ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

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ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES EFEITO DA INGESTÃO DE CAFEÍNA SOBRE A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO E A ATIVIDADE EMG DO MÚSCULO VASTO LATERAL DE CICLISTAS DURANTE CONTRA-RELÓGIO DE 20 KM LONDRINA 2011

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ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

EFEITO DA INGESTÃO DE CAFEÍNA SOBRE A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO E A ATIVIDADE EMG DO MÚSCULO

VASTO LATERAL DE CICLISTAS DURANTE CONTRA-RELÓGIO DE 20 KM

LONDRINA 2011

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ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

EFEITO DA INGESTÃO DE CAFEÍNA SOBRE A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO E A ATIVIDADE EMG DO MÚSCULO

VASTO LATERAL DE CICLISTAS DURANTE CONTRA-RELÓGIO DE 20 KM

Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Ms. Ademar Avelar A. Jr.

LONDRINA 2011

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11 novembro 2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu Pai e minha Mãe

que me educaram e abriram minha mente para

que eu pudesse seguir os meus passos.

Dedico também à minha familia, que sempre

esteve do meu lado, me dando força e apoio

para que eu pudesse ser o que sou hoje. Às

varias pessoas que estiram e/ou estão

presentes em minha vida me ajudando a seguir

em frente. Aos vários professores que me

passaram seus melhores conhecimentos. E

também aos meus colegas de classe, a todos

aqueles que ficaram do meu lado por quatro

anos e a outros que foram se juntando a nós no

decorrer do tempo. Todos foram muito

importantes para que minha carreira acadêmica

pudesse chegar até este ponto, e se Deus

quiser alcançar “montanhas” ainda maiores.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar a vida, sem ele eu não

seria, o que com a cabeça levantada digo que sou hoje, um Profissional da

Educação Física.

Agradeço a todos meus professores que me passaram uma visão

diferente de mundo, e dividiram comigo todo o seu melhor conhecimento. Em

especial à alguns que com seus grupos de pesquisa e/ou estudo me orientaram na

minha vida acadêmica e científica, Edilson Serpeloni Cyrino, Leandro Ricardo

Altimari e Mathias Roberto Loch, os três me ajudaram a crescer muito como

profissional.

Agradeço ao meu orientador de TCC, aos mestres e mestrandos,

que me apoiaram e me deram auxilio sempre que eu necessitei. Em especial ao

Ademar Avelar de Almeida Júnior, Alex Silva Ribeiro, Danilo Rodrigues Pereira da

Silva e David Ohara, que sempre estiveram presentes quando eu mais precisava.

Agradeço aos AMIGOS que fiz durante minha a graduação, tenho

certeza que eles sempre estarão presentes em meu pensamento, e se Deus assim

quiser, sempre nós seremos amigos. Amigos como Bruna Gonçalves Garcia,

Edcarlos Aparecido Vacário, Fernanda dos Santos Neri, Karina Lemos dos Santos,

Luciano Cabral, Fabiana Silveira Costa, Isaias da Silva Ramos, Cristina de Souza

Lima, Elisa Jacomassi dos Santos, Rafael Ferreira, Thaisa Costa Dias, Veronica

Siqueira, Adriana Ribeiro, Caetano Vasconcelos, Carla Cristine, Bruna da Silva,

Dayane Novaes, Jéssica Campos, Ana Paula Almeida, Mariana Souza, Júnior Elias

Bento, dentre outros, que talvez esqueci de citar aqui, mas não menos importantes.

Agradeço aos meus pais e minha familia por acreditar em meu

potencial, e me apoiar para eu chegar onde estou, e com certeza ir muito além

disso. Em especial agradeço à minha irmã Elisabete Cristina Pereira Eches, que

acreditou muito em mim, e me apoiou para que eu sempre realizasse meus desejos

e tivesse ambições na vida acadêmica, e me ajudou financeiramente quando eu não

tinha condições para isso. Sem ela talvez eu não teria conseguido terminar a

gradução do jeito que terminei.

Agradeço à Universidade Estadual de Londrina, por me proporcionar

um excelente curso de graduação.

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“Muitas pessoas passam por sua vida, algumas são

importantes, outras nem tanto, porém existem

aquelas que deixam marcas, e para sempre serão

lembradas.” (Autor desconhecido).

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ECHES, Erick Henrique Pereira. Efeito da ingestão de cafeína sobre a percepção subjetiva de esforço e a atividade EMG do músculo vasto lateral de ciclistas durante Contra-relógio de 20 km. 2011. Trinta e nove (39) páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Educação Física Bacharelado) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

RESUMO

O propósito do presente estudo foi investigar o efeito da ingestão de cafeína sobre a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a atividade eletromiográfica (EMG) do músculo Vasto Lateral (VL) de ciclistas durante Contra-relógio de 20 km. Participaram deste estudo 13 atletas de ciclismo, com no mínimo dois anos de experiência competitiva. Os sujeitos envolvidos no experimento foram submetidos a dois testes Contra-relógio em que pedalaram em prova simulada utilizando ciclossimulador modelo CompuTrainer DYNAFIT™ (RacerMate®, Seattle, WA, USA) a distância equivalente a 20 km, no menor tempo possível, com escolha livre de cadência e relação de engrenagens, com três dias de intervalo entre as mesmas na condição ingestão de cafeína (CAF – 6 mg.kg-1 de peso corporal) e placebo (PLA - maltodextrina), que foram preparados e embalados em cápsulas. Todos os sujeitos passaram pelas duas situações aleatoriamente. A ingestão de CAF e ou PLA foi de caráter duplo-cego, com 60 min com de antecedência ao teste. Os sujeitos foram submetidos à mensuração de parâmetros antropométricos. Além disso, foram analisadas as seguintes variáveis: atividade EMG do músculo VL e a PSE utilizando a escala de Borg (9-20) a cada 2 km do Contra-relógio. Não foram encontradas diferenças significantes entre as duas condições para a PSE e para a EMG, houve um aumento na PSE com o passar do tempo, porém sem diferenças entre as condições, e a EMG se manteve constante em 25% durante todo o protocolo nas duas condições. Os resultados demonstraram não haver diferenças na PSE e na EMG após a ingestão de 6 mg.kg-1 de cafeína por ciclistas durante Time Trial de 20 km. Conclui-se que a ingestão de CAF (6 mg.kg-1 de peso corporal), 60 min antes de um teste Contra-relógio de 20 km, não foi suficiente para melhorar a PSE e a atividade EMG do músculo vasto lateral. Palavras-chave: Desempenho. Eletromiografia. Ergogênico nutricional.

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ECHES, Erick Henrique Pereira. Effect of caffeine intake on the rating of perceived exertion and EMG activity of vastus lateralis muscle of cyclists during 20 km time trial. 2011. Thirty-nine (39) pages. Conclusion course work (Bachelor Physical Education) – State University of Londrina, Londrina, 2011.

ABSTRACT The aim this study was to invetigate the effect of caffeine ingestion on rating of perceived exertion (RPE) and electromyoghaphic actity (EMG) of vastus lateralis muscle (VL) of cyclists during 20 km time trial. Participated in the study 13 athletes of cycling, with at least 2 (two) years of competitive experience. The subjects involved in the experiment were subjected to two tests Time Trial race who cycled in model simulated using CompuTrainer DYNAFITTM ciclossimulator( RacerMate®, Seattle, WA, USA) at a distance equivalent to 20 km in the shortest possible time, with free choice of cadence and gear ratio, with three days between the same condition in the intake of caffeine (CAF – 6 mg.kg-1 body weight) and placebo (PLA – maltodextrin), which were prepared and packaged in capsules. All subjects were randomly, counter-balanced between the two situations. The ingestion of CAF and/or PLA was double-blind character, 60 minute in advance. The subjects underwent measurement anhropometric parameters. In addition, it was analyze the following variables: EMG activity of VL muscle and PSE using the Borg sacle (9-20) each 2 km Time Trial. There were not significant differences between the two conditions for PSE and EMG, there was an increase in PSE over time, but no differences between the conditions, and EMG remained constant at 25% during the entire protocol in both condition. The results showed no differences in PSE and EMG after ingestion of 6 mg.kg-1 caffeine for cyclists during 20 km Time Trial. It is concluded that ingestion of CAF (6 mg.kg-1 body weight) 60 min before a test Time Trial 20 km, was not enough to improve the PSE and the EMG activity of vastus lateralis muscle. Key-words: Performance, Electromyoghaphy. Nutritional ergogenic.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Localização anatômica para a colocação de eletrodos no músculo Vasto

Lateral de acordo com a padronização de Hermens et al. (2000). ........................... ......21

Figura 2 – Delineamento Experimental .................................................................... ......23

Figura 3 – Atividade EMG do músculo VL durante o Time Trial de 20 km. ............. ......25

Figura 4 – Percepção subjetiva de esforço (PSE) durante o Time Trial de 20 km .. ......26

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAF – Cafeína

EMG – Eletromiografia de Superfície

FC – Freqüência Cardíaca

FCmáx – Freqüência Cardíaca Máxima

IMC – Índice de Massa Corporal

PLA – Placebo

PSE – Percepção Subjetiva de Esforço

SNC – Sistema Nervoso Central

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CR – Contra-relógio

VL – Vasto Lateral

VO2máx – Consumo Máximo de Oxigênio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 OBJETIVO ................ ............................................................................................. 13

3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 14

3.1 Cafeína e Exercício Físico ................................................................................... 14

3.2 Eletromiografia de Superfície (EMG) ................................................................... 16

3.3 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) ............................................................... 18

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................ .................................................................... 19

4.1 Amostra.................. ............................................................................................. 19

4.2 Antropometria ...................................................................................................... 19

4.3 Teste Pré-experimental ....................................................................................... 19

4.4 Eletromiografia de Superfície .............................................................................. 20

4.5 Análise e Processamento do Sinal EMG ............................................................. 21

4.6 Mensuração da Percepção Subjetiva de Esforço ................................................ 22

4.7 Suplementação .................................................................................................... 22

4.8 Delineamento Experimental ................................................................................. 22

4.9 Tratamento Estatístico ......................................................................................... 24

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 25

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 27

7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

APÊNDICES .............................................................................................................. 37

ANEXOS .................................................................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

A cafeína é uma substância que está presente em vários produtos

consumidos diariamente, como o guaraná, o mate, o chocolate, o café, alguns

refrigerantes e chás (USDA, 2007). Jacobs e Bell (2004) relatam que o efeito

ergogênico da cafeína sobre o desempenho físico é muito discutido, uma vez que a sua

ingestão parece mascarar a percepção de esforço, aumentando a capacidade de tolerar

o desconforto associado à fadiga durante o exercício físico.

A fadiga pode ser definida como o decréscimo na capacidade de manter

um determinado esforço ou, ainda, a diminuição da capacidade de gerar trabalho,

levando o organismo à redução do desempenho motor (FITTS, 1994). Durante o

esforço voluntário, a fadiga se apresenta como um fenômeno complexo a ser estudado,

particularmente, por envolver uma análise multifatorial, visto que para o seu

desencadeamento, aparentemente, não existe a ação específica de apenas um agente

em um determinado local envolvido no processo de contração muscular (FITTS, 1994).

Desse modo, os componentes periféricos centrais têm recebido grande atenção por

parte de alguns investigadores, uma vez que ambos parecem contribuir de maneira

significante no processo de instauração da fadiga (AMANN; DEMPSY, 2008)

Nesse sentido, a ingestão de cafeína, previamente a realização do

exercício, principalmente aeróbio, parece aumentar o recrutamento das fibras

musculares, o que pode postergar a fadiga periférica (BAZZUCCHI et al. 2011).

Assim, uma das estratégias mais adotadas atualmente no sentido de

retardar o aparecimento da fadiga, aprimorando, portanto, a capacidade de realizar

trabalho físico, tem sido o uso de cafeína de forma aguda, previamente à realização de

exercícios aeróbios e anaeróbios (BACKHOUSE et al. 2011, BAZZUCCHI et al. 2011).

Altimari et al. (2006) relatam que a hipótese sustentada para o efeito ergogênico da

cafeína durante o exercício anaeróbio, esta relacionada ao efeito direto desta

substância em alguma porção do sistema nervoso central, afetando a percepção

subjetiva de esforço e/ou a propagação dos sinais neurais entre o cérebro e a junção

neuromuscular. Adicionalmente, a cafeína pode agir diretamente sobre o músculo,

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maximizando a sua capacidade para realização de exercícios físicos de alta intensidade

e curta duração.

Desse modo, fica evidente a importância de se investigar uma possível

ação da cafeína sobre a fadiga central a partir da resposta da Percepção Subjetiva de

Esforço (PSE), bem como sua ação na fadiga periférica a partir da quantificação das

ativações musculares exigidas durante o exercício físico, quantificadas pela

Eletromiografia de Superfície (EMG). Nas últimas décadas, a EMG tem sido

amplamente utilizada como um indicador fisiológico da fadiga muscular (fadiga

periférica) em diferentes tipos de esforços (SELVANAYAGAM et al., 2011). A EMG

estuda a função muscular por análise do sinal elétrico gerado nas membranas

excitáveis sendo considerado uma técnica de extrema relevância para o estudo da

fisiologia neuromuscular (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985).

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2 OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi investigar o efeito da ingestão de cafeína sobre

a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a atividade eletromiográfica (EMG) do

músculo Vasto Lateral (VL) de ciclistas durante Contra-relógio de 20 km.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Cafeína e Exercício Físico A cafeína (1,3,7 – Trimetilxantina) é um alcalóide pertencente ao grupo

das drogas classificadas como as metilxantinas e é derivada da xantina, a cafeína

também é quimicamente relacionada a outras xantinas como a teofilina (1,3 –

dimetilxantina) e a teobromina (3,7 – dimetilxantina) que se diferenciam pela potência

de suas ações farmacológicas sobre o sistema nervoso central (SNC) (GEORGE,

2000). Este ergogênico pode ser encontrado em muitos alimentos e bebidas

consumidos pela da população como no guaraná, no mate, no chocolate, no próprio

café, e também em alguns refrigerantes e chás (USDA, 2007).

A absorção da cafeína pelo intestino delgado se processa rapidamente,

após a administração oral, alcançando concentrações plasmáticas máximas entre 30 e

120 min. Na realização da maioria dos estudos, tem-se utilizado um período de

aproximadamente 60 min, entre a sua ingestão e a realização do exercício em questão,

afim de que ela atue ergogênicamente, melhorando o desempenho (ALTIMARI et al.,

2006). A cafeína pode exercer influência sobre os sistemas nervoso, cardiovascular e

muscular (KALMAR; CAFARELLI, 2004).

As altas concentrações dessa substância no organismo duram cerca de 3

h, e destaca-se que a cafeína parece não atuar negativamente nas funções

gastrointestinais, quando consumida juntamente com outras substâncias como a água e

o carboidrato, visto que a modulação de uma substância não interfere na outra

(SINCLAIR; GEIGER, 2000). Adicionalmente pode ter sua absorção e seu carreamento

melhorado na corrente sanguínea, quando ingerida conjuntamente com carboidrato, em

virtude de que uma substância confere benefícios diferentes da outra, potencializando-

as (GRAHAM, 2001).

A cafeína, quando consumida em baixas dosagens, pode atuar

provocando aumento do estado de vigília, diminuição da sonolência, alívio da fadiga,

aumento da respiração, aumento da liberação de catecolaminas, aumento da

freqüência cardíaca, aumento no metabolismo e diurese. Quando consumida em altas

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dosagens (acima de 15mg/kg), pode provocar efeitos adversos como nervosismo,

insônia, tremores e desidratação (KALMAR E CAFARELLI, 2004).

Nas doses utilizadas em estudos com humanos, o mecanismo primário da

cafeína, aparentemente, é a sua ação no antagonismo do receptor de adenosina

(KALMAR e CAFARELLI, 2004). A adenosina é um neuromodulador endógeno com

efeitos inibidores sobre a excitabilidade central.

Estudo conduzido por Pinto e Tarnopolsky (1997) revelou que a cafeína

parece atuar sobre o retículo sarcoplasmático aumentando sua permeabilidade ao

cálcio, tornando este mineral prontamente disponível, e dessa forma, facilitando a

estimulação-contração do músculo esquelético, e conseqüentemente aumentando a

eficiência da contração.

A muito tempo a cafeína vem sendo estudada como estimulante para a

prática de exercícios físicos, principalmente aqueles de média e longa duração

(ALTIMARI et al., 2006). Todavia a sua real eficácia não esta totalmente comprovada,

visto que os diversos estudos encontrados na literatura apresentam algumas limitações

quanto às padronizações metodológicas utilizadas nos experimentos.

Altimari et al. (2006), em estudo de revisão, sugerem que a cafeína, como

agente ergogênico, pode potencializar o desempenho em exercícios de média e longa

duração, caracterizados como aeróbios. Outros autores também relataram que os

melhores resultados encontrados, em todos os estudos verificados, foram aqueles em

que a ingestão de cafeína se deu na ordem de 3 à 6 mg/kg de massa corporal.

Desde 2003, a cafeína não faz parte das substâncias classificadas, pelo

COI (Comitê Olímpico Internacional), como Ilegais. Logo após essa data, ela foi incluída

na listagem de substâncias que estão em constante monitoramento pela Agência

Mundial Anti-Doping (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2004).

Com base nos efeitos da cafeína, Kalmar e Cafarelli (2004). Conduziram

um importante estudo, onde fizeram uma revisão da fadiga central em indivíduos após o

consumo desta substância. Levantaram uma hipótese que cafeína induz força muscular

com a ausência de despolarização da membrana, e potencializa a contração muscular

e a produção de força tetânica. Estes efeitos foram atribuídos à interação direta do

cafeína com os canais de cálcio do retículo sarcoplasmático. Outra hipotese deste

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estudo, foi a atuação da cafeína sobre o SNC. Os resultados indicaram uma ação

antagonista aos receptores de adenosina, diminuindo a taxa de disparo dos neurônios

centrais, o que pode provocar uma melhora no desempenho, já que a cafeína inibira os

receptores dessa substância.

Testando a hipótese de que a suplementação de cafeína poderia melhorar

a função neuromuscular, durante contração isométrica voluntária máxima na contração

de cotovelo, Bazzucchi et al (2011) encontraram um aumento no desempenho e na

contração dinâmica máxima de curta duração e na velocidade de contração muscular.

O efeito placebo da cafeína sobre os ciclistas foi testado, por Beedie et al.

(2006) submeteram seis indivíduos bem treinados no ciclismo, a um teste de Contra-

relógio de 10 km. Os pesquisadores disseram aos indivíduos que eles iriam consumir

cafeína na quantidade de 4,5 mg/kg de massa corporal, 9 mg/kg e um terceiro teste

com placebo, entretanto em todos os testes eles fizeram o uso de placebo. Assim os

autores encontraram que esses sujeitos realizaram os testes com maior potência na

condição de possível ingestão de cafeína de 9 mg/kg, comparada com as outras duas

condições. Os sujeitos relataram que seu desempenho melhorou, quando consumiram

a maior concentração de cafeína, comparado as menores concentrações. Os resultados

sugerem que indivíduos dessa modalidade, podem ter seu rendimento melhorado pelo

simples fato de acreditaram que estão consumindo cafeína.

Os resultados encontrados nos diversos estudos analisados sugerem que

a ingestão de cafeína pode atuar aumentando o desempenho, principalmente de

atletas, em exercícios caracterizados como aeróbios de média e longa duração. Para

tanto a ingestão desse ergogênico deve ser em torno de 3 à 6 mg/kg.

3. 2 Eletromiografia de Superfície (EMG)

Nas últimas décadas, a EMG tem sido amplamente utilizada como um

indicador fisiológico da fadiga muscular de forma isolada em diferentes tipos de

esforços (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985; HUNTER et al., 2002). A EMG estuda a função

muscular por análise do sinal elétrico gerado nas membranas excitáveis, detectada pela

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colocação de eletrodos na pele sobre um músculo, sendo considerada uma técnica de

extrema relevância para o estudo da fisiologia neuromuscular (BASMAJIAN; DE LUCA,

1985). A captação do sinal eletromigráfico é influenciada pelo número de unidades

motoras ativas e pela taxa de descarga dos potenciais de ação dos neurônios motores.

A excitabilidade das fibras musculares por meio do controle neural

representa um fator importante na fisiologia muscular. Esse fenômeno pode ser

explicado por um modelo de membrana semipermeável, descrevendo as propriedades

elétricas do sarcolema. Um equilíbrio iônico entre os espaços interior e exterior de uma

célula muscular forma um potencial de repouso. Quando ocorre uma excitação

muscular, entram em atuação as bombas de sódio e potássio, ocorrendo uma

despolarização da membrana e assim caracterizando um potencial de ação (McARDLE

et al. 1998). A partir daí os sinais eletromiográficos podem ser coletados.

Estudos com EMG estão cada vez mais sendo realizados, em razão de

que esta técnica tem o potencial de identificar os sinais elétricos gerados por

membranas excitadas do músculo, assim sendo capaz de analisar dentre outros

fenômenos a fadiga muscular e o comportamento muscular (KREMENIC et al. 2009).

O sinal eletromiográfico pode ser alterado por diversos fatores, dentre eles

destacamos o uso de algumas substâncias, como a cafeína. A cafeína tem o potencial

de aumentar o desempenho muscular, fazendo com que o recrutamento das fibras

musculares seja maior (BAZZUCCHI et al. 2011). Essa substância atua diretamente no

drive motor central, inibindo a ação da adenosina (KALMAR; CAFARELLI, 2004),

considerando os resultados encontrados no estudo de Amann e Dempsey (2008) de

que a fadiga muscular periférica é regulada por mecanismos centrais, a suplementação

de cafeína poderia aumentar o desempenho em virtude do melhor ou maior

recrutamento de unidades motoras, reduzindo a fadiga muscular periférica.

Estudos com ciclistas estão tendo atenção especial nos últimos anos, por

meio de EMG para quantificar a fadiga muscular periférica em diversas situações desta

modalidade (KREMENIC et al. 2009; CARPES et al. 2011).

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3.3 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)

A PSE é uma escala desenvolvida por Borg (1982), capaz de mensurar a

fadiga de acordo com a percepção do sujeito na realização de determinada atividade.

Qualquer resposta de percepção em relação ao exercício envolve a ação de detecção e

interpretação de sensações que chegam ao corpo durante o exercício (NOBLE et al.,

1996), sendo considerada como um fenômeno complexo (ST CLAIR GIBSON et al.,

2003).

Vários estudos têm sido conduzidos com a utilização desta escala. E uma

meta-análise realizada por Doherty e Smith (2005), na qual foi analisada a ingestão de

cafeína sobre a PSE, que ficou em média 5,6% menor nos indivíduos que consumiram

cafeína quando comparados àqueles que consumiram substâncias placebo. Além de ter

sido encontrado um aumento médio de 11,2% do desempenho daqueles que fizeram

uso da cafeína. Isto demonstra que a cafeína tem a capacidade de atuar atenuado a

PSE, e melhorando o rendimento físico.

Da mesma maneira, em uma pesquisa conduzida por Astorino et al.

(2011), foi verificado um melhor desempenho quando o consumo de 5mg.kg-1 de

cafeína foi comparado a 2mg.kg-1 ou placebo, com uma diminuição da PSE. Resultado

similar foi relatado em outro estudo, onde ciclistas realizaram 90 min de exercício à 70%

do VO2máx,após a ingestão de cafeína (BACKHOUSE et al., 2011).

Recentemente um estudo foi desenvolvido para validar a equação da PSE

em treinamento com pesos (BUCKLEY; BORG, 2011). Os resultados indicaram que a

escala, junto com sua equação, pode ser utilizada em exercícios resistidos, da mesma

maneira que vem sendo utilizada em exercícios aeróbios.

Pontanto o uso da PSE pode ser uma importante estratégia para mensurar

a fadiga muscular, visto que é de fácil aplicação, baixo custo e bastante precisa. Com

isso fazer uso desta escala pode ser importante para o estudo da fadiga.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Amostra

Treze ciclistas, do sexo masculino, na faixa etária entre 17 e 38 anos, com

no mínimo dois anos de participação competitiva, de todas as especialidades na

modalidade, com nível competivivo estadual, foram selecionados voluntariamente para

participar deste estudo. Como critério de inclusão os sujeitos deveriam estar livre de

lesões (últimos seis meses) e ter experiência na modalidade. O projeto foi divulgado

nas associações de ciclismo, lojas especializadas em ciclismo e durante as

competições realizadas na cidade de Londrina - PR. Após serem convenientemente

informados sobre a proposta do estudo e os procedimentos aos quais seriam

submetidos, os participantes assinaram o Termo de Concentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (ANEXO A). Este estudo é parte de um estudo maior que foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (processo

234/2009) (ANEXO B).

4.2 Antropometria

A massa corporal foi medida em uma balança de plataforma digital e a

estatura determinada em um estadiômetro com precisão de 0,1 cm, de acordo com os

procedimentos descritos por Gordon et al. (1988). Os indivíduos foram avaliados

descalços, vestindo apenas shorts. O índice de massa corporal (IMC) foi determinado

pelo quociente massa corporal/estatura2, sendo a massa corporal expressa em

quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).

4.3 Teste pré-experimental

Previamente a execução dos testes experimentais, todos os participantes

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foram submetidos a um teste incremental máximo para obtenção dos parâmetro de

potência máxima e limiares fisiológicos dos atletas. Após um aquecimento de dois

minutos a 100 W, a sobrecarga passou a ser incrementada na ordem de 50 W a cada

dois minutos até a exaustão voluntária ou incapacidade de manter a cadência mínima

estipulada (70 rotações por minuto) por mais de 5 s. A potência alcançada do último

estágio completo somada ao produto do percentual do tempo de permanência no

estágio de exaustão pelo incremento padronizado (50 W) foi considerada a potência

máxima (AMANN et al., 2006)

4.4 Eletromiografia de superfície

Para normalização da atividade eletromiográfica durante o teste contra-

relógio de 20 km foi realizado um teste de torque-velocidade (T–V test) (Rouffet et al.,

2008). Após um aquecimento 10 min a 100 W, cada sujeito executou dois tiros máximos

com duração de 8 s cada, com intervalo de 5 min entre as tentativas. A carga imposta

durante o teste foi de 7,5% da massa corporal de cada voluntário. Os participantes

foram orientados para permanecerem na posição sentado durante toda a realização do

teste. A atividade eletromiográfica de cada músculo foi analisada entre o segundo e

oitavo segundo de cada tiro máximo e o maior pico de amplitude encontrado, expresso

em RMS (root mean score), foi utilizado como fator de normalização (ROUFFET et al.,

2008).

A atividade eletromiográfica foi monitorada continuamente durante os

testes nas diferentes condições experimentais. Para a coleta dos dados, foi utilizado um

eletromiógrafo de oito canais, modelo TeleMyo 2400 T G2 (NORAXON Inc. USA). A

frequência de amostragem para os registros eletromiográficos foi de 2000 Hz. O fator

de rejeição do modo comum (CMRR) foi maior que 95 dB. O músculo analisado foi o

vasto lateral (VL). As coletas foram realizadas de acordo com a ISEK (Merletti, 1999).

Eletrodos ativos modelo TeleMyo 2400 (NORAXON Inc. USA), com distância

intereletrodos (centro a centro) de dois centímetros, foram fixados após realizada a

preparação do local, com tricotomia, e assepsia, com álcool e curetagem para reduzir a

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impedância da pele. O eletrodo de referência foi posicionado sobre o crista ilíaca. A

localização dos pontos anatômicos para colocação dos eletrodos obedeceu às

padronizações propostas pelo SENIAM (HERMENS et al., 2000).

Para o músculo VL foi utilizado como referência o ponto localizado a dois

terços da distância entre a espinha ilíaca ântero-superior e a borda lateral da patela

(Figura 1).

Figura 1. Localização anatômica para a colocação de eletrodos no músculo vasto lateral de acordo com a padronização de Hermens et al. (2000).

4.5 Análise e processamento do sinal EMG

Os valores médios em RMS (µV) a cada período de 30 s foram utilizados

para a análise dos sinais eletromiográficos do músculo VL (CAMATA et al., 2009). Os

dados foram processados por meio do ambiente de simulação matemática MatLab 7.0

(MathWorks®, South Natick, MA, USA). Para obtenção dos valores expressos em RMS,

os sinais EMG brutos foram submetidos à filtragem digital, utilizando filtro passa-banda

de 20 Hz e 500 Hz (BASMAJIMAN ; DE LUCA, 1985)

Page 23: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

22

4.6 Mensuração da percepção subjetiva de esforço (PSE)

Todos os indivíduos foram instruídos para auto-relatarem o esforço

percebido de acordo com a escala de 6-20 pontos de Borg (1982), a cada 2 km de

exercício. A partir desses dados foram determinados, o intercepto no eixo y (y-

intercepto), o coeficiente de determinação (R2) e o coeficiente angular (inclinação) entre

o tempo e os valores individuais de esforço percebido atribuídos durante cada teste,

obtido mediante análise de regressão linear.

4.7 Suplementação

Após a realização dos procedimentos descritos anteriormente, os

participantes foram divididos aleatoriamente, de forma balanceada, para executar um

teste contra-relógio em duas condições, após 60 min da ingestão de CAF ou placebo

(PLA), separadas por pelo menos 72 h. A administração oral de 6 mg.kg-1 de massa

corporal de CAF ou PLA (maltodextrina) foi feita na forma de cápsulas

4.8 Delineamento experimental

Um delineamento cruzado, aleatorizado, balanceado, duplo cego, placebo-

controlado com familiarização foi utilizado nesta investigação. Inicialmente, os sujeitos

compareceram ao laboratório para tomarem conhecimento da proposta do estudo e, na

sequência, assinaram o TCLE. Adicionalmente foram estabelecidos os horários para

uma nova visita ao laboratório, para a execução de medidas antropométricas e de um

teste pré-experimental visando a familiarização dos sujeitos aos equipamentos e ao

protocolo experimental.

Após a realização dos procedimentos descritos anteriormente, os

participantes foram divididos, para executar um teste contra-relógio nas duas condições

de suplementação, separadas por pelo menos 72 h. A temperatura ambiente e a

Page 24: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

23

umidade relativa do ar foram monitoradas e mantidas entre 21 e 24°C e 40 e 60%,

respectivamente, durante a realiação de todos os testes.

Os testes foram realizados em ciclossimulador, modelo Velotron™

(RacerMate®, Seattle, WA, USA), com capacidade de carga de até 1500 watts. O

ciclossimulador foi calibrado antes da realização de cada teste, conforme orientações

do fabricante.

Nos dias e horários pré-agendados, os sujeitos compareceram ao

laboratório e foram submetidos a teste de circuito fechado (closed-loop), no qual

pedalaram em prova simulada uma distância equivalente a 20 km (Time Trial), no

menor tempo possível, com escolha livre de cadência e relação de engrenagens. Todos

os voluntários receberam feedback sobre a distância percorrida durante o teste closed-

loop por meio de visualização em monitor. Antes, durante e/ou após os testes foram

analisadas as seguintes variáveis: atividade eletromiográfica do músculo vasto lateral

(VL), a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a frequência cardíaca. O delineamento

experimental utilizado é ilustrado na Figura 2.

Figura 2. Delineamento experimental. Obs: CR = Contra-relógio e TCLE = termo de consentimento livre e esclarecido.

TCLE Agendamento

das visitas

Antropometria Teste pré

experimental

CR 20km Cafeína

Grupo A (n=7)

CR 20km Placebo

Grupo B (n=6)

CR 20km Cafeína

Grupo B (n=6)

CR 20km Placebo

Grupo A (n=7)

Sujeitos n=13

72 horas

Visita 1

Visita 2

Visita 3 Visita 4

72 horas

Page 25: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

24

4.9 Tratamento Estatístico

Os dados foram processados no pacote estatístico STATISTICATM, versão

6.0 (STATSOFT INC, OK, USA). A normalidade dos dados foi analisada pelo teste de

Shapiro-Wilk. O teste de Levene foi utilizado para a análise da homogeneidade das

variâncias. Análise de variância two-way (ANOVA) para medidas repetidas, para

comparações de grupos e condições, foi utilizada para as comparações entre as

condições (CAF e PLA) nos diferentes momentos do teste contra-relógio de 20 km. O

teste post hoc de Bonferroni foi utilizado quando uma razão F significante foi

encontrada para o efeito principal ou interação. Para todas as análises foi aceito um

nível de significância de 5%.

Page 26: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

25

5 RESULTADOS Na Tabela 1 são apresentadas as características antropométricas dos

sujeitos, o volume de treino semanal e a potência máxima obtida durante o teste

incremental máximo.

Tabela 1. Características antropométricas, volume de treino, potência máxima e FCmáx obtida em teste incremental máximo (n = 13). Variáveis Média DP IC 95% Peso (kg) 71,0 9,1 63,2-77,4 Estatura (cm) 176,0 5,9 171,2-178,3 IMC (kg/m2) 23,1 2,3 21,5-24,4 Volume de Treinamento (km.semana-1) 253,0 141,6 148,9-347,4 Potência máxima (watts) 345,0 41,6 305,5-364,4 A atividade EMG do músculo VL é apresentada na figura 3. Nenhuma

diferença significante foi encontrada entre as condições CAF e PLA ao longo do teste

de 20 km (P > 0,05).

Figura 3. Atividade EMG do músculo VL durante o Time Trial de 20 km.

Page 27: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

26

A PSE dos sujeitos durante Contra-relógio de 20 km é apresentada na

figura 4. Não foram encontradas diferenças significantes entre as duas condições (CAF

e PLA) durante todo o período do Time Trial de 20 km (P > 0,05). Porém a PSE se

elevou conforme a distância pedalada passava a ser maior nas duas condições, dentro

do mesmo grupo (P < 0,05).

Figura 4. Comportamento da PSE ao longo do teste de 20 km, nas condições cafeína (CAF, n = 13) e placebo (PLA, n = 13). *P < 0,05 vs. 2 km; †P < 0,05 vs. 4 km; ‡P < 0,05 vs. 6 km; §P < 0,05 vs. 8 km; €P < 0,05 vs. 10 km; #P < 0,05 vs. 12 km; **P < 0,05 vs. 14 km; ††P < 0,05 vs. 16 km; ‡‡P < 0,05 vs. 18 km. Efeito significante do tempo (P < 0,001).

Page 28: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

27

6 DISCUSSÃO Como visto, diferenças na PSE e na EMG não foram encontradas após a

ingestão de cafeína quando comparado com os sujeitos que realizaram a ingestão de

placebo. O mesmo ocorreu no estudo de Hunter et al. (2002), que também não

encontraram diferenças nas variáveis EMG e PSE em teste Time Trial de 100 km.

Ressaltase que, a ativação muscular durante o teste foi de

aproximadamente 25%, não sofrendo alterações significativas em nenhum momento,

assim como outros resultados disponíveis na literatura (HUNTER et al., 2002), isso

sugere a ausência de fadiga periférica durante os testes. Porém, não podemos

confirmar essa hipótese uma vez que durante os testes a PSE foi gradativamente

maior, ou seja, a intensidade de exercício não pode ser considerada constante.

Analisando assim, podemos dizer que talvez tenha ocorrido fadiga periférica.

Entretanto, para se obter melhores conclusões acerca desses mecanismos, são

necessários estudos futuros que façam o uso instrumentos mais precisos para a

verificação da fadiga. Existem alguns efeitos da cafeína sobre o sistema nervoso central,

relatados em várias pesquisas. Dentre eles podemos citar um dos mais aceitos, onde a

cafeína mostra uma afinidade aos receptores de adenosina, e sua molécula liga-se com

esses receptores inibindo a ação da adenosina, que causa a fadiga, promovendo um

aumento na liberação de neurotransmissores excitatórios e aumento na excitabilidade

corticomotora (KALMAR; CAFARELLI, 2004; CERQUEIRA et al., 2006). Essa ação

direta sobre o sistema nervoso central possibilita a utilização da cafeína em objetivos

distintos, como na tentativa de esclarecer mecanismos de fadiga ou ainda potencializar

o desempenho esportivo (KALMAR; CAFARELLI, 2006). Porém os nossos resultados

mostraram que nos exercícios estudados, a cafeína não conseguiu melhorar o

desempenho físico dos sujeitos.

A PSE é uma escala desenvolvida por Borg (1982), que visa quantificar a

percepção do sujeito para uma determinada tarefa, normalmente quanto maior o tempo

em exercício ou maior a intensidade, maior será a percepção dos sujeitos perante a

atividade. Esta escala de percepção subjetiva mostrou-se sensível ao nosso protocolo

Page 29: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

28

de exercício, onde a PSE dos sujeitos foi maior conforme maior distancia percorrida.

Também encontramos em uma revisão evidencias que após a ingestão de cafeína a

PSE passa a ser menor com o tempo em exercício (DOHERTY; SMITH, 2005),

mostrando um possível efeito ergogênico dessa substância.

O músculo vasto lateral é um músculo que integra o quadríceps femoral,

assim ele pode ser utilizado como um importante instrumento de medida da ativação

neuromuscular, em atividades que envolvam membros inferiores, por meio de EMG. O

músculo quando em atividade gera um sinal elétrico em suas membranas excitáveis, e

a EMG é um método que permite a análise desses aspectos (BASMAJIAN; DE LUCA,

1985). Como visto em nossos resultados, os sinais EMG foram captados, e

permaneceram com uma quantificação de ativação de aproximadamente 25% durante

todo o teste, não sofrendo mudanças significantes durante todo o período, e não

mostrando alguma possível fadiga periférica no músculo Vasto Lateral.

Outros estudos, assim como o nosso, também tentaram relacionar alguns

possíveis efeitos da cafeína sobre o desempenho em, em protocolos fechados. Dentre

eles podemos citar o de estudo de Cohen et al. (1996), onde os autores procuraram

demonstrar os efeitos da ingestão de 5 e 9 mg.kg-1 de massa corporal de cafeína, sobre

o desempenho de corredores profissionais em uma corrida de 21km. Neste estudo não

foram verificadas melhoras no desempenho comparando as duas doses de cafeína com

o placebo. Já em um delineamento de 20 km de corrida, os sujeitos melhoraram um

pouco seu rendimento, porém sem diferenças significantes, isso ocorreu logo após

ingestão de 6 mg.kg-1 de cafeína 60 minutos antes do exercício (BERGLUND;

HEMMINGSSON, 1982). Em estudo conduzido por Bruce et al. (2000), verificou-se uma

melhora no desempenho de remadores competitivos, após a ingestão de 6 ou 9mg/kg

de cafeína, remando por uma distância de 2000 metros. Os pesquisadores sugeriram

que a cafeína teve algum efeito sobre os centros cerebrais dos sujeitos, e por isso

houve uma melhora no desempenho, principalmente nos primeiros 500 m.

Boa parte dos estudos encontrados na literatura, que procuram investigar

os efeitos da ingestão de cafeína sobre desempenho, utilizam-se de tarefas até a

exaustão. Entre eles podemos citar o de Altimari et al. (2008), onde ciclistas realizaram

dois testes com cargas constantes, na condição placebo e na condição cafeína (6

Page 30: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

29

mg.kg-1). Os autores encontraram que após a ingestão de cafeína o tempo para o início

da fadiga muscular foi maior. De forma similar Greer et al. (2000), submeteram

indivíduos a pedalarar a 80% do VO2máx até a exaustão. Os autores encontraram a

melhora no desempenho do atletas após o consumo de 6 mg.kg-1 de cafeína.

No entanto estudos com protocolos até a exaustão são difíceis de serem

extrapolados para situações reais competitivas, visto que em competições são

estipulados tempos ou distâncias para o término das provas. O nosso estudo conseguiu

se esquivar desta limitação, tornando os nossos resultados mais aplicáveis a situações

reais de competição. Como a cafeína (6 mg.kg-1) não se mostrou eficaz em Contra-

relógio de 20 km, em ciclistas treinados, talvez a utilização desde ergogênico, para este

tipo de prova, não seja a melhor opção para um possível aumento do desempenho.

Futuros estudos devem testar a ação da cafeína em protocolos com diferentes

distâncias da testada em nosso estudo.

Durante os protocolos abertos, normalmente os indivíduos devem manter

uma taxa de trabalho fixa até a exaustão. Dessa forma, o fato de não haver final

definido dificulta o planejamento de estratégias de pacing (HUNTER, 2002). Quando o

sujeito não necessariamente precisa se manter em uma intensidade fixa, isso permite

criar estratégias durante a prova com objetivo de terminar em menor tempo possível. A

reprodutibilidade da estratégia de pacing também tem sido demonstrada

(JEUKENDRUP et al., 1996). Devido a grande maioria dos estudos que procuraram

investigar a efetividade da cafeína possuir característica aberta, julgamos que investigar

o efeito da substância em testes que realmente tenham proximidade com a condição

real, em competições, onde o final é pré-determinado seja muito relevante. Isso

fortelece a importância dos nossos resultados.

O planejamento da estratégia de pacing é mediado centralmente. Nesse

sentido, por meio de sua ação direta sobre o sistema nervoso a cafeína poderia

influenciar e modificar a estratégia de pacing durante as contra-relógio de 20 km. Esse

tipo de comportamento deveria ser observado por um comportamento diferente da

potência, velocidade e/ou rpm durante os testes. Porém, nossos resultados não

mostraram qualquer influência da cafeína sobre o planejamento do pacing. Isso

confirma os resultados de Hunter et al. (2002), onde o desempenho consistente entre

Page 31: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

30

as condições mostrou que a estratégia parece não sofrer influência da cafeína. As

variáveis potência e velocidade, que representam o desempenho durante o teste,

sofreram apenas efeito do tempo de teste. No final do teste, na distância 20 km, foram

apontadas diferenças significativas quando comparadas ao restante do exercício, o que

já havia sido demonstrado em estudo anterior onde a estratégia de pacing durante

contra-relógio de 30 min variou minimamente apenas nos últimos 30 s de teste

(CHAFFIN et al., 2008). Conhecer a estratégia de pacing e sua relação com as

respostas fisiológicas pode auxiliar pesquisadores e cientistas do esporte na busca de

otimizar o rendimento de atletas, melhorando seus programas de treino. Talvez os

sujeitos do nosso estudo utilizaram esta estratégia, e por isso os resultados nas duas

conduções não foram diferentes, entanto outros mecanismos devem ser melhor

estudados para confirmar esta hipótese.

Page 32: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

31

7 CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados podemos concluir que a ingestão de

cafeína (6 mg-kg-1 de peso corporal) não foi suficiente para alterar a atividade EMG do

músculo VL. Além disso, a cafeína não retardou o aumento da PSE durante Contra-

relógio de 20 km em ciclistas.

Page 33: ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES

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37

APÊNDICE

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38

APÊNDICE A

CRONOGRAMA

ANO 2010

2011

DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV

AÇÃO MÊS

MÊS 2º

MÊS 3º

MÊS 4º

MÊS 5º

MÊS 6º

MÊS 7º

MÊS 8º

MÊS 9º

MÊS 10º

MÊS 11º

MÊS 12º

MÊS

REDAÇÃO DO PROJETO SELEÇÃO DA AMOSTRA

ENCONTROS COM ORIENTADOR

APLICAÇÃO DOS TESTES QUALIFICAÇÃO DO TCC

COLETA DE DADOS REDAÇÃO FINAL DO TCC/

DEFESA DO TCC

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39

ANEXOS

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40

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU LEGAL RESPONSÁVEL

1. Nome do participante: ........................................................................................................................................................... Documento de Identidade Nº :..............................................Sexo: ( ) M ( ) F Data de Nascimento:............/............/........... Endereço:.........................................................................................Nº:......................Apto:....................Bairro:.......................... CEP:......................... Cidade:...................Telefone:................................E-mail:.......................................................................

1. II – DADOS SOBRE A PESQUISA 1. Título do Protocolo de Pesquisa: Efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho físico de ciclistas em exercícios de circuito aberto (open-loop) e fechado (closed-loop) de longa e curta duração 2. Pesquisador: Dr. Leandro Ricardo Altimari Função: Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos da Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte – UEL.

3. Avaliação do Risco da Pesquisa: Sem Risco (x) Risco Mínimo ( ) Risco Médio ( ) Risco Baixo ( ) Risco Maior ( )

O estudo não oferece risco a saúde, uma vez que pesquisas que já utilizaram cafeína não relatam qualquer tipo de desconforto após uso da substância na concentração que será utilizada neste estudo (6 mg.kg-1 de peso corporal).

1. Duração da Pesquisa: O experimento será conduzido em 1 (uma) fase, sendo realizada somente coleta de dados. 2. III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO

PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:

1. Justificativa e objetivo: Nos últimos anos, a cafeína (CAF) tem sido muito utilizada antes da realização de exercícios físicos de curta e longa duração com propósito de diminuir a sensação de cansaço, melhorando o desempenho físico. Entretanto não sabemos ainda os reais efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho físico em exercícios realizados até a exaustão (quando não se consegue continuar fazendo exercício) e em exercícios de percurso onde os sujeitos têm que fazer o percurso no menor tempo possível.

Assim, o objetivo do presente estudo será investigar os efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho físico e os possíveis fatores que controlam a sensação de cansaço em exercícios de curta e longa duração realizados até a exaustão e em exercícios de percurso em ciclistas. 2. Procedimentos que serão adotados durante a pesquisa: Os sujeitos envolvidos no experimento serão submetidos a diferentes situações experimentais: 1) Determinação da aptidão cardiorespiratória; 2) Testes de tempo, em que terão de pedalar em prova simulada com distância equivalente a 1 e 40 km, no menor tempo possível, em três condições, com três dias de intervalo entre as mesmas: ingestão de cafeína (CAF), placebo (PLA) e controle (C). Todos os sujeitos passarão pelas três situações. A CAF será ingerida 60 minutos antes dos testes. Será oferecida cafeína pura (CAF – 6 mg.kg-1 de peso corporal) e PLA (maltodextrina) preparados e embalados em cápsulas gelatinosas; 3) Teste de exaustão, onde serão instruídos a pedalar até a exaustão voluntária durante prova simulada com distância equivalente a 1 e 40 km. Assim como no teste de tempo, os sujeitos irão executar o teste em três condições: ingestão de CAF, PL e C. Os procedimentos para a ingestão de cafeína dos sujeitos serão idênticos aos já descritos no protocolo anterior. Os sujeitos realizarão medidas de peso, estatura, avaliação do estado nutricional para verificar o quanto consomem de cafeína. Antes, durante e/ou após os testes de exaustão e tempo de 1 e 40 km serão analisadas as seguintes variáveis: recrutamento e fadiga dos músculos da perna, função pulmonar, sensação de cansaço, estado de humor, lactato no sangue e batimento cardíaco.

V – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR

SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA 1. Benefícios esperados da pesquisa: Esperamos que os resultados deste estudo possam dar condições de entender melhor os fatores que levam ao cansaço e melhoram o desempenho físico em exercícios realizados até a exaustão e em exercícios de percurso. Este aspecto se torna importante para o esporte e seus praticantes, uma vez que muitos atletas de ciclismo fazem uso indiscriminado desta sustância por não terem informações da verdadeira efetividade da cafeína sobre o desempenho durante as competições. Se confirmada a efetividade da cafeína na melhora do desempenho físico, os indivíduos envolvidos no experimento serão orientados por uma nutricionista para utilizar o produto caso tenham intenção de utilizá-lo durante os treinamentos e/ou competições após o termino do experimento. 2. Exposição dos resultados e preservação da privacidade dos voluntários: Os resultados obtidos nesse estudo serão submetidos a publicação, independente dos resultados encontrados, contudo sem que haja a identificação dos indivíduos que prestaram sua contribuição como sujeitos da amostra que serão mantidos em sigilo respeitando a privacidade conforme normas éticas. 3. Despesas decorrentes da participação no projeto de pesquisa: Os voluntários estarão isentos de qualquer despesa ou ressarcimento decorrente desse projeto de pesquisa, uma vez que o financiamento deste é oriundo de fomento externo. 4. Liberdade de consentimento: A permissão para participar desse projeto é voluntária. Portanto, os sujeitos estarão livres para negar esse consentimento ou parar de participar em qualquer momento desse estudo, se desejar, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência. 5. Questionamentos: Os sujeitos envolvidos no experimento terão acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à pesquisa. Quaisquer perguntas sobre os procedimentos experimentais utilizados nesse projeto são encorajadas. Se houver qualquer dúvida ou questionamento, por favor, nos solicite informações adicionais.

VI – PARA CONTATO Prof. Dr. Leandro Ricardo Altimari Centro de Educação Física e Esporte, Universidade Estadual de

Londrina, Rod. Celso Garcia Cid, km 380, Campus Universitário – 86051-990 – Londrina, PR – Brasil. Email: [email protected]

Telefone: 3371-4238 ou 9116-4602

VII – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.

Londrina, ________ de __________________de 2011.

______________________________________ Assinatura do participante

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ANEXO B - CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA.