm nascidos vivos (RNV)12 - Aumento da taxa de gestaes mltiplas13 - Aumento da taxa de anomalias congnitas14 - Aumento da taxa de aberraes cromossmicas: nas perdas fetais, natimortos e RNV15 - Aumento da mortalidade infantil16 - Aumento da morbidade infantil17 - Aumento do nmero de casos de cncer18 - Alteraes na idade da menopausa.

    _____________________________________________________________________________________Fonte : Monteleone, 1985

    Evidentemente que a prpria escassez de estudos para deteco, especialmente epidemiolgicosidentificando a unidade de tais manifestaes (em sistemas vigilncia sade de populaes)assim como a amplitude das possveis disfunes reprodutivas e/ou a variedade de expresso dosquadros malformativos e das conseqncias do dano gentico dos e mecanismo de regulao ereplicao de clulas somticas (Neoplasias), dificultam o controle de sua ocorrncia nas

    populaes e mesmo a certeza de sua determinao causal.

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    Contudo a ampliao do uso de substancias qumicas na ordem de centenas de milhares, nassociedades humanas e evidncias que se somam do efeito nocivo de muitas delas, como pode servisto na seguinte tabela (2) tornam o estudo dessa questo uma necessidade. Koifman, (1995)

    considera as malformaes congnitas e o cncer, apesar de patologias distintas, como eventos-sentinela no monitoramento das modificaes ambientais resultantes dos novos agentes lesivos sade dos grupos humanos e destaca alguns grupos de neoplasias que vm recebendo particularateno em vrios pases em decorrncia de modificaes no seu padro de distribuio, a saber:tumores de crebro, leucemias linfomas no de Hodgkin e o tumor masculino de mama.Assinala ainda que alguns estudos ecolgicos tem correlacionado a incidncia destes ao uso deherbicidas e pesticidas na agricultura por sua difuso atravs dos cursos dgua. (Koifman,1995).

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    TABELA 2

    POSSVEIS DISFUNES REPRODUTIVAS CONSEQUENTES EXPOSIO A DETERMINADOS AGENTES AMBIENTAIS

    QUADROS RESULTANTES DAS ALTERAES DOS

    MECANISMOS DE REPRODUO/REPLICAO CELULAR

    EXEMPLO DE AGENTE AMBIENTAL

    Disfuno Sexual: Libido, potncia.Afrodisacos, Anafrodisacos, Sulfeto de Carbono, Tri-Cloro-Etileno, Nemeticida DiCloro Bromo Propano(NCBP), Tridemorfo

    Alterao da Fertilidade: Anomalias de Gnadas,Amenorria, Infertilidade

    Fungicida (Calixim), Hormnio-mimticos, Tolueno

    Alterao dos espermatozides: (Nmero, Forma,. Motilidade).

    Agrotxicos, Nemeticida DiCloro Bromo Propano (NCBP)

    Aumento da frequncia de doenas durante a gestao ouparto.

    Fumo, Citotec

    Alteraes na idade gestacional: Prematuridade;Ps-maturidade; Perda Fetal Precoce, (< 28 semanas)

    Abortivos: Citotec, Aminopterina, Mercrio orgnico,Opiceos (metadona, herona), Fumo

    Perda Fetal Tardia, (> 28 semanas) Cafena, Opiceos, FumoDiminuio do Peso ao Nascer. Fumo, cafena, opiceos

    Morte Fetal Intra-Parto. FumoMorte na 1 semana ps-natal. Fumo

    Alterao na razo sexual: em perdas fetais;em nascidos vivos

    Radiao ionizante, Anticorpos maternos

    Aumento na frequncia de gestaes multplas. Anticoncepcionais

    Anomalias Congnitas: em Nascidos Vivos,Natimortos

    e Abortos.

    Anorexgenos, Dextro-anfetaminas, Talidomida, cidoRetinico, Hormnios sexuais femininos, Anti-

    convulsivantes (Hidantona, Fenobarbital, Fenitona), Ltio,Anti-emticos (bendectina), Tetraciclina, Alcool, Cito-txicos (Ciclofosfamida, Meto trexato, MostardaNitrogenada, Vincristina, Vinblastina), Tri-Cloro-Etileno,Estireno, Benzeno,Tolueno, Xileno, Compostos deArsnico, Mercrio orgnico, Chumbo, Radiao Ionizante

    Anomalias Cromossmicas nas Perdas Fetais,Natimortos, e Nascidos Vivos

    Radiao Ionizante

    Anomalias Cromossmicas em clulas somticas. Radiao Ionizante, BenzenoNeoplasias DDT, Alfa-BHC, Beta-BHC, Aldrin, Dieldrin, Clordano,

    Hepta- Cloro, Canfeclor (Toxafeno), Dodecacloro (Mirex),Acaricidas: Cloro-Benzilato (Akar), 4-Cloro-Orto-Toluidina

    (metablito do Clodimeforme), Fungicdas: Quintozene(Terraclor), Carbedazin (Derosal), Herbicdas: AminoTriazol (Amitrol), Profam (IPC)Ozona, Benzeno, Acrilonitrila, Cloreto de Vinila, Chumbo,Cromo, Asbetos, Compostos de Arsnico, Agentesalquilantes (metil-metano-sulfonato), Quimioterpicos(Ciclofosfamida, Cloambucil, Busulfan), Benzidina,Fenacetina, Di-etil-bestrol, Aflotoxinas, Radiao Ionizante,Fumo, Fuligem.

    Alteraes na idade da menopausa Fumo

    Fonte: Monteleone Neto Modificada por Costa, P.P.P.R.; Moreira, L.M.A.

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    Exposio a produtos txico-genticos/ natureza e percepo do dano

    Para muitas das substancia referidas (tabela 2) em ambientes industriais j existe umarecomendao formal de se evitar a exposio de mulheres grvidas. por exemplo substanciastipo solventes como o Hexaclorobenzeno, Tetra-cloreto de carbono, Xileno, Tri-cloro-etileno,

    Tri-cloro-etano, etc. por serem consideradas teratognicas (Tudor, 1985). Em alguns casos comoo Cloreto de Vinila, Benzeno apesar da sua capacidade confirmada de provocar alteraescromossmicas e neoplasias, ainda se discute os limites de tolerncia biolgica sua exposioem debates dos trabalhadores contra os produtores organizados (como o Vinil Institute, porexemplo).

    De um modo geral para compreenso da exposio a produtos txico-genticos, no se foge aregra de exposio dos trabalhadores a qualquer classe de substancias com efeitos nocivos, no

    processo de transformao histrica da sociedade em avanos e retrocessos das conquistas daclasse trabalhadora e/ou da cincia. Assistimos nesse sculo a criao do conceito de Limites deTolerncia (ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists 1948) e a

    evoluo das listas de exposio aguda a substancias presentes nos ambientes de trabalhobaseadas principalmente em estudos de experincias com animais negando ou procurandoconfirmar evidncias em nveis de populao. Observe-se que apesar da das dificuldades decompreenso e complexidade da questo da determinao causal da carcinognese e teratogneseo benzeno foi uma das primeiras substancias a entrar nas Listas oficiais do governo Americanoe um dos poucos estudos baseados em exposio de longa durao (em 1926 - USA)(Proteo,1996).

    O Cdigo Penal Brasileiro promulgado em 1940 (decreto Lei no 72848) j continha refernciasa proteo das pessoas do uso de substancias nocivas sade e o decreto (no 21.417-A, de 17 demaio de 1932) referente ao Artigo 5oalnea B referia especificamente que "as mulheres estavam

    proibidas de trabalhar expostas ao Benzeno em atividades perigosas e insalubres" (Carvalho etal. 1995) e apesar de tudo como se v as discusses sobre LTB e valores permitidos nosambientes de trabalho, 65 anos depois ainda se arrastam e segmentos da populaes continuamexpostas sem um controle governamental adequado alm do que nesse caso, como veremos eem muitos outros j no se pode admitir que se alegue a falta de evidncias cientficas.

    O mecanismo txico-gentico para algumas dessa substancias citadas j relativamenteconhecido o caso do benzeno pode ser tomado como exemplo tanto para compreenso do

    processo histrico de controle da sua utilizao como para se observar a natureza dos estudosque trouxeram as evidncias do seu potencial de dano.

    Em estudo (caso-controle) do desenvolvimento embrionrio do Gallus gallus constatou-se queo benzeno provoca graves alteraes do desenvolvimento do embrio, se constituindomicroscopicamente em um atraso do desenvolvimento na evoluo morfolgica, com maior

    poder txico que os outros solventes estudados (ver tabela (3) com doses) aparentemente atuandosobre o mesoderma (folheto germinativo do qual derivam os tecidos conjuntivo, sseo,cartilaginoso, muscular, o sangue, etc.) embora sem uma ao especfica no embrio. Atuando

    porm seletivamente na maturao das clulas eritoblsticas primitivas (stem cells) retardando aapario de normopoiese. O estudo sobre a atividade proliferativa evidenciam: ao inibidorasobre a proliferao celular; aumento da durao da cariocinese da metfase ou telfase comotodos os solventes estudados sendo porm que apenas o benzeno tem ao semelhante a

    colchicina (bloqueio da mitose) (OIT, 1968)

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    O estudo acima referido um dos estudos que em que se baseou a importante Recomendao n o144 da Organizao Internacional do Trabalho OIT de 1971 que admitia at 1% de benzeno emvolume como impureza em produtos formulados o que era uma importante fonte decontaminao de ambientes/populao, inclusive domstico dado a elevada presena do benzenoem produtos como colas, diluentes thiners, removedores, produtos grficos etc. No Brasil a

    Portaria Interministerial no

    3/ 82 atende parcialmente a recomendao N 144 da OIT (Carvalhoet al. 1995)

    TABELA 3

    QUANTIDADES INOCULADAS DE SOLVENTES EM EMBRIES DEGALINCEO (Gallus gallus) QUE PERMITEM UMA SOBREVIVNCIA DE 30%

    Solvente inoculado Quantidade

    Benzeno 2,1 mgAlcoolamlico 8,1 mg

    Sulfeto de Carbono 12,6 mgXileno 21,5 mgCimeno 21,5 mgEtileno glicol 22,2 mgCiclohexano 23,3 mgTolueno 34,2 mgter Etlico 35,7 mgAcetona 38,5 mgTricloroetileno 38,6 mglcool Etlico 39,5 mgTetra cloruro de Carbono 39,8 mgMetil-etil-cetona 40,0 mgTrementina 43,3 mgPiridina 49,1 mgFonte : Construdo a partir dos dados da OIT, 1968

    Estudos epidemiolgicos e estudos de caso relacionando a leucemia a exposio detrabalhadores ao benzeno j vinham sendo realizados desde a dcada de 30, (Delore &Borgomano, 1928) embora apenas estudos epidemiolgicos mais recentes demonstraramcabalmente a relao entre exposio ao benzeno e leucemias cuja caracterstica desta poder

    surgir durante a exposio ou aps longos perodos de latncia, como mais freqente.(Carvalho et al. 1995) O grupo de estudos do IPCS (International Programme of ChemicalSafety) apresenta o resumo de 11 estudos epidemiolgicos (Coorte retrospectiva , e mortalidade)todos relatam a observao de casos de leucemia em trabalhadores expostos ao benzeno (WHO(1993).

    A importncia de tais estudos na realidade do nosso pas tem sido a proteo dos trabalhadorespor denuncia das ms condies no trabalho como pode-se constatar nas epidemias debenzenismo identificadas COSIPA, SP em 1993; CSN, RJ em 1985; Industrias QumicasMatarazzo, SP em 1986 e Polo Petroqumico de Camaari, Ba em 1990. (Carvalho et al. 1995)

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    Ocupando-se de desenvolver sistema de vigilncia para determinao de efeitos deletreos sade do risco de exposio nociva importante se observar nos casos onde o risco conhecido,como o da radiao por exemplo que j est bem estabelecido a carcinognese, teratognese emutagnese, ainda que seja menos conhecido o efeito de exposio a baixos nveis de exposio prudente presumir que o espectro de efeitos adversos que inclui cncer e disfunes

    reprodutivas observadas em altas doses pode ocorrer (Hardy et al, 1990). No caso de radiaopara qual construiu a tabela 4 a magnitude e latncia (timing) para ocorrncia dos referidosefeitos que podem ocorrer depende de fatores tais como rotas de exposio, tecidos atingidosqualidade e dose de radiao recebida.

    TABELA 4

    CONDIES DE EXPOSIO QUE DETERMINAMEFEITOS DECARCINOGNESE, MUTAGNESE E TERATOGNESE

    TecidosSusceptveis

    Tempo de Exposio/causa do maior efeito

    Durao/Dose Alterao da sade( adequada para deteco)

    Carcinognese TecidosProliferativos

    Indeterminado;possvel em todos os

    estgios

    Pode ser longa ou breve;Possvel em qualquer

    dose

    Cncer

    Mutao:somtica

    TecidosProliferativos

    Indeterminadopossvel em todos ostempos de exposio

    (doses)

    Pode ser longa ou breve;Possvel em qualquer

    dose

    Pequenas modificaesna estrutura das protenasa exemplo das molculasde hemoglobina.Possibilidade demanifestao precoce decncer; Anomaliascitogenticas

    hereditria Tecido germinativo Todos os estgios da

    gametognese

    Pode ser longa ou breve;

    Possvel em qualquerdose

    Anormalidades em

    espermatozides;Diminuio defertilidade; Aumento deabortos espontneos eaumento de defeitoscongnitos, aumento damortalidade infantil

    Teratotognese Todos os tecidosimaturos

    Alta susceptibilidadenos perodos iniciaisdo desenvolvimento

    Curta durao/cumulativa

    Aborto espontneo,defeitos congnitos;cncer na infncia

    Buffler and Aase apud Hardy, R.J. et al 1990

    Para o referido autor efeitos adversos sade de exposies de curta durao adequados para ummonitoramento preliminar ou em um estudo de segundo estgio em uma comunidade incluemaumento de anomalias em espermatozides, aumento de aborto espontneo (perda fetal precoce etardia), aumento de defeitos congnitos entre rcem nascidos, aumento da morbidade infantil,aumento de cncer na infncia, aumento da mortalidade infantil (neonatal e ps neonatal) eaumento de anormalidades citogenticas no sangue perifrico da populao. Efeitos adversos

    para exposio de longa durao inclui mortalidade por todas as causas, morbidade emortalidade por cncer, morbidade e mortalidade por cncer de pulmo, e por todas as causas decncer com exceo de pulmo. (Hardy et al, 1990)

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    O presente texto discute a possibilidade de leses dessa natureza (acima especificada) em umapopulao com risco de exposio substancias txicogenticas por ocupao ou poluioambiental assinalando que para muitas substancias para as quais se desconhece o potencial dedano sade o mesmo cuidado relativo radiao em baixas doses poderia ser tomado diantedos resultados de estudos epidemiolgicos exploratrios; experincias com mamferos

    primitivos e/ou estudos experimentais in vitro no caso de txicos embora se saiba por razes deordem poltica e scio econmica que colocam em primeiro plano os interesses econmicosimediatistas, o impacto negativo sobre a sade pblica e meio-ambiente s e/ou tem sidogeralmente percebido, aps tomar grande dimenso (epidemia).

    Assim como no existe um limiar entre dose e efeito no universo fsico das radiaes ionizanteso universo da contaminao qumica tem suas particularidades especialmente quanto rotas deexposio e/ou vulnerabilidade dos tecidos. No caso do Benzeno como vimos alm damultiplicidade de efeitos carcinognicos em humanos ou animais de laboratrio (figado, tecidomamrio, neoplasmas da cavidade nasal, linfomas , leucemias e neoplasma da glndula Zimbal(ingl.) em ratos e camundongos) (WHO,1993), embora no haja dvidas quanto a mielotoxidade,

    ele produz resultados negativos em testes de mutagenicidade (in vitro) e praticamente no temsido demonstrado resultados teratognicos (existem relatos de caso de retardo dedesenvolvimento sseo ou osteognese imperfeita em camundongos), apesar de atravessar a

    barreira placentria ser fetotxico em ratos (1600 ug/m3, 7h/dia) e coelhos. (WHO, 1993).

    Como foi visto, muitas mutaes tem expresso patolgica na teratognese (origem demalformaes congnitas), inviabilidade fetal, ou tranformao maligna das clulas. Comoobservou Monteleone a teratogenicidade de agentes carcinognicos (e vice versa) so tambmreconhecidas pela freqncia de crianas com cncer que apresentam anomalias congnitas,assinalando inclusive que j existem instituies internacionais para verificar a correspondnciaentre estudos experimentais e epidemiolgicos como o "Conselho Europeu de Pesquisa Mdica"no caso da teratognese qumica, (Monteleone et al, 1991) ou o ECLAMC no Brasil. (Dutra,1996)

    Infelizmente como se sabe, apesar de ser um procedimento comum, e exigido industria defrmacos os experimentos de txico-gentica, mesmo com primatas no so uma garantia de doefeito prejudicial ou incuo da droga testada, pois para muitas substancias o dano teratognico espcie - especfico. O que no quer dizer evidentemente que estudos como os listados emseguida para deteco de mutaes no devam ser realizados tanto para farmacos, substanciasartificiais utilizadas na alimentao e presentes nos ambientes de trabalho ou poluentesambientais :

    Ensaios de mutagnicidade com microrganismos. Ex.: Mutao gnica reversa comSalmonella typhimurium(Teste de Ames); Induo das funes de SOS emEscherichi coli.

    Ensaios de Genotoxidade com fungos. ExNeurospora crassa; Aspergillus nidulans. Testes com vegetais. Ex.: Aberraes cromossmicas em pelos estaminais de Tradescantia;

    Teste de microncleo em meristemas da raiz deAllium cepae Vicia faba. Teste com cultura de clulas. Ex. Teste (CHO-HGPTR) para alteraes no locus da HGPTR -

    Hipoxantina-guanina-fosforibosil tranferase em clulas de ovrio de Hamster chins; Testes que detectam aberraes cromosssmicas. Ex. em metfases induzidas em culturas de

    linfcitos do sangue perifrico; Teste de troca entre cromtides irms (autoradiografia p/timidina tritiada)

    Bio-ensaios com mamferos de diferentes espcies

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    A expresso " Anomlade ou Pardrome " no corresponde exatamente sua traduoAnomalias que tem sido usada como sinnimo de malformao, refere-se mais exatamente a umgrupo de malformaes ocasionadas por um defeito primrio em um campo dedesenvolvimento embrionrio ou processo dismorfogentico ocasionado por um fator etiolgicointrnseco ao processo de desenvolvimento (Opitz,1984) examinaremos essa questo mais

    detalhadamente quando estudarmos as "Malformaes Primrias" ou os critrios declassificao das malformaes.

    Os estudos da teratognese experimental associaram esse termo a intervenes externas aoprocesso de desenvolvimento embrionrio como outros mecanismos biolgicos alem da lesomutagnica ao DNA - stio comum do dano da carcinognese e etiologia gentica das anomaliascongnitas embora sempre com maior ou menor influncia um fator gentico esteja em questo

    Como j foi referido sabe-se que muitas malformaes congnitas so devidas a mecanismosgenticos, tanto por causa poli ou monognica como cromossmica. Das doenas genticasapenas parte delas so detectadas no nascimento e/ou podem ser identificadas como

    malformaes congnitas.

    Os indivduos portadores de alguns tipos de anomalias cromossmicas (translocaesbalanceadas) que ocorreram na fase de reduo meitica (pr-zigtica) podem no apresentarsinais clnicos graves, porm seus descendentes apresentam maior probabilidade de apresentaremanomalias estruturais mais graves ou numricas. Tal situao se constitui a exceo poismaioria dos desequilbrios genticos decorrentes de aberraes cromossmicas exerce aoaltamente prejudicial sobre a morfognese, de modo que o produto da concepo no conseguesobreviver. Os quadros compatveis com a vida, geralmente apresentam malformaes mltiplas,graves e na maioria dos casos apresentam retardo mental (Simith, 1985; Mota, 1985)

    A tal conjunto de alteraes gnicas e cromossmicas se somam os danos ocasionados porprocessos teratognicos qumicos, fsicos ou mecnicos dos diversos fatores exgenos(ambientais) como carncias especficas de nutrientes (avitaminoses), anoxia, exposio adrogas, agentes txicos, infeces, radiao, temperatura, leses traumticas, restrio doespao fetal, etc. que tambm tem sido identificados como causa de malformaes.

    Para Freire-Maia (1976) em termos de estatsticas vitais ainda no est demonstrada aimportncia desse conjunto de causas (teratognicas) pois o grande nmero das malformaescongnitas que permanece sem explicao etiolgica extraordinariamente maior (cerca de

    60%) atribudas interao entre fatores genticos e ambientais no identificados ouconhecidos.

    Os mecanismos biolgicos que interferem na manifestao clnica do efeito nocivo das diversassubstancias embriotxicas (teratognese) no so relativamente bem conhecidos. Em primeiro

    plano situam-se os fatores que determinam a bio-disponibilidade destas no organismo materno,ou melhor: Dose(s), vias de absoro, os mecanismos de disperso homeosttica, a concentraosangnea (Larini, 1987 ) e em seguida a transferncia placentria seja atravs de: difusosimples, facilitada, pinocitosis, arraste, ou transporte ativo. (Calandra et al. 1985 ) Substanciascapazes de causar anomalias congnitas, tambm so constantemente identificadas (Tabela 2)como foi visto.

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    Existem varias maneiras ou sistemas de classificao de malformaes congnitas. Nanomeclatura utilizada geralmente encontram-se Epnimos (geralmente referindo-se ao cientistaque identificou o quadro em questo); Sinais identificados (patognomnicos ou no); Regiesanatmicas afetadas e referncias aos agentes etiolgicos. Nem sempre a nomeclatura utilizadareflete os sistemas de classificao.

    Um dos critrios mais simples de classificao o que se encontra na proposio deClassificao Internacional das Doenas (CID) proposto pela Organizao Mundial de Sade(OMS) a nona (9) reviso realizada em 1975 reserva 11 dos 13 grupos propostos, para asmalformaes classificadas por regio anatmica afetada, a saber, CID Nmeros:

    740. a 742. - Anencefalia e outras malformaes do sistema nervoso; 743. - Anomalias congnitas do olho; 744. - Anomalias congnitas do ouvido face e pescoo; 745. a 747. Anomalias congnitas do aparelho cardaco e circulatrio; 748. - Anomalias congnitas do aparelho respiratrio; 749. - Fissura da abbada palatina e Lbio leporino; 750. a 751. - Outras anomalias congnitas do aparelho digestivo; 752. - Anomalias congnitas dos rgos genitais; 753. - Anomalias congnitas do aparelho urinrio; 754. a 756. - Anomalias e deformidades osteo-musculares. 757 - Anomalias congnitas do tegumento

    Os dois ltimos grupos (758. e 759.) esto destinados a incluso das Anomalias cromossmicase "Malformaes mltiplas e outras anomalias no especificadas" respectivamente.

    O ponto de vista clnico geralmente expressa a maior ou menor gravidade do quadro.Anomalias Discretas (Minor) so alteraes morfolgicas que no acarretam conseqnciassrias para o paciente, seja do ponto de vista mdico ou esttico. A vantagem do diagnsticodessas anomalias baseia-se no fato de servirem de indicadores gerais de morfognese anormal,assim como de pista capaz de levar ao diagnstico de um determinado conjunto demalformaes. (Smith, 1985)

    As anomalias morfolgicas que se afastam das variaes individuais mdias, levando a fortesrestries na vida normal do indivduo so consideradas malformaes graves. O parmetro demaiores denota a gravidade do caso e indica, portanto a perda de funo do(s) rgo(s) ou

    parte(s) do corpo afetada(s). Observe-se que malformaes (mesmo as menos graves) so no-

    mtricas (traos sim ou no) no formam uma transio da grave at atingir o normal(Smith,1985), como assinala Thompsom & Tomphsom (1993) convm ter em mente que avariao morfolgica comum e que nem todas as variantes so anomalias.

    As anomalias podem sim, ser nicas ou mltiplas, estar associadas ou no, ser conseqnciade um processo de desenvolvimento alterado (seqncias) ou ser to freqentes a manifestaodo conjunto de anomalias que mesmo ignorando-se as razes da sua associao (co-etiologia)so reconhecidas como sndromes e estudadas clnicamente como tal. A principal distino deSndromes para Seqncias so as evidncias de que nesse ltimo caso trata-se de malformaessecundrias (Disrupes ou rupturas) quebras ou interferncias em um processo originalmentenormal como por exemplo membros que se desenvolveriam normalmente mas em funo dealteraes vasculares ou nervosas tiveram seu curso de desenvolvimento alterado (Smith,1985;

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    Opiz,1984). Nas sindromes acredita-se que as mltiplas anomalias so independentes em vez desequenciais, embora tenham uma nica causa bsica.( Smith,1985)

    Ainda dentro do critrio clnico (fisiopatolgico) como foi visto distingue-se das "Rupturas" ou"Seqncias" do que alguns autores reservam o termo Malformao (Smith,1985) ou ressaltam o

    seu carter primordial "Malformao Primria" considerando estas como resultantes de umprocesso de desenvolvimento intrinsecamente anormal.( Smith,1985; Opiz,1984)O termo intrinsecamente relativo a mutaes gnicas (como na acondroplasia e sndrome de

    Marfan), anormalidades cromossmicas ou processos mistos, multifatoriais. Observe-se comoassinala Opitz (1984) que o primrdio (anlage) j estava predestinado a ser anormal desde o seuincio (concepo).

    Outra observao importante que o termo desenvolvimento refere-se a organognese emorfognese (embriognese) excluindo portanto a histognese cujas alteraes so denominadasdisplasias, (Opiz,1984) ou organizaes anormais dos tecidos (Smith,1985). Os dismorfologistasdistinguem ainda, como mostram os quadros elaborados por Smith (19856) as anomalias que

    podem ser classificadas como Deformaes ou anormalidades da forma e posio de uma partedo corpo causada por uma fora mecnica que no leva a ruptura. (Smith,1985) Sendo portantoas malformaes e displasias defeitos primrios na embriognese e organognese enquanto queas deformaes so secundrias. (Spranger, 1982)

    Vigilncia epidemiolgica de malformaes congnitas

    As investigaes epidemiolgicas das malformaes congnitas se fazem necessrias sobretudoporque o conhecimento de suas freqncias possibilita a deteco precoce de fatoresteratognicos (entre os quais substancias genotxicas) no ambiente da populao estudada(Orioli, 1980; Edmonds et al., 1981) Alm de logicamente, dar uma dimenso do dano genticoe/ou ambiental dessa populao propiciando elementos para se organizar a prestao de cuidadosmdicos (da ateno primria terciria) e psicossociais aos portadores de tais leses. (Castilla etal. 1974). (ECLAMC, 1980, Orioli

    No Brasil alguns hospitais de distintas regies do pas, fazem parte do ECLAMC (EstudoColaborativo Latino Americano de Malformaciones Congenitas), que um programa de estudosclnico epidemiolgico das anomalias congnitas humanas, com enfoque caso-controle queutiliza uma amostra dirigida de nascimentos vivos, de um conjunto de maternidades pr

    estabelecidas como amostra representativa da Amrica Latina. A avaliao epidemiolgica dosdados segue um modelo de estudo longitudinal de caso controle para 50 fatores de risco numaamostra cross- sectional a idade zero, detectando-se picos epidemiolgicos da incidncias demalformaes congnitas e suas tendncias temporo-espaciais na Amrica do Sul .(ECLAMC,1980; Orioli, 1986)

    Alguns de seus resultados dizem respeito a caracterizao dos fatores de risco, edesenvolvimento de metodologias para vigilncia epidemiolgica, (Orioli, 1986) As incidnciasdetectadas, principalmente podem se constituir como valores de referncia para eventos sentinelaem sistemas locais de monitoramento, tal como veremos adiante.

    Um dos principais problemas da vigilncia epidemiolgica para controle de agentesteratognicos sem dvida a multiplicidade de manifestaes do fenmeno em termos de

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    vigilncia de malformaes a incluso nas categorias de diagnstico clnico dos quadrospolimalformativos do recm nascido, pois como sabido especialmente pelas manifestaes datalidomida e vrus da rubola por exemplo, com ateno para sua repetio.

    No programa do ECLAMC monitora-se a freqncia isolada de cada malformao e em seguida

    seleciona-se as malformaes associadas s mais freqentes o que possibilita a deteco deassociaes. Em outra rotina monitora-se as malformaes que possuem alta freqnciaobservando-se as freqncias esperadas para associaes.

    Observe-se que em nenhum dos casos das referidas rotinas o quadro de malformaes considerado a priori como nas categorias clnicas (Seqncias , Associaes Sndromes, etc.)embora exerccios de anlises dos dados disponveis a partir dos defeitos mais caractersticos(pelo qual so conhecidos e discriminados na literatura) de algumas sndromes bemestabelecidas, identificado malformaes primrias e/ou categorias mais homogneas paraanlise epidemiolgica aumentam a eficincia do sistema. (Orioli, 1980)

    O problema da definio epidemiolgica de caso o problema central em sistemas de vigilncia,que essencial consiste na comparao sistemtica entre as freqncias observadas em perodosestabelecidos (Miller, 1977). Alguns estudos como o realizado em torno de uma metalurgia naSucia (Ronnskar Smelter) utilizou-se 5 tipos de malformao (Palato Fendido; lbio leporinocom e sem palato fendido; polidactilia; sindactilia; p torto congnito) alm das taxas de aborto e

    peso ao nascimento, analisando sua distribuio espacial no caso confirmou que as taxas daregio estavam entre as 14 mais altas do pas e apesar de no encontrar significncia estatstica,os autores recomendou estudos mais especficos com trabalhadores. (Beckman et al, 1979)

    Sem dvida considerando tais dificuldades o estudo WHO (1985) estabelece eventos sentinelascomo um programa baseado no controle de todos os nascimentos, perdas fetais e menores de 1ano para se detectar um conjunto de 24 anomalias sentinelas resultantes de genes dominantes ouligadas ao X (X- Linked) classificadas em trs grupos: anomalias facilmente reconhecveis aonascimento e usualmente registradas como malformaes congnitas; tumores da infncia edistrbios genticos de manifestao tardia. O objetivo do sistema detectar novas mutaes,aps a identificao do aumento de uma ou mais inicia-se ento estudos de epidemiologiaanaltica para identificar agentes mutagnicos evitando-se assim um dano gentico maior (WHO,1985)

    Alguns autores tambm recomendam incluir nos vigilncia a animais domsticos (Opitz, 1984),contudo o base-line ou incidncia esperada de malformaes para a espcie em questo precisa

    ser conhecida. Animais de raa com pedigree conhecido, geralmente atendem essa especificaoapesar de que algumas substancias genotxicas so espcie -especficas.

    O seguinte quadro organizada pelo Committee on Environ. Epidemiology Board onEnvironmental Studies and Toxicology Commission on Life Sciences rene alguns dos

    principais estudos epidemiolgicos envolvendo malformaes congnitas e outros possveisindicadores de agresso genotxica ambiental. Observe-se a utilizao do local de residnciacomo critrio de exposio

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    TABELA 5

    SNTESE DE ESTUDOS DEEXPOSIO RESIDENCIAL A LOCAIS COM RESDUOS PERIGOSOS

    Tipo de estudo

    Perodo deObservao

    Nmero e tipode sujeitos

    Medida deExposio

    Major Healthend points

    Resultadosencontrados

    Retrospectivocoorte(follow-up)1981-1983

    106 bebs comdiagnostico deanomaliascardacasnascidos no

    Condado duranteo perodo deexposi acontaminao dagua regioRef Bebsnascidos em reae perodo noexposto

    Residncia emcasasabastecidas comguacontaminada

    Anomaliascardacas

    Aumentoprevalncia deanomaliascardacas mas adistribuio

    temporal sugereno associaocom ovazamento dosolvente

    Caso-controle1969-1987

    Crianas comdoena cardacacongnita

    Crianasconcebidas e

    passado 1trimestre emTucson Valley

    malformaocardacacongnita

    Associaosignificanteentre exposiodos pais a CWAe aumento da

    proporo dedoena cardacacongnita entrenascidos vivos

    Retrospectivocoorte(follow-up)

    1978-1982

    Ratio denascimentosentre 45.914

    fmeas porregio censitriaagregadas pornveis de DBCPRef: interna

    Bairros superv.:(Surrogate:)Residncia em

    Fresno County

    Diminuio taxade nascimentodue

    infertilidademasculina

    Sem diferena

    Continua

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    continuao

    SNTESE DE ESTUDOS DEEXPOSIO RESIDENCIAL A LOCAIS COM RESDUOS PERIGOSOS

    Tipo de estudoPer. DeObserva.

    Nmero e tipode sujeitos

    Medida deExposio

    Major Healthend points

    Resultadosencontrados

    Retrospectivocoorte(follow-up)1980-1981

    1981-1982Gestantes emregies do censoabastecida comguacontaminadaReferencia:Gestantes emregies do censo

    abastecida c/gua nocontaminada

    Bairros superv.:(Surrogate:)Residncia emcasasabastecidascom guacontaminada

    por vazamento

    de produtosqumicos

    1980-1981Produto dagestao

    1980-1981excessosignificante deabortos emalformaescongnitas

    1981-1982 Nascidos vivosem 7 regiesestudadas docensoabastecidas comguacontaminadaControle:

    Nascidos vivos

    do restante doCondado(County)

    residncia emcasasabastecidascom guacontaminada

    Defeitoscardacoscongnitos

    Excesso deincidncia dedefeitoscardacosna rea controleno indicamassociao comvazamento

    qumico

    Caso-controle1964-1983

    20 casos deleucemia infantilReferencia: 144crianasresidentes emWoburn

    Surrogate:Residncia emcasas households,served bycontaminatedwells

    Leucemiainfantil

    Significantassociation withestimatedexposure

    1981-1982 Nascidos vivosem 7 regiesestudadas docensoabastecidas c/guacontaminadaControle: Nascvivos do restanteda regio

    County)

    Residncia emcasas abastecidascom guacontaminada

    Defeitoscardacoscongnitos

    Excesso deincidncia dedefeitoscardacosna rea controleno indicamassociao comvazamentoqumico

    Fonte: Environmental Epidemiology

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    Carcinognese

    A palavra cncer designa mais de uma centena de doenas com a caracterstica comum de se

    originar em uma nica clula de qualquer tecido, que por um mecanismo de natureza gentica(mutao, ativao/ inativao de genes especficos) perde a capacidade de controlar seucrescimento e diviso ocasionando por clonagem a formao de massas celulares (neoplasias outumores) com relativa organizao (um parnquima de clulas em proliferao com um estromade tecido conjuntivo e vasos sangneos) que tambm so capazes de invadir linfonodos e outrostecidos (metstases) determinando danos ao organismo por substituio ou presso mecnica dostecidos sadios e/ou por alterao metablica (competio por nutrientes e/ou produo desecreo de substancias causadoras das sndromes para-neoplsicas) que geralmente resultamna morte do indivduo se no identificadas e tratadas precocemente.

    Tabela 6

    CLASSIFICAO DOS TUMORES QUANTOAO TECIDO DE ORIGEM E PODER INVASIVO DA CLULA

    ORIGEM BENIGNO MALIGNO

    Tecido epitelial: EpitlioRevestimento glandular

    PapilomaAdenoma

    CarcinomaAdenocarcinoma

    Tecido conjuntivo:FibrosoMixideAdiposoCartilagemVasos sagneos

    GlmusPericitosVasos linfticosMesotlioMeninge

    FibromaMixomaLipomaCondromaHemangioma

    GlomangiomaHemangiopericitomaLinfangioma-

    Meningioma

    FibrossarcomaMixossarcomaLipossarcomaCondrossarcomaHemangiossarcoma

    -Hemangiopericitoma malignoLinfangiossarcomaMesotelioma malignoMeningioma maligno

    Tecido Muscular

    LisoEstriado

    LeiomiomaRabdomioma

    LeiomiossarcomaRabdomiossarcoma

    Tecido hemolinfopoticoMielideLinfide

    Clulas de Langerhans

    -----

    Leucemias (vrios tipos)Leucemia linfocticaLinfomaDoena de HodgkinHistiocitose X

    Tecido Nervoso

    Neuroblasto e/ou neurnio..Clulas gliais

    Nervos perifricosNeuroepitlio

    Ganglioneuroma---

    Neurilemona (schwanoma)-

    GanglioneuroblastomaNeuroblastomaSimpaticogoniomaGliomas

    Neurilemona (schwanoma) malignoEpendimoma

    Melancitos - MelanomaTrofoblasto Mola hidatiforme CriocarcinomaCelulas embrionrias totipotentes Teratoma maduro (cisto dermide) Teratoma imaturo (maligno)

    Brasil, MS, 1990

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    O CID 9 Reviso Tenta uma classificao por Eixos Mltiplos, sobrepondo critrios, ondepredomina o anatmico, associado ao do poder invasivo da clula mutante o que resulta nascategorias Maligno (capaz de causar metstases) e Benigno (alteraes menores tipo displasias e

    proliferao de clulas normais, ou clulas alteradas encapsuladas ou in situ). Quanto aotecido de origem os tumores malignos recebem a seguinte denominao: Carcinomas (T.

    Epitelial); Sarcomas (T. Mesenquimal); Leucemias (T. Hematopoticos). A tabela (6) acimaapresentada expe o enunciado com mais detalhes e excees:

    Os critrios histolgicos ou anatmicos no possuem relao direta com causalidade ou fatoresde risco, situam-se apenas como delimitaes de atratores para fatores externos ou campos dedesenvolvimento e interao de genes/ambiente. A principal dificuldade p/ uma classificaotiolgica sem dvida se constitui na diversidade de fatores causais que incluem desdecaractersticas do genoma do organismo, estrutura (psicossocial) de hbitos do indivduo eambiente fsico-qumico com qual interage ou est exposto.

    A Histria natural da doena

    Os fatores de risco (ou possveis fatores determinantes associados) atuando em estgiosmltiplos conduzem o processo neoplsico:1. iniciao mediante mutao, corresponde leso irreversvel do material gentico da

    clula (at ento latente) mediante outros estmulos (fsicos, qumicos, virais) pode evoluirpara:

    2. promooas clulas iniciais se multiplicam podendo ser reversvel ou mediante estmulos contnuos defatores de promoo evoluir para:3. progresso (malignizao)difuso de clulas (metastase) permitindo a manifestao da doena especfica como conhecida

    Observe-se que todas as fases esto sujeitas proteo do sistema de defesa (imunolgico e/oumecanismos de reparao do DNA) embora no necessariamente associadas ao fator txicoinicial (em questo). Os fatores de iniciao e promoo atuam independentemente mas soetapas necessrias. Estima-se que pelo menos 80% dos canceres so de origem ambiental: ou porleso ao material gentico causado por vrus - 20% dos canceres so atribuveis a vrus (Lima,1996), ou por leso ao material gentico causado por carcingenos agentes qumicos ou fsicostambm reconhecidos, na maioria das vezes como mutagnicos.

    Carcingenos so produtos naturais e artificiais de estrutura extremamente diversa, eletrfilos,altamente reativos, que se ligam covalentemente a resduos nucleoflicos de DNA, RNA e

    protena celular, induzindo alteraes que tem efeito sobre a sntese de enzimas e protenasestruturais, que de forma ainda no completamente conhecida, alteram a replicao celular econtroles reguladores. (Robins, Cotran)

    Podem ser: diretamente reagentes - produzem um reagente eletrfilo ou entidade reativa similar edesta forma no requerem atividade metablica; pr-carcingenos - so convertidos atravs dereao qumica ou enzimtica pelo metabolismo do hospedeiro; co-carcingenos - agentes queaumentam a ao dos promotores, carcingenos diretos ou no.

    O conhecimento dos mecanismos de ao de carcingenos revelam que: a iniciao pode se darcom uma nica exposio e a promoo depende de exposio contnua. O fumo e a radiao

    ionizante so exemplo de fatores carcinognicos de risco completos porque atuam tanto nainiciao quanto na promoo.

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    Historicamente o tratamento do cncer tem evoludo de identificao precoce da leso parapreveno da exposio a carcingenos, alguns autores com Cairns (1986), chegam a afirmarque quase todos os casos de tumores malignos so causados por fatores ambientais, exemplos detal evidncia so encontradas principalmente em nvel epidemiolgico com concentrao decasos em populaes ou melhor em culturas pois a tendncia no acompanha as migraes a

    exemplo dos casos de predomnio do cncer do estmago no Japo e diminuio em migrantesjaponeses nos Estados Unidos, no caso o fator gentico estaria controlado pela tendncia decasamentos entre iguais; Os casos de cncer entre filhos de judeus nascidos em Israel que sediferenciam de seus pais que tendem a manter o perfil dos pases de origem (Europa ou EstadosUnidos no Caso). Estudos de cncer em indivduos de pele clara so mais freqentes nosensolarados (soleados) estados do sul dos USA. (Cairns, 1976)

    As estatsticas do cncer mostram que ele atinge de algum modo mais de um tero (1/3) dapopulao provoca mais de 20% das mortes e nos pases desenvolvidos responsavel por maisde 10% do total da assistncia mdica. (Thomson & Thompson, 1993). A mortalidade porcncer se constitui como um bom indicador quando a letalidade por sub-grupo especfico de

    neoplasia alta a exemplo de: pulmo, fgado, esfago, estmago, pncreas. um indicador derelativa validade (embora preciso) nos sub-grupos onde a letalidade menor tais como: mama,

    prstata, colon e um indicador fraco onde a letalidade menor como leucemias, doena deHodgkin, e alguns canceres de pele. Lgicamente a inadequao do prenchimento dos atestadosde bito agrava ainda mais as dificuldades de identificar o cncer primrio.

    A seguinte tabela mostra proporo dos principais sub-grupos de causa de bito Estados Unidosda Amrica do Norte (1976) onde representa a quinta parte de todas as causas de morte (17,4%)e valores correspondentes no Brasil (1985) onde esse grupo de causas representouaproximadamente 8,9 % + 1do total de bitos no perodo 1979-1991 evoluindo progressivamentede 7,9% em 1979 para 10,4 % em 1991. (ver tabela em anexo)

    Tabela 7

    Principais sub-grupos de causa de bito por neoplasias nos Estados Unidos da Amrica doNorte em 1976 e valores correspondentes no Brasil em 1985

    USA -1976 Brasil - 1985

    Grupo de causa N % N %

    Estmago 16000 4,76 9121 13,06

    I. Grosso * 46000 13,69 2491 3,57Pncreas 18000 5,36 2301 3,29Pulmo 65000 19,34 8213 6,10Mama feminina 30000 8.93 4489 6,43Prstata 17000 5,06 2970 4,25Leucemias 14000 4,17 3045 4,36Outras 130000 38,69 32885 47,10Total 336000 100% 69823 100%

    Fonte: Cairns,1976; Brasil MS* apenas Clon no Brasil

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    poluio depende naturalmente no apenas do tratamento e controle (de emisso) mas tambmde uma vigilncia eficiente do ambiente geral de tal forma que se possa saber com seguranaquando so necessrias novas medidas de controle ou se as existentes funcionam. (Odun, 1988)O estudo dos agentes fsicos e qumicos dispersos como contaminantes ambientais seja atravsde vigilncia toxicolgica (do meio ambiente e/ou de populaes) inquritos epidemiolgicos

    e/ou experimentao (estudos toxicolgicos) compem o mtodo ecotoxicolgico paramatuteno e promoo da sade pblica e ambiental .(Azevedo, 1985)

    No Brasil os parmetros de controle de poluio ambiental so estabelecidos pelo CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente da Secretaria do Meio Ambiente da Presidncia daRepblica. As emisses atmosfricas so monitoradas a partir de normas do PRONAR -Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (Resoluo/CONAMA n 005 de 15/6/89que o institui e n 003 de 28/6/90 que estabelece padres de qualidade do ar primrios esecundrios). As principais medidas so relativas a mdia geomtrica anual e concentraomdia em 24 hs de: Material Particulado (Partculas Totais e Inalveis); Fumaa(Hidrocarbonetos); Oznio; Dixido de Enxfre; Monxido de Carbono; e Dixido de

    Nitrognio. (SEMAM, 1992; INTERNET, IBAMA, 1997).

    Tal como se sabe (por estudos do meio ambiente) combinaes de poluentes reagem noambiente para produzir poluio adicional (sinergismo) um exemplo, particularmente importante

    para o presente estudo, e comumente citado de tal sinergismo o Smog Fotoqumico ou seja acombinao de xidos de Nitrognio com Hidrocarbonetos que na presena da luz solar(radiaes ultra violeta) reagem em Nitrato de Peroxiacetilo (PAN) + Oznio (O3). Outros

    poluentes fotoqumicos englobados na classificao geral de hidrocarbonetos aromticospolinucleares (PAH) so particularmente importante para ns em funo do seu podercarcinognico, um dos hidrocarbonetos arlicos (com anel aromtico) presente na fumaa docigarro e tambm de efluentes industriais mais conhecidos o benzopireno. (Ottaway, 1982)

    Do grupo dos hidrocarbonetos os considerados mais prejudiciais sade so os hidrocarbonetossaturados de baixo ponto de ebulio (geralmente so anestsicos, narcticos e embriotxicos) eos hidrocarbonetos no saturados e aromticos incluem a frao mais perigosa da categoria(Benzeno, Tolueno, Xileno) venenos de ao aguda e crnica. (Silva, 1974)

    Entre as substancias orgnicas cancergenas outro grupo que merece destaque so oshidrocarbonetos clorados (organoclorados), clebres como o DDT pelas promessas de soluo(no obtidas) para pragas e doenas transmitidas por insetos, sua elevada persistncia no solocausou estragos significativos na fauna especialmente aqutica, das aves (por reduo de sua

    fertilidade) e de insetos benficos, desenvolveu resistncia nos insetos que deveria combater(com consequente recrusdecimento das pragas) e aps sua disperso para todos os recantosterrestres e aquticos do globo (onde todas as pesquisas confirmam quantidades detectveis deorganoclorados) descobriu-se seu potencial mutagnico e carcinognico quando ento passou aser proibido nos E.U.A. e outros pases ocidentais. (25 anos aps sua descoberta e incio dautilizao em masssa) (Ottaway, 1982) Observe-se tambm que a descoberta do DDT tambmsignificou a sntese de dezenas de outras molculas organocloradas com poder carcinognico ecapacidade de persistncia prolongada no ambiente ainda maiores a exemplo do Clordane ,Aldrin. (Ottaway, 1982; Zambrone, 1986)

    O contato dos seres humanos com contaminantes ambientais, pode ser atravs do ar, gua ou

    solo embora sua presena em um segmento do ecossistema finda por se dispersar e atingir diretaou indiretamente a flora fauna e o prprio homem embora por caminhos (e tempos) distintos.

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    Os experimentos de Ribeiro (1984) com o xido de etileno em clulas somticas e germinativasde camundongo expostos via inalao confirmaram os efeito mutagnicos previstos em vriossistemas genticos testados. Considerou esse epxido um potente indutor de aberraescromossmicas tanto em clulas germinativas como somticas (especialmente da medula ssea),constatando-se tambm seu potencial para induzir alteraes na morfologia dos espermatozides

    que podem ter sido induzidas tanto por mutagnese como interveno na espermiognese.(Ribeiro,1984)

    A avaliao dose- resposta de mutagnicos e carcinognicos so especialmente problemticosem baixas doses especialmente para radiao onde no se detecta um limiar em funo do quetem se tentado convencionar que nenhuma dose aceitvel se for evitvel (Upton, 1995)Conceito equivalente o Valor de Referncia Tecnolgica proposto pela Secretaria de Sade eSegurana no Trabalho (Portaria sobre Benzeno, 1995) Como j referido percepo do risco social e historicamente determinada inclusive pelo nvel de conhecimento da poca o quetornam questionveis parmetros legislativos para concentraes mximas permissveis (LTB)e Portarias e resolues do CONAMA p/ poluio ambiental (SEMAM, 92; INTERNET,

    IBAMA ).

    De qualquer maneira tratando-se de avaliao do risco de dano necessrio se estabelecerlimites para dose referncia (Rf D) como um nvel de certeza de at mais uma ordem degrandeza, (inclundo grupos sensveis) , a dose diria aceitavel ou certeza da relativa atoxidade.Um modelo para equacionar a dose referncia (Rf D) o seguinte:

    NAEL No Observed Effect Level*RfD = --------------------------------------------------------

    Fi . Fm

    * ou LOAEL - Lowest Observed Adverse Effect

    Onde se atribui valores para o Fator de incerteza (Fi) numa escala assim como para o Fatormodificador (Fm) estabelecido por julgamento profissional (no contemplado em Fi)considerando sensibilidade humana (h); o tipos de experincia - extrapolao animais /homens(a); tipo de exposio crnica, subcrnica. (j) assim como os valores para a dose LOAEL eRfD de estudos e/ou pocas anteriores. Para cncer (agentes mutagnicos) onde teoricamente noexiste limiar txico para toxidade como visto deve se considerar o Slope Factor (Fator deTendncia ou inclinao) em Fi (Veiga,1995)

    A avaliao da exposio de um txico considera: freqncia, magnitude, durao, vias deexposio tratando-se de poluentes temos que considerar o risco de exposio em funo docenrio ou seja a fonte poluidora e seu entorno. Alguns autores prope para vias de exposio aonvel de populao a Dose populao que eqivale a Carga (medida da emisso) / N efetivoda populao.

    Em nvel individual a caracterizao do risco por indivduo depende da dose de Incorporaoem relao dose referncia (RfD) ou limite onde a dose de Incorporao equivalente aconcentrao do txico ou poluente & sua ingesto (dose interna) em relao ao peso corpreo.Trata-se por tanto de exposio efetiva e no risco de exposio exceto quando consideramos o

    dano a uma determinada funo (os mecanismos de reparao do DNA, por exemplo) ouestrutura celular. Em nvel de populao para dimensionar o risco considera-se a estrutura

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    epidemiolgica (Agente/Hospedeiro/Ambiente) ou constituio epidmica capaz de produzir odano e o risco populacional que uma medida da relao (manifestao clnica) em expostos eno expostos.

    Nenhum dos fatores isoladamente proporciona a compreenso do processo sade-doena, seja o aspecto

    quantitativo do risco seja a carga de poluio medida na fonte de emisso ou considerando suadisperso no ecosistema, o nmero de doentes entre indivduos expostos e no expostos, os fatores dasusceptibilidade individual ou caractersticas da exposio. Parafraseando Almeida Filho, Rouquayrol(1992) a tarefa da epidemiologia buscar no meio fsico-qumico biolgico ou social os fatores de riscoou seja identificar aqueles eventos, processos ou fenmenos que, de alguma maneira associados,favorecem a que agentes deterioradores de uma fisiologia normal se instalem ou se desenvolvam emorganismos sadios (em nosso caso atinjam determinadas estruturas celulares) produzido doentes em

    populaes, afetando a sade coletiva. A epidemiologia , segundo os referidos autores busca fatoresdeterminantes extrnsecos das doenas , a sntese da abordagem epidemiolgica pode ser encontrada natransposio das categorias de causalidade e risco para uma interpretao estrutural. (Almeida Filho;Rouquayrol ,1992)

    Indicadores adequados

    Na investigao epidemiolgica a identificao da doena tem uma natureza ditada pelacomparabilidade potencial do subgrupo de casos e uma tendncia padronizao a fim deeliminar a influncia do instrumento no objeto investigado (Almeida Filho; Rouquayrol ,1992)

    No tipo de risco txico investigado se por um lado temos um amplo espectro de danos por outrotemos um mecanismo bsico capaz de determinar o dano a mutao. Apenas com essa

    perspectiva tem sentido a utilizao de neoplasias ou anomalias congnitas especficas comoeventos sentinelas como tem sido proposto (Koifman, 1995; WHO,1985)

    A complexidade da determinao biolgica de um processo neoplsico teratognico oumutagnico se somam as dificuldades de identificao do dano por limitao dos instrumentosde deteco como foi visto. O estudo porm dos mecanismos biolgicos em nvel do ecossistematornam mais claro a interpretao das possveis disfunes da reproduo, desenvolvimento eenvelhecimento humano (ver tabela 1).

    A biodiversidade sem dvida uma das principais estratgias dos seres vivos para estender sua ocupaonas distintas regies da terra, por outro lado o mesmo mecanismo responsvel por essa capacidade deadaptao atravs da produo e seleo de variedades mais aptas e formao de novas espcies tambm responsvel pela produo das doenas genticas e/ou genes deletrios. Inicialmente precisamoscompreender e avaliar quantitativamente a ocorrncia das alteraes estruturais ou desvios em relao forma, tamanho, posio, colorao de uma ou mais partes do corpo denominada dismorfognese daespcie humana.

    A estabilidade das espcies se mantm graas ao isolamento relativo e entre outros mecanismos aocontrole natural das formas mutantes. A natureza dotou os seres vivos de uma srie de mecanismos deeliminao dessas formas sendo predominantes por ordem de freqncia o aborto (perda gestacional commenos de 28 semanas) a perda tardia ou natimortalidade (> 28 semanas) e o xito letal no primeiros anosde vida ou sub-vitalidade para as formas sobreviventes.

    A Perda tardia pode ser avalivel alm do bito fetal na categoria (da ClassificaoInternacional das Doenas , 9 reviso) Crescimento Fetal Retardado, Prematuridade

    Desnutrio Fetal. Ajustes deveriam ser feitos para identificar componentes ambientaisespecialmente relacionados desnutrio materna. Nesse sentido uma correlao positiva da

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    A diversidade de sindromes e mecanismos genticos para controlar o desenvolvimento e adaptar-se aosdiversos fatores do ambiente fetal que interferem na gestao (a exemplo da commpatibilidadeimunitria) so responsveis pela parcela da mortalidade infantil e mortalidade por malformaescongnitas residual das regies desenvolvidas. Paradoxalmente a elevao de sua proporo representauma melhoria das condies da regio. Observe-se entretanto que a elevao de valores absolutos oucoeficientes na populao podem expressar alteraes nocivas no gene-pool.

    O percentual de perdas gestacionais e da mortalidade infantil, que praticamente no se altera com amelhoria das condies de vida e investimentos nos servios de sade (aproximadamente 6% dosnatimortos possuem dano cromossmico), tal como se observa nas regies desenvolvidas cujas taxas denatimortalidade e mortalidade infantil se situam em torno de 8 e 10 por mil nascidos vivosrespectivamente, so na maioria da vezes expresso de mutaes gnicas e cromossmicas queocorreriam mesmo sem a presena de agentes exgenos importantes, contituindo-se pois como nvelendmico destas patologias.

    A mortalidade de menores de 1 ano (o clssico indicador da mortalidade infantil) pode se constituir umindicador considerando sua relao de proporo com as possveis causas genticas ou seja:

    malformaes congnitas (efeito teratognico) e prematuridade includas entre as Afeces do PerodoPerinatal especialmente como visto: o Crescimento Fetal Retardado (efeito hadegnico) sabendo-se porsua vez que nessa ltima categoria est includa uma parcela relativa desnutrio materna, infeces eque a sub-categoria da Anxias e Hipxias no refletem exclusivamente as condies da assistnciaobsttrica e incluem os caso de imaturidade do sistema respiratrio.

    Transtornos de incompatibilidade imunitria materno fetal podem se constituir indicadoresembora alguns como a eritroblastose fetal tambm so influenciveis pela oferta de servios desade. A razo masculino/feminino se constitui um indicador de fcil verificao especialmentesensvel para algumas doenas genticas sexo dependentes e radiao (Freire Maia, 1972).Anlises especficas tambm podem ser realizadas para a frequncia de partos gemelares e dosindicadores de fertilidade/ infertilidade embora sabendo que esses ltimos tambm refletem oimpacto dos programas de contra- concepo.

    Quanto aos indicadores do desenvolvimento e envelhecimento patolgico: a proporo de casos deretardo do desenvolvimento neuro psico-motor e/ou deficincia mental (que tambm considerada umamalformao grave) associada a outras malformaes (mesmo menores) nos servios de sade e a

    proporo relativa dos subgrupos de neoplasias e ou sua tendncia secular numa mesma regio ou emregies diferentes tambm podem se constituem indicadores da presena de agentes genotxicos emestudos ecolgicos espaciais e temporais.

    Logicamente um conjunto de indicadores se constitui um modelo para causar um estado de alerta em umsistema de vigilncia para agentes no especificados pois agentes especficos tambm podem produzir

    danos especficos. O INCA Instituto Nacional de Cncer identifica na industria petroqumica e naindustria da borracha a exposio a carcingenos do grupo 1 (carcingenos humanos comprovados) comos seguintes rgos alvo: Pele, Pulmo, Bexiga e Bexiga, Medula ssea respectivamente (INCA, 1996).

    Tratando-se da possibilidade de exposio de mulheres grvidas alteraes (osteognese imperfeita) ereduo do esqueleto so quadros por prudncia esperados (pois referidos em animais) para exposio asolventes. (WHO, 1993)

    Para caracterizar o dano txico gentico pode se imaginar uma metfora de um indivduo num cassinodiante de vrias mquinas de jogar, onde a probabilidade de ganho depende da lgica de sua escolha entreos jogos com atrativos preferenciais e chance de vitria em cada jogo. A ida ao cassino poderia sercompreendida como processos extrnsecos doena (risco de exposio) e a escolha do indivduo e o

    desempenho de cada mquina de jogo aos processos metablicos e leis biolgicas.

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    No presente trabalho, cujo objetivo principal foi a reviso da literatura, realizou-se uma breveanlise dos dados disponveis municpio de Camaari alguns dos indicadores citados foramanalisados quanto ao seu comportamento grfico e tendncia de crescimento quantificada emsemi- mdias referentes a perodos distintos da srie histrica de 1979 a 1992 aproximadamente

    10 e 15 anos depois da construo do polo petroqumico.

    Calculou-se tambm a correlao (Teste de Pierson) entre os indicadores de dano genotxicoreprodutivo. Considerando a ausncia de correlao como indicador da ausncia de umadeterminao comum (genotxica) e a correlao negativa como uma possvel alteridade dofenmeno biolgico, por exemplo menor nmero de abortos pode representar uma maiorincidncia de natimortos ou nascidos vivos malformados tal como veremos em seguida.

    Camaari, 1979 -1992

    No municpio de Camaari, Estado da Bahia, a poluio ambiental um fator de peso na

    qualidade de vida de seus habitantes. Estima-se que em 1996 pelo menos 128.429* (residentesem Camaari) esto convivendo junto a um Plo Petroqumico com dezenas de empresas (veranexo) que lidam com substncias como o Cloreto de Vinil, Benzeno, Acrilonitrila, Tri-cloro-etileno, Amino-Benzeno cujo poder Mutagnico, Carcinognico e/ou Teratognico o objeto do

    presente estudo. Observe-se entretanto que apesar da existncia de riscos dessa natureza soraros os estudos ou medidas de controle do adoecimento dessa populao para qualquer

    patologia associada poluio ambiental ou insalubridade/ higidez dos ambientes de trabalho.

    Acidentes ocasionais em diversas empresas do Polo, trazem periodicamente o assunto dasegurana e sade ambiental em pauta. Como exemplo podemos citar o incndio de 1993 eminstalaes da COPENE que marcou com pnico a vida da cidade ou mais recentemente ovazamento e exploso do tubo condutor de cido ntrico da PROCHROM com duas vtimasfatais conforme publicado em jornal (A Tarde, 25 de maro 1996) juntamente com outrosacidentes de igual gravidade e com repercusso menor nos meios de comunicao como a srieocorrida na TIBRS em 1991, 1990 e 1986 quando se registrou o derramamento de 5toneladas de cido sulfrico no ptio (no impermeabilizado); um deslizamento de terra queexps o depsito de resduos slidos dessa mesma empresa e o rompimento da conexo com oemissrio submarino prprio cujo impacto resultante dessa sucesso fatdica foi a contaminaodo lenol fretico com resduos cidos tornando a gua da regio Condomnio da praia deInterlagos e do povoado de Areias que dependia da gua do subsolo e chafariz pblico, por um

    bom tempo no teve outra alternativa seno consumir gua imprpria para o consumo por seu

    baixo PH e presena de metais (do prprio solo e dos resduos industriais) dissolvidos. (CSDGeoklock, 1992)

    Segundo a Revista de segurana ocupacional Proteo no Polo Petroqumico de Camaarientre 1988 e 1996 em acidentes com produtos qumicos morreram 12 trabalhadores e 38ficaram feridos. Alm destes a referida publicao refere-se a 49 acidentes que envolveramexploses sem vtimas, vazamentos de produtos e os tpicos do tipo quedas de altura eatropelamentos. (Proteo, julho 1996).

    Contudo, apesar de existir uma pequena unidade de Sade Ocupacional, de fato no existemmedidas de controle efetivo no Servio de Sade Local ou Estadual tanto da inspeo de

    ambientes e da sade ocupacional (especialmente em funo do processo de terceirizao da mode obra) como do impacto dos problemas ambientais. Dispe-se apenas de algumas medidas de

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    qualidade do ar e gua que no so sistematicamente avaliadas pelas Secretarias de Sade,presumindo-se portanto que se confia no planejado zoneamento industrial com ventospredominantes na direo oposta localizao da sede do municpio, no anel florestal plantadoem torno das fbricas e o emissrio submarino como capaz de tornar as condies de vidaadequadas aos habitantes da regio apesar das 250 toneladas /dia de SO2 lanadas na atmosfera

    (CRA, 1983) e dos 3 m3

    por segundo de efluentes lquidos lanados no mar de Arembepe -regio litornea do municpio. (SESAU, 1995)______________ Esse nmero aumenta consideravelmente se incluirmos as populaes dos municpios vizinhos como Dias

    Dvila e Lamaro do Pass tambm atingidos pela poluio resultante do referido empreendimento, almdisso pode incluir as geraes futuras da regio metropolitana de Salvador situada a menos de 40 Km desta.

    preocupante ento um possvel dano a extensa lmina de gua potvel do Aqfero de So Sebastio aonde oPOLO se localiza exatamente na sua zona de captao por um erro de planejamento que no estimouadequadamente sua grande dimenso e risco de contaminao (calculado posteriormente como uma extensode 1000 Km2 com uma vazo de 6 a 40 m3 p/ s.). Sendo futuramente inadmissvel o desperdcio de gua

    potvel no perodo uma escassez prevista, portanto deve se exigir agora, que pelo menos essa regio sejaconsiderada uma zona industrial saturada com maior rigor de proteo ambiental nos termos da Lei Federalno6.0803 de 2/06/1980.

    Por outro lado a morte de um mdico do trabalho por exposio ocupacional ao benzeno e abusca sistemtica de casos que ocasionou, junto com alguns estudos realizados por iniciativasisoladas, revelaram que a situao preocupante. Os estudos sobre benzeno (UFBa,DRT,1992) demonstraram que 11,5 % operrios das nove fbricas que utilizam essa substanciacomo suspeitos de benzenismo (850/ 7365) e que 2,9 % (216/ 7365) estavam com gravesalteraes hematolgicas. Entre os residentes do municpio tambm j se confirmou em maisde uma pesquisa ou momento, nveis elevados de exposio a substancias utilizadas emindustrias da regio como Titnio nos moradores de Areias e zona urbana de Camaari(Tibrs,1994, Carvalho et al, 1982) sem que se compreenda exatamente qual o significado dessaexposio sobre a sade dos indivduos.

    Em funo da caracterizao de um risco potencial de exposio a produtos Carcinognicos,Teratognicos e/ou Mutagnicos dos habitantes do municpio elaborou-se a seguinte tabelaresumindo achados de estudos do potencial txico gentico das substancias utilizadas nomunicpio (ver anexo)

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    Tabela 11

    Mutagnese, Teratognese e/ou Carcinognesede alguns compostos orgnicos desenvolvidos na industria petroqumica*

    Substancia Mutagnese Teratognese CarcinogneseBenzeno Resultados negativos

    para ensaios in vitrocom bactrias (Ames; S.typhimurium) evidnciasde dano cromossmico.

    Embriotxico, semevidncias conclusivassobre teratognese

    Carcingeno humano .Evidnciasepidemiolgicas eexperimentais paraLeucemias, com relatosde outros danoscarcinognicos (linfomasno de Hodgkin, doenade Hodgkin, mieloma

    mltiplo e canceres depulmo, nasofaringe,esfago, estmago eintestino)

    Tricloroetileno Evidnciasinconclusivas

    No causa efeitosembriotxicos outeratognicos

    biologicamentesignificantes

    Evidncia clara decarcinognese em ratos(carcinoma hepatocelulare renal). Sem evidnciasepidemiolgicas, mascom alguns estudos (caso-controle) de

    desenvolvimento deneoplasias(hemolinfticas, pncrease trato genito-urinrio)em trabalhadores delavagem a seco

    Tolueno Evidnciasinconclusivas de danocromossmico

    Referncias a anomaliascromossmicas eRetardo dedesenvolvimento doembrio em animais.

    Disfuno menstrual emmulheres e Baixo Peso eRetardo deDesenvolvimento RN

    Sem referncias

    Xileno Sem referncias Referncias a efeitosembriotxicos eteratognicos -Anomalias de esqueletoem animais(5 estudos)

    Sem referncias

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    Pelo exposto na tabela acima creio no haver dvidas quanto a um risco potencial em ambienteocupacional , por outro lado at o presente momento no existem estudos epidemiolgicos que registremum dano txico gentico associado poluio ambiental ou ocupao industrial (alm do referidosestudos do benzeno).

    Avaliando-se dados disponveis para qualidade do ar na regio do Polo na perspectiva de suaampliao (Hidoconsult, 1989) verificou-se que as concentraes de Hidrocarbonetos atingem valores(mdia aritmtica anual) da ordem de 200 ug/ m3, ultrapassando freqentemente o padro de 160 ug/ m3.Os outros padres de emisso admissveis (PRONAR) encontram-se nos limites aceitveis sendo asconcentraes de xidos de Enxofre os mais elevados 300 ug/ m3, enquanto o padro fixado 365 ug/m3. As emisses de xido de Nitrognio atingem valores de 70 ug/ m3. (padro 100 ug/ m3 ) e as curvasde isoconcentrao de material particulado tambm mostram uma qualidade do ar satisfatria em relaoao padro. (Hidoconsult, 1989). A seguinte tabela mostra as concentraes anuais por area do Polo.

    Tabela 12Cargas Poluidoras do Ar (toneladas/ ano)

    por Regies do Polo Petroquco de Camaari, Ba 1989

    RegioM.

    Particuladoxido deEnxofre

    xido deNitrogeni

    o

    Hidrocarbonetos Mnxidode Carbono

    Total

    Complexo Bsico 3907,9 38093,7 12768,6 15568,7 956,1 71295,0rea Indust. Leste 0,3 8,3 0,5 46,3 0,0 55,4rea Indust.Norte 344,9 3834,4 359,5 30,3 23,9 4593,0rea Indust.Oeste

    4682,0 7450,0 522,4 21,5 0,0 12675,9

    Total 8935,1 49386,4 13651,0 15666,8 980,0 88619,3Fonte Hidroconsult, 1989 a partir do cadastro emissor das empresas e modelao com dados do CRA-CEPED

    Em termos de poluentes considerados txicos, dentro do Polo Petroqumico facilitadas pelas grandesproximidades das industrias encontram-se emisses significativas de poluentes no convencionais, comonvoas de H2 SO4 ; HNO3; amnia, fluoretos slidos e gasosos (Nitrofertil); H2 S (Basf) e ainda amniae xidos de eteno (Oxiteno); cloro (CQR); vapor de acrilonitrila (ACRINOR); benzeno (COPENE);cloreto de metileno (Policarbonatos). A dimenso de tais atmosferas no percebida no monitoramentoglobal, e apenas o controle de emisso por cadastro da empresa teoricamente acessvel s autoridadesanitrias.

    perfeitamente lgico supor um possvel dano genotxico em tal populao exposta, a realidade porm que no se dispe de informaes adequadas sequer para dimensionar o nvel de exposio. A questo

    para qual o presente trabalho pretende contribuir para seu esclarecimento pela verificao das

    informaes referentes a tal dano atribuvel uma exposio txica que se soma ao praticamenteinevitvel que so as mortes por alteraes genticas de recm nascidos e cncer. Conforme dados dapresente investigao verificou-se a possibilidade de um acrscimo de fatores ambientais (evitveisportanto) onde se inclui a poluio industrial. A qualidade dessa informao portanto fundamental e estas poder ser verificada se utilizada, cabe portanto s autoridades sanitrias locais sua produo einterpretao.

    Como referido esse estudo explora superficialmente os dados disponveis reconhecendo que a situaoacadmica, apesar ideal para concepo de um modelo de estudo no pode dar conta de uma anlise quedeve ser feita atravs do acompanhamento sistemtico de um sistema de vigilncia epidemiolgica. Almda anlise da evoluo da proporo e coeficientes dos danos em questo dispe-se apenas de sua anliseem frequncia acumulada em dois perodos sucessivos (1979 1985 e 1986 1992)

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    As anomalias congnitas representaram 4% + 1,8 do total de bitos de menores de 1 ano, essa proporoapresentou uma tendncia crescente de 2 a 8% como valores extremos, sendo portanto um resultadoesperado com a diminuio de causas evitveis como diarria por exemplo. O seu coeficiente tambmapresenta uma tendncia crescente oscilando de aproximadamente 1,3 para 2,9 casos por 1000 NV.O seu grfico mostra tal, variao seu crescimento analisado em casos acumulados expressa umadiferena de 20% ou 1 aumento de 1,2 vezes aumentando de 14,2 para 16, 7 casos por 1000 habitantesem 7 anos (ver tabela em anexo).

    Fonte: CENEPI, MS; IBGE, Estatsticas do registro civil

    Como pode ser visto no grfico acima, apesar da variao atribuvel aos valores baixos do fenmenoestudado, os Coeficientes em questo apresentam tendncias contrrias. O coeficiente de mortalidade porcrescimento fetal retardado, desnutrio fetal e prematuridade apresenta pois uma tendncia decrescentetendo 3,5 e 0,8 casos por 1000 nascidos vivos como valores extremos. A anlise de seu coeficienteacumulado revela um decrscimo de 30% ou diminuio de 0,7 vezes de 14, 9 para 10,1 casos de bito

    por crescimento fetal distrfico em cada 1000 nascidos vivos no perodo estudado. Analisando-se acorrelao destes com a morte por anomalias congnitas observa-se uma correlao negativa (-0,6)exatamente ao contrrio do que se poderia esperar numa situao de exposio a um fator que se expressede ambas as formas, o seguinte diagrama de disperso demonstra o enunciado.

    Coeficientes especficos de mortalidade por Anomalias

    Congnitas, Crescimento Fetal Retardado, Desn.Fetal e Prematuridade

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    3,5

    4,0

    1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992

    Cama ari, Ba 1979 - 1992

    p/1000Nas

    c.

    Vivos

    A nom.Cong .

    Cr. Fet. Retd

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    Fonte: CENEPI, MS; IBGE, Estatsticas do registro civil

    A sua correlao com os Coeficientes de Mortalidade Infantil e Natimortalidade ( 0,3 e 0,2respectivamente) revelam certa independncia das freqncias o que no o esperado clinicamente emfuno da conhecida vulnerabilidade de prematuros e RN de baixo peso os diagramas de disperso dessaocorrncia sero apresentados em se