és, IE, lind~ -...

1
Não po de ndo do rmir no horror da sepultura Na p odridão Da terra irnmunda e tna, v 'o l\ ã"!re o fcretro chumbado, E clngindo o lençol ao co rpo es verdeado Resuscitou um d ia.. Pairava- lh e no Iabio o ri so ful m i nante . . Com que ou tr ' ora gravou n as crenças Co mo n'um rico espelho a aresta d'um diamante, 'tama nhas sarcasri:os tão Mas era ao mesmo tempo o nso .heroico e b?m Qu e ()S ty rann os p rostrava em rrnsero desmaiO, Riso a que su cede μ o verbo de , . . Com'.) a um tro vão sucede o lampejar ? un; nllo. Do rmira feb rilmenre um longo somno mqu1eto E mqu a nt ó artdàva o r:iund.o a os plano&;- E vinha ver emflrn, d :abolico arch1tecto, O estado da sua obra ao cabo de cem annos . O' rntiro divino, ó monstro da ironia, G..!nio que beus conduz e Satanaz irnpelle, Que esmagas hoje a infame, e escreves no outro Com a tinta do enxurro os versos da Pucc:lle ; T u és feito de luz e feita de baixezas, F ci w de heroicidade e de protervi as más; Corromperam-te a alma os braços das duquezas E encarquilhou-te a face o rir de Satanaz. R'.lsgas ao mundo novo a estrada do futuro Cantando ao mesmo tempo o so rdido dt:b oc he t És como um Juvenal dentro d'um Epicuro, Ó arlequim- títan, Ó N'essc labio mordente esse sornso eterno Faz frio como a ponta aguda d'uma O teu genio, Voltaire, é como o sol do 111vernó, muitfssima luz, mas não aquece nada. Em vão por sobre a paz dos campos desolados Elle entorna do azul seus vivos esplendores: Não cantam rouxinoes nas sebes dos vallados, Não faz nascer o trigo e germi:iar as flôres . E' que soubeste o que é a dôr Que cstalla fibra a fibra os grandes coraçoes; E' que nu nca choras t e, ó Prometheu carcunda, Como D ant e chorou, como chorou Camões , Voltaire, ó rachador de velhos preconceitos, Aos golpes do teu riso, a g.olpes de Caíram sobre a terra athleticos, desfeitos Na florcs(a da noite os cedros do passado . Mataste a tradição, o dogma, o privilegio, Assobiaste a rlr a de nossos paes, E andaste pelo azul, hediondo. sacr!legio ! A correr â pedrada os deuses tmmortacs. Empunhando o alvião terrível da verdade Tu minaste, Voltaire, infatigavelmente O alicerce de bronze á velha sociedade. Do teu riso cruel a onda dissolvente Foi como os vagalhões, arietes do mar, Que cavarp sob a rocha um tão pro fundo abismo Que a rocha quasi fica assente sobre o ar. Tu minaste, Voltaire, a rocha despotismo E depois de ter feito a exca,vação Como fazem no monte as feras sanguinanas, Encheste até á boca essa medonha furna Com barrís de petroleo ,e bombas incendiar!as . E em quanto o níveo pe de Antonieta Da Frarça estrangulava a sL;p!tcante voz 1 Tu lançavas de longe a trag1ca luneta, Velo Fauno cruel, rindo com riso atroz. Até que um dia emfim ex hausto de cansaço, Sentindo sem força as garras de condor, Tu chegaste, Arouet, sem te tremer o braç•J, Ao rastilho da mina o fogo abrasador. Cobriu-se então o azul d' uma tormenta escura , Echoou lugubremente o estrondo do trovão, Viste arder o rastilho até uma certa altura, E foste· te esconder, a rir, na sepultura Mal se ia aproximando a hora da explosão, dia Quando resuscitou, Voltaire ficou attonito Vendo os n9ssos chapeus e as nossas. calças Jjretas, .iVlas como deseja va andar no mundo mcog. nlto , E não ler o seu nome impresso nas gazetas, Oh a necessidade a quanto nos obriga! VoÍtaire o dJplon;iata, o cortezão tafu! Laraou a Juba d'olrõ", a cabeleira antfga E fgi vest(r-se á moda aos arma.zens do Pool. Na se.xta-felra santa os templos percorria . obsei:var os verdadeiro s No dia da pai;<.ã $> ,. ii,b dia . . . Em que faz CQ,risto o .deus d os conteiteiros, ArQ\.õet, ao ver aque)fa estUP.Jcta fa.rçada, Foi acordar Jesus na sua campa ignorada E disse-ll1.e: -.+ * * ver ó Christo estes bandidos. QL1e tã() floridos, Q,ue belfa.s digestões! . O' palido sc_i!fmador . Leva nta-te tanjpa e vem d ah1 comm1go . A ver estes ladrões. Nós vamos passear juntos, de braço dado,, 1'1as \'estir ás prlrriefro um frat;. bem t alha do De fino p.anno inglez, E has de pôr na cabeça este ch.apeu redondo Para ficar gentil, para ficar hediondo Corno qua}quer burguez. O talhe d'um colete, e os pontos d'uma luva, A meno r frioleira, um guarda chuva, Substituíram hoje as regras de Lavatcr: Passando eu por acaso enodoado e rót o, Diriam: «Que chapeu! que pulha! que maroto! · Aquellc homem não tem nem sombras de caractcr Anda, veste a farpella. sim senh or! Muito grotesco és, meu pobre Reç!en:iptor! Vaes a comprometer-me, 6 alma do Diabo! Que figura infeliz, intelrâmepte chata! Pelo menos corrige o laço gr.avata E põe na boutonniere este 1asm1m do Cab()•. Necessitas de ter maneiras delicadas E a arte de diz1.. r uns pequerinos Com chie dístincçfio. Ser Oeus é muito bom; Mas é preciso ser um Deus da fina roda, Úm deus do nosso tempó, um deus da ultima moda, Utn deus petit um deus á Benoiton. Se amanhã por acaso alguem, medita n 'is lo, Te fosse Ex." o Christo- Nos devotos salões do bairro São- Germano, Oh! escandalol oh farçal oh! padre omnipotente! As duquezas, sorrindo aristocratamente, Achavam-te decerto um Deus provinciano. Saiamos para a rua. A gente de Porque consta que out ' ora um um brur.,. Se deixara mo r rer pregado n'um madeiro, E hoje em memoria d' isto os paes compram ás Tres caixas àe pastilhas a loja d'um doceiro. Quanta mulher formosa ahi n'esses balc ões! Que lindas tentações, Meu palido judeu! Deixa por um instante as regiões serenas; Namora estas pequenas Que clias hão de gostar teu perfil hebreu·. Arranja um casamento e aprenàe a ter juizo •. A noiva pouco ímporta_j o dote é .que é preciso Discutil -o. Olha lá, os paes que seism velhos! .•• Que para o diubo o da Utopia! E hão de te nomear soclo da academia E, quem sabe! Talvez barão dos Evangelhos. Penetremos na egreja a ver esta fa rçada . Uns entram para ver a casa iluminada, Ós dandys é por ph·io, os velhos por Çstes é para ouvir t.ocar umas quadnlhas, . E os outros, que sei eu! ... para vender as filhas, Para matar o tempo ou arranjar namoro. · 1;.á vae o prégador dizer a sermonata r Tossiu, cuspíu, sorriu, bebeu a sua orchata E começa a fa zer. Tem uns bonitos dentes. E com gesto fecundo e voz amaneirada Recita uma enfiada De tropas excellentes. Acabou-se. O auditoria Gos to u do farelorio Como gostamos nós. Soltam-se exclamações por entre algum rumor: -Muito bem! Muito bem! -E' um gnmde prégador ! ...:_ - Foi um rico sermão 1- E que bonita vo-r) 1 · E é esta a tua casa, ó meu pobre Jesus! Não te bastou a cruz, Era prq:iso o altar. Que destino cruel, que tragica ironia! Nasces na estrebaria. Vives no lupanar! 1 Desfila pela rua immensa multidão. Saiu a procissão; Paremos um instante. E' curioso isto, Que farças imbecis, que velhas pompas mudas! vae fegando ao pa li o o teu amigo Judas, Que est , como tu vês, commendador de Chrístol Os anjos theatrae .s c;iminham Com azas de galão .feitas expressamente Nas lojas de Paris. :Pobres anjos do ceu ! querem nrnrt yr isal-os 'l Vão cheios de suor e apertam-lhes os calos As botas de verniz. Agora pa§sas tu n 'um palanquim bordado Cotracfo l Muito trabalho tem quem faz religiões 1 Repara corno vaes, olha ql!e bela tunica 1 E' pavorosa, é uni. ca 1 Ofer cc eu-t'a um burgue z n'um dia d"eleições. E atra z do velho andor e a traz das velhas Vão desfil ando agora os esquadrões das tropas Com marciaJ. Tu que amavas os bo 'ns, os simples e as cr eançaS', Seguido como reis d'um matagal de lanças , Meu pobre general ! Terminou a função. E' negr o o firmamento. Ai que aborrecimento! f J 1. E á noite, a esta hora, uns padres se!11 batinar De certo não virão prégar concubinas O 6. 0 mandamentof , Os teus guardas fieis da 1 roucos de cantar um velho cantochao, Deixam-te no templo e .só. 1 Uns vieram beijar as carnes prost.1tu1das, . , \E os outros foram ler no ás escondidas. Roma n ces de Bellot. I E, como a noite é ! f.. branca lua p as sa, 1 ostcntan<lo na fronte a patí,dez devassa , D 'uma Infeliz mulher. Quando tudo ferme nta e tudo anda de rastros i.Já o deve :1dmirar que a che gue aos astros ·E precisem t arnbem xaro.pe de Gibert. 1 [\leu Pae, vamos cear. E' qua si madrugada: E' a hora do tom. a ho ra consagrada l Para os ric os festins á viva lu.z do gqz. E' a hora da morte, a hora do atau.de, . E a mesma em que rcpousq. a cand1da virtude Nos braços de Faublas. ! Anda, nãG tenh;is medo, entr a na. ;estaura nte. A sala está repleta. A purpura br 1Jnante D os desej os inftamma os sonhos ten ,tadores. ,O champanhe sacode os crar:e? s ·E os crimes scnsuaes e os v1cios delicad_os Rompem n 'um turb ilhao de venenos as flóres. O punch, iluminando as faces cad.aver.icas, Faz-nos imagina r as saturnacs ch1mt(_r1cas . Que á noite deve na mo r gue de Aonde as cortezãs, mais ro:iqi.s que 1:ts v10letas, Ao luar cantarão as verdes cançonetas Das podrldóes gentis. Voltciam pelo ar os ditos picarescos, El11.sticos febris dàidos, flJnambulescos, Como de l\.1z vesti4os de Dançando, tilintando os :irge'.1,tinos, Fazendo á. luz do gaz _l 1bertmos Com o riso cruel das alucrnaçoes. Ceiêmos. Manda vir as coisas que preferes; E que nos vão buscar duas ou tres mulheres, Que as ha perto, d'aqu í i .. O mais, pede por boca, o meu mestreJ Mas escuta , olha lá, não . peças mel .silvest.re, Porque se não usa e nem-se de t1. E agora é destampar a rubra Be be pragueja, ri, Ín'fenta, mostra que tens espírito, ladrão! . Não quero vêr chorar os olhos teus canalha com grll.ça, infame com bons d nos , Yamos, sensaborão! Conta - nos em voz alta historias bem galantes, irritantes, Vergo nhas sensuaes, . . Adulter ios da moda e&candalos, m1senas . Tudo isto , se vê,' com optimas pilher ias, Bastante orig inaes. - -... .. . "fu precisas perder esS·':! te u ar E um certo horror ao v1c10, D' um pedantismo ignaro ; Fo rm o sura sem vicio ê coisa que não tenta; O vicio, meu amigo, é bom como a pimenta, E o defeito que tem é s er um po uco caro. Conv e rsemos , alegra a tua fronte augusta, espirituoso, in venta, o te custai ... U ma infamia qualquer mu1t1ss1mo ..• Tens um amigo? bem, vamos Tens amantes-? melhor, eu dou-te o meu cavalo E d:is-me a mais formosa . Pare ce que o rubor te vac sub indo ás faces .•• O' Filho, não me masse 3! O' Filho, tem pleáade! D<:ixa- te de sermões; no fim de cu Sou muito bom christ ão .. .. um p.ovc:Ocl1iQho at heu . Como um christ.áo qualquer da fina s oc iedade . Sai amos; rompe a aurora. A burguczla do rme. Com o g,iboia enorme . Que resona depq_is de dev?rar um toiro; O' glboia feliz, ó burguez1a, 6 pança, Dorme cpm segurança Que a forca es de guarda aos teus bezerros d'oiro. E chama- se P rogresso, 6 Deys, ! Isto é o cinismo alyar cm pêllo, a desftlada, E' a prostit1:1fção ignobi l da mu_ lher, . São desejos brutaé$, é carne em org ia, Emfim a saturnal da podre burguezu,i , Que re za como o papa e ri como Voltaire, I\Io rrendo o velho Deus, o vellrn Deus tirano , Este mundo burgucz, catholico-romano Encontrou-se sem fê, sem dogma, sem moral; A just iça era elle o Padre-omni pot ente; Esse padre mo rreu; simplesrh cnte Um unico evangelho-o c od1 go pena l. 0' meu Je sus , que tedio 1 Para pod er dormir, para poder cear, Que ha de a gente fazer? vamos ao lupan ar , A consciencia humana é um mon te de 9estrnços, Tu odeias de certo estas casacas .o ha outro remedio . Foram- se as orações, foram-se os padre-nossós, tvlas não quero, Jésus, q_u.e me c_:imprometas Tombou a tombou o ceu, tombpu o altar; Com esse bala· ndrau mu;t1ss1mo ratao. . 'h E 0 ve11 10 De'us-castº1go e o \'e\bo Del.ls-reccló · · l. d · 1 em me visse Ali tens, meu amib 0 o, os conegos verrnc1 os 1 Se eu tosse a.o . evar comtigo e ª gu . 1 E' simplesmen te um !rei .o , N . h .. d t ' ninguem oh canalh1ce l gue ro. stos joviaes, brunidos e.orno cspe hos, 1 rnguern ° ' .. ur ? om · 1 ' - ue riso deboch ado e gesto vinolento ! Para conter a raiva á besta popular · apertaria a mão! ___ ...... , ,.._,,.,_ ...... _ .- : ™""""'"""""' _____...... _... w:: :i..:c. <""'" 0 ....... ,,.,..., -- •· b 1 .• ct· Jl s ' d R ºb f de r o senhor disoõe -Teaho-as. .li J;i1 :r .""t.:r°""t:iil""f'1T"1\ff fo ;xe de ram os píahelro, que se.feliz .e em_ oii cJm-, _ . vem, ?sse e a. ennor e 1 as. te· . ortunn eno rme . v A crassa burguezia , e$ sa récua fradesca, Opipara, animal, . Namora a Deusa.carne, e àdora o Deus- milhão; E as almas, fermen t ando assim n' esta i mpu r eza,, Resvalam senfüa es do le ito para a meza Da meza para o chão. Vendem-se a pes o d 'oJro as languidas donzelas, l\lais torpes qúe as cac;i el as Que ao menos dãC? di) gra o liberti no a.mor, E o Dever, a Saod e, o Just o, o Verdade;ro, · Esses ri cos metaes fundem -s e no brazei ro D'urn sensuai ísmo espesso, atroz, de vo rador. A agi o tagem, a bolsa, a cotação dos fundo s E' o princip io doruinador dos mund os , E' um sangue vítaf, forte com o o .. Engordae, engordae, 6 b ra vos homens Que serv is para dar esterco aos ccrn 1 tenos E musi ca a Oft'enbak. A vergonha morreu, a dignidade foi-se : O n.wndo oficial é um verd ade!ro alc oi.ce, E a plebe fripud i ando em homdas org ia s Lança sobre o Di_r eito um pustulento E ace n de a po n ta do c igarro Na foauei'ra aue abraza o LoUi re e as Tulherias . b .l A familia é um borde l. Os leitos sensuaes São ver dade iramente esgotos seminaes, Eroticas lat r inas, Onde entre o tu1 p ultuar d 'um debQ ch ado gvso Se fabrica de noite o sangue escrofu foso Das raç as libertinas . Ca lemo-nos. Eu o iço as fo rradur as de Argus E' a Ordem e a Le i; correm a trotes largos ; \"êcm n'esta direcçã o, esconde -te l\l titamo-nqs aqui n'um beco, anda 11 ge1ro! . Qu e, se quem és, meu Ye lho petro leiro , l\fandam-te pe ndurar seg u nda vez na cruz. ·E agora, Fi lho , adeus. Eu vou dormir um poucu, E tu , meu pobre louco, Desc an ça i nda que seja um br ' ev'e quarto . d'h ora; Tingem-se de v erme lho as ba .n das Onente , E' ho je a Alíeluia, e Tens de resu scita.r logo ao romper d'aurora . . . . .. . . . . . . .. . . . . ....... . . . . . ................ ' . .. . A noi te era sinistra. Os vento s a gal ope Resfol egavam c:).mo 'l$ forjas. d'um ciclope Com uiv os de alienado e ru gido s de feras. E o mar brami a ao l onge at hleq co, Qual marmlta pr o funda a fen-er trovepnte Sobre cem mil cratera s. E Christo foi andand o errante, vagabu ndo Atr"1.ve z d'cs sa v asta impcr;Hriz do mundo, Opu len ta Go rnorra hidropiça de \'icio, Que Deus não enxo frou take z, c omo costunu, P orque, além de estar caro o enxofre, em su rn;;i a ,,. -:Já pQ_4e em fogos E elle ia vendo os mil palacios portentos os a besta dormia, ebrla de go s os, Um in efavel so mn o, E m q uanto que a mizeria anonima esfaimada A's tres da madrugada, Disputava o jantar no enxurro aos cães sem d on) . As altas cathedraes, ao n de a burguezia Vae arrotar um p ouco á missa do meiq dia, T inham como que o ar d 'um theatró tedrndo , O aspecto mercantil d'um arma zem co losso Em que Deus ao balcão Yende os dogmas por grossJ E o o por ata cado. .............................. ... ............ ' ....... ' Arrazou-se de pr<l n to o olhar do Naza reno, Aquell e o lhar profundo, aquelle olhar ser eno Que ou.tr'ora deu a)livio a tantos c orações, E a linha virgi nal do seu perfil sua ve apre s entand l? o aspecto mudo e grave Das nobres affücções . E marmoreo, espectral , com p. som.bd.:i, Banhado no su or sa ngrento . da agonia Foi deitar-se ou tra vez na leiva turpuJªr, Athleta que e xpirou tranzido de mil dôres E quer dormir, dormir entre as hervas e as flo res Onde escorre pied osa a branca luz do luar. E quando a chri stan da de á vol ta do meio dia . - Çotreu ao templo a vêr o en tren:ez da Alleluia , Em togar d 'um ba nal de c1d o ra 111a Su bindo ao firmamer •:o , D' o lh os a zue s n'urn o d'anll, tunica ao ve nto, So bre nuvens de glo ria e de algodão em rama . Viu-se na tela um Chri sto cm furi a, um v is ion:ui-.. 1'ruc'ulento, tebril, co lerico , in-.:c nd ía .,ri o: Corno que um saltead o.r fugido Na boçba um.a blasfem 1a e no u111 ar cho te, da egrejà ós cb r ist ãos a Ç,. fl tCQt e É expulsando do altar o pap a a pontapés ! Guer:ra J unaueiro . l.

Transcript of és, IE, lind~ -...

Page 1: és, IE, lind~ - hemerotecadigital.cm-lisboa.pthemerotecadigital.cm-lisboa.pt/EFEMERIDES/Junqueiro/OEscritor/... · Mas era ao mesmo tempo o nso .heroico e b?m Que () ... que sei

Não podendo dormir no horror da sepult ura Na podridão escur~,

Da terra irnmunda e tna, v 'ol\ã"!re ~espedaçando o fcretro chumbado, E clngindo o lençol ao co rpo esverdeado

Resuscitou um d ia..

Paira va-lhe no Iabio o riso ful minante . . Com q ue outr' ora gravou nas crenças vir~maes, Como n'um rico espelho a aresta d'um diamante, 'tamanhas abjec~ões, sarcasri:os tão ~rutaes. Mas era ao mesmo tempo o nso .heroico e b?m Que ()S ty rannos prostrava em rrnsero desmaiO, Riso a que sucedeµ o verbo de Dan.t~ou , . . Com'.) a um trovão sucede o lampejar ? un; nllo. Dormira feb rilmenre um longo somno mqu1eto E mquantó artdàva o r:iund.o a exe~utar-lhe os plano&;­E vinha ver emflrn, d:abolico arch1tecto, O estado da sua obra ao cabo de cem annos.

O' rntiro divino, ó monstro da ironia, G..!nio que beus conduz e Satanaz irnpelle, Que esmagas hoje a infame, e escreves no outro Com a tinta do enxurro os versos da Pucc:lle ; T u és feito de luz e feita de baixezas, F ci w de heroicidade e de protervias más; Corromperam-te a alma os braços das duquezas E encarquilhou-te a face o rir de Satanaz. R'.lsgas ao mundo novo a estrada do futuro Cantando ao mesmo tempo o so rdido dt:boche t És como um Juvenal dentro d'um Epicuro, Ó arlequim-títan, Ó semi-deus-g~vroche. N'essc labio mordente esse sornso eterno Faz frio como a ponta aguda d'uma es~ada; O teu genio, Voltaire, é como o sol do 111vernó, Dá muitfssima luz, mas não aquece nada. Em vão por sobre a paz dos campos desolados Elle entorna do azul seus vivos esplendores: Não cantam rouxinoes nas sebes dos vallados, Não faz nascer o trigo e germi:iar as flôres . E' que n~rnc::a soubeste o que é a dôr pro~unda Que cstalla fibra a fibra os grandes coraçoes; E' q ue nunca choraste, ó Prometheu carcunda, Como Dante chorou, como chorou Camões, Voltaire, ó rachador de velhos preconceitos, Aos golpes do teu riso, a g.olpes de 1\-~achado Caíram sobre a terra athleticos, desfeitos Na florcs(a da noite os cedros do passado. Mataste a tradição, o dogma, o privilegio, Assobiaste a rlr a fé de nossos paes, E andaste pelo azul, hediondo. sacr!legio ! A correr â pedrada os deuses tmmortacs. Empunhando o alvião terrível da verdade Tu minaste, Voltaire, infatigavelmente O alicerce de bronze á velha sociedade. Do teu riso cruel a onda dissolvente Foi como os vagalhões, arietes do mar, Que cavarp sob a rocha um tão profundo abismo Que a rocha quasi fica assente sobre o ar. Tu minaste, Voltaire, a rocha despotismo E depois de ter feito a exca,vação noc~uri:a, Como fazem no monte as feras sanguinanas, Encheste até á boca essa medonha furna Com barrís de petroleo ,e bombas incendiar!as . E em quanto o níveo pe sober~o de Antonieta Da Frarça estrangulava a sL;p!tcante voz1 Tu lançavas de longe a trag1ca luneta, Velo Fauno cruel, rindo com riso atroz. Até que um dia emfim exhausto de cansaço, Sentindo já sem força as garras de condor, Tu chegaste, Arouet, sem te tremer o braç•J, Ao rastilho da mina o fogo abrasador. Cobriu-se então o azul d 'uma tormenta escura, Echoou lugubremente o estrondo do trovão, Viste arder o rastilho até uma certa altura, E foste· te esconder, a rir, na sepultura Mal se ia aproximando a hora da explosão,

dia

Quando resuscitou, Voltaire ficou attonito Vendo os n9ssos chapeus e as nossas. calças Jjretas, .iVlas como desejava andar no mundo mcog.nlto, E não ler o seu nome impresso nas gazetas, Oh a necessidade a quanto nos obriga! VoÍtaire o dJplon;iata, o cortezão tafu! Laraou a Juba d'olrõ", a cabeleira antfga E fgi vest(r-se á moda aos arma.zens do Pool. Na se.xta-felra santa os templos percorria . Volt~Jrc p~r<\ obsei:var os crent~s verdadeiros No dia da pai;<.ã$>,. ii,b ~y,.tuos-0 dia . . . Em que sé faz d~ CQ,risto o .deus dos conteiteiros, ArQ\.õet, ao ver aque)fa estUP.Jcta fa.rçada, Foi acordar Jesus na sua campa ignorada E disse-ll1.e:

• -.+

* * -~Anda ver ó Christo estes bandidos.

QL1e ro~tos tã() floridos, Q,ue belfa.s digestões! .

O' palido Je~~s, :~- sc_i!fmador ~nt1.go, . Levanta-te dá tanjpa e vem d ah1 comm1go.

A ver estes ladrões.

Nós vamos passear juntos, de braço dado,, 1'1as \'estirás prlrriefro um frat;. bem talhado

De fino p.anno inglez, E has de pôr na cabeça este ch.apeu redondo Para ficar gentil, para ficar hediondo

Corno qua}quer burguez.

O talhe d'um colete, e os pontos d'uma luva, A menor frioleira, um simpl~s guarda chuva, Substituíram hoje as regras de Lavatcr: Passando eu por acaso enodoado e róto, Diriam: «Que chapeu! que pulha! que maroto!· Aquellc homem não tem nem sombras de caractcr !»

Anda, veste a farpella. A~ora, sim senhor! Muito grotesco és, meu pobre Reç!en:iptor! Vaes a comprometer-me, 6 alma do Diabo! Que figura infeliz, intelrâmepte chata! Pelo menos corrige o laço ~a gr.avata E põe na boutonniere este 1asm1m do Cab()•.

Necessitas de ter maneiras delicadas E a arte de diz1.. r uns pequerinos nada~ Com chie ~ dístincçfio. Ser Oeus é muito bom; Mas é preciso ser um Deus da fina roda, Úm deus do nosso tempó, um deus da ultima moda, Utn deus petit çrev~, um deus á Benoiton.

Se amanhã por acaso alguem, medita n 'is lo, Te fosse apresent~r-Sua Ex." o Christo-Nos devotos salões do bairro São-Germano, Oh! escandalol oh farça l oh! padre omnipotente! As duquezas, sorrind o aristocratamente, Achavam-te decerto um Deus provinciano.

Saiamos para a rua. A gente and~. de l~to, Porque consta que out 'ora um v1siona~io, um brur.,. Se deixara morrer pregado n'um madeiro, E hoje em memoria d ' isto os paes compram ás füria~

Tres caixas àe pastilhas a loja d'um doceiro.

Quanta mulher formosa ahi n'esses balcões! Que lindas tentações, Meu palido judeu!

Deixa por um instante as regiões serenas; Namora estas pequenas

Que clias hão de gostar dó teu perfil hebreu·.

Arranja um casamento e aprenàe a ter juizo •. A noiva pouco ímporta_j o dote é .que é preciso Discutil-o. Olha lá, os paes que seism velhos! .•• Que vá para o diubo o r~ino da Utopia! E hão de te nomear soclo da academia E, quem sabe! Talvez barão dos Evangelhos.

Penetremos na egreja a ver esta fa rçada. Uns entram para ver a casa iluminada, Ós dandys é por ph·io, os velhos por ~~côro; Çstes é para ouvir t.ocar umas quadnlhas, . E os outros, que sei eu! ... para vender as filhas, Para matar o tempo ou arranjar namoro.

· 1;.á vae o prégador dizer a sermonata r Tossiu, cuspíu, sorriu, bebeu a sua orchata E começa a fazer. Tem uns bonitos dentes. E com gesto fecundo e voz amaneirada

Recita uma enfiada De tropas excellentes.

Acabou-se. O auditoria Gostou do farelorio Como gostamos nós.

Soltam-se exclamações por entre algum rumor: -Muito bem! Muito bem! -E' um gnmde prégador ! ...:_ - Foi um rico sermão 1- E que bonita vo-r)1 ·

E é esta a tua casa, ó meu pobre Jesus! Não te bastou a cruz, Era prq:iso o altar.

Que destino cruel, que tragica ironia! Nasces na estrebaria. Vives no lupanar!

1 Desfila pela rua immensa multidão. Saiu a procissão;

Paremos um instante. E ' curioso isto, Que farças imbecis, que velhas pompas mudas! Lá vae fegando ao palio o teu amigo Judas, Que est , como tu vês, commendador de Chrístol

Os anjos theatrae.s c;iminham lentamen~e Com azas de galão .feitas expressamente

Nas lojas de Paris. :Pobres anjos do ceu ! querem nrnrtyrisal-os 'l Vão cheios de suor e apertam-lhes os calos

As botas de verniz.

Agora pa§sas tu n 'um palanquim bordado Cotracfo l

Muito trabalho tem quem faz religiões 1 Repara corno vaes, olha ql!e bela tunica 1

E' pavorosa, é uni.ca 1 Ofercceu-t'a um burguez n'um dia d"eleições.

E atraz do velho andor e a traz das velhas opa~ Vão desfilando agora os esquadrões das tropas

Com g~ito marciaJ. Tu que amavas os bo'ns, os simples e as creançaS', Seguido como o~ reis d'um matagal de lanças,

Meu pobre general !

Terminou a função. E' negro o firmamento. Ai que aborrecimento!

f J

1.

E á noite, a esta hora, uns padres se!11 batinar De certo não virão prégar ~s concubinas

O 6. 0 mandamentof

, Os teus guardas fieis cl.,~pols da prociss~o ,

1Já roucos de cantar um velho cantochao, Deixam-te no templo aban<l-0nad~. e .só.

1 Uns vieram beijar as carnes prost.1tu1das, . , \E os outros foram ler no q~arto, ás escondidas.

Romances de Bellot.

IE, como a noite é lind~ ! f.. branca lua passa,

1ostcntan<lo na fronte a patí,dez devassa , D 'uma Infeliz mulher. Quando tudo ferme nta e tudo anda de rastros

i.Já não deve :1dmirar que a siphil i~ chegue aos astros ·E precisem tarnbem xaro.pe de Gibert. 1[\leu Pae, vamos cear. E' quasi madrugada: E' a hora do tom. a hora consagrada lPara os ricos festins á viva lu.z do gqz. E' a hora da morte, a hora do atau.de, . E a mesma em que rcpousq. a cand1da virtude

Nos braços de Faublas.

!Anda, nãG tenh;is medo, entra na. ;estaurante. A sala está repleta. A purpura br1Jnante Dos desejos inftamma os sonhos ten,tadores. ,O champanhe sacode os crar:e? s em~riagados, ·E os crimes scnsuaes e os v1cios delicad_os Rompem n 'um turbilhao de venenosas flóres.

O punch, iluminando as faces cad.aver.icas, Faz-nos imaginar as saturnacs ch1mt(_r1cas . Que á noite deve h~ver. na morgue de P~ri:, Aonde as cortezãs, mais ro:iqi.s que 1:ts v10letas, Ao luar cantarão as verdes cançonetas

Das podrldóes gentis.

Voltciam pelo ar os ditos picarescos, El11.sticos febris dàidos, flJnambulescos, Como gn~mos de l\.1z vesti4os de hi,st~iõcs, Dançando, tilintando os g~1zos :irge'.1,tinos, Fazendo á. luz do gaz trej~1tos _l1bertmos Com o riso cruel das alucrnaçoes.

Ceiêmos. Manda vir as coisas que preferes; E que nos vão buscar duas ou tres mulheres,

Que as ha perto, d'aquí i .. O mais, pede por boca, o meu divm~ mestreJ Mas escuta, olha lá, não .peças mel .silvest.re, Porque já se não usa e nem-se de t1.

E agora é destampar a rubra fanta~ia! Bebe pragueja, r i, Ín'fenta, c~lum91~, And~! mostra que tens espírito, ladrão! . Não quero vêr chorar os olhos teus contn~tos; Sê canalha com grll.ça, infame com bons dnos,

Yamos, sensaborão!

Conta-nos em voz alta historias bem galantes, s~gredos irritantes, Vergonhas sensuaes, . .

Adulterios da moda e&candalos, m1senas . Tudo isto, já se vê,' com optimas pilherias,

Bastante orig inaes. ~j - -... .. .

"fu precisas perder esS·':! teu ar d~ ~dvent1c10 E um certo horror ao v1c10, D 'um pedantismo ignaro ;

F ormosura sem vicio ê coisa que não tenta; O vicio, meu amigo, é b om como a pimenta, E o defeito que tem é ser um p ouco caro.

Conversemos , alegra a tua fronte augusta, Sê espirituoso, inventa, o 9~1e. te custai ... U ma infamia qualquer mu1t1ss1mo eng~nhosa . . • Tens um amigo? bem, vamos c~lummal-o; Tens a mantes-? melhor, eu dou-te o meu cavalo

E d:is-me a mais formosa .

Parece que o rubor te vac subindo ás faces .•• O' Filho, nã o me masse3! O' Filho, tem pleáade!

D<:ixa-te de sermões; no fim de ~ont~s cu Sou muito bom christão . ... um p.ovc:Ocl1iQho atheu . Como um christ.áo qualquer da fina sociedade.

Saiamos; rompe a aurora. A burguczla dorme. Como g,iboia enorme .

Que resona depq_is de dev?rar um toiro; O' glboia feliz, ó burguez1a, 6 pança,

Dorme cpm segurança • Que a forca está de guarda aos teus bezerros d'oiro.

E chama-se Progresso, 6 Deys, ~sta f~rçada ! Isto é o cinismo alyar cm pêllo, a desftlada, E' a prostit1:1fção ignobil da mu_lher, . São desejos brutaé$, é carne em ple~a orgia, Emfim a saturnal da podre burguezu,i , Que reza como o papa e ri como Voltaire,

I\Iorrendo o velho Deus, o vel lrn Deus tirano, Este mundo burgucz, catholico-romano Encontrou-se sem fê, sem dogma, sem moral; A justiça era elle o Padre-omnipotente; Esse padre m orreu; ficou-no~ simplesrhcnte Um unico evangelho-o cod1go penal. 0 ' meu Jesus , que tedio 1

Para poder dormir, para poder cear, Que ha de a gente fazer? vamos ao lupanar, A consciencia humana é um mon te de 9estrnços,

Tu odeias de certo estas casacas pr.~tas, Nã.o ha outro remedio. Foram-se as orações, foram-se os padre-nossós, tvlas não quero, Jésus, q_u.e ~u me c_:imprometas Tombou a fé tombou o ceu, tombpu o altar; Com esse bala·ndrau mu;t1ss1mo ratao. . 'h E

0 ve11

10 De'us-castº1go e o \'e \bo Del.ls-reccló · · l . d · 1 em me visse Ali tens, meu amib0 o, os conegos verrnc1 os 1

Se eu tosse a.o. ~ou evar comtigo e ª gu . • 1 E' simplesmen te um !rei.o, N. h fl~ .. d t ' ninguem oh canalh1cel gue ro. stos joviaes, brunidos e.orno cspe hos, 1

rnguern ° ' .. ur ? om · 1

' - ue riso debochado e gesto vinolento ! Para conter a raiva á besta popular · ~le apertaria a mão! ___ ...... =~-=. , ,.._,,.,_ ...... _.-: ™""""'"""""' _____......_... w:: :i..:c. ™

<""'"

0

.......,,.,..., -- •· b 1.• ct· Jl s ' d Rºb f de r · au ~ o senhor disoõe -Teaho-as. --~-.li J;i1 :r .""t.:r°""t:iil""f'1T"1\ff 1 u1~ fo ;xe de ramos ~; píahelro, que se.feliz ~e~ enco~trar, .e em_ ~o oii cJm-, _ . vem, ?sse e a. ennor e 1 as. te· . ortunn enorme . v

A crassa burguezia , e$sa récua fradesca, Opipara, animal, sileni~a, srotesç~, . Namora a Deusa.carne, e àdora o Deus-milhão; E as almas, fermen tando assim n' esta impureza,, Resvalam senfüaes do leito para a meza

Da meza para o chão.

Vendem-se a peso d 'oJro as languidas donzelas, l\lais torpes qúe as cac;ielas

Que ao menos dãC? di) graça o libertino a.mor, E o Dever, a Saode, o Justo, o Verdade;ro ,

·Esses ricos metaes fundem-se no brazeiro D 'urn sensuai ísmo espesso, atroz, devorador.

A agiotagem, a bolsa, a cotação dos fundos E' o principio r~i doruinador dos mundos, E ' um sangue vítaf , forte como o ~ognac . . Engordae, engordae, 6 bravos homens ~eno$, Que servis para dar esterco aos ccrn1tenos

E musica a Oft'enbak.

A vergonha morreu, a dignidade foi-se: O n.wndo oficial é um verdade!ro alcoi.ce, E a plebe fripud iando em homdas org ias Lança sobre o Di_reito um pustulento ~scarro, E acende cam~aleando , a po nta do cigarro Na foauei'ra aue abraza o LoUi r e e as Tulherias. b .l

A familia é um bordel. Os leitos sensuaes São verdadeiramente esgotos seminaes,

Eroticas lat rinas, Onde entre o tu1p ultuar d 'um debQchad o gvso Se fabrica de noite o sangue escrofufoso

Das raças libertinas .

Calemo-nos. Eu o iço as fo rraduras de Argus E' a Ordem e a Lei; correm a trotes largos; \"êcm n'esta direcção , esconde-te Je~µs.! l\ltitamo-nqs aqui n'um b eco, anda 11ge1ro! . Que, se s~bem quem és, meu Yelho petroleiro, l\fandam-te pendurar segunda vez na cruz.

·E agora, Filho, adeus. Eu vou dormir um poucu, E tu , meu pobre louco,

Descança inda que seja um br'ev'e quarto.d'h ora; Tingem-se de vermelho as ba.ndas ~o Onente, E' hoje a Alíeluia, e necessanament~ Tens de resuscita.r logo ao romper d'aurora.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................ ' ... . A noite era sinistra. Os ventos a galope Resfolegavam c:).mo 'l$ forjas. d'um ciclope Com u ivos de alienado e rugidos de feras. E o mar bramia ao longe athl eqco, e~pumante:t Qual marmlta profunda a fen-er trovepnte

Sobre cem mil crateras.

E Christo foi andando errante, vagabu ndo Atr"1.vez d'cssa vasta impcr;Hriz do mundo, Opulenta Gornorra hidropiça de \'icio, Que Deus não enxofrou takez, como costunu, Porque, além de estar caro o enxofre, D~~s. em surn;;i a

,,. -:Já ~~~ pQ_4e ~r-ak"lar-se em fogos ~·.art111c10.

E elle ia vendo os mil palacios portentosos Ond~ a besta feli~ dormia, ebrla de gosos,

Um inefavel so mno , E m q uanto que a mizeria anonima esfaimada

• A's tres da madrugada, Disputava o jantar no enxurro aos cães sem d on).

As altas cathedraes, aonde a burguezia Vae arrotar um pouco á missa do meiq d ia, T inham como que o ar d 'um theatró tedrndo, O aspecto mercantil d'um armazem colo sso Em que Deus a o balcão Yende os dogmas por grossJ

E o céo por atacad o.

.............................. ... ............ ' ....... ' Arrazou-se de pr<l n to o olhar do Nazareno, Aquelle o lhar profundo, aquelle olhar sereno Que ou.tr'ora deu a)livio a tantos corações, E a linha virginal do seu perfil suave Turbou-s~, apresentandl? o aspecto mudo e grave

Das nobres affücções.

E marmoreo, espectral, com p. front~ som.bd.:i, Banhado no suor sangrento .da agonia Foi deitar-se outra vez na leiva turpuJªr, Athleta que expirou tranzido de mil dôres E quer dormir, dormir entre as hervas e as flores Onde escorre piedosa a branca luz do luar.

E quando a christandade á vol ta do meio dia. - Çotreu ao templo a vêr o entren:ez da Alleluia ,

Em togar d 'um J~us. bana l de c1dora111a Subindo ao firmamer •:o ,

D'olhos a zues n'urn céo d'anll, tunica a o vento, Sobre nuvens de glor ia e de algodão em rama .

Viu-se na tela u m C h risto cm furia, um vision:ui-.. 1'ruc'ulento, tebril, co lerico, in-.:cnd ía.,rio: Corno que um salteado.r fugido q~s gal~ s, Na boçba u m.a blasfem1a e n o olb~r u111 archote, ~xpufs.ando da egrejà ós cb r ist ãos a Ç,.fl tCQte É expulsando do altar o papa a pontapés !

Guer:ra J unaueiro. l.