ERGONOMIA DAS ATIVIDADES DE CORTE DE MINI-ESTACAS E CLASSIFICAÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO EM UM...

70
  UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL ERGONOMIA DAS ATIVIDADES DE CORTE DE MINI- EST ACA S E CL ASSIFICAÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO EM UM VIVEIRO FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA GRANDE - MATO GROSSO. MARCUS FILIPE FERNANDES DA COSTA CUIABÁ – MT 2009

description

Monografia apresentada à disciplina Práticas Integradas do Departamento de Engenharia Florestal, da Faculdade de Engenharia Florestal – Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Florestal.

Transcript of ERGONOMIA DAS ATIVIDADES DE CORTE DE MINI-ESTACAS E CLASSIFICAÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO EM UM...

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

    ERGONOMIA DAS ATIVIDADES DE CORTE DE MINI-ESTACAS E CLASSIFICAO DE MUDAS DE EUCALIPTO EM UM VIVEIRO FLORESTAL NO

    MUNICPIO DE VRZEA GRANDE - MATO GROSSO.

    MARCUS FILIPE FERNANDES DA COSTA

    CUIAB MT

    2009

  • ii

    MARCUS FILIPE FERNANDES DA COSTA

    ERGONOMIA DAS ATIVIDADES DE CORTE DE MINI-ESTACAS E CLASSIFICAO DE MUDAS EUCALIPTO

    EM UM VIVEIRO FLORESTAL NO MUNICPIO DE VRZEA GRANDE - MATO GROSSO.

    Orientador: Antonio de Arruda Tsukamoto Filho

    Monografia apresentada disciplina Prticas Integradas do Departamento de Engenharia Florestal, da Faculdade de Engenharia Florestal Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigncias para obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Florestal.

    CUIAB MT 2009

  • iii

    MARCUS FILIPE FERNANDES DA COSTA

    ERGONOMIA DAS ATIVIDADES DE CORTE DE MINI-

    ESTACAS E CLASSIFICAO DE MUDAS EUCALIPTO EM UM VIVEIRO FLORESTAL NO MUNICPIO DE

    VRZEA GRANDE - MATO GROSSO.

    Monografia apresentada disciplina Prticas Integradas do Departamento de Engenharia Florestal, da Faculdade de Engenharia Florestal Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigncias para obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Florestal.

    APROVADA EM:____/____/_______ Comisso Examinadora

    ______________________ ______________________ Prof Rozimeiry Gaspar Wagner Matos

    UFMT/FENF Eng Florestal

    ______________________ Prof. Dr. Antonio de Arruda Tsukamoto Filho

    Orientador - UFMT/FENF

  • iv

    EPGRAFE

    Homens e mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes

    for dado um ambiente adequado, eles o faro.

    Bill Hewlett

    Fundador da Hewlett-Packard

  • v

    DEDICATRIA

    A minha querida esposa Solene, que me viu crescer ao longo

    desta etapa de minha vida, segurou em minha mo e me ajudou a subir

    mais esse degrau. Obrigado pelo carinho, pacincia, compreenso e fora

    nos momentos difceis. E a Victria, motivo de muita alegria para ns.

    A minha me Marluce, que me criou com todo amor e carinho.

    Sempre respeitou minhas escolhas, me incentivou e deu foras para

    continuar. Obrigado por tudo.

    A meu pai Carlos, que por mais que esteja distante, sei que me

    ama.

    A tia Meri, minha segunda me e a av Ivete. Desde criana

    tm um carinho inexplicvel por mim.

    Aos meus avs Jaime e Mrio que sempre foram grandes

    exemplos. S poderiam ter esperado um pouquinho mais para ver o neto

    engenheiro.

    Ao Nei, minhas irms Isabela e Ana Carolina, tio Paulo, tia

    Cludia, todos os tios e primos. Grato pelo carinho e apoio.

    A todos os meus amigos que contriburam de certa forma nessa

    jornada.

    Parte disso mrito de vocs. Por isso dedico esse trabalho.

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    A Deus que me carregou nos braos nos momentos de

    fraqueza. Em quem deposito minha confiana e sei que tem me ajudado

    sempre.

    Ao professor e orientador Antonio de Arruda Tsukamoto Filho,

    pela dedicao na orientao desse trabalho, confiana e oportunidade a

    mim oferecida.

    A todos os professores e funcionrios da Faculdade de

    Engenharia Florestal da UFMT, que pela dedicao e comprometimento

    foram fundamentais a minha formao profissional.

    A professora Rosimeiry Gaspar por aceitar fazer parte da minha

    banca.

    A todos os colaboradores do viveiro que me receberam todas

    s vezes com muita simpatia e participaram de forma ativa desse

    trabalho, em especial ao Eng. Florestal Wagner Matos e a Talissa, por

    acreditarem e disponibilizar todos os recursos necessrios.

    A todos o meu muito obrigado!

  • vii

    SUMRIO

    Pgina

    LISTA DE TABELAS ................................................................................. ix LISTA DE QUADROS ............................................................................... x LISTA DE FIGURAS ................................................................................. xi RESUMO .................................................................................................. xii

    1. INTRUDUO ....................................................................................... 1

    1.1 Hipteses ......................................................................................... 4

    1.2 Objetivo Geral .................................................................................. 5

    1.3 Objetivos Especficos ....................................................................... 5

    2. REVISO DE LITERATURA ................................................................. 6

    2.1 Histrico e Definio da Cincia Ergonmica. .................................. 6

    2.2 Ergonomia no Setor Florestal ........................................................... 7

    2.3 Ergonomia na Produo de Mudas Florestais .................................. 9

    2.4 Perfil dos Trabalhadores e Condies de Trabalho........................ 10

    2.5 Antropometria ................................................................................. 12

    2.6 Leses por Esforos Repetitivos LER. ........................................ 14

    3. MATERIAIS E MTODOS ................................................................... 16

    3.1 Localizao da rea ....................................................................... 16

    3.2 Caracterizao da Regio .............................................................. 16

    3.3 Caractersticas do Viveiro ............................................................... 16

    3.4 Populao ...................................................................................... 17

    3.5 Atividades Desenvolvidas ............................................................... 17

    3.5.1 Corte de mini-estacas ............................................................... 18

    3.5.2 Casa de sombra/seleo de mudas ......................................... 19

    3.5.3 Aclimatao .............................................................................. 20

    3.6 Fases do Estudo ............................................................................ 21

    3.6.1 Caracterizao do perfil e das condies de trabalho .............. 21

    3.6.2 Levantamento antropomtrico .................................................. 21

    3.6.3 Leses por esforos repetitivos LER ..................................... 23

  • viii

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................... 25

    4.1 Perfil e Condies de Trabalho ...................................................... 25

    4.1.1 Caractersticas gerais da populao ........................................ 25

    4.1.2 Hbitos da populao ............................................................... 29

    4.1.3 Satisfao quanto ao trabalho e a empresa ............................. 31

    4.1.4 Refeies ................................................................................. 34

    4.1.5 Treinamentos............................................................................ 35

    4.1.6 Sade ....................................................................................... 37

    4.1.7 Segurana do trabalho ............................................................. 39

    4.1.8 Limpeza e manuteno do ambiente de trabalho ..................... 40

    4.1.9 Sndrome Pr-Menstrual .......................................................... 41

    4.2 Antropometria. ................................................................................ 43

    4.3 Leses por esforos repetitivos. ..................................................... 47

    5. CONCLUSES .................................................................................... 50

    5.1 Perfil e Condies de Trabalho ...................................................... 50

    5.1.1 Caractersticas gerais da populao ........................................ 50

    5.1.2 Hbitos ..................................................................................... 50

    5.1.3 Satisfao ................................................................................. 50

    5.1.4 Refeies ................................................................................. 50

    5.1.5 Treinamento ............................................................................. 51

    5.1.6 Sade ....................................................................................... 51

    5.1.7 Segurana ................................................................................ 51

    5.1.8 Limpeza e manuteno do ambiente de trabalho ..................... 51

    5.1.9 Sndrome Pr-Menstrual .......................................................... 51

    5.2 Antropometria ................................................................................. 52

    5.3 Leses por Esforos Repetitivos - LER .......................................... 52

    6. RECOMENDAES ........................................................................... 53 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................... 55

  • ix

    LISTA DE TABELAS 1. VARIVEIS ANTROPOMTRICAS E SUAS RESPECTIVAS DESCRIES......................................................................................................22 2. FATORES, CLASSIFICAO, CARACTERIZAO, E MULTIPLICADOR PARA ANLISE DE LESES POR ESFOROS REPETITIVOS.......................24 3. CARACTERSTICAS DO PERFIL DOS TRABALHADORES DO VIVEIRO ESTUDADO.........................................................................................................25 4. ESTADO CIVIL DA POPULAO ESTUDADA...............................................26 5. EPIS MAIS IMPORTANTES SEGUNDO OS TRABALHADORES.................39 6. QUESTIONRIO FEITO AS TRABALHADORAS DO SEXO FEMININO SOBRE A SNDROME PR-MENSTRUAL.........................................................42 7. PERCENTIS, MDIA, DESVIO PADRO E COEFICIENTE DE VARIAO (%) DO LEVANTAMENTO ANTROPOMTRICO DOS TRABALHADORES QUE ATUAVAM NO CORTE DE MINIESTACAS E CLASSIFICAO DE MUDAS (MEDIDA EM CENTMETROS)...........................................................................44 8. ATIVIDADES EM QUE FORAM ANALISADAS O RISCO DE LESES POR ESFOROS REPETITIVOS E OS FATORES COM OS SEUS RESPECTIVOS PESOS.................................................................................................................49

  • x

    LISTA DE QUADROS 1. DIVISO DE SETOR POR N DE TRABALHADORES...................................17 2. ALTURA E LARGURA DAS BANCADAS DO MINIJARDIM CLONAL, CASA DE SOMBRA E PLENO SOL (MEDIDAS EM CENTMETROS)..........................45 3. COMPARATIVO ENTRE AS DIMENSES IDEAIS DAS BANCADAS SEGUNDO O PERFIL ANTROPOMTRICO DOS TRABALHADORES E DIMENSES ENCONTRADAS NO VIVEIRO.....................................................45

  • xi

    LISTA DE FIGURAS 1. MUDA DE ESTACA ENRAIZADA (ESQUERDA) E DEPOIS DA PODA DO PICE (DIREITA) NA FORMAO DA MINICEPA.............................................18 2. MINICEPA EM PONTO DE COLETA DE MINI-ESTACAS..............................18 3. MINIESTACA PREPARADA............................................................................19 4. HBITOS DA POPULAO ENTREVISTADA................................................29 5. RELAO DOS TRABALHADORES QUANTO A EMPRESA E SEUS SETORES............................................................................................................32 6. GRFICO DO PERCENTUAL DOS TRABALHADORES QUE CONSIDERAM O TRABALHO REPETITIVO................................................................................33 7. OPINIO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AO SALRIO RECEBIDO PELA EMPRESA............................................................................................................34 8. RELAO PERCENTUAL DAS REFEIES FEITAS PELOS TRABALHADORES ENTREVISTADOS..............................................................35 9. FRAO DOS TRABALHADORES QUE DIZEM TER RECEBIDO ALGUM TIPO DE TREINAMENTO PARA DESENVOLVER SUA ATUAL FUNO........36 10. DISTRIBUIO PERCENTUAL DE DORES NO CORPO DOS TRABALHADORES ENTREVISTADOS..............................................................37 11. CAUSA DAS DORES NOS TRABALHADORES DO VIVEIRO FLORESTAL ESTUDADO.........................................................................................................39

  • xii

    RESUMO COSTA, Marcus Filipe Fernandes. Ergonomia das atividades de corte de mini-estacas e classificao de mudas de eucalipto em um viveiro florestal no municpio de Vrzea Grande - Mato Grosso. 2009. Monografia (Graduao em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiab MT. Orientador: Prof Dr. Antonio de Arruda Tsukamoto Filho. Este estudo teve como objetivo avaliar ergonomicamente as atividades de corte de mini-estacas e classificao de mudas em viveiro florestal, localizado no municpio de Vrzea Grande-MT. O trabalho teve por objetivos especficos: levantamento do perfil e das condies de trabalho; levantamento antropomtrico; anlise de riscos de Leses por Esforos Repetitivos. Os dados foram coletados atravs de entrevistas, medies e observaes do ambiente de trabalho. Os resultados permitiram concluir que o tempo de empresa dos trabalhadores relativamente longo. Os trabalhadores apresentaram um perfil de pessoas jovens, alfabetizadas, sedentrias, de origem rural, com quase dois filhos em mdia, possuidores de casa prpria e destros. O percentual de consumidores de bebidas alcolicas e fumantes era significativo. O nvel de treinamento era baixo e havia manifestao favorvel quanto aos treinamentos. A maioria dos trabalhadores utilizava equipamentos de proteo individual. As maiores reclamaes sobre dores no corpo foram relativas a dores na cabea e costas. A maioria dos trabalhadores do sexo feminino dizia ter os sintomas da Sndrome pr-menstrual, o que atrapalhava no desempenho das tarefas. A largura mxima das bancadas do minijardim clonal, da casa de sombra e do setor de aclimatao, para o percentil de 5% foi de 86,8 cm, 43,4 cm, 43,4 cm respectivamente. A altura ideal das bancadas, foi de 100,0 cm, no percentil de 20%. Todas as atividades avaliadas sobre o risco de Leses por Esforos Repetitivos foram classificadas como de alto risco.

    Palavras-chave: Perfil; Condies de trabalho; Antropometria; Leses por

    Esforos Repetitivos LER.

  • 1

    1. INTRUDUO

    A revoluo industrial que se iniciou na Inglaterra no sculo

    XVIII modificou a forma de trabalho conhecida at ento, e mecanizou os

    sistemas de produo. A burguesia industrial vida por maiores lucros,

    menores custos e produo acelerada, juntamente com o crescimento

    populacional por qual a Europa passava na poca da revoluo, trouxe

    uma maior demanda por produtos e servios. A mquina de fiar, o tear

    mecnico e a mquina vapor de James Watt estabeleceram mudanas

    impressionantes na organizao do trabalho. A indstria automobilstica

    baseada nos princpios da racionalizao de tempos e mtodos de

    Frederick Winslow Taylor instituiu a linha de montagem, ritmo de trabalho

    determinado pela mquina e a produo em srie (COUTO, 1995).

    Com o progresso gerado com a revoluo industrial,

    passou-se a trabalhar num ritmo mais veloz e a executar tarefas cada

    vez mais especficas e automticas. A segmentao de funes e a

    especificidade dos trabalhos ocasionaram uma srie de problemas de

    sade para os trabalhadores envolvidos. Entre os problemas mais

    comuns citam-se as Leses por Esforos Repetitivos (LER.) e as

    Lombalgias.

    Nos meados do sculo XX, com o advento da tecnologia

    espacial norte americana, surgiu o conceito moderno de Ergonomia ou

    Human factors. O modelo burgus de desenvolvimento que exigia que o

    trabalhador se adaptasse a mquina deu lugar a um novo conceito que

    procurava adaptar a mquina ao humano.

    Grupos de mdicos, psiclogos e engenheiros foram, ento,

    organizados para que o desenho desses projetos e aparelhos fosse

    analisado do ponto de vista anatmico, fisiolgico e psicolgico, e, como

    conseqncia, muitos desses foram redesenhados adaptando-se melhor

    ao desempenho do organismo (ALVES, 2001).

    O termo ergonomia havia sido cunhado em 1857 pelo polons

    Jastrzebowski, mas tinha cado em esquecimento. retomado em 1949

    pelo engenheiro ingls K. F. H. Murrel para reunir os conhecimentos

  • 2

    (psicolgicos e fisiolgicos) teis concepo dos meios de trabalho.

    Atualmente, a Associao Internacional de Ergonomia (2000), define

    ergonomia como uma disciplina cientfica relacionada ao entendimento

    das interaes entre seres humanos e outros elementos de um sistema, e

    tambm a profisso que aplica teoria, princpios, dados e mtodos para

    projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de

    um sistema.

    A ergonomia busca antes de tudo uma associao dos termos

    conforto e produtividade. Quando se pensa em apenas um desses termos

    o resultado final tende a no se sustentar e o processo produtivo passa a

    ser insustentvel. A adaptao entre o homem e sua tarefa, fazendo com

    que haja uma adequao das condies de trabalho s caractersticas do

    ser humano o principal pilar que sustenta a cincia ergonmica. Quando

    h uma correta associao dos termos conforto (tanto fsico como

    psicolgico) e produtividade h um conseqente aumento na eficincia e

    no rendimento das atividades desenvolvidas pelo ser humano.

    No Brasil, esse tema tem sido tratado com cada vez mais

    importncia. O artigo n 162 da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT)

    estabelece a obrigatoriedade das empresas em manterem servios

    especializados em engenharia de segurana e em medicina do trabalho,

    em funo do nmero mnimo de funcionrios e a natureza do risco de

    suas atividades.

    A elaborao e implantao do Programa de Preveno de

    Riscos Ambientais (PPRA), somado com as recentes mudanas no

    sistema de Seguros de Acidentes de Trabalho (SAT), que atravs do

    Fator Acidentrio de Preveno (FAP) flexibiliza as alquotas de

    contribuio mensal obrigatria, motivam as empresas a trabalharem de

    forma efetiva na introduo de programas que envolvam sade,

    segurana e conforto do trabalhador.

    Atravs da implantao desses programas e da aplicao da

    legislao vigente, as empresas se tornam mais competitivas uma vez

    que o nvel de qualidade de vida dos trabalhadores se eleva o que

  • 3

    segundo Bom Sucesso (1997), condio essencial para o xito de uma

    empresa ou de um empreendimento.

    Para que os conceitos de ergonomia possam ser aplicados

    em uma empresa, indispensvel conhecer-se o perfil dos trabalhadores,

    pois o conhecimento das caractersticas e habilidades de cada um

    fundamental para o desempenho adequado de determinadas funes.

    De acordo com o conceito moderno de ergonomia, as

    condies de trabalho devem trabalhar em favorecimento ao trabalhador.

    A anlise das variveis antropomtricas permite um adequado

    planejamento dos ambientes onde sero exercidas as funes, o que por

    conseqncia, se reflete na relao homem-atividade.

    Alm do conhecimento do perfil dos trabalhadores e da

    anlise das variveis antropomtricas, as atividades desenvolvidas no

    processo produtivo em si devem ser avaliadas no sentido de se constatar

    a presena do risco de leses por esforos repetitivos ao qual so

    expostos os trabalhadores envolvidos em atividades manuais.

    No processo de produo de mudas em um viveiro florestal

    torna-se indispensvel o estudo dos fatores acima citados, visto as

    condies adversas as quais esto submetidas os trabalhadores,

    considerando-se tambm o fato de tratar-se de uma atividade

    basicamente manual.

  • 4

    1.1 Hipteses

    O conhecimento das caractersticas da populao, condies

    de trabalho e antropometria so teis na aplicao de prticas

    ergonomizadoras em viveiro florestal.

    As atividades de corte de mini-estacas e classificao de mudas

    causam leses por esforos repetitivos.

  • 5

    1.2 Objetivo Geral

    O objetivo deste trabalho foi avaliar ergonomicamente as

    atividades de corte de mini-estacas, seleo de mudas em casa de

    sombra e aclimatao de mudas de Eucalipto em um viveiro florestal no

    municpio de Vrzea Grande Mato Grosso. O estudo ergonmico

    dessas atividades possibilitar se necessrio, sugerir mudanas visando

    segurana, conforto, bem-estar, melhoria de sade e produtividade dos

    trabalhadores, e em conseqncia, um aumento significativo da qualidade

    e quantidade das mudas produzidas.

    1.3 Objetivos Especficos

    O presente trabalho teve como objetivos especficos:

    Levantar o perfil e as condies de trabalho dos

    trabalhadores envolvidos no processo de corte de mini-

    estacas e classificao de mudas avaliando quesitos

    como: caractersticas gerais, hbitos, satisfao,

    refeies, sade, segurana, treinamentos, limpeza e

    manuteno do ambiente de trabalho e Sndrome Pr-

    Menstrual

    Determinar as variveis antropomtricas, indicando se as

    instalaes esto de acordo com o perfil antropomtrico;

    Avaliar os riscos de leses por esforos repetitivos nos

    trabalhadores envolvidos no processo de corte de mini-

    estacas e classificao de mudas.

  • 6

    2. REVISO DE LITERATURA 2.1 Histrico e Definio da Cincia Ergonmica.

    Segundo Laville (1988), com a publicao dos estudos de

    Coprnico, Galileu e outros cientistas a respeito do movimento dos corpos

    celestes, um enorme ceticismo tomou conta dos pensadores daquela

    poca. Tinha ficado patente que nossos sentidos podem nos enganar,

    pois se pensava at ento, que a terra era o centro do universo. Se por

    um lado o homem sofreu um intenso golpe no seu narcisismo, por outro,

    isto permitiu que seu corpo fosse estudado como um objeto qualquer da

    mesma forma como os vrios outros que compem a natureza s que

    animado por uma alma.

    Nesse contexto, nasce a cincia ergonmica tendo como

    princpio, ao contrrio do que pensava Descartes, a constatao de que o

    homem no como uma mquina ou um simples transformador de

    energia, mas, como sugere a norma regulamentadora de segurana e

    sade do trabalhador NR17, um ser com caractersticas psicofisiolgicas

    passvel de conforto e segurana para que possa ter um desempenho

    eficiente da funo que exerce.

    A origem do termo ergonomia remonta a 1857, quando o

    polons W. Jastrzebowski deu como ttulo a uma de suas obras Esboo

    da Ergonomia ou cincia do trabalho baseada nas verdadeiras avaliaes

    das cincias da natureza. O neologismo ergonomia compreende os

    termos gregos ergo (trabalho) e nomos (normas, regras) (MORAES &

    MONTALVO, 2003)

    Apesar dos primeiros estudos cientficos na rea ergonmica se

    iniciarem no perodo da renascena atravs de nomes como: Ramazzini,

    Patissier, Villerm, Lavoisier, a verdadeira relao entre o bem-estar,

    conforto, segurana e a eficincia no processo produtivo s passa a ter

    maior importncia a partir do sculo XX.

    De acordo com Dul & Weerdmeester (2004), a ergonomia

    passou por um grande perodo de desenvolvimento durante a II Guerra

  • 7

    Mundial (1939-45). Pela primeira vez, houve uma conjugao sistemtica

    de esforos entre a tecnologia, cincias humanas e biolgicas para

    resolver problemas causados pela operao de equipamentos militares

    complexos. Os resultados desse esforo interdisciplinar foram muito

    gratificantes, a ponto de serem aproveitados pela indstria, no ps-guerra.

    Para Lida (1990), os objetivos prticos da ergonomia so: a

    segurana, a satisfao e o bem-estar dos trabalhadores no seu

    relacionamento com os sistemas produtivos. A eficincia quando colocada

    em primeiro plano, isoladamente, pode significar sacrifcio e sofrimento

    dos trabalhadores e isso inaceitvel, pois a ergonomia visa, em primeiro

    lugar, o bem-estar do trabalhador. A eficincia vir como resultado de

    todo o processo.

    Esta cincia pode ser aplicada em qualquer setor trabalhista,

    independentemente do tipo de atividade desenvolvida, ajudando a

    promover o melhor aproveitamento e a qualidade das tarefas, conciliando

    estes fatores, prioritariamente, com a sade do trabalhador (BICALHO,

    2006)

    Define-se, ento, a Ergonomia como um conjunto de cincias e

    tecnologias que procura a adaptao confortvel e produtiva entre o ser

    humano e o seu trabalho. Alm, de uma cincia de utilizao das foras e

    das capacidades humanas (COUTO, 1995; MORAES & MONTALVO,

    2003). A ergonomia tem por definio, portanto, muito a colaborar com a

    melhoria das condies de trabalho em todo o setor florestal, incluindo-se

    a o processo de produo de mudas em viveiro.

    2.2 Ergonomia no Setor Florestal

    O setor florestal brasileiro teve grande expanso, a partir de

    1990, buscando novas alternativas de implantao florestal com sistemas

    mais adequados para alcanar a sustentabilidade econmica, ambiental e

    social, garantindo a sade e a segurana no trabalho (SILVA et al., 2007).

    De acordo com Fiedler (2001), a busca por maior

    competitividade, por meio da inovao tecnolgica do setor florestal,

  • 8

    resultou em novos processos de trabalho, aumentando o rendimento nas

    operaes.

    Diante de um novo modelo de organizao do trabalho, as

    implicaes do trabalho na sade dos trabalhadores do setor florestal

    configuram um novo quadro de danos sade (BICALHO, 2006).

    Segundo Arajo (1998), no setor florestal, e em particular, o

    trabalho nas atividades de implantao florestal e tratos culturais, tm

    chamado a ateno devido ao aumento de adoecimento e afastamento

    desses profissionais. Para ele, isto no uma peculiaridade do trabalho

    no setor florestal, trata-se de um fenmeno internacional que alcana o

    conjunto de pases no contexto dos processos produtivos.

    Condies organizacionais desfavorveis, sobrecarga fsica de

    trabalho contnua, falta de tempo para se recuperar do trabalho,

    constituem fatores favorecedores para o surgimento de vrias patologias

    em trabalhadores florestais. Todos esses fatores, mensurveis ou no,

    interatuam com a diversidade de caractersticas individuais, sociais, e

    culturais dos trabalhadores e influenciaro na percepo da qualidade de

    vida expressada por eles. Esta realidade reclama uma anlise da

    organizao do trabalho e da sade dos trabalhadores em busca da

    melhoria da qualidade de vida a partir da interveno nas condies de

    trabalho (BICALHO, 2006).

    Uma grande demanda pelos produtos de origem florestal

    contribuiu para uma mecanizao intensiva do setor, visando a um

    aumento na produtividade (LIMA, et al., 2005). Apesar desse aumento no

    nvel de mecanizao nas atividades do segmento silvicultural brasileiro,

    muitos fatores de risco associados aos trabalhos florestais existem devido

    s atividades serem ainda, muitas vezes, de carter manual.

    A ergonomia tem contribudo significativamente para a melhoria

    das condies de trabalho humano. Entretanto, na maioria dos pases em

    desenvolvimento, um conceito relativamente novo e essa contribuio

    ainda pequena. O setor florestal contribui de forma modesta nesse

    sentido em virtude do baixo nmero de pesquisas e da pouca divulgao

    dos seus benefcios (MINETTI, 1996; PIMENTA et al, 2006).

  • 9

    As pesquisas ergonmicas realizadas em mbito florestal no

    Brasil esto focadas, em sua maioria, nas reas da silvicultura e indstria

    moveleira. Os estudos contemplam geralmente a avaliao ergonmica

    do produto (mquinas, mveis), avaliao do ambiente de trabalho,

    avaliao da carga de trabalho a qual os trabalhadores so submetidos,

    avaliao biomecnica, avaliao antropomtrica e de perfil.

    2.3 Ergonomia na Produo de Mudas Florestais

    A produo de mudas florestais em viveiros constitui a primeira

    etapa da atividade florestal e pode ser feita por meio da propagao por

    sementes ou vegetativa. Entre as atividades da silvicultura uma das

    mais importantes, pois representa o incio de uma cadeia de operaes

    que visam o estabelecimento de florestas e povoamentos (MARTINS, et

    al., 1998; SHORN E FORMENTO, 2003).

    Em um projeto de reflorestamento, a qualidade das mudas

    muito importante, por estar relacionada diretamente com a qualidade do

    povoamento por ocasio da colheita final. Por se tratar de investimentos

    de longo prazo, o rigor torna-se maior, justificando o dispndio com a

    qualidade das mudas e com o controle contnuo dos custos da qualidade

    (LEITE, et al. 2005).

    Atualmente, com a maior competitividade do setor de produo

    de mudas, houve elevao do rendimento no trabalho. As atividades so

    realizadas, na sua maioria, por empresas privadas que, muitas vezes,

    visando maximizao dos lucros, reduo dos custos e otimizao da

    produo, acabam fazendo menor investimento no seu principal elemento

    de trabalho, ou seja, o trabalhador (FIEDLER et al., 2007).

    Esse aumento de produtividade sem melhoria nas condies de

    trabalho pode estar levando o indivduo a trabalhar acima de seus limites

    fsicos, adotar posturas potencialmente lesivas ao seu organismo e

    levantar e transportar cargas com pesos acima dos limites tolerveis,

    alm de, freqentemente, realizar essa movimentao de modo incorreto

    (FIEDLER, 1998; VENTUROLI, 2000).

  • 10

    O ritmo de trabalho no deve interferir em suas condies

    adequadas, pois os limites fisiolgicos e psicolgicos devem ser

    respeitados. As consequncias de um ritmo acima desses limites so: o

    desgaste fsico rpido, o estresse, a fadiga, o aumento dos riscos de

    acidentes e a perda do prazer pela atividade, com a consequente

    diminuio da satisfao e produtividade no trabalho (MERINO, 1996).

    Nas atividades de propagao de plantas, o trabalho realizado

    envolve vrias posturas e pesos diferenciados, podendo ser

    potencialmente lesivos sade dos trabalhadores envolvidos nessas

    atividades (ALVES et al., 2006).

    Segundo Fiedler (2001), a mecanizao parcial ou total de

    processos a melhor alternativa para o desempenho das tarefas que

    excedem o limite de carga que o corpo humano suporta e so realizadas

    em posturas desconfortveis. Na grande maioria das vezes a utilizao

    de mquinas nas operaes de propagao de mudas em viveiros tm

    uso apenas como auxlio no desempenho das tarefas. Em muitas

    atividades existe forte necessidade de uso dos sentidos como o tato e a

    viso (FIEDLER et al., 2007).

    A aplicao dos estudos ergonmicos nas operaes de

    produo de mudas visa amenizar a fadiga fsica e mental dos

    trabalhadores e aumentar a satisfao, segurana e bem-estar, levando,

    consequentemente, melhoria da qualidade e produtividade das mudas

    (FIEDLER et al., 2007).

    2.4 Perfil dos Trabalhadores e Condies de Trabalho

    Para caracterizar a mo-de-obra e as condies de trabalho na

    empresa necessrio conhecer os fatores humanos de seus

    trabalhadores, assim como a opinio deles a respeito do trabalho, das

    condies de sade, alimentao, treinamento e segurana (FIEDLER,

    1998).

    O estudo dos fatores humanos consiste em um levantamento

    do trabalhador na empresa, analisando-se variveis como: tempo na

    empresa, tempo na funo, estado civil, nmero de filhos, idade,

  • 11

    escolaridade, origem, religiosidade, variveis antropomtricas, etc,

    enquanto as condies gerais de trabalho na empresa so fatores que

    influenciam diretamente a satisfao do trabalhador, a produtividade e a

    manuteno do sistema humano-mquina em funcionamento (MINETTI,

    1996).

    A utilizao de conhecimentos da ergonomia e do perfil dos

    trabalhadores permite que alguns fatores como a monotonia, fadiga e

    erros sejam reduzidos. Com isso, torna-se possvel diminuir custos e

    evitar que os trabalhadores desperdicem tempo e energia inutilmente, o

    que gera motivao e cooperativismo no ambiente de trabalho (BICALHO,

    2006).

    Para Silva / 2000? /, o conhecimento do perfil dos

    trabalhadores importante, pois o ritmo de trabalho deve ser estipulado

    levando-se em considerao fatores particulares dos que realizam as

    atividades. Quando, por exemplo, o ritmo estabelecido sobre uma

    populao demasiadamente jovem, ele se torna insuportvel medida

    que se envelhece, razo pela qual certos locais de trabalho so povoados

    apenas por jovens. Os que vo permanecendo adoecem e, aos poucos,

    vo sendo excludos, sendo demitidos ou pedindo demisso quando a

    carga de trabalho se torna insuportvel.

    Identificando-se as condies cotidianas do trabalhador,

    conhecendo-se e analisando-se as variveis relacionadas ao ser humano,

    torna-se possvel implantar apropriadamente prticas ergonmicas e

    assim criar condies para uma melhor qualidade de vida do trabalhador

    (SILVA, 2003).

    O conhecimento do perfil e das opinies dos trabalhadores

    envolvidos nas atividades de propagao de plantas em viveiros

    florestais, a respeito do trabalho, til na implementao de novas

    tcnicas de treinamento, de melhoria das condies atuais de trabalho, da

    satisfao em se trabalhar na empresa, entre outras (ALVES, 2001).

    O perfil dos trabalhadores e as condies de trabalho so

    levantados por intermdio de questionrio individual, previamente

    elaborado, aplicado em forma de entrevista e observaes do cotidiano

  • 12

    de trabalho na empresa. A aplicao de questionrios dicotmicos e

    entrevistas prevista por Moraes & MontAlvo (2003) como uma tcnica

    de interveno ergonomizadora.

    2.5 Antropometria

    Antropometria a cincia que estuda especificamente as

    medidas e propores das diferentes partes do corpo humano (peso,

    estatura, comprimento dos braos, comprimento das pernas etc.) para

    determinar diferenas entre indivduos e grupos. Esses dados

    caractersticos da estrutura humana so fundamentais para o projeto de

    ferramentas, equipamentos e utenslios necessrios ao ser humano

    (PEREIRA et al., 1993).

    Segundo Dul & Weerdmeester (2004), a antropometria ocupa-

    se das dimenses e propores do corpo humano e deve seguir os

    seguintes princpios:

    - Diferenas individuais existentes no corpo humano: Os

    projetistas devem lembrar-se sempre que existem diferenas individuais

    entre usurios. Os projetos devem ser elaborados de forma que uma

    maioria ou todos possam utiliz-lo de forma mais segura e confortvel

    possvel.

    - Utilizao de tabelas antropomtricas adequadas: As tabelas

    antropomtricas (apresentam as dimenses do corpo, pesos e alcance

    dos movimentos) referem-se sempre a uma determinada populao e

    nem sempre podem ser aplicadas para outras populaes.i

    Alm dos princpios bsicos, a antropometria pode ser

    classificada em: esttica, dinmica e funcional, segundo Lida (1990):

    - Esttica: est relacionada com as medidas das dimenses

    fsicas do corpo humano parado ou com poucos movimentos. E se aplica,

    principalmente, em projetos de assentos e equipamentos individuais,

    como capacetes, mscaras, botas, ferramentas manuais e outros.

    - Dinmica: mede o alcance dos movimentos de cada parte do

    corpo. Eles so medidos mantendo-se o resto do corpo esttico.

  • 13

    - Funcional: as medidas antropomtricas so associadas

    anlise da tarefa. Por exemplo, o alcance das mos no limitado pelo

    comprimento dos braos, uma vez que envolve tambm o movimento dos

    ombros, a rotao do tronco, a inclinao das costas e o tipo de funo

    que ser exercido com as mos.

    O levantamento de dados antropomtricos evidencia a

    variabilidade das dimenses de uma populao. Logo, no podem ser

    levadas em conta as medidas que se referem a uma populao de outra

    regio, com diferentes nveis socioeconmico, de idade e de sexo. As

    medidas antropomtricas de um operador servem para adequar os meios

    de produo, quando se utiliza qualquer ferramenta ou instrumento

    (MINETTE, 1996).

    Quando os ambientes de trabalho, tanto no setor florestal como

    em qualquer outro setor, no so projetados visando s caractersticas

    antropomtricas daqueles que iram realizar as atividades, o trabalho pode

    vir a ser realizado em posturas inadequadas. Segundo Silva (2003),

    posturas inadequadas podem acarretar dores nas costas e srios

    problemas de lombalgias. E normalmente surgem durante a execuo de

    atividades de bancada.

    Os trabalhadores que desenvolvem atividades em viveiros

    florestais muitas vezes correm o risco de trabalhar em locais mal

    projetados do ponto de vista antropomtrico. Durante o processo de

    produo de mudas, o trabalho sobre bancadas inevitvel. Esse fator

    aliado a falta de treinamento para se trabalhar em posturas

    ergonomicamente corretas pode trazer varias conseqncias a sade dos

    trabalhadores, o que Couto (2005) caracteriza como distrbios

    ortomusculares relacionados ao trabalho e leses por traumas

    cumulativos.

    Para Alves (2001), os estudos antropomtricos contribuem ao

    projetar ambientes de trabalho nas diversas atividades de propagao de

    plantas, com o intuito de melhorar a satisfao, as posturas, minimizar os

    esforos e consequentemente aumentar a produtividade e diminuir os

    riscos de acidentes.

  • 14

    A anlise das variveis antropomtricas em viveiros florestais

    permite um adequado planejamento dos ambientes onde sero exercidas

    as funes, o que por conseqncia, se reflete na relao homem-

    atividade.

    2.6 Leses por Esforos Repetitivos LER.

    De acordo Kuorinka e Forcier1 (1995), citados por Settimi et al.

    (2000), Leses por Esforos Repetitivos (LER) ou Doenas

    Ortomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) referem-se aos

    distrbios ou doenas do sistema msculo esqueltico, principalmente de

    pescoo e membros superiores, relacionados, comprovadamente ou no,

    ao trabalho.

    O aparecimento das LER/DORT deve-se a movimentos

    repetitivos, posturas inadequadas e ao excesso de presso. A ergonomia

    pode auxiliar na modificao de mquinas e nas condies de trabalho,

    minimizando os riscos relacionados atividade ocupacional (SILVA et al.,

    2007).

    Settimi et al. (2000), relatam que sinais de osteofitose

    marginal2 em ossos de punhos e joelhos foram identificados em mmias

    de populaes pr-hispnicas, que permaneciam de joelhos por tempo

    prolongado, executando movimentos de flexo e extenso dos membros

    superiores na atividade de moer gros. Citam ainda que apenas por

    ocasio da Revoluo Industrial foi que os trabalhadores comearam a

    adquirir importncia scio-econmica e seu adoecimento comeou a ser

    objeto de estudo por parte da cincia.

    As LER/DORT, no Brasil, foram primeiramente descritas como

    tenossinovite ocupacional3. Foram apresentados, no XII Congresso

    Nacional de Preveno de Acidentes do Trabalho - 1973, casos de

    1Kuorinka I, Forcier L, eds. Work related musculoskeletal disorders (WMSDs): a reference book for prevention. London: Taylor & Francis; 1995. p. 5-15 2 Osteofitose marginal Tipo de leso nas articulaes vertebrais. Pop. Bico de

    papagaio. 3 Tenossinovite ocupacional Inflamao aguda ou crnica dos tendes e/ou bainhas.

  • 15

    tenossinovite ocupacional em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras,

    recomendando-se que fossem observadas pausas de trabalho daqueles

    que operavam intensamente com as mos (MAENO, et al. 2006).

    Com o aumento da demanda por produtos florestais,

    necessidade de maior rendimento das operaes, escassez da mo-de-

    obra, aumento dos custos sociais e a abertura do mercado s

    importaes de mquinas de alta tecnologia, houve uma intensificao da

    mecanizao do setor florestal (MENDONA FILHO, 1987).

    A introduo de mquinas no setor florestal, para

    desenvolvimento das tarefas que anteriormente eram realizadas

    manualmente, exps os trabalhadores a riscos de acidentes e

    susceptveis ao aparecimento de leses por esforos repetitivos e a

    doenas osteomusculares relacionadas ao trabalho (LER/DORT) (LIMA et

    al., 2005).

    Existem algumas situaes de sobrecarga nos membros

    superiores no trabalho que podem determinar o aparecimento das

    LER/DORT: a alta repetitividade dos movimentos, posturas inadequadas,

    exigncia de fora fsica com os membros superiores, vibrao, stress,

    dentre outras (MACIEL, 2000).

    Essas sobrecargas ou o alto risco de leses por esforos

    repetitivos puderam ser verificados por Silva et. al. (2007) em atividades

    de coveamento semimecanizado em plantios de Eucalipto e por Alves

    (2001), em atividades de propagao de mudas de Eucalipto.

    A grande quantidade de repeties de movimentos com

    poucas variaes, exercida pelo trabalhador, observada em algumas

    das atividades de produo de mudas, podendo levar a leses por

    esforos repetitivos. A implementao de novas tcnicas adaptadas

    realidade ocupacional do trabalhador pode promover melhoria nas

    condies de trabalho e garantir sua satisfao e sua produtividade na

    empresa (ALVES, 2001; ALVES, et al. 2002).

  • 16

    3. MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Localizao da rea

    Os dados exigidos para a realizao deste trabalho foram

    coletados em rea de viveiro florestal, no municpio de Vrzea Grande,

    Mato Grosso. O municpio, que tem 949,53 km de extenso territorial,

    localiza-se na micro-regio de Cuiab (534), fazendo limites com as

    cidades de Cuiab, Acorizal, Jangada, Santo Antnio de Leverger e

    Nossa Senhora do Livramento.

    3.2 Caracterizao da Regio

    Situada no relevo Baixada do Rio Paraguai e calha do Rio

    Cuiab, topograficamente, aos 185 m de altitude, Vrzea Grande

    pertence Baixada Cuiabana ou Periplancie Cuiabana, pelas

    coordenadas: 153230, latitude sul. 561718, longitude oeste.

    Com clima tropical continental tipo quente sub-mido, solo

    predominantemente de plintossolo ptrico e a precipitao mdia anual

    de 1.750 mm.

    A vegetao tpica de Cerrado; apresenta variedades na sua

    fisionomia; essa paisagem fitoecolgica cobre a maior parte da regio

    Centro-Oeste, onde tem uma rea de grande abrangncia.

    3.3 Caractersticas do Viveiro

    O viveiro florestal iniciou a produo de mudas no ano de 1994.

    As atividades no viveiro se iniciavam s 07h00, finalizando as

    17h00, com 3 intervalos, o primeiro de 15 minutos iniciando s 09h00, o

    segundo de 2 horas para o almoo, das 11h30 s 13h30 e, o ltimo de 10

    minutos, iniciando 15h00. A jornada de trabalho, portanto eram de 8

    horas de segunda a sexta. Aos sbados trabalhava-se apenas pela

    manh.

    O viveiro produzia mudas hbridas de Eucalyptus urograndis x

    Eucalyptus urocam e Eucalytus camaldulensis x Eucalyptus urocam

    atravs do mtodo de mini-estaquia para a comercializao. A produo

  • 17

    anual era de aproximadamente 5.000.000 mudas sendo que eram

    estaqueadas uma mdia de 25.000 mudas/dia.

    As mudas eram produzidas em tubetes de polietileno com

    substrato Plantmax florestal e adubo qumico composto por NPK e

    micronutrientes.

    3.4 Populao

    A populao do viveiro era composta por 29 trabalhadores que

    executavam atividades relativas produo de mudas florestais.

    O processo de produo era dividido em setores segundo o

    Quadro 1:

    QUADRO 1 - DIVISO DE SETOR POR N DE TRABALHADORES

    Setor N de Trabalhadores

    Embandejamento 2

    Corte e plantio de mini-estacas 6

    Casa de sombra/Seleo de Mudas 6

    Aclimatao 6

    Adubao 4

    Irrigao 3

    Limpeza 2

    Total 29

    Apesar das atividades serem divididas por setor, todos os

    trabalhadores estavam aptos a desempenhar outras atividades conforme

    a necessidade.

    3.5 Atividades Desenvolvidas

    Dentre os vrios setores envolvidos no processo de produo

    de mudas, o do Corte de mini-estacas, o da Casa de Sombra/Seleo de

    mudas e o de Aclimatao foram considerados neste trabalho.

  • 18

    Os trs setores citados correspondem a 62,0% dos

    trabalhadores do viveiro.

    3.5.1 Corte de mini-estacas

    A tcnica de miniestaquia consiste na utilizao de brotaes

    de plantas propagadas pelo mtodo de estaquia convencional, como

    parte de propgulos vegetativos. De forma generalizada, faz-se apoda do

    pice da brotao da estaca enraizada com aproximadamente 50-60 dias

    de idade da muda (Figura 1). Assim, a parte basal da brotao da estaca

    podada constitui uma mini-cepa (Figura 2) que fornecer os propgulos

    vegetativos (mini-estacas) (Figura 3). O conjunto de minicepas em

    intervalos regulares de coletas forma um jardim miniclonal (XAVIER,

    2002).

    FIGURA 1: FIGURA 2:

  • 19

    FIGURA 3:

    FIGURA 1: MUDA DE ESTACA ENRAIZADA (ESQUERDA) E DEPOIS DA PODA DO PICE (DIREITA) NA FORMAO DA MINICEPA; FIGURA 2: MINICEPA EM PONTO DE COLETA DE MINI-ESTACAS; FIGURA 3: MINIESTACA PREPARADA.

    Seis trabalhadores eram responsveis pelas tarefas de Corte

    de mini-estacas no jardim mini-clonal.

    Pelo fato dos trabalhadores desenvolverem suas tarefas o

    tempo todo em p e sobre bancadas, alm do perfil e das condies de

    trabalho, foi avaliado se as instalaes do jardim mini-clonal e da casa de

    vegetao estavam de acordo com o ideal do ponto de vista

    antropomtrico.

    Os trabalhadores utilizavam-se de tesouras para coletar as

    mini-estacas. Como o nmero de movimentos com as tesouras foi

    considerado alto, avaliou-se se a execuo dessa atividade poderia

    causar leses por esforos repetitivos.

    3.5.2 Casa de sombra/seleo de mudas

    Aps a confeco, as mini-estacas so levadas para

    enraizamento na casa de vegetao, onde temperatura e umidade so

    controladas, permanecendo nesta durante um perodo 30 dias. Aps esta

    fase, as mudas passam para a casa de sombra, onde permanecem para

    adaptao ambiental por aproximadamente 30 dias.

    As atividades nas casas de vegetao poderiam ser avaliadas

    sob o ponto de vista antropomtrico, condies ambientais, leses por

    esforos repetitivos, entre outras variveis ergonmicas, porm

  • 20

    encontravam-se em reforma na poca do estudo, ou seja, no havia

    nenhuma atividade sendo desenvolvida nesse local.

    Pelo fato dos trabalhadores desenvolverem suas tarefas o

    tempo todo em p e sobre bancadas, alm do perfil e das condies de

    trabalho, foi avaliado se as instalaes da casa de sombra estavam de

    acordo com o ideal do ponto de vista antropomtrico.

    As mudas que vinham enraizadas da casa de vegetao

    passavam por uma srie de classificaes enquanto estavam na casa de

    sombra. Estas classificaes visavam separar as mudas de acordo com o

    tamanho e desenvolvimento, para posteriormente irem para o setor de

    aclimatao ou pleno sol.

    Seis trabalhadores eram responsveis por receber as mudas

    enraizadas vindas da casa de vegetao, acondicion-las e classific-las

    na casa de sombra. Avaliou-se se a atividade de classificao, devido ao

    grande nmero de movimentos realizados em funo do deslocamento

    dos tubetes dentro da casa de sombra, poderia causar leses por

    esforos repetitivos.

    3.5.3 Aclimatao

    Completado o perodo de adaptao ambiental na casa de sombra

    as mudas eram levadas para a aclimatao. Aclimatao uma rea

    onde as mudas so deixadas para completarem o seu ciclo, que dura em

    torno de 90-100 dias (ALVES, 2001). Neste perodo, as mudas esto a

    pleno sol, so adubadas e irrigadas periodicamente at atingir o ponto

    considerado ideal para serem levadas para o local de plantio definitivo.

    Pelo fato dos trabalhadores desenvolverem suas tarefas o

    tempo todo em p e sobre bancadas, alm do perfil e das condies de

    trabalho, foi avaliado se essas instalaes atendem as caractersticas

    antropomtricas dos trabalhadores.

    Seis trabalhadores eram responsveis por receber as mudas

    vindas da casa de sombra, acondicion-las e classific-las no setor de

    aclimatao. Essa atividade foi avaliada no sentido de saber se h

    probabilidade de ocorrer leses por esforos repetitivos.

  • 21

    3.6 Fases do Estudo

    Inicialmente, o estudo envolveu a caracterizao do perfil dos

    trabalhadores. Essa parte do estudo seguiu juntamente com uma

    avaliao subjetiva das condies gerais de trabalho, sade, da

    alimentao, do treinamento e segurana dos trabalhadores do viveiro.

    Uma segunda fase do estudo persistiu um fazer uma avaliao

    antropomtrica dos trabalhadores, onde os mesmos foram medidos. Para

    saber se o perfil antropomtrico dos trabalhadores estava de acordo com

    as instalaes do viveiro foi feita tambm a medio das reas onde eles

    desempenhavam suas tarefas.

    Finalmente, foi feita uma avaliao para que se tomasse

    conhecimento se as atividades de corte de mini-estacas, seleo de

    mudas em casa de sombra e aclimatao de mudas envolvidas no

    processo de produo das mudas poderiam causar leses por esforos

    repetitivos.

    3.6.1 Caracterizao do perfil e das condies de trabalho

    A caracterizao do perfil dos trabalhadores foi realizada

    atravs da aplicao de um questionrio dicotmico. O questionrio foi

    aplicado aos trabalhadores dos trs setores estudados.

    Atravs de observaes in loco, juntamente com a anlise do

    perfil dos trabalhadores, foi feita uma avaliao geral das condies de

    trabalho no viveiro.

    3.6.2 Levantamento antropomtrico

    Para que pudesse ser realizado o levantamento antropomtrico

    foi utilizada uma suta e uma fita mtrica. Os trabalhadores foram medidos

    nas posies sentadas e em p.

    Segundo metodologia apresentada por Serrano (1996), os

    dados foram analisados com o uso de percentis, que so definidos como

    uma separatriz, que divide a distribuio da freqncia ordenada em 100

    partes iguais. A descrio dos dados antropomtricos, segundo IIDA

    (1990), encontra-se na Tabela 1.

  • 22

    TABELA 1 VARIVEIS ANTROPOMTRICAS E SUAS RESPECTIVAS DESCRIES

    Variveis Descrio Peso (kg) Peso em kilogramas Estatura Distncia vertical do cho at o ponto mais alto da cabea Altura do nvel dos olhos em p

    Distncia vertical do cho at o ponto mais lateral do olho na insero da plpebra superior e inferior.

    Altura do ombro em p Distncia vertical a partir do solo at o ponto mais lateral do ombro Altura do cotovelo em p Distncia vertical a partir do solo at o ponto do cotovelo Altura da cabea assento Distncia vertical do assento at o ponto mais alto da cabea Altura nvel dos olhos-assento Distncia vertical do assento at o ponto mais lateral do olho na interseo da plpebra superior e inferior.

    Altura do ombro assento Distncia entre a superfcie do assento at o ponto mais lateral do ombro Altura da axila assento Distncia vertical entre a superfcie do assento at a axila

    Altura do trax assento Distncia vertical entre a superfcie do assento at a altura do peito, no mamilo

    Altura do cotovelo assento

    Distncia vertical a partir do plano do assento at a ponta do cotovelo. O brao deve ficar pendido na vertical e o antebrao flexionado paralelamente superfcie da haste, em ngulo de aproximadamente 90

    Altura das coxas assento Distncia vertical a partir do assento at a parte mais alta da coxa, junto ao abdmen Altura dos joelhos Distncia vertical a partir do solo at o joelho Altura popliteal sentado Distncia vertical a partir do solo at a cavidade popliteal Profundidade do trax sentado Distncia horizontal das costas at o mamilo Profun. Do abdmen sentado Distncia horizontal das costas at o abdmen

    Profun. Ndega - popliteal Distncia entre a cavidade popliteal e o ponto mais dorsal do tronco Profun. Ndega joelho sentado Distncia horizontal a partir da cavidade popliteal at o ponto mais anterior do joelho

    Alcance inferior mximo Distncia vertical a partir do solo at a extremidade do dedo mdio, com o brao posicionado na vertical

    Alcance frontal mximo Distncia horizontal do tronco at a extremidade do dedo Indicador

    Alcance dos antebraos Distncia horizontal do ponto do cotovelo at a extremidade do dedo indicador

    Largura bideltide Distncia horizontal entre os pontos mais laterais dos ombros Largura do trax entre axila Distncia horizontal entre as axilas sentado Largura cotovelo a cotovelo Distncia horizontal entre os cotovelos, com os braos junto ao corpo e antebraos em flexo Largura do quadril em p Largura mxima do quadril Largura do quadril sentado Largura mxima do quadril sentado Assento p Distncia vertical da sola do p at a superfcie do assento

  • 23

    3.6.3 Leses por esforos repetitivos LER

    O risco de leses por esforos repetitivos foram avaliados

    segundo o critrio semi-quantitativo de Moore e Garg (1995), conforme a

    Tabela 2. Esse critrio associa seis fatores que so analisados nas

    tarefas, dando-se um peso para cada um deles. Os fatores quando

    multiplicados geram um valor que interpretado da seguinte maneira:

    menor que 3: baixo risco de leses por esforos repetitivos nos membros

    superiores; de 3 a 7: duvidoso, questionvel, e maior que 7: alto risco de

    leso, to mais alto for o resultado da multiplicao.

    Para que pudessem ser avaliados os critrios, o nmero de

    movimentos e tempo percentual de esforo foi cronometrado e a postura

    em que os trabalhadores desempenhavam as tarefas foi observada.

  • 24

    TABELA 2 FATORES, CLASSIFICAO, CARACTERIZAO, E MULTIPLICADOR PARA ANLISE DE LESES POR ESFOROS REPETITIVOS4

    4 Fonte: ALVES (2001)

    Fator Classificao Caracterizao Multiplicador

    Intensidade do esforo

    Leve Tranquilo 1 Algo de pesado Percebe algum esforo 3 Pesado Esforo ntido sem mudana 6 de expresso na face Muito pesado Esforo ntido mudana de 9 expresso na face Prximo ao mximo Usa tronco e ombros 13

    Durao do esforo

    < 10% 0,5 10-29% 1,0 30-49% 1,5 50-79% 2,0 80% 3,0

    Frequncia (esforo/minuto)

    > 4 0,5 4-8 1,0 9-14 1,5 15-19 2,0 20 3,0

    Postura da mo e do punho

    Muito boa Neutro 1,0 Boa Prximo do neutro 1,0 Razovel No neutro 1,5 Ruim Desvio ntido 2,0 Muito ruim Desvio prximo ao extremo 3,0

    Ritmo do trabalho

    Muito lento 80% 1,0 Lento 81-90% 1,0 Razovel 91-100% 1,0 Rpido 101-115% apertado mas 1,5 consegue acompanhar Muito rpido > 115% apertado e no 2,0 consegue acompanhar

    Durao da Jornada

    < 1 hora 0,25 1-2 horas 0,50 2-4 horas 0,75 4-8 horas 1,00 > 8 horas 1,50

  • 25

    4. RESULTADOS E DISCUSSO 4.1 Perfil e Condies de Trabalho

    Atravs do conhecimento do perfil e das condies de trabalho

    as quais so submetidos ou expostos os trabalhadores em um

    determinado ambiente, podem-se definir novas prticas administrativas e

    organizacionais capazes de adequar os sistemas de produo, tornando

    possvel diminuir custos e evitar que os trabalhadores desperdicem tempo

    e energia inutilmente, o que gera motivao e cooperativismo no

    ambiente de trabalho.

    4.1.1 Caractersticas gerais da populao

    A Tabela 3 apresenta os valores das caractersticas do perfil

    dos trabalhadores envolvidos nas atividades de corte de mini-estacas,

    classificao e seleo de mudas na casa de sombra e a pleno sol.

    TABELA 3 - CARACTERSTICAS DO PERFIL DOS TRABALHADORES DOS SETORES DE CORTE MINI-ESTACAS, CLASSIFICAO E SELEO DE MUDAS DO VIVEIRO

    Caractersticas Analisadas Valores Mdios

    Mulheres Homens Homens e Mulheres

    Tempo na empresa (meses) 43,60 51,67 44,94

    Tempo na funo (meses) 29,73 49,33 33,00

    Estado Civil (% de casados) 0,00 33,33 5,55

    Nmero de filhos 2,13 1,00 1,94

    Idade (anos) 32,13 30,67 31,89

    Percentual de analfabetos (%) 0,00 0,00 0,00

    Origem Rural (%) 86,67 100,00 88,89

    Possuidores de casa prpria (%) 73,33 66,67 72,22

    Fumantes (%) 13,33 0,00 11,11

    Ingesto de Bebidas Alcolicas (%) 40,00 100,00 50,00

    Lateralidade Destra (%) 93,33 100,00 94,44

    Considera o trabalho repetitivo (%) 40,00 33,33 38,89

    Jornada de Trabalho (horas) 8,00 8,00 8,00

  • 26

    Com uma mdia de 44,94 meses, o tempo de trabalho na

    empresa considerado alto, o que representa uma baixa rotatividade de

    funcionrios. O menor tempo de funo, 33 meses em mdia, com

    relao ao tempo de empresa, mostra que os trabalhadores exerciam

    outras funes dentro da empresa antes de desempenhar as funes

    atuais. Ao entrar para a equipe da empresa, o trabalhador era contratado

    como auxiliar viveirista, ou seja, no tinha uma funo pr-definida, sendo

    realocado conforme a necessidade e seu desenvolvimento nas atividades.

    O estado civil dos trabalhadores do viveiro foi subdividido em solteiro, casado, amasiado e vivo, conforme mostra a Tabela 4.

    TABELA 4 ESTADO CIVIL DA POPULAO ESTUDADA Estado Civil Mulheres Homens Total Solteiro 60,00% 33,33% 55,55% Casado 0,00% 33,33% 5,55% Amasiado 33,33% 33,33% 33,33% Vivo 6,67% 0,00% 5,55%

    Um nmero considervel de trabalhadores se encontra na

    posio de solteiros ou amasiados. Sendo que nenhuma das mulheres

    entrevistadas era casada. O casamento incentivado pelos governos e

    igrejas, pois conferem uma maior estabilidade nos lares, havendo um

    maior comprometimento entre as partes, gerando filhos e outros planos

    futuros o que por sua vez movimenta a economia.

    O nmero mdio de filhos foi de 1,94 para a populao

    estudada, valor inferior ao encontrado por Fiedler (1998), e por Alves

    (2001), 3,00 e 3,19 respectivamente. Apesar de 55,55% serem solteiros,

    94,44 % tm um ou mais filhos. Entre as mulheres, o nmero mdio de

    filhos foi de 2,13 e para os homens, 1,00. Isso mostra que o emprego

    para muitos funcionrios, dentre outras coisas, fundamental para

    garantir segurana social e econmica aos filhos. (discutir mais)

    A mdia geral de idade foi de 31,89 anos, valor inferior ao

    encontrado por Minette (1996) e Alves (2001), 33,80 anos para ambos os

    autores. As mdias de idade para mulheres e homens foram de 32,13 e

  • 27

    30,67 respectivamente. A anlise desses dados chama a ateno para

    uma mdia de idade superior para as mulheres, apesar de haver uma

    pequena variao de uma mdia para outra. Em seu estudo, Alves

    (2001), apresentou uma mdia de 27,40 anos para mulheres, e 35,80

    anos para homens. A idade mdia geral de 31,89 anos mostra que os

    funcionrios do viveiro so ainda jovens, que podem estar aptos a realizar

    trabalhos que exijam maior esforo fsico se comparado a pessoas de

    idades mais avanadas. Isso implica na realizao de atividades em um

    menor tempo e muitas vezes sem muito desgaste fsico, desde que

    realizadas adequadamente. No caso das mulheres, que trabalham mais

    nos setores de corte de mini-estacas e classificao poder se produzir

    mini-estacas e classificar as mudas com maior eficincia. No caso de

    homens que atuam mais na rea de classificao a pleno sol, adubao,

    lavagem de tubetes, esse perfil populacional jovem tambm interfere

    positivamente na eficincia do trabalho.

    A estatura mdia geral foi de 160,5 cm e o peso mdio foi de

    69,5 kg. O conhecimento da estatura, assim como as outras variveis

    antropomtricas discutidas no item seguinte, importante para

    adequao e projeo correta dos ambientes de trabalho conforme um

    perfil corpreo populacional.

    Na populao estudada no havia nenhum analfabeto,

    resultado bem diferente dos encontrados para trabalhadores florestais por

    Santanna (1992) (24,00%) e Alves (2001) (14,60%) no estado de Minas

    Gerais e Fiedler (1998) (29,10%) no estado da Bahia. Do total de

    trabalhadores, 33,33% tinham o ensino fundamental incompleto, 11,11%

    o ensino fundamental completo, 16,67% o ensino mdio incompleto,

    33,33% o ensino mdio completo e um dos trabalhadores estava

    cursando o ensino superior, sendo o nico que ainda frequentava a

    escola. Perguntados sobre se tinham vontade de continuar os estudos,

    88,24% dos que no frequentavam a escola disseram ter interesse em

    prosseguir os estudos, mas no tinham tempo, alm da escola ou a

    faculdade ficar longe. Essas informaes so muito importantes para a

    empresa, considerando que quanto maior a escolaridade do funcionrio,

  • 28

    melhor ser o entendimento das funes de trabalho, e em decorrncia

    disso, espera-se melhoria considervel da qualidade de produo e

    aumento de produtividade. A empresa pode incentivar ou encontrar meios

    para que seus funcionrios terminem os estudos, fazendo com que os

    mesmos se sintam valorizados, motivados e comprometidos com a

    empresa.

    Com relao lateralidade, 94,44% dos trabalhadores eram

    destros e 5,56% eram canhotos. Pelo fato das atividades serem

    basicamente manuais no houve problemas encontrados no desempenho

    das atividades desenvolvidas pelos canhotos. A empresa deve estar

    sempre atenta, contudo a necessidade de se adequar ferramentas,

    maquinas e processos onde os canhotos desempenhem atividades.

    A maioria dos trabalhadores (88,89%) era de origem rural.

    72,22% tinham casa prpria, sendo desse total 73,33% mulheres e

    66,67% homens. Grande parte da mo de obra utilizada no viveiro tem

    origem na prpria regio, sendo que todos os trabalhadores entrevistados

    moravam em stio. Apesar de morar na regio do viveiro, 72,22% dos

    trabalhadores consideravam longe o local de trabalho de suas

    residncias, 66,67% deles iam para o trabalho de bicicleta e 33,33% iam

    de moto. A grande maioria dos trabalhadores afirma morar longe do local

    de trabalho e mais da metade utiliza bicicletas como transporte. O

    deslocamento at o local de trabalho tanto na ida quanto na volta,

    provoca cansao fsico nesses trabalhadores o que pode refletir na

    produo de mudas. Para diminuir o cansao a empresa poderia pensar

    em desenvolver atividades de relaxamento antes de iniciar as atividades

    dirias e mesmo durante o perodo de trabalho. O banho no incio da

    jornada de trabalho e/ou no horrio de almoo pode ser tido como uma

    forma de diminuir o cansao, podendo ser incentivado pela empresa.

  • 29

    4.1.2 Hbitos da populao

    Questionados sobre o hbito de fumar, 11,11% dos

    trabalhadores disseram possuir o vcio. O ndice baixo se comparado

    aos encontrados por Minette (1996) e Fiedler (1998) para trabalhadores

    florestais, sendo que a porcentagem de mulheres fumantes foi de 13,33%,

    e a de homens de 0,00%. A Figura 4 apresenta o grfico dos hbitos da

    populao entrevistada. No foi verificada a presena de informativos na

    empresa sobre a proibio ou no sobre o hbito de fumar. Campanhas

    educativas e esclarecedoras podem ser realizadas para minimizar hbitos

    que no so considerados saudveis como o fumo.

    FIGURA 4 HBITOS DA POPULAO ENTREVISTADA

    Sobre a ingesto de bebidas alcolicas, 50,00% dos

    trabalhadores disseram consumir esse tipo de bebida. Houve uma grande

    diferenciao no consumo entre mulheres (40,00%) e homens (100,00%).

    O tipo de bebida mais consumido, segundo eles, era cerveja.

    Como o nmero de trabalhadores que ingerem bebidas

    alcolicas foi considerado significativo importante que a empresa

    verifique se esse hbito est atrapalhando em alguma das atividades do

    viveiro. Constatado esse fato, a empresa pode incentivar a participao

  • 30

    do(s) funcionrio(s) em grupos de ajuda (AA) e realizar palestras no

    viveiro sobre o assunto.

    O perodo de sono foi considerado suficiente por 66,67% dos

    trabalhadores. Questionados se sentiam sono durante o trabalho, 16,67%

    responderam que sim. Existem padres cientficos de quantidade de

    horas de sono para determinadas faixas de idade. Essas informaes

    podem ser fornecidas pela empresa no intuito de diminuir a percentagem

    de trabalhadores que sentem sono durante o trabalho. A ocorrncia de

    sono pode ser traduzida numa relao de cansao, o que por sua vez

    diminu a produtividade.

    A prtica de algum tipo de esporte era comum a apenas 5,56%

    dos entrevistados, sendo o futebol o mais praticado. A pratica de esportes

    foi considerada muito baixa entre os trabalhadores do viveiro, sendo que

    nenhuma das mulheres tinha esse hbito. A pratica de esportes pode ser

    incentivada pela empresa no sentido de aumentar o grau de satisfao

    dos funcionrios e prevenir determinados tipos de doenas relacionadas

    ao sedentarismo.

    Perguntados se participavam de alguma atividade social ou

    comunitria, 66,67% dos trabalhadores responderam ir com certa

    freqncia igreja. Sendo a religio catlica praticada entre os

    entrevistados. A atuao dos trabalhadores em atividades sociais ou

    comunitrias influencia em fatores desejveis pela empresa como:

    comunicao, comprometimento, princpios ticos e morais, alm da

    interatividade com a comunidade local.

    Hbitos saudveis como esportes e atividades comunitrias e

    sociais devem ser cultivados e incentivados pela empresa. O ato de fumar

    ou ingerir bebidas alcolicas pode prejudicar o indivduo e

    consequentemente influenciar a produtividade uma vez que so

    comprovados cientificamente os malefcios que esses hbitos trazem a

    sade.

  • 31

    4.1.3 Satisfao quanto ao trabalho e a empresa

    A jornada de trabalho para o viveiro florestal em questo era de

    8 horas dirias de segunda a sexta e de 4 horas no sbado pela manh,

    perfazendo um total de 44 horas semanais, o que est de acordo com a

    Constituio Federal de 1988, Art. 7 inciso XIII durao do trabalho

    normal no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais,

    facultada a compensao de horrios e a reduo da jornada, mediante

    acordo ou conveno coletiva de trabalho.

    Quando questionados sobre a satisfao com o horrio de

    trabalho, 33,33% mostraram-se insatisfeitos com o horrio de trabalho.

    Valor um pouco superior encontrado por Alves (2001), (32,58%) para

    trabalhadores em um viveiro florestal. O principal motivo da insatisfao

    era ter que trabalhar no sbado pela manh. O nmero de 1/3 de

    insatisfeitos alto e por isso a empresa deveria se preocupar no sentido

    de desenvolver mecanismos para aumentar a motivao dos funcionrios

    pelo trabalho nesse dia em particular. A empresa pode como prtica

    motivacional oferecer o caf e/ou o almoo nesse dia, pode tambm

    pagar um valor extra para quem no faltar nenhum sbado do ms.

    A Figura 5 indica graficamente a relao dos trabalhadores

    quanto empresa. Uma frao de 88,89% disse que desempenham

    tarefas durante o dia que no pertencem a sua funo, desses, 43,75%

    se dizem insatisfeitos em ter que desempenhar essas tarefas. Em seu

    estudo, Alves (2001) relata que apenas 11,14% dos trabalhadores

    exerciam mais de uma funo por dia e 28,00% realizavam tarefas que

    no pertenciam a sua funo, sendo que esses no se incomodavam em

    ter que realizar estes trabalhos.

    A rotatividade no ambiente de trabalho ou job rotation

    considerada uma das tcnicas administrativas para se evitar a alienao e

    a monotonia no trabalho e diminuir os riscos de leses por esforos

    repetitivos. Essa prtica consiste em dividir as tarefas de trabalho de

    forma que os indivduos no realizem as mesmas tarefas todos os dias. A

  • 32

    empresa deve repassar a todos os funcionrios a importncia do job

    rotation, todos devem ter conscincia disso para a sua prpria sade.

    O esclarecimento da importncia desse procedimento diminuir

    o nmero dos que ficam insatisfeitos em ter que realizar outras funes.

    FIGURA 5 RELAO DOS TRABALHADORES QUANTO A EMPRESA E SEUS SETORES.

    De acordo com 88,89% dos trabalhadores, as atividades so

    realizadas em grupo. Para cada setor estudado - corte e de estacas,

    seleo e classificao de mudas em casa de sombra e aclimatao -

    existia um lder que segundo 94,44% dos trabalhadores era quem

    controlava o ritmo de trabalho.

    A presena de um lder entre os funcionrios interessante

    pelo fato de facilitar a comunicao entre a gerncia e os trabalhadores.

    O lder, no entanto, deve receber uma formao diferenciada, pois esse

    cargo requer conhecimento dos princpios de liderana que englobam:

    comunicao, motivao, bom senso, princpios ticos e morais,

    dinamismo e representatividade.

  • 33

    A Figura 6 indica a porcentagem de trabalhadores que consideram o

    trabalho repetitivo.

    FIGURA 6 GRFICO DO PERCENTUAL DOS TRABALHADORES QUE CONSIDERAM O TRABALHO REPETITIVO.

    Os dados apresentados no grfico diferem dos dados

    encontrados por Alves (2001), onde 78,65% dos trabalhadores achavam o

    seu trabalho muito repetitivo, no viveiro florestal estudado. Apesar de ser

    um valor ainda alto, a diferenciao com o trabalho daquele autor pode

    ser remetida a grande mobilidade dos trabalhadores entre os setores da

    empresa. Apesar do nmero de trabalhadores que acham suas atividades

    repetitivas ser menor do que as encontrados em trabalho semelhante o

    valor ainda pode ser considerado alto, havendo espao portanto para a

    ampliao do programa de job rotation na empresa.

    Quanto satisfao com a empresa, 33,33% dos trabalhadores

    gostariam de mudar de atividade dentro da empresa e 50,00% gostariam

    de mudar de empresa se tivessem uma oportunidade melhor. Valor que

    contrasta com os 4,49% obtidos por Alves (2001) para essa mesma

    questo. A Figura 7 expe a opinio dos entrevistados quanto ao salrio

    recebido pela empresa.

  • 34

    FIGURA 7 - OPINIO DOS ENTREVISTADOS QUANTO AO SALRIO RECEBIDO PELA EMPRESA

    Devido a maioria dos trabalhadores considerarem seu salrio

    ruim ou regular esse fator deve ser mais bem observado pela empresa.

    Funcionrios insatisfeitos com o salrio no produzem nem em qualidade

    e nem em quantidade. A empresa poderia desenvolver conforme as

    possibilidades um plano de aumento de salrio gradativo, premiaes por

    produtividade e qualidade entre outros.

    4.1.4 Refeies

    A Figura 8 apresenta percentualmente as refeies que so

    feitas pelos trabalhadores entrevistados. A empresa fornecia o leite para o

    lanche entre o caf da manh e o almoo, e disponibilizava uma

    cozinheira que preparava o caf e fazia o almoo. Os alimentos para as

    refeies eram comprados pelos funcionrios que dividiam as despesas.

    De acordo com 38,89% dos funcionrios, os locais onde se faziam as

    refeies no eram adequados devido presena de cachorros e

    galinhas nas dependncias do viveiro. Essa questo pode ser resolvida

    fazendo-se um pequeno cercado de madeira ou grade ao redor do

    refeitrio evitando-se o contato desses animais com essa rea.

  • 35

    De acordo com os dados obtidos, as refeies mais importantes

    so o almoo, a janta e o caf da manh respectivamente. O almoo

    como uma refeio consumida por todos poderia, se possvel, ser

    fornecida pela empresa como consequncia diminuiria os gastos pessoais

    dos funcionrios aumentando o grau de satisfao com a empresa.

    FIGURA 8 RELAO PERCENTUAL DAS REFEIES FEITAS PELOS TRABALHADORES ENTREVISTADOS

    4.1.5 Treinamentos

    A Figura 9 indica a frao da populao que diz ter recebido

    algum tipo de treinamento para desenvolver sua atividade. Dos que

    receberam treinamento, todos acharam que esse foi suficiente e se

    sentiram preparados para desempenhar suas tarefas.

  • 36

    FIGURA 9 FRAO DOS TRABALHADORES QUE DIZEM TER RECEBIDO ALGUM TIPO DE TREINAMENTO PARA DESENVOLVER SUA ATUAL FUNO.

    Dos 27,78% que receberam algum tipo de treinamento, 60,00%

    tiveram alguma dificuldade na assimilao do contedo do treinamento. A

    maioria (77,78%) achava importante a realizao de treinamentos para

    desempenhar suas funes e 66,67% gostariam de receber novos

    treinamentos.

    O conhecimento da opinio dos trabalhares quanto aos

    treinamentos importante na melhor formulao e aplicao desses.

    Apesar de uma parcela pequena da populao ter recebido treinamentos

    tcnicos, a maioria diz ter aprendido com o prprio grupo sobre como

    realizar as atividades que lhes so confiadas.

    A insero de novas tecnologias, mtodos e conhecimentos

    atravs de tcnicos especializados de fundamental importncia para

    que os trabalhadores realizem suas atividades com maior eficincia,

    eficcia e segurana. Atravs de treinamentos ou simples instrues

    possvel se fazer entender o quando uma atividade, por mais simples que

    ela seja, importante dentro de uma grande cadeia produtiva, no caso a

    florestal, dando mais sentido ao trabalho realizado aumentando

    consequentemente a satisfao em relao ao trabalho.

  • 37

    A empresa poderia promover eventos como palestras e cursos

    de reciclagem aumentando dessa forma o conhecimento tcnico de seus

    funcionrios o que seria refletido na produo.

    4.1.6 Sade

    A maioria dos entrevistados (77,78%) afirmou que nunca

    tiveram nenhum tipo de doena, 16,67% dizem ter algum tipo de doena

    atualmente. Desses, 16,67%, 25,00% achavam que sua doena estava

    relacionada ao trabalho. Quando questionados, 77,78% diziam sentir

    dores no corpo, a Figura 10 expe graficamente a incidncia dessas

    dores. Esse alto ndice pode estar relacionado ao excesso de peso, ao

    tempo de trabalho em p e sobre insolao direta. O que pode ser

    confirmado atravs de estudos das condies ambientais e biomtricos.

    FIGURA 10 DISTRIBUIO PERCENTUAL DE DORES NO CORPO DOS TRABALHADORES ENTREVISTADOS

    A Figura 11 expe graficamente o motivo pelo qual os

    trabalhadores dizem sentir essas dores. Cerca de 16,67% dos

    entrevistados diziam sentir dores nas vistas ou nos ouvidos, mas

    segundos eles essas dores no tem relao com o trabalho desenvolvido.

  • 38

    FIGURA 11 CAUSA DAS DORES NOS TRABALHADORES DO VIVEIRO FLORESTAL ESTUDADO.

    O excesso de peso foi dito pelos trabalhadores como a principal

    causa das dores pelo corpo. Apesar de terem setores de trabalho

    definido, os trabalhadores eram realocados para outros setores do viveiro

    quando havia necessidade. A principal reclamao por parte dos

    trabalhadores era, quando na necessidade de realocao, a atividade a

    ser desenvolvida era a de carregar bandejas.

    Um percentual de 94,44% dos trabalhadores disse sentir

    cansao fsico aps a jornada de trabalho. Segundo eles, esse cansao

    acontece geralmente nos dias em que h necessidade de se carregar

    peso durante o trabalho como na movimentao de bandejas por

    exemplo.

    Hoje, sistemas de viveiros automatizados permitem que

    atividades antes feitas manualmente sejam realizadas com a ajuda de

    mquinas e equipamentos que ajudam a diminuir ou eliminar a carga de

    trabalho sobre os trabalhadores.

    Neste caso carrinhos podem evitar que bandejas sejam

    carregadas pelos trabalhadores por longas distancias. Em alguns casos,

    quando considerado vivel, as estruturas das bancadas podem possuir

  • 39

    sistemas de roldanas que facilitam a movimentao das bandejas dentro

    dos ambientes de trabalho.

    4.1.7 Segurana do trabalho

    Com relao segurana do trabalho, 83,33% dos

    entrevistados disseram que a empresa fornece equipamentos de proteo

    individual (EPIs), 56,25% disseram que no h uma adequada reposio

    desses EPIs. Segundo os entrevistados, a empresa fornece botas

    quando necessrio, e luvas com uma menor frequncia, sendo que eles

    prprios tm a iniciativa de compr-las s vezes. Os chapus, que so de

    grande importncia para a proteo contra a insolao direta, so

    comprados pelos funcionrios. Todos achavam importante o uso de EPIs

    e 76,47% gostariam de utilizar algum outro EPI, sendo citado o filtro solar

    e luvas por alguns que no as utilizavam.

    importante que a empresa fornea com uma maior freqncia

    os EPIs de forma que estejam sempre a disposio quando necessrios.

    A Tabela 5 apresenta os equipamentos de proteo individual

    mais importantes segundo os trabalhadores do viveiro.

    TABELA 5 EPIS MAIS IMPORTANTES SEGUNDO OS TRABALHADORES EPI's mais importantes Total % Luva 56,25% Bota 31,25% Chapu 31,25% Filtro Solar 12,50% Todos 12,50%

    Para 25,00% dos trabalhadores, o uso de EPIs incomodava.

    Nos setores de corte de estacas e classificao de mudas trabalhava-se

    basicamente com as mos, e por ser um trabalho sensvel era prefervel

    por aqueles que o executam o uso de luvas cirrgicas. Segundo eles, a

    utilizao de luvas grossas de borracha no favorecia a execuo do

    trabalho. A maioria dizia no ter condies de arcar com os custos desse

    tipo de luva que deve ser trocado quase que semanalmente.

  • 40

    A maioria, 94,44% dos trabalhadores afirma ter um local

    especfico no viveiro para guardar pertences pessoais, EPIs e outros

    objetos.

    Quando questionados se j sofreram algum tipo de acidente na

    empresa, 16,67% dos trabalhadores disseram que sim, resultado

    semelhante ao encontrado por Alves (2001), (17,97%) para trabalhadores

    em viveiro florestal. Um percentual de 33,33% dos trabalhadores que j

    sofreram algum tipo de acidente disseram estar utilizando EPIs. Uma

    frao de 11,11% dos trabalhadores disse j ter deixado de sofrer algum

    tipo de acidente por estar utilizando EPIs.

    De acordo com os trabalhadores, os acidentes que costumam

    acontecer na empresa eram espordicos e no eram considerados graves

    por eles. As quedas eram o que mais costumava acontecer naquele

    ambiente de trabalho, alm de pequenos cortes nos dedos. Em

    observaes feitas in loco, verificou-se a presena de algumas valetas

    entre os canteiros de trabalho o que poderia favorecer esse tipo de

    acidente.

    Segundo 16,67% dos trabalhadores, o trabalho desempenhado

    no viveiro era perigoso. Para eles, o fato da produo de mudas envolver

    a utilizao substncias qumicas como inseticidas, fungicidas e

    fertilizantes poderia trazer danos sade. A empresa possua servio de

    primeiros socorros, mas quando os trabalhadores foram questionados

    sobre o assunto, apenas 38,29% deles conheciam esse servio.

    A comunicao interna um dos desafios da administrao de

    empresas. A introduo de murais de comunicao, caixas de sugesto e

    crticas, reunies peridicas com os lideres de grupo ou com todos os

    funcionrios so praticas simples e eficientes dependendo do tamanho

    das organizaes.

    4.1.8 Limpeza e manuteno do ambiente de trabalho

    A empresa contava uma funcionria que era responsvel pela

    limpeza e pelo preparo do almoo. Os sanitrios eram limpos durante a

    parte da manh, 55,56% dos trabalhadores disseram que os sanitrios

  • 41

    ficavam limpos durante toda a jornada de trabalho. Pelo fato dos trabalhos

    envolverem o contato com substrato, gua e outros materiais era difcil

    que os sanitrios ficassem limpos durante todo o dia. Sugere-se para a

    resoluo desse problema, a construo de banheiros separados para

    homens e mulheres na proporo da quantidade desses. Se com a

    construo de novos banheiros no solucionar a questo, os banheiros

    devem passar a ser limpos duas vezes por dia.

    Devido grande disponibilidade de gua proveniente do

    sistema de irrigao e a temperatura adequada, a brotao de capim

    entre os canteiros torna-se praticamente inevitvel quando no so

    tomadas prticas de controle. Um funcionrio era responsvel pelo a

    roada do capim no ambiente do viveiro. Quando perguntados, 83,33%

    dos trabalhadores no consideravam o seu ambiente de trabalho limpo. A

    principal queixa era a presena de capim entre os canteiros, o que

    segundo eles, poderia abrigar animais peonhentos e dificultar o trnsito.

    A empresa de promover a com mais freqncia o roada do

    capim nas dependncias do viveiro, eliminando tambm valetas e

    buracos, principais causas de quedas. O controle do capim, alm da

    roada, pode ser feita com herbicidas pr e ps-emergentes, podendo ser

    feito tambm o calamento de algumas reas do viveiro.

    4.1.9 Sndrome Pr-Menstrual

    Uma parte do questionrio realizado foi feito somente com

    trabalhadores do sexo feminino. As perguntas eram relativas a problemas

    relacionados com a Sndrome Pr-Menstrual. Segundo Nogueira e Silva

    (2000) em estudo feito com 254 mulheres de 20 a 44 anos, (43,3%)

    relataram pelo menos um sintoma intenso na fase pr-menstrual

    causando danos sua vida, sendo consideradas portadoras de SPM. A

    irritabilidade foi relatada por 86,4%, cansao por 70,9%, depresso por

    61,8%, cefalia por 61,8%, mastalgia por 59,1% e dor abdominal por

    54,5%. Quase todas (94,5%) tinham mais de uma queixa, 89,1%

    apresentaram sintomas psquicos e mais de trs quartos das pacientes

  • 42

    (76,4%) associavam queixas fsicas e psquicas. A maioria declarou

    durao de trs a quatro dias (32,4%) ou de cinco a sete dias (31,4%).

    Devido ao grande nmero de mulheres que exercia algum tipo

    de atividade no viveiro, o questionrio procurou diagnosticar se a SPM

    estaria presente nessa populao em nmero significativo e se isso traria

    algum tipo de consequncia s atividades desenvolvidas. A Tabela 6

    apresenta os valores percentuais para as respostas ao questionrio.

    TABELA 6 QUESTIONRIO FEITO AS TRABALHADORAS DO SEXO FEMININO SOBRE A SNDROME PR-MENSTRUAL Questionrio sobre SPM Total % Sente dor ou incomodo no perodo pr-menstrual 73,33% Essas dores atrapalham no desempenho das tarefas 69,23% J faltou algum dia por causa dessas dores 61,53% Afirmam que empresa fornece algum remdio 73,33%

    No viveiro florestal estudado, 73,33% das mulheres

    entrevistadas disseram sentir algum incomodo no perodo pr-menstrual.

    Os remdios oferecidos eram analgsicos, no havendo, segundo elas,

    um remdio especfico para essa patologia. A aplicao de prticas que

    visem solucionar esse problema til, pois se refletiria na eficcia e

    eficincia das atividades desenvolvidas por esse grupo de trabalhadoras.

    Devido ao alto nmero de trabalhadoras que costumam sentir

    dores e incmodos durante o perodo pr-menstrual e j faltaram o

    servio por isso, a empresa poderia fornecer remdios especficos para

    esse problema com o objetivo de evitar que as funcionrias necessitem

    faltar ou sair mais cedo.

    A adoo de prticas que visem minimizar os sintomas da SPM

    importante para evitar a perca de eficincia e eficcia na produo de

    mudas uma vez que a populao feminina corresponde maioria dos

    trabalhadores do viveiro.

  • 43

    4.2 Antropometria.

    Os resultados dos estudos antropomtricos das variveis

    estticas dos trabalhadores encontram-se na Tabela 7. Nessa tabela,

    foram analisados os percentis de 5, 20, 50, 80 e 95%, a mdia, o desvio

    padro, e o coeficiente de variao.

    A aplicao dos dados obtidos com a anlise do perfil

    antropomtrico depende da finalidade e objetivos do projeto. Segundo

    Couto (1995), em ergonomia no tem grande importncia a aplicao do

    conceito de mdia e desvio padro, a no ser quando o desvio padro

    muito baixo. Nas situaes comuns, prefervel trabalhar com os

    percentis de 20% e 95%. Nessas circunstancias, mais fcil para os

    indivduos trabalharem na posio vertical.

    O percentil utilizado para estabelecer um limite de aceitao,

    que, em viveiro, juntamente com o perfil antropomtrico d subsdio para

    a elaborao de estruturas mais adequadas bancadas, assentos -

    populao que desempenha tarefas nesses locais.

    O conhecimento do perfil antropomtrico da populao til na

    reestruturao dos ambientes, alm de possibilitar uma projeo

    adequada de futuras instalaes.

  • 44

    TABELA 7 PERCENTIS, MDIA, DESVIO PADRO E COEFICIENTE DE VARIAO (%) DO LEVANTAMENTO ANTROPOMTRICO DOS TRABALHADORES QUE ATUAVAM NO CORTE DE MINIESTACAS E CLASSIFICAO DE MUDAS (MEDIDA EM CENTMETROS, EXCETO PESO).

    Variveis Percentis

    Mdia Desvio Padro Coef.

    Variao 5% 20% 50% 80% 95% Peso (kg) 56,35 64,40 71,00 76,40 79,10 69,50 8,29 11,93 Estatura 153,80 156,00 159,00 161,60 173,50 160,50 7,37 4,59 Altura do nvel dos olhos 145,00 145,80 146,50 153,40 161,05 149,90 6,64 4,43 Altura do ombro 130,00 130,00 133,50 135,60 143,50 134,40 5,48 4,08 Altura do cotovelo 98,90 100,00 102,85 104,00 108,95 102,92 4,08 3,96 Altura da cabea assento 66,80 72,60 77,25 84,60 87,55 77,50 7,39 9,53 Altura nvel dos olhos assento 60,80 63,80 66,00 73,60 76,00 67,50 5,68 8,42 Altura do ombro assento 50,45 51,00 53,00 57,80 61,83 54,55 4,45 8,16 Altura da Axila assento 38,73 39,00 40,50 44,30 49,78 42,15 4,22 10,02 Altura do trax assento 32,45 33,80 36,25 37,70 39,60 36,05 2,57 7,12 Altura do cotovelo assento 14,90 17,44 19,00 20,70 25,15 19,48 3,52 18,08 Altura das coxas assento 12,23 13,94 15,50 17,20 18,00 15,38 2,06 13,41 Altura da cabea sentado 112,73 115,00 119,50 124,20 127,20 119,90 5,39 4,49 Altura do nvel dos olhos sent. 104,45 105,80 108,00 111,40 119,05 109,50 5,84 5,33 Altura do ombro sent. 94,73 96,60 98,50 102,80 106,48 99,75 4,32 4,33 Altura da axila sent. 83,23 83,90 85,50 87,80 91,48 86,30 3,16 3,67 Altura do trax sent. 78,90 80,80 81,00 82,30 83,50