esacto.edição.24

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Edição nº 24 Janeiro de 2012 Preço: 0.30 esas. Sintomas da Crise Crónica de um Ignorante Crise não é a primeira, não será a última O Dia da Ciência InDiálogo com Afonso Estorninho Crise: Uma Menina Indisciplinada Crise. Quem é ela ? A crise por Albert Einstein Tertúlias sobre a crise Para ver, ler, ouvir A crise explicada por burros Workshop Speak Out Challenge 2012 Deputando ...

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Edição

nº 24 J

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o: 0.30

esas.

Sintomas da CriseCrónica de um IgnoranteCrise ­ não é a primeira,não será a últimaO Dia da CiênciaInDiálogo com AfonsoEstorninhoCrise: Uma MeninaIndisciplinadaCrise. Quem é ela ?A crise por Albert EinsteinTertúlias sobre a crisePara ver, ler, ouvirA crise explicada porburrosWorkshop Speak OutChallenge 2012Deputando ...

In Diálogo comAfonso Estorninhosobre a Crise 2012

Inclui suplemento"InESA Especial"

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Editorial

Um viva à Sra. Crise! Digamos­lhe um olá! O ano 2011foi­se, o ano 2012 chegou, e a crise permanece eaperta­nos, cada vez mais contra si, num abraço sincero.Nunca a vimos, nunca a olhamos nos olhos, mas já asentimos muito bem. Resta saber se ela chegou sozinha, ouacompanhada da irmã crise de valores, do primo crise deimaginação e outros membros da família. Porém, não é ela aprimeira, não é ela a última, soluções terá. Inspira­te, ESA evai à procura das que te parecem mais plausíveis.O ESActo também não fica indiferente a essaquestão e, como tal, apresenta uma edição especial paracombater não tanto a crise económica­financeira, como acrise de consciência. A consciencialização de um problemaé o primeiro passo para a sua resolução. Não veja estaedição como o manual de instruções para a recuperaçãoeficaz do país, mas ela servirá perfeitamente para observar oproblema de um ângulo mais criativo, simpático. Aredacção do ESActo acredita que a boa disposição ajudará aprocurar a saída mais próxima deste emaranhado depreocupações políticas e não só. Então, porque não tentarentender a génese da crise com base numa história sobreburros, imaginar a bem­dita da Sra. Crise ou ouvir osheterónimos de Fernando Pessoa a tertualiar sobre oassunto? Porque não colocar as dúvidas e receios a umprofessor de economia na 1ª pessoa?Por fim, para comprovar que a ESA se encontra forada área de influência de qualquer tipo de crise, o ESActolança um suplemento “Especial ESA 25” com pormenoresacerca do encerramento das comemorações de um quarto deséculo de trabalho da nossa escola!

O ESActo deseja boas leituras e um próspero ano de2012 a todos os leitores.

SSeejjaamm EESSAAccttooss!!

Coordenadora do ESActoOlga Dryuchenko

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AA SSrraa.. CCrriissee!!

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Para reflectir

Diz­se que as crises sociaisoferecem oportunidades detransformação pessoal,económica e de costumes.Trazem também doenças. Numasituação de crise, as doenças, ouos sintomas que as precedem eacompanham, ocorrem emcascata, exponencialmente, numaprogressão vertiginosa, sendo umdos canais de contágio aformação de ideias alimentadasobsessivamente, com requintessado­masoquistas, no espaçopúblico de discussão, até setornarem crenças geradoras detendências depressivas quedebilitam o organismo. Outrocatalisador de doenças é a fome,mal que julgáramosdefinitivamente escorraçado doventre da Europa, a fome quearrasa o optimismo bacoco dasdemocracias liberais e a crençailuminista no progresso moral ematerial da humanidade.Se pudéssemos desenhar uma

cartografia dos movimentoscorporais de quem sofre asconvulsões destes períodoscríticos, veríamos umafunilamento dos gestos, ou,inversamente, gestos bruscos,agressivos, que fendem o ar eprocuram confinar o outro numespaço restrito, uma tendênciapara a imobilidade, ou ainda umaconvergência de linhas que surgeda procura do confortoproporcionado pelos grupos depertença dos indivíduos, tudoisto correspondendo a umretraímento e reação de defesa doorganismo (António Damásio,Ao encontro de Spinoza). Asdeslocações são em menornúmero, mais curtas etendencialmente retilíneas,devido à poupança de recursos eao pensamento pragmáticodominante, nada dado a desviosde percurso improdutivos.Do ponto de vista da fisionomiae aparência humana, o espectro

das cores do vestuário érepetitivo, desbotado, as roupastrazem mais borbotos. A posturaerecta tende a ceder ao peso dagravidade (dá a impressão que aspessoas caminham de olhos nochão, em busca de algoprecioso), os cabelos, amiúdedesgrenhados e até empastados,exibem teimosamente faixasbrancas, cavam­se olheirassombrias, afincam­se os sulcosdas rugas faciais. Algumaspessoas fitam, com olharincrédulo e desesperado, umponto qualquer do horizonte,dominadas pelo absurdo dainjustiça humana; noutras, osolhos deixam escapar um brilhode sabedoria, como se soubessemexistir um recinto interiorimpenetrável aos acontecimentosdo mundo; há ainda aquelas quesentem uma energia de revolta aenvenenar o sangue, a retesartendões e músculos preparando ocorpo para a luta.

Professor Fernando Carvalho

SSiinnttoommaass ddaa ccrriissee

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Hoje parece que tenho deescrever sobre a crise. Lá sevai a originalidade. Ao que agoraparece, todos, os capazes desegurar uma caneta, escrevemsobre recessão económica,depressão financeira, insolvênciaempresarial, pacotes deausteridade, dívida soberana eoutros insondáveis mistérios comque nos anestesiam a vida. Nomeu caso, e para ser honesto, nãofaço ideia do que significamalguns destes termos e dosrestantes não percebo o que têma ver com o omnipresentevocábulo, crise. Por isso, antesde me render à escritaverborreica de incompreensíveisconceitos e óbvias constatações,resolvi fazer um trabalho depesquisa e perguntar por aí:afinal o que é a crise?A minha primeira entrevistadafoi uma madame ostensivamentevestida com roupa de marca àmargem das dificuldadesmonetárias. “Crise… pois é meucaro senhor, isto está mau paraeles”, e sem mais palavras queestas vão ficando traiçoeiras(culpa do novo acordoortográfico) entrou para umLexus descapotável quaseperdendo os seus brincos de ouroque, como sempre, não quiseramnada comigo nem com o adágio:achado não é roubado. Sem quenada de novo iluminasse o meuespírito cioso do conhecimentosocioeconómico, decidi inquiriro senhor que arruma os carros,ali na baixa de Albufeira, sempre

munido do seu rolo de papel(feito com um exemplar de ABola do tempo em que o Eusébioainda jogava) envergonhandomaestros e suas batutas. “Ó meu,o que é isto da crise?”. Sorriumostrando o único dente (cujacompanhia devia ser o, palpita­me também único, neurónio maisacima) e replicou: “Sei lá! Isso écoisa da tivisão e prontos … Oque mudou é cagora o cavalotraz mais pó de talco dirivado aessas cenas … tás a ver?”.Embora mais elucidadoprecisava de ouvir novasdefinições. Dirigi­me então aoidoso que há séculos se senta nobanco cativo dos reformados por

baixo das oliveiras famélicas(julgo que aguarda parceiros paraa sueca). “O Sr. desculpe, o queé isso da crise?”. Levantou­se acusto, e ainda dobrado, porque amais não lhe permite a colunavergada pelo novo preço dastaxas moderadoras, retorquiucom voz de rádio AM: “Escute,crise são as dores que ê tenhonos rins e nem éros tenho pósrimédios!”. Zás, aí estava! Fez­se luz! Obrigado bom ancião. Jánão somente sei o que é a crisecomo tenho saída para a mesma.Enfrascam­se os velhos declonix, ben­u­ron e aspirina. Mastêm que ser genéricos porque oEstado tem falta de liquidez.

Fernando José Santos- Assistente

Técnico

CCrróónniiccaa ddee uumm IIggnnoorraannttee

Para reflectir

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Para reflectir

O capitalismo, modeloeconómico que tomoucontrolo do mundo ocidentalconsiste na distribuição eprodução da propriedade privadapara fins lucrativos, livreiniciativa e lei da oferta e daprocura. Este modelo económicofoi introduzido no início doséc.XIX, denominando­se porLiberalismo e identificado porestudiosos como Locke e AdamSmith.No entanto, por mais perfeitoque se pensasse ser o modelo,este também tinha as suas falhas,conduzindo a várias crises decariz cíclico, que se tendiam arepetir ao longo do tempo. Amais devastadora foi a crise de1929, mais conhecida pelo Crashda bolsa de Wall Street, e

considerada, pela longa extensãoe duração das suasconsequências, iniciou os dozeanos de Depressão nos EUA. OCrash da bolsa deveu­se a doistipos de factores: económicos,devido à superprodução deprodutos agrícolas, o que levou auma descida dos preços e deseguida a uma quebra no lucro, efinanceiros, devido àespeculação da bolsa e àfacilitação do crédito (muitasempresas foram à falência).Assim, a taxa de desempregoaumentou, houve uma quebra nopoder de compra e como tal,consequente diminuição doconsumo, acumulação de stocksde produtos excedentários ebaixa acentuada dos preços(deflação). Esta crise

mundializou­se, atingindo todosos cantos do mundo (a Europafoi quem mais sofreu, poisdependia da América e dos seuscapitais para ser reconstruída,devido à destruição provocadapela primeira Guerra Mundial), àexcepção da URSS que,mantendo um modelo deeconomia planificada, não foiafectada por esta crise.Esta crise afectou o mundo nãosó a nível económico mastambém a nível social, dandoorigem a muita descriminação eracismo, desenvolvendo­se umclima de grande tensão ecriminalidade por todo o mundo,levando também a uma crisesocial.

Guilherme Martins

CCrriissee -- nnããoo éé aa pprriimmeeiirraa eennããoo sseerráá aa úúll ttiimmaa

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Por dentroEEnnttrreevviissttaa ccoomm ooss pprrooffeessssoorreess qquuee

oorrggaanniizzaarraamm oo DDiiaa ddaa CCiiêênncciiaa

QQuuaall eerraa aa ffiinnaalliiddaaddee ddeessttee eevveen­n­ttoo??HHeelleennaa NNeettoo:: Este evento vemna sequência da comemoraçãodo dia da divulgação científica,que seria no dia 24 de Novem­bro, mas, por motivos de grevepré­anunciada, foi antecipada pa­ra dia 23 de Novembro que tam­bém esta incluído na semana daciência. Por outro lado, tambémpara comemorar o ano internaci­onal da química. Na nossa escolatemos o hábito de comemorar odia da divulgação científica, esteano anda mais, por causa do anointernacional da química. Umadas razões é tentar incentivar ogosto pela ciência e divulgar oque de bom vai se fazendo aqui.DDaavviidd GGaaggoo:: O tema “Químicacom Alimentos” deve­se ao factode na nossa escola haver um cur­

so profissional de Processamentoe Qualidade Alimentar. Pensa­mos que era possível alinhar aparte alimentar à parte da quími­ca, e, como se viu, foi possível.Foram escolhidas experiênciasque relacionavam alimentaçãocom a química.PPaauulloo MMoorreeiirraa:: Por outro lado,este invento já é algo que aconte­ce há muitos anos. O grupo de fí­sico­química procura organizaractividades no dia 24 de Novem­bro, o dia da divulgação científi­ca, e o dia do aniversário de umprofessor de química, Rómulo deCarvalho.QQuueemm éé qquuee oorrggaanniizzoouu eessttaa aacctti­i­vviiddaaddee,, ““QQuuíímmiiccaa ccoomm AAlliimmeen­n­ttooss ee aass rreepprreesseennttaaççõõeess tteeaattrraaiiss""??HHeelleennaa NNeettoo:: A parte da “Quími­ca com Alimentos” foi mais co­ordenada por o professor David

que está ligado ao curso alimen­tar, no entanto eu, como delega­da de grupo, e a professora NelyNorte fomos os mais envolvidosna organização dos protocolos,de seleccionar as actividades etambém a orientar os alunos queaqui foram trabalhando. Por ou­tro lado, também apresentamosuma actividade no stand de ma­deira, que já tinha sido apresen­tada em Faro nos dias 6 e 7 deMaio em conjunto com outras es­colas da região e que foi promo­vida pelo centro de Ciência Viva,no Algarve, a actividade queapresentamos aqui foi a mesmaque apresentamos lá.DDaavviidd GGaaggoo:: Para além dos pro­fessores, apresentaram tambémalunos do curso profissional, queeu já referi, do 12ºano e 11ºano eainda alguns alunos da disciplinaque Química do 12ºano.

Eliana Teixeira e Marlon Machado

Da esquerda para a direita: Professora Helena Neto, Professor David Gago, Professor Paulo Moreira

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Por dentroPPaauulloo MMoorreeiirraa:: Nas represen­tações teatrais, procurou­se ti­rar partido do facto docoordenador do clube de tea­tro ser também professor defísico­química, tentando fazeruma parceria entre o clube eoutros alunos que quisessemassociar­se a este projecto.CCoommoo ffoorraamm sseelleecccciioonnaaddaass aasseexxppeerriiêênncciiaass qquuee aapprreesseenntta­a­rraamm nnoo eevveennttoo??DDaavviidd GGaaggoo:: A experiênciaque se fez na barraca foi a quefomos fazer a Faro. É uma ex­periência muito interessanteporque muda de cor de manei­ra oscilante, quisemos repro­duzi­la no âmbito da escola.Todas as outras experiências,cerca de metade já tinham si­do realizadas por mim na se­mana cultural, depois, comuma pesquisa, arranjou­semais algumas que fossemsimples e rápidas. Há muitasexperiências deste género quesão grandes, mas que não sãoaconselhadas para este tipo deevento.

CCoommoo aavvaalliiaamm oo iimmppaaccttoo ddaa iinni­i­cciiaattiivvaa jjuunnttoo aa ccoommuunniiddaaddee eesscco­o­llaarr??HHeelleennaa NNeettoo:: Eu não estive sem­pre presente, porque a determi­nada altura tive aula, mas, naparte em que eu estive presente ecolaborei, acho que foi muitofrequentada por muita gente queveio visitar o laboratório e ostand de madeira. Penso que foium impacte positivo devido aonúmero de pessoas que se junta­ram ao evento.DDaavviidd GGaaggoo:: Eu gostei da parti­cipação, por vezes a sala ficavasobrelotada.PPaarraa ffiinnaalliizzaarr,, qquuee ddiiffiiccuullddaaddeesssseennttiirraamm nnaa oorrggaanniizzaaççããoo ee eexxeeccu­u­ççããoo ddoo iinnvveennttoo??PPaauulloo MMoorreeiirraa:: Eu queria chamara atenção: cruzaram­se muitascoisas no mesmo dia, pois houvetambém a acção de sensibiliza­ção por causa da violência contraas mulheres, onde era suposto aspessoas trazerem roupa branca.Os nossos alunos dos laboratóri­os e os do projecto do clube deteatro andavam com batas bran­cas, havia algumas acções na rua

devido a essa actividade da violên­cia contra as mulheres. Havia, ain­da, os nossos sketchs teatrais eeventualmente as pessoas confundi­ram­se por haver tantas coisas aomesmo tempo. Mas claro que tam­bém é positivo, pois mostra que aESA é dinâmica.HHeelleennaa NNeettoo:: Nós pensamos que tertanta gente a visitar os laboratóriosnesse dia deve­se ao facto de nãohaver tantas actividades. A nossaideia inicial era causar impacto, porisso não fizemos este invento na se­mana cultural, mas sim neste dia,23 de Novembro, pois na semanacultural existem ainda mais activi­dades a decorrer ao mesmo tempo.Quando idealizámos este inventonão estávamos a contar com a outraactividade. Uma outra dificuldadefoi que alguns dos professores nãopodiam estar sempre lá porque ti­nham de dar aulas.DDaavviidd GGaaggoo:: Outra dificuldade foique o dia da divulgação científicaera greve da função pública, por is­so, tivemos de antecipar este dia.Nos gostaríamos de ter usado doislaboratórios, mas, como estavam al­gumas turmas a ter aulas, não foipossível.Rafael Batista e Dulce Neves

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Na 1ª PessoaIInnDDiiáállooggoo ccoomm AAffoonnssooEEssttoorrnniinnhhoo

OO tteemmaa ddeessttaa eeddiiççããoo éé aa ccrriissee ee,,ccoommoo ssaabbeemmooss,, oo pprrooffeessssoorrlleecccciioonnaa eeccoonnoommiiaa.. SSaabbeemmoossttaammbbéémm qquuee EEuurrooppaa ee PPoorrttuuggaalleessttããoo eemm ccrriissee.. CCoommoo ppooddeeeexxpplliiccaarr eessttee pprroobblleemmaa,, sseerráá qquueetteemm aa vveerr ssóó ccoomm ffaaccttoorreesseexxtteerrnnooss oouu,, ttaammbbéémm,, ccoommffaaccttoorreess iinntteerrnnooss??Os factores internos têm a vercom a falta de organização dasempresas. É um facto! E quemtem culpa, efectivamente, são osque mandam. As empresas nemsempre são bem organizadas, eas pessoas que estão à frentedelas nem sempre são as maiscompetentes (...) as nossasempresas não foram preparadaspara a competitividade externaporque viveram sempre à custade alguns proteccionismos.Houve vários factores quecontribuíram: a desvalorizaçãoda moeda que existiu; saláriosbaixos (que ainda existem) e

impostos alfandegários, e, claro,Portugal não aproveita os fundosque vieram da UE para nosmodernizar (...) E ainda há oproblema nas contas públicas, oEstado é mau «pagador». Osbancos também tiveram culpa,porque deram cartões de créditoàs pessoas e elas endividaram­se,talvez porque não tiveram grandeformação para isso. E há muitaculpa na crise porque oMinistério da Educação fomentauma cultura de facilitismo em vezde uma cultura de exigência.TTooddaa eessttaa ccoonnjjuunnttuurraa tteemm lleevvaaddooaa mmeeddiiddaass ddee aauusstteerriiddaaddee.. QQuuaall ééaa ssuuaa ppoossiiççããoo ffaaccee aa eessttaassmmeeddiiddaass qquuee oo ggoovveerrnnoo tteemmiimmpplleemmeennttaaddoo??(...) As medidas de austeridade,de facto são severas, até porquequem mais paga é quem tem piorestrutura económica, as coisassão assim mesmo… o nosso país

é mais afectado pela Alemanhaporque é uma dívida maiorrelativamente ao PIB (produtointerno bruto). E o que se passa anível global passa­se connoscoem todos os aspectos. Superamelhor a crise o que tiver melhorestrutura económica. (...) Mas ofacto de vivermos sempre “emdéfice” é uma coisa histórica donosso país, até porque, pelo quedisseram, o último orçamentoequilibrado foi em 1972 (...) Nóstemos uma moeda forte mas aEuropa, o Euro, trabalha a váriasvelocidades, em que uma regiãonão ajuda a outra, e claro, mesmonós, dentro do mesmo país,temos regiões que têm“velocidades” diferentes deoutras(...)SSeennddoo qquuee eessttaammooss nnaa eerraa ddooccaappiittaalliissmmoo,, ccoommoo sseerráá qquueeppooddeemmooss oobbtteerr uumm eeqquuiillííbbrriiooeennttrree aaqquuiilloo qquuee eerraa aanntteess ee aa

Atendendo ao facto da nossa pátria se encontrar envolvida numa grave crise económico­financeira, oESActo decidiu perguntar ao professor de Economia mais conhecido na nossa escola, o porque detoda esta conjuntura e quais as medidas para a sua resolução. Eis a resposta:Ana Ginja

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Na 1ª Pessoa

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ssiittuuaaççããoo eemm qquuee nnooss eennccoonnttrraammoossaaggoorraa?? NNaa ssuuaa ooppiinniiããoo qquuaall éé oommooddeelloo cceerrttoo??O modelo certo é aquele que criapostos de trabalho, que criaindústria transformadora e aqueleque faz com que haja umconjunto de impostos justos, umadistribuição mais equitativa dariqueza. Acima de tudo,temosque estimular aquelas pessoasque trabalham e que sãocompetentes.. (...) o que temos deter é um sistema de justiça quefuncione, porque este anopagámos muitos impostos. E onosso sistema de justiça nãofunciona correctamente. Atéporque tempo é dinheiro e temosque tomar medidas rapidamente.(...)NNeessttaa eessccoollaa tteemmooss ggrraannddee ppaarrtteeddaa ggeerraaççããoo ddoo ffuuttuurroo,, ooss jjoovveennssqquuee vvããoo ccoonnttrriibbuuiirr ee bbaattaallhhaarrccoonnttrraa eessttaa ccrriissee.. OO qquuee aacchhaa qquueeooss jjoovveennss ppooddiiaamm ffaazzeerr,, eemmppaarrttiiccuullaarr,, ppaarraa ccoonnttrraarriiaarr eessttaassiittuuaaççããoo??O futuro deste país está nas mãosdos jovens como pode estar namão do poder político, masmesmo assim têm que sabertrabalhar, instruir­se pelo menosmelhor. Não é por trabalharpouco, o grande problema é afalta de organização e continuo adizer aquilo que muita gente nãoquer admitir: eu se fosse jovememigrava! Porque faltam muitasoportunidades dentro do país etemos que estimular aqueles quetrabalham e os jovens fazemaquilo que os deixarem fazer. Ouapostam no empreendorismo (queé uma hipótese) e o Estado temque tentar estimular aquele cujoempreendorismo “tem pernaspara andar”. O ensinoantigamente era mais inclinadopara as pessoas trabalharem paraa conta de outrem. Mas é bastantedifícil se a pessoa não tiver jeitopara investir(...)DDee ffaaccttoo tteemm qquuee hhaavveerr

ccoonnccóórrddiiaa……Claro, só se pode fazerdemocracia quando se fazemacordos, isso é um facto. A nossademocracia ainda é muito jovem,não temos uma culturademocrática. É difícil mas énecessária. Eu vivi 20 anos emditadura e vejo que não foi fáciladaptar­me à democracia, foipreciso gerir o tempo. E osalunos tem que perceber que têmque ser pontuais nas aulas,embora haja tolerância da nossaparte. Eu costumo sentir na salade aula a diferença, porque euposso pensar de uma maneiramas há alguém que pensa deoutra.AAttéé éé mmaaiiss pprroovveeiittoossoo tteerrmmoossooppiinniiõõeess ddiiffeerreenntteess……Completamente! Há pontosessenciais em que tem que haverum acordo, mas há tambémoutros em que até é bom quehaja diferenças. Por exemplo, eunão me importo de imitar ocomunismo naquilo que ocomunismo tem de bom (...)Assim, como também não meimporto de imitar o fascismonaquilo que tem de bom.NNoo ffuunnddoo,, oo qquuee pprrooppõõee éé uummaaffuussããoo ddoo mmeellhhoorr……Sim, completamente. Oxalá, atéa nível político, o governo reúnamais partidos como se faz na

Alemanha. A chancelerAngela Merkel, para formar ogoverno, teve que ir a váriospartidos. E as pessoas têm quepensar no bem do país e nãosó no bem do seu partido. Porexemplo, aqui na Europa, noséculo XX houve quatrotiranos: Hitler, Mussolini,Salazar e Franco. Comoqualquer dos outros, os paísesandaram para a frente. Onosso é que estagnou porquetivemos um governante que aúnica coisa com que sepreocupou foi “afugalhar” oBanco de Portugal comdinheiro. Ele foi muito bomem organizar as finanças, erapreciso, de facto, apertar ocinto. (...) Mas tem que havercultura de outras coisas, porexemplo, os países nórdicos, aprópria Dinamarca nãoquerem baixar os impostospara o Estado conseguirmanter o mesmo sistema desegurança social, saúde,regalias, etc. E aqui não seconsegue fazer uma revoluçãoe nem se consegue sair deuma crise por decreto de lei.

Da esquerda para a direita: Professor Afonso Estorninho, Olga Dryuchenko, Adriana Calado

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Para ser Feliz

Era uma vez uma rapariga quevivia nos confins de uma ter­ra desconhecida. Na verdade, nin­guém sabe onde nem quandonasceu. Tudo o que se sabe deconcreto é que se chamava Crisee que era filha de sua mãe Senho­ra Dona Despesa e de seu pai Se­nhor Lucro. A Dª Despesa e o Sr.Lucro eram muito felizes juntos,mas um problema os afastava ca­da vez mais. É que a Dª Despesaera muito mandona e queria serela a chefe da casa e ter mais po­der que o Sr. Lucro. Esta sua pe­quena ganância acabou por serherdada pela sua filha Crise, queveio a superá­la. Crise foi de­monstrando alguns sinais de umtemperamento difícil. Em criança,todos os dias se aventurava a ba­ter às portas das casas dos seusvizinhos e, quando estes as abri­am, entrava sem pedir autoriza­ção. Quando a tentavam expulsar,ela recusava­se a sair. Só depoisde muito esforço é que lá conse­guiam livrar­se daquela ‘criatura­zinha impertinente’, como lhe

chamavam na vizinhança. À me­dida que ia crescendo, Crise des­conhecia cada vez mais oslimites da sua irreverência e in­disciplina.Quando a filha completou seteanos, a Dª Despesa e o Sr. Lucro,sem saber já o que podiam fazerpara contornar a situação eabrandar a conduta rebelde deCrise, decidiram recorrer a umaajuda do exterior. Contrataramentão uma professora de boasmaneiras, que lhe ensinaria ocomportamento mais correcto ater em cada situação, no fundo,iam tentar «amansá­la». Porém,nem tudo correu como previsto.Crise, revoltada com a humilha­ção a que os pais a tinham sujei­to, duplicou o seu maucomportamento. Talvez a piorvingança tenha sido quando pin­tou de vermelho a colecção deloiça chinesa caríssima que a suamãe tinha comprado (e que se or­gulhava em gabar às amigas),perdendo esta todo o seu valor.Tal acontecimento resultou na

fúria agreste da Dª Despesaque, no auge da cólera, expul­sou a filha de Casa, deixando­a ao cuidado de uma tia. Éclaro que esta medida não foi,de maneira nenhuma, benéficapara Crise, nem ajudou a solu­cionar o seu problema. Qualteria sido então a solução maiseficaz para ajudar Crise a su­perar o mau comportamento?Ainda hoje a dúvida permane­ce, mas com certeza que en­cartar a responsabilidade de ofazer para alguém exterior aoproblema não foi a melhor op­ção…MMoorraall ddaa hhiissttóórriiaa: Quando aDespesa se sobrepõe ao Lucroo resultado é a Crise, que trazmuitos problemas a muitaspessoas, mas quem tem aobrigação de os solucionarsão os seus responsáveis. Dei­xar a solução em mãos alhei­as, pode trazer consequênciasque podem prejudicar quemnão tem a culpa.

CCrriissee:: uummaa mmeenniinnaaiinnddiisscciippll iinnaaddaa

Adriana Calado

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Para ser FelizCCrriissee.. QQuueemm éé eellaa ??

Dulce Neves

Gostaria de obter umaresposta sincera à perguntaque vou apresentar! Eu estousempre a ouvir falar nela. Todosdizem ‘’quero que ela vá emborarápido’’, ‘’odeio­a’’ e até ‘’estoufarto/a dela’’! Mas quem é ela?O que é que ela fez de mal? Seráuma daquelas pessoas cheias demania, egocêntrica, avarenta earrogante? Ou será que é umapessoa exemplar da qual todostêm inveja? Seja qual for aresposta a estas perguntas, deuma coisa tenho a certeza,ninguém gosta dela!Mas qual é a sua aparência? Será

alta ou baixa? Magra ou gorda?Bonita ou feia? Sorridente outristonha? Veste saia, calças,vestidos ou calções? Prefereténis, sabrinas, botas ou sapatosde salto alto? Modelos compadrões ou lisos? Cores vivas ouneutras? Queria também pedirque quando a vissem atrouxessem até mim e memostrassem quem é! Todos estesmexericos deixam­me muitocuriosa. Já pensei em esconder­me numa esquina e ficar à esperaque ela passe, apanhá­la desurpresa e confrontá­la com tudoo que dizem sobre ela. Será que

ela tem conhecimento do quedizem? Se tem será queconcorda? Porque é que nãose revolta? Se não temconhecimento alguém a deviainformar. A verdade é queestou farta de ouvir falaremmal dela nas costas. Se calhar,na cara são todos muitoamigos. Isso não estácorrecto. Digam­lhe na cara oque acham dela. Apresentoagora a minha pergunta (nãose esqueçam que quero umaresposta sincera):QQuueemm éé aa CCRRIISSEE aaffiinnaall??

AA ""ccrriissee"" ppoorr AAllbbeerrttEEnnsstteeiinn

"Não pretendemos que as coisasmudem, se sempre fazemos omesmo. A crise é a melhorbenção que pode ocorrer com aspessoas e países, porque a crisetraz progressos. A criatividadenasce da angústia, como o dianasce da noite escura. É na criseque nascem as invenções, osdescobrimentos e as grandesestratégias. Quem supera a crise,supera a si mesmo sem ficar"superado".Quem atribui à crise seusfracassos e penúrias, violenta seupróprio talento e respeita maisaos problemas do que às

soluções. A verdadeira crise, é acrise da incompetência. Oinconveniente das pessoas e dospaíses é a esperança de encontraras saídas e soluções fáceis. Semcrise não há desafios, semdesafios, a vida é uma rotina,uma lenta agonia. Sem crise nãohá mérito. É na crise que seaflora o melhor de cada um.Falar de crise é promovê­la, ecalar­se sobre ela é exaltar oconformismo. Em vez disso,trabalhemos duro. Acabemos deuma vez com a única criseameaçadora, que é a tragédia denão querer lutar para superá­la".

Em circulação na Internet

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Para ser FelizTTeerrttúúll iiaass ssoobbrree aa CCrriissee

­ Mas, não concordais ossenhores comigo? Pois, o quevos digo é certo. Isto é culpados republicanos, asseguro­lhes. Não existiria emPortugal, neste SacroRectângulo Ocidental, nestagloriosa terra lusitana,nenhuma crise, se não fossemos Republicanos. Se não fosseaquele terrível 1908, asituação económica da nossaPátria, não se encontrariaagora neste estado deplorável.Porém, isso não me perturba,todos temos de aceitarcalmamente a ordem dascoisas.­ Vejo­me solidário, Ricardo.Não me perturba nada. ANatureza é a única que merecea nossa preocupação. NaNatureza sim, tudo é bom,tudo é saudável, tudo éverdadeiro. A maldade nãogermina na Natureza. Crise,

bem, eu digo­lhes do fundo daminha alma, que nem sei o queisso é, nem irei pensar nisso. Eusinto a Natureza. Não sinto crisenenhuma. Nunca a vi na minhavida, nem quero ver, pois oFuturo – o Futuro é nada. Tudo éo Presente, e a nitidez do olharsobre ele.­ Prezados camaradas! Irra!!!Mas que considerações sãoessas?! Dinamismo, Acção,Energia! Peço­lhes as minhasmais honestas desculpas, mas,por muito que aos senhores nãolhes importe o assunto da crise,eu digo­lhes! Sugiro­lhes a ideiaseguinte – a Crise, a tal, quevigora hoje no mundo com todaa velocidade, encontra as suasorigens primordiais, a suagénese, diria eu ­ naindustrialização! Sabeis o quantoeu sou adepto, admirador dasmáquinas! Bem, as máquinasmovem o mundo, meus

senhores! Movem o Mundo!Ishaaa! Mas desta vez, pressintoque esta crise deriva efectivamenteda….­ Desculpe interompê­lo, caroÁlvaro. Eu entendo que queira ounão queira, neste caso, defender assuas máquinas, os seusmaquinismos fantásticos, asvirtuosas invenções damodernidade, porém, deixe­mecontra­argumentar com todo orespeito que lhe devo. Esteja ounão, Portugal apetrechado de todosesses utinsílios fabulosos, osculpados por isto, são osRepublicanos, meu caro amigo.Pois que o Rei… O Rei… temosfalta de um Rei. Não há comonegar. Todo este regime, esta faltade Patriotismo, afunda o país. Aresolução para esta problemáticaeconómico­financeira, e, porconseguinte, social está, semdúvida, na Monarquia, meu amigos.Viva o Rei!

Ora, imaginemos uma tertúlia entre o Mestre, o médico e o engenheiro naval, cada um com as suascaracterísticas únicas, em 2012, acerca de um tema que tanto abalou o Mundo actual – a “Crise”:

Olga Dryuchenko

http: //peroracao.blogspot.com/2011 /07/viagem.html

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Para ser Feliz­Amigos. Do fundo do meucoração digo­lhes que todaesta conversa é inútil, porquenão existe futuro. Para queserve uma discussão da qualnada de útil se pode concluir?Temos que viver o Presente,pois só o Presente, seja comoele for, nos poderá dar osentimento de liberdade, deaproximação à nossa essência,no contacto com a Natureza.Pois o Mundo é como é, o solnasce e se põe, as floresflorescem, as árvores dãofruto, caso contrário, nãoseriam nem sol, nem flores,nem árvores. Nem eu nem ossenhores, somos capazes demudar algo. Tudo chega nomomento certo, pois o que for,quando for, e que for, é queserá o que é.

­ Caro mestre Alberto,reforçando a sua ideia, um diatodos nós vamos morrer é fatum,e isso, sem dúvida acontecerá noFuturo. A minha pessoa tambémprefere o presente aodesconhecido e incerto que virá.Não pensaremos nele. Deixemoso tempo fluir.­ Comooooo?! Como foi que osenhor disse?! Ricardo, ouça­meRicardo! E o senhor mestretambém pode e deve ouvir! Poiseu dir­lhes­ei que não há nada àface desta terra, (que agora sabe­se que é redonda, tendo­sepensado que era plana) que mefaça não ter crédito no Futuro.Porque o presente, só por si, étodo o Passado e todo o Futuro!O progresso é inevitável, meuscaros camaradas! Inevitável por

mais prejucial que possa ser! É cominteligência criadora que seresolvem os maiores males doMundo! Acreditem meus amigos!­ Acabemos com isto, caros colegas.A especulação na banca, nada mediz nem nada me dá, somente tira.Não obstante, é essa a realidade emque vivemos, e temos que encará­lacom solenidade. Acentuo mais umavez, a minha convicção: Todos estesdistúrbios são resultado de umtrabalho imcompetente doParlamento, do Governo. Orgãosperfeitamente inúteis, como se temvindo a verificar. Umamonarquiazinha resolvia todos estesquebra­cabeças, e colocaria isto emordem, num instante.

A nossa crise provém,essencialmente, doexcesso de civilização dosincivilizáveis. Esta frase,como todas que envolvemuma contradição, não envolvecontradição nenhuma. Euexplico. Todo o povo secompõe de uma aristocracia ede ele mesmo. (...) Aaristocracia manifesta­secomo indivíduos, incluindoalguns indivíduos amadores;o povo revela­se como todoele um indivíduo só. Sócolectivamente é que o povonão é colectivo.O povo português é,essencialmente, cosmopolita.Nunca um verdadeiroportuguês foi português: foisempre tudo. Ora ser tudo emum indivíduo é ser tudo; sertudo em uma colectividade écada um dos indivíduos nãoser nada. Quando a atmosferada civilização é cosmopolita,

como na Renascença, oportuguês pode ser português,pode portanto ser indivíduo, podeportanto ter aristocracia. Quandoa atmosfera da civilização não écosmopolita — como no tempoentre o fim da Renascença e oprincípio, em que estamos, deuma Renascença nova — oportuguês deixa de poder respirarindividualmente. Passa a ser sóportugueses. Passa a não poderter aristocracia. Passa a nãopassar. (Garanto­lhe que estasfrases têm uma matemáticaíntima).Ora um povo sem aristocracianão pode ser civilizado. Acivilização, porém, não perdoa.Por isso esse povo civiliza­secom o que pode arranjar, que é oseu conjunto. E como o seuconjunto é individualmente nada,passa a ser tradicionalista e aimitar o estrangeiro, que são asduas maneiras de não ser nada. Éclaro que o português, com a sua

tendência para ser tudo,forçosamente havia de ser nada detodas as maneiras possíveis. Foineste vácuo de si­próprio que oportuguês abusou de civilizar­se.Está nisto, como lhe disse, aessência da nossa crise.As nossas crises particularesprocedem desta crise geral. A nossacrise política é o sermos governadospor uma maioria que não há. Anossa crise moral é que desde 1580— fim da Renascença em nós e denós na Renascença — deixou dehaver indivíduos em Portugal parahaver só portugueses. Por issomesmo acabaram os portuguesesnessa ocasião. Foi então quecomeçou o português à antigaportuguesa, que é mais moderno queo português e é o resultado deestarem interrompidos osportugueses. A nossa criseintelectual é simplesmente o nãotermos consciência disto. (...)

QQuuee ppeennssaa ddaa nnoossssaa ccrriissee?? DDooss sseeuuss aassppeeccttooss ——ppooll ííttiiccoo,, mmoorraall ee iinntteelleeccttuuaall??

Fernando Pessoa, in 'Portugal entre

Passado e Futuro'

Em circulação na Internet

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Para ver, ler, ouvirAA vviiddaa nnuumm ssoopprrooAna Ginja

Em plenos anos 30, Salazarchega ao poder e assim vaiimpondo a sua mão forte sobre opaís. Enquanto isso, Luís, umestudante idealista, cruza­se,como se de obra do destino setratasse, com os olhos cor de melde Amélia. Porém, o amor dosdois vai ser posto à prova, e sãovários os obstáculos que terão àsua frente.Quero incentivar­te, através deuma história de paixão numPortugal conservador, a

descobrires o final desta históriaarrebatadora para que possasperceber o quanto os valoresestão tão mudados nos dias dehoje e como o autor desta obraconseguiu juntar duas vertentes –o romance e a história dePortugal em plena ditadura.Prende­te a este romanceelaborado pelo mais conceituadojornalista português que jáalcançou a confiança de todos osseus leitores.

OO RReeii ddaa PPooppGuilherme Martins

Um cantor, um “performer”,um impulsionador damúsica, um rei, uma lenda, nadamais nada menos que ograndioso Michael Jackson!Começou a dançar e a cantar aoscinco anos de idade, aos onzeanos formou os Jackson 5 com osseus irmãos, que chegaram amaravilhar o mundo com as suascanções. Mais tarde, em 1971,iniciou a sua carreira a solo.É reconhecidamente o rei da Pop,devido à capacidadeextraordinária de encantar opúblico com as suas actuações edanças, entre elas o Moonwalk.É o cantor com mais sucesso domundo, tendo como referênciacinco álbuns mais vendidos: “Off

the Wall”, “Thriller”, “Bad”,“Dangerous” e “HiStory”.Também devido ao tamanhosucesso de Michael, as barreirasraciais foram quebradas. E outrosassumem destaque delideres deopinião e da política nos EUA,como Oprah Winfrey e BarakObama.Não há dúvida que esteimpulsionador, vanguardista emuitas vezes mal amado devido aboatos como pedofilia e asconstantes plásticas, deixou a suamarca no mundo, sendo a únicacelebridade a entrar no Rock andRoll Hall of Fame duas vezesconsecutivas e considerado omaior artista de todos os tempos.

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In Verso

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PassatemposAA PPrraaiiaa

Richard é um viajanteapaixonado que procura nassuas viagens aventura eplenitude. Numa viagem aBangcoc ele conhece um outroviajante que lhe fala acerca dasmagníficas paisagens de umaterra mítica com que todosaventureiros sonham. Richard,aliado a Françoise e Étienne,ruma com o desejo de encontraresse paraíso perdido, a terraperfeita onde a areia é branca, omar é quente. Para seu espanto,esse sítio é também o lar de uma

pequena comunidade deviajantes que, como eles,viajaram até encontrarem o lugarideal. Essa terra onde o únicoobjectivo é garantir odivertimento, a união e acooperação entre o grupo, temmuito mais para contar! Os seusvalores, a sua saúde e a suasanidade são postos à provadiariamente! Até que ponto énecessário testarmos a nossahumanidade parapermanecermos numa utopia?

Rita Catrupa

AAnneeddoottaass ssoobbrree aa ccrriissee

Um pai tinha três filhos. Omais velho pediu:­ Oh pai, queria um carro! Nafaculdade só eu não tenho!­ Com esta crise? Só quandoeu pagar o tractor.Vem o outro:­ Ó pai quero uma moto!­ Com esta crise? Só quandoeu pagar o tractor.A seguir vem o mais novo.­ Pai, quero uma bicicleta!­ Com esta crise? Só quandoeu pagar o tractor.O miúdo vai pró quintalamuado, vê o galo em cima dagalinha, dá­lhe um pontapé ediz:­ Nesta casa, enquanto o painão pagar o tractor… andatudo a pé!!!

Passos Coelho está a fazer umdos seus famosos discursos:­ E a partir de agora temos defazer mais sacrifícios!Ouve­se uma voz namultidão:­ Trabalharemos o dobro!Passos continua:­ E temos de entender quehaverá menos alimentos!A mesma voz:­ Trabalharemos o triplo!Passos prossegue:­ E as dificuldades vãoaumentar!­ Trabalharemos o quádruplo!Passos vira­se para o chefe dasegurança e pergunta:­ Quem é esse idiota que vaitrabalhar tanto?­ O coveiro! ­ respondeu.

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Passatempos

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AA ccrriissee eexxppll iiccaaddaa ppoorrbbuurrrrooss

Pediu­se a uma prestigiadaconsultora financeira paraexplicar de forma simples a criseque estamos a viver, para que aspessoas comuns compreendam assuas causas e consequências.Esta foi a sua história:Um homem apareceu numaaldeia do “enterior desquecido” eofereceu aos seus habitantes 100euros por cada burro que lhevendessem.Boa parte dapopulação vendeu os seusanimais.No dia seguinte voltou eofereceu melhor preço: 150 porcada burrico.Outra boa parte dapopulação vendeu os seus.Voltouum dia depois e ofereceu 300euros.O resto do pessoal vendeuos últimos burros.Ao ver que nãohavia mais animais disponíveis,o homem ofereceu 500 euros porcada burrico, dando a entenderque os compraria na semanaseguinte, e desapareceu.No diaseguinte mandou à aldeia umcúmplice com os burros quetinha comprado, oferecendo­separa os vender a 400 euros cadaum.Com a ganância de os vendera 500 euros na semana seguinte,todos os aldeãos compraram osburros a 400 euros. Quem nãotinha dinheiro pediuemprestado.Entretanto,compraram todos os burros daregião.Como era de esperar, ofulano desapareceu, e o cúmplicetambém, e nunca mais se soubenada deles. Resultado: a aldeiaficou cheia de burros e de gajosendividados.Isto contouconsultor. Vejamos o queocorreu depois:Os que tinhampedido dinheiro emprestado, pornão vender os burros, nãopuderam pagar os

empréstimos.Os que tinhamemprestado dinheiro queixaram­se à junta de freguesia dizendoque se não retomavam o dinheiroficariam arruinados, e então nãopodiam continuar a emprestar…e Toda a aldeia ficaria arruinada.Para que os prestamistas não searruinassem, o Presidente daJunta, en vez de dar dinheiro àgente da aldeia para pagar asdívidas,emprestou aos própriosprestamistas. Mas estes, que játinham cobrado grande parte dodinheiro, não perdoaram asdívidas aos aldeões, quecontinuaram endividados.OPresidente da Junta desbaratouassim o orçamento da freguesia,que ficou também endividada.Então pediu dinheiro a outrasfreguesias, mas estas negaram­sea ajudar porque, como estavaempenhada, não poderia devolvero que lhe emprestassem.

Resultado:­ Os Chico­espertos doprincípio, de papo cheio.­ Os prestamistas, com a suaganância satisfeita e ummontão de devedores a quemcontinuam a cobrar o que lhesemprestaram mais os juros, einclusive apropriando­se dosjá desvalorizados burros comque nunca conseguiriamcobrir toda a dívida.­ Muita gente arruinada e semburro para toda a vida.­ A autarquia tambémarruinada.Resultado final:Para solucionar estapreocupante situação e salvartoda a aldeia, a autarquia…BAIXOU O ORDENADODOS SEUSFUNCIONÁRIOS!

Em circulação na Internet

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InVerso

A boca seladaque me foi concebida,portadora d'uma alma,encurraladasem saída.Nas suas costas carregaas mais diversas penas,que julgou serem leves,ou inocentes apenas.Mas elas juntaram­se,numa ave rapina,que matreira e selvagemesmagou sua cativa.Portanto a boca selada,que optara a alma aprisionar,ficara sem forçaspara a conseguir libertar.E assim continuouo seu caminho a minha boca,carregando nas costas,sua jaula de penas monstruosas.

PPeerrddiiddaa eennttrreeppeennaass

Maria Sbrancia

Se sei fingir um risoE uma gargalhadaDeveria ser consideradaUma atriz profissionalFaço­o diariamenteFaço­o para esconderO vazio que livrementePreenche todo o meu serQuando começou?Não sei, não me perguntes.Tudo o que sei é que passouE desde então que não seiquem souSinto­me diferenteUma completa desconhecidaMas sinceramenteJá não dói nada.

RReepprreesseennttaaççããoo

Dulce Neves

O sol do Norte desaparecerasob o seu olharE da linda terra os vi abdicarPelas mãos graves da fome eda guerra.Emigração és tão cruel!Mudas as vidasE as maneiras de ser.Emigração que levasA novas terras e outrossabores…E sedentos de sorteQue as colheitas negaramEi­los no mar sem direcçãoComo se fossem apenasUma pena ao vento.

Formandos CEFA (201 0/2011 )

Emigração-um poema con-junto

EEssccrreevveennddoo........

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Jack PetcheyPPrréémmiioo JJaacckk PPeettcchheeyyVVeenncceeddoorreess eemm NNoovveemmbbrroo eeDDeezzeemmbbrroo

MMoottiivvoo:: Demonstraexcepcionais qualidades dehumanismo, responsabilidadee solidariedade. Sendo umaluno estrangeiro, há poucotempo residente em Portugal, éde notar o seu esforço em seadaptar à língua e aprender omáximo do que está ao seualcance. Mais, é de destacar asua disponibilidade para ajudaros colegas em vários domíniosdo saber, dentro ou fora daescola. Tem sempre interesseem aperfeiçoar as suascompetências e participa comentusiasmo em todas asactividades, de modo a alargarhorizontes.

Eduard Lotovsky, 12º B

Joana Fernandes, 12ºBMMoottiivvoo::"Esta menina depequena não tem nada, antespelo contrário! É uma pessoabondosa, com um grandeespírito de entre­ajuda e depreocupação com o próximo.Dirige­se a todos de formacarinhosa e respeitosa, trazendoenergia positiva para todo olado que vá.Participa ativamente tanto nasociedade como dentro dorecinto escolar, deixando avergonha e a timidez dentro dobolso. Juntamente com outroscolegas prestou­se a darexplicações aos alunos do 10º e11º anos, para que estes sejamnão só melhores alunos, mastambém melhores indivíduos. Éuma delegada totalmenteempenhada e dedicada à suaturma, incitando­os a participarna maioria das atividadesdesenvolvidas ao longo desteano letivo. Por tudo isto,merece algum reconhecimento,tanto pelo que faz, como peloque é."

WWoorrkksshhoopp SSppeeaakkOOuutt CChhaall lleennggee

220011 22Eliana Teixeira

No dia 13 de Janeiro de 2012,realizou­se na nossa escolauma nova edição do concurso deoratória promovido pelaFundação Jack Petchey, O“Speak Out Challenge”. Este anotivemos 25 inscrições, todas de10º ano.O workshop teve a duração deum dia. Durante a manhã foramdados conteúdos necessários paraaprender a falar em público etambém foram feitos váriosexercícios lúdicos de aplicaçãocada um dos conteúdos. Todos osexercícios efectuados ajudaramcada um dos participantes a seexprimir de uma forma clara ecorrecta. Da parte da tarde foi

feito um concurso em quecada um tinha que falardurante cerca de 2 minutossobre um tema a sua escolha edaí eram escolhidos os alunosque iram representar a escolana semi­final.A experiência de participarneste concurso foi muitogratificante para todos nós.A ESA tem a honra de poderlevar a semi­final 4participantes, sendo eles:Eliana Teixeira, 10ºB; JoanaPinto, 10ºC; Cátia Duarte,10ºD e Rafael Neves, 10ºB.Vamos apoiar os nossosvencedores até a final!

Os participantes do Speak Out Challenge 201 2

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InESADDeeppuuttaannddoo.. .. ..

A iniciativa “Parlamento dosJovens” promovida pelaAssembleia da República, contoueste ano com mais umaparticipação dos alunos daEscola Secundária de Albufeira.O tema de debate escolhido paraeste ano lectivo intitula­se “Redes Sociais – participação ecidadania”. Desta forma, o quese esperava dos alunosparticipantes era encontrar novoscaminhos para tornar as redessociais mais seguras, mais úteis,mais cívicas e mais disponíveispara os cidadãos portugueses.No âmbito desta iniciativa, aESA apresentou cinco listas dealunos candidatos, das quais,após uma semana de propaganda,apenas três apresentaram as suasmedidas à comunidade escolar.Sexta­feira, dia 20 de Janeiro,decorreram, então, as eleiçõesdos deputados queposteriormente iriam integrar aAssembleia Escolar. A mesaeleitoral contou com a votaçãode cerca de 350 alunos, tendosido a lista A a conseguir o maiornúmero de votos. Com umadiferença ínfima, a lista D contoucom o 2º lugar. Em último, ficou

a lista B. A contagem dos votospermitiu às duas primeiras listaslevar 9 deputados à Assembleia,enquanto a lista B levou somenteos cinco deputados efectivos.No decorrer da iniciativa, nopassado dia 23, os deputados daESA receberam a visita de umverdadeiro deputado daAssembleia da República,Miguel Tiago, pertencente aoPartido Comunista Português.Miguel Tiago, desvendou umpouco do funcionamento daAssembleia, dos partidos que aintegram, de como dividem opoder, votam, apovam ou nãoleis, e até o porquê de osdeputados estarem no facebookdurante os plenários. Ele faz issopara informar os seus seguidoresdas novidades e dos debates quefervem no Parlamento. Falou­seainda de como o último pode ounão intervir no domínio das redessociais, e qual a tarefa dosdeputados escolares na faseregional e nacional. Noencerrameno da sessão, MiguelTiago focou que “participar não émeter um fato e uma gravata echamar aos outros senhoresdeputados. Participar é sercrítico.”

No mesmo dia, pelas 15 horas,teve lugar na Bibliotecaescolar, a sessão escolar doparlamento. Os deputados dasdiferentes listas apresentarame confrontaram as váriasmedidas propostas. Sob osigno de respeito mútuo,dignidade e civismo, a sessãofoi encerrada pelas 17 horas,tendo sido aprovadas trêsmedidas que resultaram deuma fusão das melhorespropostas de todas as listas.Foram ainda votados, os 5deputados e o candidato aPresidente da Mesa, queparticiparão na fase regionaldo Parlamento em Faro. Sãoeles: Catarina Vital, OlgaDryuchenko, Joana Fernandes,Leonor Gonçalves, MariaSbrancia, (Eduard Lotovskyi,como suplente) e DiogoGomes proposto comocandidado à Presidente daMesa.Pela primeira vez, este ano, osalunos não participantespuderam assistir a sessão, paraque no próximo ano fossemcapazes de substituir a “velhaguarda” e lutar para levar avoz da ESA a Lisboa, em2013.

Olga Dryuchenko

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Ficha Técnica:Propriedade: Escola Secundária de Albufeira,Clube de Jornalismo, Jornal ESActoRua das Ecolas, 8200­147 AlbufeiraTel: 289 586779 Fax: [email protected]ção:Olga Dryuchenko, Adriana Calado, Ana Ginja, Diogo Martins, GuilhermeMartins, Rita Catrupa, Marlon Machado, Eliana Teixeira, Patricia Silva,Dulce Neves.

Colaboradores neste nº: Fernando Carvalho, Fernando SantosDesign Gráfico: Curso Profissional Técnico de Design GráficoPaginação: Olga Dryuchenko

Edição de de Fotografia: Diogo Martins

Impressão e Montagem: ESA/ David MarquesSupervisão: Maria de Jesus PintoReprodução: Lurdes Santos (assistente operacional)