Epigenética

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A epigenética é um tema já estudado durante as nossa aulas de Psicologia e pelo qual já tinha um grande interesse. Considero que é uma área com muitas potencialidades, pois se as pessoas estiverem informadas sobre o quão podem ser responsáveis pela alteração do seu código genético, talvez passem a reflectir melhor sobre algumas das suas acções e alterem alguns comportamentos, principalmente para dar uma melhor qualidade de vida aos seus descendentes. O seguinte texto é um excerto de um artigo publicado na revista VISÃO, a 8 de Abril de 2010, que foi traduzido por esta da revista TIME. Na década de 80 do século passado, o Dr. Lars Olov Bygren, um especialista em Saúde Preventiva do Instituto Karolinska de Estocolmo, interrogou-se se as experiências das pessoas na fase precoce da sua vida alterava as características que passavam à sua descendência. “(…) Os dados de Bygren - juntamente com os de muitos cientistas a trabalhar separadamente nos últimos 20 anos – deram origem a uma nova Ciência chamada Epigenética. De forma simplificada, trata-se do estudo das alterações na actividade dos genes, que não envolvem modificações no ADN, mas que, ainda assim, passam, pelo menos, para uma geração sucessiva. Estes padrões de expressão genética são governados pelo material celular - o epigenoma -, que se encontra no topo do genoma, mas fora dele (donde o prefixo «epi», que significa «por cima»). São estas marcas epigenéticas que dizem aos nossos genes para se ligarem ou desligarem, para falarem alto ou sussurrarem. É através das marcas epigenéticas que factores ambientais, como a alimentação, o stress e a nutrição pré-natal, podem deixar nos genes uma impressão que passa de uma geração para a seguinte. A epigenética tanto traz notícias boas como más. Comecemos pelas más: há indícios de que opções de estilo de vida, como fumar e comer demasiado, podem alterar as marcas epigenéticas do topo do nosso ADN de uma maneira que leva, por exemplo, os genes da obesidade a expressarem-se com maior vigor, enfraquecendo os da longevidade. Todos sabemos que podemos encurtar a nossa vida se fumarmos ou comermos de mais. Mas começa a ficar claro que esses mesmos comportamentos podem predispor os nossos filhos – antes, até, de serem concebidos – para a doença e morte prematura. A boa notícia é que os cientistas estão a aprender a manipular as marcas epigenéticas no laboratório, o que significa que se encontram a desenvolver

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Page 1: Epigenética

A epigenética é um tema já estudado durante as nossa aulas de Psicologia e pelo qual já tinha um grande interesse. Considero que é uma área com muitas potencialidades, pois se as pessoas estiverem informadas sobre o quão podem ser responsáveis pela alteração do seu código genético, talvez passem a reflectir melhor sobre algumas das suas acções e alterem alguns comportamentos, principalmente para dar uma melhor qualidade de vida aos seus descendentes.

O seguinte texto é um excerto de um artigo publicado na revista VISÃO, a 8 de Abril de 2010, que foi traduzido por esta da revista TIME.

Na década de 80 do século passado, o Dr. Lars Olov Bygren, um especialista em Saúde Preventiva do Instituto Karolinska de Estocolmo, interrogou-se se as experiências das pessoas na fase precoce da sua vida alterava as características que passavam à sua descendência.

“(…) Os dados de Bygren - juntamente com os de muitos cientistas a trabalhar separadamente nos últimos 20 anos – deram origem a uma nova Ciência chamada Epigenética. De forma simplificada, trata-se do estudo das alterações na actividade dos genes, que não envolvem modificações no ADN, mas que, ainda assim, passam, pelo menos, para uma geração sucessiva. Estes padrões de expressão genética são governados pelo material celular - o epigenoma -, que se encontra no topo do genoma, mas fora dele (donde o prefixo «epi», que significa «por cima»). São estas marcas epigenéticas que dizem aos nossos genes para se ligarem ou desligarem, para falarem alto ou sussurrarem. É através das marcas epigenéticas que factores ambientais, como a alimentação, o stress e a nutrição pré-natal, podem deixar nos genes uma impressão que passa de uma geração para a seguinte.

A epigenética tanto traz notícias boas como más. Comecemos pelas más: há indícios de que opções de estilo de vida, como fumar e comer demasiado, podem alterar as marcas epigenéticas do topo do nosso ADN de uma maneira que leva, por exemplo, os genes da obesidade a expressarem-se com maior vigor, enfraquecendo os da longevidade. Todos sabemos que podemos encurtar a nossa vida se fumarmos ou comermos de mais. Mas começa a ficar claro que esses mesmos comportamentos podem predispor os nossos filhos – antes, até, de serem concebidos – para a doença e morte prematura.

A boa notícia é que os cientistas estão a aprender a manipular as marcas epigenéticas no laboratório, o que significa que se encontram a desenvolver

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medicamentos que tratam a doença simplesmente silenciando os maus genes e incitando os bons. (…) A grande esperança da investigação epigenética em curso, é que, com o estalido de um comutador bioquímico, possamos dizer aos genes que desempenham um papel num ror de patologias – incluindo o cancro, a esquizofrenia, o autismo, a doença de Alzheimer ou a diabetes – que fiquem dormentes. Poderíamos, afinal, ter uma carta de trunfo para jogar contra Darwin.

(…) O potencial é, pois, tremendo. Durante décadas, andámos a tropeçar em enormes calhaus darwinianos. Pensávamos que o ADN era um código indelével com que nós, os nossos filhos e os filhos deles teríamos de viver. Agora, é possível imaginar um mundo em que podemos martelar o ADN, moldá-lo à nossa vontade. Os especialistas em Genética e em Ética vão levar muitos anos a descortinar as implicações, mas não temos dúvidas: a era da Epigenética já chegou!”

Catarina O’Neill 12º C