Escoceses voadores
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» MARINA SEVERINO
“Você não pode mais tocar aquela batida, faça outra
coisa!”, ironizou Alex Kapranos, líder do quarteto
escocês Franz Ferdinand, ao baterista Paul Thom-
son, após uma reunião, em 2007, que definiu o fu-
turo da banda. A batida em questão, da música Take me out,
marcou a trajetória do grupo e influenciou uma geração de ro-
queiros na última década. Para não cair na mesmice, eles deci-
diram transformar o próprio som. O resultado foi registrado em
Tonight: Franz Ferdinand — CD lançado em 2009 que originou
a turnê homônima que chega ao Brasil em março, com show
em Brasília no dia 21.
A banda começou tirando parte dos marcantes solos de
guitarra e transferindo para bases de baixo e sintetizadores.
Mas foi com experimentações acústicas que, de acordo com
o guitarrista e vocalista Nick McCarthy, o álbum ganhou
charme. “Decidimos ficar um tempo em Glasgow (Escócia),
nossa cidade natal, para nos concentrarmos no projeto.
Alugamos um prédio da antiga prefeitura, que estava vazio,
era barato e podíamos usar o tempo que fosse preciso, e
transformamos em um estúdio. Era fantástico. Podíamos gra-
var em diversos lugares diferentes, cada espaço provocava
um som”, detalhou à reportagem do Correio.
O auditório foi adaptado para o estúdio, enquanto outras salas
eram improvisadas para experimentações. Algumas peculiarida-
des e esquisitices se tornaram marcas que permeiam o CD. O eco
gerado pelas paredes de tijolos do porão, por exemplo, possibili-
tou o peso punk em What she came for; enquanto o som de cho-
que entre ossos humanos, comprados por McCarthy em um lei-
lão, substituíram a percussão no refrão de No you girls. Para com-
pletar diversas faixas, um microfone pendurado no teto, em mo-
vimento pendular, registrou a reverberação dos solos de guitarra
que saíam das caixas de som.
Naquele “quartel-general secreto”, eles tiveram o auxílio do ex-
periente produtor Dan Carey, conhecido pelas parcerias em mú-
sicas de Kilye Minogue, Hot Chip e Sia Furler. Mas no palco, as
coisas prometem ser menos experimentais e mais rock’n’ roll. “Ali
é guitarra, bateria, baixo, teclado e, pra modernizar, um pouco
dos sintetizadores. Não vamos repetir o novo CD, nosso objetivo
é fazer as pessoas se divertirem. Claro que nos apoiamos tam-
bém em bom trabalho técnico, com sons e luzes, mas confiamos
mesmo é no nosso diálogo com o público”, garante McCarthy.
Entre lembranças saudosas de Glasgow, onde comparti-
lharam um efervescente cenário musical com Belle & Se-
bastian, Travis e The Frattellis, e histórias de turnês, McCar-
thy adiantou que já existem músicas para um próximo ál-
bum. “Escrevemos algumas coisas, mas agora não é hora de
pensar nisso”, ponderou. “Queremos mesmo é mostrar esse
trabalho que nos deixou muito satisfeitos.”
Bênção de Bono
A sintonia entre os escoceses e fãs
brasileiros tem sido intensa, alimen-
tada três vezes em passagens do gru-
po pelo país. A primeira ocorreu sob a
benção de Bono Vox e o U2, que trou-
xeram o Franz para abrir shows em
São Paulo em 2006. Eles voltaram no
mesmo ano para uma apresentação
na casa de shows Fundição Progresso,
no Rio de Janeiro, e em setembro de
2009 para uma pequena apresentação
pré-turnê no clube The Week, em São
Paulo. Existem, de acordo com Mc-
Carthy, fãs que batem carteira em to-
dos os shows, mas nada comparado
com “uma fã americana, muito rica ou
muito louca, que perseguiu a turnê
em todo os Estados Unidos.”
Em Brasília, a multidão que deve lotar
o Marina Hall em 21 de março mistura as-
síduos frequentadores de shows e fãs an-
tigos que vibraram com a primeira opor-
tunidade de ver os ídolos ao vivo. Como o
servidor público Moisés Coelho, 26 anos,
que desde 2004, ano de lançamento do
primeiro álbum da banda, espera a chan-
ce de ir a um show dos escoceses. “Quan-
do ouvi Take me out pela primeira vez, lo-
go procurei o CD. Gosto porque eles fa-
zem excelentes canções pop — no me-
lhor termo do sentido. Não foi à toa que
se sobressaíram a tantas bandas que
estouraram no mesmo período, como
Kaiser Chiefs e Bloc Party”, acredita.
Moisés, que aguardava com ansie-
dade a vagarosa confirmação do show,
prometido em novembro de 2009, com-
prou seu ingresso poucos dias após o
anúncio das vendas, iniciadas em 9 de
fevereiro. Agora, resta levar março com
paciência, seguindo a cartilha do bom fã: decorar as músi-
cas e reservar muita energia — desta vez, sem precisar viajar
centenas de quilômetros para conferir os shows no Rio de
Janeiro ou em São Paulo.
C M Y K C M YK
www.correiobraziliense.com.br
Ouça trechos de três músicas de Tonight: Franz Ferdinand
Veja video com mensagem de Alex Kapranos para o público brasiliense
EEddiittoorr:: José Carlos Vieira
[email protected]@dabr.com.br
3214 1178 • 3214 1179Diversão Arte&&
ESCOCESESvoadores
Cultuado por ditar o ritmo do rock na
última década, o quarteto FFrraannzz FFeerrddiinnaanndd
promete mostrar a nova fase da banda em
seu primeiro show em Brasília
A Franz foi uma das primeiras
bandas a trazer para o
mainstream essa releitura do
disco-punk que tomou forma na
década passada. Fizeram isso
com um estilo que, embora não
fosse completamente inédito, se
tornou identidade da banda.
Lançaram músicas que
funcionaram quase como hits
instantâneos para as pistas,
sempre dançantes, e com
sensibilidade pop.
VViittããoo MMiilliioonnáárriioo,,
DDJJ ((IInnddiieecceenntt MMuussiicc))
Eles têm influência importante
na música, muitas bandas
mudaram o jeito de tocar, seus
timbres e baterias, por causa do
som deles. O Franz me chamou
atenção pelas guitarras, seus
timbres e linhas com boas
combinações; algo similar
com o que a gente tenta fazer
na Tiro Williams.
MMoorraaeess,, vvooccaalliissttaa
ddaa bbaannddaa TTiirroo WWiilllliiaammss
Tomei contato com o trabalho
deles ao ouvir músicas na
balada e, como são muito
dançantes, se tornaram parte do
meu set. This fire, minha
favorita, se destaca pela
conotação e brincadeira da letra.
Em Tonight, eles deixaram as
guitarras de lado, se ligaram
nos sintetizadores e
continuaram bons.
AAlleessssaannddrraa ddooss SSaannttooss,, DDJJ
((CCaannsseeii ddee SSeerr CCuulltt))
O Franz Ferdinand é uma das
melhores bandas da atualidade.
No meio de tantos estilos
diferentes, eles conseguiram
produzir um som marcante e
original, unindo o rock dos anos
1960 aos 2000 de forma
brilhante. Guitarras gritadas, voz
suave e baterias dançantes para
tocar uma noite inteira.
ZZéé MMeennddeess,, vvooccaalliissttaa
ddaa bbaannddaa TThhee PPrroo
» Por que ir ao show?
Músicos de Brasília influenciados pela banda
destacam o que a grupo de Glasgow tem a oferecer
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
FRANZ FERDINAND BRAZIL TOUR 2010Em 21 de março, às 19h, no Marina Hall. Segundo lote de
ingressos a R$ 140 e R$ 70 (meia). Pontos de venda:Ingresso.com.br, Mormaii (dinheiro) e Lojas Americanas
(cartão). Não recomendado para menores de 16 anos.
“Gosto de Franz Ferdinand
desde a estreia, quando
lançaram Take me out e
This fire, e venho
acompanhando a carreira
deles. A apresentação de
uma banda desse porte em
Brasília é imperdível, tanto
que até alguns amigos de
outras capitais estão
pensando em vir. O pessoal
está animado, e acho que a
banda será contagiada por
toda essa energia!
Ricardo Bortoli, 22 anos,
estudante
EU VOU...
Fotos: Sony Music/Divulgação;Alex Matos/Divulgação;Rafael Bilico/Divulgação;Daniel Farias/Divulgação;Zuleika de Souza/CB/D.A Press;Rafael Dourado/Divulgação