Ervas podem prejudicar o tratamento anti

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Ervas podem prejudicar o tratamento anti-retroviral Profissionais de saúde devem estar atentos ao uso de fitoterápicos Os medicamentos fitoterápicos, produzidos à base de elementos naturais, devem ser usados com cautela pelos soropositivos. A maioria dos produtos à venda como estimulantes imunológicos, antidepressivos e ansiolíticos interage com os anti-retrovirais, garante o médico Marcos Monassa, professor de bioquímica fisiológica da UniRio. Isso porque tanto os medicamentos para Aids quanto os fitoterápicos são metabolizados no fígado, pelo citocromo P-450, e quando administrados concomitantemente acabam concorrendo entre si. Fitoterápicos são pouco estudados A gama de fitoterápicos usados pelos portadores do HIV é bem vasta. Erva de São João, cápsulas de alho, echinacea purpurea, ginseng, gingko biloba, unha de gato, cogumelo do sol, ginseng coreano vermelho, mistura Sambu, Canova e boldo do Chile são algumas das substâncias consumidas. Segundo Monassa, grande parte destes medicamentos consegue melhorar o sistema imunológico e aliviar a depressão das pessoas soronegativas. Eles só não podem ser usados pelos portadores do HIV/Aids, por interferirem diretamente na ação dos anti-retrovirais. "O problema dos fitoterápicos é que pouco se sabe sobre sua farmacodinâmica (a descrição do que a droga faz no organismo). Quando são processados pelo citocromo P-450, não podem ser indicados para os soropositivos em tratamento com anti-retrovirais", explica o médico. Uso sem orientação é causa de problemas O uso dos fitoterápicos, na maioria das vezes, é feito sem a orientação do infectologista. O portador do HIV/Aids descobre que determinada erva, raiz ou alimento é bom para melhorar o sistema imunológico ou é indicado para combater a Aids, e acaba fazendo uso do produto. O médico só vai desconfiar que algo está acontecendo quando os exames de carga viral e CD4 começarem a apresentar mudanças. "É muito importante que a equipe multidisciplinar esteja atenta a esses tratamentos alternativos. A interação medicamentosa entre os anti- retrovirais e os fitoterápicos deve ser discutida com os usuários dos serviços especializados em DST/Aids, a fim de evitar complicações futuras", recomenda Monassa.

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Ervas podem prejudicar o tratamento anti-retroviral

Profissionais de saúde devem estar atentos ao uso de fitoterápicos Os medicamentos fitoterápicos, produzidos à base de elementos naturais, devem ser usados com cautela pelos soropositivos. A maioria dos produtos à venda como estimulantes imunológicos, antidepressivos e ansiolíticos interage com os anti-retrovirais, garante o médico Marcos Monassa, professor de bioquímica fisiológica da UniRio. Isso porque tanto os medicamentos para Aids quanto os fitoterápicos são metabolizados no fígado, pelo citocromo P-450, e quando administrados concomitantemente acabam concorrendo entre si.

Fitoterápicos são pouco estudados A gama de fitoterápicos usados pelos portadores do HIV é bem vasta. Erva de São João, cápsulas de alho, echinacea purpurea, ginseng, gingko biloba, unha de gato, cogumelo do sol, ginseng coreano vermelho, mistura Sambu, Canova e boldo do Chile são algumas das substâncias consumidas. Segundo Monassa, grande parte destes medicamentos consegue melhorar o sistema imunológico e aliviar a depressão das pessoas soronegativas. Eles só não podem ser usados pelos portadores do HIV/Aids, por interferirem diretamente na ação dos anti-retrovirais. "O problema dos fitoterápicos é que pouco se sabe sobre sua farmacodinâmica (a descrição do que a droga faz no organismo). Quando são processados pelo citocromo P-450, não podem ser indicados para os soropositivos em tratamento com anti-retrovirais", explica o médico.

Uso sem orientação é causa de problemas O uso dos fitoterápicos, na maioria das vezes, é feito sem a orientação do infectologista. O portador do HIV/Aids descobre que determinada erva, raiz ou alimento é bom para melhorar o sistema imunológico ou é indicado para combater a Aids, e acaba fazendo uso do produto. O médico só vai desconfiar que algo está acontecendo quando os exames de carga viral e CD4 começarem a apresentar mudanças. "É muito importante que a equipe multidisciplinar esteja atenta a esses tratamentos alternativos. A interação medicamentosa entre os anti-retrovirais e os fitoterápicos deve ser discutida com os usuários dos serviços especializados em DST/Aids, a fim de evitar complicações futuras", recomenda Monassa.

NOTAS

Farmácia Popular do Brasil da desconto de até 85%

Programa do Ministério da Saúde disponibiliza 95 medicamentos para as principais doenças

Ao contrário dos anti-retrovirais, que, salvo alguns entraves pontuais,

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estão regularmente disponíveis nas farmácias das unidades de saúde do Brasil, o acesso aos medicamentos para doenças oportunistas não tem sido simples. O Programa Farmácia Popular do Brasil, uma iniciativa do Ministério da Saúde lançada em 2002, pretende minimizar esse problema. Noventa e cinco itens de medicamentos para os principais agravos nacionais estão à venda para a população com descontos que chegam a até 85% do valor registrado nas farmácias comerciais. Atualmente, existem 39 estabelecimentos do Farmácia Popular nos seguintes estados: RS, PR, SP, RJ, GO, BA, PE, CE, PI, PA, AM. A meta do Ministério da Saúde é implementar 500 unidades até 2006. De acordo com o gerente técnico da Fiocruz no Programa de Farmácia Popular do Brasil, Hayne Felipe da Silva, o principal objetivo do Programa é ampliar o acesso a medicamentos para toda a população brasileira. Para comprar na Farmácia Popular, o usuário precisa apresentar uma receita médica da rede pública ou particular e receberá do farmacêutico um atendimento personalizado, baseado no princípio da atenção farmacêutica. Além dos medicamentos para algumas doenças oportunistas, a Farmácia Popular também vende drogas para doenças sexualmente transmissíveis e distribui até 10 preservativos masculinos por pessoa.

SAIBA + http://dtr2002.saude.gov.br/farmaciapopular