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CONHECENDO

CONHECENDO

A

E SUA

FILOSOFIA

Novembro de 2010

ndice

3Avaliao da XXXI COMEERJ que vai ao encontro do projeto Educativo da Escola da Ponte

3Escola da Ponte Histria e Conceituao

6Escola da Ponte: Desconstruir para construir

7Projeto Educativo da Escola da Ponte

10PROJETO FAZER A PONTE RESUMO METODOLGICO

13METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAO E SUAS ETAPAS

Avaliao da XXXI COMEERJ que vai ao encontro do projeto Educativo da Escola da Ponte

Mais tempo para discusses

Acredito que h muitas discusses profundas que no podem ir a diante devido ao curto espao de tempo. Talvez priorizar a qualidade das discusses ao invs da quantidade de atividades seja melhor

Realizar atividades que criem oportunidade para que elas pensem no que esto fazendo (ex: Jardim Sensorial)

Manter a pesquisa na prxima COMEERJ

Autonomia e criatividade ao jovem

Estudo - Orientar o jovem a ser mais autnomo.

Estudo - Atividades onde os jovens criem e interajam entre as faixas etrias Msica - No foi to bom como no ano passado porque criamos pouco, mas foi timo ressalto a pacincia dos facilitadores da msica.

Artes Plsticas Talvez, se fosse um tema mais livre, poderamos exercitar mais nossa criatividade.

Sei que no h muito tempo para o break, mas houve pouco espao para os jovens criarem.

Jovens no participaram como proposto. No houve liberdade de criao. Muitos estavam no break por no poder estar em outro. No havia interesse. Faltou abertura.

Achei que no foi bem distribudo as atividades, que deveria deixar criar sem uma imposio de tema e criar de acordo com o tema da COMEERJ.

A dinmica me pareceu engessada sem muita interferncia dos jovens. O resultado, enfim, foi satisfatrio, mas o processo foi entediante.

Os breaks pedaggicos poderiam ser reformulados; antigamente as propostas das oficinas de interesse me pareciam mais estimulantes.

Teatro - As peas amarradas precisamos da liberdade de criao. A todo momento fomos guiados a um formato que estava pronto, sem participao dos jovens.

Escola da Ponte Histria e Conceituao

A EBI Aves/So Tom de Negreios, popularmente referida apenas como Escola da Ponte, uma instituio pblica de ensino, localizada em Vila das Aves, no

Porto" Distrito do Porto, em Portugal.

uma Escola Bsica Integrada encontrando-se os seus alunos, antes de mais, inscritos formalmente por anos de escolaridade - do 1, 2 e 3 Ciclos do Ensino bsico -, ainda que esta diviso administrativa no se reflita nem no seu Projeto Educativo, nem no seu trabalho cotidiano. Embora a faixa etria dos alunos compreenda aproximadamente dos 5 aos 16 anos de idade, devido sua filosofia de educao inclusiva no entanto, a escola tem alguns alunos mais velhos. Atualmente (out.2006) conta com cerca de 175 alunos e 29 orientadores educativos.

A instituio surgiu na

1970" dcada de 1970, do desejo de se fazer uma escola que respeitasse as diferenas individuais dos alunos.

Em 1976, as respostas a algumas interrogaes deram origem a profundas mudanas na organizao da escola, na relao entre ela, instituio, e os encarregados de educao dos alunos e nas relaes estabelecidas com diferentes parceiros locais.

Cronologia 1976 - a instituio conta com cinco plos escolares (escolas primrias e jardim de infncia);

1980 - inaugurado um novo edifcio (tipologia: escola de rea aberta, tipo P3);

1997 - incio do processo de autonomizao relativamente ao Ministrio da Educao Agrupamento de Escolas;

2001 - indicao como "Escola Bsica Integrada" (em princpio at ao 9 ano);

2005, Fevereiro Firmado Contrato de Autonomia com o Ministrio da Educao (nica instituio a ter esse estatuto, durante muitos anos, no pas);

2005-2006 - Escola Bsica Integrada at ao 9 ano de escolaridade (3 Ciclo)

EstruturaA escola encontra-se numa rea aberta. Os alunos formam grupos heterogneos, no estando classificados, agrupados ou distribudos por turmas nem por anos de escolaridade que, na prtica, no existem. No h salas de aula, mas sim espaos de trabalho, onde no existem lugares fixos. Essa subdiviso foi substituda, com vantagens, pelo trabalho em grupo heterogneo de alunos. Do mesmo modo, no h um professor encarregado de uma turma ou orientador de um grupo; em vez disso, todos os alunos trabalham com todos os orientadores educativos.A escola est organizada por 3 ncleos:

Iniciao

Consolidao

Aprofundamento

Os orientadores esto organizados por dimenses:

Artstica

Identitria

Lingustica

Lgico-matemtica

Naturalista

Instrumentos pedaggicos Assemblia de Escola - atividade que rene todos os alunos e professores, na qual so discutidas, analisadas e votadas medidas para problemas na escola, de forma democrtica, solidria, respeitando as regras e visando ao bem comum. Definio dos Direitos e Deveres - a cada ano, os alunos decidem democraticamente, na Assemblia de Escola, os direitos e deveres que consideram fundamentais para aquele ano. Comisso de Ajuda - formada por quatro alunos nomeados para resolver os problemas mais graves colocados na Assembleia. Dois desses alunos so escolhidos pelos membros da mesa da Assembleia Geral e outros dois pelos professores. As decises dessa Comisso se guiam pelos direitos e deveres definidos pelos alunos, que se comprometeram a respeitar o estabelecido. Debate - tem carter mais informal que as Assembleias e acontece todos os dias - excetuando-se os dias de Assembleia Geral -, possuindo durao de trinta minutos. Destina-se discusso sobre o que se fez durante o dia de trabalho, atravs de jogos de perguntas e respostas. nessa ocasio que so preparadas as Assemblia.

Biblioteca - ocupa o espao comum, da rea aberta da Escola, e serve como espao de encontro e de pesquisa. Caixinha dos Segredos - local destinado ao desabafo das crianas, que ali depositam seus segredos, que muitas vezes revelam as razes da chamada indisciplina. Caixinha dos Textos Inventados - local sempre disponvel a receber as criaes textuais imaginativas dos pequenos. Eu J Sei - faz parte do objetivo de desenvolver a autonomia dos alunos, partindo do processo de auto-avaliao. A criana ento escreve seu nome numa lista, informando que j considera que aprendeu e est pronta para ser avaliada por um professor. S ento esta avaliao se processa. Eu Preciso de Ajuda - a criana estimulada a buscar todas as fontes possveis de informao que esto a seu alcance antes de pedir ajuda. Esgotando suas possibilidades, o aluno pode escrever seu nome numa das listas dispostas em diversos locais da escola. Posteriormente, um professor organiza pequenos grupos de estudo para esclarecer o assunto com quem tem dvidas. Professor Tutor - o professor tutor acompanha de perto um grupo de 8 a 11 alunos, os quais monitora o trabalho individualmente e faz reunies sistemticas uma vez por semana, mantendo tambm um contato estreito com os encarregados de educao. Grupos de responsabilidade - cada aluno e a maioria dos orientadores educativos so responsveis por algum aspecto do funcionamento da escola. Os grupos renem-se uma vez por semana para resolver alguns assuntos e elaborarem propostas para deciso em Assembleia. Algumas das responsabilidades atribudas aos grupos so:

Assembleia e Comisso de Ajuda;

Terrrio Jardim;

Clube dos Limpinhos;

Refeitrio;

Arrumao e Material Comum;

Direitos e Deveres;

Biblioteca;

Jornal;

Correio e Visitas na Ponte;

Jogos de Mesa;

Computadores e Msica;

Desporto Escolar;

Recreio Bom;

Murais, Mapas de presena e Datas de Aniversrio.

Associao de paisNo incio de cada ano, todos os Encarregados de Educao participam do encontro de apresentao do Plano Anual da escola. Ao longo do ano letivo, os projetos so avaliados mensalmente, com o contributo dos Encarregados de Educao. Em Portugal, a "Associao de Pais da Escola da Ponte" uma referncia a nvel nacional.

Bibliografia

Alves" ALVES, Rubem. A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir. Ed. Papirus. 120 p.

Pacheco" PACHECO, Jos. Quando eu for grande, quero ir Primavera. Ed. Didtica Suplegraf. 109 p.

PACHECO, Jos. Sozinhos na Escola. Ed. Didtica Suplegraf. 115 p.

PACHECO, Jos. Para Alice com Amor. Cortez Editora.

PACHECO, Jos. Escola da Ponte Formao e Transformao em Educao. Vozes Editora. Site Oficial da Escola da ponte: http://www.escoladaponte.com.pt/Escola da Ponte: Desconstruir para construir

Muitas vezes para aprendermos conceitos novos, precisamos nos despir dos velhos preconceitos. Segundo Rubem Alves, os mestres Zen eram exmios nessa prtica, pois eles primeiro desensinavam seus discpulos para que, num segundo momento, pudessem ver como nunca tinham visto.

Segundo Rubem Alves

Os mestres Zen nada ensinavam. O seu objetivo era levar os seus discpulos a desaprender o que sabiam, a ficar livres de qualquer filosofia. Para isso eles se valiam de um artifcio pedaggico a que dava o nome de Koan. Koans so rasteiras que os mestres aplicam na linguagem dos discpulos: preciso que eles caiam nas rachaduras de seus prprios saberes.

Ns somos frutos de um processo educativo baseado na compartimentalizao dos saberes, na separao por idades, e fomos condicionados a receber programas de ensino prontos e uniformes, independente da realidade que se insere...

Mas ser que a verdadeira aprendizagem se d dessa forma?

Programas de aprendizagem e receitas de bolo: qualquer coincidncia no mera semelhana

Imaginar no faz mal. Pois imagine que voc uma me das antigas. E sua filha vai se casar. Me responsvel que voc , voc a chama e diz:

Minha filha quero que voc seja muito feliz no seu casamento e para isso vou te ensinar o segredo do amor permanente. Saiba que o caminho para o corao de um homem passa pelo estmago. O casamento no se sustenta com o fogo da paixo, mas com o fogo da mesa. Vou lhe dar o presente mais precioso, o Livro de Dona Benta, centenas de receitas. Mas no s isso, vou lhe ensinar todas as receitas desse livro maravilhoso. Ditas essas palavras, voc, me, d inicio a um programa de culinria, uma receita depois da outra, na ordem certa. Cada dia sua filha deve aprender uma receita e, uma vez por ms, voc faz uma avaliao da aprendizagem. Ela deve ser capaz de repetir as receitas.

claro que isso que eu disse uma baboseira. Ningum ensina a cozinhar assim. No possvel saber todas as receitas. Por que ter que saber todas as receitas, se elas esto escritas no livro de receitas? A gente aprende uma receita quando fica com vontade de experimentar aquele prato nunca antes experimentado. O ato de aprender acontece em resposta a um desejo. Quero fazer amanh uma vaca atolada. Como que se faz uma vaca atolada, se nunca fiz? s procurar no livro de receitas, sob o ttulo Vaca atolada. A gente l e aprende porque vai fazer a vaca atolada.

Pois os programas de aprendizagem a que nossas crianas e nossos adolescentes tm de se submeter nas escolas so iguais aprendizagem de receitas que no vo ser feitas. Receitas aprendidas sem que se v fazer o prato, so logo esquecidas. A memria um escorredor de macarro. O escorredor de macarro existe para deixar passar o que no vai ser usado: passa a gua, fica o macarro. Essa a razo por que os estudantes esquecem logo o que so forados a estudar. No por falta de memria. Mas porque sua memria funciona bem: no sei para que serve; deixo passar...

Na Escola da Ponte, a aprendizagem acontece a partir de pratos que sero preparados e comidos. Por isso as crianas aprendem e tm prazer em aprender. Mas, e o programa? cumprido? Pergunta tola. o mesmo que perguntar se a jovem casadoira aprendeu todas as receitas do livro de Dona Benta...

Aceitemos um fato simples: um programa cumprido, dado pelo professor do princpio ao fim, s cumprido formalmente. Programa cumprido no programa aprendido mesmo que os alunos tenham passado nos exames. Os exames so feitos enquanto a gua ainda no acabou de se escoar pelo escorredor de macarro. Esse o destino de todo o conhecimento que no aprendido a partir da experincia: o esquecimento.

Quanto ao conhecimento que se aprende a partir da vida, ele no esquecido nunca. A vida o nico programa que merece ser seguido.

Quem navegaria num barco que s fosse direo do vento e no na que se deseja?

Quanto ao conhecimento que se aprende a partir da vida, ele no esquecido nunca.

Bibliografia:

ALVES, Rubem. A Escola que sempre sonhei sem jamais imaginar que pudesse existir. Campinas, So Paulo: Papirus Editora, 2001.

Projeto Educativo da Escola da Ponte

Sobre os valores matriciais do projeto

Uma equipe coesa e solidria e uma intencionalidade educativa claramente reconhecida e assumida por todos (alunos, pais, profissionais de educao e demais agentes educativos) so os principais ingredientes de um projeto capaz de sustentar uma ao educativa coerente e eficaz.

A intencionalidade educativa que serve de referencial ao projeto Fazer a Ponte orienta-se no sentido da formao de pessoas e cidados cada vez mais cultos, autnomos, responsveis e solidrios e democraticamente comprometidos na construo de um destino coletivo e de um projeto de sociedade que potenciem a afirmao das mais nobres e elevadas qualidades de cada ser humano.

A Escola no uma mera soma de parceiros hieraticamente justapostos, recursos quase sempre precrios e atividades ritualizadas uma formao social em interao com o meio envolvente e outras formaes sociais, em que permanentemente convergem processos de mudana desejada e refletida. A intencionalidade educativa do Projeto impregna coerentemente as prticas organizacionais e relacionais da Escola, que refletiro tambm os valores matriciais que inspiram e orientam o Projeto, a saber, os valores da autonomia, solidariedade, responsabilidade e democracia.Sobre os alunos e o currculo

Como cada ser humano nico e irrepetvel, a experincia de escolarizao e o trajeto de desenvolvimento de cada aluno so tambm nicos e irrepetveis. O aluno, como ser em permanente desenvolvimento, deve ver valorizada a construo da sua identidade pessoal, assente nos valores de iniciativa, criatividade e responsabilidade.

As necessidades individuais e especficas de cada educando devero ser atendidas singularmente, j que as caractersticas singulares de cada aluno implicam formas prprias de apreenso da realidade. Neste sentido, todo o aluno tem necessidades educativas especiais, manifestando-se em formas de aprendizagem sociais e cognitivas diversas.

Prestar ateno ao aluno tal qual ele ; reconhec-lo no que o torna nico e irrepetvel, recebendo-o na sua complexidade; tentar descobrir e valorizar a cultura de que portador; ajud-lo a descobrir-se e a ser ele prprio em equilibrada interao com os outros - so atitudes fundadoras do ato educativo e as nicas verdadeiramente indutoras da necessidade e do desejo de aprendizagem.

Na sua dupla dimenso individual e social, o percurso educativo de cada aluno supe um conhecimento cada vez mais aprofundado de si prprio e o relacionamento solidrio com os outros.

A singularidade do percurso educativo de cada aluno supe a apropriao individual (subjetiva) do currculo, tutelada e avaliada pelos orientadores educativos.

Considera-se como currculo o conjunto de atitudes e competncias que, ao longo do seu percurso escolar, e de acordo com as suas potencialidades, os alunos devero adquirir e desenvolver.

O conceito de currculo entendido numa dupla assero, conforme a sua exterioridade ou interioridade relativamente a cada aluno: o currculo exterior ou objetivo um perfil, um horizonte de realizao, uma meta; o currculo interior ou subjetivo um percurso (nico) de desenvolvimento pessoal, um caminho, um trajeto. S o currculo subjetivo (o conjunto de aquisies de cada aluno) est em condies de validar a pertinncia do currculo objetivo.

Fundado no currculo nacional, o currculo objetivo o referencial de aprendizagens e realizao pessoal que decorre do Projeto Educativo da Escola.

Na sua projeo eminentemente disciplinar, o currculo objetivo organiza-se e articulado em cinco dimenses fundamentais: lingustica, lgico-matemtica, naturalista, identitria e artstica. No pode igualmente ser descurado o desenvolvimento afetivo e emocional dos alunos, ou ignorada a necessidade da educao de atitudes com referncia ao quadro de valores subjacente ao Projeto Educativo.Sobre a relevncia do conhecimento e das aprendizagens Todo o conhecimento verdadeiramente significativo autoconhecimento, pelo que se impe que seja construdo pela prpria pessoa a partir da experincia. A aprendizagem um processo social em que os alunos, heuristicamente, constroem significados a partir da experincia.

Valorizar-se-o as aprendizagens significativas numa perspectiva interdisciplinar e integral do conhecimento, estimulando-se permanentemente a percepo, a caracterizao e a soluo de problemas, de modo a que o aluno trabalhe conceitos de uma forma consistente e continuada, reelaborando-os em estruturas cognitivas cada vez mais complexas.

indispensvel a concretizao de um ensino individualizado e diferenciado, referido a uma mesma plataforma curricular para todos os alunos, mas desenvolvida de modo diferente por cada um, pois todos os alunos so diferentes. Os contedos a apreender devero estar muito prximos da estrutura cognitiva dos alunos, bem assim como dos seus interesses e expectativas de conhecimento.

A essencialidade de qualquer saber ou objetivo concreto de aprendizagem dever ser aferida pela sua relevncia para apoiar a aquisio e o desenvolvimento das competncias e atitudes verdadeiramente estruturantes da formao do indivduo; a traduo mecnica e compartimentada dos programas das reas ou disciplinas curriculares em listas inarticuladas de contedos ou objetivos avulsos de aprendizagem no conduz valorizao dessa essencialidade.

O envolvimento dos alunos em diferentes contextos scioeducativos e a complementaridade entre situaes formais e informais favorecem a identificao de realidades que frequentemente escapam s prticas tradicionais de escolarizao e ensino.

A avaliao, como processo regulador das aprendizagens, orienta construtivamente o percurso escolar de cada aluno, permitindo-lhe em cada momento tomar conscincia, pela positiva, do que j sabe e do que j capaz.

Acompanhar o percurso do aluno na construo do seu projeto de vida, tendo conscincia da singularidade que lhe inerente, impe uma gesto individualizada do seu percurso de aprendizagem.

A diversidade de percursos possveis dever no entanto acautelar o desenvolvimento sustentado do raciocnio lgico matemtico e das competncias de leitura, interpretao, expresso e comunicao, nas suas diversas vertentes, assim como a progressiva consolidao de todas as atitudes que consubstanciam o perfil do indivduo desenhado e ambicionado neste Projeto Educativo.

Sobre os orientadores educativos Urge clarificar o papel do profissional de educao na Escola, quer enquanto orientador educativo, quer enquanto promotor e recurso de aprendizagem; na base desta clarificao, supe-se a necessidade de abandonar criticamente conceitos que o pensamento pedaggico e a prxis da Escola tornaram obsoletos, de que exemplo o conceito de docncia, e designaes (como a de educador de infncia ou professor) que expressam mal a natureza e a complexidade das funes reconhecidas aos orientadores educativos.

Para que seja assegurada a perenidade do projeto e o seu aprofundamento e aperfeioamento, indispensvel que, a par da identificao de dificuldades de aprendizagem nos alunos, todos os orientadores educativos reconheam e procurem ultrapassar as suas dificuldades de ensino ou relao pedaggica. O orientador educativo no pode ser mais entendido como um prtico da docncia, ou seja, um profissional enredado numa lgica instrutiva centrada em prticas tradicionais de ensino, que dirige o acesso dos alunos a um conhecimento codificado e predeterminado.

O orientador educativo , essencialmente, um promotor de educao, na medida em que chamado a participar na concretizao do Projeto Educativo da Escola, a co-orientar o percurso educativo de cada aluno e a apoiar os seus processos de aprendizagem.

A formao inicial e no-inicial dos orientadores educativos deve acontecer em contexto de trabalho, articulando-se a Escola, para esse efeito, com outras instituies.

Os orientadores educativos que integram a equipe de projeto so solidariamente responsveis por todas as decises tomadas e devem adaptar-se s caractersticas do projeto, sendo avaliados anualmente em funo do perfil anexo.

Sobre a organizao do trabalho

A organizao do trabalho na escola gravitar em torno do aluno, devendo estar sempre presente no desenvolvimento das atividades a ideia de que se impe ajudar cada educando a alicerar o seu prprio projeto de vida. S assim a escola poder contribuir para que cada aluno aprenda a estar, a ser, a conhecer e a agir.

A dimenso do estar ser sempre garantida pela integrao do aluno na comunidade escolar onde conhece e conhecido por todos os pares, orientadores e demais agentes educativos. Os alunos e os orientadores educativos devero contratualizar as estratgias necessrias ao desenvolvimento do trabalho em planos de periodicidade conveniente, assim como ser co-responsveis pela avaliao do trabalho realizado.

A especificidade e diversidade dos percursos de aprendizagem dos alunos exigem a mobilizao e consequente disponibilizao de materiais de trabalho e recursos educativos capazes de lhes oferecer respostas adequadas e efetivamente especializadas. Assim, no tendo sentido unificar o que partida diverso, impe-se questionar a opo por um nico manual, igual para todos, as respostas padronizadas e generalistas pouco fundamentadas e tambm a criao de guetos, nos quais se encurralam aqueles que, por juzo de algum, so diferentes.

A dificuldade de gesto de variados percursos individualizados de aprendizagem implica uma reflexo crtica sobre o currculo a objetivar, que conduza explicitao dos saberes e das atitudes estruturantes essenciais ao desenvolvimento de competncias. Este currculo objetivo, cruzado com metodologias prximas do paradigma construtivista, induzir o desenvolvimento de muitas outras competncias, atitudes e objetivos que tendero, necessariamente, a qualificar o percurso educativo dos alunos.

As propostas de trabalho a apresentar aos alunos tendero a usar a metodologia de trabalho de projeto. Neste sentido, a definio do currculo objetivo reveste-se de um carter dinmico e carece de um permanente trabalho reflexivo por parte da equipe de orientadores educativos, de modo a que seja possvel, em tempo til, preparar recursos e materiais facilitadores da aquisio de saberes e o desenvolvimento das competncias essenciais.

O percurso de aprendizagem do aluno, a avaliao do seu trabalho, assim como os documentos mais relevantes por ele realizados, constaro do processo individual do aluno. Este documento tentar evidenciar a evoluo do aluno nas diversas dimenses do seu percurso escolar.

O trabalho do aluno supervisionado permanentemente por um orientador educativo, ao qual atribuda a funo de tutor do aluno. O tutor assume um papel mediador entre o encarregado de educao e a escola. O encarregado de educao poder em qualquer momento agendar um encontro com o professor tutor do seu educando.Extrado do site: http://www.escoladaponte.com.pt/documen/concursos/projecto.pdf em 10.07.2010

PROJETO FAZER A PONTE RESUMO METODOLGICOObjetivos:

O projeto Fazer a Ponte objetiva:

Concretizar uma efetiva diversificao das aprendizagens, tendo por referncia uma poltica de direitos humanos que garanta as mesmas oportunidades educacionais e de realizao pessoal para todos;

Promover a autonomia e a solidariedade;

Operar transformaes nas estruturas de comunicao e intensificar a colaborao entre as instituies e agentes educativos locais.

Justificativa:

Como cada ser humano nico e irrepetvel, a experincia de escolarizao e o trajeto de desenvolvimento de cada aluno so tambm nicos e irrepetveis. Por isso, considerando o aluno como ser em permanente desenvolvimento, deve ver valorizada a construo da sua identidade pessoal, assentada nos valores de iniciativa, criatividade e responsabilidade.Deve-se prestar ateno ao aluno tal qual ele ; reconhec-lo no que o torna nico e irrepetvel, recebendo-o na sua complexidade; tentando descobrir e valorizar a cultura de que portador; ajud-lo a descobrir-se e a ser ele prprio em equilibrada interao com os outros. Essas so atitudes fundadoras do ato educativo e as nicas verdadeiramente indutoras da necessidade e do desejo de aprendizagem. Currculo e programas como so tratados:

O conceito de currculo entendido numa dupla assero, conforme a sua exterioridade ou interioridade relativamente a cada aluno: o currculo exterior ou objetivo um perfil, um horizonte de realizao, uma meta; o currculo interior ou subjetivo um percurso (nico) de desenvolvimento pessoal, um caminho, um trajeto. S o currculo subjetivo (o conjunto de aquisies de cada aluno) est em condies de validar a pertinncia do currculo objetivo. Fundado no currculo nacional, o currculo objetivo o referencial de aprendizagens e realizao pessoal que decorre do Projeto Educativo da Escola.

Neste sentido, a definio do currculo objetivo reveste-se de um carter dinmico e carece de um permanente trabalho reflexivo por parte da equipe de orientadores educativos, de modo a que seja possvel, em tempo til, preparar recursos e materiais facilitadores da aquisio de saberes e o desenvolvimento das competncias essenciais.

Na Escola da Ponte, o currculo no existe em funo do professor, uma permanente referncia do percurso de aprendizagem e de desenvolvimento do aluno e uma referncia permanente apropriada pelo aluno. O aluno , assim, o verdadeiro sujeito do currculo, no um instrumento ou um mero destinatrio do currculo. (2010 p.18)

O conhecimento uma rvore que cresce da vida. Sei que h escolas que tm boas intenes, e que se esforam para que isso acontea. Mas as suas boas intenes so abortadas porque so obrigadas a cumprir o programa. Programas so entidades abstratas, prontas, fixas, com ordem certa. Ignoram a experincia que a criana est vivendo. Ai tenta-se inutilmente produzir vida a partir dos programas. Mas no possvel, a partir da mesa de anatomia, fazer viver o cadver. O que vi na Escola da ponte o conhecimento crescendo a partir das experincias vividas pelas crianas. (2010 p.49)

Como todo o conhecimento verdadeiramente significativo autoconhecimento, ele deve ser construdo pela prpria pessoa a partir da experincia, a aprendizagem deve ser um processo social em que os alunos, heuristicamente, constroem significados a partir da experincia.

Valorizar-se-o as aprendizagens significativas numa perspectiva interdisciplinar e integral do conhecimento, estimulando-se permanentemente a percepo, a caracterizao e a soluo de problemas, de modo a que o aluno trabalhe conceitos de uma forma consistente e continuada, reelaborando-os em estruturas cognitivas cada vez mais complexas.

indispensvel a concretizao de um ensino individualizado e diferenciado, referido a uma mesma plataforma curricular para todos os alunos, mas desenvolvida de modo diferente por cada um, pois todos os alunos so diferentes. Os contedos a apreender devero estar muito prximos da estrutura cognitiva dos alunos, bem assim como dos seus interesses e expectativas de conhecimento.Metodologia de projeto:

As propostas de trabalho apresentadas aos alunos usam a metodologia de trabalho de projeto que se desenvolve nas seguintes etapas:1 etapa - Os alunos decidem o que vo estudarUtilizam naturalmente o programa de referncia da escola, mas a deciso final dos alunos.

Efetivamente, so os alunos que decidem. E os professores esto l, atentos e disponveis. Jos Pacheco (2010 p.102)

2 etapa Os alunos formam pequenos grupos com base nos assuntos de interesse comum, independente da idade.

O critrio de formao dos grupos o afetivo e o afeto no tem idade... J o mestre Agostinho da Silva dizia que os grupos devem constituir-se vontade dos alunos, para que haja coeso e entusiasmo pelo trabalho, alegria criadora de quem se sente a construir um universo Jos Pacheco (2010 p.100)

3 etapa Estabelecimento de um programa quinzenal de trabalho.

(...) reunimo-nos com uma professora e ela, conosco, estabelece um programa de trabalho de 15 dias, dando-nos orientao sobre o que deveremos pesquisar e os locais onde pesquisar. Relato de uma aluna de dez anos de idade (2010, p.40)4 etapa Avaliao da Aprendizagem

Ao final de 15 dias nos reunimos de novo e avaliamos o que aprendemos. Se o que aprendemos foi adequado, aquele grupo se dissolve, forma-se um outro para estudar outro assunto. Relato de uma aluna de dez anos de idade (2010, p.40)Atuao do professor

O trabalho do aluno supervisionado permanentemente por um orientador educativo, ao qual atribuda a funo de tutor do aluno. O tutor assume um papel mediador entre o encarregado de educao e a escola. O encarregado de educao poder em qualquer momento agendar um encontro com o professor tutor do seu educando.No h um professor para cada turma, mas as dvidas a que os momentos de pesquisa no logram dar resposta so resolvidas no encontro com um professor (a aula direta, como os midos a designam), num encontro de pequeno grupo, quando os alunos solicitam. Remetemos para o plano secundrio a funo transmissora. Os professores s podero dar respostas se os alunos lhes dirigirem perguntas. S participa do encontro quem o deseja e o explicita. A funo de instruir subsidiria, caracteriza a proto-histria de uma escola aprendente. Jos Pacheco (2010, p. 104/5)

Instrumentos de Pesquisa:

Livros nas bibliotecas;

Internet.

Professores;

Os alunos gerem, quase em total autonomia, os tempos e os espaos educativos. Escolhem o que querem estudar e com quem. Como no h manuais iguais para todos, a biblioteca e as novas tecnologias de informao e comunicao so lcus de encontro, de procura e de troca de informao. Recorre-se, por vezes, s bibliotecas da autarquia, de familiares, de vizinhos, ou de associaes locais. E, como evidente, os professores so tambm uma fonte permanente de informao, segurana, interrogaes, afetos... Jos Pacheco (2010, p.106)

Mais importante que os lugares e as fontes ser compreender as dimenses do desenvolvimento do sentido crtico (tambm relativamente a recolha e seleo de informao e do fomento da partilha da informao, no sentido da comunicao e do desenvolvimento de uma cultura de cooperao. Jos Pacheco (2010, p.107)

Bibliografia:

Alves Rubem. A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas, So Paulo. Papirus Editora, 2010.

Fazer a Ponte Projeto Educativo - Extrado do site: http://www.escoladaponte.com.pt/documen/concursos/projecto.pdf em 10.07.2010.Pacheco, Jos. Escola da Ponte Formao e Transformao em Educao. Rio de Janeiro, Pertpolis. Vozes Editora, 2010.METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAO E SUAS ETAPAS

Arco de Maguerez

Esse arco tem a realidade social como ponto de partida e como ponto de chegada (Neusi Aparecida Navas Berbel)

1 ETAPA Observao da realidade (problema) - Incitar o aluno a observar a realidade de modo crtico, possibilitando que o mesmo possa relacionar esta realidade com a temtica que est estudando, esta observao mais atenta permitir que o estudante perceba por si s os aspectos interessantes, que mais o intrigue. Dentre esses aspectos, alguns sero ressaltados como destoantes, contrastantes etc., a partir das idias, valores (...) acumuladas pelos alunos (...) (BERBEL, 1995). A partir dos conhecimentos prvios os alunos e professores sero capazes de perceberem os aspectos problemticos desta realidade analisada.

2 ETAPA Pontos chaves - Tendo elencado os aspectos problemticos os alunos e professores devem classific-los utilizando critrios de prioridade, a fim de definir quais sero estudados e com qual profundidade. Concluda esta anlise o indivduo estimulado a refletir sobre quais so os pontos chaves destes problemas.

3 ETAPA Teorizao onde os alunos buscam embasamentos cientficos, tcnicos, oficiais etc., para avaliarem estes pontos chaves, diferentes ngulos do problema so analisados. Na fase da teorizao ainda (...) alunos e professor(res) tm a oportunidade de comprar suas crenas iniciais (...) com as informaes atuais obtidas sobre seus diversos ngulos investigados. Em sntese, trata-se de uma oportunidade de aprendizagem efetiva, no contato e no confronto o mais direto possvel com a realidade, onde a ao humana ou os fenmenos da natureza ocorrem concretamente. (BERBEL, 1995).

4 ETAPA Hipteses de Soluo - Aps essa etapa de teorizao, outra reflexo necessria, a elaborao das possveis hipteses de soluo, assim como os aspectos problemticos, estas hipteses devem ser classificadas utilizando-se critrios de adequao, logicidade, coerncia ou outros (BERBEL, 1995). A construo das hipteses um momento importante, pois, mais uma vez o indivduo deve julgar de maneira crtica a realidade em que est inserido, compreendendo de forma mais construtiva o meio em que vive.

5 ETAPA Aplicao realidade (prtica) - Estando agora menos abstrata as medidas possveis que podem ser tomadas para a transformao, em algum grau, da realidade em que vive.Obs: Recomendo o vdeoque mostra um pouco da rotina da Escola da Ponte: http://www.youtube.com/watch?v=VekBzEu6AWg "Contei sobre a escola com que sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir. Mas existia, em Portugal... Quando a vi, fiquei alegre e repeti, para ela, o que Fernando Pessoa havia dito para uma mulher amada: 'Quando te vi, amei-te j muito antes...'" Rubem Alves

Em Portugal, a expresso "encarregado de educao" refere-se aos responsveis pelo aluno, geralmente, mas no exclusivamente, os pais.

Texto adaptado captulo ESCOLA DA PONTE (4) do Livro: A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir por Rubem Alves

Processo pedaggico de encaminhar o aluno a descobrir por si mesmo a verdade (dicionrio Priberam: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx)

Proto-Histria o perodo da Pr-Histria anterior escrita, mas que nos permitido conhecer por ser descrito em algumas das primeiras fontes escritas. Praticamente coincide com a Idade dos Metais.

O autor utiliza tal termo, para deixar claro que a instruo por aula direta de forma hegemnica coisa do passado na Escola da Ponte.