ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF FELlPE … · 2019. 10. 15. · Segundo o Manual do...
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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF FELlPE GORGEN DOS REIS
EMPREGO DO RADAR M20 PARA APOIO ÀS OPERAÇÕES DE RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DE ÁREA
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF FELlPE GORGEN DOS REIS
EMPREGO DO RADAR M20 PARA APOIO ÀS OPERAÇÕES DE RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DE ÁREA
Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para a especialização em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.
Rio de Janeiro 2018
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx DESMiI
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO FOLHA DE APROVAÇÃO
r----- ---- -- ---- ~utor~_ Cap Inf FE~IP,=-~~R~EN DOS REIS _ _ __1 ,- ----- - ------ ------- - ------- - ------- ---- 1
I TItulo: EMPREGO DO RADAR M20 PARA A~OIO ~ OPERAÇÕES DE 'I
I RECONHECIMENTO E AVALlAÇAO DE AREA l--....-___________ _ -----' Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, com ênfase em Gestão Operacional, pós graduação universitária lato sensu.
[APROVÃOO EM--- &-ep / ~t 1_- L-.....- _
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BANCA EXAMINADORA r--- --~_._-- -
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ALEXAN
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Aluno
EMPREGO DO RADAR M20 PARA APOIO ÀS OPERAÇÕES DE RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DE ÁREA
RESUMO
* Felipe Gorgen dos Reis ** Roderik Yamashita
o presente estudo trata do emprego do radar M20 em operações de reconhecimento e avaliação de área por destacamento operacional de forças especiais (DOFEsp). Tem por objetivo pontuar a possibilidade deste emprego, concluindo quanto à sua influência sobre a atuação de DOFEsp em operações de reconhecimento e avaliação de área. Através de pesquisa bibliográfica, descritiva, aplicada e qualitativa, usou-se, também, a técnica de entrevista com especialistas (oficiais do Exército Brasileiro operadores de forças especiais) conhecedores do emprego de DOFEsp no tipo de operação aqui tratada. A abordagem permite definir a prática de reconhecimento e avaliação de área em território brasileiro e dos óbices impostos à produção de conhecimento sem o uso de uma meio tecnológico eficaz para se buscar alvos. Dessa forma, percebe-se que é um tema que requer mais pesquisa e aprofundamento, permitindo afirmar que a utilização do radar M20 por um destacamento operacional de forças especiais em operações de reconhecimento e avaliação de área permite o melhor cumprimento da missão. Como conclusão, as idéias apresentadas ao longo do trabalho são ratificadas, o que permite afirmar a possível influência do radar M20 sobre as operações de reconhecimento e avaliação de área.
Palavras-chave: radar M20. Reconhecimento e avaliação de área. Destacamento operacional de forças especiais (DOFEsp).
ABSTRACT
The present research deals with the use of the M20 radar in Special Reconnaissance carried out by special forces detachments, and the research goal is to describe the possibility of its use, concluding about the radar's influence over the action of special forces detachment in Special Reconnaissance. Through bibliographic research, descriptive, applied, and qualitative, it was also employed the interview technic with specialist, special forces officers of the Brazilian Army, who are experts in employing special forces detachments in Special Reconnaissance. The approach allows the definition of the Special Reconnaissance practice inside Brazilian territory and the disadvantages that concern the production of knowledge without the use of efficient technologic means to search targets. Therefore, it is perceivable that this topic is adequate to research, allowing the affirmation that the use of the radar M20 by a special forces detachment in Special Reconnaissance improves the mission accomplishment. As a conclusion, the ideas presented throughout this research are confirmed, which gives permission for saying the possible influence of the radar M20 over Special Reconnaissance.
Keywords: Radar M20. Special Reconnaissance. Special forces detachment.
* Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2008.
** Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2005. Mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) em 2013.
1 1.1NTRODUÇÃO
As operações militares se modificam, se adaptam e evoluem conforme a
evolução tecnológica através da história do mundo e no Brasil isso também
ocorre.
Em território brasileiro, um problema que requer uma solução ou maior
controle é a faixa de fronteira. Nossas fronteiras terrestes apresentam inúmeros
problemas, tais como crimes ambientais, tráfico internacional de drogas, dentre
outros. O Ministério da Defesa através do projeto SISFRON, tenta minimizar
esta questão empregando uma inovação tecnológica:
o Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras do Brasil (SISFRON), desenvolvido pelo Ministério da Defesa, é um programa relacionado com o uso de radares como o Sentir M-20 e auxilia significativamente as forças armadas do país através de um melhor controle de fronteira. O sistema é configurado ao longo das fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia e é descrito como uma verdadeira barreira de vigilância eletrônica. O SISFRON ataca tráfico de drogas, contrabando e crimes contra o meio ambiente. Ele é projetado para monitorar as fronteiras do Brasil através de um sistema integrado de radares terrestres, sistemas aéreos não tripulados, uma série de sensores terrestres tripulados e não tripulados, e mesmo satélites (http://www.epex.eb.mil.br/index.php/ sisfron).
Dentro do projeto SISFRON está inserido o radar SENTIR M-20 que, de
acordo com o site de defesa DEFESANET tem as seguintes características:
O SENTIR-M20 é um radar de curto alcance, para aplicação militar, capaz de realizar operações de vigilância, aquisição, classificação, localização, rastreamento e exibição gráfica automática de objetivos terrestres e aéreos (ao lado do solo), tais como: movimentos de homens sozinhos, tropas, tanques, caminhões, trens, helicópteros e aeronaves.(DEFESANET, 2017)
Essa tecnologia poderia auxiliar sobremaneira, especificamente,
operações de reconhecimento especial e reconhecimento e avaliação de área
que, segundo Manual de Campanha Operações Especiais do Comando de
Operações Terrestres (COTER): É a operação realizada por forças de operações especiais, em áreas hostis,
negadas ou politicamente sensíveis, com o propósito de obter, confirmar ou atualizar dados e conhecimentos de importância estratégica, operacional ou, eventualmente, tática, fundamentais para o planejamento e para a condução de operações militares, empregando capacidades normalmente não encontradas em forças convencionais.
As operações de reconhecimento especial são normalmente definidas pela execução das seguintes ações táticas, dentre outras: localizar, reconhecer, avaliar, monitorar e realizar vigilância e levantamento estratégico de área (LEA) do mais alto escalão em presença.
As operações de reconhecimento especial possibilitam a busca de dados e informações necessários para a produção do conhecimento sobre o qual se fundamenta o planejamento militar, nos níveis estratégico e operacional, desde o tempo de paz ou, quando iminente ou caracterizado o conflito, mesmo antes da ativação de um TOlA Op.
__j
2 Essas operações buscam ampliar a consciência situacional dos escalões
em proveito dos quais são realizadas, complementando os reconhecimentos e as ações de vigilância realizadas por tropas convencionais.
As operações de reconhecimento especial realizadas no Território Nacional e/ou em áreas sob o controle de forças amigas nas situações de "guerra" ou de "não guerra" são usualmente denominadas operações de reconhecimento e avaliação de área. (EB70-MC-10-212 Op Esp)
o emprego de destacamentos operacionais de forças especiais (DOFEsp)
em áreas remotas do território brasileiro, especialmente em territórios da
Amazônia e da fronteira terrestre de nosso país que são de difícil acesso para
forças convencionais representa um exemplo prático do que foi descrito acima
no Manual de Operações Especiais.
o principal objetivo de emprego de forças especiais nesse caso é o de
levantamento de informações. Para isso o DOFEsp conduz operações de
reconhecimento e avaliação de área tanto de forma ostensiva quanto
dissimulada com o emprego da técnica de estória-cobertura (E Cob).
Quando em operações ostensivas, é comum o emprego de equipes
operacionais composta por forças especiais e elementos de forças
convencionais. Um exemplo de quando isso ocorre é a utilização de pilotos de
embarcações das unidades de infantaria de selva (tendo em vista que esses
elementos oriundos dos batalhões de infantaria de selva possuem
conhecimento específico de manuseio de embarcações e motores necessários
para o bom andamento da operação) ou até mesmo em de ações cívico-sociais
(ACISO), tendo em vista que o máximo de integração com os habitantes locais
deve ser buscado para o sucesso da operação.
Muitas das operações de reconhecimento e avaliação de área têm como
entrave a falta de possibilidade jurídica de se atravessar a fronteira do Brasil
para outro país vizinho quando se tem indícios de forças adversas nesses
locais. Sem um meio de se obter informações o destacamento, muitas vezes,
ocupa posto de observação em áreas fronteiriças e monitoram os
acontecimentos no local, por vezes sem resultados satisfatórios. Isso ocorre
em áreas onde não existem habitantes locais nos arredores, não possuindo,
por isso, fonte humana passíveis de serem exploradas pelo DOFEsp (principais
fonte de informações em operações de reconhecimento e avaliação de área).
Entre os diversos meios de sensores remotos disponíveis no Brasil está o radar M-20. Apesar do radar M-20 ser considerado portátil, ele requer alguns cuidados no seu armazenamento e seu peso e volume devem ser considerados quando uma tropa atua com pouco apoio logístico.
3 Dentro desse escopo, o radar M-20 poderia ser empregado por DOFEsp
nessas operações para que seja rastreada movimentação terrestre e aérea em
faixa de fronteira, especificamente na área em que é negada.
1.1 PROBLEMA
Em função do desenvolvimento tecnológico e do aumento das ameaças
na faixa de fronteira do território brasileiro, faz-se necessário que as forças
especiais mantenham-se atualizadas com o andamento do combate moderno e
com a evolução tecnológica brasileira.
Segundo o Manual do Batalhão de Forças Especiais, um destacamento
operacional de forças especiais: É o elemento básico de emprego na guerra irregular. Compõe-se
basicamente do comandante do destacamento, do subcomandante, do oficial de operações, do oficial de inteligência e de mais oito graduados especializados nas várias atividades necessárias à condução da guerra irregular (dois de armamento, dois de comunicações, dois de demolições e dois de saúde). Esta composição permite o emprego fracionado do DOFEsp em duas equipes sem perda de suas características e possibilidades. (C 31-21 B F Esp)
Portanto, um destacamento operacional de forças especiais é composto por doze homens sendo possível fracioná-Io em duas subequipes de seis forças especiais cada. Uma das características de um DOFEsp é atuar com pouco apoio logístico e, somado às suas especificidades, é que os DOFEsp são utilizados no lugar de forças convencionais, aliando economia de meios às suas possibilidades de se cumprir a missão.
Para que isso ocorra, sente-se a necessidade de somar materiais de alta tecnologia para que as missões de reconhecimento e avaliação de área sejam cumpridas da melhor forma possível. Nessas missões a necessidade tecnológica traduz-se em sensores remotos.
Diante disto, a pergunta a ser respondida será: o radar SENTIR-M20 pode ser utilizado como apoio às operações de reconhecimento e avaliação de área por destacamentos operacionais de forças especiais como um meio eficaz para auxiliar na localização de ameaças, no reconhecimento, na avaliação de alvos, no monitoramento e na realização de vigilância?
4
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem por finalidade estudar a viabilidade do emprego do
Radar M-20 como um meio de se potencializar os ganhos informacionais em
operações de reconhecimento e avaliação de área. Para isso será feito o
estudo das características do radar e das possibilidades e limitações de um
destacamento operacional de forças especiais em missões de reconhecimento
e avaliação de área.
Portanto, o presente estudo visa proporcionar maior eficácia no emprego
de DOFEsp na localização de ameaças, no reconhecimento, na avaliação de
alvos, no monitoramento e na realização de vigilância através do uso do radar
M-20.
Para que esse objetivo geral seja atingido, será buscado o alcance dos
seguintes objetivos específicos:
a) definir forças especiais; forças convencionais; e operações de
reconhecimento e avaliação de área;
b) relatar as características básicas e as possibilidades de uso do
Radar M-20;
c) apontar os aspectos de infiltração de um DOFEsp;
d) registrar o emprego do radar SENTIR-M20 como meio de se
potencializar os ganhos informacionais em operações de reconhecimento e
avaliação de área.
1.3 JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos a ocorrência de ilícitos vem crescendo em nosso país,
principalmente na fronteira oeste, sendo necessário o desenvolvimento de um
meio eficaz para combater tal situação.
A questão do crescimento da violência em zonas fronteiriças acaba por
trazer consigo a atuação do Exército Brasileiro, sendo de extrema importância
obter-se a surpresa em um possível embate, com um sistema de inteligência
eficiente.
5 Diante de tal situação, acabou sendo necessário a criação de um radar
que possibilite o auxílio à fiscalização, e, consequente, ao combate a crimes,
sendo este radar administrado pelo Exército Brasileiro.
Assim, o radar SENTIR-M20 acabou sendo criado como um meio de
auxilio para combater crimes (principalmente em fronteiras), pois o mesmo tem
a característica de ser portátil, é de curto alcance, com capacidade de executar
as seguintes operações: vigilância, aquisição, classificação, localização,
rastreamento e exibição gráfica de forma automática, localizando os alvos tanto
em terra como em mar.
Dentro desse contexto, é comum o emprego de destacamentos
operacionais de forças especiais nas fronteiras do Brasil em operações de
reconhecimento e avaliação de área, sentindo-se a falta, muitas vezes, de
sensores capazes de detectar ameaças à frente sem que haja necessidade de
envio de homens até o local.
Portanto, o presente trabalho estará voltado para estudar o emprego do
radar SENTIR-M-20 como um meio de se potencializar os ganhos
informacionais em operações de reconhecimento e avaliação de área
realizadas por destacamento operacional de forças especiais.
2. METODOLOGIA
No presente trabalho, para a descrição, explicação e proposta de solução
ao problema, o método de pesquisa será descritivo. Assim, a primeira técnica
de pesquisa a ser usada é a pesquisa documental e bibliográfica, tendo como
base materiais publicados sobre o radar SENTIR-M20, bem como revistas,
manuais doutrinários, dentre outras fontes que permeiam o tema desse
trabalho.
Para que o problema proposto seja solucionado, tendo em vista a
escassez de conhecimento disponível em fonte aberta, é importante a
aplicação de um instrumento de pesquisa exploraria com uma amostra mais
restrita, com experiência e amplo conhecimento sobre as Técnicas, Táticas e
Procedimentos abordados e que propiciam um diálogo entre o pesquisador e o
colaborador. Portanto, a entrevista cumpre essa finalidade.
- publicações sobre o radar M20;
6 Nesse trabalho, entrevistas foram realizadas para reunir as percepções
de militares forças especiais com experiência em operações reais de
reconhecimento e avaliação de área em áreas de fronteira quanto à
possibilidade de emprego do radar M20 e quanto ao possível ganho para a
operação, advindo das capacidades agregadas pelo uso do equipamento.
2.1 REVISÃO DE LITERATURA
Devido a falta de detalhes em fonte aberta sobre os operações realizadas
por forças especiais, foi achado pouca literatura sobre o assunto. A pesquisa foi
baseada em tropas de forças especiais de renome, especialmente as britânicas
e americanas.
Os termos descritores a seguir foram utilizados na pesquisa bibliográfica
deste trabalho: Radar M20; SISFRON; Reconhecimento Especial;
Reconhecimento e Avaliação de Area; Radar Portátil; Special Reconnaissance;
Special Forces; Special Reconnaissance Unit; SAS; SRR; radar used by
Special Forces.
Depois de realizada a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas
utilizadas foram revisadas para se achar publicações não buscadas e foi
selecionados apenas conteúdo escrito em português e inglês. As informações
foram complementadas pelos manuais militares voltados para o emprego de
operadores de forças especiais em reconhecimento e avaliação de área, de
modo que fosse relacionado o emprego do radar de acordo com as
possibilidades do radar M20 e com o tipo de operação mencionada.
A revisão de literatura foi limitada ao emprego de radar em operações de
reconhecimento especial ou reconhecimento e avaliação de área realizada por
tropas de forças especiais.
a. Critério de inclusão
- estudos conceituais sobre o tema abordado em português e inglês;
- publicações sobre experiências reais de outros exércitos em
reconhecimento especial e reconhecimento e avaliação de área.
7 b. Critério de exclusão
- publicações sobre o emprego de radar em outras operações que
não sejam as especificadas nesse trabalho, como por exemplo
reconhecimentos realizados por tropas de cavalaria ou de engenharia.
2.2 COLETA DE DADOS
Após a realização da pesquisa documental e pesquisa bibliográfica,
coube a aplicação de entrevistas
2.2.1 Entrevistas
A aplicação das entrevistas teve por finalidade reunir as percepções de
militares operadores de forças especiais, com experiências reais em operações
de reconhecimento e avaliação de área em território brasileiro, onde o radar
M20 e suas capacidades possam oferecer vantagens na missão.
As entrevistas foram realizadas diretamente com os militares
selecionados e as respostas foram analisadas a fim de contribuir com a
solução do problema.
Os dados obtidos serviram de complemento aos conceitos encontrados
na Revisão de Literatura. Ressalta-se a importância de se confirmar as
capacidades técnicas que o material oferece ao atendimento do propósito de
obter, confirmar ou atualizar dados e conhecimentos em operações de
reconhecimento e avaliação de área.
As informações buscadas nos entrevistados foram as formas como o
radar poderiam ser utilizado dentro do escopo de operações de
reconhecimento e avaliação de área. Para isso, foi verificado o equipamento
utilizado atualmente e perguntado se, de acordo com as possibilidades e
restrições do radar M20, o uso desse material poderia somar esforços na busca
e monitoramento de alvos de acordo com a experiência profissional de cada
entrevistado. Sendo assim, definiu-se os seguintes entrevistados:
NOME JUSTIFICATIVA
Marcos Guimarães Barboza, Cap Inf Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Forças Especiais
NOME
8 JUSTIFICATIVA
o emprego de forças especiais na faixa de fronteira terrestre do território
brasileiro é comum devido à dificuldade do emprego de forças convencionais
nessas regiões, ou pelo risco de emprego de tropas ser muito elevado. Isso
leva o decisor a optar por operações cirúrgicas e de baixo perfil. Contudo,
existem restrições para os operadores de forças especiais para que, de forma
legal, entrem em território estrangeiro, de onde em muitos dos casos entram no
Brasil ilícitos, como drogas e armamentos. Um meio eficaz de se buscar
informações nesse caso se daria por meio da tecnologia de radar.
Na revisão da literatura, verificou-se que o uso de radar portáteis na
guerra do Iraque e Afeganistão nos anos 2000 se deu por radares MSTAR
(Man-portable Surveillance and Target Acquisition Radar) que, de acordo com
Thyago Moacyr Pinto da Silva, Cap Inf
Gustavo Ferragut Edênico das Silva, Cap Inf
Rômulo Leles Januzzi, Cap Inf
Gilberto Frizon Almeida, Cap Inf
Gustavo Rocha Souto, Cap Inf
Nicholas Cortez dos Santos Lopez Diniz, Cap Inf
Raphael Cavalieri Nardi de Souza, Cap Inf
Eduardo de Vanconcelos Cordeiro, Cap Cav
Roney Calhares Lage, Cap Inf
Bob Dreik Rodrigues Fernandes, Cap Inf
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Forças Especiais
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos e na Terceira Companhia de Forças Especiais
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos e na Terceira Companhia de Forças Especiais
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos e na Terceira Companhia de Forças Especiais
Operador de forças especiais, tendo servido na Terceira Companhia de Forças Especiais
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos e no Batalhão de Forças Especiais
Operador de forças especiais, tendo servido no Batalhão de Ações de Comandos e no Batalhão de Forças Especiais
o Regimento de Reconhecimento Especial Britânico(SRR: Special
Reconnaissance Regiment), segundo o website http://www.eliteukforces.info/
special-reconnaissance-regiment/, é uma unidade recentemente criada com a
função de realizar reconhecimento especial, desonerando, portanto, o SAS
britânico (Special Air Service, unidade de forças especiais). Segundo essa
fonte, o SRR utiliza material de suporte técnico de última geração para
monitorar seus alvos, sem especificar quais equipamentos. A fonte afirma,
também, que destacamentos do SRR, quando necessário, são equipados com
especialistas em radares.
9 https://www.militaryperiscope.com/mdb-smpl/weapons/sensors/grdradar/
w0003502.shtml , tem similaridades com o radar estudado neste trabalho.
o SRR utiliza o radar ZB298. Este também é portátil e de utilização muito
semelhante ao radar M20, particularmente quanto ao tamanho, peso e
condições de uso. Este radar teria sido largamente usado para detectar
atividades do IRA no norte da Irlanda, sendo usado em moldes semelhantes ao
que seria o radar M20 proposto nesse trabalho: em missões de
reconhecimento e avaliação de área por operadores de forças especiais em
território nacional.
De acordo com o website http://www.cryptomuseum.com/radar/zb298/
index.htm, o radar ZB298 teria sido muito usado durante o período da Guerra
Fria, porém caiu em desuso na década de 90, pois foi desenvolvido um
dispositivo para localizá-Io.
Ambos radares são de curto alcance, capazes de executar operações de
vigilância, aquisição, classificação, localização, rastreamento e exibição gráfica
automática de alvos em terra ou ar, tais como: indivíduos em solo, tropas,
blindados, caminhões, trens e helicópteros.
Em operações de reconhecimento e avaliação de área, realizadas por
destacamentos operacionais de forças especiais do Exército Brasileiro, o uso
do radar M20 permite afirmar a sua aptidão na vigilância, aquisição,
classificação, localização, rastreamento e exibição gráfica de forma automática,
localizando os alvos tanto em terra como em ambientes fluviais,
potencializando os ganhos informacionais das missões realizadas.
10
o radar M20 pesa 133,27 kg, de acordo com a Apostila de Manutenção e
Operação SVMR T v71. Levando-se em consideração que, conforme já foi
explicitado neste trabalho, um destacamento operacional de forças especiais é
formado por 12 homens (e, de acordo com o Cap Inf Roney, entrevistado que
serviu no Batalhão de Forças Especiais de 2015 até ano passado, os DOFEsp
brasileiros possuem, na prática, oito homens) e que a mochila de cada um
desses militares (conforme o Cap Jannuzi, entrevistado que serviu no Batalhão
de Ações de Comandos de 2012 até ano passado) pesa para esse tipo de
missão em torno de 40kg, o radar representa para deslocamentos a pé uma
carga sobressalente considerável para a reduzida e normalmente pesada tropa
que compõem nossos DOFEsp.
Todos os entrevistados concordaram que os ganhos advindos da
utilização do radar seriam proveitosos para a missão de reconhecimento e
avaliação de área. Porém algumas observações devem ser feitas com relação
a possíveis restrições do uso desse material nesse tipo de missão.
Primeiramente o radar M20, de acordo com seu manual técnico, não pode
ser infiltrado através de lançamento aeroterreste. Não é explicitado o motivo
dessa restriçãoo no manual do radar, porém a princípio para esse tipo de
infiltração seu emprego fica impedido.
Outro ponto restritivo se diz com relação ao transporte terrestre do
material. Foi unânime a opinião entre os entrevistados que deslocamentos a pé
seriam extremamente extenuantes com o referido radar pelos motivos de
sobrecarga de peso já citados. Para deslocamentos a pé de curta duração,
exemplo de quando um destacamento infiltra por meio aeromóvel, terrestre ou
fluvial até uma região que se define por ser o objetivo de monitoramento, o
radar M20 pode ser desmontado e dividido em cinco mochilas. Seu manual
11 técnico ilustra as mochilas sendo carregadas por três homens, conforme figura
abaixo:
Figura 1: transporte do radar M-20 em mochilas Fonte: Apostila de Manutenção e Operação SVMR T v71
Deve ser levando em consideração, no entanto, que esses três homens
estariam dividindo 130 kg, em média 43 kg para cada um. Haveria mais três
mochilas (suas mochilas individuais, em média 40 kg cada), portanto, a serem
divididas com os demais integrantes do DOFEsp.
Existem missões de reconhecimento e avaliação de área, contudo, em
que os deslocamentos são realizados predominantemente através de
embarcações fluviais (em áreas de selva amazônica) ou por viaturas (fronteira
oeste brasileira). Nesses casos, deve-se levar em conta que o radar
assemelha-se em peso a um homem com equipamento completo. Portanto,
seu emprego deve ser realizado tendo-se em vista que o meio de transporte
Atea de sombra
12 deve possuir capacidade transportar o radar levando-se em conta suas
características.
Ainda com relação às suas restrições quanto ao tipo de operação aqui
proposto, é necessário levar-se em conta a área de sombra do radar, onde
imagens não são detectadas pelo equipamento. Como já foi citado na
introdução e de acordo com seu manual técnico, o radar M20 tem capacidade
de detecção de um homem em movimento a uma distância de até 10 km e de
veículos leves e pesados a 20 km. Quanto a área de detecção do radar M20,
ele busca alvos a partir de um ângulo de quatro graus da abertura do sistema
de detecção do radar. Através de cálculos de trigonometria é possível calcular a
área de detecção do radar. Na figura abaixo, retirada do manual técnico do
equipamento, é demonstrado, de forma ilustrativa, o ângulo de quatro graus
onde a área de detecção do radar está localizada, bem como a área de sombra
onde o radar não pode operar devido a sua limitação técnica:
e .• Graus d o.t~o
Figura 2: Área de detecção do radar Fonte: Apostila de Manutenção e Operação SVMR T v71
Ar de sombl'l
do Oc100çto
Figura 3: Área de detecção do radar Fonte: Apostila de Manutenção e Operação SVMR T v71
Uma limitação do radar M20 no que diz respeito à área de detecção são
os ângulos mortos ou, como é descrito no seu manual técnico, área de sombra,
que ele não cobre na busca e obtenção de alvos. De acordo com seu manual
técnico:
Outro fator a ser analisado durante a busca do local de instalação é avaliação do impacto da sombra causada pela existência de obstáculos comuns, como por exemplo árvores, estes obstáculos também inibem a propagação da onda eletromagnética e impede a detecção de alvos, sejam eles em solo ou ar, de acordo com a tangente de obstrução da onda causada por tal obstáculo, conforme mostrado na figura a seguir. (Apostila de Manutenção e Operação SVMR T v71)
Levando-se em consideração às áreas de atuação dos DOFESP em
operações de reconhecimento e avaliação de área em território amazônico,
devido à área de sombra ser influenciada por obstáculos como árvores, o uso
do radar não agregaria resultados significativos. Os entrevistados Cap
Nicholas, Cap Souto e Cap Nardi (todos serviram na Terceira Companhia de
Forças Especiais, unidade do Comando de Operações Especiais sediada em
Manaus e que executa missões em proveito do Comando Militar da Amazônia,
tendo expertise em missões de reconhecimento e avaliação de área em
território amazônico) afirmaram que os optrônicos disponíveis cumprem a
finalidade neste ambiente operacional.
Um dos entrevistados, o Cap Roney, participou das Operações Carcará 11
e 111, respectivamente nos anos de 2015 e 2017, em que seu DOFEsp operou
em reconhecimento e avaliação de área na fronteira oeste do território
brasileiro, em proveito do Comando Militar do Oeste do Exército Brasileiro. Em
ambas as operações foram monitoradas regiões de interesse para inteligência
em locais fronteiriço. e Nesses locais havia poucas árvores obstáculos e, de
acordo com o entrevistado, o uso do radar M20 seria proveitoso por suas
capacidades e levando-se em considerações suas restrições.
Dessa forma, o uso do radar M20 pode ampliar as capacidades e
atenderia às inúmeras necessidades de informações pontuais acerca de
possíveis alvos além das faixas de fronteira terrestre do território brasileiro
(respeitando-se as restrições descritas neste trabalho). Diante disso, o radar
M20 revela-se como uma possível ferramenta capaz de agregar capacidades
13
14 aos destacamentos operacionais de forças especiais em operações de
reconhecimento e avaliação de área, influenciando suas ações em proveito dos
Comandos Militares de Área, particularmente ao Comando Militar do Oeste.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conhecimentos sobre o radar M20 e suas possibilidades de emprego
junto a um DOFEsp no cumprimento de sua missão, garantindo que o
reconhecimento e avaliação de área seja realizado com maior riqueza de
detalhe, possibilitam agregar conhecimento aos relatórios realizados em
operações, facilitando ao decisor o desencadear de atividades a partir da
confirmação ou não de alvos além da faixa da fronteira oeste brasileira. Essa
hipótese de emprego do radar junto aos DOFEsp foi evidenciada ao longo do
trabalho. Verificou-se que o emprego do radar M20 em operações de
reconhecimento e avaliação de área, desde que em operações com apoio de
viaturas ou embarcações (devido às restrições de peso do material,
anteriormente mencionadas), influencia no bom cumprimento da missão.
Verificou-se a manifestação da influência positiva do emprego do radar
M20 por destacamento operacional de forças especiais em operações de
reconhecimento e avaliação de área na fronteira oeste do território brasileiro,
com o apoio de viatura ou embarcação. Esta influência pode ser precisada a
partir da maior agilidade na aquisição de informações e na busca e no
monitoramento de alvos que possam encontrar-se em território estrangeiro.
Esses alvos podem ser buscados, porém, do território brasileiro, dentro do
alcance de utilização do Radar M20.
Conclui-se, portanto, que o emprego do Radar M20 influencia as
operações de reconhecimento e avaliação de área apoiadas por viaturas ou
embarcações realizadas por destacamento operacional de forças especiais,
aumentando sua eficácia no cumprimento de sua missão na fronteira oeste do
território brasileiro.
O trabalho ressaltou a possibilidade do emprego do radar na fronteira
oeste do território brasileiro pelas características topográficas do local. Cabe-se
ressaltar, porém, que regiões amazônicas como as do território roraimense
possuem características análogas às da fronteira oeste. Ainda com relação ao
5. REFERÊNCIAS
15 emprego em região amazônica possibilita o monitoramento de pistas de pouso,
tendo em vista que o radar detecta alvos aéreos.
AN/PPS-5 MSTAR ground radar. Website Military Periscope. Disponível em: <
https://www.militaryperiscope.com/mdb-smpl/weapons/sensors/grdradar/
w0003502.shtml>
BRADAR apresenta linha de radares na FIDAE 2016. Revista Eletrônica
DEFESANET. Disponível em: < hhttp://www.defesanet.com.br/fidae/noticia/
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