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Ergonomia

Curso Segurança do TrabalhoCurso Segurança do Trabalho

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Governador

Vice Governador

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Cid Ferreira Gomes

Francisco José Pinheiro

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Coordenadora de Desenvolvimento da Escola

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs

Andrea Rocha Araujo

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ERGONOMIA

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SECRETARIA DA EDUCAÇÃO - SEDUC

EMENTA DISCIPLINA ERGONOMIA EDUCADOR(A): JÚLIO CÉSAR

CURSO: TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

SEM: III DATA: 13/04/2009

C.H.: 40 horas

COMPETÊNCIAS HABILIDADES BASES TECNOLÓGICAS

1 – Compreender a importância da fisiologia no combate aos acidentes de trabalho; 2 – mensurar o impacto da idade, fadiga, individualidade, trabalho em turnos na política de prevenção de acidentes; 3 – Avaliar os parâmetros ergonômicos vinculados à Segurança do Trabalho;

1 – Identificar os riscos ocupacionais de acordo com a fisiologia do trabalhador que o executa; 2 Relacionar os efeitos da idade e fadiga do trabalhador com a ocorrência de acidentes; 3 – Aplicar os princípios ergonômicos na realização dos trabalhos a fim de evitar doenças profissionais ou ocupacionais e acidentes do trabalho;

1 – Histórico, conceitos e aplicações; 2 Noções de fisiologia do trabalho; 3 – Idade, fadiga, vigilância e acidentes do trabalho; 4 – Aplicação de forças e análise ergonômica dos postos de trabalho; 5 – Aspectos antropométricos aplicados aos postos de trabalho; 6 – dimensionamento de postos de trabalho e adequação; 7 – limitações sensoriais; 8 – Trabalhos em turnos e noturnos; 9 – A ergonomia e a prevenção de acidentes.

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Definições, histórico, conceitos, princípios, aplicações...

Histórico

Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reunem, interessados em formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.

Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no início da década de '50, na Inglaterra, a Ergonomics Research Society.

Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane & Faverge, que torna-se deciciva para a evolução da metodologia ergonômica. Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente do trabalho.

Em referência as publicações científicas que marcaram o início da produção dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar:

1949 Chapanis com a aplicação da Psicologia Experimental

1953 Lehmann, G.A. Prática da Fisiologia do Trabalho

1953 Floyd & Welford

Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos

Ergonomia no Brasil fonte: ABERGO

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A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos 60 pelo Prof. Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Também na USP, Ribeirão Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia. Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciencias Médicas (UEG, depois UERJ); O Prof. Franco Seminério falava desta disciplina, com seu refinado estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior impulso se deu na COPPE, no início dos anos 70, com a vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção, com escala na ESDI/RJ. Além dos cursos de mestrado e graduação, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro editado em português.

Conceituação

Algumas definições para a ergonomia...

Montmollin, M. - A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-máquina (1971).

Grandjean, E. - A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria é a sociedade no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos intrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (1968).

Leplat, J - A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objeto é a organização dos sistemas homens-máquina (1972).

Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965).

Self - A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia, e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos, meios e ambientes de trabalho.

Wisner - A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários a concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de confôrto e eficácia (1972).

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A Ergonomia é considerada por alguns autores como ciência, enquanto geradora de conhecimentos.Outros autores a enquadram como tecnologia, por seu caráteer aplicativo, de transformação.Apesar das divergências conceituais, alguns aspectos são comuns as várias definições existentes:

a aplicação dos estudos ergonômicos; a natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de várias

disciplinas; o fundamento nas ciências; o objeto: a concepção do trabalho.

OBJETO E OBJETIVO DA ERGONOMIA

Se, para um certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou uma extensão do objeto próprio da disciplina, para a ergonomia o trabalho é o único possível de intervenção.

A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a atividade do trabalho humano.

O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é o de informar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica a cada trabalhador.

O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de transformação da realidade, cujos resultados obtidos irão depender em grande parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não pode ser definido a priori, pois sua construção depende do objetivo da transformação.

Em ergonomia o objeto sobre o qual pretende-se produzir conhecimentos, deve ser construido por um processo de decomposição/ recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que deve ser transformada.

O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real. Quanto mais ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela é interpelada por ela mesma.

Métodos e Técnicas

A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano.

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A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis (postura, exploração visual, deslocamento).

A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores, chega-se a uma síntese que permite explicar a inter-relação de vários condicionantes à situação de trabalho.

Como em todo processo científico de investigação, a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a formulação de hipóteses.

Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese, é isso que lhe permite ordenar os fatos". São as hipóteses que darão o status científico aos métodos de observação nas atividades do homem no trabalho.

A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em função das hipóteses que guiam a análise, mas também, segundo GUERIN (1991), em função das imposições práticas ou das facilidades de cada situação de trabalho.

Os comportamentos manifestáveis do homem são freqüentemente observáveis pelos ergonomistas, como por exemplo:

Os deslocamentos dos operadores - esses podem ser registrados a partir do acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho. O registro do deslocamento pode explicar a importância de outras áreas de trabalho e zonas adjacentes. Exemplo; em uma sala de controle o deslocamento dos operadores até os painéis de controle está relacionado à exploração de certas informações visuais que são fundamentais para o controle de processo; o deslocamento até outros colegas pode esclarecer as trocas de comunicações necessárias ao trabalho.

Técnicas utilizadas na análise do trabalho

Pode-se agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e subjetivas.

• Técnicas objetivas ou diretas: - Registro das atividades ao longo de um período, por exemplo, através de um registro em video. Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de dados.

• Técnicas subjetivas ou indiretas:- Técnicas que tratam do discurso do operador, são os questionários, os check-lists e as entrevistas. Esse tipo de

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coleta de dados pode levar a distorções da situação real de trabalho, se considerada uma apreciação subjetiva. Entretanto, esses podem fornecer uma gama de dados que favoreçam uma análise preliminar.

Deve-se considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano preestabelecido de intervenção em campo, com um dimensionamento da amostra a ser considerado em função dos problemas abordados.

Métodos diretos

Observação

É o método mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho.

A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem observados, o Ergonomista dirige suas observações e faz uma filtragem seletiva das informações disponíveis.

Observação assistida

Inicialmente considera-se uma ficha de observação, construída a partir de uma primeira fase de observação "aberta".

A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos; as freqüências de utilização, as transições entre atividades, a evolução temporal das atividades.

Em um segundo nível utiliza-se os meios automáticos de registro, áudio e video.

O registro em video é interessante à medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados, que são, inevitavelmente, incompletos, e permite a fusão entre os comportamentos verbais, posturais e outros. O video pode ser um elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores.

Os registros em video permitem recuperar inúmeras informações interessantes nos processos de validação dos dados pelos operadores. Essa técnica, entretanto, está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados, assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados (ambientação dos operadores), e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores que participarão dos registros.

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Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de trabalho (postura, exploração visual, deslocamentos etc).

Direção do olhar

A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permite inferir para onde esse está olhando.

O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para apreciação das fontes de informações utilizadas pelos operadores. As observações da direção do olhar podem ser utilizadas como indicador da solicitação visual da tarefa.

O número e a frequência das informações observadas em um painel de controle na troca de petróleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as estratégias que estão sendo utilizadas pelos operadores na detecção de presença de água no petróleo, para planejar sua ação futura.

Comunicações

A troca de informação entre indivíduos no trabalho podem ter diversas formas: verbais, por intermédio de telefones, documentais e através de gestos.

O conteúdo das informações trocadas tem se revelado como grande fonte entre operadores, esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competência das pessoas, da importância e contribuição do conhecimento diferenciado de cada um na resolução de incidentes.

O registro do conteúdo das comunicações em um estudo de caso no Setor Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a importância da checagem das informações fornecidas pelos automatismos e pelas pessoas envolvidas no trabalho, através de inúmeras confirmações solicitadas pelos operadores do painel de controle.

O conteúdo das comunicações pode, além de permitir uma quantificação de fontes de informações e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos coletivos do trabalho.

Posturas

As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a ser realizada. A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e um suporte às informações obtidas visualmente. A postura é influenciada pelas

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características antropométricas do operador e características formais e dimensionais dos postos de trabalho.

No trabalho em salas de controle, a postura é condicionada à oscilação do volume de trabalho. Em períodos monótonos a alternância postural servirá como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador. Em períodos perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a ser o pivô da atividade. Os segmentos corporais acompanharão a exploração visual e excutarão os gestos.

Estudo de traços

A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria atividade. Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os resultados reais.

Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação sobre os custos humanos no trabalho mas, entretanto, não conseguem explicar o processo cognitivo necessário à execução da atividade. O estudo de traços pode ser considerado como complemento e é usado, com freqüência, nas primeiras fases da análise do trabalho. O estudo de traços pode ser fundamental no quadro metodológico para análise dos erros.

Métodos subjetivos

O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número importante de operadores. Entretanto a aplicação de questionário em um grupo restrito de pessoas pode ser utilizada para hierarquizar um certo número de questões a serem tratadas em uma análise aprofundada.

As respostas dos questionários podem ser úteis para a contribuição de uma classificação de tarefas e de postos de trabalho. O questionário, entretanto, deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação.

Deve-se ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões, as atitudes em relação aos objetos, e que elas não permitem acesso ao comportamento real.

Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionário é um método fácil e se presta ao tratamento estatístico, e, se corretamente utilizado, permite coletar um certo número de informações pertinentes para o Ergonomista.

Tabelas de avaliação

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Esse tipo de questionário permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o sistema que utilizam. O objetivo é apontar os pontos fracos e fortes dos produtos. No caso de avaliação de programas, uma tabela de avaliação deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.

Entrevistas e verbalizações provocadas

A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), é a expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa.

A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa (pede-se ao operador para explicar o que ele faz, como ele faz e por que).

Entrevistas e verbalizações simultâneas

As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos operadores trabalhando em situação real ou em simulação.

A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados, sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as estratégias utilizadas.

Dessa maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores tem do seu próprio comportamento. As verbalizações devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho.

Cronologia

Cronologia...

Mundial Brasileira

1857

Jastrezebowisky publica o artigo "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho"

1857 -

1949

Primeira reunião do grupo de pesquisas para retomada dos estudos sobre ergonomia e ciência do trabalho.

1949 -

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1950

Adoção do neologismo "Ergonomia" durante a segunda reunião do grupo de estudos.

1950 -

1951 Fundação da Ergonomics REsearch Society, na Inglaterra.

1951 -

1953

Publicação dos trabalhos: Prática da Fisiologia do Trabalho de Lehmann, G.A.; e Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos de Floyd & Welford

1953 -

1955

A European Productivity Agency (EPA), uma subdivisão da Organization for European Economics Cooperation, estabelece uma Human Factors Section.

1955 -

1956

A EPA visita os Estados Unidos para observar as pesquisas em Human Factors.

1956 -

1957

Seminário técnico promovido pela própria EPA, na University of Leiden, "Fitting the Job to Worker". Durante o seminário formou-se um comitê para analisar as propostas e organizar uma associação internacional que adotou a denominação International Ergonomics Association.

1957 -

1958

Encontro especial, em Paris, em setembro, para Análise de um regimento preliminar para a associação. Decidiu-se, então, dar continuidade aos trabalhos de organização da associação e realizar um Congresso

1958 -

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Internacional, em 1961.

1959

O comitê passou a se denominar Comittee for the International Association of Ergonomics Scientists. O comitê se reuniu em Oxford, decidiu manter o nome International Ergonomics Association, e aprovou o regimento e o estatuto.

1959 -

1960 - 1960

Abordagem do tópico "O produto e o homem" por Ruy Leme e Sérgio Penna Kehl na disciplina Projeto de Produto (Eng. Humana) na Politécnica da USP.

1961 I Congresso Trianual da IEA, em Estocolmo, na Suécia.

1961 -

1964 II Congresso Trianual da IEA, em Dortmund, FRG.

1964 -

1966 - 1966 Aplicações da Ergonomia no curso de projeto de Produto ESDI/UERJ.

1967 III Congresso Trianual da IEA, em Birmingham, na Inglaterra.

1967

"Introdução à Ergonomia" no curso de Psicologia Industrial II, na USP - Ribeirão Preto - Paul Stephaneck.

1968 - 1968

Livro "Ergonomia: notas de aulas", de Itiro Iida e Henri Wierzbicki, lançado em São Paulo, pela Ivan Rossi.

1970 IV Congresso Trianual da IEA, em Strasbourgo, na França.

1970

Disciplina de Ergonomia no Mestrado de Eng. de Produção da COPPE-UFRJ/ Ergonomia na área de Psicologia do Trabalho-Isop/FGV Franco Lo Presti Seminério

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1971 - 1971

Tese de Doutorado "A Ergonomia do manejo", defendida por Itiro Iida, na Politécnica da USP./ Curso de Ergonomia na ESDI/UERJ - Itiro Iida./ Área de concentração em Ergonomia treinamento e Aperfeiçoamento Profissional no mestrado em Psicologia do Isop/FGV

1973 V Congresso Trianual da IEA, em Amsterdam, na Holanda.

1973

Ergonomia como disciplina nos cursos de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da Fundacentro.

1974 - 1974

1o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABPA (Associação Brasileira de Psicologia Aplicada) e pelo Isop/FGV.

1975 - 1975

Publicação de "Aspectos ergonômicos do urbano" de Itiro Iida - MIC/STI/COPPE./ Curso de especialização em Ergonomia, na FGV. Grupo de Estudos Ergonômicos do Isop/FGV - Franco Lo Presti Seminério.

1976 VI Congresso Trianual da IEA, em College Park, nos Estados Unidos.

1976

Fundação do GAPP (Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento Ltda.) - Sérgio Penna Kehl.

1979 VII Congresso Trianual da IEA, em Varsóvia, na Polônia.

1979

Ergonomia como disciplina do currículo mínimo da graduação em Desenho Industrial./CEBERC - Centro Brasileiro de Ergonomia e Cibernética Isop/FGV - Ued Maluf.

1982 VIII Congresso Trianual da IEA, em Tokio, no Japão.

1982 -

1983 - 1983 Fundação da ABERGO -

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Associação Brasileira de Ergonomia, em 31 de agosto

1984 - 1984

2o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO - Isop/FGV./ Inauguração do Laboratório de Ergonomia do INT - Diva Maria P. Ferreira.

1985 IX Congresso Trianual da IEA, em Bornemouth, Inglaterra.

1985 Implantação do setor de Ergonomia da Fundacentro - Leda Leal Ferreira

1986 - 1986

Curso de Especialização em Ergonomia, Departamento de Psicologia Experimental USP - Regina H. Maciel.

1987 - 1987

3o Seminário Brasileiro de Ergonomia e 1o Congresso Latino-Americano de Ergonomia, em São Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

1988 X Congresso Trianual da IEA, em Sidney, Austrália.

1988 -

1989 - 1989

4o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO/FGV.

1990 - 1990

Segundo livro do Professor Itiro Iida, "Ergonomia: projeto e produção", pela Editora Edgard Blucher, de São Paulo. Fundação da ERGON PROJETOS, o primeiro escritório dedicado a consultoria e desenvolvimento de projetos em Ergonomia.

1991 XI Congresso Trianual da IEA, em Paris, França.

1991

Fundação da ABERGO/RJ, Associação Brasileira de Ergonomia, seção Rio de Janeiro, em 23 de maio. / 5o

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Seminário Brasileiro de Ergonomia, em São Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

1992 - 1992

1o Encontro Carioca de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO-RJ/UERJ.

1993 - 1993

6o Seminário Brasileiro de Ergonomia e 2o Congresso Latino-Americano de Ergonomia, em Florianópolis, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

1994 XII Congresso Trianual da IEA, em Toronto, Canadá.

1994 -

1995 - 1995

IEA World Conference 1995./ 3o Congresso Latino-Americano de Ergonomia and 7o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO e pela International Ergonomics Association.

1997 XII Congresso Trianual da IEA, em Tampere, Finlândia.

1997 -

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TEXTO DE APOIO Nº 01

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS - DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS

AO TRABALHO (LER/DORT): A MAIS NOVA EPIDEMIA NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA

Resumo

Este artigo diz respeito as afecções músculoesqueléticas ocasionadas por sobrecargas biomecânicas que vêm sendo observadas nos últimos anos em todas as classes trabalhistas em nosso país, sendo

considerada nos dias de hoje uma epidemia mundial denominada como LER/DORT. Estas afecções têm sido, na área da saúde, pauta de discussão e debates buscando soluções tanto para prevenir como para

tratar pessoas portadoras dessa patologia.

Palavras-chaves: Epidemia, LER/DORT, Tratamento.

Introdução

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tornaram-se a mais nova epidemia dos últimos anos, já que a partir da década de 80 passaram a

ser a mais freqüente causa de afastamento do trabalho no mundo. Os termos LER/DORT são usados para determinar as afecções que podem lesar tendões, sinóvias,

músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos tecidos, atingindo principalmente membros superiores, região escapular e pescoço. Decorrente de uma origem ocupacional ela pode ser ocasionada de forma combinada ou não do uso repetido e forçado de

grupos musculares e da manutenção de postura inadequada (CODO E ALMEIDA, 1998).

Além do uso repetitivo, a sobrecarga estática, o excesso de força para execução de tarefas, o trabalho sob temperaturas inadequadas ou o uso prolongado de instrumentos com movimentos excessivos podem contribuir para o aparecimento das enfermidades músculoesqueléticas. Assim sendo, a sigla LER ( lesão por esforço repetitivo) é insatisfatória, pois não determina outros tipos de sobrecarga que podem trazer

prejuízo ao aparelho locomotor, dessa forma, a LER adquiriu um estigma negativo, passando a ser designada DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) (ZILLI,2002). O termo permitiu

ampliar os mecanismos de lesão, não só restritos aos movimentos repetitivos, mas que também cincunscreve formas clínicas peculiares a algumas atividades ocupacionais e ainda propõe o estabelecimento do nexo causal classificando-o como doença ocupacional (VIEIRA, 1999).

Histórico

Acompanhando a história das doenças ocupacionais, facilmente se percebe que as LER/DORT são

temas de pesquisa e discussão há muitos anos.

Com o advento da era industrial, teve início o processo de fabricação de produtos em massa, e a crescente especialização dos operários no sentido de melhorar a qualidade, aumentar a produção e

também reduzir custos. Essa especialização levou os trabalhadores a executarem funções específicas nas empresas, com a realização de movimentos repetitivos, associados a esforço excessivo, levando

muitos trabalhadores a sentir dores (NAKACHIMA, 2002).

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Segundo Moreira e Carvalho (2001) o professor italiano Bernardino Ramazzini, considerado pai da medicina ocupacional, forneceu a primeira contribuição histórica, em 1713, fundamentando em 54

profissões de sua época. Nesse trabalho ele não só identificou os distúrbios, mas também traçou uma causa ocupacional. Ele acreditava que as lesões encontradas em escreventes eram causadas pelo uso

repetitivo das mãos, pela posição das cadeiras e pelo trabalho mental excessivo.

No século seguinte, foram descritos na Europa quadros clínicos afetando o esqueleto axial e periférico de trabalhadores que desempenhavam distintas tarefas laborativas. Na época esta sintomatologia foi

chamada de “cãimbras ocupacionais”. Entre as várias atividades ocupacionais envolvidas, salientava-se a “cãimbra do escrevente”, que atingiu níveis de epidemia no serviço civil britânico em 1833 (MOREIRA E

CARVALHO,2001).

Em 1888, o neurologista William Gowers relatou casos de trabalhadores com sintomas de ansiedade, de insatisfação com o trabalho ou do peso de responsabilidades. Ressaltou ainda a instabilidade emocional

desses indivíduos e admitiu sua grande dificuldade em distinguir uma neurose de um quadro de simulação de doença. Desde então, diversos países industrializados têm passado por epidemias de

diagnósticos envolvendo tais distúrbios (MOREIRA E CARVALHO,2001).

Epidemiologia

A diversidade de conceitos observados na literatura dificultam a obtenção concreta de dados para o estudo da incidência e da prevalência dos diferentes tipos de doenças e das condições clínicas das chamadas LER/DORT, que costumam surgir em rápidas escaladas na forma de surtos. Uma outra dificuldade é que os estudos na sua grande maioria não têm a colaboração de empresas e seus

empregados pelo medo de exposição e o risco de demissões de seus cargos.

Segundo Moreira e Carvalho (2001), as estatísticas do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, a indenização referente aos DORT é 50% mais custosa que a reinvindicada por trauma agudo (acidente de trabalho). O tempo perdido de trabalho nos pacientes com DORT nos EUA é extremamente maior do que

com os outros distúrbios músculoesqueléticos, como, por exemplo, a dor lombar.

Existem inúmeros trabalhadores com queixas de dor atribuída a seu trabalho. A patologia é reconhecida pela atual legislação brasileira gerando grande interesse nos meios médicos. O ônus gerado ao governo, às indústrias e aos trabalhadores, levam os meios médicos a realizar estudos e discussões que possam

contribuir para uma melhor compreensão dessa patologia já considerada como epidemia na saúde brasileira (NAKACHIMA, 2002).

No Brasil, os dados dessas afecções são deficientes, mas a quantidade de diagnósticos de LER/DORT

tem dimensões muito altas. Considerando assim que na última década nosso país presenciou uma situação epidêmica com relação aos DORT, tornando-se esta patologia a segunda maior causa de

afastamento do trabalho no Brasil. Somente nos últimos 5 anos foram abertos 532.434 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) geradas pelas LER/DORT. A cada 100 trabalhadores da região

Sudeste do Brasil, 1 é portador de LER/DORT (AMERICANO, 2001).

Num estudo realizado na cidade de São Paulo, onde foram examinados 1.560 pacientes, o sexo feminino representou 87% dos casos; sendo que a faixa etária mais afetada oscilava entre 26 e 35 anos

(MOREIRA E CARVALHO, 2001).

Em outro estudo realizado pela Cassi (Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do Brasil) no ano de 2000, 26,2 % dos funcionários do Banco do Brasil apresentaram algum sintoma que está relacionado à

LER/DORT (AMERICANO, 2001).

Vários fatores vêm impulsionando a enorme quantidade de diagnósticos de LER ou DORT em nosso país, entre eles: tensão social; alto índice de desemprego; predisposição ética; falta de organização no

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ambiente de trabalho; influência da ação de sindicatos; ações políticas; oportunismo de advogados; influência da mídia; interesses por indenizações ou aposentadorias.

Etiologia

Quando um indivíduo apresenta uma lesão ocasionada por sobrecarga biomecânica ocupacional, os fatores etiológicos estão associados à organização do trabalho envolvendo principalmente equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; descaso com o posicionamento, técnicas incorretas para realização de tarefas, posturas indevidas, excesso de força empregada para execução de tarefas,

sobrecarga biomecânica dinâmica; uso de instrumentos com excessos de vibração, temperatura, ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho (MOREIRA E CARVALHO,2001).

Sabe-se então que um ambiente de trabalho organizado, com pessoas bem treinadas e condicionadas

com respeito aos fatores ergonômicos e aos limites biomecânicos certamente diminuem o risco de desencadeamento das chamadas LER/DORT (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

Distúrbios mais freqüentes

Alguns dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho citados por Couto (1998) são:

tendinite e tenossinovite dos músculos dos antebraços, miosite dos músculos lumbricais e fasciíte da mão, tendinite do músculo bíceps, tendinite do músculo supra-espinhoso, inflamação do músculo

pronador redondo com compressão do nervo mediano, cisto gangliônico no punho, tendinite De Quervain, compressão do nervo ulnar, síndrome do túnel do carpo, compressão do nervo radial, síndrome do desfiladeriro torácico, epicondilite medial e lateral, bursite de cotovelo e ombro, síndrome da tensão

cervical e lombalgia.

Fatores de Risco

Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos do ambiente de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de trabalho e o clima

organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas preventivas. Os principais fatores de risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores

extra-trabalho (ZILLI, 2002).

Avaliação Clínica

O paciente portador de LER/DORT deve ter os locais onde há dor examinados como também ser submetidos ao exame físico global do sistema múculoesquelético, pois afecções músculoesqueléticas

cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. Os sintomas e os padrões clínicos que expressam a LER/DORT são variados, freqüentemente vagos e muitas vezes inespecíficos, pois

várias estruturas músculoesqueléticas e nervosas podem estar comprometidas isolada ou associadamente (CODO e ALMEIDA, 1998).

Tratamento e prevenção

O insucesso dos programas de terapêutica da LER/DORT deve-se a falha no diagnóstico das reais etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro doloroso, sendo

assim, a identificação das estruturas lesadas é importante para o melhor resultado no tratamento (CODO

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e ALMEIDA, 1998).

O tratamento depende sempre de um diagnóstico correto, da eliminação completa dos agentes causais e de uma adequada estratégia terapêutica medicamentosa, fisioterápica e, em alguns casos, cirúrgica

(MOREIRA e CARVALHO, 2001).

O tratamento fisioterápico consiste em: termoterapia (calor profundo como ondas curtas ou ultra-som), eletroterapia, massagens, cinesioterapia, hidroterapia, órteses, RPG e outras técnicas. O fisioterapeuta

deve levar em consideração tanto o estágio evolutivo da doença, como as respostas do paciente a tratamentos anteriores (PEROSSI, 2001).

Apesar da abordagem terapêutica ampla, muitos pacientes permanecem sintomáticos, particularmente

aqueles com diagnóstico de depressão, que estão insatisfeitos com seu trabalho, que acreditam ter adquirido “lesões” através das atividades desse trabalho e que estão envolvidos em alguma causa

trabalhista.

O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência de seu corpo. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Partindo dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal, minimizar tensões musculares, tirar

a atenção da dor e principalmente perceber suas limitações (PEROSSI, 2001).

A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação recomendações e de

comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos

intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

Conclusão

O enorme contingente de diagnósticos LER/DORT existente no nosso país atinge proporções

consideradas epidêmicas. Conclui-se que ações dos vários segmentos da sociedade trabalhista sejam responsáveis pelos fatores que vêm sustentando esse fenômeno.

Sendo assim, o mais importante é a conscientização dos empregadores em orientar seus empregados

tanto na prevenção quanto na terapêutica dos distúrbios músculo esqueléticos.

Referências

- AMERICANO, Maria José. Prevenção às LER/DORT - Site da Web: www.2.uol.com.br/prevler/o_que_eh.htm, Acessado em 23/08/2005.

- - CODO, Wanderley; ALMEIDA, Maria C. de – LER – Lesões por Esforços Repetitivos. 4ª edição, 1998.

- - COUTO, Ha – Como Gerenciar a Questão das LER/DORT,1998.

- - MOREIRA, Caio; CARVALHO, Marco Antônio P.- Reumatologia Diagnóstico e Tratamento. 2ªedição,

2001. -

- NAKACHIMA, Luis Renato – Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares

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Relacionados ao Trabalho - Site da Web: www.fundacentro.gov.br/CTN/forum_maos_ler_dort.htm. Acessado em 18/08/2005.

- - PEROSSI, Sandra C.- LER/DORT-Abordagem Psicossomática na Fisioterapia. In: Revista Fisio

&Terapia, nº27 – 2001. -

- SANTOS, Eduardo Ferro; OLIVEIRA, Karine Borges – Gerenciamento Ergonômico. In: Revista FisioBrasil, nº66 Julho/Agosto, 2004.

- - VIEIRA, Lucia Marinez – Artigo: Prevenção das LER/DORT em pessoas que trabalham sentados e

usuários de computador, 1999. Site da Web: www.pclq.usp.br/jornal/prevencao.htm, acessado em 18/08/2005.

- - ZILLI, Cynthia M. – Manual de Cinesioterapia /Ginástica Laboral, 2002.

TEXTO DE APOIO Nº 02

22 dicas para prevenir as lesões do trabalho: LER e DORT Entenda a diferença entre essas duas síndromes

e tome atitudes simples para evitar problemas futuros

Quem nunca ouviu falar nas LER lesões por esforços repetitivos ou nos DORT distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho? LER e DORT são síndromes

que atacam os nervos, músculos e tendões, especialmente dos membros superiores e do pescoço. São síndromes degenerativas e cumulativas e sempre acompanhadas de dor ou incômodo, provenientes não somente da atividade ocupacional intensiva, mas

também de atividades realizadas sob intenso estresse.

LER ou DORT? O termo LER utilizado para denominar uma síndrome da atividade ocupacional excessiva, que abrange uma gama de condições caracterizadas por desconforto ou dor persistente nos músculos, tendões etc. Entretanto, sabidamente nem todas as patologias estão relacionadas aos movimentos repetitivos, pois existem outros fatores biomecânicos causais como esforço físico proveniente de levantamento constante de peso , além dos fatores psicofísicos e sociológicos, que atuam sobre o problema. "Infelizmente, o termo LER passou a ser utilizado de forma indistinta como nome de uma doença, porém, este é simplesmente uma denominação de um mecanismo de lesão e não pode ser utilizado como um diagnóstico", explica a engenheira Maria Aparecida Frediani Rocha, especialista em Ergonomia e consultora da Vendrame Consultores Associados. Por tais razões, estudiosos recomendaram que este termo fosse abandonado e se passasse a usar o termo DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, pois numa primeira fase ocorrem os distúrbios, com sintomas como fadiga,

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peso e dor nos membros e somente depois aparecem as lesões. Em geral, qualquer trabalhador pode estar sujeito aos DORT. Percebemos que quem sofre muita pressão psicológica no trabalho está predisposto ao desconforto ou dor persistente nos músculos, tendões e outras partes do corpo. Com tratamento adequado, muitas das condições da síndrome são reversíveis , comenta. Prevenção é o melhor remédio A ergonomia é a ciência que visa a adaptar as condições de trabalho às características do trabalhador. As posturas inadequadas, que advém de um posto de trabalho mal dimensionado, ou que não se ajuste às variações antropométricas de cada indivíduo, e os movimentos repetitivos são alguns dos fatores que mais predispõem o aparecimento das LER/DORT. No entanto, não se deve esquecer da organização do trabalho, que eventualmente pode estar por trás desta patologia. Os ritmos excessivos, a postura rígida, a ausência de pausas, a pouca liberdade do trabalhador, além da pressão pelos superiores, são contribuições para o surgimento das LER/DORT. A título de exemplo, num posto de trabalho com computador, devem ser observados os seguintes aspectos: A seguir, veja como regular sua estação de trabalho Cadeira: 1 - A altura ideal deve ser de 48 a 58cm 2 - O encosto deve estar a 110° do assento 3 - A cadeira deve ter apoio para a região lombar e dorsal; 4 - Os pés devem ter contato completo com o chão ou apoiados em suporte específico 5 - As coxas devem ficar paralelas ao piso 6 - O trabalhador deve estar próximo da superfície de trabalho 7 - Os braços devem ficar apoiados Monitor: 8 - A altura ideal da 1ª linha escrita deve ser de 155cm 9 - A tela deve estar ao nível do horizonte ou levemente abaixo 10 - O trabalhador deve localizar-se bem em frente ao monitor 11 - A iluminação deve ser adequada 12 - Use filtro no caso de brilho excessivo 13 - A distância adequada é de 60 cm entre a pessoa e a tela do computador Teclado e mouse: 14 - A altura ideal deve ser de 110cm 15 - Eles devem localizar-se próximos e na frente de quem vai usá-lo 16 - Os cotovelos devem permanecer em ângulo de 90° 17 - Os punhos precisam permanecer retos Dicas preventivas: 18 - Realize pequenas pausas rápidas em qualquer atividade que se exerça repetitividade excessiva ou em postura inadequada por tempo prolongado. Intervalos breves e freqüentes são mais eficazes para a recuperação do que um período de descanso igual, tomado de uma só vez. 19 - Durante essas pausas faça alguns alongamentos para as áreas de seu corpo que estiverem executando a tarefa.

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20 - Cuide para sempre permanecer com uma boa postura, incluindo a adequação do seu posto de trabalho de acordo com as características físicas e com sua atividade 21 - Não realizar força nem pressão exageradas, repetitivas ou freqüentes em sua atividade 22 - As LER/DORT são curáveis, principalmente nos primeiros estágios. Portanto, procure ajuda

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1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA

1.1 – Origem e evolução da ergonomia 1.2 – Conceitos de ergonomia 1.3 – As diferentes abordagens em ergonomia 1.4 – Os diferentes tipos de ergonomia 1.5 – A abordagem sistêmica em ergonomia 1.6 – Aplicações da ergonomia 1.7 – Disciplinas de base da ergonomia

1.1 – Considerações preliminares: trabalho e condições de Trabalho

A primeira definição conhecida de trabalho está escrita nas Sagradas Escrituras em Gênesis 3: 17b , 19 " Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; pois és pó, e ao pó tornarás". Podemos deduzir, então, que o trabalho está relacionado a noção geral de sofrimento e pena (BIBLIA,1995).

O Dicionário Larousse de Língua Portuguesa (1992), dá as seguintes definições para trabalho:

palavra derivada do latim tripaluim que significa instrumento de tortura composto de três paus; sofrimento; esforço; luta;

atividade humana aplicada à produção, à criação ou ao entretenimento;

produto dessa atividade; obra.

atividade profissional regular e remunerada.

exercício de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade é exercida.

DAVIES e SHACKLETON (1977), define o trabalho como uma "atividade instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo é preservar e manter a vida, e que é dirigida para uma alteração planejada de certas caraterísticas do meio-ambiente do ser humano". Eles referenciam, também, a definição ainda mais ampla dada por O'TOOLE, que diz que "o trabalho é uma atividade que produz algo de valor para outras pessoas".

LEPLAT e CUNY (1977), definem condições de trabalho como "o conjunto de fatores que determinam o comportamento do trabalhador. Estes fatores são, antes de mais

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nada, constituídos pelas exigências impostas ao trabalhador: objetivo com critérios de avaliação (fabricar determinado tipo de peça com estas ou aquelas tolerâncias), condições de execução (meios técnicos utilizáveis, ambientes físicos, regulamentos a observar)".

Por outro lado, MONTMOLLIN (1990), define condições de trabalho como tudo o que caracteriza uma situação de trabalho e permite ou impede a atividade dos trabalhadores. Deste modo, distinguem-se as condições:

físicas: características dos instrumentos , máquinas, ambiente do posto de trabalho(ruído, calor, poeiras, perigos diversos);

temporais: em especial os horários de trabalho;

organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, de um modo geral, "conteúdo" do trabalho;

as condições subjetivas características do operador: saúde, idade, formação;

e as condições sociais. remuneração, qualificação, vantagens sociais, segurança de emprego, em certos casos condições de alojamento e de transporte, relações com a hierarquia, etc.

Segundo SELL (1994b), entende-se por trabalho "tudo o que a pessoa faz para manter-se e desenvolver-se e para manter e desenvolver a sociedade, dentro de limites estabelecidos por esta sociedade. E, o conceito de condições de trabalho inclui tudo que influencia o próprio trabalho, como ambiente, tarefa, posto, meios de produção, organização do trabalho, as relações entre produção e salário, etc".

A mesma autora explica que boas condições de trabalho significam, em termos práticos:

meios de produção adequados às pessoas - o que pressupõe o projeto ergonômico das máquinas, dos equipamentos, dos veículos, das ferramentas, dos dispositivos auxiliares, usados no sistema de trabalho;

objetos de trabalho, materiais e insumos inócuos às pessoas que com elas entram em contato;

postos de trabalho ergonomicamente projetados, o que inclui bancadas, assentos, mesas, a disposição e a alocação de comandos, controles, dispositivos de informação e ferramentas fixas em bancadas;

controle sobre os fatores ambientais adversos, como por exemplo, iluminação, ruídos, vibrações, temperaturas altas ou baixas, partículas tóxicas, poeiras, gases, etc. reduzindo-se o efeito destes sobre as pessoas no sistema de trabalho;

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postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho sem perigos mecânicos, físicos, químicos ou outros que representem riscos para as pessoas, isto é, sem partes móveis expostas, sem ferramentas cortantes acessíveis ao trabalhador, sem emissão de gases, vapores, poeiras nocivas, etc.

organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com conteúdo adequado as suas capacidades físicas, psíquicas, mentais e emocionais, que seja interessante e motivante;

organização temporal do trabalho (regime de turnos) que permita ao trabalhador levar uma vida com ritmo sincronizado com seu ritmo circadiano, comprometendo ao mínimo a sua saúde, bem como o seu convívio familiar e social;

quando necessário, um regime de pausas que possibilitem a recuperação das funções fisiológicas do trabalhador, para, a longo prazo, não comprometer a sua saúde;

sistema de remuneração de acordo com a solicitação do trabalhador no seu sistema de trabalho, considerando-se também sua qualificação profissional;

clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos".

SELL (1994b), afirma que com vistas à " melhoria das condições de trabalho, tanto de forma corretiva - melhorias em sistemas já existentes - quanto de maneira prospectiva - melhorias nos sistemas de trabalho em fase de concepção e projeto - é necessário avaliar o trabalho humano existente, por critérios bem definidos, aceitos e que obedeçam a uma hierarquia de níveis de valoração relacionados com o trabalhador". Assim:

trabalho deve ser realizável, isto é, as cargas provenientes da tarefa e da situação de trabalho não podem ultrapassar os limites individuais do trabalhador, como por exemplo, o alcance dos membros, a velocidade de reação, as capacidades sensoriais, etc;

trabalho deve ser suportável ou inócuo ao longo do tempo, isto é, o trabalhador deve pode executar a tarefa durante o tempo necessário, diariamente, e se for o caso, durante toda uma vida profissional, sem levar danos por isso;

o trabalho deve ser pertinente na sociedade em que é executado;

o trabalho deve trazer satisfação para o trabalhador. È oportuno chamar a atenção para a possibilidade de uma pseudo-satisfação do trabalhador, simplesmente por ter-se acostumado à idéia de que seu trabalho (realizável, suportável e pertinente) não pode ser modificado. A aceitação de um trabalho por parte do indivíduo pode ser influenciada pela estrutura da tarefa, pelo treinamento, pelo ambiente, pelas relações interpessoais, etc;

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o trabalho deve promover o desenvolvimento pessoal do indivíduo, isto é, a pessoa deve adquirir novas qualificações e não perder suas habilidades, e capacidades na execução de tarefas monótonas e repetitivas.

A partir dessas considerações gerais sobre trabalho e suas condições de execução, pode-se evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de estudo é o trabalho humano.

1.2 – Origem e evolução da ergonomia

Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira, em 1857, pelo polonês W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um "ensaio de ergonomia ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza".

Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma área de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas e biológicas. Fisiólogos, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros, trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram tão frutíferos, que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra (DUL e WEERDMEESTER, 1995).

Em 1949, um engenheiro inglês chamado MURREL, criou na Inglaterra, na Universidade de Oxford, a primeira sociedade nacional de ergonomia, a Ergonomics Research Society. Em 1959, foi organizada a Associação Internacional de Ergonomia, em Estocolmo.

Em 1959, a recomendação n0 112, da OIT - Organização Internacional do Trabalho, dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, definidos como serviços médicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes finalidades :

proteger o trabalhador contra qualquer risco à sua saúde e que decorra do trabalho ou das condições em que ele é cumprido;

concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na empresa, através da adaptação do trabalho ao ser humano e pela colocação deste em setor que atenda às suas aptidões;

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contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores ( SAAD, 1993).

Nessa conceituação de serviços de saúde ocupacional, verifica-se a presença do conceito de ergonomia : adaptação do trabalho ao ser humano.

Em 1960, a OIT define ergonomia como sendo a "aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar" ( MIRANDA,1980).

Atualmente, vários países estão desenvolvendo estudos e pesquisa nesta área de conhecimento, dentre eles podemos destacar: USA, Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Países Escandinavos.

No caso do Brasil, apesar de relativamente recente, a ergonomia está-se desenvolvendo rapidamente no meio acadêmico. De fato, em 31 de agosto de 1983 foi criada no país a Associação Brasileira de Ergonomia. Em 1989, foi implantado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, o primeiro mestrado na área do país.

É importante salientar que no Brasil, o Ministério do Trabalho e Previdência Social instituiu a Portaria n. 3.751 em 23/11/90 que baixou a Norma Regulamentadora - NR17, que trata especificamente da ergonomia. "Esta norma visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente". Com esta norma começa-se a despertar o interesse pela ergonomia no meio empresarial brasileiro.

Da mesma forma, nos USA, o uso corrente da ergonomia no meio empresarial só aconteceu, de fato, a partir de 1970, quando a Agência de Segurança e Saúde Ocupacional daquele país - Occupational Health and Safety Agency (OSHA), criou regulamentos exigindo das empresas um ambiente livre de acidentes, saudável e seguro.

A partir de então, a ergonomia tem evoluído de forma significativa e, atualmente, pode ser considerada como um estudo científico interdisciplinar do ser humano e da sua relação com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes informatizados e seu entorno, incluindo usuários e tarefas.

O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado, então, segundo quatro níveis de exigências:

as exigências tecnológicas: relativas ao aparecimento de novas técnicas de produção que impõem novas formas de organização do trabalho;

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as exigências organizacionais: relativas a uma gestão mais participativa, trabalho em times e produção enxuta em células que impõem uma maior capacitação e polivalência profissional;

as exigências econômicas: relativas a qualidade e ao custo da produção que impõem novas condicionantes às atividades de trabalho, como zero defeito, zero desperdício, zero estoque, etc;

as exigências sociais: relativas a melhoria das condições de trabalho e, também, do meio ambiente.

Segundo SADD (1981), os estudos ergonômicos tiveram um aprofundamento ainda maior com o início dos programas espaciais e de segurança de veículos automotores, devido a severas solicitações:

impostas ao organismo humano dos astronautas em seu ambiente de trabalho, ou seja, nas cápsulas espaciais e em locais extraterrenos;

impostas aos usuários de veículos, em caso de acidentes, bem como a segurança ativa que estes veículos devem proporcionar para evitar acidentes.

Segundo THIBODEAU (1995), "a ergonomia contribui no projeto e modificação os ambientes de trabalho maximizando a produção, enquanto aponta as melhores condições de saúde e bem estar para os que atuam nesses ambientes". Essa abordagem deve ainda segundo o autor ser "holística e interdisciplinar", exigindo conhecimento do trabalho/tarefa, do trabalhador/usuário, do ambiente e da organização.

Dix e outros (1993), afirmam que "esse fim de século foi caracterizado pelo surgimento de profissionais trabalhando na combinação de ferramentas e máquinas para indivíduos, suas tarefas e suas aspirações sociais. A engenharia industrial, fatores humanos (human factors), ergonomia e os sistemas ser humano-máquina são denominações de especialidades profissionais que atuam nessa área. Mais recentemente, a especialidade denominada interação ser humano-computador emergiu como outra especialidade, refletindo as transformações em versões de computadores digitais interativos e a disseminação e popularização de computadores pessoais".

Esses enfoques que mostram a natureza dinâmica e os limites tênues entre estas áreas multidisciplinares afins, não podem ser considerados definitivos e fechados. A evolução da ergonomia e áreas relacionadas afins, que tem motivado estudos por parte dos diversos grupos de pesquisa, repercute-se nas abordagens teóricas, nas técnicas, na terminologia e nas discussões na literatura, enfatizando a importância dessas áreas emergentes. Além disso, a ergonomia é direcionada a atividades específicas e caracterizadas por constantes modificações e inovações, como é o caso das tecnologias relacionadas à gestão de sistemas de informação e de

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conhecimento.

1.3 – Conceitos de Ergonomia

O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grécia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que designava o trabalho arte de criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon.

Numa publicação da Organização Mundial da Saúde - OMS, W.T. SINGLETON (1972), definiu ergonomia como "uma tecnologia da concepção do trabalho baseada nas ciências da biologia humana".

Para A. WISNER (1987), a "ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao ser humano e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia".

A ergonomia é definida por A. LAVILLE (1977) como "o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do ser humano em atividade, afim de aplicá-los á concepção de tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção".Distingue-se, habitualmente, segundo este autor, dois tipos de ergonomia: ergonomia de correção e ergonomia de concepção. A primeira procura melhorar as condições de trabalho existentes e é, freqüentemente, parcial e de eficácia limitada. A Segunda, ao contrário, tende a introduzir os conhecimentos sobre o ser humano desde o projeto do posto, do instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção.

De acordo com HENDRICK (1994), a ergonomia, em termos de sua tecnologia singular, pode ser definida como "o desenvolvimento e aplicação da tecnologia de interface do sistema ser humano-máquina. Ao nível micro, isso inclui a tecnologia de interface ser humano-máquina, ou ergonomia de hardware; tecnologia de interface ser humano-ambiente, ou ergonomia ambiental, e tecnologia de interface usuário-sistema, ou ergonomia de software (também relatada como ergonomia cognitiva porque trata como as pessoas conceitualizam e processam a informação). Num nível macro temos a tecnologia de interface organizacão-máquina, ou macroergonomia, que tem sido definida como uma abordagem top-dow do sistema sócio-técnico".

IIDA (1993) define a ergonomia como "o estudo da adaptação do trabalho ao ser

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humano". Neste contexto, o autor alerta para a importância de se considerar além das máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o ser humano e o seu trabalho, ou seja, não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados.

A Ergonomics Research Society do Reino Unido, define ergonomia como "o estudo do relacionamento entre o ser humano o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia, na solução de problemas surgidos neste relacionamento".

A International Ergonomics Association (IEA), define ergonomia como "o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida".

E, finalmente, a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), define ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano".

Para WISNER (1987), a ergonomia se baseia, essencialmente, em conhecimentos no campo das ciências do ser humano (antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da sociologia), mas constitui uma parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se traduz no dispositivo técnico. O mesmo autor coloca que, embora os contornos da prática ergonômica variem entre países e até entre grupos de pesquisa, quatro aspectos são constantes, quais sejam:

a utilização de dados científicos sobre o ser humano;

a origem multidisciplinar desses dados;

a aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar, sobre a organização do trabalho e a formação;

a perspectiva do uso destes dispositivos técnicos pela população normal dos trabalhadores disponíveis, por suas capacidades e limites, sem implicar a ênfase numa rigorosa seleção.

Segundo SANTOS e ZAMBERLAN (1992), a "ergonomia tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde dos operadores e atingir objetivos econômicos. Os ergonomistas são profissionais que têm conhecimento sobre o funcionamento humano e estão prontos a atuar nos processos projetuais de situações de trabalho, interagindo na definição da

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organização do trabalho, nas modalidades de seleção e treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho".

Conforme MINICUCCI (1992), a "ergonomia reúne conhecimentos relativos ao ser humano e necessários á concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência ao trabalhador. A mesma trabalha essencialmente com duas ciências : a Psicologia e a Fisiologia, buscando também auxílio na Antropologia e na Sociologia".

A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar:

as características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a resistência dos comandos, a dimensão do posto de trabalho;

o meio ambiente físico (o ruído, iluminação, vibrações, ambiente térmico);

a duração da tarefa, os horários, as pausas no trabalho;

o modelo de treinamento e aprendizagem.

as lideranças e ordens dadas.

Além disso, a ergonomia procura realizar diversos tipos de análises:

análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho;

análise das informações;

análise do processo de tratamento das informações.

Ela foge da linguagem simples das aptidões que define apenas as qualidades exigidas do operador para a execução do trabalho, procurando informações mais amplas a respeito das condições materiais necessárias para executá-lo. Leva em conta termos como: esforço, julgamento, atenção, concentração, percepção, motivação que o psicólogo, ás vezes, não leva em consideração, orientando-se apenas no sentido da seleção.

Uma ampla definição é dada por VIDAL et al. (1993), segundo a qual a "ergonomia tem como objeto teórico a atividade de trabalho, como disciplinas fundamentais a fisiologia do trabalho, a antropologia cognitiva e a psicologia dinâmica, como fundamento metodológico a análise do trabalho, como programa tecnológico a concepção dos componentes materiais, lógicos e organizacionais de situações de trabalho adequadas às pessoas e aos coletivos de trabalho. Tem ainda como meta de base a discussão e interpretação sobre as interações entre ergonomistas e os demais atores sociais envolvidos na produção e no processo de concepção, buscando entender o lugar do ergonomista nestas ações, assim como formar seus

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princípios deontológicos".

Para o Instituto de Ergonomia da General Motors - Espanha, a ergonomia é definida "como uma metodologia multidisplinar que tem como objetivo a adaptação da técnica e as tarefas ao ser humano. Desta adaptação, ha de derivar-se em um menor risco no trabalho, maior conforto no posto de trabalho, assim como um enriquecimento dos conteúdos dos mesmos. Todos estos aspetos são compatíveis com uma melhor produtividade, através , entre outros, da otimização dos esforços e movimento no desenvolvimento das tarefas, de uma diminuição da probabilidade de errores, da melhora das condições de trabalho".

Pode-se constatar, em todos os conceitos formulados, que a ergonomia está preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situação onde este é realizado e, desta maneira, ela busca não apenas evitar aos trabalhadores postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura colocá-los nas melhores condições de trabalho possíveis, de forma a aumentar a eficácia do sistema de produção.

A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcançar não apenas o aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no trabalho.

1.4 – As diferentes abordagens em ergonomia

MARCELIN e FERREIRA (1982), comentam que a maioria dos conhecimentos utilizados pela ergonomia não são próprios dela, mas "emprestados" de outras disciplinas, particularmente da fisiologia e da psicologia do trabalho. A organização e a utilização desses conhecimentos. em uma determinada situação de trabalho, ou seja, a metodologia empregada, esta sim, é própria da ergonomia. A. WISNER (op. cit.), considera mesmo, ser a metodologia o domínio preferencial das pesquisas em ergonomia.

Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de linha francesa, é a de Análise Ergonômica do Trabalho - AET, que procura estudar o trabalho não só na sua dimensão explícita (tarefa), conforme definido pela engenharia de métodos, mas, sobretudo, na sua dimensão implícita (atividades), característica do conhecimento tácito do pessoal de nível operacional.

A prática da ergonomia, segundo SANTOS e FIALHO (1995), "consiste em emitir

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juízos de valor sobre o desempenho global de determinados sistemas ser humano(s)-tarefa(s). Como tais sistemas normalmente são complexos, envolvendo expectativas relativamente numerosas, procura-se facilitar a avaliação sobre o desempenho global apoiando-se no princípio da análise/síntese".

Atualmente, dentro da ergonomia estuda-se também a macroergonomia, que surgiu a partir dos estudos de HENDRICK (1994). Segundo este autor, a ergonomia está na sua terceira geração:

A primeira geração concentrou-se no projeto de trabalhos específicos, interfaces ser humano-máquinas, incluindo controles, painéis, arranjo do espaço e ambientes de trabalho. A maioria das pesquisas referia-se à antropometria e a outras características físicas do ser humano. Esta aplicação continua a ser um aspecto extremamente importante para a prática da ergonomia em termos de contribuições para a segurança industrial e para a melhoria geral da qualidade de vida.

A segunda geração da ergonomia se inicia com à ênfase na natureza cognitiva do trabalho. Tal ocorreu em função das inovações tecnológicas e, em particular, do desenvolvimento de sistemas informatizados (ergonomia de software).

A terceira geração da ergonomia resulta do aumento progressivo da automação de sistemas em fábricas e escritórios, do surgimento da robótica. Esta geração da ergonomia privilegia a macroergonomia ou seja a organização global em termos de máquina/sistema, e se concentra no desenvolvimento para auxiliar os controladores de processo a decidir sobre a adoção de cursos de ação que atendam aos múltiplos objetivos do mesmo.

Segundo MESHKATI (1993), a macroergonomia consiste na "análise das interfaces tecnologia-organização-ser humano e das interações cultura-gerenciamento-tecnologia", ou "o estudo dos fatores humanos num nível macro ou num sistema pessoas-tecnologia mais abrangente, que está relacionado com as interações entre (sub-) sistemas tecnológicos e (sub-) sistemas organizacionais, gerenciais, pessoais e culturais".

Para BROWN JR (1990), "a macroergonomia entende as organizações como sistemas sócio-técnicos e incorpora conceitos e procedimentos da teoria dos sistemas sócio-técnicos ao campo da ergonomia".

A macroergonomia, portanto, entendendo as organizações como sistemas abertos, em permanente interação com o ambiente e, evidentemente, passando por processos de adaptação e, ao mesmo tempo, passíveis de apresentar disfunções organizacionais, que se refletem nas suas performances e muito particularmente, no subsistema social, através da metodologia própria da ergonomia - a análise ergonômica do trabalho - desenvolve a análise do trabalho, e promove o tratamento da interface MÁQUINA - SER HUMANO - ORGANIZAÇÃO.

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Da mesma forma, WISNER (1982), propõe uma abordagem mais ampla da ergonomia, designada antropotecnologia, quando do processo de transferência de tecnologia, de um país para outro, de uma região para outra de um mesmo país, ou também, de um laboratório de pesquisa para o setor empresarial. Segundo este autor, além das considerações ergonômicas tradicionais, é necessário, também, levar em consideração os aspectos de natureza contingencial: cultura, geografia, aspectos sócio-econômicos, clima, etc.

Em sua evolução conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa ferramenta de gestão empresarial. De nada adianta a certificação de qualidade de processos e produtos, se não se consegue certificar sentimentos, crenças, hábitos, costumes, isto é, certificar o ser humano. Uma das formas de compatibilizar os sistemas técnico e social, é evidentemente, o que preceitua a ergonomia : a visão antropocêntrica.

O centro das atenções no ser humano, isto é, a antropocentricidade da ergonomia, favorece não só mudanças organizacionais, como também alavanca mudanças no conceito de produtividade, este sendo visto à partir da qualidade de vida no trabalho, observando, dentre outros parâmetros : a participação do trabalhador, a liberdade para a criação e a valorização do saber fazer, isto é, do conhecimento tácito.

Neste sentido, então, pode-se classificar a ergonomia de três maneiras:

Quanto a abrangência:

Ergonomia de Posto de Trabalho: abordagem microergonômica;

Ergonomia de Sistemas de Produção: abordagem macroergonômica.

Quanto a contribuição:

Ergonomia de Concepção: é a aplicação de normas e especificações ergonômicas em projeto de ferramentas e postos de trabalho, antes de sua implantação;

Ergonomia de Correção: é a modificações de situações de trabalho já existentes. Portanto, o estudo ergonômico só é feito após a implantação do posto de trabalho;

Ergonomia de Arranjo Físico: é a melhoria de sequências e fluxos de produção, através da mudança de leiaute das plantas industriais (por exemplo: mudança de um leiaute por processo para um leiaute por produto);

Ergonomia de Conscientização: é a capacitação das pessoas nos métodos e técnicas de análise ergonômica do trabalho.

Quanto a interdisciplinaridade:

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Engenharia: é o projeto e a produção ergonomicamente corretos, garantindo a segurança, a saúde e a eficácia do ser humano no trabalho;

Design: é a aplicação das normas e especificações ergonômicas no projeto e design de produtos;

Psicologia: recrutamento, treinamento e motivação do pessoal;

Medicina e Enfermagem do Trabalho: é a prevenção de acidentes e de doenças do trabalho;

Administração: gestão de recursos humanos, projetos e mudanças organizacionais.

1.5 – Os diferentes tipos de ergonomia

Na aplicação prática, várias têm sido as designações dadas a ergonomia. Sem procurar estabelecer uma tipologia ergonômica, apresentaremos a seguir uma categorização definida a partir das diferentes designações encontradas na literatura:

Ergonomia de projeto: é a incorporação de recomendações ergonômicas no estágio inicial do projeto de postos de trabalho;

Ergonomia industrial: é a correção ergonômica de situações de trabalho industrial já implantadas;

Ergonomia do produto: é a concepção de um determinado objeto, a partir das normas e especificações ergonômicas, definidas preliminarmente.

Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábrica, baseada na análise ergonômica dos diversos postos de trabalho.

Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia, realizada em condições controladas de laboratório. Alguns autores, como MONTMOLLIN, afirmam que não se trata verdadeiramente de uma pesquisa ergonômica, pois ela não é realizada em situação real de trabalho.

Ergonomia de campo: é a pesquisa em ergonomia, realizada em situação real, utilizando-se como metodologia a análise ergonômica do trabalho.

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1.6 – A abordagem sistêmica em ergonomia

1.6.1 – Teoria de sistemas

A teoria de sistemas foi elaborada pelo biólogo alemão LUDWIG VON BERTALANFFY, no final da década de 40. Ela partia de três premissas básicas:

os sistemas existem dentro de outros sistemas; os sistemas são abertos; as funções de um sistema dependem de sua estrutura.

A partir destas premissas, foram estabelecidos os pressupostos básicos desta teoria: existe uma nítida tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais; essa integração parece orientar-se no sentido de uma teoria de sistemas; essa teoria de sistemas pode ser uma abordagem mais abrangente de estudar os campos não-físicos do conhecimento científico; essa teoria de sistemas aproxima-nos do objetivo da unidade científica;

Os pressupostos anteriores podem promover a necessária integração na educação científica.

1.6.2 – Alguns conceitos fundamentais da teoria de sistema

1) Cibernética:

Cibernética é a ciência da comunicação e do controle, seja dos seres vivos naturais (homem), seja dos seres artificiais (máquina). A comunicação configura a interação existente entre o emissor e o receptor, enquanto que o controle configura a regulação existente, isto é, a retroação. Segundo BERTALANFFY (1975), "cibernética é uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o meio ambiente, e dentro do próprio sistema, e do controle (retroação) da função dos sistemas com respeito ao ambiente". O campo de estudo da cibernética são os sistemas.

2) Conceito de Sistema:

BERTALANFFY (ibidem) define "sistema como um conjunto de unidades

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reciprocamente relacionadas". Desta definição decorrem dois conceitos:

Objetivo do sistema: as unidades, bem como os relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre um objetivo.

Globalidade do sistema: o sistema sempre reagirá globalmente a qualquer estímulo produzido em quaisquer das suas unidades. Isto é, há uma relação de causa-efeito entre as diferentes partes de um sistema.

A definição de um sistema depende da focalização à ele dada, pelo sujeito que pretenda analisá-lo. Uma determinada situação de trabalho pode ser:

um sistema; um sub-sistema;

um super-sistema.

Pode-se definir, então, sistema como um conjunto de componentes (partes ou órgãos do sistema), dinamicamente interrelacionados entre si em uma rede de comunicações (em decorrência da interação dos diversos componentes), formando uma atividade (comportamento ou processamento do sistema), para atingir um determinado objetivo (finalidade do sistema), agindo sobre sinais, energias e materiais (insumos ou entradas a serem processadas pelo sistema), para fornecer informações, energias ou produtos (saídas do sistema).

3) Conceito de Entrada (input):

Entrada é o que o sistema importa do meio ambiente para ser processado. Podem ser:

dados: permitem planejar e programar o comportamento do sistema; energias de entrada: permitem movimentar e dinamizar o sistema; materiais: são os recursos a serem utilizados pelo sistema para produzir a saída.

4) Conceito de Saída (output):

Saída é o resultado final do processamento de um sistema. Podem ser:

informações: são os dados tratados pelo sistema; energias de saída: é a energia processada pelo sistema; produtos: são os objetivos do sistema (bens, serviços, lucros, resíduos,...)

5) Conceito de caixa-preta (black box):

Um sistema cujo interior não pode ser desvendado é denominado de caixa preta.

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Esses sistemas podem ser:

hipercomplexos; impenetráveis.

6) Conceito de Retroação (feedback):

A retroação é um mecanismo de comunicação entre a saída e a entrada do sistema. As principais funções da retroação são:

controlar a saída do sistema; manter o equilíbrio do sistema; manter a sobrevivência do sistema.

7) Conceito de Homeostasia:

A homeostasia, ou homeostase, é a capacidade que têm os sistemas de manterem um equilíbrio dinâmico, entre suas diversas componentes ou partes, por intermédio do mecanismo de retroação (auto-controle ou auto-regulação). Os sistemas homeostáticos tendem ao progresso, ao desenvolvimento.

8) Conceito de Redundância:

A redundância é a quantidade de informação excedente, correspondente aos sinais, cuja ocorrência pode ser prevista a partir de outros sinais.

9) Conceito de Entropia:

O conceito de entropia vem da segunda lei da termodinâmica, segundo a qual "um sistema termodinâmico que não troca energias com o meio ambiente externo tende a entropia, isto é, tende à degradação, à desintegração e, enfim, ao desaparecimento".

10) Conceito de Informática:

A informática é a parte da cibernética que permite o tratamento racional e sistemático da informação por meios totalmente automáticos.

11) Conceito de Sistema Total:

O sistema total é aquele representado por todas as unidades e relações necessárias e suficientes para alcançar um determinado objetivo pré-fixado. O objetivo de um sistema total define a realidade para a qual foram ordenadas todas as unidades e relações do sistema, enquanto as suas restrições são as limitações introduzidas em sua operação, definindo assim as fronteiras do sistema e as condições dentro das

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quais o mesmo irá operar. Os sistemas podem operar, simultaneamente, em série ou em paralelo. Os sistemas existem em um meio ambiente e são por ele condicionados.

12) Conceito de Meio Ambiente:

Meio ambiente é o conjunto de todos os objetivos que, dentro de um limite específico, possam ter alguma influência sobre a operação do sistema. As fronteiras de um sistema são as condições ambientais dentro das quais o sistema deve operar.

1.6.3 – Teoria da Informação:

A teoria da informação (segundo C. SHANNON & W. WEAVER, 1949) é uma teoria estatística que permite medir a quantidade de informação emitida (ou recebida) por uma fonte.

A unidade de quantificação da informação é o BIT, que corresponde a quantidade de informação transmitida por uma fonte, cuja probabilidade de emissão é 1/2.

Por convenção, os cálculos são efetuados no sistema logarítmico de base 2.

Quando todos os sinais emitidos por uma fonte são independentes, uns dos outros, a entropia desse sistema (o valor médio da informação emitida) é dada pela relação:

H = - � p log 2 p

Onde: p é a probabilidade de ocorrência dos sinais emitidos pela fonte.

Se todos os sinais são equiprováveis, a entropia é máxima e igual a log2 n

Onde: n é o número de sinais.

Para SHANON (ibidem), a informação é emitida por uma fonte sob a forma de mensagens que, para serem transmitidas, são codificadas por um emissor, que transforma essas mensagens em sinais. A transmissão é assegurada pela via de comunicação (canal) até o receptor que decodifica os sinais a fim de torná-los utilizáveis pelo destino. Toda a degradação da informação durante a comunicação é devida aos efeitos de ruído ou interferência.

1.6.4 – Classificação dos Sistemas:

Os sistemas podem ser classificados segundo a sua contribuição e segundo a sua natureza.

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Quanto a sua constituição os sistemas podem ser:

físicos ou concretos: quando compostos de hardwares; abstratos: quando compostos de softwares.

Os sistemas físicos (máquina) precisam de um sistema abstrato (programação) para poderem funcionar e desempenhar suas funções.

Quanto à sua natureza os sistemas podem ser:

fechados: são sistemas cujo comportamento é totalmente determinístico e programável e que operam com pouco intercâmbio com o meio ambiente;abertos: são sistemas cujo comportamento é probabilístico (ou mesmo estocástico), não programável e que mantém uma forte interação com o meio ambiente.

Quanto a complexidade os sistemas podem ser:

Sistemas simples: dinâmicos; Sistemas complexos: altamente elaborados e bem inter-relacionados; Sistemas hipercomplexos: complicados e não descritivos.

Quanto a ocorrência:

sistemas determinísticos: totalmente previsíveis; sistemas probabilísticos: previsível dentro de uma certa probabilidade; sistemas estocásticos: não previsíveis.

1.6.5 – Propriedades dos Sistemas:

Os sistemas cibernéticos apresentam três propriedades:

são sistemas complexos: focalizados como caixa preta; são sistemas probabilísticos: tratados estatisticamente; são sistemas auto-regulados: homeostáticos.

1.6.6 – Hierarquia dos Sistemas:

Pode-se estabelecer uma classificação hierárquica dos sistemas, de forma que na base têm-se os sistemas mais elementares e na medida em que se sob na hierarquia, sobe-se também a complexidade dos sistemas:

sistemas simbólicos; sistemas sócio-culturais;

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homem; animais; organismos inferiores; sistemas abertos; sistemas cibernéticos simples; sistemas dinâmicos simples; sistemas estáticos.

1.6.7 – Sistemas abertos:

Os sistemas abertos podem ser entendidos como conjuntos de partes em constante interação (característica de interdependência das partes), constituindo um todo sinérgico (o todo é maior do que a soma das partes), orientados para determinados fins (comportamento teleológico) e em permanente relação de interdependência com o ambiente externo (influencia e é influenciado pelo meio ambiente externo);

Segundo a visão sistêmica, TAYLOR, FAYOL e WEBER abordaram as organizações segundo uma perspectiva de sistema fechado:

os sistemas fechados são sistemas isolados das influências das variáveis externas, sendo então, determinísticos; um sistema determinístico é aquele em que uma mudança específica em uma de suas variáveis produzirá um resultado particular com certeza; um sistema fechado requer que todas as variáveis sejam conhecidas e controláveis; os sistemas abertos estão em constante interação dual com o meio ambiente, atuando, a um só tempo, como variável independente e como variável dependente do ambiente; os sistemas abertos tem capacidade de crescimento, mudança, adaptação ao meio e até auto-reprodução, sob certas condições ambientais;

é contingência dos sistemas abertos competirem com outros sistemas, o que não ocorre com o sistema fechado.

1.6.8 – Características das organizações como um sistema aberto:

As organizações apresentam as seguintes características, como um sistema aberto:

comportamento probabilístico (às vezes estocástico) e não-determinístico;as organizações são partes de um sistema maior e constituída de partes

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menores; interdependência das partes; homeostase e "estado estável"; fronteiras ou limites; morfogênese.

1.6.9 – Modelos de organização:

Modelo é a representação de alguma coisa. Os modelos físicos ou matemáticos são importantes para facilitar a compreensão do funcionamento dos sistemas. Segundo M. de MONTMOLLIN (1978), "modelo é um sistema de representação intencionalmente empobrecido e simplificado da realidade". Este sistema limita a representação da realidade à um número restrito de categorias, as quais comportam um número limitado de graus ou de variáveis.

Os diferentes modelos estão relacionados à modelos mais amplos ou mais gerais, de entendimento da realidade, isto é, daquilo que os sociólogos chamam de ideologia.

A importância da utilização de modelos em ergonomia está relacionada, fundamentalmente, a três fatores:

manipulação da representação e não da realidade; incerteza organizacional; facilidade de elaboração de modelos.

Existem dois tipos de modelos:

isomorfos: possuem formas semelhantes; homomorfos: formas proporcionais.

1.6.10 – Sistemas Ser Humano (s) - Máquina (s)

Um sistema SHM é um conjunto de postos de trabalho, articulados entre si.

Pode-se estabelecer, de forma arbitrária, três estágios da evolução dos sistemas homens - máquinas:

Estágio da ferramenta: neste estágio a percepção das informações e as respostas dadas pelo ser humano são diretas. É o estágio do desenvolvimento tecnológico da ferramenta. As atividades de trabalho do ser humano consistem basicamente na manipulação de ferramentas,

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concebidas para ampliar suas capacidades ou reduzir suas limitações.

Estágio da mecanização: neste estágio a percepção e as respostas são indiretas. É o estágio do desenvolvimento tecnológico industrial da mecanização, baseadas nas tecnologias mecânicas, a partir da máquina à vapor de WATT. As atividades de trabalho do ser humano, consistem basicamente no comando e no controle de máquinas e sistemas industriais de produção, através de um dispositivo de comando e de um dispositivo de controle.

Estágio da automação: neste estágio a percepção e o diagnóstico são apoiados por um SAD. É o estágio do desenvolvimento tecnológico da automação industrial, baseado nas tecnologias microeletrônicas, a partir de microprocessadores. As atividades de trabalho do ser humano, consistem basicamente na supervisão e diagnóstico de máquinas e sistemas de produção programáveis, através de sistemas de controle e comando.

1.6.11 – Sistemas Ser Humano – Tarefas

São mais ricos do que os sistemas ser humano – máquinas, anteriormente apresentados. De fato, as tarefas compreendem não só as condições técnicas de trabalho, mas, também, as condições ambientais e organizacionais do trabalho.

Segundo POYET ( ), em uma determinada situação de trabalho, sempre pode-se identificar três tipos de tarefa, mais ou menos formalizados:

tarefa prescrita; tarefa induzida ou redefinida; tarefa atualizada.

O primeiro passo na análise de um sistema ser humano – tarefa é a delimitação deste sistema que pode ser estruturada nos seguintes passos:

definição da missão do sistema; definição do perfil do sistema; identificação e descrição das funções do sistema e sub-sistemas; estabelecimento de normas; atribuições de funções aos operadores e às máquinas.

Qualquer que seja o sistema ser humano – tarefa a ser analisado, de um simples posto de trabalho a um complexo sistema de produção, funciona segundo quatro funções básicas, cada uma fornecendo normas de

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produção:

funções do sistema geral: normas de ação, intervenção corretiva ou de retificação; funções do sistema de produção considerado: normas de rendimento, de tempo e de qualidade do trabalho; funções dos sub-sistemas entradas e saídas: normas de arranjo físico do posto de trabalho; funções das relações e conexões do sistema de produção: normas de bom funcionamento hierárquico e funcional.

O segundo passo na análise do sistema ser humano – tarefa é a descrição dos componentes deste sistema, isto é, a identificação das exigências da tarefa, em termos técnicos, ambientais e organizacionais. Esta descrição permite o levantamento de uma série de dados a respeito da situação de trabalho considerada:

dados referentes aos operadores, informações e ações de trabalho; dados referentes às máquinas, controles e comandos, entradas e saídas; dados referentes às condições técnicas de trabalho; dados referentes às condições ambientais de trabalho; dados referentes às condições organizacionais de trabalho.

Esta descrição do sistema ser humano – máquina permite, finalmente:

precisar o tipo de intervenção ergonômica e as diversas áreas envolvidas;identificar os grandes processos (os modos operativos); preparar planos de enquetes (questionários, protocolos verbais, levantamentos posturais, etc...); diagnosticar disfunções ergonômicas evidentes.

1.6.12 – Situação de Trabalho:

Do ponto de vista ergonômico, uma situação de trabalho é um sistema complexo, dinamicamente interrelacionado, cujas entradas (as exigências técnicas, ambientais e organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informações e ações) e, cujas saídas (os resultados do trabalho em termos de produção e saúde), são as resultantes deste sistema.

1.7 – Aplicações da ergonomia

A ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade

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produtiva. Em princípio, sua maior aplicação se deu na agricultura, mineração e, sobretudo, na indústria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada no emergente setor de serviços e, também, na vida cotidiana das pessoas, nas atividades domésticas e de lazer.

1) Ergonomia na indústria:

melhoria das interfaces dos sistemas ser humanos-tarefas; melhoria das condições ambientais de trabalho; melhoria das condições organizacionais de trabalho.

2) Ergonomia na agricultura e na mineração:

melhoria do projeto de máquinas agrícolas e de mineração; melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem; estudos sobre os efeitos dos agro-tóxicos.

3) Ergonomia no setor de serviços:

melhoria do projeto de sistemas de informação (ergonomia da informática); melhoria do projeto de sistemas complexos de controle (salas de controle); desenvolvimento de sistemas inteligentes de apoio à decisão; estudos diversos sobre: hospitais, bancos, supermercados, ...

4) Ergonomia na vida diária:

consideração de recomendações ergonômicas na concepção de objetos e equipamentos eletrodomésticos de uso cotidiano.

1.8 – Disciplinas de base da ergonomia

O arcabouço teórico da ergonomia é baseado em diversas disciplinas científicas, em particular da matemática, das ciências físicas, das ciências biológicas e das ciências humanas.

Todavia, as duas disciplinas que mais contribuíram para o desenvolvimento científico da ergonomia foram a psicologia e a fisiologia do trabalho.

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A figura a seguir mostra a origem da ergonomia, a partir do inter-relacionamento entre os diversos campos de conhecimento e disciplinas científicas envolvidas.

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Abordagem TradicionalAbordagem Tradicional

lBaseia-se no estudo dos movimentos corporais do ser humano, necessários para executar uma tarefa, e na medida do tempo gasto

em cada um desses movimentos;

lA seqüência dos movimentos necessários para executar a tarefa é baseada em uma série de princípios de economia de movimentos,

sendo que o melhor método é escolhido pelo critério do menor tempo gasto;

lO desenvolvimento do melhor método é feito geralmente em laboratório de engenharia de métodos, onde os diversos dispositivos,

materiais e ferramentas, são colocados em posições mais convenientes, baseados em critérios empíricos e em experiências

pessoais dos próprios analistas de métodos.

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Abordagem Ergonômica

lDelimitar o objeto de estudo a um aspecto da situação de trabalho:

decomposição em um sistema humano-tarefa;

l Abordagem globalizante que impõe uma recomposição da situação de trabalho;

l Este processo de decomposição/recomposição é a base da metodologia proposta.

Análise Ergonômica do Trabalho

lConhecimentos sobre o comportamento do ser humano

em atividade de trabalho;

lDiscussão dos objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas;

lAceitação das pessoas que ocupam o posto a ser analisado;

lEsclarecimento das responsabilidades.

Levantamento de dados:

l Consiste na pesquisa de variáveis relacionadas as atividades desenvolvidas pelo ser humano, na realização de uma determinada tarefa;

l Os dados obtidos podem ser subdivididos em duas categorias:

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– os específicos da fase estudada

–os relacionados as fases precedentes

FUNDAMENTOS CONCEITUAIS:

lTarefa é aquilo que a organização do trabalho estabelece

ou prescreve para o trabalho a ser realizado.

lAtividade é aquilo que o sujeito realmente faz para atingir os objetivos prescritos.

O estudo ergonômico do posto de trabalho comporta três fases:

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l Análise da demanda: é a definição do problema a ser estudado, a partir do ponto de vista dos diversos atores sociais envolvidos;

l Análise da tarefa: análise das condições ambientais, técnicas e organizacionais de trabalho;

l Análise das atividades: análise dos comportamentos do ser humano no trabalho (gestuais, informacionais, regulatórios e cognitivos).

Análise Ergonômica da Demanda

lÉ o ponto de partida de toda análise ergonômica do trabalho;

lPermite delimitar o (s) problema (s) a ser abordado

em uma análise ergonômica;

lPermite a definição de um contrato e delimitação da intervenção

(prazos, custos, acesso às diversas áreas da empresa,

informações e pessoas);

lPermite a definição de um plano de intervenção

Análise Ergonômica do Trabalho

Hipóteses em Ergonomia:

lPodem ser formuladas a partir da análise da demanda;

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l Ao nível global da situação de trabalho;

l Ao nível das componentes do sistema humano-tarefa considerado;

l De fato, elas orientam o planejamento da AET.

Análise Ergonômica da Tarefa

lAs técnicas empregadas na análise ergonômica da tarefa, baseiam-se na análise de documentos, em observações sistemáticas, entrevistas com as diversas pessoas envolvidas (direção, gerentes, supervisores e trabalhadores) e nas medidas realizadas sobre o ambiente de trabalho.

Técnicas de Análise da Tarefa

Níveis de tarefa (segundo Poyet, 1990):

lTarefa prescrita:

l É o conjunto de objetivos, procedimentos, métodos e meios de trabalho,

fixados pela a organização aos trabalhadores.

lTarefa induzida ou Redefinida:

l É a representação que o trabalhador elabora da tarefa, a partir dos conhecimentos

que ele possui das diversas componentes do sistema homem-tarefa.

lTarefa atualizada:

l Em função dos imprevistos e das condicionantes da situação de trabalho, o indivíduo modifica a tarefa induzida às especificidades desta situação,

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atualizando, assim, a sua representação mental referente ao que deveria ser feito.

lDelimitação do sistema ser humano-tarefa:

–Definição da missão do sistema;

–Definição do perfil do sistema;

–Identificação e descrição das funções do sistema e sub-sistemas;

–Estabelecimento de normas;

–Atribuição de funções aos humanos e às máquinas.

lDescrição das componentes do sistema humano- tarefa:

- Precisar o tipo de intervenção ergonômica e as diversas áreas envolvidas;

–Identificar os grandes processos (os modos operativos);

–Preparar planos de enquete

(questionários, protocolos verbais, levantamentos posturais, etc.);

–Diagnosticar disfunções evidentes

lDados referentes ao ser humano:

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–Trabalhador que intervém no posto e seu papel no sistema de produção;

–Formação e qualificação

profissional;

–Número de trabalhadores

trabalhando simultaneamente

sobre cada posto e regras de

divisão de tarefas (quem faz o

que?);

–Número de trabalhadores

trabalhando sucessivamente sobre cada posto e regras de sucessão (horários,

modos de alternância de equipes);

–Características da população: idade, sexo, forma de admissão, remuneração,

estabilidade no posto e na empresa, absenteísmo, turn-over, sindicalização,...

lDados referentes às condições técnicas-máquina:

–Estrutura geral da máquina (ou das máquinas);

–Dimensões características (croqui, foto, fluxo de produção);

–Órgãos de comando da máquina;

–Órgãos de controle da máquina;

–Princípios de funcionamento da máquina

(mecânico, elétrico, hidráulico, pneumático, eletrônico,...);

–Problemas aparentes na máquina;

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–Aspectos críticos evidentes na máquina.

lDados referentes às condições ambientais:

–O espaço e planos de trabalho;

–O ambiente térmico;

–O ambiente acústico;

–O ambiente luminoso;

–O ambiente vibratório;

–A qualidade do ar.

lDados referentes às condições organizacionais:

–Repartição de

funções entre os

diferentes postos;

–O arranjo físico

das máquinas e

sistemas de

produção;

–A estrutura das

comunicações;

–Os métodos e

procedimentos de

trabalho;

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–As modalidades de execução do trabalho (horários, equipes, normas de

produção, modo de remuneração)

–As modalidades de planificação e de tomada de decisão.

Considerações gerais sobre as atividades:

lA atividade de trabalho é a mobilização total do indivíduo, em termos de comportamentos,

para realizar uma tarefa que é prescrita;

lTrata-se, então, da mobilização das funções fisiológicas e psicológicas de um determinado indivíduo, em um determinado momento;

lA parte observável da atividade (sensório-motora) pode ser evidenciada pelo conjunto de ações de trabalho que caracteriza os modos operativos;

lA parte não observável (mental) pode ser caracterizada pelos processos cognitivos: sensação, percepção, memorização, tratamento de informação e

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tomada de decisão.

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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