Erik Kurkowski Weber · 2009-06-23 · social e microblogging que permite o envio de mensagens, ......
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Erik Kurkowski Weber
Fabio Cunha P. Coelho
Henry Alfred Bugalho
Rafael T. Okada
Wilson Gorj
ficina
Tamanho
não é .DoC
Capa:
Erik Kurkowski Weber
Organização e diagramação:
Henry Alfred Bugalho
Esta obra está protegida pela Licença Creative Commons de Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Deriva-das 2.5. Para ver uma cópia desta licença, visite:
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/
2009
Oficina Editora
SUMÁRIO
Apresentação
Erik Kurkowski Weber
Fabio Cunha P. Coelho
Henry Alfred Bugalho
Rafael T. Okada
Wilson Gorj
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Apresentação
Twitter s.m. 1 serviço gratuito de rede social e microblogging que permite o envio de mensagens, limitadas a 140 caracteres, para outros usuários.
Microconto s.m. 1 narrativa literária breve, com estrutura semelhante à do do conto, mas de menor extensão, geral-mente, inferior a mil palavras.
Os microcontos que compõem esta obra foram redigidos e postados no Twitter (www.twitter.com) durante os meses de maio e junho de 2009.
Erik Kurkowski
WEBERFormado em Design Gráfico,
mas busca agora seu lugar à
sombra no funcionalismo públi-
co; nas horas vagas é mais um
gênio da humanidade.
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Nunca se sabe o futuro; mas se sabe menos ainda o pretérito perfeito do subjuntivo.
Era um grande homem; daí o dividiram pela metade.
Gripe Suína não apenas emagreceu 10 quilos como é a convidada desta semana no Programa do Jô.
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A Suiça é um belo país; o único problema é que fica, praticamente, na China; o problema da China é o mesmo.
Não sabia o que querer da vida, dessa vida imunda e dolorida; até assistir ao desenho animado Bambi.
Disse o Pai: Carlinhos, que vc quer ser quando crescer? E Carlinhos disse, Anão!
Erik Kurkowski
WEBER
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Amazônia ganha novo radar para monitorar região; com este, já são 3 radares de carro no Estado.
Menina de 7 anos acha preservativo em lanche; e mesmo assim ela engravi-dou.
Homenagem póstuma; Clodovil, o único ele, vós, ela - da política brasileira.
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Na embalagem do BigMac estavam cinco pênis humanos, ainda quentes; ninguém conseguiu explicar o ocorrido.
Ela disse que o queria como amigo; ele, de raiva, mudou a ideia, e a enterrou ainda viva e chorando.
Contava animais para dormir; noite passada, antes de cair no sono, contou 204 Presidentes Lula.
Erik Kurkowski
WEBER
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Só de alma ela pesava 120 quilos.
Knock Knock na madeira; quem é, pergunta. Tarde demais; era a gripe suína.
Abraçou o Pai, a Mãe, e disse: Consegui, Consegui, o papel de mictório na próxima novela das 9 é meu!
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Gripe Suína anuncia turnê pela europa; ingressos vendidos apenas no México.
Mais vale um pássaro na mão que uma mãe-da-água.
Jogador Adriano troca mulher moranguinho por Gripe Suína; digo, mulher caviar.
Erik Kurkowski
WEBER
Fabio Cunha P.
COELHO23 anos, formando em
comunicação social na UFF, con-
trolador de tráfego aéreo e autor
do blog http://cunhandocoelhos.
blogspot.com
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O príncipe regente vestiu-se para a missa. Discordou da opinião do espelho... penteou o cabelo olhando-se no verso de um vintém.
Finalmente pegou o diamante. Mas de que valia tanto brilho, se, na outra mão, havia tanto sangue?
A professora de estudos sociais viu de novo aquele monte de rabiscos, e deu a ele outro zero. Na solução da Conjectura de Poincaré.
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O homem bateu na porta e ela abriu. Eram vários senhores e senhoras, pulando de um pé só e pondo a mão no chão.
Viu a moça outra vez. Criou coragem e a abordou, contrariando o que estava escrito. Pior para o universo: Operação ilegal e foi terminado.
O sudanês ouviu no rádio: O mundo comovido com as 228 pessoas no avião desaparecido. 228 pessoas por minuto era o rendimento de sua AK-47.
Fábio Cunha P.
COELH
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Henry Alfred
BUGALHOFormado em Filosofia pela
UFPR, com ênfase em Estética.
Especialista em Literatura
e História. Autor de quatro
romances e de duas coletâne-
as de contos. Editor da Revista
SAMIZDAT e um dos fundadores
da Oficina Editora. Autor do
livro best-selling "Guia Nova
York para Mãos-de-Vaca". Mora,
atualmente, em Nova York, com
sua esposa Denise e Bia, sua
cachorrinha.
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Desculpa esfarrapadaEle pra ela:— Não é nada disto que você está
pensando, querida, o Marcão só estava me mostrando a cueca nova dele.
Sinal dos temposA polícia invadiu o barraco e o pegou
molestando a enteada de nove anos:— Sabe como é, seu polícia, estas
meninas de hoje são todas safadas!
Estrela de cinemaQueria ser estrela de cinema,
mas só conseguiu ser bilheteira.
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As Facilidades da Vida ModernaO leão viu a gazela correndo e pensou:
“que preguiça”.Mais tarde, foi ao supermercado e
comprou tudo congelado.
Mulher-barbadaEla só interrompeu o
tratamento hormonal quando passaram a chamá-la de Moisés.
Você é insubstituívelVocê é insubstituível... Até
encontrarmos um substituto.
Henry Alfred
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PopularidadeTinha tantos amigos que, quando
ficava doente, a fila para visitá-lo dava duas voltas no quarteirão e tinha até distribuição de senha.
AtraiçoadoEra do tipo que confiava
em todo mundo. Um dia, decepcionado, apunhalou a si mesmo pelas costas.
Um Sonho de LiberdadeSonhou que podia voar. De manhã,
ao acordar, subiu no parapeito e bateu asas. O papagaio finalmente fugia.
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Sobre a Felicidade“Felicidade é uma mentira
que inventamos para nos ajudar a vender eletrodomésticos”, confidenciou-me um publicitário.
O que os olhos não vêem...“Depois que descobri como se
faz, nunca mais comi salada”, disse a salsicha.
Poder de sínteseAntes, escrevia 200 páginas sem
pestanejar; hoje, se chega a 200 caracteres já começa a ter dores-de-cabeça.
Henry Alfred
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A verdade sobre SherazadeAssim que descobriu que Sherazade
era manca, desdentada e frígida, o sultão mandou decapitá-la antes mesmo da primeira noite.
O Mistério da VidaO sábio da montanha
descruzou os braços e disse: o grande mistério da vida é desco-brir de quem devemos puxar o saco.
Às vezes, é tarde demais...A ironia do suicídio é mudar de ideia
em plena queda livre.
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SimilitudesEle comia feito um porco,
roncava feito um porco, fedia como um porco, mas cagava como um elefante.
O emprego perfeitoUm dia, encontrou o emprego
perfeito: test-drive de colchões.
É muito engraçadoEle explodiu de tanto rir. Tiveram de
recolher seus pedaços num raio de cinco quilômetros.
Henry Alfred
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Adolescente do futuroOs dois braços biônicos entraram
em pane. Punheta agora só depois da assistência técnica.
Hora do almoçoNo canavial, ele era conhecido
como “o magnata”, porque trazia lagosta e caviar na marmita.
O DueloNo momento em que o adversário
sacou a katana, o samurai compreendeu o sentido da existência. Então sua cabeça rolou pela grama molhada.
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O trapezistaAndava sempre na corda bamba, isto
até constatar que ela não era bamba, aliás, que nem a corda de fato existia.
ColecionadorColecionava de tudo. Apenas sua
coleção de pentelhos encontrados em banheiros públicos pesava mais de 20 quilos.
Fim da HistóriaO escritor teve uma epifania: o ponto
nem sempre significava o fim, mas podia também ser o começo duma nova frase.
Henry Alfred
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AtropelamentoO lagarto hesitou no meio da
estrada. O asfalto ardia sob o sol incadescente. Sem dar-se conta do caminhão em alta velocidade.
Dia das MãesEla almoçava sozinha numa mesa de
botequim: a filha se prostituía em São Paulo, o filho morto pela polícia na noite passada.
Bode expiatórioO coroinha voltou com o cu
arrombado. Logo botaram a culpa no padre. Em casa, o pai ria sozinho: havia escapado desta por pouco.
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AusênciaO silêncio estava em cada canto, nos
armários vazios, no quarto quase sem móveis, no berço vazio. Ela acarinhava no colo o bebê inexistente.
Falta de talentoTocava violão até os dedos sangrarem,
mas mal conseguia tirar uma única canção. Numa realidade paralela, era o melhor trompetista do mundo.
O IntelectualExausto de tanto receber perguntas
estúpidas, ele passou a dar apenas respostas imbecis.
Henry Alfred
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Estética da fomeSeis meses num campo de
concentração era bem mais do que Sarah esperava para perder aqueles quilinhos a mais.
Distraído“Hã?”: eis suas últimas palavras
antes de ser atingido pelo trem.
CatoteiroDedo no nariz, pinçava de tudo
- lápis, parafusos, bolinhas de gude, ervilhas, moedas - menos meleca.
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Viver é arriscadoSempre lhe diziam: “mergulhe de cara
na vida”.Foi o que ele fez. Acertou o fundo e
quebrou uma vértebra da coluna. Hoje, é paralítico.
Que gracinha!O poodlezinho fofinho só gostava
mesmo de carne humana.
Não me fazes faltaEnfim ela descobriu o que era aquele
fedor que há meses vinha da garagem: o marido havia morrido, entalado, consertando o motor do carro.
Henry Alfred
BUG
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Moça recatadaApregoava que sexo só depois do
casamento, mas era tão feia que, aos 80 anos, morria ainda virgem.
Corrida bélica“O teste nuclear foi um sucesso,
general, todos nós morreremos em até 48 horas!”
Que menino lerdo!A mãe o considerava retardado, mas,
em seu silêncio introspectivo, ele e stava quase descobrindo a irrefutável e definitiva prova matemática da existência de Deus.
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Busca da iluminaçãoSaíra pra comprar cigarro e nunca
mais voltara.“Por causa da amante”, ela pensou,
mas o real destino dele era um monastério no Tibet.
Difícil decisão“A cabeça de cima ou de
baixo?”, o jagunço balançava o facão.
Aterrorizado, o polícia refletiu por uns segundos: “Não pode ser um braço? Assim todos ficam felizes”.
Henry Alfred
BUG
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O
Rafael T.
OKADAVinte e cinco anos, estudan-
te de engenharia mecânica da
Universidade Estadual Paulista
(UNESP), mora atualmente na
República Vamointão com doze
outros estudandes. E não ve a
hora de formar-se. Sempre gos-
tou de ler, porém nunca escre-
veu nada com mais de cento e
quarenta caracteres.
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Orkut, facebook, msn, twitter, icq, e então percebeu que só tinha amigos imaginários.
No começo do mundo, deus teve seis dias de caganeira. De segunda à sábado.
A mãe se desculpava com o filho pois não tinha perdido o relógio dele, tinha guardado bem.
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O sábio sonhou que era uma borboleta que sonhava que era George W. Bush. Ao acordar não sabia se era filho da mãe ou filho da puta.
Na dúvida o professor preferiu ser mendigo, pelo menos não teria de pagar impostos.
Hoje foi um dia ambíguo, pensou o senhor. Pois não tinha câncer de próstata.
Rafael T.
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Neste momento o adolecente não sabia se sentia medo, orgulho ou tesão. Mas a dúvida durou pouco: três minutos.
Era a terceira vez na semana mas ainda não compreendia aquele desafio. Aos cinco anos, o menino ainda fazia xixi na cama.
Depois de tantos anos, enfim, o planeta decidira comprar um veneno contra pulgas.
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“Maria, o que você espera na vida?”, perguntaram-lhe. Respondeu sem demora: “que a fila ande.”
Decidiu trabalhar para ter dinheiro para deitar na rede e beber água-de-coco. Outro decidiu deitar numa rede e beber água-de-coco.
Eras e mais eras de avanço tecnológicos para chegarmos no fim do universo e não acharmos nada. enfim sós.
Rafael T.
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Neste país, após roubarem até a constituição, decidiram trocar a bandeira. Agora seria bandeira de pirata!
O despertador tocou, acordou mas estava escuro. Tateando, foi ao interrupitor. Ligou a luz, mas desde aquele dia não encherga.
Esse ano pediu ao papai noel uma bola de futebol, uma bicicleta e uma cadeira de rodas nova.
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Suicidou-se. E flagrou deus nas fontes termais dos quintos dos infernos.
Sentiu-se valorizado após ter injetados todos os seus bens e de seus pais na veia.
Esforçava-se muito, corria muito e até barulho, fazia muito. Seu objetivo era claro. E quando conseguiu, a roda o atropelou, o cachorro.
Rafael T.
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Quando o capitalista descobriu que é melhor ser feliz, não havia mais tempo. Estava tendo um ataque fulminate.
Wilson
GORJAutor do livro Sem Contos
Longos. Tem contos, minicon-
tos e poesias publicados em
antologias e premiados em
alguns concursos. Mantém o
blog O Muro & Outras Páginas
(omuroeoutraspgs. blogspot.com),
onde expõe seus textos e outras
novidades vinculadas ao mundo
da micronarrativa.
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IAquela dor no peito, quem dera
fosse poesia... Mas era crônica.
IIEra um prefeito muito religioso. A
cada obra, pegava um terço.
IIILevava uma vida muito corrida. Tudo
nela era abreviado: rs, bjs, abs...
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IVUm marido exemplar: meigo, atencio-
so, bonito. Só tinha um probleminha. Era gay.
VÀ entrada da Ilha da Fantasia,
barraram-no. Seu traje de náufra-go era muito manjado.
VIA família dele era corintiana; a dela,
palmeirense.Ainda bem que ambos eram são-
paulinos!
Wilson
GO
RJ
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VIIÀ beira-mar, enamorou-se de uma
sereia.Sua paixão morreu a seco. Não sabia
nadar.
VIIIViolento, o meu pai? Ele nunca pôs a
mão em mim. Nunca!Suas surras eram sempre a pauladas.
IXChorava torrecialmente.Em seus olhos, duas cataratas.
XToda vez que ligava o potente
som do seu carro os ouvidos da vizinhança imediatamente se convertiam em penico.