Escatologia

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ESCATOLOGIA HENRIQUE “MORCEGO” SANTOS

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Escatologia é um conto que narra uma possível situação de Apocalipse no cenário de Trevas. Muito do que é utilizado como informação mitológica foi retirado do Tópico “Trevas: Campanha Épica”, no Fórum da Daemon Editora.

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ESCATOLOGIA

HENRIQUE “MORCEGO” SANTOS

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CONSIDERAÇÕESEste Netbook é um conto que narra uma possível situação de Apocalipse no cenário de Trevas. Muitodo que é utilizado como informação mitológica foi retirado do Tópico “Trevas: Campanha Épica”,no Fórum da Daemon.

Espero que seja do gosto de todos que tiverem a chance de ler este material. Qualquer sugestão,elogio ou crítica é muito bem vindo, sendo que o Fórum da Editora Daemon é acessado diariamentepor mim, e poderei responder e comentar qualquer coisa sobre este Netbook ou mesmo conversarsobre todo assunto voltado ao RPG Trevas. Toda sugestão ou crítica serão levados em consideraçãopara consertar este Netbook e também para os próximos Netbooks.

Tenha uma boa leitura!

O Autor

AGRADECIMENTOS- Aos meus pais, que sempre me incentivaram ao prazer da leitura e nunca condenaramminha curiosidade extrema...

- Aos meus queridos Jogadores, que me aguentam como Mestre desde 1996 (em especial oTico, o Rodrigo “Chuck Norris”, o Rafael “Feijão”, o Ruffles, o Dalton, o Renato, os primosLuiz, William e Gabriel e principalmente meu irmão César).

- Às Musas que inspiraram Marcelo Del Debbio a criar um cenário tão vasto e rico, digno daadmiração de todo RPGista e leitor (que saiu ganhando com tantos contos derivados destecenário).

- À galera do Fórum da Editora Daemon, que sempre busca ajudar quem tem dúvidas quantoao cenário, e me deram inúmeras sugestões para este e os próximos Netbooks (em especialPadre Judas, Darkchet, Grigori Semjaza, O Satânico Dr. H, Lord Baphomet e Lord Metatron).

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Castelo Júpiter, Cidade de Prata

Eriel percorre o corredor que leva à sala doConselho, um corredor de proporções gigantescas,“onde Falanges inteiras poderiam voar juntas semse esbarrarem”, como costuma dizer seu superior,Miguel, senhor dos Arcanjos. Os detalhes em ouroe marfim em estilo bizantino, ordenados nas paredesde dezenas de metros de altura, só não são maisincríveis que o teto todo pintado em afrescosrenascentistas, e nem assim Eriel se desvia de suamissão: informar Miguel semanalmente dosprincipais acontecimentos na Terra. E, desta vez,não são notícias rotineiras...

Após percorrer voando quilômetros queseparam o Hall do Castelo Júpiter da Sala doConselho em minutos, Eriel se depara com acolossal porta dupla, cuja entrada só é permitidaaos Anjos mais influentes, o que não é seu caso.Mas mesmo assim, o mensageiro precisa avisar seusuperior dos eventos recém-ocorridos.

Com a simples força do pensamento, Erielabre as portas do Conselho e encontra seu mestresentado frente a frente com Gabriel, outro dos maisproeminentes celestiais da Cidade de Prata. A luzque emana das auras dos Anjos privilegiados doConselho seria capaz de iluminar todo o Universo,e sua beleza poderia enlouquecer qualquer ser vivo.Miguel, ao perceber seu subordinado dentro da salareservada aos puros da Cidade Prateada, perde partede seu brilho, adquirindo uma luminosidade maisbranda, ainda assim como um Sol em dia de calor.O Príncipe dos Arcanjos levanta-se da mesa e dirige-se ao acanhado Anjo.

- Meu querido Eriel, o que seria capazde obrigá-lo a entrar sem permissãona sala dos veneráveis?

- Mestre, preciso informar-lhe dasnovas... – responde o Anjoenvergonhado.

- São importantes o suficiente parainterromper uma importante reunião?

- Sim, meu mestre, considero que o quevenho lhe contar é suficiente parainterromper QUALQUER conversa...– Eriel diz, com voz mais confiante.

- Acompanhe-me, meu amado pupilo,até o Jardim de Madalena.

Miguel volta-se aos membros do Conselho,faz uma reverência com a cabeça e sai da sala,levantando vôo com seus 4 pares de asas de puraluz. Enquanto os 2 celestiais voam para fora doCastelo Júpiter, Eriel começa a contar osacontecimentos banais da Terra a Miguel. Miguel oescuta com a mesma atenção que uma mãe dá a seufilho que aprende a falar. Suas asas são tão graciosasque nem mesmo parece que ele as move para voar– é como se o próprio Demiurge movesse os ventos

a favor de seu orgulhoso guerreiro. Seus traçosfaciais são tão carinhosos que Eriel desvia o olharde seu mestre, considerando-se uma criatura quenão merece tanta ternura, já que está para contar-lhe algo que poderá mudar toda a Cidade de Prata.Logo chegam ao Jardim de Madalena, dedicado àmais devota das mortais. Seu formato de cruz foifeito para honrar a morte do Ungido, e háexatamente uma flor para cada dia de vida na Terrado Salvador das Almas Terrenas. Cada uma comuma cor diferente.

- Eu agradeço, meu querido Eriel, porme informar dos eventos corriqueirosda Terra. Agora, já podes me falar qualé a preocupação.

- Senhor, três mausoléus ao redor doFosso de Metrópolis estão abertos...

O imponente general dos Arcanjos perdetodo o seu majestoso brilho.

- Quantos morreram? – perguntaMiguel.

- Não foi dada falta de nenhuma criaturaem Metrópolis, meu senhor.

- Quem abriu os mausoléus? Ninguémestava vigiando? Como os Cenobitasreagiram? – Miguel começa a pensarem todos os acontecimentos possíveispara algo desta magnitude teracontecido.

- Desculpe, meu mestre, mas nenhumCenobita notou a abertura dosmausoléus. Quando se deram conta, jáestavam abertos. Um grupo de Chezasembrenhou-se em um dos 3mausoléus, e nada encontrou além demilhares de ossos e pedaços de corposapodrecidos espalhados, e havia umaltar. Em cima do altar, os Chezasencontraram isto – Eriel retira de umbolso de sua túnica um pergaminho –, mas os símbolos escritos sãocompletamente desconhecidos.

- Meu filho, os Chezas lhe entregarameste objeto? O que lhe disseram? –Miguel questiona, assustado.

- Eu peço perdão, meu amado mestre,mas considerei que o senhor deveriaexaminar este pertence antes quePinhead o guardasse na cidade dosanjos corrompidos, e nunca maispudesse ser encontrado... – Eriel tentase explicar.

- Eriel, você ROUBOU...?- Não, senhor, eu somente peguei

emprestado para mostrar ao senhor...– Eriel diz, um pouco envergonhado.

Miguel sorri um sorriso disfarçado, e olharigidamente para o mensageiro, com um olhar que

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mistura desaprovação e compreensão. Eriel entendeque, para o bem da Cidade de Prata, certosMandamentos podem ser burlados – ou quebrados.

- Está bem, meu querido Eriel, já podevoltar à Terra...

- Senhor, ainda não terminei de lhecontar os eventos... – Eriel diz, epercebe a feição sempre perfeita deMiguel mudando para o rosto de umhomem sério, preocupado.

- Conte-me então o que resta a contar,meu jovem.

- Amduat está sem 2 almas...- Questões espirituais estão fora de

minha alçada, meu amado! Se quiser,eu convocarei alguns Recíperes e...

- Estas 2 almas REENCARNARAM!- Como assim?! É impossível 2 almas

saírem de Amduat e viajarem semajuda até a saída do Inferno! Semmencionar a capacidade dereencarnarem sem um psicopompo!

- Nosso embaixador da Cidade Douradade Rá me informou extra-oficialmenteque Anúbis foi o psicopompo das 2almas. O próprio deus dos mortosajudou-lhes a reentrar em seus antigoscorpos... – os olhos de Migueladquirem uma chama visível.

- Como assim?! Quem eram estasalmas?

- Eram 2 faraós do Antigo Império...- Eriel, pretendes me dizer que eles

voltaram a seus corpos mumificados?Temos 2 múmias despertas na Terra?

- Sim senhor.- Quais os seus nomes?- Darahv e Teptet.- Os únicos faraós que se envolveram

com Infernun e Tenebras?- Estes mesmos, senhor. – Eriel nota que

a presença antes angelical de Migueldava lugar a um comportamento sério,guerreiro, preocupado.

- Mais alguma notícia, mensageiro? –Miguel deixa de tratá-lo com o carinhode sempre.

- Mais nenhuma, amado Príncipe dosArcanjos! – o Anjo tenta mostrarrespeito ao guerreiro milenar.

- Eriel, chame Yviel e seu esquadrão.Peça que me encontrem no Deserto deDudael, próximo à tenda de Sara.

- Senhor, a Cidade de Prata não utilizaos serviços deste grupo de renegados...

- Este é o motivo para nos encontrarmosfora da Cidade! – Miguel ergue a vozde modo que suas palavras pareçam

trovões em uma sinfonia apocalíptica.– Agora vá e encontre-os! Nãopodemos perder tempo! – e Miguel sai(sem dar a benção de sempre aopupilo) diretamente ao Solarium.

- Imediatamente, senhor! – Erielresponde, dirigindo-se à Capela dasLágrimas do Distrito de Mercúrio,onde geralmente os Corpores dirigem-se à Terra.

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Deserto Saudita, 700 anos atrás

Próximos às ruínas de uma antiga cidadeperdida dos Djinns, um grupo de homens empesados mantos negros conversa em voz baixa aoredor de uma fogueira. As estrelas iluminam toda asuperfície do deserto, delineando a areia como umvéu sensual cor de prata. O vento uiva pelas dunase acompanha os minúsculos grãos cintilantes quese erguem com a brisa noturna. “Pó de estrelas”, écomo os nômades do sul chamam estes cristais deareia que refletem a lua e viajam com os ventos.“Poeira celestial”, é seu nome para os Magos dasordens árabes, sinal de que um ser divino estápróximo. O som dos ventos macabros éinterrompido de vez em quando pelos sons que 6camelos deitados perto da fogueira emitem, comose estivessem conversando.

Sem emitir um único ruído, a figuratranslúcida surge flutuando acima da fogueira, comsua forma humanóide preenchida pela “poeiracelestial”. Pode-se notar 2 pares de asas na figurasinistra. Os homens ao redor da fogueira reagemcomo se esperassem pela figura, e um deles levanta-se:

- Demônio das estrelas, trouxemos aquio que pediu... – o homem mostra umgigantesco remo de barco, feito demadeira, mas uma madeira nunca vistana Terra.

- Onde está o resto do meu pedido? – acriatura pergunta, com uma voztrovejante e ao mesmo tempoimponente.

- Logo no salão de entrada da cidade ànossa frente. Deixamos lá para queninguém sentisse sua presença e viessetirá-lo de nós.

A figura translúcida toma o remo nas mãose desce até seus pés tocarem a areia. O ser retira umtubo feito de pele humana e larga no chão, ao ladoda fogueira.

- É melhor tirarem de perto da fogueira,ou terão mais 3 mil anos para aguardaro que procuram há tantos séculos. – a

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figura diz, flutuando em direção àsruínas. – Agora vão embora, antes queeu tome a alma de vocês!

As 6 figuras encapuzadas correm pelodeserto em seus camelos, em direção a Bagdá. Aover-se sozinha no deserto sem fim, a figura sobe aescadaria da cidade dos Djinns com o remo nasmãos, ansiando pelo restante de seu escambo comaqueles necromantes. Logo que os degrausterminam, pode-se ver a barca. Feita com a mesmamadeira que o remo, a barca comportaria cerca de20 pessoas, mas percebe-se em sua estrutura internaque a barca fora feita para somente três. O eixocentral, com mais de 15m, é entalhado comhieróglifos egípcios sobre a batalha diária de Amone seu assecla, Set, contra a serpente da noite,Apophis.

Depois do primeiro passo em direção àbarca, a figura percebe que a cidade podia estar emruínas, mas nem por isso estava desabitada. UmDjinn com pele vermelha, dentes de javali eportando uma cimitarra dourada com símbolos quebrilham como fogo, surge de trás de uma coluna. Afigura já sabe que o Djinn não estaria ali com aintenção de confraternizar. Os malditos necromantesmontaram uma armadilha a ele, na esperança de queo Djinn pudesse matá-lo. A criatura translúcida ficafeliz por manter sua natureza incógnita, assim osnecromantes podem enviar um Djinn de terceiracategoria para que ele não perca a forma.

Mal dirigiu-se contra o ser translúcido, oDjinn é paralisado no ar. A figura translúcida esticasua mão direita e penetra o peito do Djinn. Os gritosde dor do demônio árabe são ouvidos em dezenasde quilômetros, sua voz como uma mescla de hienae abutre, e isto seria suficiente para os necromantesdescobrirem que seu estratagema falhara e teremuma semana de pesadelos com tal voz. A pelevermelha do Djinn começa a secar e enrugar-se,como se estivesse envelhecendo rapidamente. Seusolhos de pupilas amarelas derretem ante o grandepoder da criatura translúcida.

A energia avermelhada pulsa do corpo doDjinn para o ser sinistro, até o que sobrar não passarde um cadáver que não reflete em nada o poder queo Djinn possuía, embora fosse como uma formigaem frente a um chacal se comparado com o sertranslúcido. A criatura sinistra toma a cimitarra doDjinn, senta-se na barca, e a barca levanta vôo emdireção aos confins do deserto, sumindo nohorizonte.................................................................................................................................................................Nice, Itália

Em um pequeno porém aconchegante bistrôfrente à praça San Giuseppe, 5 jovens conversamenquanto bebem uma garrafa de champanhe, muitoalegres e satisfeitos. Qualquer pessoa passando por

eles os consideraria um simples bando de adultosque esqueceu de sair da adolescência, e nunca dariavalor a eles pelo que realmente são: o melhor grupode extermínio de Demônios do norte da Itália. Nestemesmo momento, o motivo da comemoração é adestruição permanente de uma cabal de seguidorasde Luvithy, que utilizava três Daemons comoguarda-costas. A alegria em seus corações consegueser maior que sua indignação pela expulsão do grupoda maravilhosa Cidade de Prata 20 anos atrás,quando desobedeceram ordens diretas do superiore exterminaram um grupo de Hellspawns, quandoum destes infernais pretendia revelar informaçõesaos Anjos em troca de redenção.

A única mulher do grupo, Cibele, ergue suataça e faz um brinde à vitória. Seu vestidoconfortável branco com desenhos floridos balançaao vento junto de seus cabelos negros com mechasalaranjadas em suas pontas. Sua beleza écomparável à das melhores modelos italianas e atraiqualquer mortal que depara-se com ela. Sua pelealva e delicada reflete o tímido Sol que buscaaparecer entre as nuvens. Da Casta Protetore, Cibelepertence à antiga Falange das Potências ligadas àstempestades, atualmente com pouquíssimosmembros. A razão desta baixa quantidade de Anjosna Falange é simples: são a única Falange quepersegue seus inimigos até no Inferno (literalmente;muitos morreram tentando passar pelos portõesdemoníacos e tendo de enfrentar dezenas dedemônios de uma única vez).

À esquerda de Cibele está Ubeel, umOphanim Caído, ou de acordo com ele, “OphanimDerrubado”: seu único erro foi seguir comconvicção seu código de justiça e atacar osHellspawns com quem a Cidade de Prata querianegociar informações. Ubeel sabe que nadacometera de errado, e tem plena certeza que oHellspawn em busca de redenção não pretendiarevelar informações verdadeiras. Infelizmente, osgrandes iluminados da Cidade de Prata não viram ofato sob este ângulo. Apesar de possuir umaaparência esguia de um garoto de 16 anos, Ubeelprefere assim enquanto está entre os humanos, poissua verdadeira aparência chamaria muita atenção:um homem de 2 metros e tantos de altura, bícepsdo tamanho de melões e rosto de um assassino sempiedade. “Cara do Exterminador do Futuro”, comocostuma dizer seu companheiro de caça, Heluel, omais irreverente do grupo.

Não só irreverente, mas um piadista porvezes inconveniente com incrível capacidade defazer um comentário sem propósito mesmo no meiode um combate. De acordo com Cibele, estecomportamento é uma fuga pela tristeza de ter sidoexpulso da Cidade de Prata por simplesmente fazero que foi treinado para fazer: caçar inimigos dosdescendentes de Demiurge. Desde que sua alma

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chegou à Cidade de Prata no fim da década de 70,os Recíperes sabiam que Heluel seria um grandeCaptare. Só não contavam com toda a fé que eletem na cultura Rastafari, e por isso mesmo suaaparência causa estranhamento em tantos Anjos. Suapele negra e ao mesmo tempo brilhante contrastacom suas tranças rastafari terminadas em presilhasprateadas com o formato de cruz. Costuma usarroupas sociais muito elegantes, sempre com tonsavermelhados, esverdeados e amarelados. Mesmopertencendo a um grupo cristão tão ignorado naCidade de Prata, Heluel sempre foi muito bemconsiderado e respeitado por seu líder de campo, oHayyoth Yviel.

Aliás, nada nem ninguém é desconsideradoou desrespeitado por Yviel, e por isso ninguémduvida de sua retidão e senso de justiça. UmHayyoth de 4 séculos de idade, Yviel sempre foiadmirado desde que elegeu a cidade italiana de Nicecomo seu lar. Até mesmo os mafiosos da região erammais pacíficos e serenos que os de outras regiões,tudo devido ao poder influente de Yviel. Mesmoexpulso da Cidade de Prata, Yviel nunca desistiude dar paz e segurança aos humanos e a seguir tudoo que Demiurge determinou a ser seguido pelosAnjos. Constantemente, alguns Captares que já seencontraram com Yviel tentam levar seu caso aoConselho Venerável, sempre com a mesma respostanegativa. Yviel sabe perdoar mais que qualqueroutra Casta, e segue liderando o grupo de Anjosexpulsos com a mesma fé de quando eram bemvindos.

O último integrante, também o mais recente,é o Corpore Mevosiah. Sempre vestido como umturista, Mevosiah considera que, uma vez expulsosda Cidade Prateada, ele poderia aproveitar suaeternidade como um humano, sem nunca se desviarde seu destino junto a seus companheirosexterminadores de Demônios. Assim, bebe, fuma,vai ao cinema, invade festas de celebridades e, maisque tudo, tira fotografias. Um verdadeiro amanteda arte da fotografia, Mevosiah quer provas físicasde sua existência na Terra, para que seu futuro filho(que ele pretende ter com uma mortal de nomePaola) sempre possa vê-lo. Seu romance com Paolaé desconhecido por seus amigos.

- Heluel, pede mais uma garrafa! –exclama Cibele. – Hoje é um dia deglória!

- Garçom, mais uma garrafa, por favor!– Heluel dirige-se ao garçom. – Yviel,aquelas crianças possuídas irão securar por completo? Aquelas velhashorríveis pareciam conhecer rituaisbem poderosos...

- Não precisa se preocupar, Heluel! –responde o líder. – A benção que lhesdei as deixará imunes a influência

demoníaca por uma semana. E sim, apossessão daquelas crianças realmenteera potente! Só foi preciso um raio nosolhos daquela Fúria para me dar umaajudinha, não é, Cibele?

- Claro, chefinho! Mas esta não foi amelhor cena: eu adorei ver o Ubeelbrincando de boxeador contra aqueleDaemon! Hilário! Não, não! Melhorainda foi logo após, quando Ubeeldecidiu finalmente sacar a espada ecortar em um só ataque os dois chifresdo monstro! Viram a cara dele quandoHeluel o chamou de Hellboy?!

- Hahahaha! – Mevosiah se diverte. –Vou contar um segredo...

- Não é necessário! – interrompe Yviel,ruborizado. – Certos segredosprecisam continuar secretos...

- Ah, Yviel, deixa disso! – exclamamCibele e Heluel. – Conta logo,Mevosiah!

- Quando eu estava para enfiar minhaLança Celestial no coração de uma dasFúrias, perguntei se ela tinha umúltimo pedido. Sabem o que ela merespondeu? Que queria pelo menos umbeijo do bonitão, apontando paraYviel! – conta Mevosiah, segurando oriso. – Coitada, ela parecia bemdesiludida quando lhe disse que estedesejo nunca seria realizado...

- Nossa, Yviel, que fresco você é! –debocha Ubeel. – Você não sabe queo que importa é a beleza interna, e nãoa externa?

Enquanto todos gargalham e bebem ochampanhe, o garçom aproxima-se da mesa redondaornamentada em motivos orgânicos com uma novagarrafa fechada. Quando Heluel estica sua mão parasegurar a garrafa, o Captare renegado nota que ogarçom está com os olhos inteiros brancos.

- Precisamos de vocês! – diz o garçom,com uma voz duplicada.

- Ei, amigo, não vamos lavar pratos!Temos dinheiro aqui... – comentaCibele.

- Não é disso que ele está falando! –interrompe Heluel. – Quem é você? –dirigindo-se ao garçom.

- Sou Eriel, Arcanjo a serviço direto doPríncipe Altíssimo dos Arcanjos!

- O que Miguel quer conosco? – o líderYviel assume a liderança da conversa.

- Não tenho permissão para revelar-lhes. Miguel intenta confabularconvosco no Deserto de Dudael,próximo à tenda de Sara.

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- Ah sim, fora da Cidade de Prata! –comenta Mevosiah. – Entãoreceberemos algo pelo serviço, não é?

- Por favor, Mevosiah! – repreendeYviel. – Eriel, diga-lhe que estaremoslá em 6 horas.

- Nobre Hayyoth, espero que suapresença e de seus companheirosrebeldes não nos causem uma TerceiraRebelião em Paradísia... A simplespresença de suas carcaças infiéismacula o sagrado solo do planosuperior...

- Amigo, você quer levar um na fuça? –enfurece-se Cibele.

- Não é necessário demonstrar aintemperança de sua Falange,Potestade, pois é ela que quase oslevou à total extinção! Não há porquehaver suicidas na Cidade de Prata,bastava dizerem a seu amigo Satã quegostariam de viver no Bosque dosSuicidas...

A raiva de Cibele faz com que pequenascorrentes elétricas percorram seus olhos azuis comoum céu raramente visto em uma Terra tão poluída...Suas mãos tocam a mesa e a eletricidade estáticafaz as cadeiras balançarem e se aproximarem damesa. Os talheres, impecavelmente arrumados namesa uma vez que os Anjos nada comeram,começam a se contorcerem e emitirem faíscas eestalidos. Mevosiah prepara-se segurando oescapulário de São Pedro para livrar o garçom dainfluência mediúnica do Protetore Eriel. O Hayyothergue a mão direita e concentra-se, acalmando seusamigos de missões.

- Galera, discrição! Olhem quanta genteestá aqui à volta! Senhor Eriel, comojá lhe disse, avise seu mestre queestaremos lá dentro de 6 horas. Agoraparta, antes que dêem pela falta dogarçom na cozinha!

- Como de praxe, o célebre Yvielmostra-se o mais ponderado do grupo!– diz Eriel. – Irei imediatamente, maspeço-lhes que não desperdicem achance que Miguel lhes dá nestemomento. Vocês podem estaracostumados a conviver diariamentecom fracassos no mundo dos mortais,mas na imaculada Cidade Prateadaerros não são admitidos! – O garçompossuído encara com rigidez os Anjosrenegados, e percebe seus olharesfuriosos sobre ele. – Antes de partir,onde coloco esta garrafa?

- Eu vou dizer onde você pode enfiar agarrafa, seu... – resmunga Ubeel.

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Palácio dos Imortais, Neokósmos

Seus olhos fitam a porta dupla que permitesair da sala real. A qualquer momento, AQUILOestará abrindo estas portas e nada estará entre eles.Em tantos milênios de vida, o olimpiano só sentiu aaproximação de um poder tão grande em suajuventude, antes da Gigantomaquia. Aquelamonstruosidade passou por todas as defesas dopalácio do senhor dos deuses olímpicos sem recuarum único segundo. Quando Hermes chegou duranteo banquete para avisar a aproximação daquelaaberração pelas brumas de Spiritum, os olimpianosnão fizeram nada além de comemorar. Uma chancede batalhar como nos velhos tempos, como nãofaziam desde o fim dos problemas com a Cidade dePrata.

O som dos imortais sendo derrubados nochão, gritando de dor, faz com que o olimpianoprepare-se para o combate. Da fonte oracular, oolimpiano pôde observar, um a um, os deuses doeterno Monte Olimpo tombarem como se nãopassassem de mortais desafiando deuses supremos.O olimpiano começa a pensar qual seria a intençãode um ser aberrante como aquele em entrar emNeokósmos, derrubar todos os olímpicos em seucaminho (sem matar nem sequer um), sem desviarum milímetro do caminho que leva à sala do filhode Chronos.

Então, a batalha chega à porta da sala real.A preferida do pai dos deuses, Athena, enfrentaaquela abominação com toda a determinação de umaguerreira intrépida. Por um breve momento, elaconseguiu fazer aquilo recuar, mas foi arremessadacom tanta força contra a porta que a quebra. Umaporta feita com o metal divino paradisiano,considerado quase indestrutível (mesmo para ospadrões dos filhos do Edhen), foi quebrada comose fosse uma simples divisória de papelão terreno.O olimpiano observa a deusa da guerra e dasabedoria cair no centro da sala, desacordada emuito ferida.

O olimpiano abaixa-se para consolar eagradecer à deusa por quase morrer por ele, elevanta-se, encarando o monstro. A criatura separece com um guerreiro troiano, portando umaespada curta que secreta sem parar uma substâncialíquida semitransparente, mas com resquícios dealgo negro, fazendo parecer água suja. Em seutronco, uma cota de malha; quando observada commais atenção, percebe-se que em vez de anéis deferro, a matéria-prima para tal proteção sãodiminutas pessoas, cuja alma foi moldada para queseus braços e pernas fossem fundidos uns aos outros,em um tecido macabro de energia cármica. A peledo monstro é muito pálida, com veias azuladas

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saltando. O resto da armadura é de um metal negroque emana uma aura amarronzada de podridão emal absoluto, com detalhes vindos dos piorespesadelos que seu ferreiro poderia ter ao forjar taispeças de armadura. Seu elmo, aberto em estilogrego, tem o bizarro formato de duas Súcubosfazendo amor. Seu rosto é medonho, comdeformações que um mutilado seria incapaz devislumbrar em um espelho. Este ser não possuiolhos, mas suas cavidades oculares se parecem combocas de lampreias, circundadas por pequenosdentes afiados, formando 2 pequenas bocas ondedeveriam ser os olhos. Sua boca, com ummaquiavélico sorriso de boca aberta, tem seus lábiossuperiores e inferiores unidos em certos pontos,como se houvesse uma grade de carne labial.

A criatura caminha com passos lentos nadireção do olimpiano, quando ele sorri e pega opoderoso escudo de Athena no chão, olhando paraseu lado esquerdo. Do canto da sala onde oolimpiano fitava, surge uma forma humanóide quaseimpossível de se descrever; afinal, como explicarsobre um ser que na verdade são 50 guerreiros, todosocupando o mesmo lugar no espaço? Todos semovem independentemente, mas suas mentes sãocompartilhadas em uma espécie de consciênciacoletiva. Este ser é Briaréu, um dos Hecatonquiros.O olimpiano olha com satisfação para Briaréu e,com o escudo de Athena consigo, vira-se com fúriapara o monstro grotesco:

- Invasor, hoje você teve uma chance daqual nunca poderá se esquecer – diz oolimpiano –; sem grande esforço,derrotou os maiores guerreiros doMonte Olimpo: Hércules, Ares,Ártemis, Apolo e Athena. Nenhum foipáreo para seu poder. Mas agora, vocêenfrentará 51 seres divinos de umaúnica vez. Briaréu é meu guarda-costas, e ninguém invade meu reinoimpunemente! – o olimpiano cria umalança de raios em sua mão direita,investindo contra o monstro junto como Hecatonquiro. – Enfrente e caia anteo poder infinito de Zeus!

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Deserto de Dudael, Paradísia, 6 horas depois

Yviel e seus parceiros já estavam há quase 1hora na tenda de Sara, a esposa do patriarca Abraão.Sara, uma senhora de idade e muito caridosa,conversava com o esquadrão sobre a vida na Terra,suas vantagens e desvantagens relativas à vida emParadísia. Sua voz é tão angelical que mesmo osAnjos se sentem mais próximos do Demiurge. Suatenda, mesmo tão simples, é capaz de comportarmilhares de almas fiéis em busca de descanso eterno

fora de toda a burocracia e política hierárquica daCidade de Prata.

Do alto do Monte Aramesh, os 6 Anjosrenegados vêem a aproximação de um Anjo com 4pares de asas de luz, iluminando o céu com tantaintensidade que mais parece um segundo Sol naabóbada. Graciosamente, o Anjo se aproxima datenda de Sara e o grupo reconhece-o como Miguel,o Príncipe supremo dos Arcanjos e um dos maisfortes guerreiros do Demiurge.

- Fico muito grato pela solicitude,minhas crianças! – Miguel dirige-se aogrupo, com o carinho de costume.

- Excelentíssimo mestre Arcanjo,viemos aqui atendendo à suaconvocação. – Yviel diz – Existegravidade suficiente para a Cidade dePrata aceitar nossos serviços, meusenhor?

- Por enquanto, manteremos entre nós,está bem? – Miguel falacarinhosamente, continuando apósperceber a aprovação dos renegadoscom relação à discrição. – Para nãoperdermos tempo, contarei logo o casoa vocês. Fui informado que os trêsmausoléus ao redor do Fosso deMetrópolis estão abertos, masninguém conseguiu descobrir se elesabriram sozinhos, se alguém os abriupor fora, que tipo de ser havia dentro,nem para onde dirigiu-se. Além destecaso, há duas múmias milenares defaraós que durante a vida devotaram-se a cultos secretos a entidadesinfernitas e tenebritas, principalmenteo adormecido Dagon. O Conselho daCidade de Prata já sabe das múmias,mas os Cenobitas isolaram sua cidadede modo que ninguém mais saiba dosmausoléus. Preciso saber o queaconteceu em Metrópolis, mas nãoposso enviar ninguém da própriaCidade Prateada, para que as notíciasnão corram. Também não possoutilizar os serviços de seres de poucafé e compromisso com os planos doCriador. Este é o motivo de convocarvocês. Aceitam auxiliar a Cidade dePrata?

- Sem dúvida alguma, altíssimo Miguel!– responde Yviel.

Do oeste, outro Anjo voa em direção à tendade Sara. À medida em que se aproxima, pode-seidentificar o Anjo como sendo Eriel, mensageirode Miguel. Devido à sua luz angelical, não puderamser vistas de longe 3 figuras que o seguem de perto.Uma jovem de cabelos ruivos e trajes gregos, um

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guerreiro de pele morena, três cabeças e oito braços,e uma loira em trajes vickings de combate. Os trêsmuito feridos, mas ainda resistindo bravamente àdor.

- Mestre, tenho novos fatos para lheinformar... – diz Eriel, mas interrompeo que dizia ao ver a presença de Yviele seu grupo. – Vejo que, pelo menoscom relação a compromissos, Yvielsabe manter a palavra! Veremos oquanto sua palavra durará quando astentações de Belzebu os perseguir... –comenta, sarcasticamente.

- Meu querido pupilo, isto são modos?– repreende Miguel. – Me diga asnovas, Eriel!

- Estes três Anjos são: Andrômeda,semideusa olimpiana neta de Hércules;Aruhiga, Gandharva arauto dosMarûts; e Njall, Valkíria responsávelpor defender a entrada para a cavernaonde o deus das trapaças Loki estáenclausurado. Os três foram atacadospor monstruosidades poderosas osuficiente para vencer todas as defesasdas 3 cidades paradisianas ecompletarem suas missões.

- E quais eram suas missões? – perguntaMevosiah.

- As piores possíveis... – responderelutantemente Eriel. – A criatura queinvadiu Neokósmos raptou o própriosenhor dos deuses, Zeus, e Briaréu estádesaparecido. A criatura que invadiuKatmaran raptou todos os 60 Marûts.Por fim, a criatura que invadiu acaverna nas proximidades de Aasgardsoltou Loki.

- Como isto é possível? – berrouMiguel, com a voz de mil trovões. –que ser maligno conseguiria planejaralgo tão terrível? – suas asas passamseu brilho de algo solar e glorioso parachamas incessantes. – A fuga do deustrapaceiro é o anúncio do Ragnaröck!Bela Valkíria, deves retornar aAasgard e avisar o pai dos Aesir queo fim pode estar próximo! Por favor,minhas crianças, partamimediatamente para Metrópolis edescubram o que eram as 3 criaturas!Vão em paz, e que Demiurge estejaem seus corações! – Miguel sedespede, partindo com a velocidade daluz em direção ao Solarium.

- Escutastes o Príncipe Arcanjo!Sumam daqui e cumpram sua missão!– exclama Eriel. – Njall e Aruhiga,

descansem um pouco na tenda de Sara,que logo seus ferimentos sumirão.Sara, a senhora poderia tratar estes 2Anjos?

- Mas é claro, meu lindo Anjo! –responde Sara. – Venham, crianças,logo, logo não sentirão dor alguma...

- Obrigado, senhora – responde Aruhiga–, mas se Njall me permite, eu aacompanharei até Aasgard.

- Sim, guerreiro de Katmaran. – dizNjall. – Gostaria de companhiadurante o trajeto. Gostaria de meacompanhar também, Andrômeda?

- Gostaria sim, Valkíria Njall! – afirmaAndrômeda.

Assim que os 3 Anjos das cidades atacadaspartem em direção a Aasgard, Yviel e seu esquadrãoplanejam que ações tomar:

- Chefinho – diz Cibele –, múmiasdespertas, 3 mausoléus abertos, 3cidades paradisianas atacadas... Vocêvê alguma ligação?

- Olha, Cibele – responde Yviel –, nãosei o que essas múmias têm a ver, masacho muito provável que os 3 “bichos”que saíram dos mausoléus são osmesmos “bichos” que atacaram ascidades. Precisamos saber quem eramesses 3 deuses mortos, e não é emMetrópolis que conseguiremos estainformação facilmente!

- Talvez com um antigo morador dacidade dos anjos corrompidos... –divaga Mevosiah.

- De quem estais falando, impuros? –pergunta Eriel.

- E o quê te interessa, almofadinha? –responde Heluel. – Temos Miguelcomo nosso empregador, e você comoum reles capacho impertinente!

- Já sei de quem está falando, Heluel! –comenta Yviel, observando Eriel voarem direção à Cidade de Prata sem nemmesmo despedir-se deles. – Mevosiah,próxima parada, Kuala Lumpur!

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Jerusalém

Durante a alvorada, todos os Corpores deJerusalém sobem ao monte em que Christos foicrucificado, para escutarem a sinfonia celestial dacriação. Além deles, ainda há um outro grupo deAnjos no alto do monte, que está lá dia e noite, todosos dias desde que assumiram suas funções noFirmamento: aguardarem o sinal dos céus para ocombate derradeiro entre as forças de Lúcifer e de

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Christos, na planície de Megiddo. Diferente de todosos outros dias, o Sol nasceu com um ponto escuroem seu centro, que depois subiu a abóbada com maisvelocidade que o astro-rei e, aos olhos treinados,pôde-se ver uma forma angelical no ponto escuro.

Um local tão sagrado aos Anjos cristãos nãopoderia nunca parecer comum ou simples: enquantoalguns poucos Anjos deste grupo pré-apocalípticopermanecem sempre de pé olhando para o Leste,outras dezenas voam sem nunca parar à volta domonte. Suas asas luminosas, movendo-se em altavelocidade ao redor do monte deixa o acidentegeográfico sacro sempre iluminado para quem podeenxergar os Anjos. Nenhuma criatura sobrenaturalde pouca fé seria capaz de aproximar-se a menosde 100 metros do monte, arriscando-se a sofrercombustão espontânea com o fogo penitente destesAnjos vingadores.

Enquanto se aproximava, o ponto tornava-se mais humano, e adquiria a luz característica dosAnjos. Assim que chegou ao monte, o Anjo pousadiante de Gideão, o líder deste grupo de Anjos queaguarda o sinal do fim dos dias: os Anjos doArmageddon.

- Meu irmão celeste, venho trazer-lhe oque vós aguardais há séculos! –comenta o Anjo, entregando na mãode Gideão um Turíbulo. – Pode seguira Megiddo, pois logo chegará a horada purificação divina!

- Goghiel – comenta Gideão, satisfeito–, finalmente nos vemos, após tantotempo! Será mesmo este o momentode mostrarmos aos infiéis o fogopenitente de Demiurge?

- Sim, meu caro portador doApocalipse! Este Turíbulo é a provade que o fim da era dos homensfinalmente chegou! Deves seguir comseus Anjos do Armageddon paraMegiddo o mais rápido que puder, eposicionar-se com todo o seu poder, enão aguarde por nenhuma outrarevelação divina, a não ser a que lhetrago! Lembre-se que Satã tentaráenganá-lo e fazê-lo retroceder em seucaminho triunfante sobre as forçasinferiores!

- Sim, Goghiel, finalmente o poderinfinito dos Serafins e Malachim seráempregado na destruição do Mal!Vamos, mirmidões apocalípticos,prostrar-nos no terreno da batalhafinal! – exclama Gideão a todo fôlego,levantando vôo junto a seus 100soldados.

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Castelo Júpiter, Cidade de Prata

Na torre da Sabedoria de Jeová, Miguel voacom olhos determinados, capazes de intimidarqualquer Anjo que estivesse em seu caminho. Noalto desta torre, fica a alcova de Isherel, o maisantigo Seraphim da Cidade de Prata. Sua idadeavançada permitiu-lhe ter sido o primeiro coletordas almas dos primeiros descendentes de Abraão, etambém amigo eterno de Miguel. Suas 4 asas sãoenormes, mesmo comparadas às já grandes asas dosSeraphim: esticando todas, teria uma envergadurade mais de 20 metros. Seu manto repleto de runasem língua angelical pulsam uma luz verde no mesmoritmo em que o Seraphim respira (hábito adquiridoem seu tempo como psicopompo dos hebreus).Atualmente, não coleta mais almas, agindo como obibliotecário dos veneráveis do Conselho, e detentordas informações inimagináveis a outros seres. Suaatenção quanto a um dos inúmeros pergaminhos emseu quarto só é interrompida pela entrada de Miguel.Seu rosto preocupado atrai a atenção do velhoSeraphim.

- Por Demiurge, Miguel, por que estácom esta feição apreensiva?

- Meu querido amigo, pressinto quechegou o momento da Roda girar...

- Por que agora? Nada consta nosarquivos apocalípticos de que seriaagora... Daqui desta janela, possoenxergar o Ancião dos Dias, ali noalto, vê? Ele está na mesma posiçãoque sempre esteve há milênios! Ele éo responsável por avisar o fim dosdias. Diga-me, meu amigo, que sinaistu possuis para me dizer algo assim?

- Amado Isherel, Loki está solto! ORagnaröck aasgardiano se iniciou!

- De acordo com todos os calendáriosapocalípticos que tenho, há muitasdatas diferentes que anunciam esteevento! Pode ser que Aasgard devetombar antes que todas as outrasregiões de Satânia, meu amigo!

- Darahv e Teptet voltaram à Terra emseus corpos mumificados! E se destavez eles conseguirem abrir a brechapara Infernun, como tentaram há 3milênios? Provavelmente os gigantesde fogo de Muspellsheim já devemestar se aprontando...

- Acalme-se, Miguel! Que outrasocorrências vislumbrou?

- Os três mausoléus ao redor do Fossode Metrópolis estão abertos e vazios.Zeus foi raptado por uma criaturadesconhecida, assim como os 60Marûts de Katmaran.

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- Nada foi encontrado dentro dos 3mausoléus?

- Encontraram isto. – Miguel entrega opergaminho a Isherel. Isherel é antigoo suficiente para conhecer todos osidiomas conhecidos, alguns poucoconhecidos, e ainda é capaz decompreender os idiomasdesconhecidos por ele.

- Miguel, pelos traços e o material, estepergaminho é tenebrita, e vem comprofecias sobre a criação de todas ascidades paradisianas, bem como umúnico Apocalipse para todas. Deacordo com isto, os três mausoléusguardam deuses mortos infernitascondenados a dormir até o dia do giroda Roda dos Mundos. Meu amigoMiguel, pode ser que seus receiospossam ser reais...

Subitamente, a porta do aposento de Isherelse abre, e o novo visitante revela-se Eriel.

- Meu amado mensageiro, rezo para queme traga boas notícias... – diz Miguel.

- Sim, digo, não, digo, não sei ao certo,senhor! – hesita Eriel. – Olá, venerávelIsherel. Peço desculpas por invadir seuaposento sem permissão, mas precisofalar com meu mestre Miguel.

- Fique à vontade, jovem! – responde,com o máximo de cordialidadepossível, o Elohim Isherel.

- Eriel, conte-me o que tens a contar!Não se preocupe com Isherel, ele podeouvir.

- Senhor, 7 Thuata Dé Danann dirigem-se para Cidade de Prata, e, através deum arauto, avisaram que precisamreunir-se com os generais dosexércitos celestiais!

- Entende como tudo está se tornandocada vez mais estranho, meu queridoIsherel? Agora, 7 deuses celtas queremfalar de guerra conosco! Está bem,Eriel, apronte a sala de guerra para achegada deles, e peça que os recebammuito bem e os levem até a sala. –Miguel começa a falar cada vez maistenso e apressado. – Meu amadoIsherel, tenho de ir agora, mas depoisconversaremos mais! Fique com opergaminho e analise quem são ascriaturas dos mausoléus!

- Claro, meu milenar amásio! Assim quedescobrir algo novo, eu lhe avisarei!Vá com a luz de Demiurge!

- Obrigado, Isherel! Que o Altíssimo oabençoe. – Miguel diz, antes de sair

da alcova em direção a seus própriosaposentos, enquanto Eriel dirige-seaos guardiões das entradas da Cidadede Prata.

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Pirâmide Amduat, Inferno, 1 ano atrás

Em uma sala maravilhosa decorada comobjetos egípcios, a figura sombria aguarda sentadasobre uma cadeira ricamente ornamentada comhieróglifos. Pela janela da pirâmide de pedra negra,pode-se observar as areias escaldantes do TerceiroCompartimento no Sétimo Círculo, repleta depássaros com cabeça humana sobrevoando almascondenadas que rastejam sobre os grãosincandescentes de areia. Vez ou outra um grupo de3 ou 4 ciclopes portando árvores retorcidas comoclavas passam pelo deserto, espancando até a mortetoda alma que encontram. E este é um dos problemasde um condenado ao Inferno: mesmo morrendo, elevolta à “vida” segundos depois, sofrendoeternamente seu castigo imposto pela Forma-Pensamento dos fiéis terrenos.

Ainda um pouco impaciente, a figurasombria tenta distrair-se examinando alguns objetosda sala, como punhais, taças, pergaminhos,estatuetas e moedas. Seu manto negro é grande osuficiente para ocultar todo o seu corpo, e ainda lhefornecer penumbra ao rosto, mantendo a identidadea salvo de qualquer intrometido que tenha lheseguido. O último objeto que examinava com asmãos era uma estatueta de Horus, o deus vingadore atual regente da Cidade Dourada de Rá.

- Linda estatueta, não é, meu visitantemisterioso? – o poderoso juiz dosmortos Anúbis surge da porta douradaque contém a forma do próprio deusda morte egípcio, em alto-relevo.

- Concordo, juiz dos mortos! – acede oser sombrio de manto negro. – Seumeio-irmão parece estar fazendo umbom serviço como sucessor de Osíris.Se pelo menos ele permitisse sua voltaà Cidade Dourada... – e a figuracomeça a destilar seu veneno naspalavras que profere ao descendentede Kephera.

- Sim, mas não há modo de sair daqui eentrar na Cidade sem meu antigotransporte... Rá me concedeu a honrade iluminar os céus do Antigo Egitocomo seu substituto, mas as malditaslegiões espirituais romanas o tomaramde mim...

- Por acaso o juiz dos mortos sabe queseu presente de Rá perdeu-se do

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domínio do Arkanun Arcanorumquando Mithras foi vencido pelasfalanges da Cidade de Prata?

- É claro que sei! – exalta-se Anúbis. –Como ousa duvidar de minha ciêncianos fatos terrenos, se nem ao menosconheço-te?

- É claro que me conheces, deus-chacal!– a figura ergue a cabeça, eliminandoa penumbra que lhe ocultava a face.

- Ah, você... Desta vez tens algo a meoferecer para que nossa troca pareçajusta?

- Sim, tenho, e desta vez meu pedidoaumentou proporcionalmente ao valordo que tenho a lhe dar...

- Ah é? E desta vez seu pedido seria oquê? Todos eles de uma vez só?

- Exatamente...O mestre da morte não esperava por esta

resposta. Ele pensa por instantes o que aquele serpretende com tal pedido radical. Será que ele nãoteme as cidades paradisianas? Os grandes senhoresde Spiritum? Ou mesmo os nobres do Inferno?

- E qual seria o meu pagamento por umserviço que me tomará todo o tempopor... – Anúbis examina uma tabuletade barro com vários hieróglifos. - ...umano inteiro?

- Que tal a chance de navegar de voltaà morada do deus das lágrimas?

- Você... – o deus-chacal parece nãoacreditar no que ouve. – Vocêconseguiu encontrá-lo?

- Foi difícil, tenho de confessar!Realizei esta busca há mais de meioséculo, e o tenho guardado todo estetempo, para que sua sentida falta e abusca por sua devolução fossemdesencorajadas. O que me diz, juiz dasalmas? Nosso trato está feito?

Anúbis nem se preocupa com asconseqüências de seus atos. Tudo o que lhe importaé voltar à Cidade Dourada de Rá e negociarpessoalmente com Horus por sua aceitação de voltaà cidade dos grandes deuses egípcios. De ondenunca deveria ter saído, se não fosse pelasartimanhas de Set. O trabalho seria duro, por umano inteiro. Anúbis sabe que está negociando comum ser muito poderoso, talvez até capaz de rivalizaro poder do deus-chacal, de modo que ele deverácumprir o trato sem um único erro, pois um ínfimoerro implicaria na vingança desta figura envolta emum manto de energia negra, juntamente com o ódiodas cidades paradisianas e do próprio Inferno, queo caçariam e destruiriam sua existência assim quesoubesse o que ocorrerá.

- Está bem, conquistador! Negóciofechado! Onde está meu presente?

- Ali embaixo, vê? – a criatura envoltaem trevas olha pela janela para aentrada da pirâmide de rocha negra,uma longa barca de madeiraenegrecida e um remo sobre ela, e emvolta da barca alguns demônios comcabeça de chacal, servos de Anúbis.

- Sim! Sim! A barca solar de Rá!Finalmente a terei de volta!

- Bom para você, juiz dos mortos!Voltemos às condições de entrega demeu pedido...

- Tem alguma ordem de chegada?- Na verdade, tenho sim. – responde a

figura sombria, apontando para algunssímbolos da tabuleta de Anúbis. –Estes dois demonologistas primeiro,depois todos juntos! É imprescindívelque haja uma diferença de exatamente4 dias entre estes 2 e todos os outros!Consegue realizar esta entrega sobestas circunstâncias, mestre da morte?

- Sem dúvida! Quer embalados parapresente?

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Costa litorânea de Mônaco, Terra, 20 anos atrás

As ondas chocando-se na linda praia nestanoite estrelada são quase hipnóticas para os casaisde jovens que sentam-se na areia para comemoraro dia de São Valentim, o padroeiro dos amantes enamorados. Mas de pouco importa este fenômenoda natureza para o esquadrão de Anjos queposiciona-se sobre um rochedo, banhados pela luzda lua cheia, chamada pelos italianos de Luna delCaccadore, a “lua do caçador”. E é exatamente istoo que farão nesta noite: caçarão.

O grupo de 4 Anjos posiciona-se para umataque veloz e certeiro contra um provável inimigo,que um contato deles revelou possuir informaçõesimportantes sobre um Anjo Caído que movia peçasno Xadrez Celestial sem o consentimento dosNimbus. A simples menção de um Anjo Caídoinflama os olhos do Ophanim Ubeel, que não admitenem mesmo a possibilidade de um ser feito deenergia celestial agir contra as ordens de Demiurge.

Há tempos que estes Anjos vêmacompanhando o grupo de Hellspawns quefreqüenta Mônaco sem nunca causar problemas coma comunidade sobrenatural do local, semprediscretos e pacíficos. Péssimo sinal, por se trataremdos melhores assassinos do Inferno. O contato destegrupo de Anjos, um cigano chamado Raul, lhesinformou que um dos Hellspawns pretende inclusiveparar com as matanças desenfreadas que fazem a

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mando dos lordes infernais, e purificar-se de talforma que se torne um Redentor, a exata contrapartedos Hellspawns na Cidade de Prata. O líder dos 4Anjos, Yviel, pretende interrogá-lo caso surja achance. Assim que duas ondas se chocam no cantoleste da praia, o grupo de Hellspawns surge em meioàs águas ainda espumantes devido ao choque.

- Chegou a hora. Meus parceiros,preparem-se para o que vier aacontecer. Eu descerei e conversareicom um deles! De acordo com Raul,o Hellspawn em busca de redenção sesentará no primeiro quiosque àesquerda. Vigiem os outros, por favor!

- Sim senhor! – respondem o OphanimUbeel, a Potência Cibele e o CaptareHeluel, observando o Hayyoth que oslidera planar invisível do rochedo atéo quiosque onde o Hellspawndisfarçado se posicionara.

- Você quer poder sentir a energia deDeus, demônio? – Yviel pergunta aoHellspawn.

- Sim... E para conseguir a luz divinaem minha existência, estou disposto arevelar informações importantes sobrea Guerra entre o Céu e o Inferno.

- Por que você não me conta algo e eumesmo verifico sua relevância naCidade de Prata? Sou um Hayyoth, evocê mesmo sabe que isso basta paraque confie em mim. – Yviel toca a mãodo Hellspawn e lhe permite ver suaverdadeira forma angelical porsegundos, para provar sua veracidade.

- Está bem. Em uma de minhas missõesno Inferno, me deparei com um grupode seguidores de Dagon, queplanejavam a volta datada de seu deustenebrita à Terra... Felizmente, umdestes seguidores era meu alvo, e pudeadquirir todas as informações sobre avolta de Dagon à Terra enquanto otorturava, retirando dedo a dedo,depois destrinchando seus membrosde modo que se desfizessem em carne,sangue podre e nervuras, depois...

- Me poupe dos detalhes da tortura,criatura infernal! – interrompe Yviel,enojado. – e quando será a volta deDagon?

- Isto eu só conto na Cidade de Prata!- Então aguarde aqui mesmo, que logo

voltarei com outros Anjos para lhelevar até a cidade dos altíssimos!

Assim que chega ao rochedo, Yviel percebeque há companhia com seus companheiros.

- Senhor Goghiel, tenho grandesatisfação em dizer-lhe que aqueleHellspawn está arrependido de suaexistência corrompida e deseja voltarà Luz! Ele também tem informaçõesimportantes sobre a volta de tenebritasà Terra...

- Chega, Hayyoth! – grita Goghiel. –Vejo que a inocência em sua Castarealmente pode tornar-se perigosa...Tens idéia da gravidade que é a voltade um tenebrita? Por acaso achas queum Hellspawn baixo como este saberiade uma informação tão importante epassaria esta informação aosguerreiros puros da Cidade de Prata?É claro que não! Ele a negociaria emtroca de almas, de terrenos no Inferno,de favores aos grandes lordesinfernais, uma noite com Ereshkigal,ou qualquer blasfêmia semelhante!

- Mas senhor... – Yviel tenta se explicar.- Não, jovens! Demônios vêm à Terra

para corromper humanos e levá-los aocaminho do Mal! Um segundo a maisde existência de um demônio na Terraé mais uma alma que perde a chancede ir ao paraíso. Sou um antigo Elim,um Portador da Fúria Divina, e seiexatamente o que fazer com estesmonstros dos planos inferiores! Sevocês não são capazes de seguir as leisde Demiurge, eu lhes mostrarei como!– o Anjo retira seu manto cerimonialbranco e saca duas espadas comlâminas flamejantes. Seus braços sãorepletos de pelugem listrada, como sefossem os braços de um tigrehumanóide.

- Por favor, não, senhor! – suplica Yviel.– Entendo perfeitamente o quedisseste, e sei o que fazer. Amigos,vamos exterminar estes Hellspawns!– virando-se aos 3 Anjos.

Goghiel vê o imenso poder que os 4 Anjostêm, mesmo com alguns sendo tão jovens. Os 7Hellspawns que aguardavam à sombra do rochedopela volta do líder são interceptados pelo Ophanim,o Captare e a Potência, que os extermina em poucosminutos; se não fossem recém-recrutados, talvezdessem mais trabalho aos 3 Anjos. Yviel aproxima-se novamente do Hellspawn em busca da redençãoe pede que lhe acompanhe até o rochedo, utilizandoseus poderes de influência mental. Assim que chegaà sombra, o Hellspawn depara-se com as 7 carcaçasdestruídas de seus companheiros infernais e nemsequer tem tempo para defender-se dos 3 Anjos

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atacando ao mesmo tempo. O elemento surpresa foisuficiente para matar um Hellspawn de 200 anos.

O Elim Goghiel sorri satisfeito com oresultado do ataque e parte voando em direção àCidade de Prata, deixando como recompensa peloheroísmo dos 5 Anjos um grande machado mágicocom símbolos astecas.................................................................................................................................................................

Kuala Lumpur, Malásia

Abaixo das Petronas Towers, as maiorestorres gêmeas do mundo, fica a Praça de Recreaçãoda capital malaia. Um grande centro de alimentaçãoe eventos ao vivo diariamente, repleto de altosexecutivos de empresas multinacionais e turistas.O Sol recém-saído de seu zênite inicia a formaçãodas sombras das torres que logo encobrirão a praça.Em meio a quiosques e balcões de vendedores delanches e doces, dezenas de pessoas andamapressadas, em sua maioria preocupadas com o vilmetal que suja a alma dos mortais gananciosos.Nesta praça, um grupo de 5 Anjos disfarçados emhumanos observa os arranha-céus gêmeos.

- Será que ele virá? – Heluel pergunta aYviel.

- É claro que virá, Heluel! Ele sabe queainda nos deve um favor! Nada maisoportuno que utilizar as capacidadesdele para verificarmos o que ocorre emMetrópolis.

- Sim, mas... O que Miguel faria sesoubesse? – preocupa-se Mevosiah.

- Ele pediu pelos serviços de Anjosexpulsos da Cidade de Prata. Ele sabeque utilizaremos métodos raros oumesmo proibidos pelos habitantes dacidade celestial. – explica Yviel.

Enquanto questionam seus métodos deinvestigação, Heluel nota o executivo que sai datorre Petrona direita e segue tranqüilamente emdireção aos Anjos.

- Boa tarde, amigos! Pensei que nuncamais nos veríamos! – diz o homem.

- Você costuma almoçar nesta praça,Xheol? Nunca comi uma comidaoriental tão deliciosa! E este saquêcom licor? Hum, divino! – comentaMevosiah.

- Não, Corpore, eu como na praça dealimentação dentro das torresgêmeas... Mas então: o que os traz àMalásia? Falem logo, porque estou nahora do almoço e daqui a pouco tenhouma reunião...

- Como assim? Quer dizer que o Chezarebelde, transportador de almas dosmaiores negociadores de Metrópolis,

agora segue horários e se veste todoengomadinho? – debocha Cibele.

- Ossos do ofício... Quem diria quedentro destas torres existem cultistastão valiosos para os meusempregadores?

- Chega de falar de seus crimes contrao Demiurge! – enfurece-se Yviel. –Viemos aqui para coletar informaçõessobre os mausoléus de Metrópolis, esabemos que você tem os Manuscritosde Ravena! Queremos negociar pelasinformações que existirem nestedocumento!

- Yviel, você sabe que a simples leituradeste documento seria capaz deenlouquecer um humano, e corromperAnjos, não sabe? Eu até permito quese arrisquem, mas depois não venhamreclamar comigo que seus coraçõesestão gelados, que só enxergam omundo com decadência, que ouvemlamentos dia e noite...

- Sabemos de nossos riscos, masestamos agora a serviço do próprioDemiurge! Qual é seu preço?

- Vamos ver... Eu estava precisando melivrar destas chagas horríveis queadquiri com aquele exorcista mêspassado... Pelo que sei, elas piorarãocom o tempo, até que eu nunca maispossa assumir essa forma humana, eseja sugado direto para o Inferno! É,acho que acabar com esta maldiçãoestá de bom tamanho!

- Está bem, Cheza! – concorda Yviel. –Precisamos de um local consagrado.Você conhece algum por aqui?

- Claro, prezado Hayyoth! Porcoincidência, possuo um localconsagrado no museu que patrocino.Aliás, é lá que estão escondidos osManuscritos de Ravena! – Xheol olhaseu relógio – Meu tempo de almoçoacabou! Encontrem-me no MuseuNacional, na ala de História Antiga, àmeia-noite!

- Quer dizer que deveremos invadir olugar? – pergunta Ubeel.

- Vocês não querem também que eu lhesfacilite tudo, querem? Até à noite,amigos! – o Cheza Xheol se despede,rumando em direção à torre direita.

À meia-noite do mesmo dia, os 5 Anjos jáestavam dentro do saguão do museu, empregandoseus poderes ilusórios para afastarem as atençõesdos cães vigias e seus donos, os guardas do local.Ao subirem a escadaria principal do museu, o grupo

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segue para a ala de História Antiga. Por sorte, ahabilidade inata de Mevosiah em lidar com oshumanos lhe garante a capacidade de compreenderquase todos os idiomas dos mortais, o que lhe ajudoua traduzir as placas.

Entrando na ala de História Antiga, os 5amigos rumam para a última sala, ondeprovavelmente estaria Xheol. Ao penetrarem oaposento, a sala de Ritos Ancestrais, os Anjosencontram Xheol já em sua forma verdadeira: umhomem careca, de pele muito pálida, trajes de couronegro brilhante, arame farpado enroscado em todasas suas articulações (como pescoço, cotovelos ejoelhos), uma única asa mecânica de bronzealaranjado repleta de pontos de ferrugemconcentrada, o antebraço esquerdo envolto por umacorrente de metal negro, e um arpão de açoenegrecido atravessado em seu tórax.

Por um instante, os Anjos pensam ser umapéssima idéia negociarem com tal ser grotesco,embora ele seja também um paradisiano. Depois, anecessidade e o histórico de alianças já feitas comele os forçam a aceitar barganhar com o Cheza. Elenunca descumpriu um trato, e sabe do valor que“agentes desligados da agência” têm e sempretiveram neste giro da Roda dos Mundos.

Desde que se conheceram, nas guerras civischinesas da década de 80, os Anjos percebiam umaboa intenção nas más ações do Cheza. A primeiravez que se viram, Xheol estava em um hospital,capturando as almas de crianças moribundasbaleadas. Yviel, ponderado como sempre,questionou os atos de Xheol, que lhe explicou arazão de estar capturando as almas de tais crianças:todas elas tinham suas almas vendidas a mercadoresde almas da Cidade de Prata, e perderiam parasempre a chance de reencarnar assim quemorressem. Assim, seria preferível entregar as almasa escravistas de Metrópolis, na esperança de um diaestas almas serem libertas, a permitir que estascrianças se tornassem parte da energia corrompidados Obscuri Recíperes. Por dois anos, Xheol tornou-se um integrante do grupo de Anjos, enquantoexecutava em paralelo sua coleta de almas aosmercadores de Metrópolis. Um certo dia, os 6paradisianos tiveram de enfrentar invocadores deanimais demoníacos, quando perceberam que ovilão do caso era um dos empregadores de Xheol.O Cheza recusou-se a continuar a missão, erefugiou-se em uma vila no Camboja, passando amudar-se de país em país da região até então.

- Ah, chegaram! – Xheol se alegra aover o grupo. – Estão prontos para melivrarem da maldição? Esta sala estáconsagrada!

- Os Manuscritos estão aqui? – perguntaUbeel.

- Sim, estão nesta vitrine, dentro destetudo de cerâmica. – Xheol aponta auma coleção de itens egípcios. Navitrine, há vários outros artefatosarqueológicos, como punhais,estatuetas e ornamentos corporais.

- Sim, Xheol! – afirma Yviel, comconvicção. – Permita-me antes guardaros Manuscritos de modo a evitarfuturos problemas... Enquanto Cibeletoma os Manuscritos, nós iniciaremoso ritual.

O corpo de Cibele vai adquirindo umaluminescência fantasmagórica, enquanto seus traçosvão se tornando cada vez mais translúcidos, aomesmo tempo em que os outros quatro Anjos seposicionam à volta de Xheol como num círculoperfeito, com as distâncias milimetricamentecalculadas, o pó prateado jogado por Mevosiahsobre o Cheza, Ubeel erguendo sua espada curtaromana para o alto em um ângulo perfeito de 45graus, inflamando-a e revelando nas proximidadesvultos fantasmais percorrendo a área à volta e emmeio aos paradisianos.

Cibele atravessa o vidro que separa os itensque estão junto aos Manuscritos de Ravena, comose o vidro nunca tivesse existido. Suas mãosalcançam o rolo de papiros escritos em uma línguacenobita antiga, e logo o rolo adquire a essênciatranslúcida de sua captora. Enquanto a Potênciaguarda consigo o valioso item de Metrópolis, elanota um gato mumificado ao canto da sala movendo-se lentamente, como se voltasse aos sentidos apósum estado catatônico milenar.

Yviel entoa as palavras cabalísticas pararetirar a maldição imposta sobre Xheol, levantandosua voz em trechos estratégicos, enquanto Mevosiahmantém o controle da redoma mística criada com opó prateado, e Heluel segura com firmeza umaserpente empalhada com os braços esticados parafrente. Ubeel realiza um ritual paralelo, preparando-se para o combate que se seguirá após a retirada damaldição: uma infeliz conseqüência do ritual pagãoque estão realizando. Cibele volta à sua formatangível, perdendo a aparência translúcida, enquantoobserva o gato mumificado dirigir-se para fora dasala em que se encontram, intrigada.

No momento em que Yviel grita os trechosfinais do ritual, Ubeel adquire sua forma verdadeirade guerreiro descomunal trajando sua armadura deguerra, agora com uma espada de duas mãosinacreditavelmente grande mesmo para alguém doporte dele, com uma lâmina da largura de seupróprio tronco. Faíscas e filetes de chamaspercorrem esporadicamente o corpo do Ophanim,neste momento pronto para a ameaça. Após a últimapalavra de Yviel, Xheol berra de dor, enquanto umaenergia luminosa repleta de faíscas vermelhas e

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amarelas sai do corpo do Cheza e penetra naserpente empalhada.

Yviel junta-se a Mevosiah na manutenção daredoma mística e puxa Xheol para fora do círculo.Heluel arremessa a cobra para o centro e posiciona-se ao lado de Ubeel. A serpente rapidamente adquirevida com a essência que foi retirada de Xheol,metamorfoseando-se em uma colossal serpente demadeira, cujas ranhuras permitem que seu interiorseja visto: pura energia branca com faíscas, a mesmaenergia que fora retirada de Xheol. Com um simples,porém muito bem calculado, golpe de sua espada,Ubeel corta a cabeça da serpente, acabando com aenergia maligna, e consequentemente com amaldição do Cheza.

- Está feito, Xheol. – Yviel diz, aliviadopor não ocorrer nenhum problema noritual.

- Eu agradeço a vocês, Anjos da Cidadede Prata! – alegra-se Xheol. – Comopercebo, vocês já se encontram comos Manuscritos de Ravena, e poderãoidentificar o que procuram! Mas...Onde está o gato mumificado queficava ali? – Xheol aponta para opedestal de onde o gato empalhadoobservado por Cibele saíra. – Alémdisso... Percebem o que estáacontecendo aqui? As almas estão emalerta! – Xheol acende seu isqueiro,realizando um pequeno ritual paratornar os espíritos visíveis. À voltadeles, diversas formas semelhantes abrumas humanóides voam peloaposento, com rostos transparecendodesespero e temor.

Assim que o Cheza termina de falar, os cãesde guarda começam a latir e ganir de dor, fazendocom que os 6 paradisianos dirijam-se ao saguão.Cibele continua olhando apreensiva para a porta poronde o gato mumificado saiu. O próprio ar dentrodo museu tornou-se mais frio e começa a criar ventosque sussurram a morte aos seres vivos. As luzesperdem seu verdadeiro brilho e sombras passam apreencher as paredes, em formas malignas de malesadormecidos nas areias do tempo e doesquecimento. Os paradisianos percebem que há umgrande mal a ser combatido no museu, e todos seapressam para atingir o saguão.

A visão que têm ao chegarem no saguão seriacapaz de enlouquecer um mortal comum, emborasejam exatamente os mortais no recinto que estejamsendo alvos desta visão estarrecedora: 3 múmias,cada uma erguendo pelo pescoço um guarda domuseu, utilizando a outra mão para sugarmagicamente as entranhas dos guardas, de modoque os órgãos internos são drenados das barrigasestouradas e se dirigem às mãos das múmias,

servindo-lhes de alimento para uma aparênciadiferente da de um cadáver mumificado. Com isto,o grupo de Anjos não vê outra saída senão atacaros 3 seres milenares e puni-los pelo mal que causamno mundo dos vivos.

Assim que descem do andar superior voandodiretamente em direção aos mortos-vivos, asmúmias percebem a ameaça e largam os corposensangüentados dos guardas, criando magicamentearmas para o combate. Ubeel é o primeiro Anjo ase aproximar de uma das múmias, chocando suaespada curta (já com seu tamanho normal após atransformação durante o ritual de remoção damaldição de Xheol) com a espada egípcia da múmia,e o Ophanim percebe que sua força não foi suficientenem mesmo para forçar a múmia a sair do lugar. Aespada do Ophanim é então girada em arco, com oobjetivo de acertar a cintura da múmia, mas a espadaparece atravessar uma parede de areia, sem ferir omonstro. A espada da múmia, entretanto, atinge oombro direito de Ubeel com a força de umaguilhotina, e labaredas são expelidas do ombroferido, incendiando as faixas usadas paraembalsamar a múmia.

Outra múmia, detectando os Anjos menosvoltados ao combate, torna-se uma tempestade deareia e envolve Yviel, esperando atrapalhar seu vôoe forçá-lo a chocar-se contra o chão ou uma parede.Enquanto o Hayyoth se debate, Heluel se joga paradentro da tempestade para salvar seu líder, aomesmo tempo em que Xheol usa sua única asamecânica para atacar a tempestade, passando aslâminas de bronze que preenchem sua asa. Logoque as lâminas de metal passam pela tempestade,ouve-se um urro de dor da múmia e sangue podrejorrando da tempestade para o chão. Logo que atempestade perde sai intensidade, Heluel conseguesair com Yviel agarrado em seu pescoço, e a múmiavolta à sua forma humanóide.

A terceira múmia, munida de um tridente,salta na direção de Mevosiah e Cibele, logo tendosua arma aparada pela maça prateada de Mevosiah.Cibele aproveita o momento e descarrega sobre amúmia uma rajada de eletricidade, que afasta amúmia e a obriga a criar um campo de proteção emvolta de si. Mevosiah percebe a hesitação da múmiae utiliza seus poderes dimensionais para atravessara barreira mística que o milenar faraó criara,acertando-lhe com a maça no rosto, marcando a facepútrida da múmia com os espinhos de prata. Ocampo de proteção cai e Cibele aproveita a ocasiãopara criar um arco de pura luz, a marca registradadas Potências, e apontar uma flecha de energia paraa múmia, enquanto sussurra palavras cabalísticaspara impor uma punição à múmia.

A múmia que enfrenta Ubeel grita palavrasde guerra, de modo que seu corpo arenoso sepetrifique, transformando-o em um monstro de

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pedra de vários pés de altura, o que não é suficientepara intimidar Ubeel. O Ophanim prepara-se paramais um ataque, e é surpreendido por um encontrãodo monstro de pedra, que o arremessa contra aparede oposta do museu. Ubeel ergue-se muitoferido e percebe a necessidade de usar o podermáximo dos elohim Ophanim: a transformação emrodas de fogo. Seu corpo torna-se discos flamejantesem giro vertical, todas no mesmo sentido, e voamem alta velocidade em direção à múmia, que percebeo perigo e tenta tornar-se uma tempestade de areia.Logo que as rodas penetram na tempestade, todosouvem os gritos de extrema dor da múmia, que apósalguns segundos volta a ser um cadáverembalsamado inerte no chão.

A múmia que enfrenta Cibele e Mevosiahtransforma-se em um grande leão de areia, correndoatrás dos Anjos para devorar-lhes. Cibele terminaem voz alta as palavras cabalísticas que sussurravae aponta o arco para o leão. Ao fim de seu mantramístico, o leão começa a voltar à forma da múmia,tornando-se enfraquecida pelo poder de punição dosmagos que os Anjos Potências são capazes derealizar. Mevosiah usa seus poderes mágicos decontrole do gelo para congelar a criatura emtransformação no lugar, e a flecha de Cibele adquiresua energia em intensidade máxima. A Potênciadispara a flecha, que corta o vento diretamente paraa cabeça do morto-vivo, enviando sua alma de voltapara o mundo dos mortos.

- Anjos, afastem-se desta múmia, poiseu mesmo darei cabo dela! – exclamaXheol.

- Xheol, não há necessidade paraheroísmos agora! – discorda Yviel. –Esta criatura maligna é uma ameaça àTerra, e temos o dever de impedi-lade cumprir seus planos!

- Já falei para se afastarem! – o Chezagrita, com uma ira nunca vista antespor seus antigos companheirosparadisianos. – Monstro amaldiçoado,você será enviado de volta a seu deusAnúbis logo, então não poupe esforçospara me matar! Venha! – O Chezadesenrola do braço sua corrente negra,girando-a como uma arma.

A múmia começa a emitir gritos de dor e achorar sobre sua arma, com gotas de um líquidoque não pode ser considerado como lágrimascomuns: este líquido que sai dos olhos mortos dacriatura é na verdade água morta, uma poderosaarma contra os paradisianos. Todos os Anjoscomeçam a gemer de dor e ajoelham-se, tapando osouvidos.

- Hahahahaha! – ri a múmia após suaslágrimas serem derramadas sobre sualança. – Cheza idiota, pensa que

somente você seria capaz de vencerum mago que foi capaz de voltar daprópria Amduat? Em meu reinadotodos os demônios babilônicos foramdestruídos, quando eu ainda era vivo!Agora que estou ainda mais forte,nenhum paradisiano de segundacategoria como você poderá nos deter!

- “Nos” deter? – pergunta Xheol. – Seuscoleguinhas acabaram de serexterminados, você está sozinho aqui!

- Não me refiro a eles, tolo arrogante!Os dias finais chegaram! Todos osfaraós receberão o reino que nos foiprometido por Osíris! Nós, antigosfaraós, reinaremos sobre o que restarda Terra quando todos os outrosdeuses morrerem!

- E esse negócio de deuses morrerem?Você está querendo dizer que este é ofim do mundo?

- Finalmente entendeu, inseto deParadísia! Prepare-se, pois será oprimeiro dos paradisianos a morrerpelas mãos de um faraó do novomundo! – A múmia dispara contraXheol, com sua lança apontada para oCheza.

Xheol esquiva-se do ataque da múmia,arremessando a corrente negra nas pernas da múmia,fazendo-a cair no chão e largar a lança devido aoimpacto da queda.

- Maldito Cheza! – urra a múmia. –Como esta corrente é capaz de mesegurar? Ela devia ter me atravessadocomo se eu fosse areia pura!

- Parece que não sou realmente uminseto paradisiano, não é, defuntoegípcio? – zomba Xheol. – Você poracaso acha que eu, patrocinando ummuseu com 3 múmias dentro, nãoentro sempre preparado para umevento destes? Experimente agora umpouco de ferrugem na cara! – o Chezaataca a múmia com sua asa mecânica,ferindo-a no braço esquerdo. Amúmia, também muito rápida, joga-separa mais perto de sua lança, pegando-a nas mãos e livrando-se da correntenegra.

A múmia gira a lança em volta de si comgrande destreza, demonstrando ao Cheza que seráuma dura batalha corpo-a-corpo. Xheol gira suacorrente negra, preparando-se para atacar. QuandoXheol arremessa sua corrente negra, a múmia reagecom uma rapidez inacreditável, desviando da linhareta que a corrente forma no ataque, e a lança

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alcança as vísceras de Xheol, com a lâmina molhadade lágrimas da múmia penetrando seu corpo.

Xheol sente uma dor muito forte, e perde aforça para o próximo ataque. A múmia percebe odano que causara e retira a lâmina do ferimento,agravando-o, enquanto a múmia gira no próprio eixopara que a ponta da lança desta vez fira o rosto deXheol. Xheol tem sua face rasgada pela lança, e ador o obriga a recuar. A múmia grita para Xheol demodo a machucar seus ouvidos, mas Xheolrapidamente joga sua corrente negra contra a múmia,desta vez envolvendo seu torso. A múmia percebeque desta vez foi atingida e que deve livrar-se dacorrente logo, para que nada pior o aflija. Porém,Xheol puxa a corrente com força, dando umcomando de voz à arma mágica, que torna-seincandescente e começa a queimar o corpo damúmia, que se debate, grita e chora, até que depoisde alguns segundos não sobra nada além de umcadáver carbonizado no chão.

- Xheol, você está bem? – perguntaYviel, dirigindo-se a ele para curá-lo.

- Sim, somente duas cicatrizes a maisdesta vez... – ironiza o Cheza. –Vamos, saiam daqui e deixem que euencubro as provas! Tentem descobrirsobre esta volta das múmias, pois, seo que esta múmia disse for verdade,estamos com um problema muito piorque qualquer coisa que Miguel possase preocupar! Procurem por Nimeoqna ilha de Milos! Ele poderá ajudá-los com relação a Metrópolis e aAmduat, no Inferno!

Os Anjos deixam Xheol se recuperando,afastando-se o suficiente para Mevosiah teleportá-los para um lugar seguro.................................................................................................................................................................

Proximidades de Aasgard, Paradísia

Os três seres divinos das cidadesparadisianas de Olympus, Aasgard e Katmaran seaproximam de grandiosa Aasgard. Já é possível veros detalhes das muralhas que cercam o gigantescoreinado dos Aesir, bem como a grandiosa águia quevigia a entrada por Paradísia. Seu tamanho ésuficiente para agarrar com as patas um elefanteterreno, e seu bico e garras são feitos de um metalprateado muito resistente e capaz de furar qualquermaterial, de acordo com os mitos dos aasgardianos.As muralhas, feitas de pedras de uma brancura semigual, são altíssimas e muito decoradas com estátuasdos 12 deuses que regem o Conselho de Aasgard.Indo de encontro à enorme águia guardiã, um outroser alado segue à frente dos 3 jovens celestiais.

- Njall, você conhece o Anjo à nossafrente? – pergunta Aruhiga.

- Não, nunca o vi aqui em Aasgard. Masnão posso dizer muito sobre os atuaismoradores de Aasgard, uma vez quenão saio de meu posto de vigia há umséculo. Estou revendo minha amadapátria após muitos anos confinada nosarredores do palácio de Hel, divisaentre Infernun e o próprio Inferno.Vamos nos aproximar dele para dar-lhe as boas vindas e descobrir o quefaz aqui.

Ao se aproximarem do ser alado, os 3 jovenscelestiais percebem sua origem: Vahishta, ocomplexo das 5 cidades de Ahura-Mazda. Sua longabarba, patas de leão e a coroa característica dosAnjos persas identificam-no. O estranho mesmo éo que ele faz em Aasgard, pois Vahishta é a únicacidade paradisiana que não possui relaçõesdiplomáticas com nenhuma outra cidade, e seu líder,Ahura-Mazda, é um poderosíssimo paradisiano quejá vivia em Paradísia antes da chegada dosedhênicos. Enfrentou as primeiras tentativas deescravização dos Anjos de Demiurge, bem como adura batalha contra os edhênicos Indra e Vishnu.Resistiu bravamente e refugiou-se na mesmafortaleza onde vivia, levando consigo todos osAsuras que restaram do ataque devastador de Indra.Diferente de Varuna, o Asura que estabeleceu tréguacom os Devas descendentes de Indra e Vishnu,Ahura-Mazda declarou Vahishta como o últimoponto de resistência contra os invasores edhênicosa seu plano original. Assim, um Anjo persa é sempremau sinal.

- Saudações, jovens celestiais! Venhoem paz buscar boas relações com osoberano de Aasgard, Odin! – diz oAnjo persa.

- Como se chama, Anjo de Vahishta? –desconfia Njall.

- Sou Khsathra, o Amesha Spentaguardião da guerra, dos metais e docéu cristalino! – ele responde, gerandosurpresa absoluta para os 3 celestiais.

- Um Amesha... Amesha Spenta? –gagueja Andrômeda. – Um dos 7defensores supremos de Ahura-Mazda?

- Sim, sou o Amesha Spentaresponsável pelo céu e pelo metal, oguardião das guerras. – ele completa,causando mais espanto entre osjovens. – Desejo me encontrar com oConselho, e estabelecer um círculo derelações com Aasgard.

- Aruhiga, verifique se ele está falandoa verdade. – Andrômeda sussurra aoGandharva.

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- Está bem. – diz Aruhiga, fechando osolhos e concentrando-se na auracelestial do Anjo persa. Já em sintoniacom o plano de Spiritum, Aruhiga abreseus olhos e enxerga uma realidademuito diferente da que os paradisianoscostumam enxergar. Feixes de energiaastral viajam pelos céus e pelo ar entreeles, pulsando várias cores diferentese ligando-se a itens físicos, comopedras, plantas... e Anjos. Aruhiga fitaas linhas que envolvem o Anjo persacom muita atenção, analisando cadatonalidade e textura de sua auracelestial. As linhas de Ley, que lidamcom o fluxo da Forma-Pensamento naOrbe, liga todos os itens físicos e asoutras linhas astrais. Este planoespiritual também permite enxergar aforma verdadeira dos seres, e a doAnjo persa deixa o Anjo katmaranianoassustado.

- Andrômeda... – sussurra Aruhiga. –Ele não é um Amesha Spenta. Ele é...

O Gandharva não teve tempo de terminar afrase, sendo atacado pelo sabre de chamas brancasdo suposto Anjo persa. A potência do golpe foisuficiente para projetar o katmaraniano dezenas demetros para longe. Andrômeda e Njall mal têmtempo de se defenderem da onda de chamas quesaiu da boca do inimigo. Njall consegue envolver asi e Andrômeda em um campo de energiaesverdeada, minimizando as queimadurasdevastadoras do ataque flamejante.

- Agora que sabem que não sou quemdisse, deverão morrer antes que euescravize toda Aasgard para oRagnaröck! Preparem-se paravoltarem ao Caldo Primordial!

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Castelo Júpiter, Paradísia

Na lendária sala de armas, onde Lúcifercometeu o maior de todos os pecados (desafiar oDemiurge), Miguel espera pela entrada de 7 ThuataDé Danann, os reclusos Anjos das lendas celtas,habitantes da distante cidade paradisiana de Tir NaNog, “a terra das maçãs”. É neste mesmo local ondeficam expostas as indescritíveis armaduras dosAnjos, adornadas como se uma estrela fosse retiradado firmamento somente para dar seu brilho àvestimenta protetora. Além de armaduras para Anjosem geral, ainda há em pedestais as armaduras dosmais poderosos servos do Criador: as armaduras deMiguel, Metraton, Gabriel, Rafael, os AnjosApócrifos, entre outras figuras que intimidariam

grandes deuses das outras cidades. Até mesmo umThuata Dé Danann.

As gigantescas portas se abrem e revelam 7guerreiros celtas, prontos para um combate. Estavisão preocupa ainda mais Miguel, que já esperapelo pior em sua querida Orbe. Quem os estáliderando nesta comitiva é Dagda, o poderoso reidos Thuata Dé Danann, que rege com grandesabedoria a cidade e o portal para Arcádia,utilizando não um cetro qualquer, mas seu bastãomágico com o poder de eliminar a força vital de umser com uma ponta, e ressuscitar com a outra ponta.

A seu lado está sua esposa, Morrigan, a deusada morte. Muito sensual e trajando sob a armaduraum vestido negro, pode-se ver garras de uma avede rapina em suas mãos. Longas asas negras saemde suas costas. Ela fita Miguel com intensidadetamanha que faz o Arcanjo imaginar o que esta deusaestaria fazendo ali. Talvez para avisá-lo de quemorreria enquanto busca um meio de impedir osatuais fatos que surgem descontroladamente?

Atrás da deusa da morte está a conhecidaEpona, a deusa dos cavaleiros e amazonas adoradatambém pelos romanos, e portanto combatida pelosAnjos da Cidade de Prata durante a expansão doCristianismo em Roma. Sua expressão séria nãoindica nenhum rancor. A seu lado estão Gwydion,o deus da magia celta e Belatu-Cadros, o deus daguerra e destruição.

Ao fundo, ainda restam dois personagens,que são o bravo Lugh, deus dos heróis e bastião daresistência irlandesa às influências cristãs e àsperseguições às fadas, e a seu lado o poderosoCernunnos, o deus-cornudo perseguidoincessantemente pela Inquisição durante a IdadeMédia. Os dois ainda parecem possuirressentimentos com relação aos conturbados fatosocorridos entre eles e os servos de Demiurge.

- Honoráveis Thuata Dé Danann, a quedevo a honra desta visita inesperada?– Miguel tenta usar da hospitalidadepara minimizar os sentimentos ruinsprestes a serem liberados no local.

- Nós o saudamos, Príncipe dosArcanjos! – saúda Dagda. – Viemos àCidade de Prata sem a intenção deresolver problemas do passado, maspara garantir que tenhamos um futuro!

- Entendo... Então vocês também estãovendo os acontecimentos estranhosque assolam a Terra e outros planosde nossa Orbe, não é?

- Na verdade, Arcanjo, não sabemos. –responde Belatu-Cadros. – Mas ESTEé o acontecimento estranho quepresenciamos em Tir Na Nog. – o deusda destruição larga de sua mãoesquerda uma cabeça com um elmo

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finamente decorado, em metal negro,que logo o mestre dos Arcanjosreconhece.

- Esta é a cabeça de... – Miguel indaga.- Sim, Príncipe Arcanjo! – Lugh toma

a palavra. – Esta é a cabeça do senhorde Mordor, Sauron.

- Como isto é possível? Se ele existefisicamente, é porque fugiu do Sonharou de Arcádia. E, para isso, énecessário possuir consciência. Comoele tornou-se consciente? – Migueldesespera-se.

- Forças externas percorreram osconfins mais perigosos de Spiritumpara obterem sucesso na empreitadade descobrirem uma entrada para oVale Espiritual da Terra-Média. Estasforças externas infundiram na forma-pensamento manifestada de Sauronenergia espiritual suficiente paradespertá-lo, e, pelo que tudo indica,realizaram uma barganha com ele. –Gwydion explica calmamente, com acerteza de um sábio de muitos séculosde idade.

- Que tipo de barganha seria possívelcom um ser que se desfaz com avelocidade do pensamento? Assim queele saiu de seu Vale Espiritual, umnovo Sauron lá surgiu, e este condenoua própria existência! Em que ele sairiabeneficiado? E seus negociantes? –Miguel vai tornando-se cada vez maisconfuso.

- Sauron em nada se beneficiaria, masas forças externas tinham um claroobjetivo. – Dagda diz firmemente.

- E o que seria?- Completar em Paradísia o que Sauron

fez na Terra-Média. – Lugh diz,abrindo a palma da mão e mostrandoa Miguel um grosso anel dourado. OUm Anel, feito para a todos os outros19 anéis governar.

- O Um Anel? Mas este anel é falso! Seupoder é quase nulo fora da Terra-Média! – Miguel busca entender.

- Como bem disseste, Miguel, éQUASE nulo. – Gwydion diz. – Pudever de quantos seres as forças externasque tiraram Sauron de seu lar eram.Seu número era 7. E cada um delesestava com um anel amaldiçoado.

- Sim, mago celta! – Miguel se exalta.– E onde estão estes 7 seres?

- Um deles está enfrentando umaSemideusa de Olympus, e dois Anjos

de Katmaran e Aasgard. Os outros 6estão a caminhos das cidades deAmaterasu, a Cidade Dourada de Rá,Olympus, Katmaran, Shang-Qing,Vahishta e o último está seaproximando do Monte Aramesh, emdireção a esta Cidade Prateada. Todostencionam entregar os anéisamigavelmente aos senhores dascidades sagradas e ludibriá-los pelotempo suficiente em que os anéiscontinuarem existindo, para retardara reação das cidades quanto a outroseventos fora de meu alcance. – explicaGwydion.

Enquanto Gwydion explicava, Isherel entrana sala e mostra-se para Miguel, pedindo suapermissão para entrar, que Miguel aceita semproblemas. Isherel está segurando váriospergaminhos enrolados e livros, com uma fisionomiamais confiante quanto ao que foi designado a fazerpara Miguel.

- Soberbos senhores de Tir Na Nog,gostaria de lhes apresentar o mestredos Anjos sábios da Cidade de Prata,Isherel. Talvez ele tenha algumasrespostas para tantas questões.

- Peço desculpas por nós, Miguel –interrompe Lugh –, mas iremospessoalmente caçar estes 7 seres, quenos desonraram utilizando nossoportal à Arcádia para fugirem paraParadísia junto de Sauron. É nossodever reparar esta brecha de segurançaque poderá ainda gerar conseqüênciasmais graves. – Lugh afirma comfirmeza, voltando-se à porta da sala eretirando-se com os outros Thuata DéDanann. Assim que aproximam-separa abrirem as portas, elas se abrem,e os 7 deuses celtas notam que foiaberta devido à entrada de Goghiel, opoderoso Elim. Goghiel, juntamentede outros grandes elohim, caçou eperseguiu todos os deuses pagãosantropozoomórficos, sendo as vítimasceltas Cernunnos e Epona.

Logo que Goghiel vê os Thuata Dé Danannà sua frente, seus olhos se inflamam de ódio e ele seprepara para atacá-los, enquanto os celtas percebemsua intenção e sacam suas armas para defenderem-se. Miguel e Isherel se surpreendem, e sentem queGoghiel está prestes a atacá-los.

- Goghiel, deixe-os saírem da Cidade dePrata em paz e venha aqui paradiscutirmos alguns assuntos quepossam ser de seu interesse. – Miguelordena, buscando evitar problemas

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que se acumulariam aos já inúmerosque estão surgindo. Enquanto saem,Morrigan olha mais uma vezfixamente para Miguel e sussurra demaneira que o que ela disse só sejarecebido na mente de Miguel: não seformam palavras, e sim a imagem dosolhos de um animal felino envoltos emcírculos de fogo, e Miguel sendodilacerado por estes círculos. ComoMiguel, receava, Morrigan viera paracontar-lhe sobre sua morte...

- Sim senhor. – Goghiel afasta-se dosThuata Dé Danann, dando-lhespassagem livre e ajoelhando-se frentea Miguel e Isherel.

- Pode se levantar, Elim! Meu amigoIsherel, descobriu algo?

- Sim, querido Príncipe Arcanjo! Osnomes dos 3 deuses mortos sãoKalimargh, Utttaruttt e Jxidfaf,respectivamente o Devorador da Luz,o Tecedor das Almas e o Carnívoroda Lua Sangrenta, no idioma tenebritapré-giro. Este documento é na verdadeuma espécie de pacto por escrito entre3 grandes deuses-monstros temidospor viverem nos mares de Tenebras.

- Por acaso poderiam ser Dagon eKthulhu? – pergunta Goghiel. – Achoque estes são o que há de mais próximode tenebritas marinhos. Mas isto éimpossível, pois eles estãoadormecidos há muito tempo, e nãosei de nada que esteja acontecendo quepossa ser obra deles...

- Pois engana-te, Elim! – diz Miguel,triste. – O Ragnaröck foidesencadeado, Zeus raptado, Sauronfoge da Terra-Média em Arcádia, oseqüestro dos 60 Marûts deKatmaran... Estes eventos devem estarinterligados, e o quanto antesdescobrirmos de que se trata, antespoderemos impedir que a Roda dosMundos gire antes de seu tempo!

Quando Miguel termina a frase, Eriel abreas portas e apresenta-se, pondo-se de joelhos.

- Meu querido mensageiro, levanta-te econte-me as novas! – Miguel ordena.

- Grande e amado mestre Arcanjo,tenho novas notícias que infelizmenteo alarmarão!

- Pois diga logo, já que desta vez temosa companhia de um grande Elim e domestre dos Seraphim.

- Sim senhor! Acabo de receber anotícia de que duzentas múmias

despertaram em pontos diferentes daTerra! Setenta delas já foramexterminadas de um modo ou outro,sendo 3 delas destruídas pelo grupode Yviel.

- Sim, o grupo de Yviel é digno de totalconfiança quanto ao extermínio decriaturas indesejadas na Terra! –comenta Goghiel, com satisfação.

- Este não é o caso, Goghiel! –interrompe Miguel. – Atualmente, elesestão realizando um serviço para mim,e não podem ser atrapalhados porqualquer problema... Mais algumanotícia, querido Eriel?

- Sim senhor! Fui informado de queJerusalém e suas proximidades estãocom grande movimento de criaturassobrenaturais! Os Anjos doArmageddon estão posicionados naplanície de Megiddo, e novos Anjos,Malaks e Elohim juntam-se a eles,como se a batalha final do Bem contrao Mal já tivesse sido anunciada! Alémde todos os filhos de Demiurgeposicionados em Megiddo, foramnotificadas pelo menos 5 cabais demembros da Sagrada Ordem dosMagos percorrendo as ruas da cidadesanta!

- Por Demiurge! – exalta-se Miguel. –A Terra está ficando caótica! Como épossível que os Anjos do Armageddontenham ido a Megiddo sem receberemo Turíbulo? Meu caro Goghiel, tu éso guardião do Turíbulo; por acasoentregaste o Turíbulo a Gideão?

- Mas é óbvio que não, grande PríncipeArcanjo! – ofende-se Goghiel. – Eununca faria algo assim sem que toda aCidade de Prata fosse antes avisada!Além disso, o Turíbulo está guardadona vila de São Teodósio, no Distritode Mercúrio! Se quiseres, posso iragora mesmo buscar o artefato eentregá-lo ao senhor!

- Não, querido Elim! Não há estanecessidade, pois acredito em tuaspalavras. Isherel, o que acha destedespertar coletivo de antigos faraós?Será que têm ligação com os faraósDarahv e Teptet, que despertaram 4dias atrás?

- Com toda a certeza, Príncipe Arcanjo!– confirma Isherel. – Inclusive, tenhouma teoria alarmante que gostaria dedividir com todos vocês...

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- Pois diga de uma vez, Isherel! –apressa Miguel. – Não podemosperder tempo! Eriel, envie uma falangede Anjos para seguir e auxiliar osThuata Dé Danann no que elespedirem! Diga aos Anjos que eles sóvoltarão quando forem dispensadospessoalmente por Dagda! – Quandotermina a frase, Eriel cumprimenta osveneráveis Anjos e sai do aposento.

- Está bem! – diz Isherel. – A volta dasmúmias é um pacto estabelecido porOsíris com as almas de todos os faraós,que aliás são todos filhos seus. Namitologia egípcia, esta volta dos reinosdos faraós é uma lenda, assim como opróprio Ragnaröck para os povosnórdicos. De acordo com todas asmitologias politeístas, o reinadoceleste sempre é modificado demaneira radical quando o rei atualperde seu posto para seu próprio filho,como foi o caso de Zeus; Zeus engoliusua primeira esposa, Métis, grávida,pois sabia através de um oráculo que,caso Métis tivesse uma filha, opróximo filho seria capaz de destronarZeus. Pouco tempo depois de engolirMétis, Zeus teve uma grandeenxaqueca, que acabou por na verdadeser Athena, uma mulher. Assim, opróximo filho de Métis seria opróximo senhor do Olympus, assimcomo o filho de Indra seria o novosenhor de Katmaran, mas Indratambém impediu seu filho de nascer,arremessando um raio contra o ventregrávido de sua esposa, de modo que ofeto fragmentou-se e tornou-se 60deuses menores, os Marûtsseqüestrados.

- Meu amado Isherel – Miguelconfunde-se –, a que ponto querchegar?

- Todas as lendas que lhes contei falamsobre a mudança dos líderes dascidades paradisianas, e também doJuízo Final. Creio que tudo o que estáacontecendo são eventos de diferentesmitologias convergindo para um únicoacontecimento: o fim de tudo!

- Como assim? – Goghiel pergunta,intrigado e ao mesmo tempo comgrande interesse.

- Todos os mitos que lhes relatei sãochamados de Mitos Escatológicos, quenarram o fim dos tempos e para quê ohomem existe. Parece que agora não

estamos mais lidando com conceitosrestritivos como Apocalipse,Armageddon ou Ragnaröck... Oevento agora é a Escatologia, o fim detodos os mundos! – e continua. – Omito escatológico nórdico é o próprioRagnaröck, o dos indianos é o filhode Indra, dos gregos é o filho de Zeus,dos egípcios é a volta à vida dosfaraós, e ainda há muitos outros mitos,que deveremos estar prontos paradetectar!

- Miguel – Goghiel apressa-se –, vocêpoderia me dar a permissão de liderara falange que auxiliará os Thuata DéDanann?

- Desculpe, Goghiel, mas não lhe douesta permissão! Sei de sua rixa comos deuses antigos, e acredito que suapresença só irá atrapalhá-los. Alémdisso, dou agora a ti a missão deencontrar-se com Gideão e seus Anjosdo Armageddon e desfazer o mal-entendido! Tente descobrir também senão foi algum ser disfarçado com suaaparência que enganou o líder dosAnjos do Armageddon!

- Sim, venerável Protetore! – Goghieldesiste da idéia. – Se me dão licença,vou tratar deste assunto com o máximode urgência, mas estou à disposiçãocaso precisem de mim!

- Até logo, Goghiel! – Miguel despede-se. – Mas por favor: este assunto aquidiscutido fica entre nós, está bem?

- Claro! Até logo! – o Elim parte e deixaMiguel e Isherel a sós.

- Isherel, meu caro, como poderemosimpedir que o fim de tudo aconteça?

- Miguel, meu querido, se for a vontadedo Demiurge, nada poderemos fazer,a não ser nos preparar para o combatefinal contra a Luz da Manhã...

- Lúcifer? Será que ATÉ ELE seráenvolvido pelos fatos que estamospresenciando?

- Não sei, mas considero sábio estarpronto para qualquer coisa! Irei aomeu quarto compilar outros mitosescatológicos para facilitar nadetecção de novas evidências! Que aluz de Demiurge esteja contigo,Miguel!

- Igualmente, Isherel! – Miguel sedespede, e fica novamente solitário nasala de armas do Palácio Júpiter.

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Proximidades de Aasgard, Paradísia

Aruhiga se recupera do impacto de serjogado dezenas de metros contra o chão, devido àforça descomunal do falso Amesha Spenta.Enquanto levanta-se e prepara-se para o combate,o Gandharva observa a semideusa olimpiana e aValkíria investindo contra o inimigo alado e seusabre de chamas alvas. O Anjo de Katmaran põesuas 8 mãos nas costas e de seu manto ele retira umchakram para cada mão. Suas armas-disco seincendeiam com sua simples vontade e ele levantavôo a toda velocidade em direção ao inimigo.

- Pela força de Hércules! – exclamaAndrômeda enquanto seu punhodireito de enche de energia celestial,finalmente liberado como uma rajadade milhares de raios de energiaazulada.

Njall começa a recuar lentamente,preparando-se para um ataque único e mortal, aomesmo tempo em que Aruhiga surge a seu lado paraprotegê-la contra qualquer ataque do inimigo. E énesse exato momento que o falso anjo persa enchenovamente os pulmões e expele uma baforada defogo poderosíssima contra os 2 anjos, mas os 8chakrans sagrados de Aruhiga absorvem o fogo.Com os braços esticados, o oponente barra osmeteoros de energia azulada criados porAndrômeda, dando a ela tempo para adquirir suaforma guerreira: uma armadura dourada muitoornamentada surge em seu corpo, claramente umaarmadura que faz referência a um unicórnio.

Para continuar atrasando o oponente,Aruhiga arremessa suas 8 armas-disco, tornando-as quase como cometas de fogo puro. “Ataque dosSessenta Marûts” é como o Gandharva grita,multiplicando suas 8 armas para o exato número de60, todas tomando direções diferentes do falsoenviado de Vahishta. Quando Aruhiga concentra-se e fecha suas 8 mãos à frente de seu peito, os 60cometas flamejantes convergem para atacarem aomesmo tempo o Amesha Spenta. Pego de surpresa,o suposto anjo persa tenta se defender de algunscom uma velocidade inacreditável, assimconseguindo aparar 40 dos 60 cometas de fogo. Aomesmo tempo em que os 20 restantes o ferem umpor um com as tentativas frustradas de defender-sedelas, Aruhiga e Andrômeda olham para a Valkíria,como se dessem o sinal para que dê seu derradeiroataque.

Percebendo que o momento é propício, Njallinvoca os ventos gelados de Jotunheim com seuassobio, que a levam na velocidade do som contrao inimigo. Ela então posiciona a ponta de sua lançaà sua frente, rasgando o ar paradisiano com potênciasuficiente para intimidar mesmo o mais bravo anjoda guerra. A poucos metros do oponente, a Valkíria

grita “Lança Berserker” e a intensidade dos ventosaumenta drasticamente, tornando-a como um raiode luz contra seu alvo.

Então o raio de luz choca-se com o anjo persafalso, com o impacto dos cometas de fogo restantes.Uma grande explosão acontece e o Gandharva e asemideusa fitam com atenção o ponto da explosão,esperando encontrar Njall inteira. No instante emque a fumaça começa a se dissipar, pode-se ver ovulto da Valkíria e sua lança fincada no tórax dofalso Amesha Spenta. A explosão foi suficiente parachamar a atenção de Aasgard, com a trombeta deHeimdall sendo tocada para avisar da tentativa deinvasão. Aruhiga ainda evita invocar suas 8 armas-disco de volta, pois haveria o perigo de ferir Njall,devido à proximidade. Andrômeda concentra-separa enviar novos meteoros de energia, caso oataque de Njall tenha sido fraco demais. Com adissipação total da fumaça da explosão, percebe-seque o ataque de Njall não foi fraco, realmenteferindo gravemente o inimigo.

O falso Amesha Spenta segura com os 2palmos a lâmina já com sua metade dentro do tóraxdele, e Njall ainda esforça-se para que sua lâminapenetre por completo no coração do inimigo. Comdesespero, o falso anjo persa prepara-se para maisuma baforada de fogo, mas na hora em que aschamas começam a sair de sua boca, elas sãoimediatamente absorvidas pelos 8 chakrans fincadosem sua pele, aumentando sua dor e anulandoqualquer dano à Valkíria. E neste momento o falsofilho de Ahura-Mazda (o senhor de Vahishta) sorrisinistramente. Suas asas vão se fechando em voltade si e da Valkíria, tornando-se metálica ecompletamente repleta de grandes espinhos de ferropor dentro.

- Já ouviu falar da Dama de Ferro,Valkíria? – o falso anjo persa pergunta,e logo depois responde. – Era uminstrumento de tortura da Idade Média,constituído por uma espécie desarcófago cujo interior era forrado deespinhos e espigões, que faziam avítima sangrar até morrer dentro dela.Minhas asas se fecharão como a Damade Ferro, e você será eliminada de suaexistência! Morte da Dama de Ferro!

- Voltem! – ao mesmo tempo em que asasas metálicas assassinas começam ase fechar à volta de Njall, este é o gritode Aruhiga. Quando ele grita estaordem, os 8 chakrans se desprendemdo corpo do falso Amesha Spenta emfortes chamas, ferindo-o ainda mais edilacerando suas asas para chegaremao encontro das 8 mãos do Gandharva.Como conseqüência, as armas-discoignoraram a existência de Njall,

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ferindo-a em sua trajetória de volta àsmãos do anjo de Katmaran.

- Malditos! Ainda nos encontraremos!– exclama o falso anjo persa,tornando-se luz pura e sumindo no ar.

- Hmm... – concentra-se Njall, usandoa habilidade intrínseca das Valkíriasem rastrear seus inimigos, mesmo tãoferida. – Sinto resquícios de suaenergia celestial. Ele está se dirigindopara sudeste, e nesta direção fica aCidade de Prata. Como pista deixadapor ele, vejo aqui um símbolo que eleusava: é semelhante a 3 linhas sinuosasparalelas, com certeza um símbololigado à água. Aruhiga, o que você viuquando olhou a essência do AmeshaSpenta?

- Eu conto em nosso caminho para aCidade Prateada! Vamos, não temostempo a perder! – os 3 novos amigosvoam em direção à Cidade de Pratapara revelarem informações incríveis.

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Ilha de Milos, Grécia

O Sol se põe atrás das escarpas à beira domar, formando miríades de cores com o reflexo desua luz já tênue com as águas lançadas ao alto comas ondas que se chocam nos rochedos. O som domar é a melodia do Demiurge para o fim do dia,onde seus olhos deixar de vigiar diretamente osmortais e deixa esta tarefa a seus anjos da guarda,que vigiarão seus adorados humanos até a manhãseguinte, onde uma nova melodia iniciará a voltada vigília do Grande Arquiteto. Neste crepúsculo,junto às dezenas de Anjos que olham o horizontemaravilhados, ainda há um grupo isolado de cincomembros, vislumbrando o pôr do Sol com osmesmos olhos maravilhados, mas também umaferida em seus corações. Uma ferida que não é física,mas que dói todos os dias. Esta é a dor do abandonodo reino dos céus.

Ubeel se entristece a ponto de quase chorar,pois um Ophanim é criado com a essência máximada obediência e temor ao Altíssimo, e mesmo assimele foi considerado ofensivo à Cidade de Prata. Tudoporque cumprira ordens de outro representante doSenhor. Já Cibele e Mevosiah possuem uma certaindiferença, acreditando no Demiurge, masconvictos que ainda receberão sua recompensa Dele,mesmo que não seja dentro da Cidade Prateada.

Já Yviel não pode se dar ao luxo deentristecer-se ou ter qualquer pensamento negativo,pois sua presença é que mantém este grupo aindamotivado a agir a serviço dos planos superiores.Seus sentimentos são sumariamente reprimidos,

para que nunca lhe falte o brilho nos olhos que umlíder nato deve possuir, e a voz serena e ao mesmotempo decidida. Seu companheiro Heluel pensa bemdiferente, esperando ansiosamente pelo dia em queseus iguais da crença rastafari dentro da Cidade dePrata decidirão expandir sua influência, tornando-se tão importantes quanto os judeus, os ortodoxos eos evangélicos. Ou até separarem-se, como fizeramos servos de Alá, se necessário. De qualquer modo,ele ainda sente os raios do Sol poente como umafago paterno em sua cabeça, de um Pai que desejaver seus filhos crescerem e ganharem aindependência, ainda que mantenham sua servidãoa Demiurge. Yviel gosta da companhia constantede todos, com tantas ideologias diferentes, masainda uma amizade forte o suficiente para minimizardiferenças em prol de uma missão mais nobre. E,desta vez, a missão inclui conversar com umhabitante do próprio Inferno. E pior, sem poderenviá-lo de volta para lá contra sua vontade.

Quando o astro-rei se põe por completo, oscinco caçadores de monstros se dirigem às ruasestreitas de paralelepípedos da ilha, nas áreas queficam mais densas à noite, lar de pessoas que vivemsomente para a morte, o jogo, o roubo... e o sexo. Eé exatamente em uma casa de prazeres que deverãoentrar para contatar um Íncubo, um demônio dosprazeres. Após percorrerem meia dúzia de ruasestreitas com tantas elevações e depressões queveículo algum conseguiria mover-se por elas, osAnjos chegam a seu destino: um bordel em umacasa antiga, de dois andares, em modelo geminado(pois, unida com as outras casas, é mais fácildisfarçá-la com a aproximação de agentes da lei),que em cada janela esvoaçam cortinas de rendavermelha, na brisa marítima que refresca o climamediterrâneo.

Cibele entra primeiro, já com a intenção dedar uma lição inesquecível ao primeiro bêbado quetentar pagá-la em troca de favores na cama. E não énenhum bêbado que a aborda. Pelo menos não umHUMANO bêbado...

- Oi, gracinha... – ele diz, em gregoquase incompreensível pelaembriaguez. – Eu sinto que sua belezanão é comum... Você é uma Bruja? Ouuma Súcubo? Se quiser subir comigo,eu posso descobrir por conta própria...

- Pois você vai descobrir agora,demônio – Cibele segura fortementea boca do Death Knight, com pequenasfaíscas de eletricidade em seus dedos–, que eu sou uma Potência, e commuito gosto lhe farei sentir o prazerde um raio atravessando sua espinhapor dentro!

- Deixe-o, Cibele – Yviel pousaternamente sua mão no braço tenso de

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Cibele –, você sabe que, infelizmente,o equilíbrio desta ilha não pode serdesfeito. Não por enquanto.

- Ah, mas que ironia! – um homemmuito belo e calmo desce as escadasde madeira decorada, deixando oDeath Knight passar por eledesesperado para o andar de cima. –Então o Demiurge precisa do Infernopara resolver seus própriosproblemas? O que eu não daria parapoder dizer um “ Não” de boca cheiapara aquele esclerosado do Miguel...!Mas, como ele nunca age por contaprópria, eu digo a vocês mesmo:Não!!!

- Espere, Nimeoq! Foi Xheol que nosenviou até você! – diz Yviel.

- Não me interessa quem lhes enviou!Não devo nada àquele Cheza, e muitomenos a vocês e à Cidade de Prata!Vivo muito bem aqui, e nada vaimudar enquanto eu continuar fazendoo que faço agora! Então, se me dãolicença, tenho de corromper algunsclientes...

- Pode parar aí mesmo, infernal! –Heluel aponta sua Lança Celestial nadireção do Íncubo, silenciando todasas prostitutas e os clientes no hall. –Estamos há horas tentando encontrarvocê, e dias fazendo um serviço paraalguém que talvez nunca nos aceite devolta à Cidade de Prata! Se você nãonos ajudar, então sua vida não temvalor algum para nós... – o Captare jáapronta-se para arremessar sua arma.

- Aceite de volta? Vocês foram expulsosda linda, maravilhosa e misericordiosaCidade de Prata? O que vocêsfizeram?

- Cumprimos as ordens da própriaCidade... – responde Ubeel, comdesgosto.

- Então vocês não podem ir à Cidadede Prata e avisarem sobre mim? – oÍncubo pergunta, sendo prontamenterespondido com o movimentonegativo das cabeças dos Anjos. –Bem, se é assim, podemos negociar...!Sempre é bom ter clientes que sejamAnjos Caídos! Assim eu consigotalvez uns contatos com Lúcifer ouChorozon...

- Não somos Anjos Caídos, seu maldito!– Cibele se enraivece. – Fomosexpulsos da cidade mas ainda agimospara ela! Se você só aceita falar com

demônios, então deixe-me fritar vocêe todos os demônios aqui e a genteresolve tudo...

- Espere, Cibele! – Yviel fala, sempreapartando animosidades. – Nimeoq,acredito que, por ser um homem denegócios, as informações que vocêpossa nos passar tenha um preço, nãoé? Pois nos diga, e veremos o quefazer!

- Ah, agora sim estamos falando minhalíngua! Bem, então me digam o quequerem saber exatamente, e eu lhesdou meu preço!

- Está bem, demônio! – Yviel concorda.– Queremos saber sobre osacontecimentos mais recentes naPirâmide de Amduat, no Inferno.Estão todos alvoroçados com aquantidade de múmias quedespertaram, e querem saber porquesuas almas voltaram para a Terra, equal a posição do poderoso Anúbisnesta questão.

- Meu preço é a pureza de um de vocês!Eu quero uma noite com umverdadeiro Anjo de Paradísia, nãoaqueles Caídos e suas asasapodrecidas! Quem se habilita? – oÍncubo deixa a todos boquiabertos esem reação nenhuma.

- Mas, mas – Ubeel busca forças parafalar. –, você é um HOMEM! Suponhoque então seu desejo seja possuirCibele, não é?

- É óbvio que não! Sou um demônio dosprazeres! Homens, mulheres, animais,demônios, mortos-vivos, Chezas,todos eles já me forneceram novassensações. Já um Anjo puro deParadísia, nunca tive a oportunidade...

- Chezas...? – Heluel toma a palavra. –Podemos conversar só um minuto,infernal?

- Claro, à vontade! Alguém quer beberalguma coisa?

- Um alambique de vodka, por favor! –Cibele comenta sarcasticamente,tentando disfarçar o asco que sente aose imaginar tento relações físicas comum Íncubo.

- Bem, amigos, isso vai ser difícil! –Mevosiah comenta.

- Seja quem for, ele vai nos pagar! Apósa noite de amor, ele vai direto para oquinto dos Infernos! Ou seja lá emqual Círculo ele vá parar! – afirmaUbeel.

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- Vamos nos acalmar, amigos! – serenaMevosiah. – Temos de pensar assim:quem aqui está disposto ao que fornecessário para que cumpramos amissão e obtenhamos a aceitação deMiguel? – ele pergunta, já levantandosua mão e observando todos os outrosquatro também de mãos erguidas. –Pois bem, um de nós irá com ele paraa cama e fará o que for necessáriofazer... Para descobrirmos quem vai,vamos girar o Machado Matador deDemônios e ver em quem a chamatermina!

- Ótima idéia! – concorda Yviel,retirando de suas costas a poderosaarma dada a eles por Goghiel, anosatrás.

Assim que Yviel ergue à sua frente opoderoso machado, a arma adquire fortes chamascelestiais, feitas exatamente para queimar a pele dedemônios de todo tipo. Yviel abre suas mãos e soltaa arma no ar, que flutua no centro da roda formadapelos cinco Anjos.

- Façamos o seguinte pacto:independente de quem for escolhido,nunca mais em toda a nossa existênciacomentaremos sobre o ocorrido estanoite! – Yviel propõe, sendo aceito portodos os seus companheiros.

Então Yviel ergue sua palma direita e dá umforte tapa na lateral da lâmina dupla do machado,fazendo-o girar no próprio eixo em grandevelocidade. Enquanto a arma sagrada gira, o ÍncuboNimeoq se aproxima para ver o resultado, ver quemiria pela primeira vez experimentar os prazerescarnais com o próprio representante dos demôniosdos prazeres. As chamas mágicas começam a seapagar, e o machado inicia a desaceleração de seugiro. Os Anjos, desesperados, mal podem seagüentar, torcendo para que um milagre dos céusaconteça e eles não precisem de tal ato. Mas nadaacontece, a não ser o giro final e a extinção da chamamatadora de demônios no ser escolhido.

- Ahahahahahah!!! – comemoraNimeoq. – Vamos então, criaturaceleste, pois temos poucas horas! Aosque restaram, amanhã pela manhãsaberão o que irei contar duranteminha noite de prazeres paradisíacos!Se quiserem, podem usar qualquerquarto vago para descansarem, e acomida é por minha conta! – o Íncubotermina, subindo com a entidadeexpulsa da Cidade de Prata, paraexperimentar algo impensável pelosAnjos que ainda vivem em Paradísia(exceto em Metrópolis). Os restantes

se dirigem silenciosamente para osquartos vagos, para que o sono doshumanos logo os abata e o dia seguintechegue.

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A informação de Nimeoq, passada durante a noitee aos restantes pela manhã

- Ao que parece, a Pirâmide Amduatestá vazia. Correm boatos de queAnúbis retirou-se do Inferno, parareconquistar uma posição na própriaCidade Dourada de Rá. Seu exércitode demônios com cabeça de chacalainda está no Inferno, maisprecisamente no Sétimo Círculo doInferno, no local chamado Reich. É noReich que ficam os antigos exércitosnazistas que morreram com o fim daSegunda Grande Guerra, aguardandopelo portal que finalmente os trará devolta para o 4º Reich. E é exatamentecomo estão agora: silenciosos,imóveis, em formação, aguardandopor algo. Como uma unidade militarseparada, está o poderoso exército dehomens-chacal de Anúbis, naretaguarda. Os dois exércitos ouvematenciosamente cada grito que a fênixnegra Hitler profere, como se eleestivesse discursando antes de umaguerra. Tudo indica que Anúbis eHitler se tornaram aliados, e que dealguma forma os Magos nazistas, oumesmo os Magos seguidores datradição hermética egípcia, trarãoestes exércitos de volta à Terra.

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Deserto de Dudael, 45 séculos atrás

As falanges restantes da Segunda Rebeliãona Cidade de Prata sobrevoam as areias sem fim dodeserto de Dudael, afastando-se de seuscompanheiros acorrentados, tudo isso porque estesservos de Demiurge enamoraram-se com as mortaisda Terra. Enquanto eles tentam fugir, são logosurpreendidos por ataques poderosos, vindos comofachos de luz, dos Anjos que os caçam. Quase emMetrópolis, os oito Anjos renegados pairam aalgumas centenas de metros da última falange decaçadores que os perseguiu até tal ponto. O líderdos caçadores, um soldado da Primeira Rebelião,reúne seus subordinados para definir o plano deação, pois, dependendo do modo como invadem oterritório dos metropolitanos, podem não voltar comvida para a Cidade de Prata.

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- Meus soldados, teremos de ser rápidose precisos, para capturá-los e nemmesmo precisarmos ser detectadospelos Keepers! Proponho que doisgrupos ataquem pelos flancos,enquanto o grupos dos batedores atacapor baixo deles, como um raio, paraafastá-los de Metrópolis e jogá-los emminha direção, e assim eu e o grupoque me seguirá os capturará. Todos deacordo? – diz o líder com seus lindosolhos que iluminariam uma noiteterrestre. Todos os soldados gritammostrando que concordam com oplano de seu poderoso comandante.

Como se a própria vontade Dele estivesseatuando, os Anjos se dividem em absoluta harmonia,sem a necessidade de ordens do grande líder dosAnjos. Os grupos dos flancos e os batedores tomamsuas posições, em que os Anjos dos flancos já seaproximam dos Anjos renegados, enquanto osbatedores preparam-se para voarem na velocidadeda luz alguns metros abaixo dos renegados. Com olevantar da espada de duas mãos, os flancos atacamcom todas as forças, e os batedores surgem quaseque instantaneamente abaixo dos Anjos renegados.O líder começa a enxergar a vitória, mas vê que elase torna mais difícil quando um dos renegados voacom uma velocidade igual à dos batedores para acidade de Metrópolis. A harmonia nos Anjos os fazagirem de acordo com os planos do líder, enquantoo próprio líder segue o renegado em Metrópolis.

Enquanto o comandante segue o Anjorenegado que safou-se de sua estratégia, ele pensanos motivos quem levariam um Anjo a desobedecera Cidade de Prata, e, por conseqüência, o próprioDemiurge. Para ele, é simplesmente impossível nãoenxergar a justiça e a verdade que envolvem o modocomo o Demiurge criou todo o Firmamento, e ospróprios seres humanos naquele plano atrasado, aTerra. Tudo o que envolve o Demiurge é certo e oúnico modo de agir, e qualquer forma dedesobedecê-lo (como Lúcifer fez na PrimeiraRebelião) é simplesmente a obra de um louco quenão vê a harmonia na natureza.

O renegado parece não se importar em estarentrando em espaço metropolitano. Já ao longe,pode-se ver uma pequena unidade de Keepersvoando em direção ao blasfemador e a seuperseguidor. Estes Anjos corrompidos são horríveis,grandes humanóides grotescamente gordos com doismetros de altura aproximadamente. Suas asas sãopequenas e atrofiadas, impossíveis de serem usadaspara voar, e por isso mesmo estes Anjos aprenderamos segredos do vôo sem asas, da mesma forma quea maioria dos paradisianos de Olympus. Suas facessão monstruosas, uma vez que suas bocarras nuncase fecham, revelando seus dentes de tubarão e uma

língua vermelha-arroxeada com um palmo decomprimento, com um nariz quase inexistente eolhos recobertos por uma membrana nictantebranca. Sua pele, de tão albina, é semitransparente,mostrando seus órgãos internos pulsando, além denão possuírem pêlos em local algum do corpo.

O comandante conclui ser necessário, paraalcançar sua caça, impedir a atuação dos Anjoscorrompidos de Metrópolis. Assim, quando chegamao alcance dos 2 Anjos da Cidade de Prata, ocomandante explode sua aura, tornando-se quaseum Sol, mostrando seu nível de poder e aincapacidade dos Keepers em vencê-lo se tentaremum combate direto. Com tal mostra de poder, osKeepers afastam-se lentamente, aindaacompanhando de longe os dois Anjos.

O Anjo se mostra muito corajoso, por sedirigir diretamente ao Fosso, o local mais sagradoe também o mais corrompido de toda Paradísia,onde Leviathan repousa até o dia do Juízo Final.Mas este comandante, que atuou diretamente juntoàs tropas durante a Primeira Rebelião (embora fossesomente um cadete recém-treinado), era tão ou maiscorajoso que um reles traidor. E então acontece oimpensável por qualquer paradisiano: o Anjo traidorentra no Fosso! Seu perseguidor sabe que o Anjorenegado pode estar escondido quase na superfíciedo Fosso, e poderia facilmente se salvar daperseguição se o comandante desistisse de segui-lo. Mas este comandante nunca faria algo assim: senecessário, invadiria o Palácio de Oostegor eenfrentaria o próprio Lúcifer se esta fosse a vontadede Demiurge. E então o comandante entra no Fosso.

Após algumas centenas de metros voandoem um mergulho só, o Anjo caçador se sentesozinho, como se a essência de Demiurge nãoalcançasse o interior do Fosso. O Anjo nem mesmoconsegue enxergar as paredes deste local, com suailuminação natural suficiente apenas para enxergara poucos metros à sua frente (na verdade, abaixo) oAnjo que persegue. Como uma vela acesa em meioa um continente inteiro de escuridão absoluta, éassim que o caçador se sente; seu fugitivo pareceainda determinado. Ele precisa capturá-lo logo, poispode ser que nunca mais saia do Fosso...

E o comandante usa um dom somente usadoem casos de extrema necessidade: o Raio deDemiurge, em que ele é envolto por uma luzpotentíssima de absoluta pureza, e sua capacidadede vôo atinge um grau insuperável, em que a própriavelocidade da luz move-se como uma tartaruga pertodo comandante. A luz é forte o suficiente pararevelar um pouco das bordas do Fosso: ocomandante pode enxergar vultos escalando odesfiladeiro, embora não se possa identificar suaaparência. Com esta velocidade, o comandantealcança facilmente o fugitivo e ambos iniciam umcombate, em que as duas espadas de chamas brancas

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do comandante chocam-se com a lança de luz dofugitivo, enquanto seu mergulho em direção aopróprio Leviathan continua.

O comandante nem mesmo precisa esforçar-se muito para superar o poder de combate dofugitivo, e então uma voz ecoa pelo Fosso:“Chega!”. Uma forte rajada de vento vem do fundo,desequilibrando os dois Anjos e separando-os,quando ambos vêem um colossal tentáculo verdesurgindo do fundo do Fosso e envolvendo a ambos.O simples toque do tentáculo nos seres da Cidadede Prata os desacorda.................................................................................................................................................................

Algum local perdido em meio a Spiritum

O pai dos olimpianos acorda acorrentado àparede do que se assemelha a uma masmorra detorturas medievais, do mesmo tipo que eranormalmente utilizado pelos Inquisidores paramanter seus servos de demônios e bruxas. Algunsmetros à sua frente, está preso seu guarda-costas, oHecatonquiro Briaréu, preso por centenas decorrentes em cada um de seus 100 braços. O deusdos Olímpicos olha à volta para tentar localizar-se,mas não encontra indício nenhum de onde esteja. Àsua direita, uma cortina vermelha esconde algo quenem mesmo seus vastos poderes lhe permitemidentificar.

Após alguns minutos, surge aquela aberraçãoque o venceu em combate e a seu guarda-costas.Seu aspecto bizarro e pútrido ainda consegue causara repulsa de Zeus e Briaréu.

- Quem é você, monstro? Por que mecapturou?

- Não importa quem eu seja! – omonstro responde, com uma voz quefere os ouvidos de Zeus, como se cadapalavra que a aberração proferisse jáfosse um ataque à própria existênciasagrada do senhor dos olimpianos. –Você já governou o Monte Olimpo portempo suficiente! Esta Orbe já teve seutempo, e agora a Roda dos Mundosdeverá girar!

A abominação puxa a cortina vermelha, erevela a Zeus todos os 60 Marûts, acorrentadoscomo ele mesmo está, formando um círculo, cujoponto central possui uma espécie de escultura deum feto, feito de barro. Cada um dos Marûts,desacordados, tem um tubo que os liga ao feto debarro, tubo este que está enxertado em seuspescoços, e a outra ponta ligada a um altar onde ofeto está colocado.

- O que... O quê você fez com osMarûts, maldito?! – Zeus assusta-se.

- Eles são a nova liderança de Paradísia,e você tem de aceitar isto, olimpiano!

E você é o veículo que trará os novostempos!

- Como assim? Eu nunca iria auxiliarmonstros como você!

- Você não precisa fazer isto porvontade própria! Olhe à sua frente!

Zeus olha mais à frente e percebe que ocentro do aposento onde está possui uma lâminaespelhada, onde uma mulher aparece dormindorecolhida em si mesma. Uma mulher conhecida porZeus: sua primeira esposa, Métis, engolida por elelogo após sua vitória contra seu pai, Cronos.

- Vocês a tiraram de dentro de mim?- Não, este espelho tem a única função

de revelar o plano que existe dentrode sua essência, o plano que vocêutilizou para aprisionar a deusa dasabedoria! Com este espelho,acompanharemos toda a gestação donovo governante da Orbe!

Zeus não sabe como reagir. O oráculo disseque o próximo filho de Métis seria o novo senhorde Olympus, assim como um oráculo também disseque o filho de Indra seria o novo senhor deKatmaran! Agora ele entendeu o plano sinistro: ofeto terá as essências dos Marûts (que nada maissão que os fragmentos do feto que cresceria e setornaria o filho de Indra, explodido por seu própriopai, para impedir seu nascimento) e será inseridono ventre de Métis, tornando-se deste modo filhode Zeus e Métis, cumprindo assim duas profeciascom um único ato.................................................................................................................................................................

Algum local em Metrópolis, Paradísia, 45 séculosatrás

O grande comandante dos caçadores queperseguiam alguns fugitivos da Segunda Rebeliãoacorda em um aposento escuro, onde as únicas luzessão de sua própria essência e a fraca aura do Anjoque perseguia. O renegado ainda está desacordado,e o comandante começa a traçar um plano para comoagir, caso tenha se tornado um prisioneiro de guerra.

Subitamente, a mesma voz que ecoara noFosso ecoa novamente no aposento: “Desperte,Hagadiel!”, e o Anjo desperta imediatamente, semsaber onde está. A simples visão do comandantemais corajoso da Segunda Rebelião já o faz levantare levantar vôo, para onde quer que ele vá, desdeque seja longe de seu perseguidor. Assim que suasasas se movem para levitá-lo, elas automaticamentesão dobradas em sentido contrário, quebrando-seem milhares de pontos, som horrível de ser ouvidopor um Anjo, mas não tão horrível quanto o gritode dor que o Anjo fugitivo soltou. O bravo Anjoperseguidor percebe que qualquer movimentosuspeito causará a ele o mesmo destino.

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- Quem é você, maldito?! – o fugitivoHagadiel pergunta, em meio a gemidosde dor.

- Sou o dragão-baleia, o engolidor demundos, o portador do fim... Tenhoinúmeros nomes e pseudônimos,escolha o que bem lhe convier... – ecoaa voz imponente.

- Leviathan! – o comandante exclama.– Estamos no fundo do Fosso?

- Você sabe meu nome edhênico, masestá errado quanto ao local ondeestamos... – diz Leviathan. – Eutambém conheço seus nomes:Hagadiel é o fugitivo, e Goghiel seuperseguidor!

- Sim, Leviathan. – o comandanteGoghiel concorda. – Devo medesculpar por invadir Metrópolis sempermissão e entrar no Fosso, mastenho a missão de capturar estefugitivo para que ele receba a puniçãoque o Conselho da Cidade de Pratadecidir!

- Que seria ficar acorrentado no Desertode Dudael até o fim dos tempos?! –Hagadiel debocha. – Não, obrigado,prefiro fugir e levá-lo junto até opróprio Lúcifer!!

- Vil Hagadiel – Leviathan diz –, seusatos vão completamente contra avontade de Demiurge, e sem propósitoalgum para o própria Orbe! Você é umerro na etapa da Criação, assim comoseus companheiros traidores! Suaessência deve ser desfeita para que elacoopere com as leis cósmicas, semcriar outro erro no Firmamento! Suaexistência termina hoje, Anjo daCidade de Prata, pois cuidareipessoalmente para que sua essênciaseja espalhada em toda a Orbe, e quemsabe um dia tenha uma utilidade! Aténunca mais! – E Hagadiel torna-se luzpura, seguida de um grito dedesespero. Segundos depois, toda aessência do Anjo deixa de existir.

- Este também será meu destino,engolidor de mundos?

- Não, pois você cumpre com fidelidadeo propósito para o qual foi criado!Noto em você uma energia que há empoucos Anjos! A energia do idealismo,do verdadeiro poder que move ascoisas animadas e inanimadas! Assimcomo eu, você tem um propósitosimples e definido!

- Sim, meu propósito é servir aoDemiurge em cada ordem, simples oucomplexa, corriqueira ou perigosa,aparentemente justa ou injusta!

- Não pense assim, Goghiel! Qual é avisão que vocês Anjos têm de mim?

- Você é a Besta do Apocalipse, e sairádeste Fosso na data determinada peloAncião dos Dias! Você é a criatura queage para destruir todo o sonho que oDemiurge realizou!

- Pois engana-se, Anjo! Minhaexistência e meu propósito nada têma ver com o Demiurge, nem qualqueroutro edhênico ou paradisiano...Realmente sou a Besta do Apocalipse,e engolirei todo o plano da Terraquando eu sentir que é chegada a hora!Mas isto não faz de mim alguémmalévolo! A morte não é má, apesarde causar sofrimento.

- Você está querendo me dizer que o quevocê fará é inevitável? Este é odestino?

- Exato! Farei o que nasci para fazer!Desde quando nasci em Edhen, jásabia meu propósito, e agora é sua vezde procurar seu propósito! Feche seusolhos e quando abri-los estará noDeserto de Dudael, em frente aMetrópolis!

Tudo o que foi conversado com um ser depoder imensurável e idade incontável ia contra tudoo que foi ensinado aos Anjos pelo Demiurge!Satânia não é propriedade de Demiurge, e o quetiver de acontecer, irá acontecer, independente davontade do Grande Arquiteto da Cidade de Prata.E então o poderoso Anjo fechou seus olhos, semsaber mais no que acreditar.................................................................................................................................................................

Dhaka, Bangladesh

O pequeno Maitreya levanta-se da rua, dáalguns tapas para tirar a sujeira do chão em suasroupas e continua seu caminho tranqüilamente, semrancor algum do carreiro que o empurrou para acalçada daquela forma rude. Afinal, o carreiro temclientes em sua liteira, e ele próprio a puxa, sem oauxílio de nenhum boi ou cavalo; um garotodistraído à sua frente só representa um empecilhopara que ele chegue a seu destino com os clientesem perfeito estado.

As ruas superlotadas de Dhaka neste horário,antes de o Sol se pôr por completo, fazem o garotoimaginar-se como em um formigueiro. Basta eleerrar um passo, que não há mais espaço para elecolocar seu pé de volta ao chão. Para todo lugar

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que olha, são só pessoas o que ele pode enxergar:altos, magros, gordos, faquires, muçulmanos,budistas, homens, mulheres, crianças, idosos, enfim,não há diferença neste oceano de pessoas. Nasmilhares de tendas nas ruas, tudo pode sercomprado, do mais corriqueiro ao mais exótico:bolas de gude, gatos, punhais, jóias, churrascos deporco e gafanhoto, tecidos e tapeçaria,computadores e celulares, leite e café. Maitreya atéchega a olhar mais fixamente para uma garrafa deleite de cabra, para ele uma das mais deliciosasbebidas no mundo. Ele se sente um pouco mal, poisnem mesmo uma garrafa destas ele é capaz de pagar.

No fim da multidão, a cidade começa atornar-se ainda mais rural, e o menino toma ocaminho de terra que leva à modesta vila onde moracom seus pais, sua avó e seus treze irmãos. Tudo oque ele queria ver neste dia era o sagrado elefantebranco de Vishnu, mas os monges estavam tratandoe enfeitando o animal para a festa que ainda seiniciará à noite. Durante a festa, o barulho não lhepermitirá ouvir o que o elefante estiver dizendo aele, aliás, um dom seu que somente sua avó sabe.Nenhum outro animal conversa com Maitreya;nestes 8 anos que o garoto tem, o elefante branco éo único que o compreende e conversa com ele.

O garoto olha o céu estrelado, com estrelasque nunca poderiam ser enxergadas em umadaquelas cidades poluídas. Aquela lua crescenteenorme no alto do céu o faz se lembrar que era suavez de pegar as galinhas no galinheiro para o jantardo dia. É nestas horas que ele desejava possuir umabicicleta, como a que se pai usa para carregar lenhanas entregas aos fazendeiros e comerciantes deDhaka e proximidades.

Maitreya aperta o passo, embora perceba quesubitamente o céu perdeu um pouco de seu brilho,e até mesmo a lua parece mais encoberta. Pareceque muitas estrelas sumiram do céu no lado oeste,mas o menino não precisa pensar sobre isto nomomento. Ele tem 3 galinhas que precisam de suaatenção completa. Então, ele vê o que ele nuncaimaginaria ver em sua vida: não uma estrela cadente,mas uma chuva de estrelas cadentes, percorrendo océu na mesma direção onde fica sua vila. Talvezseja o sinal de que é bom se apressar ainda mais,pois tantas pessoas com fome não é algo muito bompara a pele...!

Nem mesmo a fumaça e a luz distante detanto fogo o fazem perceber o que acontecera. Ésomente na hora em que chega à vila que o meninopercebe o ocorrido: fumaça em todo lugar, gritosde dor espalhados por todas as 20 casas da vila,fogo em toda a área, e no centro da vila, omonumento da vila. Feito com a madeira das árvoresda floresta próxima, dizem que a madeira é sagrada,que tem espíritos que protegem quem as utiliza parahonrá-los. Por isso mesmo, os moradores da vila

fizeram o tal monumento na forma de um altar, paraentregarem toda semana uma prenda aos espíritos,em forma de pequenas refeições. Desta vez, não háum tacho com uma refeição comum.

O corpo de Rasharid, um grande amigo deMaitreya, de somente 5 anos, está deitado no altar.Sobre ele, um humanóide de pele negra como aprópria escuridão da noite, com pinturas em umbranco muito puro. A criatura é extremamentemagra e esquálida, mas com uma cabeçaligeiramente maior que o normal. Ela parece estarolhando a barriga de Rasharid, mas o barulho e osangue que escorre pelo altar lembra Maitreya dequando seu pai comia pés de galinha, e fazia omesmo som nojento de estar chupando o caldo e aomesmo tempo tentando mastigar aquelas patasgalináceas. Quando a criatura interrompe o que faziae olha diretamente nos olhos de Maitreya, restos devísceras entre os dentes daquele monstro com facede um esqueleto provam que o que ele fazia comseu amigo era se alimentar, e Maitreya seria opróximo. O monstro lentamente desce do altar, comas várias jóias que porta emitindo sons dependuricalhos. Os penduricalhos chamam a atençãodos outros monstros que estavam espalhados pelavila. Antes de ultrapassar a contagem de 30 deles,Maitreya corre como nunca correu antes, em direçãoa Dhaka.................................................................................................................................................................

Pé do Monte Aramesh, Paradísia

Próximos da entrada da Cidade de Prata, ostrês amigos de cidades paradisianas tão diferentestentam sentir a presença de seu poderoso inimigo,o falso Amesha Spenta. Andrômeda, Aruhiga eNjall, embora feridos e fatigados pela batalha,sabem que devem caçar seu inimigo onde fornecessário, pois a ameaça que ele representa é muitogrande. Então, como se fosse tudo parte de umplano, o Amesha Spenta aparece algumas dezenasde metros à frente deles preparado para combaternovamente.

Quando Njall olha ao longe, sua apuradavisão de Valkíria enxerga os outros 6 AmeshaSpentas, voando em direção aonde estão. Mais aolonge, outros 7 seres perseguindo-os em umavelocidade que nem mesmo ela seria capaz deempreender em um vôo. O falso Amesha Spentaolha na mesma direção em que Njall olhava, e sorride maneira macabra.

- Vocês conseguiram conjuntamente mevencer em um combate, mas quero verse conseguem o mesmo com meusoutros companheiros, malditos! – ofalso anjo de Vahishta brada, com umaalegria sádica.

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- Acho que você não olhou atrásdeles...! – debocha Njall. – Me pareceque nós teremos reforços!

Assim que os outros Amesha Spentas falsosjuntam-se ao falso Khsathra, os três amigosparadisianos percebem que os 7 perseguidores sãona verdade 7 Thuata Dé Danann. Lugh, Belatu-Cadros e Epona chegam primeiro, prostrando-seperto dos 7 Amesha Spentas, enquanto Dagda,Gwydion e Morrigan pousam próximos de Aruhiga,Njall e Andrômeda. Cernunnos mergulha dos céusem grande velocidade na direção dos falsos AmeshaSpentas. Enquanto Cernunnos desce sobre seusinimigos, seu corpo parece gerar por brotamentovários animais diferentes, como um leão, uma águia,um tubarão, um javali, um urso, uma serpente, emum ritmo suficiente para que houvessem 20 animaisdiferentes para cada Amesha Spenta no momentoda queda.

Os animais atacam em harmonia, cada umauxiliando para distrair ou forçar uma defesa doinimigo, para que outro animal possa atacar comeficácia, enquanto outros se posicionam paraservirem de escudo para os animais mais mortíferos.Enquanto os falsos anjos de Vahishta lutam com140 animais diferentes, Cernunnos, utilizando umgarfo-rastelo como arma, ataca com a mesmaferocidade das piores bestas que invocara, causandoferimentos distribuídos em todos os seus inimigos.

Bastaram alguns minutos de combate paraos Amesha Spentas aprenderem como vencer todosos animais, e iniciarem seus melhores ataques.Segundos depois, toda a área da batalha estavarepleta de carcaças de animais dilacerados,sobrando somente Cernunnos e os 7 falsos anjospersas. Cernunnos percebe o perigo em que seencontra, mas não desiste da batalha. Seuscompanheiros concluem que não será fácil para eleenfrentá-los sozinho, então partem para auxiliá-lo.

A batalha que Andrômeda, Aruhiga e Njallpresenciam é extraordinária, digna de ser contada erecontada pela eternidade. Ninguém nunca teve oprivilégio de ver até onde vai o poder máximo dorei de Tir Na Nog, Dagda, somente os trêsparadisianos. A habilidade com que Dagdamanejava seu bastão mágico só se equiparava àhabilidade do Amesha Spenta que o enfrentava comuma espada.Todos os Thuata Dé Danann usaram de todo seupoder para vencerem seus inimigos. Epona lutavausando uma lança, montada em um belo cavalomístico que ela invocara. Gwydion usa seus poderesilusórios para enganar seu inimigo, que por vezes éatingido de surpresa, embora todos os golpes deGwydion não estivessem ferindo o inimigo com aforça necessária. Morrigan, com a ajuda de dezenasde morcegos do tamanho de um grande cão, atacavaseu inimigo também com seu toque da morte, capaz

de aumentar as possibilidades de alguém morrer emcombate. Lugh, o Mão Longa, luta com o mesmonível de poder de seu inimigo, chegando por vezesa superá-lo, embora logo após a batalha volta a seequiparar para ambos os lados. Belatu-Cadros lutamultiplicando-se em várias cópias de si mesmo,tornando-se um pequeno exército e atacando seuinimigo, que mesmo assim consegue enfrentá-lostodos ao mesmo tempo. Cernunnos voltou a invocarvários animais selvagens para auxiliá-lo na batalhacontra o sétimo Amesha Spenta.

Os três amigos observam com uma atençãosem igual, admirando o poder e bravura dos ThuataDé Danann. A batalha durou um certo tempo,mantendo-se empatada grande parte do tempo. Mas,quando Dagda é desarmado e derrubado ao chão,os anjos celtas recuam, sabendo que tal batalha trariabaixas inaceitáveis.

- Por favor, deixem-nos ajudar! –Andrômeda grita aos anjos de Tir NaNog.

- Não, criança! – Morrigan diz. – Nemmesmo o poder conjunto de 7 ThuataDé Danann foi suficiente paraintimidar estes inimigos. Vocês,infelizmente, não têm poder pararepresentar um fator decisivo.Precisamos de ajuda MAIOR!

- Deusa pagã, eu atenderei à suanecessidade! – surge voando no alto opoderoso Goghiel. – Estes invasoresjá causaram problemas demais emtoda Paradísia, e agora receberão apunição do grande Demiurge!

- Antes, Elim da Cidade de Prata, lherevelarei a verdadeira identidade denossos inimigos! – Gwydion diz,esticando a mão e agarrando o ar deParadísia como se fosse uma cortina,e magicamente puxando-o. Assim queergue o véu da ilusão, a aparênciaverdadeira dos falsos Amesha Spentasé revelada: todos são anjos da Cidadede Prata!

Assim que percebem que seu disfarceilusório foi desfeito, e se vêem frente a Goghiel, os7 anjos demonstram vergonha do que fizeram.

- Mestre Goghiel, pedimos perdão!Estávamos seguindo ordenssuperiores... – diz um dos anjos.

- Cale-se, traidor! – grita Goghiel,furioso. – Demiurge nunca ordenariaque seus filhos se disfarçassem deanjos de outra cidade paradisiana! Nãovejo punição melhor do que adestruição completa de suas almas,para que voltem ao Caldo Primordiale possam ter utilidade em uma nova

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alma! Preparem-se para a morte,Caídos! – Goghiel voa em umavelocidade inconcebível para os trêsamigos, que observam os 7 anjostraidores preparando-se para sedefenderem do ataque de Goghiel, queserá devastador.

“Goghiel precisará de ajuda”, pensaAndrômeda, concentrando sua energia cósmica nasmãos para atacar assim que o Elim precisar deauxílio. Aruhiga faz o mesmo, ateando fogo em seus8 chakrans, e Njall prepara sua lança. Os 7 ThuataDé Danann dão as costas e recuam, com umatranqüilidade que demonstra que eles confiam nopoder de Goghiel. Onde 7 dos mais poderososThuata Dé Danann falharam, este único Elim terásucesso, acreditam eles.

E eles estavam certos. Goghiel desce comoum cometa de luz celestial, atingindo o chão deParadísia e formando uma grande cratera, em queos 7 anjos traidores ainda se encontram, somenteassustados com o poder do primeiro Elim da Cidadede Prata. Goghiel joga seu manto ao chão, revelandoseus braços de homem-tigre, e ele então saca suasduas espadas longas de chamas que queimariam omais resistente dos materiais.

O próximo ataque de Goghiel mostra-sesuficiente: um colossal anel de fogo, que parte domilenar Elim e expande-se à sua volta, cortando aomeio seus inimigos como se nada fossem. A energiado fogo que os corta ao meio é forte o suficientepara incendiá-los e reduzir seus corpos a cinzas nochão. O poderoso anjo Elim nota então que um dos7 anjos se teleportara, não sendo atingido pelodevastador anel de fogo. Ele sabe que não podefugir, pois Goghiel facilmente o alcançaria, mastambém não poderá sobreviver a um único ataquedele. Então o anjo simplesmente aceita o fim eespera pelo ataque de Goghiel.

Goghiel aproxima-se lentamente do últimodos anjos traidores, ciente de sua vitória, e entãogira suas duas espadas de fogo, criando uma rodade fogo, que corta verticalmente o anjo traidor,reduzindo suas duas metades a cinzas, assim comoaconteceu aos outros. Goghiel então vira-se para aCidade de Prata, pronto para voar até ela.

- Por favor, anjo da Cidade de Prata! –Njall o chama. – Poderíamos saber seunome? Temos importantes notícias adar ao senhor sobre estes anjos que osenhor venceu!

- Não há nada que vocês saibam que eujá não saiba! – Goghiel a despreza. –Tenho muito o que fazer! Se quiserem,falem com seus amigos pagãos! – e elelevanta vôo, em uma velocidade muitoalta em direção à Cidade de Prata.

- Não se preocupem, jovens! – Lugh osacalma. – Goghiel é o mais poderosodos anjos da Casta Elim, surgido antesmesmo que a própria Casta tivessesido definida na Cidade de Prata.Mesmo que tenhamos saído da Cidadede Prata para caçar os 7 falsos anjoscom um pequeno exército depoderosos anjos da Cidade de Prata,bastou um único para eliminá-los;todos os anjos que nos seguirammorreram nas mãos dos 7 anjos quetraíram a Cidade Prateada. Ele nãoaceita a existência de nenhum outroedhênico ou cidade paradisiana: elepossui uma fé cega no Demiurge e naCidade de Prata! Pelo menos, hoje, eleesteve como nosso aliado, contra estestraidores; nunca saberemos quando eledecidirá eliminar todos os seres quenão seguem seu Grande Arquiteto.Mas nos diga: qual é a informação quepossuem de importante sobre ostraidores?

- Bem – Aruhiga diz, encabulado –, umadelas é que os Amesha Spentas naverdade eram anjos, mas isto todos jásabem! Outro fato importante é quetodos fazem parte de um grupoespecial que possui isto – ele traça as3 linhas sinuosas paralelas no ar, queaparecem magicamente – comosímbolo.

- Este é o símbolo da Ordem da Era deAquário! – explica Gwydion. – Ela foicriada logo que Christos desceu àTerra, gerando a Era de Peixes, queduraria 2000 anos. Agora que jáestamos no século XXI, a Era deAquário chegou, e estes anjos sepreparam desde o início da era anteriorpara defenderem o mundo contra asameaças do Juízo Final que envolvema mudança destas eras. Me parece queagora a Ordem da Era de Aquário querCAUSAR o Juízo Final, não combatê-lo!

- Mas então nos diga quem é o líderdesta Ordem! – Andrômedadesespera-se.

- Ninguém sabe, nem mesmo os anjosda Cidade de Prata. Os anjos quefazem parte dela são secretamenteselecionados e treinados, para que nãohaja chance alguma de seremdestruídos antes do momento de agir.

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- Um dos anjos, ao avistar Goghiel, ochamou de mestre. Por quê? –pergunta Njall.

- Goghiel é um dos principaistreinadores de Captares, Protetores,Elim e Ophanim da Cidade de Prata,juntos com alguns outros anjos. Pelahabilidade de lutarem, é muitoprovável que Goghiel tenha sidomestre deles em alguma etapa de seutreinamento! O poderoso ArcanjoMiguel está dizendo que os mundosestão em grande risco, entãovoltaremos a Tir Na Nog paradefendermos nossa cidade contraeventuais ameaças. Até algum dia, eboa sorte em suas empreitadas!

Dagda entrega a cada um deles uma lindamaçã vermelha. “Para se curarem”, ele explica, eparte junto a Belatu-Cadros, Lugh e Cernunnos.Morrigan hesita um pouco, olhando em direção àCidade de Prata, pensando nas visões que teve eque passou a Miguel, mas depois decide ir com seuscompanheiros. Epona se aproxima dos três amigos.

- Um Gandharva, uma Semideusa e umaValkíria, que combinação peculiar...Vocês demonstraram grande coragemhoje, e merecem receber umarecompensa! – De lugar nenhum,surgem três lindos cavalos,aparecendo ao lado de Epona. –Tomem estas montarias, elas osajudarão a se movimentarem porParadísia, ou onde mais precisarem ir!Adeus!

- Crianças – Gwydion aproxima-se dostrês amigos logo que Epona vaiembora com os outros Thuata DéDanann. –, tenho uma missão a vocês,se puderem realizá-la com toda avontade!

- Claro, Gwydion! É só falar! – dizAruhiga.

- Vocês devem se dirigir à Terra, ondeeste olho indicar! – Gwydion solta noar um olho flutuante de cristalvermelho. – Este artefato sempreestará olhando na direção em quedevem seguir. Quando ele avistar oalvo, ele deixará de flutuar e cairá nochão.

- Está bem, mago celta! – dizAndrômeda. – Mas temos um“pequeno” obstáculo: não temos ahabilidade de nos movermos atravésdos planos!

- Não se preocupem, estes cavalos deEpona realizam viagens planares entre

Paradísia, a Terra e a Arcádia, desdeque sejam cavalgados porparadisianos. Ou filhos deparadisianos... – ele diz, olhando comternura para Andrômeda. – Agora vão,pois têm pouco tempo! Assim queencontrarem o alvo do olho,descubram se ele é amigo ou inimigo:se for amigo, protejam-no! Se forinimigo, eliminem-no! Adeus!

Os Thuata Dé Danann voam em direção aTir Na Nog. E os três amigos cavalgam seus cavalosmágicos para o alto do céu de Paradísia, entrandoem um portal colorido em direção à Terra.................................................................................................................................................................

Palácio Júpiter, Cidade de Prata

Miguel não entende como todos osacontecimentos puderam acontecer sem queninguém desconfiasse, de modo que tudo ocorresseem um ritmo rápido demais para que os próximospassos pudessem ser previstos. O Príncipe Arcanjonão consegue acreditar que o momento do JuízoFinal tenha chegado, e sem que o próprio Conselhodo Solarium pudesse ser avisado, ou mesmo quenão tenha sido o próprio Conselho que tenhadecidido o momento do Apocalipse. O que istosignificaria? O Conselho não é perfeito? Ou tudoseria a vontade do próprio Demiurge, que ageindependentemente das decisões do Conselho?

O senhor dos Arcanjos passeia pelo Distritode Vênus, em um discreto porém lindíssimo bosque,com seus subordinados: Nemamiah, Ieiael, Harahel,Mitzrael, Umabel, Iah-Hel, Anauel e Mehiel. Énecessário deixá-los de prontidão caso precisem seencaminhar para Megiddo... Enquanto ensina a seusasseclas os procedimentos de como agir no caso deuma iminente guerra na Terra, seu fiel mensageiroEriel chega ao seu lado, vindo dos ares.

- Senhor, tenho mais notícias!- Então conte-me, meu amado

mensageiro! – Miguel diz a Eriel,afastando-se um pouco de seusasseclas celestiais.

- A Falange que acompanhara os ThuataDé Danann na caçada aosconspiradores foi destruída peloinimigo! Entretanto, os conspiradoresforam mortos em um esforço conjuntodos paradisianos Aruhiga,Andrômeda, Njall, os 7 Thuata DéDanann e o Elim Goghiel!

- Goghiel? – interrompe Miguel. – Maseu lhe ordenei que fosse à Terra falarcom Gideão e sua Ordem apocalíptica!Como ele ousa desobedecer-me?

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- E por falar na Ordem de Gideão... –Eriel receia qual será a reação deMiguel – Megiddo está com dezenasde vezes mais Anjos que a última vezque eu verifiquei e contei ao senhor!Além dos Anjos da Cidade de Prata edos Jardins de Alá, foram confirmadasas presenças de uma grandequantidade de Anjos de Aasgard, quealegam que um oráculo em Aasgardrevelou Megiddo como Vigrith, o localda batalha do Ragnaröck.

- Meu Senhor! – Miguel exclama. – Seestes aasgardianos também estãopreparando-se para a batalha final,então realmente o fim está próximo!Querido Eriel, temos máxima urgênciaem descobrir quem está causando tudoisso!

- Senhor, com relação a pistas novas,estou ciente de que o grupo de Yvieldescobriu novas informações deimportância vital sobre a situação emMetrópolis e inclusive no Inferno!Eles já combinaram de se encontraremcom o senhor amanhã ao nascer do solno mesmo bistrô em Nice onde osconheci!

- Estes jovens impertinentes...! Terei desair de Paradísia somente para falarcom eles! Tudo bem, meu Anjo Eriel,amanhã estaremos lá!

- Sobre os inimigos vencidos porGoghiel, Gwydion enviou umamensagem diretamente a mimrevelando que os 7 guerreiros sãoAnjos da Ordem da Era de Aquário,ou seja, a conspiração do fim dostempos está sendo arquitetada dentroda Cidade de Prata!

- Como isto é possível? – Miguel seespanta. – Depois de Lúcifer eSamyaza, teremos uma TerceiraRebelião? E pelos Anjos que juraramproteger a Terra quando o Redentornovamente descesse à Terra!

- Aliás, tenho uma última notícia comrelação a este fato, senhor! E estatalvez seja a notícia mais importanteem dois milênios...

- Como assim? Diga logo, meumensageiro!

- ELE está na Terra...- Como assim “ELE”? Você está

querendo dizer... o “nosso” Ele?- Exatamente! Nosso contato no Japão,

Mihael, detectou a emanação mística

de nosso Redentor nas imediações doSudeste Asiático!

- Com esta informação, não há maisdúvidas de que o momento chegou! Sóprecisamos saber a idade do Redentore verificar se ele já está pronto paracumprir seu papel no Universo! –Miguel dirige-se a seus asseclas. –Meus fiéis guerreiros, o dia da batalhafinal está chegando! Preparem suastropas e fiquem em prontidão parameu sinal! Dispensados!

Assim que os oito asseclas de Miguel partem,o poderoso Goghiel aparece para Miguel e Eriel,sem seu manto cerimonial. Seu físico musculoso deum guerreiro com milênios de idade quase nãocondiz com sua bela face e seus cabelos que de tãoloiros parecem emitir luz dourada. Seus braços dehomem-tigre ainda portam nas mãos as duas espadaslongas.

- Goghiel! – Miguel o aborda,apreensivo. – Como foste capaz dedesobedecer uma ordem direta vindade mim?

- Meu senhor Miguel – Goghiel ajoelha-se perante o Príncipe Arcanjo –, euobedeci suas ordens à risca, masGideão confirmou que o Turíbulo quepossui é o verdadeiro! Irei até a vilade São Teodósio e verificar se oTuríbulo lá guardado é falso!

- Soube que tu destruíste os inimigosque utilizaram o portal de Tir NaNog...

- Sim, Miguel! Quando voltei da Terra,utilizei um portal para os PortõesPrateados de São Pedro, e quando lácheguei, encontrei os Thuata DéDanann e outros três paradisianoscombatendo os 7 invasores!

- Que na verdade não eram invasores, esim puros Anjos desta Cidade de Prata,não é?

- Sim, Miguel, são membros da secretaOrdem da Era de Aquário! Suspeitoque Gideão tenha ciência de quem sejao líder desta misteriosa Ordem, e porisso viajarei à Terra novamente, assimque verificar se o Turíbulo da vila deSão Teodósio é genuíno!

- Goghiel, como tens boas relações comYviel e seu grupo, eu o convido parair à Terra acompanhando Eriel e amim, amanhã! Podes me fazer estagentileza?

- Claro, mestre Protetore! Estarei prontoamanhã! Que Demiurge o ilumine! –

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Goghiel parte, com a impetuosidadeque lhe é característica.

- Igualmente, Elim! Meu querido Eriel,irei imediatamente ao Solarium meatualizar quanto à situação doRedentor na Terra, e amanhãconversaremos! Enquanto isso, peço-lhe que descubra a localização exatado Redentor, bem como onde estão eo que estão fazendo as múmias Darahve Teptet. Até amanhã, e que oDemiurge o abençoe!

- Ao senhor também, meu amadomestre! – Eriel se despede,encaminhando-se para o Distrito deMercúrio.

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Nepal, 1000 anos atrás

As montanhas nevadas deste local revelamgrandes segredos, conhecidos por poucos na Terra.Foi em uma das mais antigas vilas deste lugar quesurgiu ainda no início da existência do Homem aprimeira múmia, Ganaviti, que vagou por séculospelas montanhas, enlouquecendo e recebendo oconvite do demônio Abracax para tornar-se seuservo e líder de uma ordem de Magos que lidamcom a loucura. Em meio a este terreno ainda vivemos Vanaras, os licantropos-gorila, conhecidos emtantas lendas como os Yetis, guardiões furtivos eferozes das montanhas do Himalaia.

Uma varredura completa neste terreno aindarevelará diversos outros segredos, entre eles umgrandioso templo budista, apropriado dos xamãstibetanos. Construído sobre um poderoso Node, taltemplo possui uma ligação muito forte com o planode Spiritum e, principalmente, com o Sonhar. Otemplo, antes repleto de fetiches xamânicos deproteção e aprisionamento de espíritos, agorasomente possui duas estátuas de Shishios, os cãesleoninos que despertam para proteger o lugar deguarda. Entre as duas portas duplas que existem emcada canto da frente do templo, foi construída umagigantesca estátua de Buda, esculpida diretamentede um monolito de cristal que havia em frente aotemplo.

Ao lado deste enorme templo, há umacaverna, cuja entrada foi primorosamente decorada,com avisos para qualquer um que tenha a intençãode entrar no local. Os avisos incluem “Riscos deMorte”, “Somente para as almas mais puras”,“Danação eterna aos infiéis”, entre outros piores. Éatravessando tal entrada que localiza-se a Bibliotecados Registros Akashicos, onde ficam armazenadostodos os pensamentos, idéias e concepções quetodas as almas que já habitaram a Terra tiveram,inclusive dos Médiuns, Oráculos e Sibilas... Ou seja,

neste local ainda estão guardadas todas as profeciasditas e não ditas por todos os mortais comcapacidade para isso. Segundo certas teorias, osRegistros Akashicos são muito mais que um bancode dados que se atualiza: ele seria na verdade OBANCO DE DADOS do pensamento humano, umlocal atemporal onde todo o conhecimento do quefoi e do que será pensado está guardado.

Dois monges guardam a entrada, portandoambos um bastão de madeira sagrada; seus trajescerimoniais lhes dão um ar de nobreza e poder, suascabeças raspadas revelam símbolos arcanospintados sobre o couro cabeludo. Sabe-se que seupoder de combate é muito alto, e poucos seres“inferiores” (isto é, que não sejam de Edhen,Infernun ou Tenebras, nem entidades primordiaisdos outros planos) seriam capazes de durar maisque poucos minutos em uma batalha contra um únicodeles. Mas, neste dia, os dois guardas se mostraraminsuficientes para o ataque fatal da criatura sombria,cujo sopro de energia entrópica foi suficiente paraeliminar a existência de ambos, enviando-osdiretamente para Spiritum.

A sombra alada pousa sobre os corposinertes dos monges desencarnados e dirige-se paraa entrada da caverna. Após cinco passos, os doisShishios adquirem vida, urrando como se avisassemdo combate aos outros monges, de modo que quatrodeles saem do interior da caverna e preparam-separa o combate com espadas, chicotes, nunchakuse tonfas. A sombra translúcida dirige-se aos seusoponentes com a mesma confiança que tinha aomatar os dois monges agora desencarnados. OsShishios e os quatro monges saltam contra a criaturasombria.................................................................................................................................................................

Dhaka, Bangladesh

Maitreya corre com todas as suas forças pelaestrada de terra envolta em plantações de arroz,incapaz de conceber a atrocidade que ocorreu emsua vila. Seus vizinhos, amigos, familiares, todosmortos e devorados por aqueles monstrosesqueléticos. E agora ele será o prato principal detodos os mais de vinte monstros!

Enquanto penetra na cidade de Dhaka, omenino olha para trás e percebe que não há maisnenhum daqueles monstros perseguindo-o, mas hásomente um homem vestindo uma espécie de trajecerimonial, portando as mesmas jóias que osmonstros, e olhando fixamente para ele. Então ogaroto percebe: eles conseguem se disfarçar comohumanos, e poderão pegá-lo em qualquer lugar dacidade sem que ninguém possa desconfiar de suasverdadeiras identidades. Maitreya então decidecorrer para o templo onde seu mais novo amigo, oelefante branco, se encontra.

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Bem no cruzamento entre duas ruas, estáhavendo uma competição improvisada de sumô,com dois verdadeiros sumotoris em busca dedinheiro fácil de apostas. O menino lembra-se deque o sal jogado no local de uma partida de sumôserve para purificar o local, e então tenta ficar omais próximo do círculo que limita o ringue dossumotoris. Ao longe, um dos monstros disfarçadoso identifica e vira-se para avisar a seus comparsas.A criatura mal percebe a gigantesca cauda boídeaque enrosca-se em sua cintura e o draga para aescuridão de um beco.

Maitreya, após procurar pelo desfile queexibirá publicamente o sagrado elefante branco,símbolo de Vishnu, finalmente o localiza, puxadopor um dos monges brâmanes. O garoto tentapenetrar na multidão de fiéis e de turistas, mas acabaagarrado pelo pescoço por um dos monstrosdisfarçados, que o arrasta para longe da multidão.Os gritos desesperados do menino mal são ouvidosem meio a tantos aplausos, ovações e orações aoelefante branco. O monstro, ainda em formahumana, se reúne a outros trinta de sua espécie,amordaçando e prendendo as mãos e pés do menino.Quando um dos monstros dá o último nó nos pés dogaroto, uma enorme cobra constritora surge dassombras e abocanha o tronco inteiro do monstrocom sua boca enorme, sobrando nos lados da bocaas pernas e a cabeça do monstro. Após um som deestalo muito forte, as pernas e a cabeça do monstrocaem no chão, voltando à forma verdadeira, e acobra volta a sumir nas sombras.

Os monstros voltam todos às suas formasmonstruosas, prontos para se defenderem daameaça, e notam que no beco em que se encontrameles podem ver cobras e serpentes por todo o lugar:pequenas áspides se arrastando no chão, corpos deanacondas no alto entre uma sombra e outra, caudasde cascavéis agitando seus chocalhos em pontosdiversos, várias pequenas serpentes escalando asparedes... Os monstros sabem que algo muitoestranho encontra-se no local.

Antes que pudessem concluir o que seria, umdos monstros é surpreendido por um humanóide de8 braços e cauda ofídia no lugar de pernas que vemdo alto, o agarra, e o leva de volta para o local ondeencontra-se a outra ponta de sua cauda, assustandoos outros esqueléticos, que mal perceberam o ataquefurtivo da criatura com características de serpente,mas perceberam o sumiço de um deles. Todos eles,desesperados, começam a atacar todas as cobras dolocal, buscando identificar o autor destes ataquescontra eles. Sem que percebessem, a criatura de 8braços aparece perto de Maitreya e solta duaspequenas serpentes sobre as amarras do menino.

- Ei, garoto, você está bem? – perguntaa criatura de 8 braços.

- Mmmmmmm... – o garoto,amordaçado, responde, indicando quesim com a cabeça.

- Espera um minuto que eu já eliminoestes monstros!

Assim que ele termina sua frase, os monstrosesqueléticos o notam e investem contra ele, queutiliza inúmeras caudas para se defender e atacarseus inimigos. O som do desfile já acabou, e oelefante provavelmente já foi posto de volta à suaárea no templo. Maitreya retira a mordaça logo quesuas mãos são soltas pela serpente que a criaturaofídia soltou sobre suas amarras da mão; logo quesuas amarras nos pés também são eliminadas, omenino levanta-se num pulo e corre com todas asforças em direção ao templo do elefante branco,sendo seguido por um grupo de dez monstrosesqueléticos.

- Menino, espere! – a criatura de 8braços grita a Maitreya. – Não possoprotegê-lo se você fugir de mim! – elediz, enquanto se esquiva de algunsgolpes dos monstros.

- Preocupe-se conosco, monstro-cobra!– um dos monstros esqueléticos diz,com uma voz imponente que indica serele o líder dos monstros.

O menino sai do beco correndodesesperadamente, chocando-se com o próprioelefante branco, parado à sua frente, com umafisionomia serena que o observa.

- Elefante, me proteja! Vários monstrosestão no beco, e eles mataram a minhavila inteira! Tem um outro monstro queestá enfrentando todos eles, e eu nãosei se ele também quer me matar!

- Não há necessidade de se preocupar,Maitreya! – o elefante responde, semmover seus lábios, de um modo quesomente o garoto pode ouvir. – O seumomento chegou, e estou aquiprecisamente para garantir que vocênunca seja ameaçado! – nestemomento, todo o corpo do elefante vaiadquirindo a aparência de mármorebranco. – Vou garantir pessoalmenteque nenhuma ameaça atente contra suavida! – o elefante rochoso corre paradentro do beco, ocupando todo ocorredor com sua largura.

Nenhum dos monstros esqueléticos temtempo de se esquivar da trombada, enquanto ohomem-serpente volta para as sombras do alto dobeco, uma vez que sua cauda ainda estava no alto, epôde puxá-lo com rapidez. Os esqueletosmonstruosos vão se recuperando e atacando oelefante de mármore, que nada sofre com os ataques,até que seu corpo paquiderme é envolvido por uma

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cauda de serpente colossal que o comprime no beco,causando algumas rachaduras em seu corpo depedra.

- Ei, adiposo! – o homem-serpente atiçao elefante de pedra. – Se você tambémquer matar o menino, vou lhe dar amesma lição que estes magrelosfeiosos estão recebendo!

- Não, sua cobra idiota! – o elefante seenfurece. – Estou aqui desde que elenasceu para garantir que nenhumaameaça possa feri-lo! Agora saia daquiou eu lhe enviarei a seu plano deorigem, assim como estes monstrosassassinos!

Enquanto os dois protetores do meninodiscutem, os monstros esqueléticos saem do beco etentam atacar Maitreya, que grita em desespero,chamando a atenção de algumas pessoas queandavam por perto. Os monstros agarram o meninoe o levam para dentro do beco novamente, maspercebem que seus oponentes já se entenderam,piorando sua intenção de matar o menino.

O elefante vai perdendo sua aparênciarochosa, enquanto um ser espiritual sai de sua nuca;quando o elefante volta ao normal, está exausto edeita-se onde está, e a forma espiritual aparecemontada no pescoço do paquiderme. Um homemforte, portando uma linda espada com detalhes emouro e jade, pele avermelhada, grandes dentes dejavali na boca e usando uma armadura com umaarmação semelhante a um círculo em suas costas.Seus olhos se tornam inteiramente brancos, e elegrita, erguendo um muro na frente do beco, paraimpedir que qualquer pessoa possa vê-los. O altodos 4 muros do beco se fecha, gerando escuridãototal e assustando os monstros esquálidos.

Uma gigantesca anaconda envolve Maitreya,mas para protegê-lo de qualquer dano. Quando aescuridão se torna completa, só pode-se ouvir osgritos de dor e desespero dos monstros, atacadoscom areia movediça, estacas de terra, víboraspeçonhentas, abraços constritores de grandescobras, a espada do espírito que possuía o elefantebranco e as adagas Sai do homem-serpente. Apósalguns minutos, todos os monstros são destruídos esuas essências voltam a seu plano de origem.

A redoma se abre e o muro desaparece,permitindo ao menino sair do beco, uma vez quenão há mais nenhuma cobra protegendo-o.

- Agora que não temos mais inimigos,vamos às apresentações! – o guardiãodo elefante branco sugere. – Sou Tai-Ling, da Casta dos Yashas,representante pessoal da cidadeparadisiana de Shang-Qing emBangladesh. Desde o nascimento destemenino sou seu espírito guardião,

usando o sagrado elefante brancocomo veículo para me comunicar comele. E você, quem é?

- Meu nome é Kushimaru, da CastaHibakara! Venho em nome da cidadede Amaterasu verificar o estado destemenino e zelar por sua vida, mas nãorecebi nenhuma instrução de queencontraria outros protetores, nemmesmo inimigos sobrenaturais. Qualé a importância deste menino paranossas cidades?

- Talvez nada para sua cidade, mas eleé a mais recente encarnação dopoderoso Vishnu, e o último Buda naTerra! Devo prepará-lo para enfrentartodo tipo de inimigo tanto do Orientequanto do Ocidente, pois haverãovárias formas em que o Juízo Final seapresentará a este mundo! Ele deveficar vivo até completar 33 anos!

Enquanto caminham pela madrugada nasruas superlotadas de Dhaka, Maitreya nota que,embora ele os enxergue, parece que mais ninguémos vê, pois passam por eles e não se surpreendemcom suas aparências, nem mesmo dirigem o olhar aeles. E o pequeno Maitreya não entende tudo o queconversam sobre Escolhido, cidades de Paradísia,e outros tantos termos que nunca chegaram a seuconhecimento... Mas mesmo assim ele presta umaatenção excepcional aos dois celestiais:

- Kushimaru, foi o próprio Conselho deAmaterasu que te enviou para cá? –pergunta Tai Ling.

- Sim, Tai Ling, meus Hibakarassuperiores me enviaram com estamissão de agir como guarda-costasdeste garotinho... Mas nenhuma outrainformação me foi dada, somente queele com certeza precisaria de minhaproteção... E você, o protege desde queele nasceu?

- Na verdade, quando ele fez 3 anos, osMonges Chuu de Shang-Qingdetectaram um potencial místicoimenso neste garoto, e me enviaramcom a missão de guiá-lo quando eletivesse conhecimento de quem é... Maspreferiram me enviar em vez de enviarum verdadeiro Chuu, e isso eu nuncaentendi...

- Certo... Mas eu não gosto muito destesserviços “secretos” que recebo deAmaterasu, pois nunca sei quando oserviço acaba, quem serão meusaliados e quem serão inimigos! Vocêmesmo foi atacado por mim, apesar

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de estarmos com missões tãosimilares!

Enquanto conversam de modo maisdescontraído, os dois paradisianos mal percebemos cavalos que surgem de um portal nos céus erumam voando em sua direção...................................................................................................................................................................

San Miguel de Tucumán, Argentina, 50 anos atrás

A sala pequena e mal iluminada deste prédiopode mantê-los livres de suspeitas de qualquer umque passe pela porta e desconfia de quem sejam. Aúnica janela é pequena e mostra a paisagem da praçaSan Martin, a maior da cidade. Poucas pessoaspasseiam pelas ruas neste domingo, todas protegidascontra o vento frio do inverno argentino; o estiloeuropeu das pessoas e da arquitetura da cidade deixaos homens na sala mais confortáveis. Ainda assim,todos se sentem apreensivos com relação a quemos convocou à tal sala, logo o gabinete de um dossecretários municipais. Por sorte, o secretário quepossui a sala é sobrinho de um dos homens na sala,e também membro da Ordem à qual todospertencem.

Sem que nenhum dos homens pudesseperceber, a criatura entra na sala pela porta, semdar importância alguma à chance de serem todospercebidos por algum membro do Arcanorum queesteja nas proximidades. “Risco demais”, pensa umdeles. A Grande Guerra mal acabou, e eles já foramreunidos novamente. “Algo muito errado estáacontecendo...”

- Hosenfeld, Heimfüll, Khaotz,Schneiner, Oppengutz, Itrick... Saúdoa todos nesta pequena sala! – diz acriatura em forma de sombras. – Seique todos estão foragidos, e por issomesmo os convoquei para este localtão isolado. Também sei que estão compressa e temerosos de alguém doArcanorum, mas o único Mago que viaqui é o dono da joalheria, que já estáneste momento com a alma vagandoem Spiritum...

- Antes de mais nada, paradisiano, nosdiga quem é você e o que desejaconosco! – diz Schneiner. – Nossogrande líder está morto, junto a umgrande contingente! Nossa Ordem estáem ruínas, e nosso tempo é precioso!

- Acalme-se, Mago! Venho aqui lhes dara chance de trazerem seu amadosenhor do abismo onde ele e seuexército se encontra, para finalmenteestabelecerem o Terceiro Reich quetanto anseiam!

- Como assim? Você sabe do paradeirode nosso Führer? – espanta-seOppengutz. – Como podemos trazê-lo de volta?

- A proposta que tenho é de uma chancede ouro, de um evento que só ocorreráem um breve instante, e depois levarámais dois mil anos para voltar! Estãodispostos a trazer Hitler de volta àTerra? – a astuta criatura sombriapergunta, já prevendo a resposta quese segue com um “sim” recatado detodos os Magos.

- Mas queremos saber o que você desejapor esta barganha. – interrompeKhaotz. – Temos a ciência de que umser como você nunca faria isto sempedir algo em troca!

- Muito bem dito, Mago do Vácuo! –responde a criatura sombria, com arde deboche. – Só o que lhes peço éque posicionem quantas cabais foremnecessárias para realizar este ritual –entregando um pergaminho aHosenfeld – na data e no localperfeitamente estipulados no mesmopergaminho! Ele trará seu amado líderde volta, com todos os soldados quemorreram pela causa! Mas lhes aviso:logo que ele voltar, será necessário queenfrentem uma grande quantidade desoldados celestiais, de diversascidades de Paradísia! Caso ele vença,o novo Reich estará ao nascer do Solseguinte à batalha!

- Sim, mas... – estranha Hosenfeld – Deacordo com a data, provavelmenteestaremos mortos!

- E qual é o problema, senhores? Vocês,se serviram bem ao Führer, irão parajunto dele quando morrerem, evoltarão com ele nesta exata data!Assim, preparem sua Ordem e oseduquem para que nada dê errado nodia e no lugar! Até logo!

Mal se dão conta da complexidade do ritual,os seis Magos da Thule vêem a figura sombria sumirnas sombras do canto mais escuro da sala, deixandoa todos estarrecidos com a reunião, e sobre comoagir a partir deste dia. “Se somente assim Hitler podevoltar à Terra para dominá-la, então é assim quedeverá ser feito”, é o que todos afirmam comconvicção, se dirigindo cada um para sua base ecomeçar já os preparativos para o dia fatídico...................................................................................................................................................................

Nice, Itália

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Os 5 caçadores de demônios se reúnem paradiscutir tudo o que descobriram dentro da sala dosino, na Catedral ao centro da cidade. Dentro destelocal eles se sentem mais próximos da Cidade dePrata, o ponto mais alto da cidade e também o maissagrado: o próprio sino que se encontra no centroda sala foi tocado por Gabriel, e é uma verdadeirafonte de energia benigna na cidade.

- Galera – chama Yviel –, vamos entãodiscutir tudo o que presenciamos atéagora: algo muito importante estáacontecendo, e os Anjos da Cidade dePrata não podem saber... É degravidade tal que podemos usar osmétodos nem um pouco ortodoxos queos Anjos costumam usar... Duasmúmias servas de Dagon voltaram àvida, três mausoléus de Metrópolisestão abertos sem motivo algum, os 60Marûts de Katmaran foram raptados,assim como Zeus, e o deus da trapaçaLoki foi solto! O exército da regiãodo Reich no Inferno está pronta paraa batalha, e ainda fez aliança com oexército de homens-chacal de Anúbis!E a única pista que ainda podemosexaminar são estes Manuscritos deRavena, que talvez nos fale algo deimportância sobre Metrópolis!

- Chefinho – diz Cibele –, vamos todosler cada um uma página disto e vermosquem encontra alguma coisa! Assimpoupamos tempo!

- Sim, mas há o risco de sermos tocadospelas energias de Mal absoluto deLeviathan ao lermos estesManuscritos! Não posso permitir quetodos vocês tenham este destino;prefiro ler sozinho! – diz Yviel.

- Nem pensar, amigão! – exalta-seHeluel. – Estamos juntos há anos, eiremos todos juntos onde tivermos deir!

Após todos concordarem, Yviel sente-semuito feliz por liderar um grupo com fidelidade tãoalta, com Anjos capazes de segui-lo mesmo frentea frente com o próprio Lucibel... Assim, ele dá umafolha dos Manuscritos a cada um...

- Companheiros, usem o dia paradescansarem e depois nosencontramos aqui! – sugere Yviel.

- Não vou permitir que fique aquisozinho, Hayyoth! – discorda Ubeel,e logo depois Cibele e Heluelaproximam de Yviel. Mevosiah mostrauma face pouco disposta a permanecercom todos.

- Er... Se não for ruim para vocês,gostaria de caminhar um pouco e leristo em outro lugar... – Mevosiah diz,acanhado.

- Fique à vontade, amigo! – diz Yviel. –Só tente estar aqui no crepúsculo, estábem?

- Sim, eu estarei! – Mevosiah diz, jádescendo as escadas da torre do sino.

Após alguns minutos caminhando, Mevosiahpára frente à vitrine de uma loja de objetos de arte,local de trabalho de sua amada Paola. Através dovidro, ele a observa com carinho, enquanto eladescreve tudo o que é possível sobre um quadrofauvista. Todas aquelas cores fortes, o vermelho,amarelo, azul, tão intensos contrastantes, o fazemlembrar de quando ainda não podia enxergar ascores, durante seus serviços banais como Corpore.Agora, ele pode enxergar cores, sentir cheiros egostos diferentes das flores, mas não enxerga maisseu Criador, ou sente a melodia celeste, nem mesmoos cheiros de flores tão perfumadas cada vez que seaproximava de outro Anjo. Mas isto serácompensado quando ele puder criar uma nova vida...

Paola o nota na vitrine e faz sinal de que jásairia para o almoço. Ela está tão elegante e comum semblante alegre, que Mevosiah lamenta teresquecido a máquina fotográfica na sala do sino.Poucos minutos depois, Paola sai e o beija, eMevosiah se esquece de tudo o que pensava antes.O toque físico humano realmente é algo que fariamuitos Anjos tornarem-se Caídos... Se elessoubessem o que é fazer amor, então...

- Angelo, estava agora mesmo pensandoem você! – exclama Paola, chamandoMevosiah por seu nome terreno, queele usa para que não hajadesconfianças sobre sua existênciacelestial. – Queria muito te contar umacoisa! Mas antes, me conte como foiseu dia: fotografou muito?

- Sim, amor! – responde Mevosiah,usando da perseverança para nãosentir-se mal por mentir sobre suaidentidade e sua profissão. – Foi sóum trabalhinho rotineiro... Sabe comoé, né? Só tirei algumas fotos dapaisagem daqui, uns pontos turísticos,gente característica, essas coisas... Eseu dia, como foi?

- Ah, estou muito feliz! Até agora jávendi dois quadros e ainda tenho umascinco negociações para o período datarde! Poderemos até sair paracomemorar, o que acha?

- Bem, não sei ainda se poderei sair...Acho que terei de usar a noite pararevelar todas as fotos que eu tirar

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hoje... Afinal, tenho de entregá-lasamanhã pela manhã!

- Oh, entendo... – Paola mostra-sedesapontada. – E bem hoje queteríamos tanto para comemorar...

- Como assim? Há mais algumanovidade?

- Sim, meu querido... Daqui a novemeses, você terá um lindo bebê parafotografar!

- Você quer dizer... Que o bebê... Quevocê está... Que nós... – Mevosiahgagueja sem parar, quase nãoacreditando na notícia que acabara dereceber.

- Isso mesmo, Angelo! Estou grávida,e nós teremos um filho!

Mevosiah grita de felicidade, mas logodepois lembra-se de seu grupo, sua missão, e suaexistência. Como a Cidade de Prata reagiria comele, mesmo com a missão cumprida? Será que aindao aceitariam de volta? Seu filho seria morto antesmesmo de tornar-se um feto, para não condenar umaalma à maldição dos Nephalins? E Paola, como seriatratada pelo Conselho da Cidade de Prata? Se elefor condenado, isto trará conseqüências piores paraseus companheiros de caça?

Com tanto a pensar, Mevosiah desespera-se.Beija Paola e afirma ter um compromisso queesquecera, correndo o máximo que pode, e deixandoPaola sozinha no restaurante, sem entender o queaconteceu. Mevosiah corre em direção à torre dosino, para confessar seu amor secreto ao grupo. Derepente, ele olha para o alto e enxerga uma formaalada aproximando-se dele, alguém que ele nuncaimaginou que veria tão cedo. O medo já corre portoda a sua pele, sob o receio de a Cidade de Prata játer detectado o surgimento de um potencialNephalim.

- Mevosiah, podemos conversar umpouco, sobre seu filho? – diz a vozangelical, porém séria.

E Mevosiah segue com o Anjo invisível aoshumanos comuns, em direção a um parque.................................................................................................................................................................

Dhaka, Bangladesh

Enquanto Kushimaru e Tai Ling conversampara tentar compreender em que consiste suasmissões com o menino Maitreya, o pequeno percebeum pequeno ponto vermelho brilhante vindo do céuem sua direção. A confiança que ele agora possuinos dois poderosos Mitsukai a seu lado o impedede correr na direção contrária. Ele também nota queatrás do ponto brilhante há três silhuetas humanóidesou táuricas voando de modo a seguir o pontobrilhante.

Somente no momento em que o pontobrilhante pára sua trajetória a poucos centímetrosda face de Maitreya, é que os dois Mitsukai notama existência do tal ponto brilhante, revelado a todosagora como um globo ocular de cristal vermelho.Ao ficar de frente para Maitreya, o cristal redondocai no chão, como se nunca tivesse saído de lá.

- Vocês dois, afastem-se do meninoimediatamente! – grita Aruhiga, umdos vultos que Maitreya vira,cavalgando um dos corcéis de Epona.

Assim que ouvem o grito vindo dos céus,Tai Ling começa a levitar e petrificar seu própriocorpo, e as serpentes começam a surgir das sombrasà volta de Maitreya e de Kushimaru. Njall apontasua lança na direção de Tai Ling, e invoca os ventosaasgardianos, aumentando a velocidade decavalgada do corcel.

Vendo que Maitreya está envolvido pelascaudas de Kushimaru, Tai Ling percebe que seudever será atacar os três celestiais. Assim queAndrômeda pousa seu corcel no chão próximo aKushimaru, o Yasha invoca um terremotoconcentrado no ponto exato da semideusa, de modoa desequilibrá-la. Aruhiga salta de seu cavalo e caiem cima do Yasha, acertando socos de seus váriosbraços em todo o corpo rochoso do Mitsukai deShang-Qing, sem causar nenhuma reação em TaiLing.

Njall aproxima-se em grande velocidadecontra Tai Ling, penetrando parte da lâmina noYasha; Andrômeda, buscando o equilíbrio devidoao tremor de terra, é acertada no rosto por umaenorme cauda ofídia, caindo ao chão. QuandoKushimaru prepara um dos arpões que possui nascaudas, é agarrado pela mesma cauda por Aruhiga,que levanta vôo carregando os dois Mitsukai.

Quando Njall percebe Maitreya levado juntopor estar envolvido por uma das caudas deKushimaru, ataca a mesma cauda com sua lança esolta o menino, segurando-o nos ombros e levando-o ao chão. O fato de perderem o garoto para os trêsAnjos enfurece Tai Ling, que invoca uma chuva depedras na direção precisa de Aruhiga, que é acertadoe cai inconsciente.

- Vocês três não levarão nossoprotegido! – grita Kushimaru,desesperado.

- Protegido? – surpreende-se Njall. –Vocês não estão tentando raptá-lo,torturá-lo, matá-lo ou devorar suaalma?

- É claro que não, moça! – Kushimaruexplica. – Eu sou um enviado deAmaterasu, e este Yasha é o protetordesta região, servo de Shang-Qing.Estamos aqui para impedir que maisinvasores apareçam e tentem causar

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todos estes males que você gritou! Evocês, quem são?

- Nós três somos das cidadesparadisianas de Olympus, Aasgard eKatmaran! Fomos enviados paraproteger ou matar o alvo do olhovermelho, e pelo que vejo, estamosaqui mesmo é para proteger!

- Bem, então... – diz Kushimaru – Seráque este Gandharva poderia soltar aminha cauda?

- Ah, sim, claro! – Aruhiga ficaencabulado. – Desculpa aí pelaviolência! Não tínhamos como saberque vocês são benignos!

- E por que não? – estranha Tai Ling.- Caramba, você tem estes dentes

demoníacos, olhos amedrontadores eessa pele vermelha... E o outro parecemais com a Medusa! – dizAndrômeda.

- Bem, temos esta aparência paraafugentar o Mal! – Kushimaru tentaamenizar suas aparências. – Está bem,agora temos tudo acertado e nós cincosomos os defensores deste menino!Mas... Como é possível este garotinhoser tão importante para cinco cidadesdiferentes, e nenhum de nós ter amenor idéia da razão para isso?

Ninguém teve tempo para criar conjecturasquanto ao assunto, pois todos observam umaquantidade imensa de estrelas cadentes caindo nosolo e formando explosões. Quando a fumaça sedispersa, nota-se que cada pequena cratera contémum guerreiro esquelético, com corpo negro cujosossos são pintados sobre eles, e jóias astecas ornamtodo o corpo como roupas.

- De novo as caveiras astecas?! – gritaKushimaru, fazendo os Anjosocidentais entenderem o que vem aseguir: batalha!

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Castelo Júpiter, Cidade de Prata

Miguel observa o trono de Christos, um tronovazio há muito tempo. Nem mesmo o Demiurge sefaz presente neste local, e sua presença deixou deser percebida pelos grandes generais há muito tempotambém. Gabriel, um dos mais independentes dosgenerais, já realizou grandes reviravoltas desde odesaparecimento dos grandes governantes, eMiguel? O que o Príncipe Arcanjo fez que o tenhadiferenciado? Se as visões que Morrigan incutiu emsua mente são sua morte, o que fazer para que eleseja lembrado pelas eras adiante? E será que eleestá agindo corretamente com relação aos sinais da

Escatologia, ou está cooperando involuntariamentepara seu desfecho?

Tantas dúvidas e preocupações o mantémfitando o trono sem mover-se, e nem mesmo aaproximação de Eriel o tira de tais pensamentos.

- Com licença, meu mestre... – Erielbusca o máximo de sutileza.

- Ah, meu amado mensageiro! – Miguelsai de seu transe. – Imagino que tenhamais informações para mim...

- Sim, meu senhor! Já foi localizado oparadeiro das múmias Darahv eTeptet: ambas estão em Jerusalém, ealiaram-se a uma cabal de MagosAquos que chegou à região há poucashoras, esta cabal tendo vindo do Irã.

- Então estas múmias têm o propósitode realmente invocar alguma coisa...E como está a situação dos celestiaisem Jerusalém?

- Cada vez mais Anjos da Cidade dePrata, Jardins de Allah e Aasgard sereúnem no local. Todos os grupos, pormais exóticos que sejam uns aosoutros, estão se organizando com umnível harmônico inacreditável. E asadições mais importantes para esteexército são o próprio Thor, o MujahidMaziel e o Serafim Sitael, sendo estestrês os maiores líderes, coordenandoa tudo com perfeição.

- Até mesmo Maziel e Sitael estão lá...?– Miguel pensa alto. – Meu queridoEriel, como estão os Demônios daregião?

- Os Daemons Malfas e Abadon estãoprostrados na frente do exércitoparadisiano, liderando mais de 600infernais, com grande concentração deDeath Knights, Hellspawns e AnjosCaídos. E eles ainda gritam blasfêmiasde modo a atiçar a fúria celestial, comos Daemons anunciando a chegada deTiamat, Agaures e Orcus, e os AnjosCaídos já estarem gritando a vitóriada chegada das legiões de Lúcifer.Meu senhor, eles estão prontos parafazer a Terra tremer... Meu senhor,disseram ter ouvido que está próximaa chegada de Surt e os Gigantes doFogo de Muspellsheim!

- Não é hora para cairmos emdesespero, meu querido Eriel! Assimque a guerra for declarada, todospartiremos para nosso destino! EChristos já está na Terra, sua presençagarantirá a derrota de todos!

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- Outra notícia, meu senhor: emboraMetrópolis esteja fechada contra aentrada e a saída de qualquer criatura,fui informado sobre um som muitopeculiar vindo de dentro do Fosso, edizem ser a voz do próprio Leviathan!Se ele estiver desperto, ele virá paraengolir todo o plano da Terra!

Miguel percebe que é necessário verificar oque Yviel e seu grupo já descobriram. Desmascararo novo traidor da Vontade Divina, os membros daOrdem da Era de Aquário, e descobrir quem sãoseus aliados, para vencê-los um a um, e impedir acarnificina que será a batalha em Megiddo.

- Amado Eriel, rastreie o grupo de Yviele traga-os para a capela de SantoExpedito, nos Campos de Marte!

- Mas, meu senhor, eles não têmpermissão para adentrar a Cidade dePrata...

- EU estou dando a eles esta permissão!– enfurece-se Miguel. – Chame doisCorpores e peça-lhes que teleportemYviel e seu grupo diretamente para acapela, sem precisarem percorrernenhum ponto da Cidade de Prata!

- Está bem, meu senhor... – Eriel mostra-se indignado com a decisão de seumestre.

- Não fique assim, minha criança... –Miguel busca confortá-lo. – Se tudo oque é anunciado for verdadeiro, vocêrealmente acha que fará diferençaestes cinco jovens entrarem na Cidadede Prata? E não se esqueça, eles estãofora da hierarquia de nossa cidade,mas ainda assim sabemos que elesmorreriam por Demiurge assim queEle pedisse...

- Sim, senhor! Partirei imediatamente!Que o Demiurge te ilumine, meumestre! – despede-se Eriel, partindoem seu gracioso vôo.

Assim, que Eriel sai, Miguel volta a seu“transe” preocupado, buscando respostas. Logodepois, o Seraphim Isherel entra na sala do trono.

- Amigo Miguel, tenho algumasinformações a discutir com você...

- Querido Isherel, venha e conte-me oque tens em mente!

- Estive estudando as cidadesparadisianas e elaborei algumaspossibilidades de mitos escatológicosque possam estar acontecendo, eoutros cuja possibilidade de surgiremainda existe. Até o momento,realizaram-se as profecias daEscatologia para a Cidade de Prata, os

Jardins de Allah, Aasgard e a CidadeDourada. Há indícios para aocorrência da Escatologia nas cidadesde Olympus, a Cidade Dourada eKatmaran...

- E também Metrópolis, Isherel! –Miguel interrompe o Seraphim. –Acredita-se que Leviathan está saindodo Fosso... Meu mensageiro Erielacaba de me revelar esta notícia!

- Se é assim, há somente Vahishta,Amaterasu e Shang-Qing comocidades restantes... Como os mitosescatológicos de Vahishta são tãosimilares aos da Cidade de Prata,acredito que também aconteçam...Outros panteões de importância são ocelta, o eslavo, o iorubá, o asteca e obabilônico...

- Será que Marduk ousaria finalmenteaparecer, com seus seguidores dosCéus de Anshar?

- Miguel, considero tudo agora comouma possibilidade... Ele pode seaproveitar da situação para massacrarnossa raça, aquele aberrante...

- E com relação aos panteões celta,eslavo, iorubá e asteca?

- Acredito eu que os celtas e os eslavosirão se unir aos aasgardianos muito embreve, pois têm muito de sua culturasparecidas... Já os iorubás, como“parceiros” da Cidade de Prata, talvezse abstenham ou tomem partido apósum pedido de socorro de nós... E mitoo asteca consiste na destruição daTerra através dos Tzitzimime, osdemônios esqueléticos que surgem dasestrelas do Oeste...

- Então considero necessário entrar emcontato novamente com Dagda, etambém falar com Olorun e Perun...Perun será mais fácil, devido às boasrelações com os Ortodoxos! MeuDeus, nos relacionar com seres deArk-a-nun e Spiritum...

- ... talvez seja nossa única saída! –Isherel completa a frase de seu amigo.– Se estas duas cidades estiveremdispostas a apoiar Aasgard e a Cidadede Prata, teremos então grandesaliados que farão grande diferençanesta batalha final!

- Sim, você pode estar certo... – Miguelaceita a probabilidade. – Só tenhomedo que eles passem a exigir coisasque a Cidade de Prata não estará

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disposta a aceitar, quando eles tambémsaírem vitoriosos junto a nós.

- Mas me diga, Miguel: sobre estainformação do despertar de Leviathan,alguém já sabe algo sobre a volta deBel-Meridath? A profecia afirma quequando Leviathan despertar, Bel-Meridath surgirá para enfrentá-lonovamente, e desta vez paraexterminá-lo de uma vez por todas!

- Bem, Eriel não me informou nadasobre Bel-Meridath... Ele pode estaraguardando o momento certo paraaparecer. Isto, claro, se Leviathanrealmente despertar...

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Nice, Itália

Cada um em um canto da sala do sino, os 4Anjos lêem os Manuscritos de Ravena, em buscade qualquer informação sobre Metrópolis e suasituação. Cibele parece ser a mais impaciente,seguida de perto por Heluel. Já Yviel e Ubeel, lêemcada palavra com grande minúcia, buscando algumcódigo que possa estar escondendo os verdadeirosfatos. Mevosiah entra na sala, com uma fisionomiaserena, mas também desiludida. A conversa que eleacabara de ter mostrou ao Corpore o quanto éperigoso saber e fazer mais do que os Mandamentosda Cidade de Prata permitem. E, agora, ele sabeque “a ignorância é uma bênção”.

- Ei, Mevosiah, achou alguma coisa? –pergunta Heluel.

- Nada, por enquanto! – o Corporemente, pois não teve tempo de lernada. – E vocês, alguma informação?

- Por enquanto, nada! – responde Yviel.– Deve haver uma codificação, poisaqui não há nenhuma informaçãorelevante, somente um monte de frasesdesconexas, provérbios elamentações... Ravena escreveu estesManuscritos logo após sertransformada em uma Cenobita, epode ser que isso afetou sua mentemuito mais do que se imaginava... Ouentão, tudo isto serve para esconder oque os Manuscritos realmentesignificam...

Da janela da sala do sino, surge Eriel, quesenta-se confortavelmente à beira da mesma janela.Ele vê os cinco Anjos renegados buscando comtanto afinco algo que não lhes interessa nem umpouco, e só o fazem por amor a Miguel, à Cidadede Prata e o próprio Demiurgo. Com isso, oProtetore compreende o motivo de Miguel aceitá-los e tratá-los com tanto carinho e respeito: Anjos

expulsos que mesmo assim não abandonaram suafé.

- Boa tarde, Anjos! – Eriel oscumprimenta, surpreendendo a todos.

- Ei, seu emplumadinho arrogante! –Ubeel o fita com raiva. – Por poucoeu não corto sua cabeça com minhaespada! Como se atreve a aparecer emnosso refúgio sem um convite?

- É exatamente sobre isso que vim falar-lhes, renegados! Meu grande emisericordioso mestre Miguel estáconvidando a todos para encontrarem-se com ele na Capela de SantoExpedito. Basta a aceitação de vocêspara o teleporte se realizar!

- Mas, nessa Capela? – estranha Yviel.– Ela fica dentro da Cidade de Prata!Não podemos entrar na Cidade dePrata!

- Meu mestre tem poder para isso! Seele os convida a entrar na Cidade dePrata, não pode haver temor ou dúvidaem suas almas!

- Sim, claro! – concorda Ubeel, muitoalegre. – Vamos logo então, poispreciso rever meus irmãos de Casta!

- Espere, Ophanim! – interrompe Eriel.– A presença de vocês não deverá serpercebida por mais nenhum outroAnjo! Acabem com seus afazeres esigam comigo à cidade do Altíssimo!

- Mas precisamos retirar destesManuscritos as informações sobreMetrópolis! – explica Yviel. – E hásomente rabiscos e blasfêmias semconexão alguma!

- Esperem um minuto, Hayyoth. – falaEriel. – Eu conheço alguns arquivosde Metrópolis e sei como decifrá-los.Pode ser que este eu consiga, mesmoque com certa dificuldade...

- Como é que é? – Cibele engasga. –VOCÊ está se oferecendo para nosajudar? Gente, cuidado, ele pode estarquerendo nos excomungar!

- Potestade insolente! Faço o que façopois esta é a vontade de meu mestreMiguel! Agora, dêem-me todas asfolhas e eu tentarei encontrar o padrão!

O Protetore examina atentamente folha porfolha, e também o rolo de couro negro que envolviaas folhas. Após alguns minutos, Eriel olha os cincorenegados e lhes sorri.

- Já decifrei o código! – ele diz,deixando a todos de queixo caído. –Este Manuscrito, assim como amaioria dos documentos escritos por

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Ravena, é TRIDIMENSIONAL: asletras devem ser “esticadas” para forada folha, formando “prédios” paraquem enxerga as folhas de lado. Nãohá nada de importância escrito aqui, aimagem tridimensional que se formaé a verdadeira mensagem.Aproximem-se de mim, pois usarei ospoderes da Luz para revelar amensagem!

Eriel dispõe as folhas como em um círculo àvolta de todos. Com gestos cabalísticos feitos comas mãos e uma oração em antigo enochiano, Erielfaz com que as letras se iluminem, e as folhascomecem a girar à volta deles. Quando as folhasalcançam uma velocidade constante de rotação naaltura da cintura dos Anjos, as letras emitem “luzsólida”, formando algo muito semelhante ahologramas. E Eriel começa a narrar:

- Os Manuscritos falam de uma parte dahistória de Leviathan e de Metrópolis,com tudo o que aconteceu antes donascimento do primeiro Humano.Leviathan era um fugitivo de Edhen,por seus crimes contra a harmoniadaquele plano. Seu perseguidor, Bel-Meridath, descobriu a aliança deLeviathan com dois monstros do planodestruído de Tenebras, e os trêsmonstros marinhos planejaram o fimda Orbe e sua reconstrução sob seuscuidados. Leviathan conhecia osplanos imperialistas de outrosedhênicos, que pretendiam formarcolônias no plano de Paradísia, compropósitos não contados aqui.Leviathan os traiu e tentou fugir paracriar sua própria colônia. Após suaderrota para Bel-Meridath, Leviathanescondeu-se em um semiplano dentrodo Fosso, esperando o momento certopara causar a ruína de todos osedhênicos, obrigando o Juízo Final aacontecer antes do previsto. Os trêsdeuses mortos nos mausoléus maispróximos ao Fosso são dos servosmais fiéis aos deuses tenebritas,vencidos por Bel-Meridath.

Nenhum dos seis Anjos pode acreditar noque descobriram. Tudo o que ocorre atualmente éobra de Leviathan e dois tenebritas marinhos,possivelmente Dagon e Kthulhu. Com o fim dofeitiço de Eriel, as folhas caem no chão, sendorecolhidas pelos Anjos e envolvidas pela capa decouro negro. Após guardarem consigo osManuscritos de Ravena, dois seres de luz purasurgem.

- Crianças, estes dois Corpores sãoIllyah e Antares, e nos levarãodiretamente ao lado de Miguel, naCapela de Santo Expedito...

- Não, Eriel. – interrompe Yviel. –Precisamos ainda ir a um últimolugar... De acordo com o que aquelaValkíria nos disse na tenda de Sara,Loki foi solto da caverna onde estavapreso, certo?

- Sim, Yviel! E o que esta informaçãotem de relevante neste momento?

- Eriel, você sabe muito bem que Lokisoltou-se desta caverna durante aIdade Média, há mais de meio milênio!Sendo assim, o que é que saiu dacaverna? Por que ainda existemguardiões da tal caverna, e o que seráque feriu aquela Valkíria, se Loki jánão estava lá?

- Bem, bem... – Eriel se confunde. –Sim, mas pode ser que ele ainda vivialá, e seus atos eram espionados poraquela Valkíria...

- Não tente se enganar, Eriel! – dizUbeel. – As Valkírias são guerreiras,e não espiãs. Se ela realmente estavalá, então havia a chance de umcombate naquela caverna!

- Discutiremos este assunto na presençade Miguel! Vamos logo que meumestre nos espera...

- Já disse que não, Eriel! – diz Yviel,decidido. – Temos um último lugarpara ir! Vá você e avise a Miguel quejá estamos a caminho! Mevosiah podenos teleportar para lá sem problemas!

- Vocês sabem que seu poder de viagemplanar não vale mais para a Cidade dePrata! Se é assim, façamos melhor:Yviel, ponha este anel – entregando aoHayyoth um anel de prata com umapedra de um azul nunca visto – e retire-o quando estiverem prontos para falarcom Miguel. Assim que você retirá-lo, eu saberei e iremos buscá-los!

- Muito obrigado, Eriel! – agradeceYviel. – Mevosiah, vamos! Próximaparada: Estocolmo!

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Dhaka, Bangladesh

O exército de monstros esqueléticos avançados céus na direção dos cinco paradisianos e deMaitreya, decididos a destruírem os seis. Maitreyavai tornando-se cada vez mais confuso com tudo oque vê em uma única noite: o massacre de sua vila,

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monstros do mal que desejam matá-lo, e outroscinco seres bizarros decididos a protegê-lo de todae qualquer ameaça. O menino sente dentro de suaalma algo oculto, adormecido, como se até este diaele estivesse em um mundo de sonhos. Agora,parece que chegou o momento de despertar.

- Amigos, estes monstros não têm omenor senso de trabalho em grupo! –diz Tai Ling. – Se nós cinco nosorganizarmos, poderemos vencê-loscom facilidade!

- Está bem! – concorda Aruhiga. –Posso ver que um único monstro entretodos está portando jóias maiores enão possui a atitude descomedida dosoutros: ele deve ser o líder! Eis meuplano: como eu, Kushimaru eAndrômeda possuímos os melhoresataques que afetam a área, seremos nósque nos infiltraremos bem no meio doexército; Njall, como ótimacombatente corpo-a-corpo, enfrentaráo líder e o afugentará, de modo adispersar o exército e facilitar paranós. Quanto a Tai Ling, fique junto deMaitreya e proteja-o contra qualquermonstro que vaze nossa defesa!

Todos os quatro paradisianos concordamcom o plano de Aruhiga e se posicionam. Tai Lingergue pilastras de rocha à sua volta e de Maitreya,enquanto Njall voa em alta velocidade de encontroao líder dos monstros. Kushimaru, Andrômeda eAruhiga voam para pontos distantes no meio doexército.

O líder dos monstros mostra-se muito fracopara ferir Njall, mas mesmo assim é um adversárioduro de se vencer: suas feridas se curam com avelocidade do pensamento, e assim ele poderá talvezvencer Njall pelo cansaço. Já Aruhiga usa o “Ataquedos Sessenta Marûts”, Andrômeda usa o ataque“Pela Força de Hércules”, e por fim Kushimaru grita“Golpe Esplêndido” ao mesmo tempo em que agitasuas várias caudas com arpões à sua volta. Os trêsataques são letais contra os monstros, realizandouma verdadeira chacina. Mesmo assim, o estragoparece pouco, perto da enxurrada de monstros queparece não ter fim, e os três paradisianos sãoengolfados pela onda monstruosa.

Njall começa a perder suas forças e realizarataques imprecisos, enquanto seu adversáriofinalmente começa a demonstrar seu poder debatalha, atacando-a em locais incapacitantes e muitodolorosos. Por mais que se esforce, Njall parececooperar mais com os ataques do monstro,condenando-se a cada ataque.

Tai Ling percebe a chegada do exército, sema chance de poder defender-se de todos. Sua únicasaída é criar um poderoso terremoto, atrapalhando

o equilíbrio de todos, e finalmente fazendo surgiruma colossal fissura. Quando a fissura surge e osmonstros começam a cair às dezenas, ele grita“Inferno da Esfolação!”, e lâminas infernais surgemdo abismo formado, destruindo quase todo oexército, mas também atingindo Aruhiga,Andrômeda e Kushimaru.

Njall percebe seus três companheirostragados pelo abismo, e perde a percepção docombate, sendo assim acertada em um ponto vitalpelo líder dos monstros. Njall cai de joelhos, semmais forças para combater. O líder dos monstrosnem mesmo se importa com a Valkíria, saltando nadireção de Tai Ling, pronto para cravar-lhe seupunhal de jade.................................................................................................................................................................

Estocolmo, Suécia

As noites geladas de Estocolmo não refletema agitação que os jovens transbordam pelas ruas ebares. Os cinco Anjos renegados adorariam estasnoites, para se divertirem muito com os Humanosque eles já se acostumaram a conviver diariamente.No céu, uma aurora boreal clareia os olhos de todosos observadores, com todas as cores em uma dançafrenética para que todos os tons e matizes possammostrar um pouco de sua beleza. Infelizmente, osAnjos renegados não têm tempo suficiente paraadmirar tudo o que a cidade de a oferecer.

Andando pelas ruas, os cinco Anjospercebem facilmente a movimentação do Mal:vampiros, demônios e fantasmas são uma infestaçãona cidade, e para a infelicidade dos cinco, estascriaturas malévolas sabem que eles são Anjos. Cadacriatura inferior que passa pelos Anjos, os olha comdesprezo, raiva, indiferença debochada, asco. Todoseles têm motivos para tanto: os Anjos da Cidade dePrata se dedicam a aniquilar a todos os seres quenão ajam de acordo com os grilhões restritos deDemiurge e seus servos.

- Nossa, chefinho! – diz Cibele. – Achoque a gente bem que podia vir moraraqui... Imagina só o quanto nós iríamosnos divertir todo dia!

- Ou então, a cidade inteira nos caçariana primeira semana de mudança! –ironiza Heluel.

- Não consigo entender como a Cidadede Prata não tenha atuação pesadanesta cidade amaldiçoada! – reclamaUbeel. – Como é possível ver tantosseres inferiores maculando a Terra, olar dos amados de Demiurge?

- Ubeel, meu amigo – fala Mevosiah –,acho que nossos conceitos sobre oGrande Arquiteto são um poucodiferentes da própria realidade... Se

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nossa crença fosse real, ainda seríamosaceitos na Cidade de Prata! Já que nãoé assim, temos de viver entre humanos,vampiros, demônios, e tantos outrosseres odiados pelos Anjos, convivendocom eles como se nós mesmosfôssemos da laia deles...

- Amigos – repreende Yviel –, oDemiurge tem seus próprios afazeres,e se esta cidade está perdida, é serviçodos próprios humanos. Afinal, este éo plano deles, não nosso ou dosdemônios e fantasmas! Vamos pararcom esta discussão e nos concentrarem encontrar o Valhalla!

Após meia hora de caminhada pelas ruasmovimentadas de Estocolmo, os Anjos encontramo Valhalla, uma das casas noturnas mais badaladasda região. Um dos principais pontos de encontrodas criaturas sobrenaturais neutras, é o melhor lugarpara se encontrar um místico em busca de diversão.Lá também está localizado o maior Mercado deAlmas da Escandinávia, controlado por um grupode seis sócios, sendo eles um Obscuri Nimbus, umdemônio de Hel, um Rakshasa, um Obsessor, umSckahai (híbrido de Elfo e Vrikolakas) e um DragãoNegro. Estas seis criaturas são temidas como as seiscriaturas mais poderosas e influentes da Suécia.Nesta noite, nenhum deles está no Valhalla, mas seuobscuro dono está, aguardando pela visita de agentesda Cidade de Prata.

Os Anjos aproximam-se do segurança daentrada do Valhalla, e notam que ele é um seramaldiçoado, um humano que vendera sua alma. Aaproximação dos Anjos causa desconforto aosegurança, que sente a aproximação da chamapenitente pela qual ele recusou ao vender a própriaalma. Dos cinco Anjos, Ubeel e Cibele se mostramos mais coléricos com o fato de um humano vendera alma. Se não fosse por Yviel, já teriam dilaceradoo corpo do segurança sem pensar duas vezes. OsAnjos então são obrigados a pagar pela entrada, umavez que seus poderes de influência não funcionamem seres Desalmados.

Ao adentrarem a conhecida danceteria, oscinco renegados encontram vários tipos de seressobrenaturais, sendo os mais surpreendentes asFadas, foragidas da Arcádia através da FlorestaNegra germânica. Elfos, Anões, Pixies e Orcs seconcentram nesta danceteria, apesar de nãopassarem de uma dezena a soma de todas as Fadas.Mais à frente, o piso em que encontram revela-se oandar mezanino, que acaba em uma grade quemostra o andar de baixo funcionando como a pistade dança, e acima, dois camarotes laterais (ondeacontecem as vendas do Mercado de Almas) e oescritório do dono do estabelecimento logo acimados Anjos. Observando melhor, os Anjos percebem

que no canto direito do andar inferior há umaestrutura imensa deitada, e eles conseguiram notarque é na verdade um Jotun, um Gigante do Gelo,com provavelmente vinte metros de altura.

Após vislumbrarem um local tão profano, oscinco Anjos partem diretamente para o escritório,afim de encontrarem-se com o dono, que já sabiade suas presenças em sua danceteria. Nenhumsegurança barra sua entrada, pois já foram avisadossobre a chegada de Anjos da Cidade de Prata.Entrando no recinto, pode-se ver champanhe, sofásde couro vermelho bordeaux, uma linda mesa demármore branco, vários gibis do personagem Thor,machados e elmos decorando as paredes, e umaestatueta de um homem-lobo sobre a mesa, feita deum metal azulado desconhecido no plano terrestre.O dono está de costas para eles, olhando de pé suadanceteria através do extenso vidro de sua janelapanorâmica. Ao notar a aproximação dos Anjos paradentro de sua sala, o homem vira-se:

- Marionetes de Demiurge, estavaesperando por vocês há horas! Por quedemoraram, Yviel?

- Fomos informados há pouco tempo desua “saída” da caverna, e queremossaber o que havia lá em seu lugar! –diz Yviel.

- Espera um pouquinho... – Heluelsente-se confuso. – Yviel, você estáfalando da caverna daquela Valkíriaque Eriel nos apresentou? A cavernade Loki, o deus da trapaça?

- Oh, criança! – diz Loki, o aasgardianodeus da trapaça, e dono da danceteriaValhalla. – Esta caverna não é minhahá séculos!

- Yviel – cochicha Cibele –, como vocêsabia que encontraríamos o próprioLoki aqui?

- Linda paradisiana, não é necessáriomurmurar quando um deus éonisciente dentro de seu escritório!Yviel e eu já tivemos um encontroséculos atrás, mas este encontropassado é irrelevante! A Cidade dePrata e Aasgard sempre souberam queeu não estava lá! Se invadiram minhaantiga prisão, é porque queriamOUTRA coisa de lá de dentro...

- E isso seria... – Ubeel incentiva a umaresposta.

- Os chifres de ouro que ornamentamminha cabeça quando vou a umabatalha... sem eles, meus poderes sãoreduzidos a nada, e o Ragnaröck estáà nossa frente! Preciso estar emcondições de guiar os demônios de Hele os Jotuns em seus drakkares para

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Vigrith, e nem mesmo fui capaz delibertar meu filho Fenris!

- Mas explique: porque você está nospassando tantas revelações, sem temorde que contemos ao Conselho daCidade de Prata? – interrogaMevosiah.

- Simplesmente porque vocês não têmpoder suficiente para vencer nem amim sozinho, e muito menos meusservos e parceiros desta danceteria! Aúnica maneira de saírem daqui inteirosé pacificamente! Há eras espero omomento de destruir Aasgard e todosaqueles tradicionalistas, e agora issoserá possível provando que eu e meusservos merecem sobreviver ao fim detudo! A Era de Aquário está seconsolidando, e vou fazer o possívelpara viver nesta nova era!

- Era de Aquário? – surpreende-seYviel. – Você possui contatos com aOrdem da Era de Aquário?

- Sim, com o MESTRE da Ordem!Conheço o segredo que trará a ruínados mundos desta Orbe, e saireitriunfante da batalha final com oMestre da Ordem da Era de Aquário!Bem, acho que já sabem o suficiente,e podem ir embora em paz... Nosencontraremos em Vigrith, e será umprazer eliminar a vida de cada um devocês! Yviel, desejo boa sorte, e quesobreviva até Vigrith! – Loki termina,com um sorriso sádico.

- Com licença, Loki... – Yviel sedespede com cortesia, percebendo quenão há chances de sobreviverem aLoki se não forem gentis. – Nosretiraremos agora, e no caso de umaverdadeira batalha apocalíptica, nosvemos em Vigrith!

Os cinco Anjos saem da sala, e Yviel notaque a estatueta do homem-lobo na mesa de Lokitinha um brilho interno azulado, pulsante. Seus olhossão capturados pelo ponto cintilante, e sua visão seperde dentro da estatueta metálica. Como que numailusão, surge na mente do Hayyoth um símbolo, osímbolo da Ordem da Era de Aquário! O brilhorepentino da estatueta é um alarme à Ordem, e agoraos Anjos da Era de Aquário já conhecem os rostosde quem devem matar! Os cinco Anjos renegadossaem da danceteria e notam um ponto luminosoaproximando-se em grande velocidade, vindo doscéus. Provavelmente, um Anjo da Era de Aquário.................................................................................................................................................................

Dhaka, Bangladesh

O líder dos monstros esqueléticos salta emdireção ao Yasha Tai Ling, no exato momento emque o Anjo de Shang-Qing está desprevenido contraum ataque direto. Com Kushimaru, Aruhiga eAndrômeda afetados por seu ataque devastador, eNjall ferida mortalmente, Tai Ling é o único quepode separar o monstro de seu verdadeiro alvo, omenino Maitreya. Desta vez, entretanto, ele está semdefesas, e aguarda relutante o golpe que o derrubaráao chão.

Antes que a lâmina do punhal do monstrotocasse o corpo de Tai Ling, o monstro é imobilizadono ar, sem a menor possibilidade de sair de suaposição. Tai Ling tenta entender o que ocorre epercebe os olhos de Maitreya, olhos estes queemitem um poderoso brilho celestial. Um calorreconfortante toma o corpo de Tai Ling, enquantoele nota que o mesmo brilho nos olhos do meninotomam o corpo de Njall e os corpos de seus outrostrês companheiros, que são retirados do abismo dedestruição criado pelo Yasha.

- Sacerdote Tzitzimime, você e seusseguidores não conseguirão completara missão pela qual foram incumbidos!– grita Maitreya, com fúria. – Voltemao caldo primordial!

Após a ordem de Maitreya, os corpos detodas as centenas de Tzitzimime são desfeitos comose fossem feitos de puro pó. Os cinco Anjos dascidades paradisianas politeístas aproximam-se deMaitreya, que desmaia com um sorriso logo depoisque os vê em segurança.

- Vocês sentiram o calor? – pergunta TaiLing.

- Sim! – responde Njall. – Meuferimento mortal foi curado, e a dorcessou no mesmo momento!

- O que é este menino? – questiona-seKushimaru. – Ele eliminou a essênciade todos os monstros com uma simplesordem, enquanto nós sofremos parasimplesmente feri-los!

- Este menino é importante para nossascinco cidades, e várias outras! – dizNjall. – Os deuses celtas nosmandaram vir protegê-lo, e isto tem aver com os Anjos da Ordem da Era deAquário, da Cidade de Prata! É comoum acontecimento que afetará toda aOrbe!

- Sim, toda a Orbe! – repete Tai Ling. –Maitreya chamou os monstros deTzitzimime, que são os monstrosdevoradores de gente que viriamcausar o Armagedon na mitologiaasteca! Eles vieram decididos aeliminá-lo, portanto sua simples

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existência é uma ameaça aosportadores do Armagedon asteca.Temos de levá-lo a um local seguro!

- Sim – concorda Andrômeda –, masonde? Que local estaria livre de todaameaça?

Enquanto discutem sobre o abrigo deMaitreya, os cinco celestiais não notam a presençado poderoso Anjo até que ele resolve manifestar-se. Seus olhos verdes como esmeraldas, ainda seassemelhando a olhos de tigre, e seus fortes braçoscom características de homem-tigre denotam oquanto este Anjo é temido por todos os que oconhecem e sabem se suas incontáveis vitórias, esua fé cega pelo Firmamento construído peloDemiurge. Sua cintura possui duas bainhas de ouro,que guardam duas das mais poderosas espadas jáforjadas por um Recípere.

- Nossa, que susto! – Andrômeda sesurpreende com Goghiel surgindo aseu lado.

- Pronto, aí está alguém que poderáfazer o impossível para protegerMaitreya! – diz Aruhiga, porreconhecê-lo da batalha contra o falsoAmesha Spenta. – Senhor Goghiel,poderia nos indicar um local paraescondermos Maitreya até que seusinimigos sejam eliminados?

- Sim, pequeninos! – Goghiel responde,com a arrogância que lhe écaracterística. – E inclusive osincumbirei de levar a tal local, poistenho outros afazeres de grandeimportância na Terra! Conhecem aFortaleza de Ossos, em Ark-a-nun?

- Sim, mas... – Njall estranha a sugestãode Goghiel. – Em segundos Maitreyamorreria em ambiente arkanita, umavez que o próprio ar de lá é mortífero!

- Se vocês entrarem na Fortaleza atravésde um portal, ele não precisará respiraro ar arkanita! E eu sei a posição exatade um portal a esta Fortaleza, naCidade do México! O arkanitaMictlantecuhtli está voltando ao poderna cultura mexicana, e seu cultodedicado à Santa Muerte estábuscando parceria com a Cidade dePrata! Caso este deus cumpra o tratode proteger Maitreya, ele terá o apoioda Cidade de Prata, e isto é o que elemais deseja! E então, o que acham?

Os cinco celestiais conversam entre si,enquanto Njall segura Maitreya em seu colo. Apalavra de Goghiel sempre foi incontestável, e assimsua sugestão será suficiente para que todos confiemnele. Os celestiais aceitam a proposta do Elim, e

montam nos corcéis de Epona: Aruhiga os lideraem um cavalo junto a Maitreya, enquanto Njall éacompanhada por Kushimaru, e Andrômeda por TaiLing. Os três cavalos saltam aos céus, vendo umgrande portal colorido surgir em frente a eles.Goghiel os acompanha com o olhar até entrarem noportal, e depois desaparece da mesma maneiramisteriosa com que aparecera.................................................................................................................................................................

Estocolmo, Suécia

Yviel e seu grupo notam o ponto brilhanteaproximando-se deles, vindo do céu estrelado dalinda Estocolmo. Quando se aproxima, o pontorevela sua forma angelical, com lindas asas de penasavermelhadas, de onde escapam faíscas de chamas,como se fossem as asas de uma Fênix. Sua barbalonga e ornada com jóias revela a cidade paradisianade onde veio: Vahishta! Sua armadura é feita de ummaterial que exala calor suficiente para competircom um vulcão. Seus olhos de íris vermelhas olhamfixamente para os Anjos renegados. De suas costas,o Anjo persa saca a longa lança.

- Preparem-se para a destruição final,Anjos da Cidade de Prata! – berra deódio o Anjo persa.

- Diga-nos seu nome, servo de Ahura-Mazda! – encara-o Yviel.

- Sou o Amesha Spenta do fogoprimordial, e meu nome é Asha!Saquem suas armas e me enfrentem!

Ao final de seu desafio, todo o ambiente àvolta tem sua temperatura aumentada drasticamente,com vários objetos entrando em combustãoespontânea, e a própria onda de calor afasta objetosleves. As asas de Asha inflamam-se e o AmeshaSpenta caminha lentamente na direção dos cincoAnjos.

- Chefe – Heluel chama por Yviel –, nósnão podemos enfrentar um AmeshaSpenta!

- Não em combate direto... – sorri oHayyoth. – Deveremos usar nossashabilidades para distraí-lo e entãosermos transportados para a Cidade dePrata. Peça a Cibele que ela invoqueuma tempestade de raios e a Ubeelpara que ele ataque frontalmente Asha,uma vez que o Ophanim é imune aodano das chamas!

Assim que Heluel transmite o planotelepaticamente para Cibele e Ubeel, Yviel afasta-se da área de batalha e concentra-se no AmeshaSpenta, buscando minar sua fúria com seu dom dapacificação, próprio dos Hayyoth. Ubeel adquiresua forma guerreira e parte para cima de Asha,

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enquanto Cibele cobre os céus de Estocolmo comdensas nuvens tempestuosas.

Mevosiah teleporta-se para perto de Yviel etenta mantê-lo camuflado com seus poderesangelicais. O Amesha Spenta sente a carga elétricado ambiente aumentar, e vê com desprezo ainvestida de Ubeel. No exato momento em que alâmina da espada colossal de Ubeel iria tocar o tóraxdo Amesha Spenta, Asha torna-se insubstancial, eUbeel atravessa-o. O Amesha Spenta vira-se paratrás e bate suavemente com o punho esquerdo noalto do elmo de Ubeel. A força de Asha é tanta queo impacto, por mais fraco que tenha parecido, pareceter a potência da batida de um trem, jogando o corpodo Ophanim ao chão, abrindo uma grande crateracom o impacto.

Após Ubeel ficar inconsciente dentro dacratera, Cibele aproveita para concentrar todos osraios no ponto onde concentrou a carga elétrica: aarmadura de Asha. Uma infinidade de raios percorrea atmosfera e explode no local onde Asha seencontra, ataque capaz de demolir um prédiocomercial inteiro. Com o fim da bateria de raios,Asha surge com suas asas flamejantes, como se nadativesse acontecido. Com uma velocidadeinacreditável, Asha voa em direção a Cibele e ataca-a com uma baforada de chamas intensas demais paraela poder se proteger. A Potência de corpo tãodelicado é quase incinerada e cai inconsciente docéu.

Heluel percebe que deverá atrasar Asha umpouco mais para que Yviel possa usar seus poderesem sua plenitude. Sua lança de caçador surge emsuas mãos, e o Captare prepara-se para atacar oAmesha Spenta. Asha observa Heluel com um olharde desaprovação por arriscar-se em algo cuja chancede vitória é mínima. O Captare voa decidido aacertar o Amesha Spenta, mas seu vôo é paralisadoao aproximar-se de Asha. A simples força devontade de Asha criou a força telecinética paramanter Heluel parado no ar.

- Pela sua aparência, posso notar quevocê é um membro dos Rastafaris daCidade de Prata, não é? – questionaAsha.

- Sim, sou da tropa de elite dosprotetores da Igreja Copta! Sou umdos Nyahbinghi, os CaptaresRastafaris! – responde Heluel.

- Eu sei que os Rastafaris buscam umlugar de maior destaque da Cidade dePrata... Você acha que servindo aoConselho da Cidade de Prata seugrupo será algo na Cidade de Prata?Para liderarem com todo o respeitoque merecem, os Rastafaris devemmostrar seu valor, como os grandesguerreiros que são!

- Não entendo onde quer chegar... –comenta Heluel, após alguns segundosde silêncio. – Você quer dizer que parasermos respeitados, devemos ir contrao Conselho e batalharmos? Se ofizermos, não ganharemos o respeitodeles, e sim o temor e o desprezo delespor nós!

- Se isto acontecer, então eles nuncaestiveram dispostos a aceitá-los comoiguais... Os planos estão prestes aonovo giro da Roda dos Mundos, e tudoo que se conhece será destruído!Quando isto acontecer, seu grupodeverá ter sobrevivido, para reerguera Cidade de Prata segundo seuspróprios preceitos!

- Vahishta está aliada à Ordem da Erade Aquário? – Heluel pergunta,buscando ganhar tempo para Yviel.

- O que lhe parece? O que acontece éuma purificação dos planos, aeliminação dos fracos de espírito e dosinúteis! Independente da região deSpiritum, cidade paradisiana, feudoarkanita, cidadela infernal, todospoderão conviver juntos na Era deAquário! Obviamente, todos os queprovarem seu valor e o merecimentoem sobreviver ao Fim desta existência!

Yviel concentra-se o suficiente e envia àmente de Asha uma poderosa carga psíquica, demodo a domar sua fúria e aplacar seu instintoassassino, enquanto retira o anel de Eriel de seudedo. Asha sente a tentativa de invasão à sua mente,e detecta sua origem. Com um sorriso sádico, oAmesha Spenta concentra-se e grita. O grito de Ashaocorre ao mesmo tempo em que Yviel grita de dor,caindo ao chão inconsciente. Asha move suas asaspara que elas encostem em Heluel, queimando suaface esquerda. O Amesha Spenta segura seu rostoqueimado e aperta-o com uma das mãos,queimando-a ainda mais. Após fazer Heluel quasedesmaiar de dor pelas queimaduras, Ashaarremessa-o contra o chão, abrindo outra cratera,desta vez menor que a de Ubeel.

Asha caminha lentamente na direção deMevosiah, ao mesmo tempo em que Yviel retorna àconsciência. O Hayyoth nota que o semblante sériodo Amesha Spenta não demonstra mais sua fúria deantes, desejosa por assassinar a todos os Anjos.Mevosiah prostra-se frente ao Anjo persa sem temoralgum da morte, e Asha fita seus olhos. Após umbreve instante de olhar fixo entre os doisparadisianos, Asha vai embora, usando um jatopotente de chamas como propulsor. Yviel, intrigado,finge ainda estar inconsciente após o

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desaparecimento do Amesha Spenta, enquanto Erielsurge com Illyah e Antares.................................................................................................................................................................

Capela de Santo Expedito, Cidade de Prata

Miguel observa seus generais Nemamiah,Ieiael, Harahel, Mitzrael, Umabel, Iah-Hel, Anauele Mehiel encouraçados e armados para uma batalhada qual ninguém na Orbe poderá esquecer-se, abatalha pelos filhos amados do Demiurge e aharmonia do Firmamento contra as forças profanasdo Inferno. Na Capela de Santo Expedito, Miguelencontra a Falange Extrema, composta por Captares,Dominações e Elim, uma força raramente usada peloConselho, por seu poder destrutivo excessivo. Destavez, eles são necessários...

- Agradeço a todos que estão aqui nestemomento, sob meu comando e de meuamigo Expeditus, o senhor destaCapela. Como muitos de vós já sabeis,Megiddo já apronta o maior exércitojá vislumbrado desde a PrimeiraRebelião, justamente para enfrentar oPrimeiro Anjo Caído. – Migueltermina a frase com um rostodesconsolado. – Porém, vieram a meusouvidos informações sobre umaconspiração que almeja uma TerceiraRebelião, e será nosso o dever deencontrar os membros da Ordem daEra de Aquário, e levá-los aoConselho!

- Amigo Miguel, minha FalangeExtrema está à sua disposição! –Expeditus diz, alegre em poder ajudaro Príncipe dos Arcanjos. – Em vez decedê-los, porém, gostaria de coordená-los sob sua liderança, grande Arcanjo!

- Sua proposta é mais que bem vinda,companheiro Dominação! – Miguelresponde a Expeditus. – Só énecessário que aguardemos a chegadade meu mensageiro Eriel com umgrupo de Anjos que contémimportantes informações sobre osconspiradores!

Miguel invoca sua poderosa armadura, queaparece já montada em seu corpo. A lança Meteorade Miguel, usada somente em duas ocasiões em todaa sua existência, está novamente em suas mãos paraum terceiro e derradeiro uso. A porta dupla daCapela gótica é aberta e a silhueta de um Anjo muitoforte surge. Com a luz se esvaindo, todos na Capelapercebem ser Goghiel, conhecido como o primeiroElim, mesmo que ele tenha surgido antes da criaçãodas Castas da Cidade de Prata.

- Meu senhor Miguel – Goghiel inicia aconversa –, tenho notícias de seusAnjos renegados! Eles foram aEstocolmo conversar com o próprioLoki, e acabaram vencidos por umAmesha Spenta.

- Goghiel – Miguel olha-o com um rostosevero –, soube que desobedecesteminhas ordens em esclarecer a Gideãosobre o Turíbulo, e ainda assassinouum Anjo da Ordem da Era de Aquáriosem levá-lo a julgamento no Conselho!O que o levaste a tais atos?

- Perdão, meu mestre Arcanjo, mas éque descobri mais um dos aliados daOrdem da Era de Aquário:Mictlantecuhtli!

- O deus da morte asteca, criador daFortaleza de Ossos? Por que razão eleteria se aliado aos Anjos da Era deAquário?

- Os exércitos de Tzitzimime deMictlantecuhtli já estão na Terra, parabuscar o novo Anticristo! O Anticristoainda é um garoto, e está sendo levadoneste momento para a Fortaleza deOssos!

- E quem o está levando, Elim?- Cinco celestiais de diversas cidades

paradisianas: Olympus, Katmaran,Shang-Qing, Amaterasu e Aasgard. Aoque tudo indica, todos fazem parte daconspiração!

- Como? Até mesmo estas cidades,nossas aliadas de séculos? Goghiel, háum modo de enviarmos um grupo deAnjos sob sua liderança para aFortaleza de Ossos? Conheço aextensão de teu poder, Goghiel, eacredito que tu és o mais indicado parainvadir uma fortaleza arkanita e sairileso!

- Não há motivo para tal preocupação,Miguel! Um de meus Anjos já estáseguindo-os, e logo os prenderá edestruirá o Anticristo!

- Rogo para que estejas certo, Goghiel!Quanto às falanges de meus generaise a Falange Extrema...

- Senhor – Goghiel interrompe oPríncipe Arcanjo –, ainda precisoconversar com o senhor sobre outrosassuntos, mas em particular...

- E de quê se trata, Elim?- Se trata do paradeiro de Zeus... –

Goghiel comenta em voz baixa,arregalando os olhos de Miguel.

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- Diga-me, e enviarei imediatamentemeus generais e a Falange Extrema!Como descobriu?

- Fui informado pelo Anjo que estáseguindo o Anticristo até a Fortalezade Ossos. A Falange Extrema deve serrápida, pois algo terrível está paraacontecer com o deus dosolimpianos... Além disso, gostaria dahonra em liderá-los a todos contra talinimigo!

- Não, Goghiel! Quero que fiquescomigo na Capela enquanto a FalangeExtrema resgata Zeus, pois aindaprecisas estar atento a teus Anjos esuas missões!

- Se insiste, senhor... – Goghielconcorda, relutante. – Ao menos, fareicompanhia ao senhor enquanto aFalange Extrema não retornatriunfante!

- Obrigado, Elim! – Miguel agradece aGoghiel e volta-se a seus generais e àFalange Extrema. – Meus amadosAnjos, é chegada a hora deeliminarmos parte dos planosmalignos de nosso conspirador! –Miguel aproxima-se de Goghiel e ouveas direções astrais do Elim sussurradasem seus ouvidos. – Há um portallocalizado dentro da habitação doCenobita Maazikin, em Metrópolis;este portal leva a um Bolsão onde estáZeus acorrentado, protegido pelomonstro que o raptou! Deixo aliderança geral com Expeditus, e queDemiurge os ilumine nestaempreitada!

Após a reverência de todos os Anjos paraMiguel, as dezenas de Anjos sob a liderança geralde Expeditus e coordenados pelos generais deMiguel voam para a saída da Cidade de Prata, emdireção a Metrópolis. Miguel adquire uma feiçãomuito preocupada, e senta-se na cadeira ao fundoda Capela de Santo Expedito. Goghiel aproxima-sede Miguel, e saca as duas espadas, inflamando-as.

- Não há com o que se preocupar,Miguel! – Goghiel tenta acalmar osenhor dos Arcanjos. – O senhorenviou uma das forças imbatíveis daCidade de Prata para a vitória fácil!Além do mais, tu estás em minhacompanhia, e não deixarei que nadaaconteça ao senhor!

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Fortaleza de Ossos, Ark-a-nun, 400 anos atrás

No centro de um deserto de areias rosadassob um céu avermelhado decorado com nuvensnegras e monstros semelhantes a gárgulas, localiza-se a Fortaleza de Ossos, símbolo do grandioso poderde Mictlantecuhtli. A própria torre é construída comos ossos de todos os povos indígenas mortos pelosrituais dos Magos Corrosivos a pedido do deusasteca da morte, que invocaram poderosas doenças,matando milhões deles. Suas almas tornaram-sepropriedade de Mictlantecuhtli, e vieram a ser osservos do deus, como poderosos guerreiroschamados Tzitzimime, os mesmos seres que trariamo Apocalipse asteca.

Em um dos aposentos, a biblioteca dosconhecimentos astecas, Mictlantecuhtli conversaamigavelmente com um aliado que ganhara hámenos de um século.

- Eu nunca te agradeci pela ajuda queme deu contra toda aquela Falange láno território espanhol...

- Não é necessário que me agradeça,Mictlantecuhtli! Basta você nunca seesquecer de que me deve um grandefavor...

- Sim, claro! Não esquecerei, celestial!Enquanto está aqui, quer comer umdestes doces astecas? PorQuetzalcoatl, como são deliciosos...!

- Não quero, obrigado! Enquantoadquiria o conhecimento máximo,pude ver este doce no futuro, e ele seráconsumido por todos os mortais daTerra. Como está a produção doexército?

- Está indo muito bem, amigo! Até o diado giro da Roda, terei um exércitonunca imaginado por plano algum emSatânia! Quando chegar o dia, meusTzitzimime se alimentarão de todos osterrestres, e a alma de todos na Terrafinalmente serão minhas! Com isso,seu lindo Demiurge não será páreopara mim!

- Nunca mais ouse se comparar aoAltíssimo, arkanita decadente! – todosos livros tremem nas estantes dabiblioteca, e até mesmo o ar torna-semais puro, enquanto a criatura emiteuma luz celestial ao redor de si.

- Está bem, está bem! – Mictlantecuhtlibusca acalmá-lo. – Não falo mais isso!Mas eu gostaria de entender: se vocêama seu Demiurge, por que age sem oconhecimento do Conselho?

- Demiurge deu a todos os Anjos o livre-arbítrio, e com ele podemos agir comoquisermos, contanto que seja a favordo Grande Arquiteto! O que faço não

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é contra ele. De fato, é mais corretoque qualquer outro Anjo que jáconheci na Cidade de Prata...

- Entendo... Mas você já tem idéia decomo quer que eu lhe ajude?

- Sei sim: sei uma data exata, em quevocê deverá enviar uma mínimaparcela de seus Tzitzimime para aÁsia, e matar um garoto que será onovo Escolhido.

- Escolhido? Como assim?- Agirei nas sombras pelos próximos

séculos de modo a convergir todos osmessias terrestres em uma única alma,e preciso que você elimine tal criança,para que não haja possibilidade desurgir um Escolhido capaz de minarmeus planos.

- Mas se ele é o Escolhido, ele nãoestará agindo como o Filho deDemiurge?

- Não, ele acabará sendo ensinado pelosAnjos sob as ordens do Conselho, enão terá a oportunidade de seguir seuspróprios instintos. Ele precisa sereliminado antes que sua energia semanifeste completamente, pois eleserá a criatura mais poderosa de todasjá vistas, uma vez que ele será oMessias de quase todas as cidadesparadisianas e religiões terrestres!

- Entendi o recado! Tem certeza que nãoquer um doce de cacau? Pelos céus,não consigo parar de comer este docedivino!

- Esqueça os doces e me escute! É muitoprovável que a criança tenhadefensores, que também deverão sermortos! Entretanto, certifique-se queeles não irão contatar as cidadesparadisianas a que pertencem! Quandotodos os agentes da destruiçãoestiverem em ação, meu amadoDemiurge será forçado a mostrar seuverdadeiro poder, e eliminará a todosos que não merecerem existir! Apósesta purificação, uma nova era seráestabelecida, sob o comando doDemiurge em toda a Orbe, e com osseres mais poderosos e merecedoresda graça do Arquiteto Altíssimo!

- Epa! – Mictlantecuhtli assusta-se. – Ese eu não for merecedor no conceitodo seu Demiurge? Eu terei ajudadovocê em troca de nada? Serei destruídocomo todos os outros?

- Pense assim: se você for merecedor,não há com o que se preocupar! E se

não for merecedor, pelo menos vocêsabe que terá de me ajudar e viver felizaté o dia do Juízo, ou então morreragora mesmo pelas minhas mãos...

- Sim, sim, sim... Não se preocupe,Anjo, agirei conforme me explicou, everemos no dia do Juízo se serei ounão digno de sobreviver ao Demiurge!– Mictlantecuhtli submete-se aosdesígnios do celestial.

- E agora irei me retirar, pois ainda hámuito o que fazer para que meu planoocorra perfeitamente! Até algum dia,Mictlantecuhtli!

- Até depois! A propósito, não querlevar uma caixa de doces com você,Goghiel?

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Estocolmo, Suécia

Eriel observa assustado com a situação emque os cinco Anjos renegados se encontram: Ubeeldentro de uma cratera enorme, Heluel também emuma cratera e com o rosto queimado, Cibele estiradano chão e com o corpo muito ferido porqueimaduras, Yviel levantando-se lentamente, eMevosiah atônito olhando para o céu. Illyah eAntares correm para socorrer os Anjos, e Erielaproxima-se de Mevosiah.

- Corpore, quem fez tudo istoconvosco? – Eriel pergunta, em tomintimidativo.

- Eu... Eu... Não... Foi um AmeshaSpenta... – Mevosiah gagueja,assustado.

- E com quê motivo o Amesha Spentaos atacou?

- Ele está com a Ordem da Era deAquário... – Mevosiah lhe responde,ainda sem reação.

- Senhor Eriel – Yviel levanta-se, commuita dificuldade. –, o Amesha Spentase chama Asha, e é o Anjo persa doFogo! Eles nos venceu facilmente,como pode ver pelos outros membrosda meu esquadrão. Vamos logo parajunto do Príncipe da Guerra, pois cadasegundo perdido representa aproximidade maior com o fim de tudo!

- Mas vós estais muito enfraquecidos!Deveis repousar, e deixar que eumesmo levo as informações quecoletamos a meu senhor Miguel!

- Não! – grita Yviel, com umcomportamento atípico dos Hayyoth.– Nosso dever é servir a Miguel, e

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somente com a dispensa dele é queiremos embora!

Com as palavras convictas de Yviel, osoutros Anjos renegados voltam à consciência, comose a mensagem dita pelo Hayyoth fosse transmitidadiretamente em suas almas. Ubeel e Heluel ajudamCibele a levantar-se, aproximando-se de Yviel eMevosiah.

- Antes de irmos, renegados – Eriel pedea palavra –, gostaria antes de pedir-lhes perdão pela maneira como ostratei. Agi com preconceito e merecusei a enxergar a justiça e a luzdivina que há e nunca deixou de haverem suas almas celestiais.

- Amigo Protetore – Yviel pousa umadas mãos sobre o ombro de Eriel –,não há com o que se preocupar! Vocênada mais fez que defender a retidãoe a honra da Cidade de Prata e seushabitantes! Agora vamos, pois o tempose esvai!

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Cidade do México

Os cinco paradisianos sobrevoam a cidadeagitada com seus corcéis místicos, acompanhadosde Maitreya, que volta à consciência. O garoto sevê em meio a cinco seres vindos de um lugar quenão é a Terra, cavalgando cavalos voadores quetambém não são da Terra. Maitreya começa a pensarsobre os últimos eventos antes de cair inconsciente:um guerreiro esquelético vindo em sua direção comum punhal, seus defensores todos sendo vencidos,e uma voz em sua cabeça, gritando “Proteja-se!”.Após a voz, tudo se iluminou e ele acorda sobre aCidade do México.

Ele se concentra mais, e vêm à cabeça osnomes Tzitzimime, Bel-Meridath, Marût e Mabus.De repente, os significados de tais nomes surgemcomo se ele sempre os conhecesse: “guerreirosesqueléticos servos de Mictlantecuhtli”, “nêmesisde Leviathan”, “filhos de Indra”... e “nêmesis deMaitreya”. Como tudo isto está em sua mente? Atédois dias atrás, ele não sabia nem mesmo o que haviaalém do rio ao lado de sua vila, agora ele conhecetoda a Cosmologia da Orbe de Satânia... Se eleacreditava na proteção dos espíritos da floresta,neste momento ele sabe da Guerra Celestial e detodas as cidades paradisianas...

O menino olha as faces de cada um de seuscinco paradisianos, e adivinha suas Castas:Andrômeda é uma Semideusa, Aruhiga é umGandharva, Kushimaru é um Hibakara, Njall é umaValkíria, e Tai Ling é um Yasha.

- Aruhiga, Mictlantecuhtli irá nosmatar! – Maitreya diz, calmamente,para Aruhiga.

- Pessoal, o Maitreya conhece oMictlantecuhtli e disse que o deus damorte vai nos matar! – Aruhigaanuncia a todos, assustado.

- Menino, de onde você conheceMictlantecuhtli? – Njall lhe pergunta.

- Eu não o conheço!- Mas então como sabe que ele irá nos

matar? – Kushimaru questiona.- Os Tzitzimime que vocês atacaram

antes e eu eliminei são o exércitoapocalíptico de Mictlantecuhtli!Goghiel nos guiou à morte certa!

- Mas por que ele faria isso? –Andrômeda fica confusa. – Ele mesmoprotegeu a nós e aos deuses celtascontra aquele falso Amesha Spenta, eagora ele age para nos matar? E comovocê sabe que eram Tzitzimime?

- Temos de impedir o surgimento deMabus!

- Mabus? – Tai Ling não entende maisnada. – Quem é Mabus? Escutemtodos: desde que me tornei o anjo daguarda de Maitreya a serviço deShang-Qing, eu sempre li sua mente,e nenhuma destas informaçõesestiveram lá até hoje!

Maitreya ignora a discussão entre osparadisianos em busca de uma linha lógica para osacontecimentos, e atrai os corcéis para perto docorcel em que está montado. Ao tocar as três cabeçasdos cavalos, Maitreya concentra-se.

- Os cavalos agora abrirão o portal quenos fará chegar ao local ondeencontraremos auxílio para salvarZeus e os sessenta Marûts! Depois,iremos à Fortaleza de Ossos!

Andrômeda e Aruhiga ouvem a afirmaçãode Maitreya e desesperam-se. Os cinco paradisianosaceitam seguir as ordens de Maitreya e entram noportal que os leva novamente a Paradísia.................................................................................................................................................................

Algum local perdido em meio a Spiritum

O poderoso rei dos deuses Olímpicosobserva todos os Marûts à sua volta, sem a menorchance de se soltarem. Mais ao canto está Briaréu,tentando se soltar das centenas de correntes que oprendem, sem obter sucesso algum. De um dostúneis escuros, surge o mesmo monstro horrível quevenceu Zeus e o capturou. Em suas mãos, umabandeja com certos instrumentos que apenas osmórbidos Cenobitas utilizariam.

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- Paradisiano obsoleto, chegou omomento de Athena finalmente ganharum irmão mais novo! – ele termina,com um sádico sorriso em sua bocahorrenda.

- O que você pretende fazer com estesinstrumentos?

- Ora, terei de inseminar este fetoposicionado no altar dentro do ventrede sua primeira esposa Métis! Equanto à dor, não se preocupe: eu fareiquestão de que doa muito! Não hámotivo para considerar que algo daráerrado, pois sou Utttaruttt, o Tecedorde Almas, e esta é minhaespecialidade!

De outro túnel, surge outro monstro, com umlongo cabelo desgrenhado, armadura feita de ossose grossas artérias e veias, uma longa espada com oformato de interrogação e um grande escudo decavalaria com a aparência de uma boca aberta cheiade dentes afiados. A interior da “boca” do escudonão pode ser observada devido a uma escuridãoabsoluta que há nele, como se fosse um pequenoburaco negro. A face do monstro não existe,parecendo-se mais com uma cratera feita de carnepodre que ocupa o local do rosto.

- Deus do trovão – Utttaruttt fala comZeus –, este é Kalimargh, o Devoradorda Luz! Ele está aqui para certificarque o grupo de resgate que ruma paracá não sobreviva! Só espero que elesnão sejam desintegrados antes quepossam observar a maior criaçãodepois de tantos milênios nesta Orbe!

- Vocês são insanos! – Zeus demonstrarepulsa por ambos. – Este feto causaráa destruição de Olympus e Katmaran,além de uma desestruturação completanas relações planares de Satânia!Vocês estarão aproximando o JuízoFinal!

- Que perspicaz, paradisiano! –Kalimargh debocha de Zeus. – Nóssomos servos do próximo senhor detoda a Orbe, e ele está prestes adespertar! O Juízo Final DEVEocorrer para que as imperfeiçõessejam corrigidas para a próxima era!

Ao fim do grito de triunfo de Kalimargh eUtttaruttt, surge do terceiro e último túnel umainfinidade de Anjos, voando graciosamente. Avelocidade com que voam e se espalham pelorecinto mostra que estão dispostos a realizar suamissão a qualquer custo. Ao final, surge entre amultidão de Anjos o poderoso Expeditus, segurandoem sua mão esquerda o Cenobita Maazikin,inconsciente, pelo colarinho.

- Criaturas malditas, é o momento derenderem-se ante o poder infinito deDemiurge e aceitar suas destruiçõesabsolutas! – Expeditus solta oCenobita, deixando-o cair no chão.

- Meus caros escravos de Demiurge –Utttaruttt fala a todos os Anjos –,vocês estão aqui não para nosatrapalhar, e sim para observar omomento da criação do novoimperador da Orbe! Suas forças sãoínfimas se comparadas a mim e aKalimargh! Como todos sabemos quenenhum de vocês tem a intenção deacatar a meu conselho, entãopreparem-se para ter toda a essênciaangelical eliminada pelo Devorador daLuz!

- Que assim seja! – Expeditus ergue sualança e ruma diretamente contraKalimargh, seguido pelos incontáveisAnjos da Falange Extrema.

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Capela de Santo Expedito, Cidade de Prata

A arquitetura românica da construção deExpeditus ainda remonta da época em que os fiéisse preparavam para o apocalipse, que acreditava-se ser no ano mil depois de Christos. Quando nadaocorrera, todos perceberam o erro em crer em umfim pré-determinado, e toda a cultura européiamudou, momento este em que até a arte mudou parao gótico. Miguel está pouco acostumado com estaarte pré-gótica, claustrofóbica, covarde, furtiva. Asparedes e o teto parecem se fechar a cada segundo,e tal sensação preocupa o Príncipe Arcanjo enquantoele pensa em tudo pelo que passou nos últimostempos.

O Conselho não sabe muito do que acontece,pois Miguel prefere não alarmar aos grandeshabitantes da Cidade de Prata, pois tal agitaçãogeraria muitos outros problemas entre as outrascidades paradisianas. O modo desconfiado com queGabriel, Metraton e Rafael o olharam nas últimasreuniões do Conselho pioram seu estado de espírito,pois nada o faz temer mais que Cair.

Dezenas de Anjos foram enviados para umabatalha épica, e podem não voltar, sob suas ordensdiretas. Um grupo de Anjos expulsos da Cidade dePrata como seu grupo de maior confiança, tambémarriscando suas existências nos piores locais daTerra a fim de encontrar todos os problemas quenada tinham a ver com estes seres angelicais. Ouseja, uma grande quantidade de escolhidos de Deusenviados aos maiores perigos sob as ordens doGrande Arcanjo.

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Eventos apocalípticos ocorrendo em todo omundo terreno, sem a menor chance de Miguelcontrolá-los. Uma conspiração interplanar agindonas sombras e unindo mesmo os mais insólitosaliados: o deus nórdico das trapaças Loki, o deusasteca da morte Mictlantecuhtli, a tão honradaOrdem da Era de Aquário, antigos faraós servos dosdeuses negros de Tenebras...

Tantas preocupações afligem a mente deMiguel, que perde-se em seus pensamentos e quasenão nota a energia mística que se acumula no portalpara a chegada de Eriel. Um ritual potente osuficiente para trazer uma grande quantidade deAnjos para dentro de um ponto tão específico daCidade de Prata é demorado e oneroso, e costumademorar um pouco para transportar todos osenvolvidos.

Goghiel observa seu tão adorado PríncipeArcanjo, um ídolo para todos os celestiais quenasceram depois dele, o que significa quase 100%de toda a Cidade de Prata. Sua armadura tãoreluzente quanto o próprio Sol, sua lança Meteoraemanando energia celestial infinita, sua capa negrafeita do próprio céu estrelado do distrito de Vênus,e seu escudo encostado no trono de Expeditus, umdisco que se assemelha ao sol poente, de luzavermelhada. Todas as peças da armadura seencaixam em uma perfeição divina, mantendomínimos pontos fracos em sua estrutura, pontosfracos estes capazes de garantir a vitória imediata aqualquer um que conseguisse identificá-los com umsimples olhar. Qualquer um com o poder do Mestredos Elim.

A placa perfeita que cobre o peitoral deMiguel é unida à proteção abdominal de maneira aformar um detalhe em baixo relevo muito perigosono caso de um ataque certeiro. Tal ataque deveriaser realizado sem a chance do Arcanjo defender-seou desviar-se, pois a lâmina deveria penetrar nodetalhe com precisão cirúrgica, na força certa e noângulo certo. Goghiel está à direita de Miguel, comambas as espadas em punho. Basta o movimentodo modo certo e a força exata para que sua lâminapenetre no ponto fraco que o Elim descobriu emMiguel. Basta tal movimento, e coragem. Coragempara eliminar um dos pilares da Cidade de Prata.Metraton é a voz de Deus, Gabriel é a astúcia deDeus, Rafael é a energia de Deus, mas Miguel é ocoração de Deus. Eliminá-lo é erradicar a esperançade quase todos os Anjos.

Quase todos, não os realmente merecedoresdo novo mundo a surgir. Se basearem em umexemplo arcaico, por mais valoroso, é não acreditarem si mesmo, é ignorar a importância que suaexistência tem para Demiurge. Um ser vivo podenão acreditar em Deus, mas Deus acredita em cadaum deles, e somente os verdadeiros escolhidos deDeus sabem ver a fé que o Grande Arquiteto possui

em cada um. Se Miguel tombar, todos serãoobrigados a acreditarem em si próprios.

Decidido, o Primeiro Elim move sua lâminaflamejante em direção ao ponto fraco de Miguel,no mesmo momento em que o portal surge e revelaos cinco Anjos Renegados, os dois Anjosteleportadores e o mensageiro Eriel. Todosobservam sem chance de reagir a tempo de impediro ataque certeiro, desesperados. Na velocidade deum cometa, a lâmina aproxima-se no ponto.................................................................................................................................................................

Algum local perdido em meio a Spiritum

Kalimargh já eliminou mais da metade dosAnjos sob o comando de Expeditus, e não pareceestar ferido ou cansado. Enquanto isso, os Anjosque ainda restam vivos se esforçam parasimplesmente acertarem um golpe certeiro, e mesmoassim na esperança de que cause dano suficientepara o esforço desprendido. Zeus e Briaréucontinuam acorrentados, com o senhor dos deusesdesesperado pelo Ritual apocalíptico que Utttarutttrealizará, significando o fim de toda a existência naOrbe de Satânia.

De repente, surgem os Amesha SpentasKhsathra e Asha, por um dos túneis. Suas simplespresenças preenchem o bolsão dimensional,aumentando drasticamente a temperatura emetalizando as paredes rochosas. Seus vôosimponentes intimidam tanto os Anjos de Expeditusquanto o próprio Kalimargh.

- Ah, usurpadores! – Utttaruttt os tratacom um misto de ironia e intimidade.– Já que estão aqui, podem se divertireliminando estes vermes alados comKalimargh! Avisem seu mestre queMabus está a ponto de surgir no ventrede Métis!

- Servo de Leviathan – Khsathraaproxima-se de Briaréu acorrentado –, parece que os falsos anjos persasforam superestimados. – O AmeshaSpenta toca uma das correntes deBriaréu e desintegra todas que oprendiam.

- Mas... – Utttaruttt mal pode acreditarno que acaba de presenciar. – Anjoimbecil! Por quê fez isso?

Neste momento, Maitreya surge pelo mesmotúnel por onde entraram Asha e Khsathra, seguidopor Andrômeda, Aruhiga, Kushimaru, Njall e TaiLing e os cavalos mágicos celtas. Os dois AmeshaSpentas são reais, chamados à batalha por Maitreya.Sete Anjos primordiais da cidade-refúgio Vahishta,liderada por Ahura-Mazda, agora se envolveramdiretamente no conflito.

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- Vocês acabaram com o repouso dosAmesha Spentas em Vahishta, e porcausa deste ato impensado, todos serãopunidos sem misericórdia! Prepare-se,Utttaruttt, pois você desejará nunca tersaído de seu mausoléu metropolitano!– Brada Asha, voando em todavelocidade contra o monstro seguidorde Leviathan.

Logo que Asha e Utttaruttt se engalfinhamem um combate memorável, Khsathra investe contraKalimargh, enquanto ele enfraquece ainda mais osAnjos que ainda sobrevivem bravamente. Quandoas asas metálicas de Khsathra tocam a lâmina daespada de Kalimargh, a onda de choque joga todosos Anjos longe, e também os cinco amigosparadisianos que protegem Maitreya. As correntesde Zeus e dos 60 Marûts são também desintegradas,libertando-os. Em pouco tempo, as duas batalhasterminarão por implodir o bolsão dimensional.

- É melhor irmos embora daqui antesque sejamos destruídos pela onda dedestruição desenfreada que surgirá embreve. – Maitreya recomendacalmamente a seus cinco amigos, evolta-se a Expeditus. – Expeditus!Retire suas falanges daqui o maisrápido possível! Com Asha, Khsathra,Zeus, Briaréu e os Marûts, estesmonstros serão vencidos!

- Quem é você? – Expeditus estranha ofato de que o menino de aparência tãopobre e simples saiba seu nomecelestial.

- Nem esquenta a cabeça com isso,amigo! – Aruhiga tenta acalmá-lo. –O melhor é obedecermos edescobrirmos de longe o queacontecerá! Vamos!

Quando as falanges da Cidade de Prata e osparadisianos com Maitreya retiram-se, Zeus utilizatoda a força de seus raios contra Utttaruttt, enquantoBriaréu realiza seus cinqüenta ataques simultâneoscontra Kalimargh. Os Marûts distribuem seusataques relampejantes de maneira frenética e caóticacontra Utttaruttt e Kalimargh.................................................................................................................................................................

Capela de Santo Expedito, Cidade de Prata

O ataque decidido de Goghiel contra Miguelé observado com desespero pelo grupo de Yviel, etambém por Eriel, Illyah e Antares. Nenhum delestem capacidade de aproximar-se com velocidadesuficiente para impedir tal golpe, tampouco resistira um único ataque do senhor dos Elim. Somente opróprio Miguel teria a chance de defender-se de talinvestida traiçoeira. Somente ele teve esta chance,

e somente ele teve sucesso em tal tentativa nestemomento.

Goghiel simplesmente não acredita em seusolhos quando vê a mão esquerda do senhor dosArcanjos posicionada sobre o ponto fraco daarmadura, agindo como um escudo contra a pontada espada flamejante de Goghiel, paralisada emmeio a seu movimento em forma de cometa. Miguelergue seus olhos em direção aos olhos de Goghiel,reconhecendo em seus olhos os globos ocularesfelinos que a celta Morrigan lhe transmitiu empensamento.

O Elim percebe a chance que perdeu e comotudo agora deve ser feito o mais rápido possível,senão todos os seus planos sairão por água abaixo.Ele salta para trás e prepara-se para investir contraMiguel usando toda a intensidade de seu fogoconquistador. Miguel levanta-se calmamente,enverga seu elmo, empunha sua lança e seu escudo,e olha fixamente para o mestre dos Conquistadores:

- Não consigo imaginar como um dosAnjos mais valorosos e fiéis aDemiurge teve a capacidade dearquitetar todas estas blasfêmiascontra a Cidade de Prata, mas eu mecertificarei pessoalmente de que suaexistência não fará mais parte desteuniverso! O que o levou a talinsanidade?

- Toda esta conduta de fracos eburocratas da Cidade de Prata é umcomportamento atípico dosverdadeiros filhos do GrandeArquiteto! – Goghiel explica. – A erados Apócrifos conquistadores, dosguerreiros primordiais vencedores dostitãs paradisianos, dos arautos da luzinfinita, chegou ao fim logo após aqueda de Lúcifer! Eu estive a seu ladona Primeira Rebelião, destruindoAnjos que queriam destronarDemiurge; estive a seu lado naSegunda Rebelião, caçando aquelesque desobedeceram Deus ao juntarem-se às humanas! Mas, na últimaRebelião da Orbe, estamos em ladosopostos! Eu desejo purificar todos osplanos em busca de uma sociedadeserva de Demiurge, compostaunicamente dos mais aptos a estaremjunto a ele, enquanto você desejamanter tudo como está, tantosconflitos, tantos poderes concentradosem seres malignos...!

- O que aconteceu com você, Goghiel?Como foi se desviar tanto de suamissão de servir piamente aosdesígnios de Demiurge?

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- Nunca o desobedeci! Se atualmentetento acelerar o processo doApocalipse, faço isso para melhorservi-lo! Nunca fui informado de queDemiurge proíbe um evento cósmicoque impeça os verdadeirosmerecedores da recompensa de estarjunto a ele! Morra!

O mestre dos Arcanjos e o mestre dos Elimatracam-se, desprendendo níveis de energiadestrutiva tais que grande parte da Capela de SantoExpedito treme e muitos objetos são estilhaçados.Miguel aponta seu escudo do Sol poente paraGoghiel, fazendo seu escudo transformar-selentamente em esfera de luz avermelhada. Goghielgira sobre si mesmo enquanto estica seus braçosque seguram as espadas flamejantes, formando umcírculo de fogo horizontal, como o da visão deMorrigan. Miguel lança a esfera gigante de luzavermelhada contra Goghiel. Toda a Capela entraem colapso.................................................................................................................................................................

Regiões densas de Spiritum

Depois que as falanges da Cidade de Prataencaminharam-se para Paradísia, Maitreya e seugrupo de defensores viajam por entre ValesEspirituais decadentes, entre os limites de Ark-a-nun e Infernun. Centenas de Espectros e Fantasmasvagam desesperados pelas correntes espirituais,perdidos pela eternidade.

- A ameaça dos campeões deMetrópolis será eliminada em poucotempo pelo regente de Neokósmos –afirma Maitreya, com convicção –:Utttaruttt e Kalimargh serão reduzidosa energia dispersa em Spiritum.

- Mas pelo que foi explicado, existemtrês destes monstros! – Njall lembra-se. – Onde será que se encontra oúltimo?

- Ele está na Terra, esperando pelachegada da criatura que arquitetou esteplano milenar. – Explica Maitreya. –Não se preocupem com este, pois eleterá de enfrentar sozinho Anjos degrande poder e coragem, que logochegarão ao local... Enquanto oscampeões de Metrópolis sãodestruídos pelos Amesha Spentas, apresença de vocês é necessária emArk-a-nun...

- Ark-a-nun?! – Assusta-se Kushimaru.– Deveremos invadir o lar dosdemônios do mundo inferior?!

- Lembram-se dos demôniosesqueléticos que tentaram me

capturar? A Fortaleza de Ossos estáproduzindo bilhões deles, em um ritmoincessante. Em poucos dias, aquantidade deles, chamadosTzitzimime, será suficiente parasuperpovoar qualquer plano físiconeste Orbe! Com isto, Mictlantecuhtli,o deus asteca da morte e líder dosTzitzimime, terá controle quaseabsoluto na Terra!

- Você está querendo dizer que nósestamos indo agora enfrentar umaquantidade centenas de milhares devezes maior que nós, dentro doterritório de um deus da morte? –Andrômeda encontra-se obviamenteassustada. – Mas você não disse antesque iríamos à morte certa?

- Sim. – foi a resposta direta e seca deMaitreya, para as duas perguntas deAndrômeda..

- Bem, vamos ver o quanto elesresistirão a nós! – Aruhiga conforma-se, buscando a coragem e confiançapara completar a missão e aindasobreviver.

- Formem um círculo à minha volta,com vocês todos virados para fora –ordena Maitreya – de modo a ficaremde costas uns para os outros. Fechemos olhos, e quando os abrirem, estarãodentro da Fortaleza de Ossos, em meioaos Tzitzimime. Boa sorte.

- Como assim, “boa sorte”? Você nãovai conosco? – Tai Ling se assusta,enquanto mantém os olhos fechados.

Assim que os cinco paradisianos abrem seusolhos, é como se seus olhos não enxergassem mais:a escuridão absoluta e um frio macabro os envolve,como a essência pela qual a morte é feita. O Nadaque elimina a Vida é o próprio ar à volta, tãopoderoso e inevitável que penetra em seus corposcomo vermes famintos desfilando sobre um cadáverapodrecido. A sensação de que a própria alma estáminguando para um fim definitivo toma conta detodos os cinco.

Em um esforço descomunal, em umatentativa desesperada de sentir-se viva novamente,Andrômeda concentra sua alma em seus punhos,iluminando fracamente os cinco amigos com seubrilho azulado. Todos despertam de sua catatoniadevido à essência da morte, e preparam-se paraenfrentar seus inimigos. Todos buscam maneiras deiluminar cada vez mais longe, em busca de algumareferência além do chão onde pisam. Bastou levarema luz a pouco mais de dois metros, que seusadversários são revelados: milhares de olhos

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avermelhados preenchem a escuridão, refletindosuas luzes.

Os paradisianos começam a ter uma noçãode onde estão, e percebem que o recinto onde seencontram possui quilômetros de diâmetro edezenas de metros de altura, todos eles preenchidospor Tzitzimime se saltam uns sobre os outros,atraídos pela luz paradisiana. Sua atração, emboratenha toques de curiosidade, é devido a seu ódiopela luz, a obsessão em suas almas de condenaremtoda a existência universal à obscuridade da morte.Os cinco amigos desaparecem em meio à massa demonstros que os cobre em fúria infinita.................................................................................................................................................................

Nepal, 1000 anos atrás

A sombra translúcida finalmente derrota oúltimo monge da Biblioteca dos ConhecimentosAkáshicos, após uma batalha de sete dias inteiros.A criatura mal sabe quantos monges derrotou, detantos que chegavam acompanhados de Shishios.Mas, após uma semana inteira de destruição e morte,o último guardião do conhecimento da Orbe deSatânia finalmente é vencido. Poucos metros àfrente, ao final de um corredor subterrâneo, encontraa galeria com um poço ao centro.

Circundado por tijolos de pedrascristalizadas azuis, e emitindo sua própriailuminação, o Poço do Conhecimento é um avatarconsciente da própria Arcádia, o Plano das Idéias everdadeiro recipiente de todo o conhecimento.Assim como outro avatar seu passou grandeconhecimento e sabedoria a Odhin na forma deMimir, o Poço do Conhecimento dará todas asinformações necessárias ao mestre dosConquistadores. Um simples toque nas águas criaondas que se agitam pelas águas e despertam aconsciência lá existente.

- O que deseja saber? – uma voz éemitida de dentro das águas, enquantoa luz se torna esverdeada.

- Quando Demiurge pretende realizar oJulgamento na Orbe de Satânia?

- Quando Leviathan sair do Fosso paraengolir a Terra, e as portas do Infernose abrirem para o plano dos terrestres.

- Quais serão os maiores exércitos queesta Orbe será capaz de criar? –pergunta, ansioso, o Primeiro Elim.

- Esta pergunta não possui parâmetrospara uma resposta adequada. –Responde o poço, aumentando aindamais a curiosidade da criatura desombras.

- Quais serão as maiores forças militaresdo Inferno e de Ark-a-nun até o Dia

do Juízo? – a criatura pergunta, apósalguns segundos ponderando.

- O Inferno possuirá o Exército deAnubis e o Exército do Reich comoprincipais forças militares se aquantidade for relevante.Mictlantecuhtli também produzirá umexército de proporções incontáveis emsua futura Fortaleza de Ossos.

A forma sombria do Mestre Conquistadorse esvai aos poucos revelando-se como Goghiel. Umsutil sorriso cheio de malícia toma sua face. Ele sabeexatamente como comprar a força mercenária deAnubis, faltando somente descobrir como adquiriros serviços de Mictlantecuhtli e do líder do Reich.Sabendo já da profecia dos exércitos de Jotunheime de Muspellsheim, unir a todos será trabalhoso,mas será suficiente para vencer qualquer ameaça.Mas o Apocalipse também representa a batalha finalentre um Campeão das Trevas e do Campeão daLuz.

- Quem será o principal representantedas forças da Ordem no Apocalipse?

- Esta pergunta não possui parâmetrospara uma resposta adequada.

- Quem será o Campeão da Luz queenfrentará as forças da destruição?

- Não haverá um único Campeão daLuz: as forças de Demiurge possuirãoum novo Ungido, uma criançachamada Maitreya será o novo avatarde Vishnu e novo Iluminado da cidadede Shang-Qing, e Bel-Meridathvoltará para vencer Leviathan.

Tantos eventos diferentes criarão diversosguerreiros das forças ditas “benignas”, que somentese encarregarão de manter as coisas como estão.Goghiel sabe que quanto mais símbolos daresistência ao Apocalipse, mais difícil serádesencadeá-la. Só há na mente do Conquistador umasaída para estes Campeões da Luz: concentrar todasas profecias em um único ser, que, quando morto,eliminará de uma única vez toda e qualquerresistência. Porém, é necessário ter um Campeãodas Trevas também com a mesma convergência deprofecias em sua existência, para que seu nível depoder se iguale ao do Campeão Supremo da Luz.

Cidade de Prata, Jardins de Allah, Aasgard,Katmaran e Shang-Qing já estarão envolvidos noApocalipse. Faltam Olympus e a Cidade Douradade Rá. “A Cidade Dourada – pensa ele – será fácilde manipular com algumas negociações comAnubis.”

- Quem será o verdadeiro portador daruína de Olympus e do reinado deZeus?

- Uma profecia sobre o destronador deZeus foi dita por Gaea, e o Portador

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da Ruína de Zeus foi preso em umBolsão Planar dentro do própriosenhor dos Olímpicos.

- E quanto à profecia do Portador daRuína de Indra de Katmaran? Estaentidade existe?

- Quando Rudra estava grávida doportador do fim do reinado de Indra,Indra decidiu explodir o feto, quecriou os 60 Marûts. Cada um dosMarûts possui uma fração da energiae uma parte da equação cósmica quetrará o fim a Indra. Entretanto, talequação somente é ativada quando elafizer parte da mesma entidade.

O Campeão das Trevas deverá então ser umacriatura nascida do ventre de Métis e portando aequação completa dos Marûts. Uma criatura destenível de poder, capaz de vencer Zeus e Indra, seráimbatível no Apocalipse. Com todos estes eventosacionados, a nova era se seguirá. Para isso, seránecessário obter o controle da Ordem da Era deAquário, da Cidade de Prata, cujo líder semprepermaneceu desconhecido desde que o Filhoordenou a criação de tal grupo angelical. Somenteo Filho conhece a identidade do mestre secreto, esomente ele poderia dizer se há ou não um impostorliderando-a. Felizmente para Goghiel, o Filho é umafigura muito ausente na Cidade de Prata.

- Quem é o mestre secreto da Ordem daEra de Aquário?

- A Ordem da Era de Aquário écomandada pelo Trono Vahuuxiah.

Todas as informações estão sob o poder deGoghiel. Apenas falta agir de maneira precisa esincronizada para que tudo dê certo para seusplanos...................................................................................................................................................................

Capela de Santo Expedito, Cidade de Prata

Os Anjos liderados por Yviel, juntos de Eriele seus companheiros Corpores, sabem que não têma menor chance de se aproximarem da batalha deMiguel contra Goghiel sem serem completamenteaniquilados pelas energias cósmicas que sedesprendem do conflito. De repente, uma luzpequena com silhueta humana surge à frente destesAnjos. Maitreya revela-se. Todos os Anjos seassustam e preparam-se para um ataque, excetoYviel, que detecta a bondade em Maitreya.

- Garoto, o que faz aqui? – perguntaYviel.

- Estou aqui para salvar a todos. –Maitreya termina a frase emitindo umforte brilho de seus olhos, que toma atodos na Capela de Santo Expedito.

Assim que o brilho forte termina, todos sevêem dentro do que parece ser uma caverna,iluminada por uma fraca luz que ilumina a tudo,embora não tenha uma fonte de onde sai esta mesmaluz. Parece que a própria luz faz parte do lugar, semter sido criada em qualquer outro ponto. Goghielreconhece o local, mesmo fazendo quase cincomilênios que ele esteve lá. A morada de Leviathan.Maitreya vira-se para Yviel e seu grupo:

- Em Jerusalém, uma grande quantidadede cabalas da Sagrada Ordem estãoprontas para realizarem em conjuntocom Magos da Ordem de Dagon umpoderoso Ritual que invocará doispoderosos tenebritas atualmenteadormecidos sob as águas do Pacífico.A presença de vocês é necessária paraque tal atrocidade não aconteça!

- Mas e Goghiel e Miguel? – perguntaUbeel, preocupado.

- Somente o destino decidirá sobre eles.Mas vocês podem impedir a Terra deser eliminada de sua existência.

- Está bem, garoto! – Yviel concorda. –Nos diga como chegar no local doRitual e deixe que nós faremos onecessário para impedi-lo deacontecer!

- Yviel – Eriel o chama –, deixe que eue meus soldados Antares e Illyah oslevaremos ao local! Por favor, Antares,toque Maitreya e receba ascoordenadas do local!

Antares toca Maitreya e sente toda a energiacelestial suprema que está contida no corpo tãopequeno e frágil do garoto. Enquanto sente-se quasepurificado ao tocá-lo, Antares detecta o ponto exatodentro da Orbe que Maitreya deseja quetransportem-se. Assim que Antares toca as mãos deEriel e Illyah, todos desaparecem em meio a umforte brilho, sobrando Maitreya, que observa o épicocombate entre o Príncipe dos Arcanjos e o MestreConquistador.

O Elim inicia mais um ataque com suasespadas curtas, movendo-as com uma maestriadigna de surpreender os melhores espadachins daCidade de Prata. As lâminas das espadas realizamtrajetórias que liberam um rastro de chamas no ar,aumentando o calor à sua volta. Miguel esquiva-sedas centenas de ataques por minuto que oConquistador empreende contra ele, provando quenão é à toa que ele é o Príncipe dos Arcanjos. Comgraciosidade, as lâminas sequer o tocam ou raspamem sua armadura, enquanto suas pernas e seusbraços dançam enquanto saem da trajetória dasespadas que se destinavam a decepá-los.

O Arcanjo sabe que é necessário eliminá-lo,mesmo que isto represente o fim da liderança da

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Casta Elim na Cidade de Prata. Talvez seja possívelsimplesmente incapacitá-lo e prendê-lo no Desertode Dudael junto a tantos outros traidores da Cidadede Prata, porém, será muito difícil barrar tal Anjo.Miguel tenta um recurso inusitado: ele projeta achama cósmica de dentro de seu corpo para dentrodo corpo de Goghiel, buscando usá-la como aschamas da penitência dos Anjos da Vingança e daJustiça. Goghiel nunca imaginaria que Miguel usariasua própria chama cósmica para atacá-lo, sob o riscode morrer em vão caso Goghiel o absorvesse. Abarreira de fogo divino erguida por Goghiel de nadavale contra a energia cósmica de Miguel, maispotente que as maiores chamas dos Malachim.

Após um grito de fúria e dor, Goghiel cai nochão como um marionete sem seu manipulador,inerte. Miguel sabe que sua medida desesperadasurpreenderia seu oponente, e aproxima-se paraverificar se Goghiel está em condições de ser levadoa Dudael. Logo ao chegar perto, Miguel surpreende-se com a imagem de Goghiel se desfazendo comoum vapor que se dissipa no ar. Uma ilusão, muitobem engendrada pelo Elim.

Miguel não consegue perceber a tempo oataque que Goghiel faz do alto, mergulhando coma velocidade da luz e utilizando seu próprio corpocomo arma. Miguel ainda consegue erguer seuescudo do Sol poente ao alto para barrar o ataquede Goghiel, mas a força do impacto é tão grandeque abre uma cratera de dezenas de metros de raio.Tanta energia atingindo o escudo como uma cataratade energia prateada o inutiliza momentaneamente,assim acertando o braço de Miguel, que despencano chão, gemendo de dor com o braço mutilado.

- Não tem mais o poder de combate deantes, Miguel? – debocha o Elim. –Realmente me sinto triste em ser eu oresponsável pela aniquilação de umdos mais fiéis e mais poderosos Anjosde Demiurge, mas sua derrota hojesignifica nada mais que você não émerecedor da vida na Era de Aquário!

Goghiel agora está certo de que Miguel sómorrerá com seu ataque máximo, como acabara defazer, e não conseguiu nada mais que ferir um deseus braços. Se fosse contra Anjos mais fracos, talataque seria capaz de eliminar dúzias deles de umasó vez sem grandes dificuldades. Miguel percebeque Goghiel atacará novamente, e desta vez ele nãoresistirá sem seu escudo do Poente. Assim, seránecessário atacá-lo ainda no alto.

Miguel voa ao alto em uma velocidade aindasuperior à que Goghiel empregara para atingir oponto mais alto da câmara de dimensões colossais,e o alcança de modo a surpreender o Elim. A lançade Miguel perfura o tronco de Goghiel, que grita dedor, solta uma das espadas e começa a cair do alto,atordoado.

O Príncipe Arcanjo decide atacá-lo com todaa fúria que lhe for possível, utilizando a lança damesma maneira como um pilão contínuo, naintenção de perfurar o corpo do Elim milhares devezes ainda no ar, enquanto ele despenca do alto.Após os ataques bem sucedidos que perfuraram maisuma vez o tronco de Goghiel, o Conquistadordesperta assustado e desaparece da frente de Miguel.

O Príncipe dos Arcanjos realiza um rasanteantes de atingir o chão da câmara, quando vêGoghiel voando diretamente contra ele, frente afrente. Miguel se desespera e mais uma vez projetasua chama cósmica para dentro de seu inimigo àfrente. Suas energias se concentram em projetar suaforma espiritual para dentro do inimigo, contudo,nada acontece. Mais uma ilusão de Goghiel.

Goghiel aproveita-se do momento em queMiguel ainda precisa recolher sua chama cósmicapara dentro de si, e surge de cima, girando a únicaespada que está em suas mãos em seu próprio eixo,criando uma roda de fogo à sua volta que atinge oProtetore. A roda de fogo fere a perna esquerda deMiguel, que urra em agonia. O Protetore segura oferimento na perna, cambaleia um pouco e cai nochão, quase inconsciente.

“Como agir agora?”, pensa Miguel,desesperado. Enquanto ele tem um braço e umaperna com ferimentos que quase o incapacitam,Goghiel ainda sorri e movimenta-se como se osferimentos causados em seu tronco e as chamascósmicas que o queimaram por dentro não fossemnada de mais. Ele deverá utilizar toda a sua energiadivina aqui e agora, mesmo que precise destruir esteBolsão onde se encontram.

Miguel ergue-se ainda apoiando-se na pernasem ferimentos, mas agora com uma aura púrpura,como o púrpura que contorna o horizonte após adespedida do Sol ao final do dia. Seu braço queainda porta a lança invencível Meteora a posicionaem posição de combate como os mais antigoshebreus a utilizavam, e a lança transforma-se emenergia, mantendo-se sólida somente a ponta, deHadjar. Miguel voa em direção ao Elim, movendoa Meteora em movimentos tão velozes que à visãode Maitreya parece estar ocorrendo uma chuva demilhares de meteoros contra o corpo de Goghiel.

Goghiel ergue sua barreira esférica dechamas à volta, de modo a se defender dos ataquesmais que velozes de Meteora na mão de Miguel.Em poucos segundos, a barreira é eliminada e aMeteora atinge em cheio o braço que portava a únicaespada curta que Goghiel ainda portava.

Agora desarmado, Goghiel tenta recuar,temendo pela própria existência. Ele cria um novoclone ilusório à sua frente, buscando fugir da visãode Miguel e mais uma vez atacá-lo de surpresa.Porém, seu clone é imediatamente dissipadoenquanto é envolvido pela aura púrpura de Miguel.

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Goghiel então nota um estreito filete de energiapúrpura que o liga a Miguel.

- Esta energia púrpura exige a essênciade um ser. Ao final deste combate, umde nós a alimentará, e não há modoalgum de impedi-la de tal ato. Nadamais de ilusões ou trapaças. Ocombate agora é direto. – Miguelexplica com grande seriedade,preparando-se para o próximo ataque.

Goghiel então invade a mente de Miguel,buscando um modo de desativar a aura púrpura.Miguel não sabia dos grande poderes mentais deGoghiel, poderes estes adquiridos ao absorver aessência de Vahuuxiah. Miguel não tem defesassuficientes para vencer uma mente como a do antigoAnjo do Silêncio, que atualmente está mesclado aGoghiel.

Após uma grande batalha de vontades entreMiguel e Goghiel, o Príncipe Conquistadorfinalmente vence e desativa a aura púrpura deMiguel. Assim que o combate de mentes termina,Miguel ainda se sente desequilibrado e deslocado,e Goghiel teleporta-se para Spiritum.................................................................................................................................................................

Nova Espanha, 400 anos atrás

As tropas de guerreiros de elite da Ordemda Era de Aquário invadem a toda velocidade otemplo de Mictlantecuhtli, nas redondezas deTenochtitlán, perdido no meio da selva que circundao lago Texcoco. São poucos os sacerdotessobreviventes do deus asteca da morte, mas queainda buscam desesperadamente resistir dos Anjosque realizam a expansão do império cristão sobreas Américas.

Enquanto os soldados da Era de Aquáriobuscam por portais e objetos mágicos dentro dotemplo, o mestre secreto da Ordem chamadoVahuuxiah segue corajosamente para a sala central,onde Mictlantecuhtli certamente estaria esperandopor ele. Confirmando suas suspeitas, Vahuuxiah oencontra sentado em um trono de ouro purodecorado com milhares de lábios humanos usadospara acolchoar o assento. Mictlantecuhtli nãoconsegue enxergar a face de Vahuuxiah, devido aomanto sagrado que o mestre secreto desta Ordemveste, manto este que cobre magicamente a face deseu portador com uma sombra eterna, impedindoqualquer criatura de identificá-lo.

- Filho de Demiurge, fizeste muito malem incomodar meu local sagrado! –brada Mictlantecuhtli. – Não podereiperdoá-lo por todo o mal que causastea meus seguidores e também a todo oImpério Asteca! Desejarás nunca ter

pisado nestas terras esquecidas porParadísia!

No momento em que Mictlantecuhtli levanta-se do trono com um machado de jade com símbolosastecas, Vahuuxiah aparece rapidamente à suafrente, arremessando-o com violência contra umadas paredes que o retratavam se banqueteando comprisioneiros de guerra dilacerados. A parede desabasobre o deus da morte, que demora apenas algunssegundos para se reerguer das ruínas.

- Maldito escravo celestial! Morrerásagora sob o poder de meu MachadoTlamezet! – mal o arkanita ergue-separa investir contra o mestre secretoda Ordem da Era de Aquário, a mãoque portava o machado é dilaceradapor um feixe de luz saído dos olhosde Vahuuxiah.

Mictlantecuhtli percebe que seu poder não épáreo para este Anjo milenar, que não diz uma únicapalavra. Porém, o deus da morte sabe que há aindaoutros seres que podem vencer este Anjo,principalmente se ele for atacado de surpresa. Talataque deveria ser rápido e preciso, exatamentecomo foi quando Goghiel apareceu das sombras eperfurou com suas duas espadas curtas o tórax deVahuuxiah.

Mesmo com a intenção de gritar para seusasseclas da Ordem da Era de Aquário, ele não écapaz de emitir som algum, devido ao Ritual deVassalagem Silenciosa realizado pelo Filho a elequando lhe foi concedido o comando da Ordem daEra de Aquário. Mictlantecuhtli sorrisarcasticamente para tal evento, mas de alegria elepassa para o desespero: ele AINDA é um arkanita,e Anjo algum permite que arkanitas continuemvivos...

Goghiel agarra o rosto de Vahuuxiah ecomeça a respirar o ar entre os dois rostos, como seaspirasse a essência do Anjo do Silêncio. Umaenergia dourada começa a migrar da boca, narinas,olhos e ouvidos de Vahuuxiah diretamente para aboca de Goghiel, que absorve todo o poder divinodo antigo mestre da Ordem da Era de Aquário, agoraum cadáver carcomido e encolhido no centro da salacentral de Mictlantecuhtli. Goghiel retira o mantosagrado de Vahuuxiah e o veste, cobrindo sua facecom as sombras do ocultamento. Mictlantecuhtli oobserva com grande pavor, mas o Elim o olha comdesprezo, vira-se de costas e parte, convocandotodos os Anjos da Ordem da Era de Aquário comum sinal luminoso. Mictlantecuhtli nada entende,mas corre para salvar os arkanitas e os humanosmassacrados nas áreas próximas.................................................................................................................................................................

Jerusalém, Terra

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Yviel e seu grupo junto aos dois Corpores eEriel surgem dentro de uma grande mansão de umantigo israelense servo de Dagon, cuja famíliamantém-se fiel à tal Ordem desde o tempo dosFilisteus, de quem é descendente. Tal espaço é maisque suficiente para o Ritual profano que está paraacontecer. No centro da sala dos Rituais, pouco maisde uma centena de Magos tanto da Ordem de Dagonquanto da Sagrada Ordem dos Magos estáposicionada para realizar um único ritual que abriráas portas do Inferno. Não exatamente as portas doInferno, como eles acreditam, mas simplesmentetrará de volta as Legiões demoníacas do Reich devolta com a Fênix Negra, além de despertar doisgrandes tenebritas ainda adormecidos no fundo doPacífico.

- Pessoal, meu poder de pacificaçãopode ajudar um pouco, mas o nível decorrupção aqui é forte demais, e logomeu poder será sobrepujado! – explicaYviel.

- Então deveremos atacar todos aomesmo tempo pontos diferentes demodo a causar pânico em todos eles einterromper de vez este Ritual. –sugere Eriel.

- Sim! – concorda Ubeel. – Vêemaquele ali no altar? Aquele é o últimodos três deuses negros despertos emMetrópolis! Deveremos atacar a todos,e deixá-lo para o final! A não ser, éclaro, que queiram deixar para mim oserviço de atrasá-lo um pouco...

- Prefiro que façamos esta balbúrdiaantes e acabemos de vez com o Ritual,para depois nos preocuparmos com odeus negro! – Yviel dá o veredictosobre a estratégia. – Devemos arranjarum modo de resgatar aquela moça aliacorrentada ao altar de pedra.Provavelmente é mais uma virgemdestes rituais de bruxaria...

- Não – Mevosiah a fita com pavor –,ela não é mais virgem... Ela estágrávida!

- Como você sabe, Mevosiah? –pergunta Cibele.

- Eu sou o pai da criança no ventre dela!– confessa Mevosiah.

Após um bom tempo calados e espantados,Heluel é o primeiro a recobrar a fala:

- Mas Mevosiah, você acaba de rompero pacto do Demiurge! Você nunca maispoderá voltar à Cidade de Prata!

- Eu sei disso – Mevosiah conforma-se–, mas não consegui suportar a paixãoque havia em mim quando conheciPaola... Atualmente, não mais

condeno a Segunda Falange por descere gerar seus filhos com as humanas: oamor que existe entre dois seres é algomágico e divino, que superou minhafé cega em Demiurge! Não me importameu destino, só quero que Paola e meufilho sejam salvos!

- Illyah e Antares – Yviel percebe agravidade da situação e traça umarápida estratégia para agir sem maisdelongas –, teleportem a humana paralonge daqui, de preferência um terrenocom grande energia sagrada! Cibele eEriel, causem explosões e destruiçãoà volta para afastar os cultistas!Mevosiah, Heluel e Ubeel, eliminemqualquer criatura dos planos inferioresque apareça entre os cultistas.Enquanto isso, irei usar meu poder depacificação para desnortear as açõesdo deus negro por um certo tempo, atéele identificar minha presença e minhalocalização! Vamos agora!

Com a palavra de comando de Yviel, todosrumam determinados a cumprir suas missões damaneira mais eficaz e perfeita possível, de modosincronizado. Logo que Cibele e Eriel desprendemsuas energias de destruição, uma tempestade de raiossurge no teto na mansão, atingindo aleatoriamentediversos pontos da sala dos rituais, enquantoventanias fortíssimas derrubam cultistas emobiliário, gerando grande pânico em segundos.

Heluel e Ubeel pousam em meio aoscultistas, derrubando os humanos sem feri-los,enquanto dilaceram os poucos Daemons,Hellspawns e Íncubos que tentam atacá-los.Mevosiah flutua poucos metros acima da multidão,procurando pelos seres sobrenaturais que poderãoser eliminados pelo Captare e pelo Ophanim. O deunegro Jxidfaf move-se para atacar o Corpore, massente seus movimentos atrapalhados por uma forçaexterna, que ele ainda não percebe ser de Yviel.Illyah e Antares surgem ao lado do deus negro pararesgatar Paola, mas são imediatamente levados aochão com um grito ensurdecedor de Jxidfaf. Illyahlevanta-se e teleporta-se junto com Paola, masAntares é agarrado pelo deus negro cujo epíteto éCarnívoro da Lua Sangrenta. Jxidfaf abre umabocarra em seu tórax, liberando dezenas detentáculos com bocas dentadas que envolvem o Anjocapturado. Em segundos, todo o corpo doparadisiano é quebrado e engolido pela bocarra.

- Antares! – Eriel se assusta, voando emdireção ao deus negro. Uma espadamontante feita de chamas surge dasmãos de Eriel, para que ele possaatacar o deus negro.

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Assim que o mensageiro de Miguelaproxima-se do deus negro, surge uma clava feitade fogo e sombras nas mãos do deus negro, que ausa para defender-se do ataque. Com os cultistasmortos, incapacitados ou foragidos, Cibele voa paraauxiliar Eriel. Alguns Espectros de grande poderainda resistem aos ataques de Heluel e Ubeel,enquanto Mevosiah não sabe mais como agir. Yvielsai de seu esconderijo e parte para o ataque contraJxidfaf, mas nota a seu lado o próprio Goghiel,olhando para ele e negando com a cabeça asintenções do Hayyoth. Yviel concentra-se parapacificar o espírito bélico do Mestre Elim, mas oConquistador o agarra pelo pescoço e o bate contrauma parede, ferindo-o gravemente.

Goghiel levita lentamente em direção ao altoda sala de rituais com Yviel segurando pelo pescoço.Do alto, Goghiel arremessa o Hayyoth contra Heluele Ubeel, ferindo ainda mais Yviel e atrapalhando oCaptare e o Ophanim. Goghiel concentra sua energiapara realizar o mesmo ataque da catarata de prataque mutilou o braço esquerdo de Miguel, paraeliminar de uma vez todos os Anjos da área. Jxidfafrecolhe-se para o altar onde Paola estava deitada,de modo que Cibele e Eriel nada entendem. Erielnota a iminência do ataque devastador doConquistador, e fecha o punho esquerdo em frentea seu peitoral, entoando uma oração a Demiurge.Imediatamente, o coração de Eriel brilha atravésde sua carne e pele, como o coração flamejante dasimagens de Jesus. O servo de Miguel voa em direçãoa Goghiel.

No momento em que Goghiel inicia seuataque aniquilador, o Elim nota que suas energiassão atraídas irresistivelmente em direção a Eriel,enquanto Eriel continua seu vôo em direção à morte.Yviel nota o ataque suicida de Eriel, e voa para tentarimpedi-lo. Sem atingir a velocidade suficiente paraalcançar o Protetore e o Elim, Yviel observarelutantemente a morte de Eriel, cujo corpo foidilacerado pelas energias destruidoras de Goghiel.Quando o corpo frágil de Eriel despenca em direçãoao chão, Yviel o pega nos braços em seu vôo.

- Eriel, porque você atraiu todo o ataquede Goghiel para você?

- Yviel, vossa missão ainda nãoterminou. Vós preciseis acabar com osplanos deste blasfemador, e salvar aOrbe do Apocalipse! Devo pedir operdão teu e de teus companheiros,pois nestes poucos dias vós meprovastes serem mais merecedores deviver na Cidade de Prata que qualqueroutro Anjo. Vós nunca deixastes alealdade ao Grande Arquiteto, mesmoquando vos vistes abandonados peloConselho. Tal nobreza raramente forapresenciada, e sinto-me honrado em

tê-la visto em todos vós! – Erieltermina a frase e falece.

- Meros macacos alados! – Goghieldirige-se a todos os Anjos. – O nívelde poder de vocês nunca chegariapróximo do meu! Este escudeiropatético de Miguel nunca me agradou,e teve a morte que todos terão no Diado Julgamento, que se iniciará hoje!Admito que os atos deste grupo deAnjos renegados são memoráveis, epor isso mesmo lhes presenteei com oMachado Tlamezet, de meu aliadoMictlantecuhtli! O próprio ato que osexpulsou da Cidade de Prata foiindiretamente causado por mim, umavez que os induzi a exterminar aquelegrupo de Hellspawns em busca deredenção, mesmo que as ordens doConselho tenham sido de mantê-losvivos. Mas não me odeiem: alguns devocês podem agora saber o querealmente é o livre-arbítrio, e o que éo Amor! – Goghiel termina a fraseolhando para Mevosiah, que não sabecomo reagir.

- Já retiramos a vítima do ritual daqui,Anjo Caído! – brada Ubeel. – Nadamais ocorrerá aqui, e logo a Cidadede Prata tomará conhecimento de seusatos, no mínimo prendendo-o emDudael junto aos outros Anjosrebeldes!

- Pouco me importa que o ritual daSagrada Ordem não tenha sido efetivo– Goghiel aproxima-se de Jxidfaf comsua levitação –, mas o MEU ritualainda não se completou!

O Mestre Conquistador cria uma lâmina deenergia celestial feita com o próprio contorno desua mão direita. Rapidamente Goghiel perfura oabdômen do deus negro deitado no altar, que nadafaz para defender-se. A energia decadente do deusnegro começa a jorrar do ferimento, misturada coma energia celestial que também jorra, da essênciade Antares, engolido pelo deus negro.

As energias da decadência se entrelaçam comas energias angelicais, criando um ponto que eliminaas barreiras astrais que separam os planos, destemodo abrindo um portal por onde poderia passaruma baleia. Ou um deus-baleia.

Goghiel vislumbra o portal com grandesatisfação, enquanto os Anjos de Yviel desesperam-se, ainda mais quando o portal revela-se um olhoque se abre. Todo o tempo fora da sala dos rituais éparalisado, como se a Ampulheta Romana tivessesido acionada. O olho move-se lentamente, olhando,um a um, todos os seres presentes.

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- Goghiel, o ritual foi eficaz! – uma vozmuito grave sai do olho-portal. – Antesde mais nada, me explique qual a razãode minha invocação.

- Grande Leviathan – Goghiel malconsegue guardar a alegria –, eu oinvoquei no intuito de adiantar a dataem que o dragão-baleia decidiriaengolir a Terra e assim ativar todo oJuízo Final! Com isto, meu amadoDemiurge eliminaria de uma única veztodos os seres impuros e que nãomerecessem continuar vivendo naOrbe que lhe pertence!

- Você vem arquitetando este plano háséculos, não é, Conquistador?

- Sim. Visitei os PergaminhosAkáshicos e descobri todas asinformações necessárias parafinalmente invocá-lo e deixar todos ospontos da Orbe em estado de alerta.Megiddo está repleto de demônios,anjos e celestiais aasgardianos, osTzitzimime de Mictlantecuhtli estão aponto de serem soltos na Terra, o novoEscolhido surgiu na Terra, e logonascerá sua contraparte para eliminá-lo!

- Todo este plano de destruição surgiuapós conversar comigo, não?

- Sim, claro! Sua conversa me fezpensar em qual seria meu propósitoverdadeiro, para o qual nasci. Sou umConquistador, e com isso devo agircomo uma extensão do Demiurge,eliminando todas as resistências contraa Cidade de Prata! A melhor ocasiãode eliminar os fracos de espírito seriao próprio Juízo Final, então decidi quemeu propósito na Orbe seria trazer estefatídico dia!

- Para que o Juízo Final aconteça, eudevo surgir na Terra para devorá-la,certo?

- Sim, engolidor de mundos!- E o que o faz pensar que o fato de um

portal ser aberto a mim é suficientepara me impelir a devorar a Terra forado dia em que eu decidir?

- Mas... Eu pensei que meus atos jáestariam ligados à sua vontade...

- Engana-se, Elim! O que você faz oudeixa de fazer não é capaz nem mesmode forçar um edhênico a piscar! Umsimples ser unicelular em meio a umoceano de seres vivos é a diferençaentre você e um ser como eu! O diaem que devorarei a Terra ainda não

chegou, e seus esforços nada meprovaram da necessidade de devorara Terra neste momento! Seu propósitocontinua indefinido, após milênios!Matança, conspiração, traição,ludíbrio e insurreição marcaram todosestes séculos de sua existência!

- Não! Tudo o que fiz foi em nome deDemiurge! Os seres que morreramtiveram este fim para uma causa aindamaior...

- ... que é causar esta conversa em queeu afirmo que seus esforços foram emvão? Ora, Goghiel, seu inimigoHagadiel pecou menos contra osMandamentos que você! Hoje, afirmoque sua existência foi em vão, seusatos foram inúteis e sem modificar aOrbe! Uma rebelião aqui e ali sãodiariamente criadas, e criaturas comoestes Anjos liderados por Yvielseguem uma simples premissa: mantera paz. Insignificantes, estes Anjosatuam em pequenos pontos ecooperam com toda a harmonia doUniverso, sendo assim peçasfundamentais para a ordem! Você,decidido a atuar como um dos grandesseres da Orbe, nada mais fez quedespertar minha raiva e matar umpunhado de outros seres tãoinsignificantes como você! Um rasgona malha harmoniosa de Satânia, é oque você representa! Tal rasgo deveser eliminado, para que não aumente!Volte ao caldo primordial, e até nuncamais, Elim!

Tão simples como foi quase cinco milêniosantes, Goghiel torna-se luz pura, seguida de um gritode desespero. Segundos depois, toda a essência doAnjo deixa de existir. Yviel e seus companheirosnão sabem como reagir, mas sentem que o ambientevolta a fazer parte da Terra, e o tempo correnormalmente dentro e fora da sala de rituais.

- Anjos da Cidade de Prata, lhescongratulo pela coragem demonstradaem toda a sua essência! A Cidade dePrata cometeu um grande erro aoexpulsá-los da cidade, mas Demiurgeestá acima do Conselho, e sabe o queacontece com cada um de seus filhos,independente de quem seja ou quandotenha surgido. No Dia do Juízo, vocêsestarão novamente junto dele, edeverão me enfrentar! Quando este diachegar, espero ter a satisfação deexterminar servos fiéis a Demiurgecomo vocês! Até o Apocalipse,

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paradisianos! – o olho-portaldesaparece, assim como o corpo dodeus negro Jxidfaf.

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Dhaka, Bangladesh, 4 dias depois

O pequeno Maitreya levanta-se da rua, dáalguns tapas para tirar a sujeira do chão em suasroupas e continua seu caminho tranqüilamente, semrancor algum do carreiro que o empurrou para acalçada daquela forma rude. Afinal, o carreiro temclientes em sua liteira, e ele próprio a puxa, sem oauxílio de nenhum boi ou cavalo; um garotodistraído à sua frente só representa um empecilhopara que ele chegue a seu destino com os clientesem perfeito estado.

O menino percebe o “deja vu” deste evento,notando que nada mudou em sua terra. Osvendedores, habitantes da vila, o elefante branco,tudo está lá. Porém, o elefante branco não fala mais,nem age com mais simpatia por ele. Maitreya possuiapenas resquícios de todo aquele conhecimentocósmico que adquirira tempos atrás. Nomes, locaise datas foram escondidos em sua mente, e Maitreyasabe que só serão revelados novamente quando oJuízo Final realmente chegar.

Nenhum dos dons especiais que o meninorealizou há dias está disponível para ele; o meninosequer lembra-se do que era capaz de fazer! Seusdefensores celestiais não estão mais a seu lado,perdidos pela Orbe, embora ele obviamente nãosaiba desta informação.

O garoto olha o céu estrelado, e aquela luacrescente enorme no alto do céu o faz se lembrarque era sua vez de pegar as galinhas no galinheiropara o jantar do dia. É nestas horas que ele desejavapossuir uma bicicleta, como a que se pai usa paracarregar lenha nas entregas aos fazendeiros ecomerciantes de Dhaka e proximidades. Maitreyaaperta o passo e finalmente alcança sua vila, comseus vários irmãos o esperando para arrumar a mesae as oferendas desta dia aos espíritos da floresta.

Nos galhos mais altos das árvores destafloresta temida pelos habitantes da vila, quatrofiguras mantém-se camufladas observando o meninoseguir o curso de sua vida normalmente, como semais nada houvesse além dos limites desta florestae de Dhaka. Como uma típica criança da região. Olíder, Yviel, sorri satisfeito.

- Está tudo em ordem! – diz Yviel. –Acredito que logo o verdadeiroApocalipse surgirá, e este meninonovamente se tornará o pilar central,foco das forças da destruição e daordem!

- É verdade, Yviel! – Heluel concorda,embora com um ar preocupado. –

Salvamos o Escolhido de uma ameaçamultiplanar, auxiliamos diretamente ogrande Arcanjo Miguel, ajudamos naderrota de uma das maiores ameaçasinternas que a Cidade de Prata jápossuiu... Mas estamos na mesma!Não podemos voltar à Cidade de Prata,nem adquirimos o perdão doConselho! Tanto esforço e nenhumreconhecimento!

- Engana-se, meu amigo! – Ubeel ointerrompe, surpreendendo a todos. –Não ouviu o que o Engolidor deMundos nos disse? Demiurge estáconstantemente olhando por nós, emcada passo e cada pensamento nosso!Pouco importa se um ponto na Orbenão nos aceita entre eles, nossaessência está repleta da energiabenevolente do Grande Arquiteto enenhuma decisão ou ato burocráticodo Conselho poderá dizer o contrário!Antes ser um dedo de Deus na Terra aser um lacaio do Conselho na Cidadede Prata!

- E quanto a Miguel? E Mevosiah? –pergunta Illyah, a nova integrante. –Mevosiah não será caçado por gerarum filho? E a confiança de Miguel emvocê não seria capaz de nos recolocarna Cidade de Prata caso você oprocure? Ficaremos como heróisdesconhecidos, simples agentessecretos da Cidade de Prata?

- Illyah, certos segredos precisamcontinuar secretos... – Yviel termina aconversa, percebendo a aproximaçãode um ponto luminoso que seaproxima deles. O ponto toma formahumana, mais precisamente de umcorpo feminino.

- Chefinho! – Cibele surge da luz. –Xheol pede ajuda! Algo a ver com oMercado de Almas do Oriente, e odinheiro do Inferno!

- Certo, Cibele! Vamos, meuscompanheiros! – Yviel inflama oscorações de sua equipe, como somenteum verdadeiro líder faria. – Illyah,próxima parada: Cingapura!