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PROPOSTA DE UM MÉTODO DE APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS PARA TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA CIPA Bruna Green Rodrigues Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ferro dos Santos LORENA 2015 ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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PROPOSTA DE UM MÉTODO DE APRENDIZAGEM BASEADA EM

PROBLEMAS PARA TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA CIPA

Bruna Green Rodrigues

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ferro dos Santos

LORENA

2015

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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BRUNA GREEN RODRIGUES

PROPOSTA DE UM MÉTODO DE APRENDIZAGEM BASEADA EM

PROBLEMAS PARA TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA CIPA

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ferro dos Santos

LORENA

2015

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como requisito parcial para conclusão da graduação do curso de Engenharia Química.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Rodrigues, Bruna Green PROPOSTA DE UM MÉTODO DE APRENDIZAGEM BASEADA EMPROBLEMAS PARA TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA CIPA /Bruna Green Rodrigues; orientador Eduardo Ferro dosSantos. - Lorena, 2015. 86 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2015Orientador: Eduardo Ferro dos Santos

1. Prevenção de acidentes. 2. Metodologia deensino e aprendizagem. 3. Saúde e segurança dotrabalho. I. Título. II. dos Santos, Eduardo Ferro ,orient.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à Deus, por sua imensa bondade em me

conceder a oportunidade de seguir caminhando e conquistando vitórias em minha

trajetória, como este trabalho.

Aos meus pais, Adelson e Irene, e as minhas irmãs, Juliane e Amanda, que

sempre acreditaram e confiaram em mim, incondicionalmente, inclusive nos

momentos em que eu mesma não acreditava.

À minha sobrinha, Isabela, que adoça e alegra todos os meus dias.

Ao meu orientador, Eduardo, que esteve, brilhantemente, ao meu lado para

a realização deste trabalho tornando-o possível com sua paciência e dedicação.

Aos meus amigos e colaboradores, Eduardo, Bruno e Renata, que

cooperaram, sugeriram e doaram seu tempo para a realização deste trabalho.

Aos meus amigos, Larissa, Letícia, Daniele, Bárbara, Carolyne, Roberta e

Edson, que proporcionaram, durante a graduação, momentos inesquecíveis.

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“Gosto de ser gente porque, inacabado, sei

que sou um ser condicionado, mas consciente do

inacabamento, sei que posso ir mais além dele.”

Paulo Freire

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RESUMO RODRIGUES, B.G. Proposta de um método de aprendizagem baseada em problemas para treinamento e capacitação da CIPA. 2015. 86f. Trabalho de conclusão de curso de Engenharia Química - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

Os elevados índices de acidente de trabalho no Brasil e a cultura já

conhecida de muitas empresas em adotar exclusivamente como medida de segurança o “estar em conformidade com a legislação vigente”, torna interessante a verificação da atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA), que é uma ferramenta muito importante nesse processo de prevenção e também na proteção à saúde do trabalhador. Como qualquer grupo de atuação profissional, uma CIPA requer capacitação, que inclui educação e treinamento frente às demandas necessárias. Com o avanço do processo educacional, a metodologia de ensino e aprendizagem baseada em problemas (ABP) aparece de forma alternativa neste processo de educação e treinamento dessa comissão. Este trabalho apresenta um estudo de caso que avaliou o funcionamento e estratégias atuais de treinamento da CIPA em uma empresa de pequeno porte (EPP). No estudo de caso utilizou-se para obtenção dos dados: a análise de documentos, reuniões, observações e um questionário fechado baseado na escala Likert. Para análise de documentos utilizou-se uma Checklist baseada na NR-5 enquanto para análise do questionário foi usado a análise fatorial com auxílio do software IBM SPSS Statistcs 20. Os resultados obtidos das análises do estudo de caso permitiram identificar alguns pontos a serem melhorados como; falta de ciência de suas atribuições por parte dos membros da CIPA e a falta de colaboração e interação entre funcionários. A partir dessa identificação foi proposto um método de treinamento visando acabar com lacunas identificadas. A proposta de treinamento utiliza como método de ensino a aprendizagem baseada em problemas, que é adequado ao ensino de adultos e tem como vantagens: a aprendizagem profunda; a motivação, a indicação ao ensino profissionalizante e a melhora no trabalho em equipe. O trabalho concluiu que o treinamento tradicional utilizado na empresa causava lacunas entre teoria e prática e que o treinamento proposto não é apenas capaz de sanar essas lacunas, como também pode melhorar o ambiente de trabalho na empresa, melhorando a comunicação entre os funcionários. No entanto é importante ressaltar que nenhum método é capaz de solucionar todos os problemas referentes ao ensino e a aprendizagem.

Palavras-chave: prevenção de acidentes; metodologia de ensino e aprendizagem; saúde e segurança do trabalho.

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ABSTRACT

RODRIGUES, B.G. Proposal of a method of problem-based learning for training and capacity of CIPA. 2015. 86p. Final paper for Chemical Engineering – Engineering School of Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2015.

The high rates of occupational accidents in Brazil and the familiar culture of

many companies to adopt exclusively as safety measure "being in accordance with current legislation," turns interesting the verification of Internal Commission Accident Prevention (CIPA) performance, which is a very important tool in the process of prevention and also in the protection of workers' health. Like any professional acting group, CIPA requires training, which includes education and training according to the necessary demands. With the advancement of the educational process, the teaching methodology and problem-based learning (PBL) appears alternatively in the process of education and training of this commission. This coursework presents a case study that evaluated the functioning and current strategies of training of CIPA in a small size enterprise (SSE). In the case study, it has been used to obtain the data: the analysis of documents, meetings, observations and a closed questionnaire based on the Likert scale. For document analysis used a check list based on NR-5 while for questionnaire analysis was used the factorial analysis with the help of IBM SPSS software statistcs 20. The results of the case study analyzes have identified some points to be improved as; lack of awareness of its duties by the members of CIPA and the lack of collaboration and interaction between employees. From this identification has been proposed a method of training aimed at ending identified gaps. The training proposal uses as a method of teaching problem-based learning, which is appropriate to adult learning and holds the following advantages: deep learning; motivation, the indication for vocational education and the improvement of teamwork. The study concluded that traditional training used in the company caused gaps between theory and practice and that the proposed training is not only able to address these gaps, but can also improve the working environment in the company, improving communication among employees. However it is important to emphasize that no method is able to solve all the problems related to teaching and learning.

Keywords: prevention of accidents; teaching and learning methodology; occupational health and safety.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Valores referenciais do teste KMO........................................................ 41

Tabela 2- Valores de consistências do Alpha Cronbach ....................................... 41

Tabela 3- Participação dos assuntos analisados na check list.............................. 45

Tabela 4- Análise da conformidade de cada fator ................................................. 47

Tabela 5- Autovalores e percentual de variância explicada. ................................. 48

Tabela 6- Cargas fatoriais de cada variável na composição dos fatores. ............. 49

Tabela 7- Variáveis, resumo estatístico, Alfa Cronbach e KMO. ........................... 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Organização da CIPA. ........................................................................... 14

Figura 2- Fluxograma do processo de implantação de uma CIPA. ....................... 16

Figura 3- Princípios da aprendizagem que fundamentam o ABP.......................... 25

Figura 4- Método iterativo de aplicação. ............................................................... 31

Figura 8- Forma de condução do estudo de caso. ................................................ 36

Figura 9- Fluxograma do processo produtivo dos óleos lubrificantes da EPP ...... 37

Figura 10- Representação do Plano fatorial entre os fatores 1 e 2. ...................... 50

Figura 5- Aprendizagem cíclica. ............................................................................ 55

Figura 6- Ciclo de Treinamento. ............................................................................ 57

Figura 7- Planejamento em 4 etapas. ................................................................... 58

Figura 11- Ciclo de aplicação dos 7 passos. ......................................................... 64

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Temas mínimos contemplados no Treinamento da CIPA. ................... 15

Quadro 2- Abordagem Tradicional X Abordagem cognitivista. ............................. 20

Quadro 3- Princípios andragógicos. ...................................................................... 22

Quadro 4- Efeitos cognitivos na aprendizagem do estudante. .............................. 27

Quadro 5- Relação das Variáveis do Questionário. .............................................. 39

Quadro 6- Resultado da verificação dos itens da NR-5. ....................................... 46

Quadro 7- Plano de Curso. ................................................................................... 61

Quadro 8- Plano de Aula do Treinamento com ABP. ............................................ 62

Quadro 9- Assuntos abordados de cada Problema. ............................................ 63

Quadro 10- Treinamento Tradicional X Treinamento ABP. ................................... 67

Quadro 11- O ABP nos problemas detectados. .................................................... 68

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8

2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 8

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 8

3 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO .............................................................. 9

3.1 SURGIMENTOS DAS NRs ................................................................................. 10

3.2 HISTÓRICO DA CIPA......................................................................................... 11

3.3 NR-5 .................................................................................................................... 12

3.4 FUNCIONAMENTO DA CIPA ............................................................................. 13

4 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ..................................................... 17

4.1 PEDAGOGIA ...................................................................................................... 17

4.1.1 Abordagem Tradicional ................................................................................. 18

4.1.2 Abordagem Cognitiva .................................................................................... 18

4.2 ANDRAGOGIA ................................................................................................... 21

5 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS ................................................. 24

5.1 ORIGEM .............................................................................................................. 24

5.2 FUNDAMENTOS DO ABP ................................................................................. 26

5.3 ELEMENTOS DO ABP ....................................................................................... 27

5.3.1 O problema ..................................................................................................... 27

5.3.2 Os grupos tutoriais ........................................................................................ 28

5.3.3 O facilitador .................................................................................................... 28

5.3.4 O estudo individual ........................................................................................ 29

5.3.5 A avaliação do estudante .............................................................................. 29

5.3.6 O currículo ...................................................................................................... 29

5.4 APLICAÇÃO DO ABP ........................................................................................ 30

5.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ABP ..................................................... 33

6 METODOLOGIA .................................................................................................... 35

6.1 DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA CONCEITUAL-TEÓRICA.................................. 36

6.2 PLANEJAMENTO DO CASO ............................................................................. 37

6.2.1 Escolha das unidades de análise ................................................................. 37

6.1.2 Definição das técnicas para coleta e análise dos dados ............................ 38

6.2 COLETA DE DADOS.......................................................................................... 38

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6.3 ANÁLISE DE DADOS......................................................................................... 40

6.3.1 Análise do Questionário ................................................................................ 40

7 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 42

7.1 COLETA DE DADOS.......................................................................................... 42

7.1.1 Reunião com presidente da CIPA ................................................................. 42

7.1.2 Reuniões com chefe de produção e responsável técnico do laboratório . 42

7.1.3 Acesso aos documentos ............................................................................... 43

7.1.4 Participação em reunião da CIPA ................................................................. 43

7.1.5 Aplicação do questionário ............................................................................ 44

7.2 ANÁLISE DE DADOS......................................................................................... 44

7.2.1 Conformidade da CIPA .................................................................................. 44

7.2.2 Questionário ................................................................................................... 47

7.3 CONSIDERAÇÕES DO ESTUDO DE CASO ..................................................... 53

8 BASES TEÓRICAS PARA UM NOVO MÉTODO ................................................. 54

8.1 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO (T&D) ............................................... 55

8.1.1 Programa de Treinamento ............................................................................. 56

8.1.2 Monitoração .................................................................................................... 59

9 O MÉTODO PROPOSTO ...................................................................................... 60

9.1 PROGRAMA DE TREINAMENTO ...................................................................... 60

9.3 COMPARATIVO TREINAMENTO TRADICIONAL X ABP................................. 65

10 CONCLUSÕES .................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 71

APÊNDICE................................................................................................................ 76

ANEXOS ................................................................................................................... 78

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil os acidentes de trabalho acontecem de forma alarmante sendo

considerado um problema grave. De acordo com o Anuário Estatístico da

Previdência Social 2013 (AEPS, 2013), no período de 2010 a 2013, foram

registrados 2.861.587 acidentes de trabalho no país, o que correspondente a uma

média de 715.500 acidentes registrados por ano, sendo desse total 11.256 com

óbitos, média de 2.814 óbitos/ano (BRASIL, 2013).

Estima-se que cerca de 98% das empresas brasileiras sejam compostas de

micro e pequenas empresas e que estas concentrem 46,2% dos trabalhadores

formalmente contratados. Pela contribuição que podem oferecer para a redução

do número de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, significando maior

competitividade, redução de custos e melhoria das condições e dos locais de

trabalho, elas necessitam ser estudadas e orientadas (DAMASCENO, 2005).

Em empresas de pequeno porte (EPP) os acidentes são proporcionalmente

mais frequentes que em empresas maiores, isso ocorre devido à dificuldade do

cumprimento integral das normas de segurança e a falta de educação e

treinamento nas empresas menores, o que resulta em prejuízos às ações em

saúde e segurança. Embora os custos econômicos e sociais dos acidentes de

trabalho sejam altos, muitas empresas adotam como única estratégia de gestão

da segurança a tentativa de estar em conformidade com as legislações vigentes

(COSTA; MENEGON, 2008).

Os acidentes não acontecem por acaso, todos possuem uma causa seja

ela falha humana ou material. A prevenção é uma medida fundamental e também

o propósito primário em um programa de segurança, no entanto é complicada já

que depende de muitos fatores incluindo a mudança de variáveis de empresa

para empresa (FERREIRA et al., 2012).

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é um órgão

essencial nesse processo de prevenção. Este órgão é formado por

representantes dos funcionários e do empregador. Os representantes dos

funcionários são eleitos pelos trabalhadores e, portanto são geralmente

funcionários “modelos” o que facilita a comunicação, fiscalização e

consequentemente o funcionamento da CIPA. Ela não tem apenas como objetivo

a prevenção de acidentes, mas também a proteção à saúde dos trabalhadores

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diante dos riscos existentes nos locais de trabalho. Dessa maneira as

organizações podem ampliar seu trabalho, aproveitando uma equipe que deve

existir por obrigatoriedade, desde que respeite a razão da sua principal existência

que é a Saúde e Segurança no trabalho (CAMPOS, 1999).

Atualmente a abordagem tradicional dos estudos de Segurança do

Trabalho vem sendo discutida pois essa quase sempre não aponta a causa-raiz

dos problemas. Ela é caracterizada pela análise de problemas pontuais tais como

o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), implantação das medidas

de proteção coletiva, treinamento, punição e educação dos trabalhadores, não

cumprimento das normas de segurança e dos procedimentos, que focam as

medidas preventivas de novos acidentes no comportamento do trabalhador, que

comprovadamente têm efeito limitado (FILHO, 2010).

A necessidade das organizações obterem conhecimentos em diversas

áreas vem fazendo com que estas tracem estratégias baseadas em

aprendizagem. O método de ensino Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)

é apontada como adequada para a capacitação profissional, pois estimula a troca

de experiência e a sistemática de resolução de problemas (NEVES, 2006). Com a

aplicação do ABP na CIPA este poderia fazê-la funcionar efetivamente e ainda

estender suas funções conforme a participação funcionários na CIPA e o nível

maturidade em segurança crescerem.

A Aprendizagem Baseada em Problemas é um método de instrução e

aprendizagem colaborativa, construtivista e contextualizada que usa problemas

da prática para desenvolver o conhecimento (SCHMIDT, 2001). Ele foi concebido

para solucionar problemas na área da medicina no final dos anos 1960, apesar

dessa origem ele não se limitou e foi expandido a outras áreas de conhecimento,

como a engenharia, e também como método alternativo de capacitação.

O ABP pode ser considerado uma das estratégias de ensino mais

exploradas nos últimos anos. Ele auxilia a integração da teoria e da prática

mediante o relacionamento com situações reais, encorajando os alunos a

refletirem sobre a experiência prévia e o conhecimento. O surgimento desse

método alternativo ocorreu da necessidade de instruir profissionais diminuindo a

lacuna da teoria e da prática (NEVES, 2006).

O ABP vem sendo utilizado na educação de adultos, conhecida como

andragogia, que é a arte e a ciência de ajudar adultos a aprenderem (KNOWLES,

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1998). Na andragogia levam-se em conta as singularidades do adulto no processo

de aprendizagem, pois na educação adulta as análises das próprias experiências

são o centro da metodologia. Essa utilização do ABP torna-o mais interessante

como método de capacitação da CIPA, já que esse será feito exclusivamente com

adultos.

Este trabalho se justifica pela importância da Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes (CIPA) em funcionar de forma efetiva, já que é um órgão

essencial na prevenção de acidentes e na proteção à saúde do trabalhador,

principalmente em empresas de pequeno porte (EPP). Outro ponto que torna

relevante o estudo da atuação desse órgão é que segundo Campos (1999, p.

244) “não dá para pensar em uma CIPA tradicional, totalmente voltada para a

legislação. Sua atuação tem de estar alerta para as mudanças tecnológicas, de

novas legislações e dos processos produtivos, respeitando os novos riscos”

Dessa forma a avaliação de estratégias atuais no treinamento dessa comissão

pode identificar métodos de capacitação não eficazes e propor melhorias através

do método de Aprendizagem Baseada em problemas (ABP) garantindo o

funcionamento da CIPA.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é avaliar estratégias atuais de treinamento da

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) em uma empresa e a partir

disso, sugerir melhorias através do Método de Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar de que forma funciona a CIPA na empresa;

Adaptar o método de Aprendizagem Baseada em Problemas para que

possa ser empregado como método de treinamento da CIPA;

Propor um método de capacitação eficiente que consiga despertar o

interesse dos funcionários na participação da CIPA;

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3 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Toda sociedade necessita de produzir sua riqueza material e para que isso

aconteça o homem deve transformar a natureza em bens de uso. Dessa forma o

trabalho se torna a reprodução do ser social, sendo o capitalismo visto como a

fonte geradora dos bens materiais, ou seja, tornando meio de humanificação do

homem, já que é indispensável para sua existência (FERREIRA et al., 2012).

A história mostra que o capital nutre-se da exploração do trabalho do

homem e, portanto o sucesso econômico depende intrinsecamente da mão-de-

obra do trabalhador. Diante dessa relação de dependência é que surgem jornadas

pesadas, riscos a saúde do trabalhador e, portanto a necessidade da Segurança

no Trabalho (DALLAGO, 2010).

A segurança do trabalho é a área que tem a função de estudar e

implementar medidas que visem a eliminação ou controle dos riscos decorrentes

do processo de trabalho protegendo a capacidade e integridade do trabalhador no

ambiente de trabalho (YAMAKAMI, 2013).

Os primeiros relatos sobre a preocupação com a segurança no trabalho

datam de 2360 a.c e estão registrados em um documento egípcio. Neste está

descrito uma revolta de escravos de uma mineração de cobre e mostrou ao faraó

a necessidade de melhorar a condição de trabalho dos escravos. Ainda na

história antiga, os Romanos aprofundaram o estudo da proteção médico-legal dos

trabalhadores e elaboraram leis para sua garantia. Os principais foram Plínio e

Rotário que pela primeira vez recomendaram máscaras para evitar que os

trabalhadores respirassem poeiras metálicas (FERREIRA et al., 2012).

Na idade média surgiram de fato as primeiras ordenações aos fabricantes

para adoção de medidas de segurança do trabalho. Nessa época surgem nomes

como Bernardino Romazzini que listou 50 atividades profissionais relacionadas

com doenças (FERREIRA et al., 2012).

Em 1760 inicia-se a revolução industrial na Inglaterra, nessa época o

trabalho compulsório e sem qualquer cuidado com higiene e prevenção de

acidentes fazia surgir até mesmo doenças contagiosas. Neste cenário, o

Parlamento Britânico aprova a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”. Ao longo

do século XIX e início do século XX foram criadas várias medidas que culminaram

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na sistematização dos procedimentos preventivos com a criação da Organização

Internacional do Trabalho (OIT) em 1919.

No Brasil, a legislação é relativamente nova devido à economia ser

baseada no trabalho escravo até o final do século XIX. Foi só a partir de 1930,

com o Governo de Getúlio Vargas que à proteção a saúde do trabalhador

começou a ganhar espaço. Até então existiam apenas quatro leis pertinentes ao

seguro social: Lei Nº 3.724, de 15/01/19, sobre acidentes do trabalho, tornando

compulsório o seguro contra o risco profissional; Lei Nº 16.027, de 30/04/23, que

criou o Conselho Nacional do Trabalho; Lei Nº 4.682, de 24/01/23, que instituiu

uma caixa de aposentadoria e pensões; Lei Nº 5.109, de 20/12/26, que estendeu

o regime das caixas de aposentadoria às empresas portuárias (OLIVEIRA, 1999).

Em 1930 é criado o Ministério do Trabalho Indústria e Comércio pelo

Decreto Nº 19.433, de 26/11/30 que marcou o início de várias leis, decretos e

normas que beneficiaram o trabalhador e teve seu apogeu na constituição de

1988 (MOREIRA, 2014).

3.1 SURGIMENTOS DAS NRs

As Normas Regulamentadoras, mais conhecidas como NRs, são

elaboradas pelo Ministério do Trabalho a fim de promover a saúde e segurança

do trabalho na empresa. As NRs, relativas à segurança e saúde ocupacional, são

de observância obrigatória para toda a empresa ou instituição que admitem

empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O processo que resultou no surgimento das NRs começou em 1921,

quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) organizou um comitê para

estudos de segurança e higiene, e também para recomendações de medidas

preventivas a serem adotadas para evitar acidentes e doenças no trabalho. Uma

das recomendações do comitê foi a criação da Comissão de Segurança do

Trabalho em estabelecimentos industriais. No Brasil, só foi colocado em vigor

essa recomendação em 10 de novembro de 1944 com a promulgação do

Decreto-Lei 7.036, conhecido como Nova Lei de Acidentes (PAOLESCHI, 2010).

A partir de 1944, foram baixadas algumas portarias que foram

regulamentando a comissão recém criada. A primeira foi em junho de 1945 a

Portaria 229. A segunda regulamentação se deu pela Portaria 155, de 27 de

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novembro de 1953. A terceira veio com a Portaria 32, de 29 de novembro de

1968, e a quarta com a Portaria 3456, de 13 de agosto de 1977. Já em 22 de

dezembro de 1977 foi sancionada a Lei 6.514 que oficializava mais uma revisão

do capítulo V da CLT (Consolidações das Leis do Trabalho), em que a CIPA

ganhou mais ênfase nos enunciados dos artigos 163, 164 e 165 da CLT (BRASIL,

1977).

Foi só em 8 de junho de 1978 que as NRs surgiram, quando foi baixada a

Portaria Nº 3.214/78 que revogava todas as anteriores sobre assuntos de

segurança e ainda expedia e aprovava 28 novas Normas Regulamentadoras

(dentre elas a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), identificada pelo

código NR-5. Essas Normas embora tenham sido trazidas pela Portaria Nº

3.214/78 em vigor até hoje, têm sido regularmente alteradas ao longo do tempo

por diversas portarias. Atualmente contamos com um total de 36 NRs

(PAOLESCHI, 2010).

3.2 HISTÓRICO DA CIPA

A CIPA teve sua origem em 10 de novembro de 1944 no artigo 82 do

Decreto-Lei nº 7.036, que ficou conhecido como certidão de nascimento da CIPA,

e seu texto diz o seguinte:

Art.82. Os empregadores, cujo número de empregados seja superior a 100, deverão providenciar a organização, em seus estabelecimentos, de comissão interna, com representantes de seus empregados, para o fim de estimular os interesses pelas questões de prevenção de acidentes, apresentar sugestões quanto à orientação e fiscalização das medidas de prevenção do trabalho, realizar palestras instrutivas, propor a instituição de concursos e prêmios e tomar outras providências tendentes a educar o empregado na pratica de prevenir acidentes.

A partir de 1944 foram baixadas algumas portarias que foram

regulamentando a comissão recém criada. A primeira foi em junho de 1945, era a

Portaria 229. A segunda regulamentação se deu pela Portaria 155, de 27 de

novembro de 1953. A terceira veio com a Portaria 32, de 29 de novembro de

1968, e a quarta com a Portaria 3456, de 13 de agosto de 1977. Já em 22 de

dezembro de 1977 foi sancionada a Lei 6.514 que oficializava mais uma revisão

do capitulo V da CLT (Consolidações das Leis do Trabalho), em que a CIPA

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ganhou mais ênfase nos enunciados dos artigos 163, 164 e 165 da CLT

(PAOLESCHI, 2010).

Um ano depois, em 1978, a Portaria n⁰ 3.214, de 8 de junho, aprovou 28

Normas Regulamentadoras (NR). A norma regulamentadora 5 (NR-5) passou a

dimensionar a CIPA, a tratar das atribuições e do seu funcionamento, sendo

incluído em 1983, a observância aos riscos ambientais, através da Portaria n⁰ 33.

Em 1994, através da Portaria n⁰ 5, de 18 de abril, foi feita outra alteração

na NR 5, que não chegou a se concretizar, pois o Ministério do Trabalho decidiu

por um reestudo com novas rodadas de negociações, nesta que foi a primeira

experiência de trabalho de uma comissão tripartite (governo, trabalhadores e

empregadores). Entretanto, neste mesmo ano, a CIPA passou a ter uma

importância maior por força da alteração na NR-9, que trata do Programa da

Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). A Portaria n⁰ 25, de 29 de dezembro,

prevê alteração e relevância do Mapa de Riscos, que é elaborado pelos membros

da CIPA. Já em 1995, a Portaria n⁰ 4, de 4 de julho, determinou a mudança da

NR-18, que passou a ser intitulada Condições e Meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção. Esta NR passou a contemplar item específico (18.33)

para o dimensionamento da CIPA, nesse ramo de atividade (PALOESCHI, 2010).

3.3 NR-5

A Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego NR-5,

que trata sobre a CIPA, tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças

decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o

trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador

(BRASIL, 2011).

Para isso a CIPA deve abordar as relações entre o homem e o trabalho,

objetivando a constante melhoria das condições de trabalho para a prevenção de

acidentes e doenças decorrentes do trabalho (PAOLESCHI, 2010).

A NR-5 regulamenta a CIPA quanto ao seu objetivo, atribuições,

funcionamento, treinamento, processo eleitoral e também dos contratantes e

contratados. Nela está previsto que todas as empresas privadas, públicas,

sociedades de economia mista, instituições beneficentes, cooperativas, os clubes,

desde que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho

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(CLT), dependendo do grau de risco da empresa e do número mínimo de 20

empregados, são obrigados a constituir e manter a CIPA. Os membros que

constituem a CIPA são funcionários da empresa, tendo representantes do

empregador, indicados pela direção, e representantes dos empregados eleitos em

voto secreto (SUSSEKIND, 1996).

Em 23 de fevereiro de 1999, criou-se a nova NR-5 pela Portaria/SSST 09

que regulamentou o estabelecido artigo 163 da CLT, instituindo novas regras para

o funcionamento da CIPA. Nos últimos anos as Normas Regulamentadoras

sofreram algumas atualizações, sendo a última atualização da NR-5 ocorrida pela

Portaria SIT n.º 247, de 12 de julho de 2011 (BRASIL, 2011).

3.4 FUNCIONAMENTO DA CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é um grupo

formado por pessoas pré-selecionadas que serão responsáveis por desenvolver

ações que melhorem as condições ambientais de trabalho com a finalidade de se

evitar acidentes e doenças decorrentes do processo de trabalho.

A CIPA é formada por representantes do empregador e dos trabalhadores,

em iguais quantidades, cujos mandatos têm duração de um ano. O

dimensionamento da CIPA é o primeiro passo na implantação dessa comissão e

acontece conforme o número de trabalhadores e o grau de risco da empresa.

Para o dimensionamento é necessário saber qual a principal função

executada pela empresa, essa informação pode ser verificada na Classificação

Nacional de Atividade Econômica (CNAE), descrita em seu cartão CNPJ. Em

seguida é necessário consultar o Quadro III da NR-5, onde se descobre a qual

grupo a empresa pertence. Então de posse dessa informação deve-se consultar o

Quadro I da NR-5, neste se descobre quantos membros serão efetivos e quantos

serão suplentes. A comissão deverá conter o número encontrado no Quadro I que

é o total de representantes de cada uma das partes empregado e empregador

(MOREIRA, 2014).

Os representantes do empregador serão indicados por ele e os

representantes dos empregados serão eleitos pelos próprios trabalhadores,

através de eleição secreta, na qual participarão os empregados interessados. O

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mandato tem duração de um ano e os cipeiros adquirem estabilidade por dois

anos, sendo proibida a demissão sem justa causa.

O presidente da CIPA será indicado pela empresa e o Vice-Presidente será

escolhido entre os titulares eleitos. Na comissão é necessário que se tenha um

secretário e um substituto que deverão ser escolhidos em comum acordo entre os

membros e o empregador, entretanto não há obrigatoriedade que estes já

pertençam à comissão. Abaixo ilustrada na figura, a composição da CIPA, onde é

possível perceber como é feita sua formação.

Figura 1- Organização da CIPA.

Fonte: Elaborado pela autora.

O funcionamento da CIPA consiste em reuniões ordinárias mensais, as

quais serão realizadas durante o expediente da empresa em local apropriado. As

decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso.

Exemplo de organização da CIPA para uma empresa que pertence ao grupo C-2 com total de trabalhadores entre 51 a 80, conforme o Quadro I da NR 5.

Representantes do empregador (Designados)

Representantes dos empregados (Eleitos)

Suplentes Efetivos Efetivos Suplentes

Presidente Vice-Presidente

Secretário(a) e substituto

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O processo eleitoral dura em média 60 dias e a participação do trabalhador

é facultativa, sendo assim, a empresa deve se esforçar no sentido de incentivar

os trabalhadores a participarem do processo eleitoral. A ocorrência de

participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na votação resulta na

não apuração dos votos e a organização de outra votação pela Comissão

Eleitoral, que ocorrerá no prazo máximo de dez dias. Em caso de anulação, por

quaisquer motivos, a empresa convocará nova eleição no prazo de cinco dias. As

datas e prazos de cada fase do processo devem ser respeitados e para isso o

cronograma deve ser seguido (BRASIL, 2011).

O treinamento irá ocorrer com todos membros da CIPA. Ele pode ser dado

por um Técnico em Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do

Trabalho, ou qualquer ou membro do SESMT, também por entidade ligada ao

sindicato da categoria, ou por profissional que possua conhecimento sobre os

temas ministrados. Os temas obrigatórios que devem estar contemplados no

treinamento estão listados na NR 5 item 5.33 e podem ser observados no quadro

1, a seguir.

Quadro 1- Temas mínimos contemplados no Treinamento da CIPA.

Itens Obrigatórios ao Treinamento

A) Estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do

processo produtivo;

B) Metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;

C) Noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos

existentes na empresa;

D) Noções sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida – AIDS, e medidas de prevenção;

E) Noções sobre as legislações trabalhistas e previdenciária relativas à segurança e saúde no

trabalho;

F) Princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos;

G) Organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da

comissão.

Fonte: (BRASIL, 2011)

O treinamento terá carga horária de vinte horas, distribuídas em no máximo

oito horas diárias e será realizado durante o expediente normal da empresa. Na

ilustração, logo abaixo, há um fluxograma que mostra esse processo do fluxo da

CIPA em uma empresa.

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Figura 2- Fluxograma do processo de implantação de uma CIPA.

Fonte: (BRASIL, 2011).

FLUXOGRAMA DA CIPA

Edital de convocação para eleição

Formação da comissão eleitoral e

comunicação ao sindicato

Edital de inscrições

Realização da votação

Apuração dos votos

Divulgação do resultado das eleições

1ª CIPA

Posse dos membros

Curso de formação

2ª CIPA

Curso de formação

Posse dos membros

Calendário anual de reuniões

Arquivamento do processo eleitoral

Reuniões mensais

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4 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Existem muitas definições sobre o conceito de aprendizagem, cada

abordagem teórica acerca do desenvolvimento e aprendizagem lhe confere

significados próprios. Segundo Freire (1996), a verdadeira aprendizagem é aquela

que transforma o sujeito, ou seja, os saberes ensinados são reconstruídos pelos

educadores e educandos e, a partir dessa reconstrução, tornam-se autônomos,

emancipados, questionadores, inacabados.

Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido

através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos,

relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas

mentais e o meio ambiente. O processo, conceitos e teorias da aprendizagem são

discutidos na Pedagogia e na Andragogia, pois as duas ciências procuram por

melhores formas de ensinar e de aprender (SOARES, 2008).

A Pedagogia, segundo Pimenta (2005, p.9) é considerada a “ciência que

tem como objeto de estudo a educação”. A origem da palavra é grega e deriva

dos vocábulos paidós (criança)+ agein (conduzir)+ logo(tratado ou ciência),

significando a arte e a ciência de ensinar crianças. Já a Andragogia, em oposição,

é definida por Furter (1974 apud CAVALCANTI; GAYO, 2004, p.23) como

“filosofia, ciência e a técnica da educação de adultos”. A origem do nome também

é grega, assim como a palavra pedagogia, e deriva dos vocábulos andros

(homem)+ agein (conduzir)+ logo (tratado ou ciência), referindo a ciência da

educação de adultos.

4.1 PEDAGOGIA

As tendências pedagógicas são estudadas e representadas por diversos

autores que conferem um olhar próprio às teorias de aprendizagem através de

seus estudos e comparação. Um exemplo desses autores é Mizukami (1986) que

adotou três características básicas para nomear abordagens de ensino e

aprendizagem: Primato do sujeito; Primato objeto e Interação sujeito objeto.

Adotado esse critério nomeou quatro diferentes tipos de abordagem: Tradicional,

Comportamentista, Humanista, Cognitivista e Sócio-cultural.

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Essa classificação de Mizukami é interessante para esse trabalho pois

abrange as abordagens Tradicional e Cognitivista. A primeira, a abordagem

Tradicional, dá-se sua importância ao fato da maior parte das metodologias

adotadas no Brasil se alicerçarem em suas premissas. No caso da segunda, a

abordagem Cognitivista, sua importância é devido ao método ABP, objeto de

estudo desse trabalho, estar fundamentado nela.

4.1.1 Abordagem Tradicional

De acordo com Santos (2005, p.21) “Entende-se por abordagem tradicional

a prática educativa caracterizada pela transmissão dos conhecimentos

acumulados pela humanidade ao longo dos tempos”. A missão da transmissão é

executada pelo professor, que é o portador do conhecimento, cabe ao aluno

decorar o conteúdo para serem conferidos pelo professor (CARNEIRO, 2012).

Bordenave (1984, p.41) refere-se a abordagem tradicional como

“pedagogia da transmissão”, na qual a opção pedagógica é focada principalmente

nos conteúdos educativos. O autor ainda ressalta que essa abordagem gera

consequências sociais, pois produz alunos passivos e cidadãos obedientes

resultando em uma sociedade individualista.

Freire (2005) usa o termo “educação bancária” para caracterizar essa

abordagem aducativa, na qual o educador é a figura que tudo sabe e o educando

é a figura que nada sabe. O educador, portanto, deposita seus conhecimentos

nos educandos que devido à sua ignorância, aceitam passivamente.

Nessa abordagem a escola é o lugar de excelência para ensinar e cabe ao

professor as escolhas referentes ao conteúdo, metodologia, avaliação e a forma

de interação que deseja, para isso deve dominar a disciplina que leciona. O

domínio da disciplina por parte do professor é a única variável considerada no

processo de aprendizagem, sendo necessária apenas a exposição do conteúdo

(SOARES, 2008).

4.1.2 Abordagem Cognitiva

Essa abordagem tem por interesse investigar os chamados “processos

centrais” do indivíduo como: organização do conhecimento, processamento de

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informações, estilos comportamentais, estilos de pensamento, etc. Um dos

principais representantes dessa linha de pesquisa é Jean Piaget e por isso esta

abordagem também ficou conhecida como piagetiana (SANTOS, 2005).

De acordo com Santos (2005), a abordagem piagetiana explora o caráter

construtivista-interacionista entre o sujeito e o objeto do conhecimento, pois o

processo de aprendizagem é decorrente dessa interação. A aprendizagem se

inicia através da ação do indivíduo sobre o objeto, dessa conexão gera a

incorporação de elementos do meio, conhecida como assimilação. Na

assimilação, as coisas e fatos do meio são inseridas em um sistema de relações

já existente e recebem um significado.

Segundo Fontana e Cruz (2011), depois do processo de assimilação, que

ocorre a incorporação das ideias no esquema de ideias pré-existente, ocorre a

modificação do sistema de ideias e conceitos existentes por aquilo que foi

assimilado. Essa modificação, necessária para incorporar os dados externos, é

denominada de acomodação por Piaget.

A concepção cognitiva é baseada no modelo biológico de Piaget e segundo

esse modelo um organismo adaptado ao meio mantém em equilíbrio suas trocas

com ele. Essa adaptação do organismo ao meio só é possível através dos

processos de assimilação e adaptação, que são chamados mecanismos

adaptativos, e são comum a todos os seres vivos (FONTANA; CRUZ, 2011).

Sendo assim Azenha (1994, p.26) definiu “a adaptação intelectual, como qualquer

adaptação, é exatamente o equilíbrio progressivo entre o mecanismo assimilador

e a acomodação complementar”.

Na teoria piagetiana o aluno é sujeito ativo que estabelece a relação de

troca com o meio. Bordenave (1984, p.41-42) faz referência a esse aluno ativo no

trecho:

[...] quando a opção valoriza o próprio processo de transformação do aluno enquanto agente transformador de sua realidade, o aluno sente-se protagonista de um processo de transformação da realidade e desenvolve o sentido de responsabilidade social e uma atitude de entusiasmo construtivista.

De acordo com Carvalho (2007, p.5) “o construtivismo de Piaget se

fundamenta na ideia que aprender implica em construir um novo conhecimento, e

o professor deve sempre partir das experiências já existentes”. Piaget defende um

método ativo e um ensino experimental, em que o aluno pense e sobretudo

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estruture seus pensamentos com relações e hipóteses. Isso pode ser notado

abaixo nas suas palavras abaixo Piaget (1976, p.34-5):

[...] Se se deseja, como necessariamente se faz cada vez mais sentir, formar indivíduos capazes de criar e de trazer progresso à sociedade de amanhã, é claro que uma educação ativa verdadeira é superior a uma educação consistente apenas em moldar os assuntos do querer pelo já estabelecido e os do saber pelas verdades simplesmente aceitas. Mas mesmo caso se tenha por objetivo formar espíritos conformistas prontos a trilhar os caminhos já traçados das verdades adquiridas o problema implica em determinar se a transmissão das verdades estabelecidas terá mais êxito mediante o procedimento de simples repetição ou mediante uma assimilação mais ativa.

Em suma, Santos (2005) diz que a abordagem cognitiva é uma teoria

pedagógica que considera que o importante não seja aprender, mas aprender a

aprender. Valorizam-se tentativas experimentais, o estudo do meio natural e

social, o método de solução por problemas, pois embora os métodos variem, as

escolas sempre partem da adequação das atividades à natureza e etapa de

desenvolvimento do aluno. No quadro a seguir uma comparação entre as

abordagens tradicional e cognitivista no que se diz respeito à escola, aluno,

professor e ensino e aprendizagem.

Quadro 2- Abordagem Tradicional X Abordagem cognitivista.

Elementos Abordagem tradicional Abordagem cognitivista

Escola

Lugar para realização da educação.

Organizada com funções claramente

definidas.

Normas disciplinares rígidas.

Preparar os indivíduos para a sociedade.

Da condição para que o aluno possa

aprender por si próprio.

Reconhece a prioridade psicológica da

inteligência sobre aprendizagem.

Promove um ambiente desafiador

favorável à motivação intrínseca do

aluno.

Aluno

É um ser “passivo” que deve assimilar

todos os conteúdos transmitidos pelo

professor.

Deve dominar os conteúdos.

Papel essencialmente “ativo” de

observar, experimentar, comparar,

relacionar, analisar, justapor, levantar

hipóteses, etc.

Continua

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21

Continuação

Elementos Abordagem tradicional Abordagem cognitivista

Professor

É o transmissor dos conteúdos aos alunos.

É o representante da autoridade.

Cria situações desafiadoras.

Estabelece condições de reciprocidade

e cooperação ao mesmo tempo moral e

reacional.

Ensino e

aprendizagem

Os objetivos educacionais obedecem à

sequência lógica dos conteúdos.

Predominam-se aulas expositivas, com

exercícios de fixação e leituras-cópia.

Os objetivos educacionais obedecem ao

desenvolvimento psicológico do aluno.

A avaliação valoriza aspectos afetivos

com ênfase na auto-avaliação.

Fonte: Santos (2005, p.29).

4.2 ANDRAGOGIA

O termo Andragogia foi empregado pela primeira vez por Alexandre Kapp

(1833), quando descreveu elementos da Educação de Platão. O termo foi

amplamente utilizado no século XX e teve seu marco no período entre guerras,

quando nota-se a real diferença entre a forma de orientar, conduzir e ensinar

adultos e crianças (OLIVEIRA, 2012). No entanto, a educação de adultos data

muito anterior a este marco, segundo Cavalcanti e Gayo (2004), apesar de ter

poucos estudos a respeito basta notar que os grandes mestres da antiguidade

como: Confúcio, Lao Tse, Aristóteles, Sócrates, Platão, Cícero e Jesus, se

dedicavam a ensinar adultos e não crianças.

Segundo Madeira (1999) a andragogia emerge ao cenário educacional

como uma visão clara e objetiva da especificidade da natureza do processo

educacional do adulto diferenciando-a das finalidades e objetivo do ensino à

crianças e adolescentes. O aluno adulto tem necessidade de saber a

aplicabilidade do conhecimento, ou seja, precisa saber o motivo de se aprender

algo, pois é dotado de experiência de mundo e precisa relacioná-las. Em sua obra

Pedagogia do Oprimido, Freire (2005, p.79) confirma essa ideia no trecho “

ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam

entre si, mediatizados pelo mundo”.

Na andragogia, o foco é o ensino fundamentado na aplicabilidade do

conhecimento e da resolução de problemas, e portanto com um aprendizado de

valor imediato que é construído por um aluno que tem consciência do que

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necessita saber. A troca de experiências e a horizontalidade são estimuladas,

sendo que cada aluno possui uma contribuição efetiva para o coletivo. Todos

compartilham conceitos e vivências, sendo sujeito ativo no processo.

Segundo Knowles; Holton III; Swanson (2011), a andragogia é norteada por

seis princípios fundamentais, são eles:

1. a necessidade do aprendiz de saber;

2. o autoconceito do aprendiz;

3. a experiência anterior do aprendiz;

4. a prontidão para aprender;

5. a orientação para a aprendizagem

6. a motivação para aprender.

O quadro a seguir descreve os seis princípios fundamentais andragógicos

listados.

Quadro 3- Princípios andragógicos.

Princípios Andragógicos Descrição

Necessidade de Conhecer Alunos adultos conhecem suas necessidades e se interessam

pelo aprendizado de aplicação prática e imediata.

Autoconceito do Aprendiz O adulto é independente, tem autonomia e sente-se capaz de

aprender e de buscar o conhecimento que necessita.

O Papel da Experiência A experiência do adulto aprendiz é de importância central. Ela

é uma rica como fonte de aprendizagem através das

discussões e soluções de problemas em grupo.

Prontidão para Aprender O aprendiz adulto está pronto para aprender aquilo que decide

aprender, o que considera significativo para suas

necessidades.

Orientação da

Aprendizagem

O aprendiz adulto orienta sua aprendizagem para o que tem

significado em sua vida, com aplicação imediata, não para

aplicações futuras.

Motivação A motivação dos adultos está na sua tendência a atualização,

uma motivação interna, sua própria vontade de crescimento,

sua autoestima, sua realização pessoal.

Fonte: (CAVALCANTI; GAYO, 2004).

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Os autores, no entanto, ressaltam que apesar desses princípios serem o

coração da andragogia, existem vários outros fatores que afetam a aprendizagem

de adultos, podendo então de acordo com a especificidade da situação, fazer o

comportamento dos adultos estar mais ou menos de acordo com os princípios

fundamentais. Diante disso afirmam que a andragogia traz melhores resultados

práticos quando é adaptada de acordo com as particularidades dos aprendizes e

da situação de aprendizagem. Essa flexibilidade é tida , pelos autores, como o

ponto forte dos princípios, já que eles devem ser considerados de acordo com

outros fatores presentes (KNOWLES; HOLTON III; SWANSON, 2011) .

Dentre os vários métodos andragógicos, Cavalcanti & Gayo (2004),

apontam a aprendizagem baseada em problemas (ABP) como um método muito

utilizado para o ensino e aprendizagem de adultos, acenando sua boa adaptação

principalmente em cursos profissionalizantes.

De acordo com Rocha (2012), os estudos andragógicos podem trilhar

novos rumos no que se diz respeito ao ensino e aprendizagem no meio

acadêmico e empresarial, já que esse torna possível explorar e desenvolver as

competências dos adultos

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24

5 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS

A aprendizagem baseada em problemas (ABP) ou Problem-based Learning

(PBL) como é mundialmente conhecido, é uma proposta pedagógica que

começou a ser desenvolvida no final da década de 60 na McMaster University

(Canadá) e posteriormente na Universidade de Maastrich na Holanda. Essa

metodologia, diferentemente dos métodos de ensino convencionais, usa

problemas para diminuir a lacuna entre a teoria e a prática no processo de

aprendizagem. Além de favorecer a construção de conhecimentos, propõe

contribuir para o desenvolvimento de algumas capacidades profissionais não

técnicas consideradas importantes (NEVES, 2006).

No PBL pequenos grupos de estudantes discutem acerca de um problema

apresentado sob a supervisão de um tutor. Esse método encoraja o aprendizado

individual para um conhecimento mais profundo, tornando-os responsáveis pela

sua própria aprendizagem (SCHMIDT, 1993). Esta metodologia preza pelo uso de

problemas baseados no mundo real, que são trabalhados em grupos, no qual o

problema é usado para iniciar, direcionar, motivar e focar a aprendizagem, ao

contrário dos métodos tradicionais que colocam o problema ao final da

apresentação do conteúdo.

5.1 ORIGEM

A origem conceitual do ABP dá-se nas ideias do psicólogo americano

Jerome Seymour Bruner e do filósofo Jonh Dewey (1859–1952). Bruner foi o

principal proponente da proposta educacional denominada Learning by Discovery

(Aprendizagem pela Descoberta) que consistia, em essência, no confronto de

estudantes com os problemas e na busca de sua solução por meio da discussão

em grupos. A filosofia de Dewey fundamentava-se nos conceitos da educação

como reconstrução da experiência e crescimento está particularmente pautada

nas teorias de Bruner (1973) e Dewey (1964) quando aponta para a importância

do aprender em resposta e em interação com a realidade, já que isso promove a

motivação epistêmica dos alunos (motivação como força motriz da

aprendizagem). Na figura 3, está ilustrado o os princípios da aprendizagem que

fornecem fundamentação para o ABP.

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Segundo Ribeiro (2005), foi a escola de medicina McMaster (Canadá) que

trouxe o PBL como estratégia de ensino no final dos anos 1960, sendo inspirados

pela experiência embrionária da Business School de Havard na década de 1920 e

pelo modelo desenvolvido na Universidade Case Western Reserve (EUA) no

ensino de medicina nos anos de 1950.

Figura 3- Princípios da aprendizagem que fundamentam o ABP.

Fonte: Ribeiro (2005, p.34).

No Brasil existem poucos cursos que adotam o método PBL integralmente

na sua estrutura curricular. O pioneiro nessa experiência foi o curso de Medicina

da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), no interior do Estado de São

Paulo, em 1997. Em seguida, em 1998, foi a Universidade Estadual de Londrina

(UEL), no estado do Paraná, que aplicou essa estratégia metodológica em seu

curso de medicina. Hoje é possível verificar a aplicação do método PBL em

diversos cursos, como: Engenharia, Jornalismo, Arquitetura e Urbanismo,

Enfermagem, entre outros. Mas nestes casos, a aplicação é mais sutil ou não

representa grandes mudanças na estrutura educacional, sendo aplicado apenas

em algumas disciplinas isoladas (PASSOS; HERDY; PASSOS, 2010).

O fato de o PBL existir há mais de 30 anos e ainda hoje ser aplicado

evidencia não se tratar de um modismo, pois se assim fosse tenderia ao fracasso

e desapareceria assim como aconteceu com outras modas educacionais do

passado (SOARES, 2008).

Motivação epistêmica

Interação com a vida real

Metacognição Construção do conhecimento

Interação social ABP

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26

5.2 FUNDAMENTOS DO ABP

A maioria dos pesquisadores encontra a fundamentação do método ABP

na premissa da psicologia cognitivista de que a aprendizagem não é um processo

de repetição, mas de construção de novos conhecimentos (RIBEIRO, 2005).

Segundo Schmidt (1993), o ABP como metodologia de aprendizagem e

instrução estaria pautado no conhecimento prévio sobre um assunto que é

ativado durante a análise inicial do problema e determina a natureza e a

quantidade de conhecimentos novos que podem ser processados. Embora

necessário o conhecimento prévio não é suficiente para que os estudantes

aprendam e memorizem novas informações, pois estas precisam ser elaboradas

ativamente, através de discussões em grupos antes e depois de novos

conhecimentos serem aprendidos.

Ainda segundo Schmidt (1993), o ABP tem a capacidade de contextualizar

o conhecimento tornando possível o acesso deste na memória, portanto o

problema seria capaz de desenvolver estruturas cognitivas que facilitaria a

recuperação de conhecimentos relevantes quando estes forem necessários para

a resolução de problemas similares. Estes autores também defendem que o ABP

promova a motivação epistêmica dos alunos por meio de discussões pertinentes

ao seu futuro profissional, gerando um aumento do tempo de estudo que causaria

um melhor desempenho escolar.

Embasado ainda nas premissas da psicologia cognitiva, Gijselaers (1996),

defende que a aprendizagem seja influenciada pela metacognição1 e por fatores

sociais. Segundo o autor a aprendizagem é agilizada quando os estudantes

possuem auto-regulação2, no ABP são favorecidos quando estabelecem os

objetivos, estratégias e avaliam o problema. A seguir, o Quadro 4, mostra os

efeitos cognitivos na aprendizagem do estudante proposto por Schmitd (1993)

sobre o ABP, como um modelo de aprendizagem e instrução.

1 Etimologicamente, a palavra metacognição significa para além da cognição, isto é, a faculdade 2Auto-regulação é a capacidade biológica e natural que revela nosso potencial para o desenvolvimento da autonomia, no contexto da aprendizagem, considera-se essa um processo no qual o aluno pode iniciar, controlar e desenvolver (JEBER, 2006)

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27

Quadro 4- Efeitos cognitivos na aprendizagem do estudante.

Efeito cognitivo Descrição

Ativação do

conhecimento prévio

A análise inicial do problema estimula a

recuperação de conhecimento adquirido

anteriormente.

Elaboração sobre o

conhecimento prévio

Acontece através da discussão em pequenos

grupos, antes e depois da aquisição do novo

conhecimento; processamento ativo da nova

informação

Reestruturação do

conhecimento

Ocorre a fim de se ajustar ao problema

apresentado.

Aprendizagem no

contexto

Para o autor, o problema serve como um

suporte para armazenar sugestões que podem

auxiliar na recuperação do conhecimento

relevante, quando necessário para problemas

similares.

Relevância do assunto Os estudantes percebem a relevância do assunto

a ser aprendido.

Motivação intrínseca

Já que os estudantes são responsáveis, eles

próprios, pelo que deve ser aprendido e como, a

motivação intrínseca para a aprendizagem cresce.

Fonte: (SCHMITD, 1993).

5.3 ELEMENTOS DO ABP

São estabelecidos seis componentes centrais para o desenvolvimento do

ABP: o problema, os grupos tutoriais, o facilitador, o currículo e o estudo individual

(SCHMIDT et al., 1993).

5.3.1 O problema

O problema é o elemento central no ABP, uma vez que a aprendizagem é

iniciada quando os estudantes são confrontados com ele. Ele deve ter as

seguintes características (SCHMIDT, 1983):

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28

Ser simples, objetivo, sem pistas falsas que desviem a atenção do grupo

do tema principal;

Ser motivador e despertar o interesse do aluno pela discussão;

Funcionar como ativador do conhecimento prévio que os participantes

possuem a respeito do tema tratado;

Constituir o foco da aprendizagem de conhecimentos de diversas

disciplinas, facilitando a recuperação e utilização posterior dos

conhecimentos.

5.3.2 Os grupos tutoriais

O grupo tutorial é composto pelo tutor e os estudantes, que se reúnem

periodicamente para discutir um assunto. Entre os alunos, um será o Líder e

outro, o secretário da sessão tutorial. Os grupos tutoriais devem ser compostos

por 5 a 8 alunos.

Na primeira reunião do grupo tutorial, devem ser discutidos e definidos o

problema e os objetivos da aprendizagem. Na reunião seguinte, os próprios

estudantes, já então engajados, serão responsáveis pelo estudo auto direcionado

(CLARKE, 2001). A formação adequada do grupo tutorial é essencial para o

sucesso do ABP. A discussão em um pequeno grupo estimula os alunos a terem

mais responsabilidades sobre a sua própria aprendizagem (MAMEDE et al.,

2001).

5.3.3 O facilitador

O tutor tem um importante papel no processo do ABP e a sua eficácia pode

ter um grande impacto no sucesso da estratégia de ensino e no resultado da

aprendizagem dos estudantes (ANDREWS; JONES, 1996).

O facilitador deve usar todos meios disponíveis intervindo com questões,

sugestões e informações para estimular a discussão e, dessa forma, ajudar no

processo de identificação do conhecimento necessário. Ele exerce um trabalho de

protetor (safeguard) e não de orientador, ou seja, não deve controlar a discussão

(SCHMIDT et al., 1993).

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29

A principal tarefa do facilitador no grupo tutorial é promover tanto o

processo de aprendizagem como a cooperação mútua entre os alunos, ou seja,

manter uma boa dinâmica de grupo (NEVES, 2006).

5.3.4 O estudo individual

Essa etapa que os alunos buscam identificar e utilizar recursos de

aprendizagem que lhes permitam adquirir os conhecimentos necessários para

alcançar os objetivos estabelecidos. No estudo individual nota-se uma diferença

entre os programas no que se refere à maturidade delegada aos alunos (ROSS,

1997).

Várias atividades são associadas à fase do estudo individual, tais como:

seminários, aulas e estudo em laboratório. O importante é que estejam

direcionadas a complementar as informações necessárias ao problema em estudo

(SCHMITD et al., 1993).

5.3.5 A avaliação do estudante

O processo de avaliação é a peça central para um programa de ensino

baseado em problemas e requer o uso de algumas técnicas de mensuração (SÁ,

2001). A avaliação é um importante aspecto do desenho de um currículo que

utiliza uma abordagem não tradicional.

5.3.6 O currículo

É essencial manter o caráter interdisciplinar da aprendizagem, fazendo

com que os conhecimentos relacionados a um determinado problema ou tópico

sejam simultaneamente discutidos/repassados de forma integrada, à medida que

o estudante se depare com o problema e trabalhe sobre ele, dando início ao

processo de aprendizagem. Os currículos que utilizam ABP devem ser

estruturados não em disciplinas, como nos currículos tradicionais, mas em

unidades ou blocos temáticos, nos quais os problemas inter-relacionados

estudados sequencialmente guiem o aprendizado por diversos aspectos

pertinentes a um tema (MAMEDE et al., 2001).

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30

5.4 APLICAÇÃO DO ABP

Para o processo de aplicação do ABP, existem alguns passos

sistematizados que ajudam na tarefa do estudante de como fazer para aprender

por meio do ABP, e promove a sugestão de um caminho para a aplicação do

ensino, pelo professor/tutor, por meio do método baseado em problemas. O

professor/tutor ensina o estudante a aprender a aprender.

De acordo com Park (2006) e Schmidt (1983), existem setes passos que

facilitam a aplicação do ABP esses sete passos são:

1. Esclarecer os termos difíceis ou desconhecidos;

2. Listar os problemas;

3. Discussão dos problemas (brainstorming);

4. Resumir;

5. Formulação dos objetivos de aprendizado;

6. Busca de informações;

7. Retorno, integração das informações e resolução do caso.

Esses passos sistematizados ajudam na tarefa do estudante de como fazer

para aprender por meio do ABP, e promove a sugestão de um caminho para a

aplicação do ensino, pelo professor/tutor, por meio do método baseado em

problemas, conforme as seqüências apresentadas. O professor/tutor ensina o

estudante a aprender a aprender. Esse método iterativo de aplicação, através dos

sete passos, está demonstrado na figura 4.

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31

Figura 4- Método iterativo de aplicação.

Fonte: (SOARES, 2008).

Para que o resultado seja alcançado de forma positiva é importante que

todos os componentes do processo funcionem de forma sincronizada evitando

assim o comprometimento com a retroalimentação do sistema (SOARES, 2008).

A seguir explorando cada parte desse processo segundo Schmidt (1983):

1. Esclarecer os termos difíceis ou desconhecidos: Identificar palavras,

expressões, termos técnicos, enfim, qualquer coisa que não entenda no

problema. Perguntar ao grupo se alguém conhece o significado do termo

difícil encontrado. Se todos concordarem que o significado foi esclarecido,

tudo bem passar para o próximo, senão incluir o termo entre os objetivos

de aprendizado ou learning goals.

2. Listar os problemas: identificar os problemas. Qual ou quais são os

problemas? Nessa etapa não se pretende explicar o porquê dos

problemas. Nessa etapa cada membro da equipe deve levantar no

mínimo uma hipótese, sem sofrer críticas ou pressões por outros

membros da equipe.

3. Discussão dos problemas (brainstorming): A primeira sessão tutorial

visa trazer para discussão os conhecimentos prévios do grupo. Todo

mundo tem conhecimentos prévios, e alguns se lembram de coisas que

os outros esqueceram. Nessa etapa o trabalho em grupo é muito

Leia o problema

Identifique as questões a aprender

Avalie

Retorno-releitura relatório-revisão

Pesquise informações

Brainstorm-hipótese Próxima página

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importante, principalmente saber respeitar a opinião dos outros, e fazer da

discussão mais uma oportunidade de aprender. A função do líder é

importante, mas não é fácil. É importante que todos reconheçam isso, e

se possível desempenhem essa função. O secretário(a) também

desempenha uma função importante, pois escrevendo o que é dito facilita

a participação de todos. Na segunda sessão tutorial todos trazem

informações, e o grupo discute o que pode ser útil para resolver o caso.

Novamente o trabalho em grupo, se bem conduzido, pode facilitar o

aprendizado de todos.

4. Resumir: Resumir a discussão, relembrando os problemas listados, as

hipóteses diagnósticas levantadas, e as contribuições dos conhecimentos

prévios, prós e contras. Os estudantes discutem então os pontos

negativos e positivos, explorando todas as possibilidades de informações

que reuniram para cada solução.

5. Formulação dos objetivos de aprendizado: Diante dos problemas

identificados, e após a primeira discussão, com base nos conhecimentos

prévios, identificam-se pontos obscuros, isto é: assuntos ou temas que

precisam ser estudados, para resolver o(s) problema(s). O ideal é ser

objetivo, isto é, formular os objetivos com base nos problemas, sem tentar

estudar tudo sobre o assunto, pois o tempo não vai ser suficiente. Mais

uma vez, lembrar de trabalhar em grupo: mesmo que alguém ache que

um tema específico é importante, o grupo deve decidir o que é importante

estudar.

6. Busca de informações: O estudo ou busca de informações são

essencialmente individuais. O melhor é buscar informações em mais de

uma fonte, e ter como um dos objetivos trocar essas informações, de

fontes diversificadas, na discussão em grupo. Nesse momento os tutores

devem estimular os alunos a procurarem as informações em fontes

normalmente não procuradas por eles.

7. Retorno, integração das informações e resolução do caso: O objetivo

da segunda reunião tutorial é integrar as informações trazidas, para

resolver o caso. Porém, não há a pretensão de esgotar os temas

discutidos.

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33

Os passos de 1 a 5 ocorrem na primeira reunião do grupo tutorial, já o

passo 6 ocorre fora do grupo tutorial. O passo 7 só ocorrerá na segunda reunião

do grupo tutorial. Esses passos sistematizados ajudam o estudante a entender

como aprender com o ABP, através da sugestão de um caminho de aplicação do

ensino. O professor tutor/professor ensina o aluno a aprender a aprender

(SOARES, 2008).

Segundo Neves (2006) para a aplicação do ABP devem-se conter vários

requisitos para que seja possível a aplicação. Nesse método a essência é o

problema como foco da aprendizagem, mas apenas a existência deste não é

suficiente, ele deve apresentar os requisitos abaixo:

Apresentar um problema comum que o espera poder resolver;

Ser um assunto sério ou potencialmente sério, para ter efeito no resultado;

Ter implicação para prevenção;

Fornecer input interdisciplinar e abranger ampla área de conteúdo;

Apresentar tarefa real e concreta;

Ter nível de complexidade apropriado para ativar o conhecimento prévio;

5.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ABP

Segundo Ribeiro (2005) a principal vantagem salientada pelos estudantes

está ligada ao fator motivacional, o método torna a classe mais viva e estimula o

desenvolvimento de habilidades interpessoais e de investigação. Ainda para o

autor, uma das desvantagens do método instrucional é que os alunos passam

mais horas por dia estudando do que os estudantes do método convencional,

devido à sua natureza de aprendizagem auto-dirigida e a maior pressão para a

participação.

Outra possível desvantagem é o temor pela mudança, embora muitos

pedagogos percebam a importância do ABP, eles hesitam em implantá-lo nas

suas salas de aula por causa da falta de experiência, da ambiguidade de

avaliação, e do medo de mudar seus papéis para os de facilitadores.

Segundo Wood (2003) a mudança de papéis de professores e estudantes

pode causar algumas vantagens e também algumas desvantagens.

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As vantagens:

Aprendizagem ativa: melhora compreensão, a retenção e desenvolvimento

da habilidade de aprendizado por toda vida;

Competências genéricas: permite aos estudantes desenvolver atitudes e

habilidades genéricas desejáveis a sua prática futura;

Integração: facilita um núcleo de um currículo integrado;

Motivação: é divertido para os estudantes e tutores, e o processo requer

que todos os estudantes estejam envolvidos no processo de aprendizagem

Aprendizagem profunda: nutre a aprendizagem profunda (estudantes

interagem com os materiais de aprendizado, relaciona conceitos para

atividades cotidianas, e melhora a compreensão deles);

Abordagem construtivista: estudantes ativam o conhecimento prévio e

constroem as estruturas do conhecimento conceitual existente.

As desvantagens:

Tutores que não podem ensinar: tutores gostam de transmitir seu próprio

conhecimento e compreensão de forma que ele acha a facilitação do PBL

difícil e frustrante;

Recursos humanos: maior corpo docente para alcançar parte no processo

tutorial;

Outros recursos: grandes números de estudantes necessitam acesso a

mesma biblioteca e recursos computacionais simultaneamente;

Modelos de papéis/função: estudantes podem ser privados de acesso a um

professor particular entusiasmado que no currículo tradicional promoveria

palestras para um grupo maior;

Sobrecarga de informações: estudantes podem estar inseguros quanto ao

autoestudo dirigido a fazer e qual informação é relevante e útil.

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35

6 METODOLOGIA

O método utilizado neste trabalho foi do estudo de caso. Esse método

documenta e analisa, de forma detalhada, a atividade de uma empresa ou

organização ou de uma parte da mesma.

O estudo de caso é um estudo de natureza empírica que investiga um

determinado fenômeno, geralmente contemporâneo, dentro de um contexto real

de vida, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto em que ele se insere

não são claramente definidas. Trata-se de uma análise aprofundada de um ou

mais casos, para que permita o seu amplo e detalhado conhecimento (YIN, 2005).

Seu objetivo é aprofundar o conhecimento acerca de um problema não

suficientemente definido, visando estimular a compreensão, sugerir hipóteses e

questões ou desenvolver a teoria (MATTAR, 1996).

A abordagem utilizada foi a qualitativa e quantitativa. É qualitativa porque

contou com ferramentas para a coleta de dados como observação, entrevista e

análise documental e bibliográfica. Também é quantitativa em virtude do uso de

análises estatísticas junto ao IBM SPSS Statistics 20 para análise e validação do

questionário (SOARES, 2008).

Os resultados obtidos no estudo de caso devem ser provenientes da

convergência ou da divergência das observações obtidas de diferentes

procedimentos. Dessa forma é que se torna possível conferir validade no estudo,

evitando que ele fique subordinado à subjetividade do pesquisador (GIL, 2002).

Neste trabalho, o universo estudado foi uma empresa de pequeno porte

(EPP) do Vale do Paraíba, interior do Estado de São Paulo. O estudo realizado

teve como objetivo analisar o funcionamento da CIPA na EPP e propor a partir

das conclusões desse estudo um método de capacitação através do ABP. O

projeto foi conduzido em cinco fases como ilustrado na Figura 8, a seguir.

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36

Figura 5- Forma de condução do estudo de caso.

Fonte: (MIGUEL, 2007).

6.1 DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA CONCEITUAL-TEÓRICA

Na primeira fase do estudo, foi feita a contextualização do problema, bem

como a revisão bibliográfica, a fim de servir como escopo para a estrutura

conceitual teórica seguida neste trabalho. Este ponto foi importante para o

aprofundamento da teoria através de pesquisas feitas na literatura e melhor

entendimento do funcionamento de uma CIPA e a aplicações do método ABP.

Além disso, o estudo de outros trabalhos já realizados sobre o assunto colaborou

na construção da base deste trabalho. O mapeamento e o estudo da literatura

acompanharam todo o projeto até a sua finalização, de modo que sempre que

necessário foi consultado.

DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA

CONCEITUAL-TEÓRICA

PLANEJAMENTO DO CASO

COLETA DE DADOS

APRESENTAÇÃO DAS

CONCLUSÕES

ANÁLISE DOS DADOS

COLETADOS

Mapear a literatura

Delinear as proposições

Definição unidade-caso

Desenvolvimento de protocolo de coleta de dados e análise

Registrar os dados

Contatar os casos

Limitar os efeitos do pesquisador

Reduzir os dados

Identificar a causalidade

Estudo de melhorias

Desenhar implicações teóricas

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37

6.2 PLANEJAMENTO DO CASO

6.2.1 Escolha das unidades de análise

O universo de análise é uma empresa de pequeno porte que foi

denominada EPP, sendo esta produtora de óleos lubrificantes, localizada na

cidade de Lorena, no Estado de São Paulo, na região do Vale do Paraíba, que

abriga muitas indústrias nas áreas química, automobilística e plástica.

A EPP atua há dezoito anos no mercado de lubrificantes automotivos,

industriais e graxas, atendendo o mercado nacional. Abaixo na Figura 9, segue o

fluxograma do processo produtivo dos óleos lubrificantes da EPP.

Fonte: Elabora pela autora.

O motivo da escolha da empresa é o fato de se encaixar nos propósitos do

trabalho e o autor ter contatos nela, o que facilitaria o acesso deste às

informações necessárias no estudo. Este trabalho contou com a ajuda de alguns

colaboradores como responsável pelo Recursos Humanos e da CIPA da

empresa.

Preparação

Agitador

Mistura matéria-

prima Processo de

envase

Aditivos e óleos

Perda do óleo no

processo

Perda do óleo no

processo

Figura 6- Fluxograma do processo produtivo dos óleos lubrificantes da EPP

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6.1.2 Definição das técnicas para coleta e análise dos dados

Nessa etapa foram definidos os métodos e técnicas que seriam utilizados

na coleta e análise dos dados. Para a escolha métodos foi objetivado a resposta

da questão central do trabalho que é avaliar o funcionamento da CIPA. Segundo

Miguel (2007), devem ser utilizadas múltiplas fontes de evidência como;

entrevistas (estruturadas, semiestruturadas ou não estruturadas), análise

documental, observações diretas e quando necessárias visitas ao “chão de

fábrica”, que são importantes no sentido de verificar, in loco e/ou in modus

operandi, o fenômeno estudado. A combinação das fontes de evidências com os

constructos provenientes da literatura geram uma maior validade construtiva da

pesquisa. Diante disso foram definidos os métodos para esse trabalho; a análise

de documentos, reuniões, questionário e observações.

Segundo Miguel (2007), um protocolo de pesquisa geralmente inclui três

partes principais: o contexto da pesquisa, a parte a ser investigada e as variáveis

de controle. A partir da definição dos meios a serem utilizados na coleta e análise

foi gerado um protocolo de pesquisa a ser seguido para garantir a validade e

confiabilidade do estudo de caso.

6.2 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada através de análise de documentos, reuniões

com cipeiros, aplicação de um questionário e observações.

A análise de documentos foi feita tendo como base registros de

funcionários, cartão CNPJ e documentação da CIPA, todos esses disponibilizados

pelo Recursos Humanos (RH) da empresa. Segundo Gil (1995 apud MASTER,

2010), as fontes escritas na maioria das vezes são muito ricas e ajudam o

pesquisador a não usar muito tempo na hora da busca de material em campo,

sabendo que em algumas circunstâncias só é possível a investigação social

através de documentos.

As questões do questionário aplicado (Apêndice A) foram desenvolvidas

embasadas nos estudos bibliográficos com intuito de saber melhor o que o

trabalhador da EPP entende pela CIPA, seguindo o protocolo de pesquisa. Os

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39

objetivos dos questionários foram traçados e então foram criadas as variáveis

relacionando-as com um fator, como descrito no Quadro 3.

Quadro 5- Relação das Variáveis do Questionário.

Fatores Nº Variável Nome da Variável

F1

Conhecimentos/

Opiniões CIPA

B1

B2

B3

B4

B5

B6

B7

B8

B9

B10

B11

B12

B13

B14

B15

Informação sobre a CIPA.

Importância da CIPA.

Colaboração com a CIPA.

Divulgação das Normas regulamentadoras.

Divulgação das decisões da CIPA.

Solicitação de paralisação da máquina

Publicação do edital da eleição.

Liberdade para inscrição da eleição.

Participação na eleição.

Indicação de riscos

Colaboração na prevenção de acidentes.

Participação na elaboração do Mapa de Risco.

Melhoria nas condições de trabalho.

Eficiência do treinamento.

Preocupação do empregador.

.

Fonte: Elaborado pela autora.

A aplicação do questionário para os funcionários da produção foi feita

quinze minutos antes do final do expediente pelo pesquisador e para os demais

funcionários foi distribuído pessoalmente durante o dia.

O questionário foi desenvolvido especificamente para a situação e foi

testado antes de ser aplicado com 2 voluntários, que não fazem parte da amostra

a ser testada. O objetivo do teste do questionário foi verificar clareza das

questões, tempo de aplicação e possíveis ambiguidade.

As reuniões foram realizadas com cipeiros, e, portanto continham pessoas

de diferentes níveis hierárquicos representantes dos empregados e empregador.

As observações foram prontamente anotadas durante todo o processo de

pesquisa.

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40

6.3 ANÁLISE DE DADOS

A análise de dados consiste em examinar, categorizar e dispor os dados

em meios de fácil visualização e entendimento.

Após a coleta dos dados, estes foram examinados e identificados quanto

ao modo como foram colhidos, data, hora, local e pessoas participantes. Em

seguida, foram organizados de acordo com o melhor meio de visualização e

interpretação dos mesmos.

Para a análise de dados do questionário foi utilizado análise fatorial para

validar o instrumento de pesquisa e foi realizado o teste de confiabilidade (teste

alfa Cronbach). Utilizou-se o software IBM SPSS Statistics 20 como auxílio para

análise de dados.

Nas reuniões realizadas foram adquiridas cópias da atas e então

arquivadas. A análise dos documentos foi apresentada em formato de texto,

tabelas, gráficos, fluxogramas e figuras, de acordo com cada conteúdo

selecionado.

As análises das observações seguiram o mesmo procedimento das

análises de documentos.

Após a fase de análise dos dados houve um melhor entendimento do

funcionamento da CIPA e então foi feito um estudo interligando os conceitos

teóricos adquiridos à prática na indústria para adequar o método ABP no

treinamento e capacitação desse órgão.

6.3.1 Análise do Questionário

Após a coleta e organização dos dados, foram iniciados os procedimentos

para validação do instrumento e confiabilidade dos dados. A primeira técnica foi

análise fatorial que é um método estatístico multivariado cujo propósito principal é

definir a estrutura subjacente em uma matriz de dados. Essa técnica aborda o

problema de analisar a estrutura das inter-relações entre um grande número de

variáveis, definindo um conjunto de dimensões latentes, chamadas fatores

(SOARES, 2008).

A Análise Fatorial aplicada sobre a matriz das correlações utilizou o método

dos componentes principais para a extração dos fatores, seguido de rotação

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41

Varimax. Os fatores comuns retidos foram os que apresentavam o autovalor

maior que 1, em consonância com o Scree Plot e percentagem de variância

retida. Recomenda-se que o número de fatores escolhidos corresponda a no

mínimo 60,0% da variância total.

Os testes Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e esfericidade de Bartlett foram

realizados para confirmar a adequação da Análise Fatorial. O teste KMO verificou

a correlação das variáveis, os valores referenciais estão na tabela 1 abaixo

(SOARES, 2008).

Tabela 1- Valores referenciais do teste KMO.

Classificação Valores

Muito Boa 0,9≤ KMO< 1,0

Boa 0,8≤ KMO< 0,9

Média 0,7≤ KMO< 0,8

Razoável 0,6≤ KMO< 0,7

Má 0,5≤ KMO<0,6

Inaceitável KMO < 0,5

Fonte: (SOARES, 2008).

O teste de esfericidade de Bartlett foi feito para verificar a presença de

correlação entre as variáveis suficiente para aplicação da Análise Fatorial e

recomenda-se o valor de Significância menor que 0,05.

O teste Alpha Cronbach mediu a coerência interna entre as variáveis.

Segundo Soares (2008) as consistências são consideradas como na tabela 2.

Tabela 2- Valores de consistências do Alpha Cronbach

Classificação Valores do Alfa Cronbach

Muito boa Maior que 0,9

Boa Entre 0,8 e 0,9

Razoável Entre 0,7 e 0,8

Fraca Entre 0,6 e 0,7

Inadmissível Menor que 0,6

Fonte: (SOARES, 2008).

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42

7 ESTUDO DE CASO

7.1 COLETA DE DADOS

7.1.1 Reunião com o presidente da CIPA

Primeiramente, foi realizada uma reunião com a atual presidente da CIPA

para entendimento geral do funcionamento e objetivos da CIPA na sua gestão.

Segundo ela, as reuniões da CIPA vêm ocorrendo normalmente conforme o

cronograma e os assuntos abordados nas reuniões quando passíveis de soluções

são apresentados a diretoria para providências. Ela também afirmou que não

sofre restrições, por parte da diretoria, nas execuções de medidas que precisem

ser tomadas em relação ao órgão.

Quanto as metas da CIPA, ela afirma que é a não ocorrência de acidente,

pois a CIPA, na empresa, é um órgão um pouco recente e ainda não registrou

nenhum acidente grave que colocasse a vida do trabalhador em risco. No entanto

salientou a falta de interesse dos cipeiros e colaboradores em participar da CIPA,

tal desinteresse poderia comprometer o objetivo, pois dificulta um mapeamento

eficiente dos riscos e causa a displicência no uso dos equipamentos de proteção

individual.

Portanto, para que consiga atingir o objetivo da CIPA na empresa é

necessária a motivação por parte dos colaboradores em participar sugerindo e

apontando riscos existentes na sua área de trabalho.

7.1.2 Reuniões com chefe de produção e responsável técnico do laboratório

Com objetivo de conhecer todo processo de produção dos lubrificantes, ou

seja, todas as etapas envolvidas até a obtenção do produto acabado foram

realizadas reuniões com o chefe de produção e o responsável técnico do

laboratório. O conhecimento de toda a parte técnica é essencial para avaliar os

riscos envolvidos no processo, como por exemplo, tipos de produtos químicos

manuseados ou maquinário envolvido.

Essas reuniões ocorreram durante toda a fase de coleta e análise de dados

e foram motivadas pelo surgimento de dúvidas do pesquisador. Além das

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43

conversas também ocorreu o acompanhamento das atividades diárias do

processo da produção e laboratório.

7.1.3 Acesso aos documentos

Os documentos para análise ficam sob responsabilidade do Recursos

Humanos da empresa, para sua obtenção foi necessária uma conversa com a

analista de RH da EPP que forneceu prontamente todos documentos necessários.

Foram obtidos todos os documentos referentes à CIPA da empresa, ou

seja, desde seu primeiro edital de convocação para eleições até a ata da última

reunião. Para verificar se a CIPA estava de acordo com a legislação foi usada

uma Checklist (ANEXO A) que aborda todos os pontos obrigatórios. As atas de

reuniões foram analisadas em relação aos assuntos abordados nas reuniões, ou

seja, do total de assuntos abordados foram contados quantas vezes surgiu cada

um deles, para saber a importância dada a cada um deles.

7.1.4 Participação em reunião da CIPA

Nesta etapa houve a participação na reunião da CIPA, que ocorreu como

previsto no cronograma. A participação foi importante para verificar como era

abordados os assuntos e o empenho dos cipeiros em trazê-los e discuti-los. A

reunião acompanhada aconteceu em 03/11/2014, durou cerca de 30 minutos e

foram abordados os assuntos sobre uso de equipamento de proteção Individual

(EPI) e falta de sinalização. O Vice-presidente da CIPA é o encarregado de

produção da empresa, e ele que trouxe os assuntos alegando que muitos

funcionários não fazem o uso correto dos EPI’s e que o transito de pessoas e

empilhadeira estava conturbado devido possivelmente a falta da sinalização.

No final da reunião houve os questionamentos da Checklist que não foram

possíveis serem respondidos através da análise de documentos.

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44

7.1.5 Aplicação do questionário

Por último houve a aplicação de um questionário composto por 18 questões

fechadas. As questões estavam divididas em duas partes, a primeira composta por 3

questões pessoais e a segunda composta por 15 questões que buscavam investigar

o quanto os funcionários sabiam sobre a CIPA.

Na segunda parte do questionário, as questões tiveram opções de resposta

baseadas na escala de Likert de 5 pontos que permite respostas com níveis

variados de classificação, neste caso as variações eram: nada; pouco; moderado;

muito e tudo.

Para análise dos dados, utilizou-se a análise fatorial, que possibilitou

identificar as variáveis que agregam a maior parte da variabilidade presente no

conjunto de dados, estudar a correlação existente entre essas variáveis e validar

o instrumento de pesquisa.

7.2 ANÁLISE DE DADOS

7.2.1 Conformidade da CIPA

Para verificar se a CIPA da empresa estava em conformidade com a

legislação foi feita a análise da documentação com a ajuda de uma checklist

(ANEXO A), onde consta todos tópicos abordados na NR-5. A checklist foi

elaborada em blocos e cada um continha determinado assunto da norma, por

exemplo, o bloco 1 continha o assunto organização. Os assuntos dos blocos

foram: organização, atribuições, funcionamento, treinamento e processo eleitoral

da CIPA. Cada assunto continha seus itens respectivos da norma a ser analisado

e, portanto não apresentavam número iguais de itens.

A participação percentual dos assuntos analisados na checklist pode ser

observada na tabela a seguir.

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45

Tabela 3- Participação dos assuntos analisados na checklist.

Fator Participação

Organização

Atribuições

Funcionamento

Treinamento

Processo eleitoral

17,8%

42,5%

8,2%

13,7%

17,8%

Fonte: Elaborada pela autora.

O primeiro passo é a verificação do dimensionamento da comissão. A EPP

conta com 27 funcionários, sendo sua atividade principal a fabricação de óleos

lubrificantes, informação verificada no Cadastro Nacional de Atividade Econômica,

CNAE, descrita no cartão CNPJ da EPP, desta forma pertence ao grupo C-1a

conforme quadro III da NR 5. As empresas do grupo C-1a com 27 funcionários

devem ter 2 representantes do empregador e 2 representantes do empregado

segundo o quadro I da NR 5.

O protocolo para análise dos documentos foi seguir na ordem da checklist

item por item, verificando cada um deles nas atas de reuniões, editais, mapa de

risco, PPRA e folha de funcionários. Os itens que não foram possíveis obter a

informação nos documentos foram separados para obter as informações na

reunião da CIPA. O resultado da verificação dos itens da norma, feita através da

checklist foi exposto no Quadro 1, abaixo. No quadro pode-se constatar a

situação de cada item da norma na empresa, a situação “Ok” representa a

conformidade com a norma e, portanto a situação “Não ocorre” representa a não

conformidade.

Da análise do quadro verifica-se que 73 dos 81 itens da checklist (ANEXO

A) foram passíveis de avaliação, ou seja, a empresa se enquadrava na situação e

era possível então avaliar se ocorria ou não. Dentre os itens avaliados 12 são de

organização, 32 de atribuições, 6 de funcionamento, 10 de treinamento e 13 do

processo eleitoral. Analisando a tabela é possível constatar que 80.2% dos itens

são considerados “Ok”.

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46

Quadro 6- Resultado da verificação dos itens da NR-5.

FATOR ITEM CONFORMIDADE FATOR ITEM CONFORMIDADE Organização 1 Ok Atribuições 39 Ok

Organização 2 Ok Atribuições 40 Ok

Organização 3 Ok Atribuições 41 Ok

Organização 4 Ok Atribuições 42 Ok

Organização 5 Ok Atribuições 44 Não ocorre

Organização 6 Ok Atribuições 46 Ok

Organização 7 Não ocorre Atribuições 47 Ok

Organização 8 Ok Funcionamento 48 Ok

Organização 9 Ok Funcionamento 49 Ok

Organização 11 Ok Funcionamento 50 Ok

Organização 12 Ok Funcionamento 51 Ok

Organização 13 Ok Funcionamento 55 Ok

Atribuições 14 Não ocorre Funcionamento 56 Ok

Atribuições 15 Não ocorre Treinamento 57 Ok

Atribuições 16 Não ocorre Treinamento 58 Ok

Atribuições 17 Não ocorre Treinamento 59 Ok

Atribuições 18 Não ocorre Treinamento 60 Ok

Atribuições 19 Ok Treinamento 61 Ok

Atribuições 20 Não ocorre Treinamento 62 Ok

Atribuições 21 Não ocorre Treinamento 63 Ok

Atribuições 22 Não ocorre Treinamento 64 Ok

Atribuições 23 Ok Treinamento 65 Ok

Atribuições 24 Ok Treinamento 65 Ok

Atribuições 25 Ok P. Eleitoral 67 Ok

Atribuições 26 Ok P. Eleitoral 68 Ok

Atribuições 27 Não ocorre P. Eleitoral 69 Ok

Atribuições 28 Não ocorre P. Eleitoral 70 Ok

Atribuições 29 Ok P. Eleitoral 71 Ok

Atribuições 30 Ok P. Eleitoral 72 Ok

Atribuições 31 Não ocorre P. Eleitoral 73 Ok

Atribuições 32 Ok P. Eleitoral 74 Ok

Atribuições 33 Ok P. Eleitoral 75 Ok

Atribuições 34 Ok P. Eleitoral 76 Ok

Atribuições 35 Não ocorre P. Eleitoral 77 Ok

Atribuições 36 Ok P. Eleitoral 78 Ok

Atribuições 37 Ok P. Eleitoral 79 Ok

Atribuições 38 Ok

Fonte: Elaborado pela autora.

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47

Apenas os itens 7, 14, 15, 16, 17, 18, 21, 20, 22, 27, 28, 31, 35 e 44

apresentaram-se não conformes, por exemplo, o item 14, o qual questiona se

CIPA identifica os riscos do processo de trabalho e elabora o mapa de riscos, com

a participação do maior número de trabalhadores, foi considerado não conforme

por ter “encomendado” o mapa de risco para um técnico de segurança

terceirizado que o fez sem contato com os funcionários da empresa e sem

conhecimento adequado do processo produtivo. Esse item 14 foi um dos itens

que não foi possível obter a informação da análise de documentos e foi então

separado e levado a reunião da CIPA.

A tabela 4 ilustra o percentual de conformidade de cada assunto da

Checklist, ou seja, que percentual ocorre dentro da norma.

Tabela 4- Análise da conformidade de cada fator.

Fator Conformidade

Organização

Atribuições

Funcionamento

Treinamento

Processo eleitoral

83,3%

59,4%

100,0%

100,0%

100,0%

Fonte: Elaborada pela autora.

7.2.2 Questionário

Na primeira parte do questionário (Parte A), composta por dados

demográficos da amostra referente aos 27 respondentes, 77,8% são do gênero

masculino e 22,2% do feminino; 74,1% são pertencentes a área da Produção e

25,9% do Administrativo. Quanto a escolaridade, 66,7% tem Ensino Médio

Completo, 29,6% Ensino Superior e 3,7% Ensino Fundamental incompleto.

Na segunda parte (Parte B) houve a validação do questionário aplicado aos

27 funcionários, fez-se o uso da técnica de análise fatorial, porém, antes de

proceder a análise fatorial foi necessário verificar a existência de níveis de

correlação aceitáveis entre as variáveis para o sucesso do resultado da análise.

A adequação da análise fatorial foi confirmada por meio dos testes de KMO

e esfericidade de Bartlett, o primeiro obteve o valor de 0,791 e o segundo mostrou

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48

uma aproximação qui-quadrado de 341,3666 com 105 graus de liberdade e um

nível de significância de 0,000 indicando que existe relação entre as variáveis

suficientes para aplicação da análise fatorial (SOARES, 2008).

O teste de confiabilidade dos dados, Alfa de Cronbach, gerou um valor de

0,951, sendo considerada, segundo Soares (2008), com uma coerência interna

muito boa e indicando a alta confiabilidade das respostas atribuídas às questões.

Na realização da análise fatorial determinaram-se os Autovalores, que

representam a variabilidade de cada componente e o percentual de variância

explicada através de cada um, como se pode ver na tabela 5.

Tabela 5- Autovalores e percentual de variância explicada.

Fator Autovalor %Variância

Explicada

%Variância

Explicada

Acumulada

B1 9, 094 60, 625 60, 625 B2 1, 250 8, 336 68, 961 B3 0, 995 6, 636 75, 597 B4 0, 769 5, 127 80, 724 B5 0, 670 4, 467 85, 191 B6 0, 620 4, 132 89, 323 B7 0, 403 2, 686 92, 009 B8 0, 356 2, 372 94, 381 B9 0, 253 1, 689 96, 070 B10 0, 167 1, 114 97, 183 B11 0, 151 1, 004 98, 187 B12 0, 108 0, 723 98, 910 B13 0, 075 0, 500 99, 410 B14 0, 062 0, 410 99, 820 B14 0, 027 0, 180 100, 000

Fonte: Baseada no Output de saída do software SPSS.

O critério assumido para decidir o número de fatores a serem selecionados

para representar a estrutura latente dos dados foi o da raiz latente, o qual

seleciona apenas os fatores cujos autovalores são superiores a 1. Assim foram

selecionados dois fatores, que correspondem a 68, 961% da variabilidade total,

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49

mostrando um resultado satisfatório também para o critério de percentagem da

variância que sugere a explicação mínima de 60%.

Os Autovetores foram determinados embasados pelos Autovalores, por

meio deles escreveu-se a combinação linear das variáveis originais surgindo às

cargas fatoriais. Na tabela 6, são apresentadas as cargas fatoriais que

representam a contribuição de cada variável para a formação do fator. Procedeu-

se a rotação Varimax dos fatores para facilitar a visualização das cargas fatoriais.

Usou-se o critério de significância prática que sugere que sejam

consideradas significância prática as cargas fatoriais maiores que 0,5. Na tabela 6

estão destacadas as cargas fatoriais significativas em cada fator, as variáveis com

maiores coeficientes são mais relacionados com o fator (ZANELLA; SEIDEL;

LOPES, 2010).

Tabela 6- Cargas fatoriais de cada variável na composição dos fatores.

Variável Fator 1 Fator 2

B1 0,707 0,002

B2 0,449 0,654

B3 0,129 0,915

B4 0,624 0,315

B5 0,783 0,358

B6 0,738 0,252

B7 0,844 0,304

B8 0,809 0,262

B9 0,742 0,348

B10 0,714 0,502

B11 0,245 0,789

B12 0,823 0,363

B13 0,850 0,295

B14 0,632 0,479

B15 0,746 0,269 Fonte: Baseada no Output de saída do software SPSS.

Observando a Tabela 6, segundo Zanella; Seidel; Lopes (2010), as

variáveis B1, B4, B5, B6, B7, B8, B9, B10, B12, B13, B14 e B15 se relacionam

com o fator 1 (Conhecimentos e opiniões sobre a CIPA) pois apresentam cargas

fatoriais maiores e superiores a 0,5 para esse fator. As variáveis B2, B3 E B11

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50

apresentam comportamento diferente do restante do agrupamento se

relacionando com o fator 2.

Na sequência na Figura 9, apresenta-se o plano fatorial entre os fatores 1 e

2. Analisando-o é possível verificar melhor a relação das variáveis com cada fator.

O plano fatorial dispõe as variáveis em um plano bidimensional que facilita a

visualização de seus comportamentos. Na figura abaixo estão circuladas de azul

as variáveis representativas para o fator 1 e circuladas de vermelho as variáveis

significativas para o fator 2.

Figura 7- Representação do Plano fatorial entre os fatores 1 e 2.

Fonte: Elaborada pela autora.

No eixo das abscissas temos o fator 1 que representa 60,625% da

variabilidade total do conjunto de dados. A variável mais significativa para esse

fator é a B13, a qual questiona a melhoria nas condições de trabalho, seguida da

B7, que procura saber qual a extensão que os trabalhadores ficaram sabendo do

edital da eleição, estas variáveis se encontram mais distante dos eixos das

coordenadas.

O fator 2 encontra-se no eixo das ordenadas e representa 8,336% da

variabilidade total do conjunto de dados. Sua variável mais significativa é a B3, a

qual se refere à colaboração dos empregados na gestão da CIPA. As variáveis B2

B1

B2

B13

B16

B15

B4B5

B6

B9

B10

B3

B7

B8

B11

B12

,000

,100

,200

,300

,400

,500

,600

,700

,800

,900

1,000

,000 ,200 ,400 ,600 ,800 1,000

Fat

or 2

Fator 1

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51

e B11 fecham esse conjunto de variáveis representativas do fator 2, e são

referentes aos questionamentos da Importância da CIPA e quanto a colaboração

na prevenção de acidentes na empresa, respectivamente.

A análise fatorial para dados da etapa de avaliação dos conhecimentos da

CIPA mostrou a formação de dois grupos de variáveis, até então o instrumento

considerado tinha apenas um. Para novas aplicações deste instrumento sugere a

criação de um novo fator já que algumas das variáveis se comportam diferentes

do restante. O resumo da Média, o Desvio Padrão, o Alpha Cronbach e o KMO

podem ser observados na Tabela 7, a seguir.

Tabela 7- Variáveis, resumo estatístico, Alfa Cronbach e KMO.

Fator Nº da

Variável

Nome da Variável Média Desvio

Padrão

Teste

KMO

Alpha

Cronbach

F1 Conhecimentos/ Opiniões CIPA 0,791 0,951

B1 Informação sobre a CIPA. 2,70 0,609

B2 Importância da CIPA. 2,81 0,879

B3 Colaboração com a CIPA 2,81 0,786

B4 Divulgação das Normas

regulamentadoras.

2,85 0,818

B5 Divulgação das decisões da

CIPA. 3,22 1,013

B6 Solicitação de paralisação da

máquina 1,96 0,940

B7 Publicação do edital da eleição 3,78 0,801

B8 Liberdade para inscrição da

eleição. 3,78 0,801

B9 Participação na eleição. 4,59 0,636

B10 Indicação de riscos 3,63 0,839

B11 Colaboração na prevenção de

acidentes. 3,11 0,801

B12 Participação na elaboração do

Mapa de Risco 2,37 0,839

Continua

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52

Conclusão

Fator Nº da

Variável

Nome da Variável Média Desvio

Padrão

Teste

KMO

Alpha

Cronbach

F1 Conhecimentos/ Opiniões

CIPA

0,791 0,951

B13 Melhoria nas condições de

trabalho. 3,74 0,813

B14 Eficiência do treinamento. 2,70 0,912

B15 Preocupação do empregador. 2,37 0,792

Fonte : Baseada no Output de saída do software SPSS.

Observando a Tabela 7, verifica-se que 8 de 15 variáveis apresentam suas

médias com valores menores que 3, ou seja, a maioria das variáveis estão com

avaliação abaixo de “moderado” na escala Likert. A variável B6 que se refere à

solicitação de paralisação da máquina quando oferecesse risco a saúde do

trabalhador, uma das atribuições da CIPA prevista na NR-5, recebeu a pior

avaliação com muitos “nada” da escala Likert que corresponde a nota 1. Por outro

lado, a variável B9 que se refere à extensão da participação dos empregados na

eleição da CIPA recebeu muitos “tudo” na escala Likert que corresponde a nota 5.

A variável B14, referente à eficiência do treinamento, foi uma das variáveis

que ficou com avaliação abaixo do “moderado”, sua média foi de 2,70 mostrando

que muitos funcionários consideram o treinamento ineficiente. Outro ponto

interessante é análise das médias das variáveis B1 e B2, as quais investigam as

opiniões sobre Informações e a Importância da CIPA respectivamente, ambas

tiveram notas abaixo de 3, assinalando que os funcionários consideram saber

pouco sobre a CIPA e que ela teria pouca importância.

A análise das médias mostra que apesar de 6 variáveis terem sido bem

avaliadas, apresentando avaliações acima de “moderado” o que indica um bom

funcionamento do órgão, a maioria foi mal avaliada e portanto assinala a

necessidade de melhoria em alguns pontos da CIPA.

.

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53

7.3 CONSIDERAÇÕES DO ESTUDO DE CASO

As reuniões, observações, análises de documentos e o questionário

constataram que há uma desconexão entre o que deve ser feito e o que

realmente é feito na prática. A investigação também notou um grande empenho

por parte dos membros da CIPA em exercer suas funções, no entanto o resultado

da Checklist mostrou uma grande defasagem no assunto atribuições, 13 dos 32

itens avaliados não eram cumpridos, enquanto os itens dos outros assuntos eram

seguidos em suas totalidades.

Já o questionário e as observações, que investigavam os conhecimentos

dos funcionários em relação a comissão, apontaram problemas de colaboração

dos funcionários, de interação gestão e empregados e de falta de informações. O

questionário também mostrou que todos puderam e participaram das eleições

para a CIPA

O treinamento é o veículo usado na obtenção do conhecimento pelos

membros da CIPA, contudo apesar de observada sua execução de acordo com a

norma, a falta de ciência de suas atribuições mesmo após treinamento demonstra

uma lacuna entre a transmissão do conhecimento e a captação deste por parte

dos cipeiros. O conhecimento de suas atribuições para membros da CIPA é vital

para que essa atinja seu objetivo, já que eles que conduzirão a comissão por um

ano, se não souberem o que devem ou não fazer, não há como atingir as metas

estipuladas.

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54

8 BASES TEÓRICAS PARA UM NOVO MÉTODO

O método ABP amplamente aplicado no ensino superior, principalmente no

ensino de medicina, necessita de adaptações quando aplicado no contexto

organizacional. Diante das inúmeras vantagens apresentadas do ABP, uma

adaptação para o contexto organizacional visando à capacitação dos funcionários

é justificável (NEVES, 2006).

Em sua tese de doutorado, Neves (2006) propõe um modelo de

capacitação de gerentes intermediários baseado no método de resolução por

meio de problemas para o desenvolvimento de competências e aprendizagem

organizacional. Para isto, desenvolveu um modelo adaptado do ABP ao contexto

organizacional em que afirma que o processo de aprendizagem inicia-se com o

compartilhamento de conhecimento individual. Em seguida, a aprendizagem

torna-se um processo social, partilhado pelas pessoas do grupo, gerando não

apenas aprendizagem individual como também grupal. Depois da compreensão e

da busca da solução para o problema, partilhada pelo grupo, discutem-se

novamente os resultados com os membros da empresa, motivando a proposição

final por meio de regras e procedimentos, o que permite a aprendizagem

organizacional.

O modelo de capacitação desenvolvido na tese de Neves (2006) é dividido

em cinco etapas:

I) Problematização;

II) Ação;

III) Discussão de solução;

IV) Planejamento da apresentação da solução;

V) Consolidação;

O esquema dessa aprendizagem cíclica está demonstrado na Figura 5.

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55

O início do processo, a fase de problematização, dá-se com a análise

detalhada da situação, na qual se define o problema e se estabelecem as

proposições iniciais para solução. Na etapa seguinte, individualmente, aplica-se a

solução na ação, ocorrendo reflexões sobre os resultados. Em seguida, na

discussão de solução, apresentam-se os resultados para o grupo (ocorrerão

questionamentos). Caso alcance o consenso na proposição final, o grupo gera um

documento, procedimento ou nova prática e define a forma de apresentação da

solução para a empresa. Em caso negativo, discutem-se novamente as

proposições. Concluindo essa etapa, realiza-se uma avaliação do ciclo. Na fase

de consolidação, apresenta-se o resultado e discute-se com a empresa a

proposição final para a solução do problema. Em seguida, define-se uma nova

situação problemática e, com isso, inicia-se um novo ciclo.

8.1 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO (T&D)

O acirramento da competitividade de mercado combinado com a evolução

da tecnologia faz com que as empresas se preocupem cada vez mais com

aperfeiçoamento de seus funcionários. O treinamento de pessoal é uma

ferramenta estratégica para o desenvolvimento organizacional, mas para que

ocorra de forma eficiente, eficaz e efetiva, ou seja, bem ministrado, com treinados

aplicando o conteúdo aprendido e atingindo os objetivos traçados, é necessário

um planejamento bem elaborado (VASCONCELLOS, 2013).

C

CT

D

AR

C: Compartilhamento do conhecimento

CT: Construção do conhecimento

D: Difusão do conhecimento

AR: Armazenamento do conhecimento

Fonte: (NEVES, 2006)

Figura 8- Aprendizagem cíclica.

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56

Segundo Chiavenato (2002) o treinamento pode ser considerado um

processo educacional de curto prazo, aplicado de maneira sistemática e

organizada. O autor ainda afirma que o planejamento de treinamento é decorrente

do diagnóstico das necessidades e que em geral os recursos disponíveis estão

relacionados a problemática diagnosticada.

Os objetivos e o conteúdo do treinamento são fatores determinantes e

devem ser enfatizados para que este seja bem sucedido. Os objetivos devem ser

claros e ter as finalidades de capacitar, continuidade de desenvolvimento e

transformação de atitudes. Já o conteúdo deve contemplar a transmissão de

informações, o desenvolvimento de aptidões, a mudança de comportamento e o

desenvolvimento de conceitos (CHIAVENATO, 2002).

8.1.1 Programa de Treinamento

O programa de treinamento envolve algumas etapas que devem ser

seguidas para garantir o sucesso do treinamento, são elas: Definição das

necessidades de treinamento; Projeto e planejamento do treinamento; Execução

do treinamento e a Avaliação dos resultados do treinamento. Elas não funcionam

isoladas, mas sim em conjunto umas com as outras e portanto todas são

essenciais para o sucesso do treinamento e o alcance dos objetivos estabelecidos

(VASCONCELLOS, 2013).

A NBR ISO 10015, pertencente à família de normas NBR ISO 9000

referente à Gestão da Qualidade, fornece as diretrizes para auxiliar um processo

de treinamento, cujo objetivo é diminuir a lacuna entre as competências

requeridas das existentes. A figura, a seguir, apresenta o ciclo de treinamento,

que pode contribuir para construção de um projeto planejado e sistemático

trazendo benefícios para a organização (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 2001).

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57

Figura 9- Ciclo de Treinamento.

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001).

8.1.1.1 Definição das Necessidades de Treinamento

O estágio de Definição das Necessidades de Treinamento, primeiro do

ciclo, é considerado um estágio complexo, pois é subdividido em outras seis

etapas: definição das necessidades da organização; definição e análise dos

requisitos de competência; análise crítica das competências; definição das

lacunas de competência; identificação de soluções para eliminar as lacunas de

competência e definição da especificação das necessidades de treinamento, que

devem ser seguidas nessa ordem de acordo com a NBR ISSO 10015

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001).

Na execução da Definição das Necessidades de Treinamento pode-se

valer de vários instrumentos como; questionários, avaliação de desempenho,

discussão em grupo, entrevista estruturada, pesquisa de clima entre outros. Os

resultados dessa etapa mostram as atitudes a serem tomadas e, portanto deve

ser realizado com alinhamento aos interesses da empresa. No final dessa etapa,

o profissional de treinamento irá diagnosticar o problema e verificar se é

solucionável através de um programa de treinamento (VASCONCELLOS, 2013).

1. Definição das necessidades de

treinamento

4. Avaliação dos resultados do treinamento

2. Projeto e planejamento do

treinamento

3. Execução do treinamento

Monitorar

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As metas a serem atingidas nesse estágio, segundo a NBR ISSO 10015, são as

seguintes:

Definir as lacunas entre a competência existente e a requerida;

Definir as necessidades de treinamento dos empregados cuja competência

existente não atenda àquelas requeridas para trabalho;

Documentar as necessidades de treinamento especificadas.

8.1.1.2 Planejamento

A elaboração de um programa de treinamento é feita com a identificação e

interpretação das necessidades reais de treinamento. De acordo com a NBR ISO

10015, para determinar exatamente o que será feito no treinamento é necessário

identificar e definir alguns pontos na ordem ilustrada na figura abaixo:

Figura 10- Planejamento em 4 etapas.

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001).

A realização das definições das restrições no planejamento é essencial,

visto que muitas vezes a necessidade do treinamento é evidente, entretanto a

existência de restrições compromete sua execução correta. Nos métodos de

treinamento e critérios para seleção deve-se escolher uma metodologia que

satisfaçam as necessidades de treinamento identificadas, enquanto os critérios

para seleção devem-se considerar recursos disponíveis, restrições e objetivos a

serem alcançados.

No terceiro passo, especificação do programa de treinamento, é

recomendada pela NBR ISSO 10015 elaborar um plano de curso e de aula. Já no

último passo, seleção do fornecedor de treinamento, deve-se verificar se o

fornecedor tem condições de elaborar e implementar recursos para avaliação do

treinamento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001).

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59

8.1.1.3 Execução do Treinamento

Na fase de Execução do treinamento três etapas são consideradas para o

sucesso do programa, são elas: apoio pré-treinamento; apoio no treinamento e

apoio ao final do treinamento. A primeira etapa consiste de munir o instrutor com

informações pertinentes, de esclarecer aos treinados a natureza do treinamento e

as lacunas de competência que se deseja eliminar e por último facilitar o contato

entre instrutor e treinados.

O apoio ao treinamento consiste em fornecer todo suporte necessário para

o “treinando” manter-se motivado. Dentre eles infra-estrutura, oportunidade de

aplicar as competências desenvolvidas e fornecer retorno das atividades

realizadas. Já a etapa de apoio ao final de treinamento refere-se ao feedback

instrutor para treinando e vice-versa.

8.1.1.4 Avaliação dos Resultados do Treinamento

A fase de Avaliação dos Resultados do Treinamento pode ser feita em dois

momentos: curto e longo prazo. A análise em curto prazo serve para verificar a

opinião do treinando sobre os métodos e recursos adotados e também sobre os

conhecimentos e habilidades adquiridas como resultado do treinamento. No caso

da avaliação em longo prazo serve para verificar a melhoria da produtividade e do

desempenho no trabalho.

8.1.2 Monitoração

A Monitoração é importante em todas as fases do processo de treinamento

para que se possa obter a melhoria contínua do ciclo de treinamento. De acordo

com a NBR ISO 10015 (2001, p.8), que apresenta as diretrizes de treinamento, “o

objetivo principal da monitoração é assegurar que o processo de treinamento,

está sendo devidamente gerenciado e implementado, de forma a comprovar a

eficácia do processo em alcançar os requisitos do treinamento e da organização”

Para a validação do processo de treinamento, pode ser feita uma análise

crítica das diversas etapas para identificar itens não-conformes e as devidas

ações preventivas e corretivas.

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9 O MÉTODO PROPOSTO

O foco deste trabalho foi verificar de qual forma funciona a CIPA na EPP,

para então propor um método de capacitação e treinamento por meio do ABP de

forma que possibilite trazer melhorias e eficiência no funcionamento deste órgão.

Segundo Chiavenato (2002), a capacitação e o desenvolvimento

profissional proporcionam um aumento na qualidade de vida, pois pessoas

treinadas trabalham com mais facilidade e confiança e, consequentemente, com

mais prazer e felicidade.

O treinamento para os membros da CIPA é obrigatório para que possam

tomar posse na comissão, e suas diretrizes, quanto ao conteúdo e execução, são

dados na norma NR-5. No entanto, essas diretrizes não são restritivas e apenas

fornecem o mínimo que deve ser abordado. Diante disso é proposto um

treinamento mais abrangente que não atenda apenas a legislação mais também

os interesses da empresa e dos empregados.

9.1 PROGRAMA DE TREINAMENTO

Esta proposta se desenvolveu da investigação para implantação do ABP

como método de treinamento da CIPA. Na primeira fase, a definição das

necessidades do treinamento, foi utilizada as informações obtidas no estudo de

caso para identificar a lacunas existentes entre o funcionamento atual e o

desejado pela proposta. Em seguida definiram-se os objetivos do treinamento e

os resultados esperados, essenciais para o planejamento do treinamento.

A especificação do treinamento pode ser visto no Quadro 7, que descreve

o Plano de Curso para aplicação do treinamento. O Plano de Aula é

complementar ao Plano de Curso e especifica o conteúdo programático, recursos

instrucionais, divisão do tempo e método utilizados, pode ser visto no Quadro 8.

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61

Quadro 7- Plano de Curso.

Especificação do Programa de Treinamento

Plano de curso: Treinamento da CIPA com ABP.

Justificativa: A análise do funcionamento da CIPA feito nesse trabalho mostrou algumas

lacunas existentes entre o funcionamento atual e o exigido na legislação. Diante disso essa

proposta de treinamento visa acabar com essas lacunas usando o método de aprendizagem

baseada em problemas (ABP).

Objetivo geral: Treinar os membros da CIPA tornando-os cientes das principais normas,

instruções e rotina sobre segurança do trabalho, para que possam ser capazes de ajudar na

preservação da saúde e segurança do trabalhador.

Objetivos específicos:

Diminuir a lacuna entre a teoria e a prática na CIPA;

Definir competências relativas às atividades desenvolvidas por membros da CIPA;

Conhecer e identificar Riscos Ambientais;

Saber investigar, prevenir e comunicar acidentes;

Desenvolver a habilidade do trabalho em equipe;

Motivar a comissão.

Programa:

O programa usará a metodologia ABP para abordar os assuntos obrigatórios ao treinamento

da CIPA. Os assuntos serão separados em blocos temáticos que originarão um problema, e

cada problema será discutido em uma aula com o grupo tutorial (membros da CIPA) com a

ajuda do facilitador. Depois é feito o estudo individual com o material de apoio, que acontece

fora da aula, e então na próxima aula ocorre a consolidação com apresentação da solução.

Resultados esperados:

Melhorar a comunicação CIPA-empregados e CIPA-empregador;

Esclarecimento do papel de cada um na CIPA e sua importância;

Reuniões melhores conduzidas;

Motivação e entusiasmo por parte do cipeiros;

Público alvo: Membros da CIPA. No caso, dois indicados pelos empregados, dois indicados

pelo empregador e um secretário.

Metodologia e recursos: A metodologia empregada é aprendizagem baseada na resolução

de problemas (ABP).

Carga horária: 20 horas

Fonte: Elaborado pela autora.

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Quadro 8- Plano de Aula do Treinamento com ABP.

Plano de Aula

Aula Bloco Temático Método Atividade Tempo

1 Apresentação ABP e CIPA

Expositivo Entrega do material apoio

e roteiro ABP. 2 Horas

2

Acidentes- Prevenção- Causas-

Investigação- Comunicação-

Legislação Previdenciária

ABP Entrega Problema 1 e

material de apoio para

estudo individual.

2 Horas

3

Acidentes- Prevenção- Causas-

Investigação- Comunicação-

Legislação Previdenciária

ABP Consolidação Problema 1

e apresentação da solução. 2 Horas

4

Riscos Ambientais- Controle de

Riscos- Higiene- Mapa de Riscos ABP Entrega Problema 2 e

material de apoio para

estudo individual.

2 Horas

5

Riscos Ambientais- Controle de

Riscos- Higiene- Mapa de Riscos ABP Consolidação Problema 2

e Apresentação da

solução.

2 Horas

6

Campanha de Segurança- EPI-

EPC- Inspeção ABP Entrega Problema 3 e

material de apoio para

estudo individual.

2 Horas

7

Campanha de Segurança- EPI-

EPC- Inspeção ABP Consolidação Problema 3

e apresentação da solução. 2 Horas

8

Primeiros Socorros- AIDS-

Prevenção e Combate a

Incêndios

ABP Entrega Problema 4 e

material de apoio para

estudo individual.

2 Horas

9

Primeiros Socorros- AIDS-

Prevenção e Combate a

Incêndios

ABP Consolidação Problema 4

e apresentação da solução. 2 Horas

10 Todos anteriores- Fechamento

do Treinamento. ABP Analise das avaliações de

contribuição e relatório das

atividades.

2 Horas

Fonte: Elaborado pela autora.

A aplicação do treinamento deve seguir o Plano de Curso e de Aula. Assim,

na primeira aula ocorrerá a apresentação da CIPA e do ABP de forma expositiva,

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63

o facilitador deverá apresentar a CIPA explicando o que é, objetivos, os conceitos

e o funcionamento. No caso do ABP, também deverá ser explicado a importância

dos 7 passos descritos por Schmidt (1983), as diferenças do método tradicional e

a entrega de um roteiro de atividades do ABP (Anexo B).

Na segunda aula inicia-se a aplicação do ABP, devido ao dimensionamento

da CIPA é formado um único grupo tutorial, o presidente da CIPA deve ser o líder

do grupo e o secretário da CIPA será o secretário do grupo. Nessa aula será

entregue o material de apoio e o Problema 1 referentes ao primeiro bloco

temático, a separação dos problemas e dos blocos temáticos podem ser

observados no Quadro abaixo.

Quadro 9- Assuntos abordados de cada Problema.

Problema Bloco Temático

Problema 1 Acidentes- Prevenção- Causas- Investigação- Comunicação- Legislação

Previdenciária.

Problema 2 Riscos Ambientais- Controle de Riscos- Higiene- Mapa de Riscos.

Problema 3 Campanha de Segurança- EPI- EPC- Inspeção.

Problema 4 Primeiros Socorros- AIDS- Prevenção e Combate a Incêndios.

Fonte: (BRASIL, 2011).

Nessa aula ocorre a fase de Problematização, na qual deverão ser

aplicados os passos de 1 a 5, nessa fase discute-se, define o problema,

compartilham as experiências, questionam-se e propõe inicialmente uma solução.

Todo delineamento da discussão deverá ser anotado pelo secretário e entregue

ao facilitador ao final do encontro.

O próximo passo é o sexto, nesse momento é feito o estudo individual fora

do grupo tutorial e antes do próximo encontro do grupo, é o momento da reflexão.

O estudo individual pode ser feito com o material de apoio fornecido pelo

facilitador e referente ao bloco temático do problema.

Na próxima aula, a terceira, será novamente discutido o problema e então

uma solução final será proposta e apresentada pelo líder para o facilitador. A

entrega do relatório, feita pelo secretário, e das fichas de contribuição (Anexo C),

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preenchida por todos, fecham o ciclo do Bloco Temático do Problema 1, o

facilitador deve durante todo o ciclo orientar para que os treinados chegue na

melhor solução possível. O esquema abaixo ilustra a aplicação dos 7 passos

segundo Neves (2006).

Figura 11- Ciclo de aplicação dos 7 passos.

Fonte: (NEVES, 2006).

Cada um dos quatro problemas passará pelo ciclo ilustrado na Figura 10, e

durante esse processo, o secretário e o facilitador deverão registrar o processo de

aprendizagem. Esses registros serão importantes para avaliação da última aula,

na qual o facilitador fará análise do processo de aprendizagens através dos

relatórios e das fichas avaliação de contribuição (Anexo C).

A avaliação em curto prazo do treinamento poderá ser feita através da

avaliação de contribuição, onde os membros da CIPA que foram treinados darão

qual é a porcentagem de contribuição na resolução de cada problema. Em longo

prazo, o treinamento poderá ser avaliado por indicadores como número de

Grupo Tutorial: Encontro e análise do Problema Passo 1: Identificar o problema

Passo 2: Esclarecer o problema

Passo 3: Analisar o problema ( Tempestade de ideias)

Passo 4: Sistematizar explicações ou proposições

Passo 5: Formular objetivos da aprendizagem

Individualmente

Passo 6: identificar recursos de aprendizagem

e conduzir estudo individual

Grupo Tutorial: Encontro de resolução do problema Passo 7: apresentar resultados do estudo individual,

revisar e sistematizar explicações ou proposições finais

para o problema

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acidentes, avaliação de mudança de comportamento ou ainda um questionário de

satisfação dos funcionários em relação ao funcionamento da gestão da CIPA.

9.3 COMPARATIVO TREINAMENTO TRADICIONAL X ABP

O uso do termo “treinamento tradicional” refere-se, neste trabalho, ao

treinamento atual aplicado à CIPA na empresa e em muitas outras empresas, tal

treinamento usa como método de ensino e aprendizagem a abordagem tradicional

da pedagogia clássica. O método proposto tem suas premissas na psicologia

cognitivista e é um método andragógico muito utilizado principalmente em cursos

profissionalizantes, segundo Cavalcante e Gayo (2004).

A comparação entre as formas de treinamento tradicional e a por

aprendizagem baseada em problemas é importante, pois torna possível a

visualização das vantagens e desvantagens que as envolvem. Dessa forma pode-

se, de acordo com os objetivos da empresa no treinamento, verificar qual método

é mais adequado. Diante disso segue abaixo uma lista das vantagens e

desvantagens do treinamento com ABP.

I) Vantagens

Adequação ao ensino de adultos: sendo a CIPA uma comissão formada

por adultos e o método ABP fundamentado nos princípios cognitivos e

andragógicos, o uso desse método no treinamento dessa comissão

proporcionaria maior aprendizagem, desenvolvimento de habilidades e

competências por partes dos membros da CIPA.

Motivação: o fator motivacional é um ponto importante do ABP, os grupos

tutoriais e tutores se divertem nas discussões e construção do

conhecimento, essa interação e importância da opinião do aluno para

conclusão do problema o envolve com o processo de aprendizagem

transformando-o protagonista. No treinamento tradicional essa motivação é

inexistente, pois nessa abordagem a motivação vem de fatores externos e

principalmente da avaliação, como não há, os alunos não se sentem

motivados a aprender os conteúdos expostos. Essa motivação é muito

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interessante para a CIPA, pois um grupo motivado e capacitado executará

de forma eficiente o seu trabalho do dia a dia.

Trabalho em equipe: a troca de experiências e a horizontalidade são

estimuladas, sendo que cada aluno possui uma contribuição efetiva para o

coletivo. Todos compartilham conceitos e vivências, sendo um sujeito ativo

no processo. Este novo papel do aluno desenvolve seu potencial de

decisão, reforça sua identidade e liderança, marcam mudanças de atitudes

e maturidade atribuindo novos significados a sua personalidade,

favorecendo o trabalho em equipe. Além disso, o ABP permite

desenvolvimento de competências e habilidades genéricas interessantes

para práticas futuras. O desenvolvimento do trabalho em equipe é

essencial para uma comissão como a CIPA, já que essa trabalha em

conjunto representando os trabalhadores e empregador.

Aprendizagem profunda: os estudantes interagem com os materiais de

aprendizados, relacionam conteúdos com conceitos do cotidiano e com

isso conseguem melhorar a compreensão. O ABP faz uso da abordagem

construtivista onde os estudantes ativam o conhecimento prévio e

constroem as estruturas do conhecimento conceitual existente. Assim os

membros da CIPA construirão um conhecimento profundo baseado

exatamente nos problemas que enfrentarão no dia a dia da CIPA.

II) Desvantagens

Tutor/professor: a maioria dos tutores/professores gosta de transmitir seu

conhecimento achando frustrante o papel de mediador/facilitador, podendo

comprometer o processo de ensino e aprendizagem. No caso da CIPA,

quem fornece o treinamento teria que conhecer os princípios do ABP e de

segurança e ainda assim executar bem o papel de facilitador.

Rejeição à mudança: essa é a principal desvantagem e talvez a mais

frequente, muitas vezes o aluno está tão adaptado à forma clássica de

ensino que rejeita mudanças e inovação mantendo sua passividade e

desligamento, típico da abordagem tradicional.

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No quadro a seguir, há uma comparação do treinamento tradicional e ABP,

nele podemos observar as diferenças entre funcionamento, papel do aluno, papel

do professor.

Quadro 10- Treinamento Tradicional X Treinamento ABP.

Treinamento tradicional Treinamento ABP

Execução É ministrado por alguém que domine

os conteúdos referentes à saúde e

segurança do trabalho exigido na NR-

5. O professor utiliza 20 horas,

divididas em alguns dias, para expor

os conteúdos através, muitas vezes,

de recursos como data show. Não há

avaliação.

Consiste de reuniões, onde os alunos

se organizam em grupo e são guiados

pelo seu tutor (professor), que os

confrontam com problemas referentes

ao conteúdo. As discussões, análise,

e a resolução do problema fica por

conta do aluno, o tutor tem a função

de orientar e guiar os alunos a

resposta. Também durará 20 horas

sendo divididas em reuniões do grupo

tutorial. Preenche uma avaliação de

contribuição e entrega de relatório.

Aluno O aluno é um ser “passivo”, cabe a ele

receber todas as informações

transmitidas pelo professor.

O aluno é agente “ativo” da sua

aprendizagem, ele que através das

discussões baseadas no seu

conhecimento prévio que contextualiza

e constrói um conhecimento.

Professor É a figura que detém o conhecimento

e que irá transmiti-lo ao aluno.

Ele recebe a função de mediador do

processo de aprendizagem. Deve

guiar os alunos para uma boa

discussão, mas nunca fornecendo as

respostas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Já o Quadro 11 a seguir, lista os problemas detectados no estudo de caso

realizado e relaciona a forma na qual o ABP poderia auxiliar na resolução.

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Quadro 11- O ABP nos problemas detectados.

Problemas detectados Ação do ABP

Falta de ciência das atribuições

pelos membros da CIPA.

O ABP faz uso da abordagem construtivista onde os

estudantes ativam o conhecimento prévio e constroem as

estruturas do conhecimento conceitual existente. O

treinamento com o método utiliza problemas reais que os

cipeiros enfrentarão no dia a dia e assim a construção do

conhecimento profundo baseado na realidade de trabalho

pode contribuir na execução das atribuições

Problemas na divulgação de informações.

No ABP o fator motivacional e integração são pontos fortes

que podem ajudar na divulgação de informações, pois

cipeiros motivados tendem a se empenhar mais na

execução de suas funções e consequentemente mais

aplicação no exercício aliado á integração promovida pelas

discussões.

Problema de comunicação CIPA e empregador.

As discussões promovidas com problemas reais no

treinamento da comissão farão que os membros tenham

maior consciência da importância de suas funções para

saúde do trabalhador e então estabeleça um canal de

comunicação com o empregador. Essa comunicação será

facilitada pelo treinamento com ABP, já que sendo um

método ativo incentiva as discussões e viabiliza canais de

comunicação.

Problemas de interação funcionários e CIPA

O trabalho em equipe, a comunicação e a motivação são

os pontos importantes do ABP para melhorar a interação

funcionários e CIPA. O trabalho em equipe é estimulado

incentivando as trocas de experiências, assim todos os

cipeiros contribuem com vivências sendo sujeito ativo na

comissão. Esse protagonismo com a motivação intrínseca

do ABP contagia os funcionários que passam a colaborar e

se envolver com os cipeiros.

Fonte: Elaborado pela autora.

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10 CONCLUSÕES

O estudo da literatura sobre Saúde e Segurança do Trabalho,

Aprendizagem, Treinamento & Desenvolvimento juntamente com o estudo de

caso, permitiram avaliar o funcionamento da CIPA na EPP e propor um

treinamento adequado visando diminuir as lacunas da teoria e a prática.

O trabalho concluiu que o treinamento tradicional utilizado na empresa

causava lacunas e que o treinamento proposto não é apenas capaz de saná-las,

como também de melhorar o ambiente de trabalho na empresa, melhorando a

comunicação entre os funcionários. No entanto é importante ressaltar que apesar

deste trabalho apresentar inúmeras vantagens do método ABP, nenhum método

soluciona todos os problemas de ensino-aprendizagem, mas alguns métodos

podem ser mais adequados que outros para determinado grupo.

As revisões bibliográficas e o estudo de caso tornaram possível concluir que:

A CIPA é um órgão muito importante para Saúde e Segurança do

Trabalhador, em muitas empresas sendo a única responsável e referencial

de segurança e é principalmente por isso que um treinamento adequado é

tão importante, pois ele possibilitaria um funcionamento melhor dessa

comissão e consequentemente mais proteção à saúde do trabalhador.

O bom funcionamento da CIPA depende da comunicação clara entre os

membros, entre os membros-empregados e membros-empregador. Esses

canais têm que estar sempre abertos entendendo a importância da CIPA e

colaborando com ela.

O canal de comunicação e o funcionamento da CIPA só são possíveis

através de um treinamento adequado, no qual os membros entendam

quais são suas atribuições, pois sem esse entendimento não se pode

executá-las.

A execução das atribuições foi o ponto mais fraco da CIPA atual na EPP,

que foi diagnosticado através do estudo de caso. Com a proposta de

treinamento por ABP e suas possíveis vantagens ficou clara que isso pode

ser revertido com o novo treinamento.

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O uso do ABP como método de treinamento e capacitação é extremamente

interessante, visto que se baseia na psicologia cognitivista e é o método

mais indicado ao ensino de adultos.

A motivação característica da aprendizagem baseada em problemas, já é

conhecida como aliada da gestão de pessoas, sendo assim o treinamento

com ABP pode trazer benefícios para a empresa quanto o relacionamento

dos funcionários.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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76

APÊNDICE

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO PARA AVALIAR EFETIVIDADE DA CIPA

A) Informação demográfica

1) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2) Qual a sua escolaridade?

( ) Ensino fundamental incompleto ( não chegou a concluir a 8ª série do ensino

fundamental).

( ) Ensino fundamental completo.

( ) Ensino médio completo.

( ) Ensino superior completo.

3) Qual a sua área de trabalho na empresa?

( ) Produção

( ) Administrativo

B) Avaliação da efetividade da atuação da CIPA: As declarações são

referentes ao funcionamento da CIPA na sua empresa. Por favor, indique até

que ponto as informações são verdadeiras pra você.

Questão

Nad

a

Po

uco

Mo

der

ado

Mu

ito

Tu

do

1. Em qual extensão você sabe sobre a CIPA?

2. Em sua opinião, qual a extensão da importância do papel

da CIPA na empresa?

3. Em qual extensão, os empregados colaboram com a

gestão da CIPA?

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4. Em que extensão a CIPA divulga e promove o

cumprimento das Normas Regulamentadoras e

informações relativas à segurança e saúde no trabalho?

5. Em que extensão o Presidente e o Vice-Presidente da

CIPA, em conjunto, divulgam as decisões da CIPA a

todos os trabalhadores do estabelecimento?

6. Quando há risco grave e iminente à segurança e saúde

dos trabalhadores em qual extensão a CIPA solicita ao

empregador a paralisação de máquina ou setor?

7. No processo eleitoral, em qual extensão os funcionários

ficaram sabendo da publicação do edital?

8. No processo eleitoral, em qual extensão que os

funcionários puderam se inscrever para ser representante

da CIPA?

9. Em qual extensão, os empregados participam da eleição

de seus representantes?

10. Em qual extensão, os empregados indicam à CIPA, e ao

empregador situações de riscos e apresentam sugestões

para melhoria das condições de trabalho?

11. Em qual extensão os funcionários da empresa colaboram

na prevenção de acidentes?

12. Em qual extensão os funcionários participaram da

elaboração do Mapa de risco?

13. Em que extensão as condições de trabalho têm

melhorado dentro da empresa?

14. Em que extensão a Gerência de sua área é participativa

na prevenção de acidentes?

15. Quanto você acha que o empregador se preocupa com a

segurança do trabalhador?

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ANEXOS

ANEXO A3 - Checklist usada para análise de documentos.

CHECKLIST NR-5

Nome da empresa: Data __/__/__

Descrição da inspeção

Fator Nº Itens Ok Não ocorre

Observação

Org

aniz

ação

1 A CIPA é composta de representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR? Ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos para setores econômicos específicos

2 Os representantes do empregador (titulares e suplentes) são por ele designados?

3 Os representantes dos empregados (titulares e suplentes) são eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados?

4 O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem decrescente de votos recebidos, observa o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR? Ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos de setores econômicos específicos.

5 O mandato dos membros eleitos da CIPA tem a duração de um ano, sendo permitida uma reeleição?

6 Houve alguma dispensa arbitrária ou sem justa causa de empregado eleito para cargo de direção da CIPA (desde o registro de candidatura até um ano após o final do mandato)?

7 São garantidas aos membros da CIPA condições que não descaracterizem suas atividades normais dentro da empresa?

8 O empregador garante que seus indicados tenham a representação necessária para a discussão e encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho analisadas na CIPA?

9 O empregador designou entre seus representantes o Presidente da CIPA, e os representantes dos empregados escolheram entre os titulares o vice-presidente?

3 Adaptado de BLOG SEGURANÇA DO TRABALHO, 2013.

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10 Os membros da CIPA, eleitos e designados foram, empossados no primeiro dia útil após o término do mandato anterior.

11

Foi indicado, de comum acordo com os membros da CIPA, um secretário e seu substituto, entre os componentes ou não da comissão, sendo neste caso necessária a concordância do empregador?

12 A documentação referente ao processo eleitoral da CIPA, incluindo as atas de eleição e de posse e o calendário anual das reuniões ordinárias, está no estabelecimento à disposição da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego?

13 O empregador forneceu cópias das atas de eleição e posse aos membros titulares e suplentes da CIPA, mediante recibo?

Atr

ibu

içõ

es

14 A CIPA identifica os riscos do processo de trabalho, e elabora o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, se houver?

15 A CIPA elabora um plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho?

16 A CIPA participa da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho?

17 A CIPA realiza, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores?

18 A CIPA realiza, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discute as situações de risco que foram identificadas?

19 A CIPA divulga aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho?

20 A CIPA participa, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionado à segurança e saúde dos trabalhadores?

21 A CIPA requer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores?

22 A CIPA colabora no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho?

23 A CIPA divulga e promove o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho.

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24 A CIPA participa, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propõe medidas de solução dos problemas identificados?

25 A CIPA requisita ao empregador e analisa as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores?

26 A CIPA requisita à empresa as cópias das CAT emitidas?

27 A CIPA promove, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT?

28 O empregador proporciona aos membros da CIPA os meios necessários ao desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho?

29 Os empregados participam da eleição de seus representantes?

30 Os empregados colaboram com a gestão da CIPA?

31 Os empregados indicam à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentam sugestões para melhoria das condições de trabalho?

32 Os empregados observam e aplicam no ambiente de trabalho as recomendações quanto à prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho?

33 O presidente convoca os membros para as reuniões da CIPA?

34 O Presidente coordena as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT, quando houver, as decisões da comissão?

35 O Presidente mantém o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA?

36 O Presidente coordena e supervisiona as atividades de secretaria?

37 O Presidente delega atribuições ao Vice-Presidente?

38 O Vice-Presidente executa atribuições que lhe forem delegadas?

39 O Vice-Presidente substitui o Presidente nos seus impedimentos eventuais ou nos seus afastamentos temporários?

40 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, cuidam para que a CIPA disponha de condições necessárias para o desenvolvimento de seus trabalhos?

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41 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto coordenam e supervisionam as atividades da CIPA, zelando para que os objetivos propostos sejam alcançados?

42 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, delegam atribuições aos membros da CIPA?

43 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, promovem o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver?

44 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, divulgam as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento?

45 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, encaminham os pedidos de reconsideração das decisões da CIPA?

46 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto, constituem a comissão eleitoral?

47 O Secretário da CIPA acompanha as reuniões da CIPA e redigi as atas apresentando-as para aprovação e assinatura dos membros presentes e também prepara as correspondências?

Fu

nci

on

amen

to

48 A CIPA tem reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido?

49 As reuniões ordinárias da CIPA são realizadas durante o expediente normal da empresa e em local apropriado?

50 As reuniões da CIPA têm atas assinadas pelos presentes com encaminhamento de cópias para todos os membros?

51 As atas ficam no estabelecimento à disposição da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego?

52 A CIPA realiza reuniões extraordinárias quando há denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas corretivas de emergência?

53 A CIPA realiza reuniões extraordinárias quando ocorre acidente do trabalho grave ou fatal?

54 A CIPA realiza reuniões extraordinárias quando há solicitação expressa de uma das representações?

55 As decisões da CIPA são preferencialmente por consenso? Não havendo consenso, e frustradas as tentativas de negociação direta ou com mediação, é instalado processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.

56 O membro titular tem quatro faltas? O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente, quando faltar a mais de quatro reuniões ordinárias sem justificativa.

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82

Tre

inam

ento

57 A empresa promove treinamento para os membros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse?

58 O treinamento de CIPA em primeiro mandato foi realizado no prazo máximo de trinta dias, contados a partir da data da posse?

59 O treinamento para a CIPA contempla o estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do processo produtivo?

60 O treinamento para a CIPA contempla a metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho?

61 O treinamento para a CIPA contempla noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos existentes na empresa?

62 O treinamento para a CIPA contempla noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e medidas de prevenção?

63 O treinamento para a CIPA contempla noções sobre as legislações trabalhistas e previdenciária relativas à segurança e saúde no trabalho?

64 O treinamento para a CIPA contempla princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos?

65 O treinamento para a CIPA contempla organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão?

66 O treinamento teve carga horária de vinte horas,

distribuídas em no máximo oito horas diárias e será realizado durante o expediente normal da empresa?O treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT da empresa, entidade patronal, entidade de trabalhadores ou por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados

Pro

cess

o e

leit

ora

l

67 O empregador convocou eleições para escolha dos representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso?

68 A empresa estabeleceu mecanismos para comunicar o início do processo eleitoral ao sindicato da categoria profissional?

69 O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituíram dentre seus membros, no prazo mínimo de 55 (cinqüenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral – CE, que será a responsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral?

70 No processo eleitoral realizou-se a publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso?

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71 No processo eleitoral realizou-se inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será de quinze dias?

72 No processo eleitoral ocorreu liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento, independentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de comprovante?

73 No processo eleitoral houve garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição?

74 No processo eleitoral houve a realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do mandato da CIPA, quando houver?

75 No processo eleitoral realizou-se a eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos empregados?

76 No processo eleitoral foi realizado em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos empregados? Havendo participação inferior a cinqüenta por cento dos empregados na votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra votação, que ocorrerá no prazo máximo de dez dias

77 No processo eleitoral o voto foi secreto?

78 A empresa guarda e todos os documentos relativos à eleição, por um período mínimo de cinco anos?

79 No processo eleitoral assumiram a condição de membros titulares e suplentes, os candidatos mais votados? Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento.

Co

ntr

atan

tes

e co

ntr

atad

as 80 No caso, de duas ou mais empresas atuarem

em um mesmo estabelecimento, a CIPA ou designado da empresa contratante, em conjunto com as das contratadas ou com os designados, define mecanismos de integração e de participação de todos os trabalhadores em relação às decisões das CIPA existentes no estabelecimento? Quando se tratar de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviços, considera-se estabelecimento, para fins de aplicação desta NR, o local em que seus empregados estiverem exercendo suas atividades.

81 A empresa contratante adota medidas necessárias para que as empresas contratadas, suas CIPA, os designados e os demais trabalhadores lotados naquele estabelecimento recebam as informações sobre os riscos presentes nos ambientes de trabalho, bem como sobre as medidas de proteção adequadas? A empresa contratante adotará as providências necessárias para acompanhar o cumprimento pelas empresas contratadas que atuam no seu estabelecimento, das medidas de segurança e saúde no trabalho.

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ANEXO B

ROTEIRO DAS ATIVIDADES ABP

(Adaptado de Soares, 2008)

A cada problema que for recebido, deve-se seguir os passos da aplicação

do método de aprendizagem baseada na resolução de problemas segundo

Schmitd (1993), os passos de 1 a 5 são realizados na reunião do recebimento do

problema, a seguir os 5 passos:

1. Esclarecer os termos difíceis ou desconhecidos: Identifique palavras,

expressões, termos técnicos, enfim, qualquer coisa que não entenda no

problema. Pergunte ao grupo se alguém conhece o significado do termo difícil

encontrado. Se todos concordarem que o significado foi esclarecido, tudo bem,

passem para o próximo, senão incluam o termo entre os objetivos de aprendizado

ou learning goals.

2. Listar os problemas: Primeiramente, identificam-se os problemas. Qual ou

quais são os problemas? Nessa etapa não se pretende explicar o porquê dos

problemas. É o momento em que cada membro da equipe deve levantar no

mínimo uma hipótese, sem sofrer críticas ou pressões por outros membros da

equipe.

3. Discussão dos problemas (brainstorming): A primeira sessão tutorial visa

trazer para discussão os conhecimentos prévios do grupo. Todo mundo tem

conhecimentos prévios, e alguns se lembram de coisas que os outros

esqueceram. Nessa etapa o trabalho em grupo é muito importante, principalmente

saber respeitar a opinião dos outros, e fazer da discussão mais uma oportunidade

de aprender. A função do líder é importante, mas não é fácil. É importante que

todos reconheçam isso, e se possível desempenhem essa função. O secretário(a)

também desempenha uma função importante, pois escrevendo o que é dito

facilita a participação de todos. Na segunda sessão tutorial todos trazem

informações, e o grupo discute o que pode ser útil para resolver o caso.

Novamente o trabalho em grupo, se bem conduzido, pode facilitar o aprendizado

de todos.

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4. Resumir: Resumir a discussão, relembrando os problemas listados, as

hipóteses diagnósticas levantadas, e as contribuições dos conhecimentos prévios,

prós e contras. Os estudantes discutem então os pontos negativos e positivos,

explorando todas possibilidades de informações que reuniram para cada solução.

5. Formulação dos objetivos de aprendizado: Diante dos problemas

identificados, e após a primeira discussão, com base nos conhecimentos prévios,

identificam-se pontos obscuros, isto é: assuntos ou temas que precisam ser

estudados, para resolver o(s) problema(s). O ideal é ser objetivo, isto é, formular

os objetivos com base nos problemas, sem tentar estudar tudo sobre o assunto,

pois o tempo não vai ser suficiente. Mais uma vez, lembrar de trabalhar em grupo:

mesmo que alguém ache que um tema específico é importante, o grupo deve

decidir o que é importante estudar.

O sexto passo realizado fora da sala de aula.

6. Busca de informações: O estudo ou busca de informações são

essencialmente individuais. O melhor é buscar informações em mais de uma

fonte, e ter como um dos objetivos trocar essas informações, de fontes

diversificadas, na discussão em grupo. Neste momento é interessante que o

treinando faça o uso do material de apoio cedido pelo falicitador, mas seu estudo

não deve se resumir apenas nele.

O sétimo passo é realizado na próxima reunião do grupo.

7. Retorno, integração das informações e resolução do caso: O objetivo da

segunda reunião tutorial é integrar as informações trazidas, para resolver o caso.

Porém, não há a pretensão de esgotar os temas discutidos. Aqui deve-se

apresentar para o facilitador a solução do problema e também entregar o relatório

do processo até a solução e a ficha de contribuição.

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ANEXO C

TREINAMENTO CIPA

Avaliação de contribuição

NOME:__________________________________________________________

Minha melhor e mais justa estimativa de contribuição em analisar e preparar as

soluções da nossa equipe para o ________ (1º, 2º, 3º ou 4º) problema neste

treinamento é a seguinte:

MEMBRO DA EQUIPE

PORCENTAGEM DE CONTRIBUIÇÃO

1.__________________________ _________________________

2.__________________________ _________________________

3.__________________________ _________________________

4.__________________________ _________________________

5.__________________________ _________________________

6.__________________________ _________________________

TOTAL: 100%

Comentários:_______________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________