Era uma vez: a contribuição dos contos de fadas para a formação do leitor
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ERA UMA VEZ: A CONTRIBUIÇÃO DOS CONTOS DE FADAS PARA A
FORMAÇÃO DO LEITOR INFANTIL
Marília Fabiana Pires Mendonça – UFRN
Orientadora: Renata Karla Lins Bezerra – UFRN
INTRODUÇÃO
Esse estudo se caracteriza no âmbito de uma pesquisa bibliográfica sobre a
contribuição dos contos de fadas para a formação leitora da criança e tem como objetivo
investigar a origem, especificidades, importância para a criança e como o trabalho com
o gênero literário colabora para o desenvolvimento do gosto pela leitura literária. A
relevância dessa pesquisa está na possibilidade de perceber a contribuição do conto de
fada para a formação do leitor infantil e oferecer aos docentes subsídios teóricos para o
trabalho com o texto literário de qualidade na escola.
Desde tempos muito antigos, o ser humano vem tentando responder a questões
primordiais como: quem sou eu? De onde viemos? Para onde vamos? Como tudo se
fez? Para isso, se buscava explicações nas forças da natureza, em divindades, criaturas
sobrenaturais, cultos a animais etc. Sob essa linha de valorização ao irreal é que
surgiram também as lendas, os mitos e os contos, ou seja, por meio da ficção se
tentavam responder a inquietações de existência humana.
As histórias inventadas pelo homem eram transmitidas oralmente e somente
anos depois passaram a ser registradas na linguagem escrita. Então, os primeiros contos
escritos se apresentavam com caráter educativo e não literário, pois eram voltados para
adultos e como um meio de instruir as crianças, que, por sua vez, não eram valorizadas
compreendidas com um adulto em miniatura.
Por muitas épocas a criança foi marginalizada na sociedade. Somente quando ela
passa a ser reconhecida por suas especificidades e quando se inicia um processo
educativo com a criação de escolas e um ensino voltado para infância, é que aos poucos
foram escrevendo uma literatura para esse público. Perrault, Andersen, La Fontaine,
Jacob e Wilhelm Grimm foram os primeiros escritores de contos de fadas como
Chapeuzinho Vermelho, A bela adormecida no bosque, A gata borralheira, O patinho
feio, entre outros.
A origem dos contos de fadas remota à civilização celta, povo místico que
valorizam a magia, de cultura fundamentada nos princípios espirituais, fabricação de
armas e culto às mulheres sobrenaturais (druidesas e fadas). De acordo com Coelho
(2009, p.77), “os celtas consideravam os rios, as fontes e os lagos lugares sagrados. A
água era reverenciada como a grande geradora da vida. Foi na água que a figura da fada
surgiu entre os celtas”. Elas ficaram conhecidas como seres fantásticos, dotadas de
poder e beleza que se apresentavam sob a forma de mulher, defendiam o bem, mas
podiam também encarnar o mal sendo conhecidas como bruxas.
Durante algum tempo, essa relação do homem com o fantástico foi sendo
abafada pelas idéias da ciência positivista e pelo forte apego ao racionalismo puro e
simples. A ciência e o aprofundamento do conhecimento sobre as leis da natureza
despojaram o homem de sua origem divina e transformaram-no em um resultado da
evolução da matéria. Mas, a evolução das idéias e descobertas dentro da própria ciência
ajudaram na percepção de que ela não é a única fonte de conhecimento absoluta e
inegável.
Assim, Coelho (2009, p.22) afirma que vive-se “um momento propício à volta
do maravilhoso, em cuja esfera o homem tenta reencontrar o sentido último da vida
[...]”. Dentro dessa visão, os contos de fadas assumem um papel fundamental não só
como literatura infantil, mas também como fonte do conhecimento que o homem
construiu ao longo dos anos. E “por lidar com conteúdos da sabedoria popular, com
conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes,
perpetuando-se até hoje” (ABRAMOVICH, 1994, p.117).
Nessa perspectiva, o resgate dos contos de fadas pela sociedade atual reflete o
desejo humano de se envolver sempre com o ficcional, com o imaginário, com o
fantástico. A atemporalidade dos contos revela a necessidade do homem em buscar
prazer através de histórias literárias.
Sendo assim, percebe-se a necessidade de entender como acontece o
envolvimento do leitor com o conto de fada e como se constitui esse gênero ficcional de
maior preferência entre o público infantil e na rotina das instituições de ensino.
A CRIANÇA E OS CONTOS DE FADAS
Sabe-se que os contos de fadas são, na maioria das vezes, o primeiro contato das
crianças com a leitura, seja por intermédios dos pais ou mesmo na leitura oral dos
professores na escola. São também, dos textos literários, os mais conhecidos pelo
público infantil devido, principalmente, a sua intensa circulação em massa pelas mídias
(filmes, desenhos, histórias em quadrinhos). Pode-se citar como exemplo as memórias
de leitura da escritora Fanny Abramovich:
Meu primeiro contato com o mundo mágico das histórias aconteceu
quando eu era muito pequenina, ouvindo minha mãe contar algo
bonito todas as noites, antes de eu adormecer, como se fosse um ritual... lembro de sua voz contando „João e Maria‟ [...]
(ABRAMOVICH, 1994, p. 10).
Essas experiências fizeram da escritora uma leitora apaixonada pelos livros e
pelas histórias ficcionais. A estrutura e conteúdo dos contos provocam um significativo
envolvimento do leitor infantil, assim como uma maior identificação com personagens e
enredos. Esse processo de identificação ocorre, pois os contos de fadas proporcionam à
criança caminhos de atribuição de significado para sua própria vida. Bettelheim (2007,
p.13) afirma que os contos de fadas
falam de suas graves pressões interiores de um modo que ela
inconscientemente compreende, e sem menosprezar as lutas íntimas mais sérias que o crescimento pressupõe, oferecem exemplos tanto de
soluções temporárias quanto permanentes para dificuldades
prementes.
Isso reafirma a preferência pelo gênero literário. A criança se identifica com as
personagens e angústias enfrentadas por eles reconhecendo-se nos mesmos sentimentos
vivenciados no real. Seja com a morte como em A gata borralheira ou com o abandono
como em João e Maria, a criança encontra nos contos exemplos de todas as situações e
conflitos sociais e existenciais, além de alternativas para possíveis soluções dos dramas
humanos. Toda a carga de sentimentos presente nos contos propicia à criança um
envolvimento cada vez maior com o texto.
O conto de fadas é orientado para o futuro e conduz a criança – em
termos que ela pode entender tanto na sua mente consciente quanto na
inconsciente – a abandonar seus desejos de dependência infantil e a alcançar uma existência independente mais satisfatória
(BETTELHEIM, 2007, p. 19).
Os processos de significação e identificação acontecem facilmente com os
contos, também, por meio de seus temas variados e atemporais, que “diversificam e
enriquecem a leitura de ficção” (BEZERRA, 2008, p.40). Existem contos que falam de
amor (O menino mau e Soldadinho de chumbo de Andersen), da dificuldade de ser
criança (O menino pastor dos irmãos Grimm), de carências e abandono (Joãozinho e
Mariazinha dos irmãos Grimm), de autodescobertas (O patinho feio de Andersen) e
muitos outros temas.
O contato com os contos de fadas deve ser prazeroso e despertar na criança o
desejo de prolongamento do prazer experimentado na leitura que progressivamente
conduz ao desejo e curiosidade de conhecer novas histórias ficcionais, por meio de
outros gêneros e com isso fortalecer o processo de formação do leitor literário.
Diante disso, percebe-se a importância dos contos de fadas para as crianças
enquanto leitor iniciante. Para potencializar esse contato, é fundamental o papel do
professor, mediador de leitura e leitor mais experiente na escola na condução e
motivação dos pequenos leitores na descoberta da experiência prazerosa proporcionada
pela leitura literária.
OS CONTOS DE FADAS NA ESCOLA
O conto de fada deve assumir um papel na escola de formação do leitor literário,
como primeiro contato enquanto texto ficcional para as crianças. No entanto, percebe-se
muitas vezes um equivoco no trabalho com o gênero em sala de aula. Segundo discurso
dos professores, a leitura de histórias é muito útil para acalmar as crianças, ou seja,
entendem o poder de fascínio da ficção que permite que o leitor ou ouvinte se concentre
como um recurso de controle do silêncio.
Essa situação, reforça a necessidade do trabalho sistemático com o conto de
fadas na escola, principalmente, no que se refere a seleção do livro, planejamento e
implementação da aula.
Quanto à escolha do livro, deve-se sempre procurar selecionar livros que
atendam às exigências de caráter literário, ou seja, apresente a função estética,
capacidade de sensibilizar o leitor através dos seus sentidos, sensações despertando
diferentes emoções. O caráter plurissignificativo, a possibilidade de o leitor atribuir
diversos significados ao texto a partir de interesses, necessidades e experiências
vivenciadas na realidade. A intangibilidade, a possibilidade de preservar o conteúdo,
enredo, texto literário original, toda literatura é intangível e não pode ser resumido
evitando a perda da essência ficcional (FIORIN, 1991). De acordo com Bettelheim, “só
se pode apreciar o verdadeiro significado e o verdadeiro impacto de um conto de fadas e
experimentar seu encantamento por intermédio da história em sua forma original”
(BETTELHEIM, 2009, p.29). O caráter de intangibilidade do texto literário deve ser
preservado, a fim de que a criança experimente o prazer que a função estética do texto
proporciona, e atinja um grau máximo de compreensão e identificação com o texto.
Quanto ao planejamento das leituras, Abramovich (1994, p. 18) afirma que
“quando se vai ler uma história [...] para a criança, não se pode fazer isso de qualquer
jeito, pegando o primeiro volume que se vê na estante”. Isso quer dizer que este
momento deve ser previamente planejado pelo professor, levando-se em conta o público
ao qual se destina aquela leitura e o ambiente (perceber a paisagem sonora) onde vai ser
realizada. O professor deve se apropriar previamente da história para realizar a leitura
oral eliminando riscos e imprevistos em sala de aula. Segundo Amarilha (1997, p.21),
“A oralidade se constitui também em um dos atrativos da literatura na escola, pois cria
um clima de comunidade em que todos estão envolvidos na mesma experiência
imaginária”.
Na implementação da aula, o professor deve estabelecer com seus alunos
contratos didáticos e estimulá-los a levantar hipóteses sobre a história que ouvirão. E
após a leitura, as hipóteses iniciais podem ser retomadas e se iniciar uma discussão da
história constituindo momento de argumentação, defesa de ponto de vista e valorização
da fala dos alunos.
A presença dos contos de fadas na escola possui uma relevância muito grande na
formação da criança como ser social e como leitor. Os contos de fadas apresentam
algumas características que os diferem de outros gêneros literários. Nos contos percebe-
se a presença do elemento mágico, o que possibilita a metamorfose nos personagens ou
objeto que conduz a resolução do conflito.
Outra especificidade dos contos de fadas é a presença de um conflito existencial,
social, econômico ou familiar. Sempre existe um problema que precisa ser resolvido e o
herói ou heroína sofre até receber a ajuda de um personagem ou elemento mágico para
alcançar a solução do conflito inicial. O fim do conto é sempre vitória do herói, que
alcança seu objetivo (COELHO, 2009).
REAL IMAGINÁRIO REAL
(problema) (oferecimento de soluções) (desfecho)
O esquema acima traduz de forma bem simples a estrutura dos contos de fadas,
que é sempre fixa: o enredo parte de um problema situado na esfera do real. O
desenvolvimento da narrativa se dá no plano do imaginário, quando surgem os
elementos mágicos e fantásticos que oferecem soluções para que o problema seja
resolvido. Finalmente, o desfecho da história volta ao plano do real, quando a ordem é
restabelecida (ABRAMIVICH, 1994).
Conhecendo-se as características que tornam uma história um conto de fadas, o
professor, enquanto leitor mais experiente deve oferecer à criança a liberdade de
conhecer diversas narrativas. Os contos são muito ricos em interpretações e suas
histórias são as mais diversas possíveis. Ao apresentá-las às crianças, deve também
permitir que expressem suas preferências literárias. Assim, se uma criança deseja ler ou
ouvir um determinado conto várias vezes, provavelmente é devido à experiência
significativa proporcionada que leva a possibilidade de repetição do prazer sentido.
Porém, “se uma criança não se sente atraída pela história, isso significa que os motivos
ou temas aí representados não conseguiram despertar uma resposta significativa nesse
momento de sua vida. Então é melhor contar-lhe um outro conto de fadas”
(BETTELHEIM, 2009, p.27).
A mediação da leitura deve ser feita de forma consciente. Enquanto mediador, o
docente não deve intervir nas descobertas e experiência das crianças, assim como nas
suas atribuições de significados, ou seja, nunca impor uma moral ou sentido único da
história já que contraria o caráter plurissignificativo do texto literário. Pennac (2008, p.
18) descreve a relação íntima e pessoal entre o leitor e o texto através de uma situação
onde os pais se referem ao filho após seus momentos de leitura:
Ele retornava mudo dessas viagens. De manhã, passávamos a outras
coisas. Para dizer a verdade, não procurávamos saber o que ele havia
ganhado, por lá. Ele, inocentemente, cultivava esse mistério. Era,
como se diz, seu universo. Suas relações particulares com Branca de
Neve ou com qualquer um dos sete anões eram da ordem da
intimidade, que exige segredo.
Esse momento é particular e deve ser mantido assim. Cada leitor tem o direito de
experimentar o texto, saboreá-lo, mantê-lo em segredo. O papel dos pais e professores,
como leitores mais experientes, é de oferecer à criança as diversas leituras literárias. As
experiências devem ser individuais, pois cada criança tem uma relação única com o
texto, seja ela boa ou não.
Nesta perspectiva, a sala de aula deve se tornar um ambiente favorável ao
desenvolvimento do gosto pela leitura. No entanto, essa prática é distorcida e sem
objetivo e passa a ter fins pragmáticos. Sobre isso, Amarilha (1997, p.17) comenta que
“o fascínio de uma boa história ainda parece insuficiente para garantir a presença da
literatura no ambiente educativo”. É comum se ouvir depoimentos de professores que
usam a literatura para ensinar determinado conteúdo, ou simplesmente como um
instrumento de “controle sobre a criança”, quando na verdade, o real sentido para o
trabalho sistemático com a literatura na escola é permitir aos alunos a descoberta do
prazer em ler e ouvir histórias. Em alguns casos o professor, inverte o papel de orientar
o aluno à prática da leitura, por afastá-lo dessa prática transformando as aulas de leitura
em momentos enfadonhos e aborrecidos pelas suas exigências de atividades avaliativas
e obrigatórias.
Não se obriga a ler. O papel do professor nessa mediação entre o aluno e os
livros é o de proporcionar o contato com a leitura, o envolvimento e a vontade de ler
novamente. Por prazer. Somente por prazer. Mais uma vez Pennac (2008, p. 47) observa
que a relação da criança com a leitura nos primeiros anos de vida deve se processar de
forma natural e deve causar deleite.
Na idade mais tenra, mal cessam de nos cantar a cantiga que faz o
recém-nascido sorrir e adormecer, abre-se a era dos contos. A criança os bebe como bebia seu leite. Ela exige a sequência e a repetição das
maravilhas; ela é um público implacável e excelente.
O prazer proporcionado pelos contos pode perpassar essa mais tenra idade e
transformar essa criança em um leitor ávido por aventuras, mistérios, romances etc.
Assim, a escola deve ser um lugar que favoreça o nascimento deste leitor que lê
por prazer e não por obrigação. E o conto de fada pode ser a porta que abri e
apresentam o mundo da fantasia, que mais tarde será ampliado com a presença dos mais
diversos gêneros ficcionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da discussão, verifica-se que os contos de fadas são, enquanto literatura,
o gênero mais conhecidos pelo público infantil devido, principalmente, devido sua
intensa circulação nas mídias. Por sua estrutura e conteúdo, percebe-se que os contos
provocam um significativo envolvimento do leitor infantil, assim como uma maior
identificação com personagens e enredos, motivando a repetição da leitura literária.
No contexto da escola, o professor deve realizar a mediação na relação da
criança com a leitura dos contos, favorecer o prazer e fortalecer o processo de formação
do leitor. Despertar na criança o desejo por novas leituras é algo que deve ser feito de
maneira consciente e planejada, por isso, o professor deve sempre procurar selecionar
livros que atendam às exigências de caráter literário, além de proporcionar um ambiente
propício para a contação/leitura das histórias.
A escola pode se tornar um ambiente propício para fazer do ato de ler uma
atividade prazerosa, sem usar a literatura como pretexto para se trabalhar outras
questões que não seja a leitura em si. Os contos de fadas podem ser o primeiro contato
das crianças com a magia de uma boa leitura, e por isso, não devem ser menosprezados
ou trabalhados de qualquer maneira, como se a sua leitura não tivesse relevância
nenhuma para a formação de leitores.
Diante do que foi refletido nessa investigação, constata-se uma urgente
necessidade de oferecer aos docentes subsídios teórico-metodológicos para o trabalho
com o texto literário em sala de aula. Além disso, reconhece-se a importância da leitura
dos contos de fadas para o desenvolvimento cognitivo, psicológico, social e escolar da
criança, bem como para a formação de leitores que vêem no ato da leitura, um momento
de prazer.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 4. Ed. São Paulo:
Scipione, 1994.
AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica.
7. Ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
BETTELHEIM. Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução Arlete Caetano.
21. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
BEZERRA. Renata Karla Lins. Do conflito do leitor à mediação do professor: o
ensino de ficção com contos de fadas e histórias em quadrinhos. 2008. 146f.
Monografia (Graduação em Pedagogia) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2008.
COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas: símbolos – mitos – arquétipos. 2. Ed. São
Paulo: Paulinas, 2009.
FIORIN, José Luís; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. 2.ed. São Paulo: Ática, 1991.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Tradução Leny Werneck. Porto Alegre: L&PM
Pocket, 2008.
ZILBERMAN. Regina. A literatura infantil na escola. 11. Ed. São Paulo: Global,
2003.