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Epifania do Senhor Ano A - 2016 Homilias Meditadas Lectio Divina para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb [email protected] www.adma.salesianos.pt 1. INTRODUçãO “Brilha sobre ti a glória do Senhor”. Epi- fania, festa da grande manifestação do Senhor. O nosso Deus é um Deus da luz, da claridade, da grande ma- nifestação cósmica e teológica que enche toda a terra. Epifania é brilho, atração, sedução, mas também en- volvimento de toda uma assembleia do povo de Deus. Ninguém fica de parte. Logo na primeira leitura apa- rece o grande símbolo de Jerusalém, bela, tapetada de pétalas coloridas. Is 60, 1-6 descreve não só a beleza, mas a força, a dinâmica interior, sagra- da, que desce dos pés de Deus para tudo elevar. Virão de todas as partes da terra, montados nos animais no- bres de então, só usados para os mo- mentos solenes. Por isso, hoje, é para se deixar inundar de luz, uma luz forte que leva até à eternidade. 2. IS 60, 1-6 2.1. Texto Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor, e a Sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao es- plendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. In- vadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efe. Virão todos os de Sabá; hão-se trazer ouro e

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Epifania do SenhorAno A - 2016

Homilias Meditadas

Lectio Divina para a Família Salesiana

P. J. Rocha Monteiro, sdb

[email protected] www.adma.salesianos.pt

1. Introdução

“Brilha sobre ti a glória do Senhor”. Epi-fania, festa da grande manifestação do Senhor. O nosso Deus é um Deus da luz, da claridade, da grande ma-nifestação cósmica e teológica que enche toda a terra. Epifania é brilho, atração, sedução, mas também en-volvimento de toda uma assembleia do povo de Deus. Ninguém fica de parte. Logo na primeira leitura apa-rece o grande símbolo de Jerusalém, bela, tapetada de pétalas coloridas. Is 60, 1-6 descreve não só a beleza, mas a força, a dinâmica interior, sagra-da, que desce dos pés de Deus para tudo elevar. Virão de todas as partes

da terra, montados nos animais no-bres de então, só usados para os mo-mentos solenes. Por isso, hoje, é para se deixar inundar de luz, uma luz forte que leva até à eternidade.

2. Is 60, 1-6

2.1. TextoLevanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor, e a Sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao es-plendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. In-vadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efe. Virão todos os de Sabá; hão-se trazer ouro e

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incenso e proclamando as glórias do Senhor.

2.2 A luz dos povos é CristoMas esta nova Jerusalém leva-nos ao livro do Apocalipse, aí onde o nas-cimento do Menino é centro, alfa e ómega de todo o criado. Será uma reunião geral. Será uma festa sem fim preparada para todos os homens. «A luz dos povos é Cristo – Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja» (LG. n.°1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano.

3. sALMo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (r. CF. 11)

Salmo Real. Diante de nós um Salmo real, dos tantos que vão passando ao longo do ano litúrgico, mas todos tão belos e que nos elevam em oração profunda, cada domingo. “Virão ado-rar-Vos, Senhor, todos os povos da ter-

ra”. “Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes, os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas. Prostrar-se--ão diante dele todos os reis, todos os povos o hão-se servir”.

4.1 EF 3,2-3A.5-6

4.1 TextoIrmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vos-so favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos ho-mens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos após-tolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e partici-pam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.

4.2. «Infância Missionária»E o Apóstolo Paulo (Ef 3,2-3.5-6) faz sa-ber, para espanto, maravilha e alegria nossa, que os pagãos são co-herdei-ros e comparticipantes da Promessa de Deus em Jesus Cristo, por meio do Evangelho. Sim. Falta dizer que, no meio de tanta Luz, Presentes e Alegria para todos, vindos da Epifania, que significa manifestação de Deus entre nós e para nós, não podemos hoje esquecer as crianças e a missão. Hoje celebra-se o dia da «Infância Missioná-ria», que gosto de ver sempre envol-ta no belo lema: «O Evangelho viaja sem passaporte», para significar que o Evangelho nos faz verdadeiramente filhos e irmãos. E entre filhos e irmãos não há fronteiras nem barreiras nem

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muros ou qualquer separação. Sonho um mundo assim. E parece-me que só as crianças nos podem ensinar esta lição maravilhosa. (Dom António Couto)

5. Mt 2,1-12

5.1 TextoTinha Jesus nascido em Belém da Ju-deia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – per-guntaram eles o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lO». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os prín-cipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo ne-nhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas so-bre o tempo em que lhes tinha apa-recido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino.

Ao ver a estrela, sentiram grande ale-gria. Entraram na casa, viram o Meni-no com Maria, sua Mãe, e, caindo de joelhos, prostraram-se e adoraram-no. Depois, abrindo os seus tesouros, ofe-receram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro ca-minho.

6. MEdItAção

Caminho do reino. A universalidade da salvação. Este é um dos grandes temas que faz da festa da Epifania um grande clarão de luz e, ao mesmo tempo, um chamamento à universali-dade da salvação, mensagem central da Festa da Epifania do Senhor. Ao ce-lebrarmos a festa dos Reis fazemos a festa do Rei Universal, que nos trans-porta para a grande aparição de Deus no livro do Apocalipse.

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Por isso, a festa dos Magos, com tanta tradição popular, fica aquém da grandeza do amor de Deus em querer salvar as suas criaturas. Alguns mais perto, outros mais longe, mas todos esperamos a Sua vinda. Deus aposta no homem e na sua salvação. É para o homem que o Menino nasce e a estrela brilha para cativar a obra-prima do Criador. Nada de mais belo. Antes de tudo e depois de tudo, o meu Senhor espera-me. Espera-me. Mistério de amor para o qual não temos palavras… Na celebração da Festa dos Reis não deixemos de celebrar o Rei Uni-versal diante de Quem todos os reis do mundo devem prostrar-se e adorar. “A sua luz é Jesus, que deve brilhar em cada um dos nossos rostos como «luz dos povos» (Vaticano II, LG,1).

7. orAção

Que dizer-Te, Senhor, que me manténs entre os teus Reis Magos, embora há muito tenha perdido a magia pura que, ao longo da vida, foste dando abun-dantemente ao meu sacerdócio, mesmo sem o merecer? Pequenino, descobri o Teu rosto de criança que passei a ler no rosto de meu pai sem que eu ou ele compreendêssemos. Mas eras Tu, nunca duvidei, mesmo quando ele partiu e me deixou só. Hoje, em paragens distantes, a mesma estrela nos trouxe aqui para Te Adorar e colocar-Te uma coroa de alegria do encontro dos que em Ti creem.

8. ContEMpLAção

A fala do rosto. És Tu quem nos espera nas esquinas da cidade e ergue lam-piões de aviso mal o dia se veste de sombra. Teu nome é o nome que dizemos se o vento nos fere de temor e o nosso olhar oscila pela solidão dos abismos. Por ti é que lançamos as sementes e esperamos os frutos das searas que se estendem nas colinas. Por ti a nossa face se descobre em alegria e os nossos olhos parecem feitos de risos. É verdade que recolhes nossos dias quando é outono mas a tua palavra é o fio de prata que guia as folhas por entre o vento. José Tolentino Mendonça

No tudo do meu Deus toco a Epifania.Tudo é luz e salvação.

Idílio

Lírica, a tarde caiCom secura nas folhas;Lírica, a minha vista vaiA olhar o que tu olhas…

Oliveira de sonhoA ver nascer a lua…Liricamente ponho

A minha mão na tua. Miguel Torga, Antologias Poética