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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF FELlPE CUNHA MARTINS A INFLUÊNCIA DA INFRAESTRUTURA LIMITADA E LINHAS DE COMUNICAÇÕES SUJEITAS À INTERRUPÇÃO NO COMANDO E CONTROLE NA MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI Rio de Janeiro 2018

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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF FELlPE CUNHA MARTINS

A INFLUÊNCIA DA INFRAESTRUTURA LIMITADA E LINHAS DE COMUNICAÇÕES SUJEITAS À INTERRUPÇÃO NO COMANDO E

CONTROLE NA MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI

Rio de Janeiro 2018

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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF FELlPE CUNHA MARTINS

A INFLUÊNCIA DA INFRAESTRUTURA LIMITADA E LINHAS DE COMUNICAÇÕES SUJEITAS À INTERRUPÇÃO NO COMANDO E CONTROLE

NA MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI

Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para a especialização em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.

Rio de Janeiro 2018

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx DESMiI

ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)

DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

I Autor: Cap Inf FELIPE CUNHA MARTINS

Título: A INFLUENCIA DA INFRAESTRUTURA LIMITADA E LINHAS DE COMUNICAÇÕES SUJEITAS À INTERRUPÇÃO NO COMANDO E CONTROLE NA MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI.

Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, com ênfase em Gestão Operacional, pós­ graduação universitária lato sensu.

I APROVADO EM Z G / ia / (Q .l.-8 CONCEITO: t1 ~ BANCA EXAMINADORA

Men ão Atribuída

FELlPE CUNHA MARTINS - Cap Aluno

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FELlPE CUNHA MARTINS* RODRIGO SALES DE SOUZA E SILVA **

A INFLUÊNCIA DA INFRAESTRUTURA LIMITADA E LINHAS DE COMUNICAÇÕES SUJEITAS À INTERRUPÇÃO NO COMANDO E

CONTROLE NA MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DO HAITI

RESUMO O presente trabalho se propõe verificar se os meios de comunicação e os recursos de tecnologia da informação empregados no Haiti, apresentaram desempenho satisfatório. Tendo em vista a missão de paz para a estabilização do Haiti ter se constituído uma excelente oportunidade para o exército aprimorar sua doutrina de emprego, testando seus quadros em situação real, diversas inovações foram implementadas visando solucionar so problemas militares advindos daquela missão. Para atingir este objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de compreender as condicionantes de emprego do material e as finalidades para as quais ele foi selecionado, por fim foram coletados dados por meio de uma entrevista que baseou o resultado do estudo. Verificou-se que o desempenho dos aparelhos foi satisfatório durante a missão, mas há um desperdício de capacidades do equipamento. A partir deste resultado podemos concluir que há necessidades de ajustes na instrução e capacitação em comunicações além da disponibilização de materiais nos Batalhões de Infantaria. Soluções temporárias podem ser encontradas nas Companhias de Comunicações das Brigadas e na Escola de Comunicações.

Palavras-chave: Operações de Paz. Comando e Controle. MINUSTAH.

ABSTRACT The present work aims to verify the performance of the comunication media and the information technology resources employed in Haiti. Watching the peacekeeping mission for the stabilization of Haiti, it was an excellent opportunity for the army to improve its employment doctrine, testing their men in real situation, and several innovations were implemented in order to solve the military problems from that mission. In order to reach this objective, a bibliographical research was carried out to understand the terms of use of the material and the purposes that it was selected. Finally, data were collected through an interview that based the study's results. It has been found that the performance of the handsets has been satisfactory during the mission, but there is a waste of equipment capacity. From this result we can conclude that there are needs for adjustments in the education and training in communications besides the availability of materiais in Infantry Battalions. The solutions to solve temporarily that problem can be found in the Communications Companies of the Brigades and in the School of Communications.

Keywords: Peace Operation. Command and Control. MINUSTAH

Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2008. ** Major da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2004. Aperfeiçoado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 2013.

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1 1. INTRODUÇÃO

A contribuição brasileira em missões de paz conta com a participação em mais de 30 operações de manutenção da paz da ONU desde 1947. Sua participação encontra amparo principalmente na Constituição Federal e na Lei Complementar nO 97, de 9 de junho de 1999, além de ter o assunto tratado na Lei nO 2.953, de 17 de novembro de 1956.

O Exército Brasileiro enxerga nas missões de paz, uma ferramenta importantíssima da política externa brasileira, estreitando as ligações com nações amigas. A participação brasileira nas missões da ONU se configura por possuir importância singular para as relações internacionais do Brasil, sendo essencial o desempenho no cumprimento das missões, fazendo representar o País mundialmente por meio de seu Exército.

As missões de paz que o Brasil parcticipa, em especial a MINUSTAH, são de importância vital em diversos aspectos de relevância notável no âmbito do Exército Brasileiro. Podemos citar aqui a evolução doutrinária que o Exército sofreu após o inicio do emprego no Haiti. Pôde adestrar seus quadros quanto ao emprego em missões reais tendo um excelente campo para testar o emprego, as evoluções e atualizações doutrinárias.

Em paralelo a participação nas missões além fronteiras, destacou-se também o emprego vultuoso em Operações de Cooperação e Cordenação com Agências. A atuação da tropa em território nacional e estrangeiro, devido aos dispositivos legais a que são submetidas, se assemelham em muitas Funções de Combate, sendo uma delas o Comando e Controle.

As atividades militares, principalmente as operacionais, se caracterizam por atenderem a princípios básicos de Comando e Controle, como unidade de comando, confiabilidade, segurança, continuidade, entre outros. Dessa forma a Função de Combate Comando e Controle se faz indispensável para o sucesso das operações.

Por sua vez, a coleta de informações, armazenamento, processamento, monitoração, etc, são viabilizadas por intermédio dos Sistemas de Tecnologia da Informação que integram o Sistema de Comando e Controle, necessitando de uma infraestrutura de comunicações que tem como objetivo fornecer os serviços necessários para utilização dos recursos dos diversos meios de Comunicação.

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2 1.1 PROBLEMA

Na última década, o país ganhou destaque internacional por liderar o

contingente militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti

(MINUSTAH), integrando o Contingente Militar composto inicialmente por 12

(doze) países. A MINUSTAH não se configura por uma missão exclusivamente

de combate, possui como objetivos principais o apoio ao Governo de Transição

e a cooperação com a reforma da Polícia Nacional Haitiana e além de suas

missões primárias, ainda promovem ações de ajuda humanitária.

A pluraridade de tarefas apresentadas de forma simultânea, somadas a

interação com contingentes de diferentes nacionalidades e a grandes

acontecimentos no país, como o terremoto, as eleições presidenciais, as

tempestades tropicais e o furacão que recentemente acometeu a região, fez

com que o Exército Brasileiro estabelecesse um Sistema de Comunicações

adequado ao fluxo intenso de dados de forma segura, alimentando os

decisores nos diversos escalões com rapidez e simplicidade, e ainda que fosse

capaz de proporcionar aos comandantes o planejamento, controle e

coordenação das diversas atividades.

Além dos fatores materiais, os meios de comunicações devem observar

outros aspecos relacionados com as particularidades do local que serão

empregados, se valendo das condições geográficas, recursos disbonibilizados,

sistemas a serem operados e as capacidades e limitações das tropas

envolvidas, principalmente referente as capacidades de Guerra Eletrônica na

área deflagrada.

Para poder disponibilizar de toda essa estrutura para a consecução dos

objetivos almejados pelo Sistema de Comando e Controle se faz necessário

uma arquitetura que ainda não foi totalmente desenvolvida. Dessa forma torna­

se indispensável a utilização da rede de telefonia celular existente para esta

causa.

A necessidade de se estabelecer o Sistema de Comando e Controle em

meio ao ambiente desenhado pela missão fez com a seleção de ferramentas,

equipamentos, instalações, sistemas de informações e comunicações fosse

crucial para sua estruturação com um desempenho adequado.

Diante do exposto, foi formulado o seguinte problema: Os meios de

comunicações e os recursos de Tecnologia da Informação e Comunicações

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1.2 OBJETIVOS

3 utilizados pelo Exército Brasileiro na MINUSTAH obtiveram um desempenho

satisfatório quando empregados no Comando e Controle?

1.3 JUSTIFICATIVAS

o presente estudo se propõe a estudar as capacidades e limitaçoes dos

meios de comunicações que o Exército dispõe para o emprego em missões

além fronteiras e quais demandas implicam diretamente na aplicabilidade do

Sistema de Comando e Controle das tropas empregadas no Haiti, tudo com a

finalidade de apresentar as limitações estruturais e técnicas para a instalação e

operação de um sistema de comunicações adequado, capaz de proporcionar

um emprego eficaz dos princípios do Comando e Controle.

Para viabilizar a estruturação e futura consecução do estudo foram

estipulados os seguintes objetivos específicos:

a. Apresentar as limitações dos Sistemas de Tecnologia da Informação do

Haiti;

b. Apresentar os meios de Comunicações do Exército Brasileiro

empregados no Haiti;

c. Descrever as capacidades e limitações dos meios de Comunicações do

Exército Brasileiro empregados no Haiti; e

d. Apresentar as soluções encontradas pelo Exército Brasileiro para suprir

as limitações do País.

Tais objetivos permitiram o encadeamento lógico das ideias

apresentadas neste artigo.

A Função de Combate Comando e Controle é fundamental para o êxito

das Operações Militares, principalmente em virtude do cenário no qual se

desenvolvem. Semelhante ao que ocorre nas Operações de Cooperação e

Cordenação com Agências desenvolvidas em território nacional, a velocidade

da evolução dos acontecimentos demanda uma rede segura, estável e tlexivel

que além disso suporte uma grande quantidade de assinantes.

Podemos observar operações com alto grau de importância, acontecendo

de forma descentralizada (Nível Grupo de Combate) e contando muitas vezes,

com a participação de Forças Multinacionais. Atividades que possuem essas

características requerem, quase sempre, um centro de controle remoto e

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4 centralizado, que somente é proporcionado pela arquitetura modular de

Sistemas de Tecnologia da Informação e Comunicações

Toda a infraestrutura de Comunicações e Informática, compõem a base

física dos Sistemas de Comando e Controle que, quando sujeito a

interferências ou interrupções, prejudicam sobremaneira a capacidade dos

comandantes de planejar, dirigir, coordenar e controlar o emprego de forças no

cumprimento das missões atribuídas.

A opção por analisar as capacidades e limitações quanto ao fluxo seguro

de dados, formas de emprego, operacionalidade no uso, recursos de

Tecnologia de Informação e Comunicações disponíveis e confiabilidade dos

meios de comunicações empregados em missões fora do território nacional, se

deve ao fato das inúmeras participações do Exército Brasileiro nesse tipo de

operação, como os apoios prestados aos Grandes Eventos (Copa do Mundo

2014 e Olimpíadas 2016), Operações de Pacificação e apoio em catástofres

naturais.

Mesmo o Brasil tendo retirado suas tropas do Haiti, continua sendo

requisitado pela Organização das Nações Unidas para participar de suas

missões de paz pelo mundo, como ocorreu recentemente com o convite para

integrar a Missão de Paz na República Centro Africana. Assim sendo, se torna

imprescindível que se conheça as capacidades e limitações para o emprego

dos sistemas de Comando e Controle se valendo de restrita oferta de recursos

locais e de poucas alternativas para contornar tais limitações.

2. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho, objetiva-se levantar as diversas

atividades realizadas por um Batalhão de Operações de Paz, analisando os

meios de comunicações utilizados, além de verificar os Sistemas de Tecnologia

da Informação e Comunicações (TIC) disponíveis, dando ênfase ao

desenvolvimento das Funções de Combate Comando e Controle e Inteligência,

dando prioridade à primeira, a fim de levantar dados que permita formular uma

possível solução para o problema apresentado.

Procurar-se-á, de tal forma, analisar os avanços nos recursos de TIC de

maneira a verificar a possibilidade de inserí-Ios como ferramentas, a fim de

potencializar a capacidade dos Comandantes, nos diversos escalões, para

tomarem decisões acertivas, para isso será feito uma leitura analítica, um

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5 fichamento das fontes, entrevistas com especalistas, argumentação e

discussão de resultados.

Quanto à forma de abordagem do problema, utilizou-se principalmente, os

conceitos de pesquisa qualitativa, pois as referências obtidas por meio das

entrevista foram fundamentais para a compreensão das percepções dos

militares quanto ao desempenho dos Sistemas de Comunicações.

Quanto ao objetivo geral, foi empregada a modalidade exploratória, tendo

em vista o moderado conhecimento publicado sobre a temática, surgiu a

demanda de uma familiarização inicial, materializada pela busca de

informações em relatórios de término de missão. Para que se pudesse

aproveitar as experiências daqueles que participaram desta Missão da ONU no

Haiti, optou-se pela distribuição de entrevistas a uma amostra que adquiriu

vivência profissional relevante, atuando como comandantes dos Pelotões de

Comunicações.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão literária, inicialmente foi realizada por meio de coleta de dados

documentais, uma pesquisa bibliográfica e uma revisão aos textos teóricos e

outras pesquisas contendo dados importantes. Isso foi feito para auxiliar a

definir termos e conceitos, vizando viabilizar a solução ao problema de

pesquisa proposto, sendo baseada no período de Maio/2004 a Jun/2017. Essa

delimitação foi utilizada por englobar a criação, instalação e efetivação do

Batalhão Brasileiro em operação na MINUSTAH, fornecendo um bom universo

de militares envolvidos no desenvolvimento e emprego da estrutura do Sistema

de Comunicações utilizado para operacionalizar a Função de Combate

Comando e Controle.

O limite anterior foi estabelecido juntamente com o período de início da

missão, tendo o cuidado de analisar a evolução dos sistemas e materiais

utilizado ao longo do tempo de permanência do Brasil naquele país. Tal

ambientação se faz necessário para entendermos a modernização que os

Sistemas de Comando e Controle sofreram com o passar dos anos.

Em sítios eletrônicos de busca da Internet, foram utilizadas as palavras­

chave Operações de Paz, Sistemas de Comunicações, comando e controle,

Haiti, Sistema de Tecnologia de Informação, infraestrutura eletrônica, além da

busca bibliográfica no universo de monografias da Escola de Aperfeiçoamento

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6 de Oficiais (ESAO) e Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), sendo selecionados apenas os artigos em português, inglês e espanhol. O sistema de buscas foi complementado pela pesquisa em manuais e publicações militares, enfatizando a Função de Combate Comando e Controle.

Quanto ao tipo de operações militares, conforme o título do presente artigo já deixa bem explícito, a revisão de literatura limitou-se a Missão de Paz para a Estabilização do Haiti.

a. Critérios de inclusão: - estudos publicados em português e inglês relacionados a atividade de

comando e controle; - manuais e publicações do Exército Brasileiro que tratam dos Sistemas

de Comunicações; - estudos matérias jornalísticas e portfólio da empresa que fabricam os

equipamentos em estudo; - estudos qualitativos sobre as características dos equipamentos

estudados. b. Critérios de exclusão: - Estudos que abordam outros tipos de equipamentos; - Estudos que abordam o comando e controle em outros tipos de

operações militares.

2.2.1 Entrevistas

2.2 COLETA DE DADOS Na sequência do aprofundamento teórico à cerca do assunto, o

delineamento da pesquisa contemplou a coleta de dados pelos seguintes meios: entrevista exploratória e questionário.

Com a finalidade de ampliar o conhecimento teórico obtido através de pesquisa bibliográfica e colher experiências relevantes, foram realizadas entrevistas exploratórias com os seguintes especialistas, em ordem cronológica de execução:

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7 Nome Justificativa

Cap Com Eduardo Caetano Cmt Pel Com BRABA TI 12/2 Cap Com Asael Da Silva Vaz Cmt Pel Com BRABA TI 15/1 Cap Com Caio T avares da Cunha Cmt Pel Com BRABATT 16/1

o processo de tomada de decisão envolve a obtenção de dados, a conjugação de fatores intervenientes, a obtenção e a manutenção da consciência situacional, até a decisão propriamente dita. Nesse sentido, a atividade de Comando e Controle (C2) é fundamental para o êxito das operações militares. (BRASIL, 2015, P 15/46)

QUADRO 1 - Quadro de especialista entrevistados Fonte: autor

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Missões de Paz são essencialmente caracterizadas pelo seu

dinamisno e pela interação de elementos de diferentes nacionalidades atuando

em conjunto, em um cenário sob constante mudança. Existe então, a

necessidade constante de coleta e análise de dados, para se tomar decisões

acertadas em um curto espaço de tempo, e de fazê-Ias chegar com

oportunidade e segurança para todos os elementos envolvidos, objetivando o

bom desempenho das tropas em operações.

Dessa forma a Função de Combate Comando e Controle se mostra como

indispensável para os Comandantes nos diversos níveis, como vemos abaixo:

Para o pleno funcionamento dessa vital Função de Combate, os Sistemas

de Comando e Controle são compostos basicamente pelos sistemas de

comunicações e sistemas de informática, considerando também o conjunto de

todos os diversos equipamentos empregados, além do pessoal envolvido.

Uma das particularidades dos sistemas de comunicações é que estes, juntamente com os sistemas de informática, compõem a base física dos Sistemas de Comando e Controle (SC2). (BRASIL, 1997, P 4-17)

Os meios de comunicações encaram a todo o tempo novos desafios e

complexidades com a sistemática e constante evolução dos meios de

Tecnologia da Informação e Comunicações. O Manual de Fundamentos EB20-

MF-10.102, DOUTRINA MILITAR TERRESTRE, traz as seguintes

considerações:

A Doutrina Militar Terrestre, como um dos principais vetores do Processo de Transformação do Exército na Era do Conhecimento, na busca da efetividade, baseia-se na permanente atualização, em função da evolução da natureza dos conflitos, resultado das

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8 mudanças da sociedade e da evolução tecnológica aplicada aos assuntos de defesa. (BRASIL, 2014, P 1-1)

Nesse sentido, as atividades de Comando e Controle, estabelecem uma

relação de dependência mútua com as capacidades operativas dos meios

utilizados no Sistema de Comando e Controle, de Tecnologia da Informação e

Comunicações, sendo determinante para o processo de tomada de decisões

por parte dos comandantes dos diversos escalões.

o desenvolvimento da pesquisa se propõe a analisar os equipamentos

utilizados na composição do Sistema de Comunicações e no Sistema de

Tecnologia da Informação e Comunicações, verificando suas possibilidades e

limitações para o uso no planejamento, direção e controle das ações

analisando a interdependência desses componentes na estrutura de Comando

e Controle.

Com o passar do tempo, naturalmente, nossas tropas foram se adaptando

às demandas da missão e buscando medidas para contornar os problemas. De

certa forma, o tempo que o Exército Brasileiro passou naquela região serviu

como um laboratório para o desenvolvimento da doutrina para emprego dos

meios de C2.

Basicamente, a demanda existente consistia na ligação rádio entre as

tropas dos diversos escalões, sendo os de nível mais baixo os principais

usuários; uma central telefônica para operar os ramais do Batalhão e linhas de

telefonia móvel direcionadas a militares funcionalmente designados; sistemas

satelitais que proporcionavam o funcionamento dos servidores de transmição

de dados e correio eletrônico.

Essas capacidades eram impulsionadas com a utilização de sistemas e

equipamentos civis, que apresentavam como aspectos positivos uma interface

simples de fácil operação, simplicidade de manutenção, feita por fornecedores

de serviços mediante contrato, e pela variedade de meios para reposição de

peças, disponível a um baixo custo no mercado local.

Uma vez que os equipamentos militares exigiam um alto grau de

instrução, e nem todos os operadores possuiam a formação tecnica necessária

para extrair o máximo da capacidade dos meios, a simplicidade de operação

era um fator que pesava bastante na escolha do recurso a ser utilizado.

Em contrapartida, a falta de acesso à estrutura completa dos

equipamentos e sistemas provocava uma dependência dos fornecedores e

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9 prestadores de serviço. Somado a isso, a falta de infraestrutura local exigia

uma redundância de acesso, como estratégia de contingência frente a

instabilidade dos serviços, provocada não somente pelo período de

tempestades tropicais e tornados.

Dentre os componentes civis dos sistemas de Comando e Controle, deve

ser dada atenção especial ao SRDT (Sistema Rádio Digital Troncalizado), que

proporcionou um salto na evolução do C2 no nível tático do Batalhão,

proporcionando o georreferenciamento das patrulhas, aumentando a qualidade

do sinal, o número de canais operativos, a disponibilidade de canais para as

patrulhas, dentre outros. Isso favoreceu a melhora signifiativa no controle e

coordenação das ações.

Durante os primeiros contingentes, o Comando e Controle no nível tático

se apresentou de forma muito precária, devido a falta de comunicações

existente entre as tropas dos escalões mais baixo. A dificuldade de

coordenação interferia diretamente na tlexibiliade dos planejadores, que

adicionavam diversas restrições à tropa tentando suprimir esse obstáculo.

Tentando solucionar esse problema, foi feita a instalação de repetidoras

analógicas a partir do 7° Contingente. Essa resposta foi suficiente para atender

parcialmente a necessidade da "ponta da linha", ocasionando uma melhora

significativa na coordenação e controle das missões, dando uma maior

confiança aos comandantes frente ao dinamismo inerente às operações.

Apesar dessa medida solucionar o problema de coordenação que limitava

a execução das missões, ainda deixava os escalões superiores com uma

defasagem quanto ao recebimento das informações das tropas que estavam no

terreno.

Com o terremoto, que acometeu aquele país em 2010 e com o aumento

no número de participantes da missão, começou o estudo para implantar o

SRDT, que já era conhecido pelo Exército, que o havia empregado em grandes

eventos em solo nacional em datas passadas.

Sua implementação iniciou em 2011, passando a entrar em operação em

2012, baseando seu sistema nos rádios XTL e XTS, que apesar de serem

concebidos para atividades civis, apresentam um emprego dual, tendo como

características a robustez e segurança, podendo transmitir mensagens

criptografadas e georeferenciar o seu usuário. Atrelado ao lançamento de

repetidoras, proporcionou o aumento considerável no comando controle por

parte dos comandantes.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As particularidades da missão, levando em consideração a

interoperabilidade exigida para as Forças de Paz, define os meios de

Tecnologia da Informação e de Comunicações a serem utilizados, de forma

que melhor se adequem as necessidades das operações. A utilização de

recursos militares para aumentar a consciência situacional exige o emprego

massivo de meios e uma melhora significativa na formação técnica dos oficiais

e praças operadores dos diversos sistemas.

Quanto as questões de estudo e objetivos propostos no início deste

trabalho, conclui-se que a presente investigação atendeu ao pretendido, sobre

verificar se o desempenho dos meios de comunicações e os recursos de

Tecnologia da Informação e Comunicações utilizados pelo Exército Brasileiro

na MINUSTAH obtiveram um desempenho satisfatório quando empregados no

Comando e Controle.

A revisão da literatura nos possibilitou concluir sobre as demandas da

aplicação do comando e controle nas operações no Haiti. Esta compreensão

nos possibilitou verificar que a Função de Combate Comando e Controle é

bastante ampla, abrangendo os diversos escalões presentes no contexto das

missões de paz.

Percebe-se que o desenvolvimento de soluções tecnológicas e

inovadoras no campo das comunicações, fez com que o Exército buscasse

respostas acessíves para os problemas militares no universo civil em

expansão.

Mesmo considerando os aspectos negativos levantados da utilização dos

meios civis, verificou-se que a Função de Combate Comando e Controle,

mesmo caminhando pelas próprias pernas, tinha sua eficiência bastante

reduzida, limitando direta ou indiretamente o cumprimento das missões

correntes.

Os equipamentos disponíveis pelo Exército Brasileiro cumpriam todas as

funcionalidades requisitadas, porém com capacidade limitada quando

comparado com os diversos sistemas e equipamentos civis disponíveis. Por

serem mais confiáveis, os recursos militares eram priorizados para questões de

crise.

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t

• • • 11 Dessa forma, embora não seja uma altenativa estratégica, a compra

desse tipo de tecnologia pronta apresenta-se como uma boa vantagem em

relação ao nível de desenvolvimento e investimento em pesquisa própria desse

tipo de produto, principalmente por se tratar de ligações predominantemente no

nível tático.

Em suma os meios utilizados para o comando e controle apresentam uma

complementariedade siginificativa, devendo ter seu emprego judicioso,

observando as possibilidades e limitações da cada material ou sistema, aliado

ao tipo de missão a ser desempenhada.

Conclui-se portanto que, para que o Exército Brasileiro possa operar sem

depender da infraestrutura limitada e das linhas de comunicações sujeitas à

interrupção, deve investir cada vez mais no desenvolvimento de capacidades

relacionadas principalmente aos Sistemas de Comando e Controle.

Paralelo a isso constatou-se que o emprego conjunto de ferramentas civis

e militares, quando utilizadas de maneira adequada, aumentam

significativamente as capacidades do nosso exército, sem prejudicar a

segurança das operações.

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12 REFERÊNCIAS

AYALA, Jefferson. Sistemas de Comunicações empregados pelo Exército Brasileiro na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUST AH). Brasília, CIGE, 2007. 5 p.

PORTUGAL. Ministério da Defesa Nacional: ME 00-41-00: Planeamento e Comando nas Pequenas Unidades. Lisboa, 2014

BRASIL. Estado-Maior do Exército: C11-1: Emprego das Comunicações. Brasília, DF, 1997.

______ : EB20-MC-10.205: Comando e Controle. Brasília, DF, 2015.

______ : EB20-MF-10.102: Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF, 2014.

______ : EB20-MF-10.103: Operações. Brasília, DF, 2014.

______ : MD31-M-03: Doutrina para o Sistema Militar de Comando e Controle. Brasília, DF, 2015.

___ o Motorola do Brasil. Motorola Solutions implementa no Haiti solução de radiocomunicação digital. Brasil, Motorola, 2012. Disponível em: <http://www.oluapmot.com.br/noticias/motorola-solufions-implementa-no-haiti­ solucao-de-radiocomunicacao-digital-destinada-a-missao-do-exercito­ brasileiro!>. Acesso em: 15 Nov 17.

CEPIK, Marco, Kuele, Giovanna. Inteligência em Operações de Paz da ONU: Déficit Estratégico, Reformas Institucionais e Desafios Operacionais. Dados - Revista de Ciências Sociais, vol. 59, n. 4, 2016. Disponível em:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=21850065001>. Acesso em: 6 de novembro de 2017

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13 APÊNDICE A - SOLUÇÕES PRÁTICAS

Algumas sugestões resultantes do presente artigo foram expostas no terceiro capítulo e também nas considerações finais deste trabalho. Este apêndice, tem por finalidade elencar os principais aspectos observados de

maneira a facilitar a aplicação de forma prática.

É sabido que para se consolidar doutrinariamente o emprego dos recentes meios de Tecnologia da Informação e Comunicações na Função de Combate Comando e Controle, se faz necessária a criação de um arcabouço documental baseado na particularidade técnica de cada equipamento adquirido, nos relatórios das experiências de exercícios e das operações reais vividas por militares que atuaram nessas funções e na disponibilidade desse material nas diversas Organizações Militares proporcionando a prática controlada e emprego dessa doutrina em exercícios de adestramento.

Assim sendo, como observado nas ilações das considerações finais, há que se promover a compra de material para suplementar essa tecnologia já adiquirida e se investir mais em estudos e pesquisas para tal consolidação. Sendo interessante a formação de um grupo de trabalho de especialistas no assunto que tenha por objetivo a produção de um caderno de instrução, que futuramente, venha se tornar propagar tanto nas Escolas de Formação, quanto nos diversos batalhões, abranjindo as peculiaridads de emprego tático e técnico desses materiais e sistemas.

Seguindo ainda a análise dos resultados e discussões feitos neste trabalho, é fundamental que o militar mantenha seu cabedal de conhecimentos profissionais constantemente atualizado, e conheça a fundo as ferramentas e sistemas de comando e controle de últimas gerações. Mas que sobretudo, pratique a execução de suas tarefas em exercícios de adestramento.

Neste sentido, é fundamental que o operador desse material, com imenso valor tecnológico agregado, tenha acesso a esse conhecimento como objetivos curriculares das escolas de formação. Visando aqueles que já estão tendo acesso a essas novas ferramentas, seria interessante promover estágios de área para a sedimentação desse conhecimento, produzindo e ampliando as capacidades necessárias para operação dos sistemas de Comando e Controle, atendendo dessa forma a enorme demanda pela consciência situacional do ambiente de operações em todos os escalões.