Revista Batista Pioneira v. 2, n. 2, dezembro/2013

EsclarEcEndo dificuldadEs bblicas dos EvangElhos sinticos

MARTINS, Jaziel Guerreiro. Como entender

os textos mais polmicos da Bblia: evangelhos

sinticos. Curitiba: A. D. Santos, 2011. 144 p.

por Claiton Andr Kunz1

O professor Jaziel Guerreiro Martins, mestre em Teologia pela Universidade

de Birmingham (Inglaterra) e doutor em Cincias da Religio pela Universidade

Metodista de So Paulo, apresenta aos leitores a sua contribuio aos estudos do

Novo Testamento, especificamente sobre os Evangelhos Sinticos, propondo-se

a esclarecer textos que apresentam certas dificuldades para a compreenso e que

muitas vezes so tidos como polmicos. Esta a primeira de uma srie de obras que

pretendem abranger todo o Novo Testamento.

No primeiro captulo, o autor trata da data do nascimento de Jesus Cristo. Aborda

tanto a questo do ano quanto da data, 25 de dezembro. Com inmeras informaes,

procura demonstrar que as tradies que se formaram no decorrer da histria do

cristianismo ao redor destas questes so errneas e no podem ser comprovadas.

1 O autor Doutor em Teologia e graduado em Filosofia. diretor, coordenador acadmico e professor da Faculdade Batista Pioneira e professor convidado do Mestrado Profissional em Teologia da Faculdade Teolgica Batista do Paran. E-mail: claiton@batistapioneira.edu.br

Este artigo parte integrante da

Revista

Batista PioneiraBblia,Teologia e prtica

impresso: ISSN 2316-462X online - ISSN 2316-686X

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No captulo seguinte, o autor trata da Estrela de Belm: que astro era esse? So

apresentadas possibilidades para a apario que os Magos do Oriente viram. Seria

um cometa, uma supernova ou um movimento do planeta Jpiter? Com dados da

Astronomia procura-se discutir o assunto, concluindo-se que assim como houve

revelao aos judeus (pastores) tambm houve revelao de Deus aos gentios por

meio da Estrela de Belm.

O captulo trs refere-se aos Magos do Oriente: mitos e realidade. Aborda

questes como quem eram os magos, em que nmero vieram e em que poca da vida

de Jesus eles o visitaram.

No captulo seguinte, Martins aborda por que Jesus tratou a estrangeira como

um cachorro? referindo-se ao texto relatado por Mateus (15.21-28) e Marcos (7.24-

30). O autor estuda minuciosamente a enigmtica expresso de Jesus No bom

tomar o po dos filhos e lan-lo aos cachorrinhos.

Mais adiante, questiona-se por que Jesus conseguiu curar o cego s em etapas?

Seria o caso da cura imediata prejudicar de alguma forma a viso do homem ou ser

que Jesus no teve poder suficiente para curar o homem numa s vez? Ao abordar estas

perguntas, o autor conclui que talvez tenha sido uma lio aos discpulos retratando

a experincia espiritual deles. Seria assim uma espcie de ao parablica/simblica.

No captulo seis, o tema igualmente provocante: Havia um galinheiro na casa

de Ans e de Caifs? Que galo cantou quando Pedro negou Jesus se no havia galos

naquela regio? Diferentemente de como geralmente aceito pelo senso comum,

de que uma ave participou do evento, o autor argumenta a partir dos nomes das

viglias noturnas. Informa que o toque da trombeta das trs horas da manh chama-se

gallicinium (latim) e alektorophonia (grego), significando o canto do galo.

No captulo seguinte, o autor pergunta-se: por que a genealogia de Jesus

diferente em Mateus e Lucas? As diferenas so muitas e facilmente perceptveis na

tabela elaborada pelo autor, que colocou os nomes lado a lado. A concluso que duas

listas com pontos de partida diferentes so utilizadas. Em Lucas, parte-se de Maria,

mostrando que Jesus era o herdeiro natural do Reino atravs do nascimento milagroso

por meio da virgem Maria. Em Mateus, Jesus o herdeiro legal na linhagem masculina

descendente de Davi, por meio do pai adotivo, Jos.

Mais adiante, Martins aborda sobre por que o Esprito Santo levou Jesus para

ser tentado pelo diabo no deserto? Alm de tratar sobre o local da tentao e a

possibilidade ou no de Jesus ser tentado e pecar, finaliza com uma bela exposio

sobre as trs tentaes.

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No captulo nove, aborda-se sobre o que Jesus quis dizer com o camelo e a agulha?

So apresentadas e refutadas as alternativas que procuram minimizar a dificuldade de

um rico entrar no Reino de Deus. Argumentando que agulha era realmente uma

agulha e que camelo era realmente um camelo, o autor conclui que o ensino de Jesus

significa que para qualquer pessoa, rica ou pobre, impossvel entrar no Reino de

Deus, e que isso somente possvel para Deus.

No captulo seguinte, tratada a questo: como explicar trs dias e trs noites se

Jesus morreu na sexta e ressuscitou no domingo? Diferentes propostas so analisadas:

Jesus teria morrido antes da sexta para fechar os trs dias? Jesus teria morrido na

sexta, mas o mtodo utilizado seria o da contagem inclusiva? Ou o significado de

trs dias e trs noites outro que o natural? O autor argumenta em favor da contagem

inclusiva, mostrando que era comum se fazer isto naquela poca.

Finalmente, no ltimo captulo abordada a blasfmia contra o Esprito Santo.

Um dos textos bblicos mais complexos e mais mal interpretados analisado luz de

outras passagens, procurando elucidar a questo.

A obra como um todo um excelente exerccio de reflexo sobre temas nem

sempre abordados ou que so analisados de forma superficial. Obviamente, no trata

de todos os textos polmicos dos evangelhos sinticos, mas uma boa amostra do

que deve ser feito ao deparar-se com um texto difcil. provocante na sua forma e,

como est registrado na contracapa, ningum obrigado a concordar com o autor;

mas todos so convidados a debater com ele. Sugere-se apenas que a ordem dos

textos abordados poderia obedecer a ordem cronolgica dos acontecimentos, o que

didaticamente seria melhor. Finalmente, a obra extremamente relevante para o

estudo da Bblia, lembrando que o primeiro de uma srie de livros. recomendado a

qualquer estudante leigo ou acadmico dos textos sagrados.