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ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL PROJETO FINAL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL EDUARDO TRISTÃO DA CONCEIÇÃO Avaliação da Contaminação das Águas Superficiais e Subterrâneas por Necrochorume na Fazenda Vale Verde em Silva Jardim/RJ Prof. Orientador: Amanda Maria Chrispim Meliande Niterói-RJ 2°/2015

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ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE

CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

PROJETO FINAL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

EDUARDO TRISTÃO DA CONCEIÇÃO

Avaliação da Contaminação das Águas

Superficiais e Subterrâneas por Necrochorume

na Fazenda Vale Verde em Silva Jardim/RJ

Prof. Orientador: Amanda Maria Chrispim Meliande

Niterói-RJ

2°/2015

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Eduardo Tristão da Conceição

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E

SUBTERRÂNEAS POR NECROCHORUME NA FAZENDA VALE VERDE EM

SILVA JARDIM/RJ

Projeto Final de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Graduação em Engenharia Agrícola.

Orientador:

Prof. Amanda Maria Chrispim Meliande

Niterói-RJ

2016

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

C744 Conceição, Eduardo Tristão da Avaliação da contaminação das águas superficiais e subterrâneas por necrochorume na fazenda Vale Verde em Silva Jardim/RJ / Eduardo Tristão da Conceição. – Niterói, RJ : [s.n.], 2016.

71 f.

Trabalho (Conclusão de Curso) – Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal Fluminense, 2016.

Orientador: Amanda Maria Chrispim Meliande.

1. Poluição da água. 2. Chorume. 3. Cemitério. 4. Águassubterrâneas. 5. Águas superficiais. 6. Qualidade da água. I. Título.

CDD 628.16825

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Eduardo Tristão da Conceição

Avaliação da Contaminação das Águas Superficiais e Subterrâneas por

Necrochorume na Fazenda Vale Verde em Silva Jardim/RJ

Projeto Final de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Graduação em Engenharia Agrícola.

Aprovado em: 29/03/2016

Banca Examinadora

Prof. Amanda Maria Chrispim Meliande

Orientador

Prof. Leonardo da Silva Hamacher

Prof. Lívia Maria da Costa Silva

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Agradecimentos

Agradeço a Deus, o maior mestre que alguém pode conhecer, me dando saúde e

força para superar as dificuldades.

Ao corpo docente desta universidade, que foram importantes na minha vida

acadêmica e no meu desenvolvimento.

A minha orientadora Amanda Chrispim pela paciência e suporte no pouco tempo que

lhe coube.

Aos amigos que de algum modo, nos momentos tranquilos e principalmente de tensão

fizeram parte da minha vida e que agradeço de coração.

E principalmente a minha família pelo amor, incentivo e apoio em todos os momentos.

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“Um único sonho é mais poderoso do que mil realidades. ”

J. R. R. Tolkien

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RESUMO

A atividade cemiterial pode ser notada como um tipo particular de aterro e apresenta

riscos de contaminação em corpos hídricos por substâncias e microrganismos. Um

aquífero pode ser afetado por substâncias nocivas, vírus e bactérias derivadas do

processo de decomposição humana, o que pode aumentar o risco de saúde pública.

O objetivo deste estudo foi avaliar a vulnerabilidade da contaminação por

necrochorume do cemitério rural de Bananeiras em Silva Jardim/RJ, através das

análises das águas superficiais e subterrâneas na Fazenda Vale Verde. Para isso,

foram realizadas análises em poços de monitoramento no entorno do cemitério,

investigando e classificando a qualidade da água e verificando se o empreendimento

em questão causa contaminações na microbacia em que se insere. A metodologia foi

dividida em etapa de campo, com a coleta e construção dos poços de monitoramento

e a realização de um questionário de investigação sobre o uso da água, e etapa

laboratorial com objetivo de verificar os agentes patógenos. Os resultados obtidos

indicam que tanto as águas superficiais quanto as águas subterrâneas apresentam

boa qualidade e podem ser utilizadas para diversas finalidades como irrigação,

dessedentação animal, piscicultura e ao abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional ou avançado.

Palavras-Chave: Cemitério, Parâmetros Físico-Químicos, Poços de Monitoramento

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ABSTRACT

The cemeterial activity can be noted as a particular type of landfill and presents a risk of contamination of water bodies by substances and microorganisms. An aquifer may be affected by noxious substances, viruses and bacteria derived from human decomposition process and them increase the risk of public health. The objective of this study was to evaluate the vulnerability of contamination by necrochorume in rural cemetery Bananeiras in Silva Jardim/RJ, through the analysis of surface and groundwater in the Farm Green Valley. For this, analyzes were performed in monitoring wells surrounding the cemetery, investigating and classifying water quality and ensuring that the project in question cause contamination in the watershed in which it operates. The methodology was divided into field stage, with the collection and construction of monitoring wells and conducting a survey of research on the use of water, and laboratory step in order to verify the pathogens. The results indicate that both surface water as groundwater have good quality and can be used for various purposes such as irrigation, animal consumption, fish farming and supply for human consumption after conventional treatment or advanced.

Keywords: Cemetery, Physico-chemical parameters, Monitoring Wells

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Composição do necrochorume (Fonte: Silva, 1998) ................................................. 17

Figura 2 - Mapa de declividade (Fonte: CPRM, 2000) ................................................................ 19

Figura 3 - Mapa de densidade de fraturas (Fonte: CPRM, 2000).............................................. 19

Figura 4 - Mapa de litologia (Fonte: CPRM, 2000) ....................................................................... 20

Figura 5 - Mapa de densidade de drenagem (Fonte: CPRM, 2000) ......................................... 21

Figura 6 – Localização da estação meteorológica de Silva Jardim e a área circundada de

vermelho em estudo (Fonte: Google Earth, 2016) ........................................................................ 22

Figura 7 - Região Serrana do RJ - 2011, a) Enterros em série; b) Enterros sem identificação

(Fonte: O Globo, 2011) ...................................................................................................................... 24

Figura 8 - Inundações no município de Dom Inocêncio (Fonte: O Globo, 2016) .................... 25

Figura 9 - Variação do Oxigênio dissolvido (Fonte: ANA, 2016) ............................................... 30

Figura 10 - Variação de Coliformes Fecais (Fonte: Própria, 2016) ........................................... 31

Figura 11 - Variação do pH (Fonte: Própria, 2016) ...................................................................... 32

Figura 12 - Variação da DBO (Fonte: Própria, 2016) .................................................................. 33

Figura 13 - Variação de Temperatura (Fonte: ANA, 2016) ......................................................... 34

Figura 14 - Variação de Nitrogênio Total (Fonte: Própria, 2016) ............................................... 35

Figura 15 - Variação de Fósforo Total (Fonte: Própria, 2016) ................................................... 36

Figura 16 - Variação da Turbidez (Fonte: Própria, 2016) ........................................................... 37

Figura 17 - Variação de Resíduos Totais (Fonte: Própria, 2016) .............................................. 38

Figura 18 – Município de Silva Jardim e vizinhos (Fonte: IBGE, 2016) .................................... 39

Figura 19 - Vista aérea da localidade (Fonte: Google Earth, 2016) .......................................... 40

Figura 20 - Vias de Acesso (Fonte: Google Earth, 2016) ........................................................... 40

Figura 21 – Topografia local e cemitério em azul (Fonte: Própria) ........................................... 41

Figura 22 - Modelo digital do terreno (Fonte: Própria) ................................................................. 42

Figura 23 - Disposição dos poços (Fonte: NBR 13.895, 1997) .................................................. 42

Figura 24 - Localização dos poços em vermelho (Fonte: Própria) ............................................ 43

Figura 25 – a) Detalhe da perfuração do poço; b) Poço escavado (Fonte: Própria) .............. 43

Figura 26 – Adequação do revestimento interno (Fonte: Própria) ............................................. 44

Figura 27 – Filtro (Fonte: Própria) ................................................................................................... 44

Figura 28 – Preenchimento (Fonte: Própria) ................................................................................. 45

Figura 29 - Tampão superior (Fonte: Própria) .............................................................................. 45

Figura 30 – Cadastro de águas subterrâneas (Fonte: SIAGAS, 2016) .................................... 46

Figura 31 - Corpos Hídricos (Fonte: Google Earth, 2016) .......................................................... 47

Figura 32 - Variação dos coliformes termotolerantes (Fonte: Própria) ..................................... 49

Figura 33 - Variação da DBO (Fonte: Própria) ............................................................................. 50

Figura 34 - Variação de OD (Fonte: Própria) ................................................................................ 51

Figura 35 - Variação da Turbidez (Fonte: Própria) ....................................................................... 52

Figura 36 - Variação do pH (Fonte: Própria) ................................................................................. 53

Figura 37 - Variação dos Nitratos (Fonte: Própria) ...................................................................... 54

Figura 38 - Variação do Fósforo Total (Fonte: Própria) ............................................................... 55

Figura 39 - Variação dos Sólidos Dissolvidos Totais (Fonte: Própria) ...................................... 56

Figura 40 - Variação da Temperatura (Fonte: Própria) ............................................................... 57

Figura 41 – Gráfico de Precipitação Média Anual (Fonte: INMET, 2016) ................................ 59

Figura 42 – Geologia da área em estudo (Fonte: CPRM, 2000) ............................................... 60

Figura 43 - Morfologia da localidade (Fonte: Própria, 2016) ...................................................... 61

Figura 44 - Favorabilidade hidrogeológica (Fonte: CPRM,2000) .............................................. 62

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Figura 45 – Recuo mínimo e princípio de erosão (Fonte: Própria, 2016) ................................ 63

Figura 46 – Distância do cemitério até os corpos d’água (Fonte: Google Earth, 2016) ........ 64

Figura 47 - Gráfico da variação do IQA (Fonte: INEA, 2016) ..................................................... 65

Figura 48 - Classificação do IQA do Estado do Rio de Janeiro (Fonte: ANA, 2016) .............. 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Decaimento de número de bactérias X Distância ...................................................... 16

Tabela 2 - Classificação do IQA – RJ ............................................................................................. 29

Tabela 3 - Coliformes Termotolerantes .......................................................................................... 49

Tabela 4 – Demanda Bioquímica de Oxigênio .............................................................................. 50

Tabela 5 – Oxigênio Dissolvido ....................................................................................................... 51

Tabela 6 – Turbidez ........................................................................................................................... 52

Tabela 7 – pH ..................................................................................................................................... 53

Tabela 8 – Nitratos ............................................................................................................................. 54

Tabela 9 – Fósforo Total (Fonte: Própria) ...................................................................................... 55

Tabela 10 – Sólidos Dissolvidos Totais (Fonte: Própria) ............................................................. 56

Tabela 11 – Temperatura (Fonte: Própria) .................................................................................... 57

Tabela 12 – Resultados dos parâmetros microbiológicos ........................................................... 58

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANA – Agência Nacional de Águas

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GPS – Sistema de Posicionamento Global

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

INEA – Instituto Estadual do Ambiente

IQA – Índice de Qualidade da Água

NBR – Norma Brasileira

OMS – Organização Mundial de Saúde

PVC – Policloreto de Vinila

SIAGAS – Sistema de Informações de Águas Subterrâneas

SM – Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................... 7

ABSTRACT ........................................................................................................................................... 8

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 15

1.1.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 15

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................... 16

2.1 DADOS CLIMÁTICOS ...................................................................................................... 22

2.2 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E HIDROGEOLÓGICA ...................................... 23

2.3 A PREOCUPAÇÃO COM OS CEMITÉRIOS ................................................................ 24

2.4 LEGISLAÇÃO ..................................................................................................................... 26

2.5 VALORES ORIENTADORES E ÍNDICE DE QUALIDADE ........................................ 27

2.5.1 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ...................................................................................... 27

2.5.2 ÁGUAS SUPERFICIAIS ............................................................................................ 28

3 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 38

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ...................................................................... 39

3.2 COLETA DE DADOS ........................................................................................................ 41

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................. 48

4.1 RESULTADOS DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS ....................................... 48

4.2 RESULTADOS DOS PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS .................................... 58

4.3 DISCUSSÕES .................................................................................................................... 59

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 66

5.1 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 66

5.2 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 67

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 68

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1 INTRODUÇÃO

Tendo em vista que a água é um elemento essencial para a manutenção das

formas de vida, é imperativo que haja um controle eficaz e constante de possíveis

contaminações que agravam tanto a saúde pública quanto a conservação das

condições ambientais adequadas para o equilíbrio do ecossistema.

As atividades antrópicas possuem alto poder de contaminação, porém pelas

águas superficiais estarem mais expostas, se mostram mais vulneráveis e geralmente

apresentam qualidade inferior à das águas subterrâneas. Estas são frequentemente

utilizadas para abastecimento público devido ao grande volume, localização com o

centro consumidor e custo de captação.

A escassez de águas potáveis pode se dar por secas (períodos longos com

ausência de precipitação) ou contaminações (como por exemplo despejos

irregulares). Esses fatores constituem um problema socioambiental, caso não haja um

planejamento e gestão de recursos hídricos para utilização sustentável do recurso

natural.

A implantação de cemitérios sem estudos prévios de geologia e de

hidrogeologia, seja para identificar as características litológicas do local, seja para

determinar o nível do lençol freático, torna esses empreendimentos locais com alto

risco de contaminação para os corpos hídricos, representando um grave problema de

saúde pública à população que reside no seu entorno.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a contaminação por necrochorume nas águas superficiais e

subterrâneas da região rural do Cemitério de Bananeiras, Silva Jardim/RJ.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar através do tratamento analítico os parâmetros físico-químicos e

microbiológicos, realizando um comparativo com a legislação vigente.

Investigar por análises laboratoriais o parâmetro microbiológico para as águas

subterrâneas.

Avaliar e discutir os resultados através da legislação ambiental vigente, em

termos de risco para a saúde pública.

Recomendar recuperações da área contaminada

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A contaminação das águas subterrâneas constitui um sério problema de saúde

pública, principalmente nos países em desenvolvimento. Essa contaminação pode ser

produzida por bactérias, vírus e protozoários. Entre as bactérias, as do gênero

salmonela são as causadoras mais frequentes de doenças transmitidas pela água. De

uma maneira geral, a maioria dos micróbios patogênicos encontrados em águas

contaminadas provocam várias doenças, sendo comum fortes distúrbios

gastrointestinais, tais como vômitos, cólicas e diarreias.

No que se refere ao caso específico de contaminação do lençol freático por

cemitérios, embora os estudos a respeito sejam relativamente escassos, existem

alguns casos históricos. Assim, Mulder (1954) apud BOWER (1978), registraram que

as águas subterrâneas destinadas ao consumo humano estavam contaminadas por

cemitérios nas proximidades de Berlim, no período de 1863 a 1867, com a proliferação

da febre tifoide. Menciona também a captação de águas subterrâneas malcheirosas e

de sabor adocicado nas proximidades de cemitério de Paris, em especial em épocas

quentes.

Estudos de Schrops (1972 apud BOWER 1978), realizados na Alemanha

Ocidental em um cemitério localizado em terrenos de aluvião não consolidados,

comprovaram a existência de contaminação bacteriológica, conforme pode ser

observado na Tabela 1, que apresenta os resultados obtidos nessas pesquisas

através de amostras de águas coletadas nas proximidades dos túmulos. Observa-se

que o número de bactérias diminui rapidamente com a distância dos túmulos, devido

à capacidade do solo de reter microrganismos.

Tabela 1 - Decaimento de número de bactérias X Distância

Número de Bactérias

Distância do Túmulo (m)

8.000 0,50

6.000 2,50

3.600 3,50

1.200 4,50

180 5,50

(Fonte: BOWER, 1978)

Segundo Person (1979), higienistas franceses correlacionaram na França a

endemia da febre tifoide com a localização das águas de abastecimento em regiões

próximas a cemitérios. No Brasil, o risco potencial de contaminação de águas

subterrâneas por cemitérios foi investigado por Pacheco et al (1990). Nestes trabalhos

o autor conclui que os cemitérios são um risco potencial para as águas subterrâneas,

podendo se tornar um risco real se na implantação dessas construções não forem

levados em consideração estudos prévios de geologia e hidrogeologia. Os resultados

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obtidos por este pesquisador comprovaram a contaminação bacteriológica das águas

subterrâneas dos cemitérios Vila Formosa, Vila Nova, Cachoeirinha e Areia Branca

no Estado de São Paulo.

Todos estes trabalhos e estudos realizados comprovaram que as

contaminações das águas superficiais e subterrâneas através da atividade cemiterial

são causadas por meio de agentes patogênicos e alterações físico-químicas na

qualidade original da água através da decomposição dos corpos com o processo de

putrefação, a destruição dos tecidos do corpo humano devido a ação de bactérias e

enzimas, resultando na dissolução gradual dos tecidos em líquidos, sais e gases. Esse

processo pode durar de meses a anos, de acordo com as condições ambientais da

região. Em climas tropicais, a decomposição se dá por volta de três anos, já em clima

temperado durar até dez anos (Pounder, 1995).

Essa decomposição pode gerar a contaminação de corpos hídricos pelo

necrochorume, designado como o líquido liberado constantemente pelos corpos em

putrefação, e que pode também conter microrganismos patogênicos. Segundo Silva

(1998), o necrochorume é descrito como uma solução aquosa (60% de H2O) com

grande quantidade de sais minerais (30%) e substâncias orgânicas degradáveis

(10%), como pode ser notado na Figura 1, apresenta ainda com cor castanho-

acinzentada, viscosa, com forte odor e variado grau de patogenicidade.

Figura 1 – Composição do necrochorume (Fonte: Silva, 1998)

Segundo Castro (2008), o volume de necrochorume produzido por um cemitério

é relativo ao número estimado de corpos sepultados, seus pesos, em função do sexo

e idade, e na quantidade presumida de necrochorume gerado por cada corpo durante

os processos de putrefação dos tecidos e órgãos, podendo ser estimado com base no

montante de sepultamento, Giancursi (1980) acrescenta que a relação entre o volume

de necrochorume produzido e o peso do corpo é de 0,60 L/Kg.

60%

30%

10%

Água

Sais Minerais

SubstânciasOrgânicas

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Sendo assim, tanto a preocupação com a contaminação por necrochorume

assim como com a correta disposição dos demais resíduos de atividades antrópicas

são fundamentais para o resguardo da saúde pública e devem seguir e atender as

legislações vigentes. De acordo com Navarro et al (2006), nos países em

desenvolvimento a má qualidade da água em associação com a má nutrição, exercem

índices alarmantes na mortalidade e morbidade populacional. Há ainda o grave

problema da ocupação das áreas no entorno dos cemitérios pela população de baixa

renda, que muitas vezes por não possuir rede pública de saneamento e de

abastecimento, utiliza as águas que sofrem contaminações por líquidos humorais, que

são provenientes da decomposição dos corpos. Ainda de acordo com a OMS

(Organização Mundial de Saúde), pelo menos 80% das doenças que afetam esses

países derivam das águas de má qualidade.

Segundo Rebouças apud Valias (2002), ainda há a problemática dos poços d’água mal construídos ou abandonados, aliados à falta de fiscalização e controle, correspondem aos principais focos de poluição dos mananciais subterrâneos.

Como foi descrito, os cemitérios geram diversos impactos ambientais, com destaque para os fatores químicos e microbiológicos com riscos de contaminações dos corpos hídricos durante a putrefação dos corpos e prováveis bactérias e vírus dos respectivos corpos e ainda, com o uso posterior destas águas em diversas atividades pela população. De acordo com Matos (2001), o grave problema de saúde pública devido as contaminações dos cemitérios se deve inicialmente pela localização e implantação destes empreendimentos que raramente obedecem a projetos com análises e estudos geológicos e hidrogeológicos. Assim, para determinar as condições físicas da região, foi seguido o mapa de favorabilidade hidrogeológica do estado do Rio de Janeiro, criado pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), onde são detalhadas as características propícias que determinam as regiões que possuem potencial hidrogeológico por meio de um índice – a favorabilidade, a qual é constituída pela integração dos fatores de declividades, densidade de fraturas, tipos de solo, uso do solo e cobertura vegetal, litologia e densidade de drenagem.

O primeiro fator diz respeito a condição do terreno, a declividade. Na localidade,

o relevo por muitas vezes é bastante acidentado e com grandes inclinações, como

pode ser notado na Figura 2, contribuindo diretamente com os processos de

infiltração, já que a inclinação dos terrenos é um dos fatores determinantes para o

processo de escoamento superficial.

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Figura 2 - Mapa de declividade (Fonte: CPRM, 2000)

O segundo fator é a densidade de fraturas. Quanto mais fraturada uma rocha,

maior sua capacidade de retenção e armazenamento de água subterrânea. De acordo

com a Figura 3, observa-se o grau da localidade, que se mostra pouco/ razoavelmente

fraturada.

Figura 3 - Mapa de densidade de fraturas (Fonte: CPRM, 2000)

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O terceiro fator é o tipo de solo, pois cada solo possui características

específicas e parâmetros que interferem diretamente na infiltração da água, como: a

porosidade, a densidade do solo, a textura e o grau de agregação do solo, a umidade

inicial e a cobertura do solo. Com isso, o solo acaba atuando como um filtro natural.

De acordo com a EMBRAPA, os principais solos da região são classificados como

Cambissolos e Argissolos, apresentando textura franco-arenosa e ainda, alto teor de

silte com baixa permeabilidade.

O quarto fator é o uso do solo e a cobertura vegetal. Na região o solo é utilizado

em sua grande maioria para pastagens, atividade agrícola e matas nos terrenos de

maiores altitudes. De fato, através da manutenção da vegetação e dos solos, os

processos erosivos assim como o carregamento de sedimentos são reduzidos, logo,

a poluição dos corpos hídricos também são reduzidos.

O quinto fator é a litologia. Esse parâmetro possui menor consideração aos

outros restantes, isso porque a disponibilidade de água subterrânea no cristalino é

determinada pelas fissuras e fraturas das rochas. É possível observar na Figura 4,

que a localidade é formada em sua grande maioria por gnaisses, migmáticos e

granitos, que por sua vez são classes que apresentam ocorrências de fraturas baixas

/ razoáveis.

Figura 4 - Mapa de litologia (Fonte: CPRM, 2000)

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O sexto fator é a densidade de drenagem, que representa um indicativo da

permeabilidade dos relevos e é derivado do escoamento superficial que ocorre em

uma área qualquer. Sendo assim, quanto maior a densidade de drenagem, maior o

escoamento superficial e menor a infiltração. Como é possível notar na Figura 5, é

observa-se que a localidade apresenta uma densidade de drenagem reduzida, o que

representa uma boa taxa de infiltração.

Figura 5 - Mapa de densidade de drenagem (Fonte: CPRM, 2000)

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2.1 DADOS CLIMÁTICOS

A pluviosidade no cemitério de Bananeiras foi estimada a partir do posto

pluviométrico da Estação de Silva Jardim (Código – A659), como pode ser observado

na Figura 6, distante cerca de 30 km até o cemitério e com latitude -22.64°, longitude

-42.41° e altitude de 19 metros, segundo o INMET – Instituto Nacional de

Meteorologia.

O distrito de Bananeiras situa-se na cidade de Silva Jardim/RJ, onde o clima é

caracterizado como tropical, com chuvas menos intensas no inverno. Segundo

Köppen apud Geiger (1990), a classificação do clima é Aw – tropical com inverno seco.

Figura 6 – Localização da estação meteorológica de Silva Jardim e a área circundada de vermelho em estudo (Fonte: Google Earth, 2016)

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2.2 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E HIDROGEOLÓGICA

De acordo com Oliveira et al (2002), a caracterização hidrogeológica é um fator

essencial na implantação de cemitérios, na medida em que ela permite inferir sobre o

sentido do fluxo da água subterrânea. Segundo Barros et al (2002), é importante que

se analise e conheça o ciclo hidrológico, os tipos de aquíferos e seus comportamentos

em relação ao fluxo de água no subsolo para um melhor entendimento e tomada de

decisão sobre as medidas de proteção dos recursos hídricos subterrâneos.

Como foi citado anteriormente, a implantação de cemitérios sem estudos e

análises dos fatores geológicos e hidrogeológicos, provocam alterações na qualidade

dos corpos hídricos. Assim, o estudo da vulnerabilidade natural dos corpos hídricos

pela contaminação por necrochorume se baseia na suposição de que o meio físico

fornece níveis de proteções em relação a penetração das substâncias nocivas e de

contaminantes, visto que a geologia atua como um filtro natural.

Segundo Pott (2000) apud De Maria (2003), diversos fatores interferem na infiltração de água no solo: a porosidade, a densidade do solo, a cobertura do solo, a textura e o grau de agregação do solo, o selamento superficial, a umidade inicial, a matéria orgânica, a estrutura e a variabilidade espacial do terreno. Sendo assim, devido a esses fatores, o solo possui grande importância quanto à retenção de agentes patógenos e contaminantes, pois também apresenta função de filtro natural. Ainda de acordo com Martins et al (1991), a camada não-saturada e a capacidade de filtração desempenham importante função de proteção para a qualidade das águas subterrâneas, devido a ação desse sistema natural de tratamento.

No que diz respeito à hidrogeologia, a região é composta pelo Sistema Aquífero

Fraturado. Este, segundo o plano estadual de recursos hídricos do estado do Rio de

Janeiro, elaborado pela CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais,

descreve a principal característica desse sistema na região, com a ausência ou baixa

frequência de espaços vazios na rocha, marcado pela elevada anisotropia e

heterogeneidade onde a porosidade e permeabilidade estão relacionadas às fissuras

ou fraturas. Ainda de acordo com o plano estadual, devido essas características os

parâmetros hidráulicos apresentam intensa variação espacial, tornando complexo a

quantificação de propriedades hidrogeológicas. Os principais fatores que podem atuar

neste sistema, controlando os mecanismos de infiltração, armazenamento da água e

sua qualidade, são o clima, relevo, hidrografia, coberturas detríticas, manto de

intemperismo, litologia e estruturas geológicas. Sendo assim, no sistema fraturado, a

água é armazenada e flui através de descontinuidades como fissuras e fraturas nas

rochas, e ainda, no manto de intemperismo, gerado pela alteração nas rochas

cristalinas como granitos, gnaisses, mármores e basaltos. Com isso, a capacidade

dessas rochas acumularem água está diretamente relacionada à quantidade de

fraturas, suas aberturas e intercomunicação entre elas.

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2.3 A PREOCUPAÇÃO COM OS CEMITÉRIOS

Segundo a ANA, a contaminação das águas subterrâneas por meio de

cemitérios é relacionada à alteração química junto à presença de microrganismos que

possam existir nos corpos em decomposição. Assim, há o risco de doenças através

do fluxo hídrico, podendo causar fortes distúrbios gastrointestinais como vômitos,

cólicas e diarreias. Sendo a hepatite, a leptospirose, a febre tifoide e a cólera as mais

comuns no Brasil. Como a atividade cemiterial é uma fonte potencial de contaminação,

no ano de 2003 o CONAMA publicou a Resolução 335, dispondo sobre o

licenciamento ambiental de cemitérios, estabelecendo, entre outros, distância mínima

de 1,5 m entre o fundo das sepulturas e o nível do lençol freático máximo, e ainda,

obrigando a destinação ambiental e sanitária adequada dos resíduos sólidos em

cemitérios.

Em relação à problemática dos cemitérios, vale destacar a catástrofe na Região

Serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011, considerada a maior tragédia climática

no país com 506 mortes. Devido à alta concentração de chuvas aliada a falta de

controle e planejamento no crescimento da população e com o relevo bastante

acidentado, impedindo a passagem das nuvens concentradas, provocaram um grande

volume de precipitação numa pequena área causando diversos deslizamentos,

inundações e desabamentos. Diversos corpos tiveram que ser enterrados sem

quaisquer providências e identificações, já que não haviam locais adequados e

condições satisfatórias para fazê-lo, como pode ser notado nas Figuras 7-a), 7-b).

Figura 7 - Região Serrana do RJ - 2011, a) Enterros em série; b) Enterros sem identificação (Fonte: O Globo, 2011)

Outra problemática deste tipo aconteceu no sul do Piauí. As fortes chuvas

provocaram o rompimento de barragens e com a cheia dos rios, deixaram a cidade de

Dom Inocêncio isolada. As enchentes castigaram a cidade e destruíram um cemitério

na zona rural de Duas Barras, como pode ser notado na Figura 8. Devido a força das

águas, os restos mortais de diversos corpos que estavam sepultados foram

carregados e arrastados. O cemitério tinha pouco mais de 10 pessoas sepultadas, e

apenas três sepulturas não foram destruídas pela enxurrada. As autoridades tentam

encontrar partes dos cadáveres que foram arrastados para realizar um novo

sepultamento.

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Figura 8 - Inundações no município de Dom Inocêncio (Fonte: O Globo, 2016)

Nos dois casos apresentados é evidente o grande risco que estão sujeitos os

cemitérios quando não apresentam estudos adequados de geologia e hidrogeologia,

ou ainda quando são acometidos por intempéries como fortes chuvas, inundações e

deslizamentos. Constituindo um grave problema de saúde pública pela capacidade de

contaminações e seus impactos negativos.

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2.4 LEGISLAÇÃO

Para assegurar a boa qualidade das águas para as futuras gerações, é

necessário utilizar instrumentos legais e de gestão para garantir o pleno

gerenciamento dos recursos hídricos. A partir desta preocupação, foram criadas e

instituídas leis e políticas ambientais. O presente estudo, foi baseado em cinco

legislações vigentes, tanto da esfera federal quanto estadual e municipal.

A primeira legislação adotada foi a Lei n° 9.433 de 1997, a Política Nacional

de Recursos Hídricos, que estabelece a regulação, o controle, a preservação e a

recuperação dos recursos hídricos. Nela é descrito, entre outros, que a água é um

bem de domínio público e um recurso natural limitado, que em situações de escassez

seu uso prioritário é voltado ao consumo humano e a dessedentação de animais.

Necessitando ser utilizada de forma racional e integrada, para garantir e assegurar à

atual e às futuras gerações a disponibilidade e qualidade da água.

A segunda legislação abordada foi a Resolução CONAMA n° 335 de 2003, a

qual diz respeito especificamente à atividade cemiterial e institui, entre outros, que

esses tipos de atividades causam riscos ambientais e por isso, deverão obter licenças

ambientais para seu funcionamento. Assim, deverão apresentar estudos e

caracterizações da região, levantamento topográfico, determinação do lençol freático,

vias de acessos, medidas de mitigação e de controle ambiental. Descreve ainda que

a área do fundo das sepulturas necessita estar a pelo menos um metro e meio de

distância mínima até o nível máximo do aquífero freático e área de sepultamento com

recuo mínimo de cinco metros em relação ao perímetro do cemitério, sendo proibida

a instalação destes empreendimentos em terrenos predominantemente cársticos, que

apresentam cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos e em Áreas de Preservação

Permanente.

A terceira legislação seguida foi a Resolução CONAMA n° 357 de 2005, que

dispõe, entre outros, sobre a classificação dos corpos d’água, seu enquadramento e

o lançamento de efluentes. Nela as águas são enquadradas devido a quantidade

presente de substâncias e parâmetros físico-químicos e microbiológicos, como

coliformes, turbidez, oxigênio dissolvido, nitratos, fósforo, entre outros. (CONAMA,

2005).

A quarta legislação abordada foi a Resolução CONEMA n° 42 de 2012, que

dispõe, entre outros, as atividades que causam ou possam causar impactos

ambientais locais, fixando normas de cooperação para proteção das paisagens

naturais notáveis e a proteção do meio ambiente. É definido que impacto ambiental

de âmbito local é uma alteração direta ou indiretamente do meio ambiente, que por

sua vez afetem a saúde, segurança, atividades sociais e econômicas, a biota, os

recursos ambientais, etc, classificando, entre outras, a atividade cemiterial como

grupo de empreendimentos e atividades poluidoras não industrial. (CONEMA, 2012).

A quinta legislação adotada foi a Lei Orgânica Municipal de Silva Jardim de

1990, a qual dispõe, entre outros, a responsabilidade para com a atividade cemiterial,

sendo de competência do município organizar e prestar diretamente ou sob regime de

concessão ou permissão os serviços cemiterial e funerários. (Silva Jardim, 1990).

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2.5 VALORES ORIENTADORES E ÍNDICE DE QUALIDADE

2.5.1 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Segundo a CETESB (2016), os valores orientadores para uso da água

subterrânea são concentrações de substâncias derivadas através de critérios

numéricos e dados existentes na literatura científica internacional, para determinar

ações de prevenção e controle da poluição, garantindo a proteção da qualidade das

águas subterrâneas, assim como o gerenciamento das áreas contaminadas.

Com a definição desses valores e através de métodos de determinação dos

limites aceitáveis, os órgãos ambientais podem utilizá-los ainda, para licenciamentos

ambientais e fiscalização de possíveis fontes poluidoras, monitoramento da qualidade

da água e planejamento de ações de controle, estabelecimento de padrões para a

qualidade ambiental, mapeamento e zoneamento da vulnerabilidade ao risco de

poluição, entre outros.

Para a análise das águas subterrâneas foram realizadas coletas de amostras

de água em quatro pontos, delimitando assim a possível pluma de contaminação. Os

Coliformes Totais são um grupo de bactérias que estão associadas à decomposição

de matéria orgânica em geral. Já os Coliformes Termotolerantes ocorrem no trato

intestinal de animais de sangue quente e também são indicadoras de poluição por

esgotos domésticos. Com a presença destas bactérias em grandes números, há a

possibilidade da existência de microrganismos patogênicos que são responsáveis

pela transmissão de diversas doenças de veiculação hídrica como cólera, febre tifoide

e desinteria. A qualidade da água foi determinada por meio de técnicas analíticas de

acordo com o método SM: Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater.

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2.5.2 ÁGUAS SUPERFICIAIS

Para avaliar a qualidade da água, foram desenvolvidos alguns métodos e

padrões que facilitam a classificação e assim, o uso adequado da água. Um desses

métodos é o Índice de Qualidade das Águas – IQA. Criado nos Estados Unidos em

1970, pela National Sanitation Foundation, e adotado atualmente pelos estados

brasileiros, sendo o principal índice de qualidade nacional.

O IQA é composto por nove parâmetros com seus respectivos pesos,

determinados em função do grau de importância para a conformação global da

qualidade da água. De acordo com a ANA – Agência Nacional de Águas, os

Parâmetros de qualidade da água do IQA são divididos em; Coliformes

Termotolerantes, DBO, Fósforo Total, Nitratos, Oxigênio Dissolvido, pH, Sólidos

Dissolvidos, Temperatura e Turbidez.

O cálculo do IQA é realizado por meio do produto ponderado dos nove

parâmetros, segundo a Equação (1):

Equação (1)

Onde;

IQA: Índice da Qualidade das Águas – variando de 0 a 100;

qi: qualidade do i-ésimo parâmetro. Um número entre 0 e 100, obtido do

respectivo gráfico de qualidade, em função de sua concentração ou medida

(resultado da análise)

wi: peso correspondente ao i-ésimo parâmetro fixado em função da sua

importância para a conformação global da qualidade, isto é, um número entre

0 e 1, de acordo com a Equação (2);

n: número de parâmetros para o cálculo do IQA.

Equação (2)

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Os valores do IQA são classificados em faixas em função do cálculo dos nove

parâmetros físico-químicos e microbiológicos: oxigênio dissolvido, coliformes

termotolerantes, pH, DBO5,20, temperatura da água, nitrogênio total, fósforo total,

turbidez e resíduos totais que serão abordados detalhadamente abaixo. Essas faixas

variam entre os estados brasileiros. Para o Rio de Janeiro, como pode ser observado

na Tabela 2, temos;

Tabela 2 - Classificação do IQA – RJ

Faixa IQA

100 91 Excelente

90 71 Boa

70 51 Média

50 26 Ruim

25 0 Muito ruim

(Fonte: ANA, 2016)

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Oxigênio dissolvido:

Fator vital para a preservação da vida aquática, já que vários organismos (ex:

peixes) precisam de oxigênio para respirar. A Figura 9 expõe a variação do Oxigênio

Dissolvido. As águas poluídas por esgotos apresentam baixa concentração de

oxigênio dissolvido pois o mesmo é consumido no processo de decomposição da

matéria orgânica. Por outro lado, as águas limpas apresentam concentrações de

oxigênio dissolvido mais elevadas, geralmente superiores a 5mg/L, exceto se houver

condições naturais que causem baixos valores deste parâmetro.

As águas eutrofizadas (ricas em nutrientes) podem apresentar concentrações

de oxigênio superiores a 10 mg/L, situação conhecida como supersaturação. Isto

ocorre principalmente em lagos e represas em que o excessivo crescimento das algas

faz com que durante o dia, devido a fotossíntese, os valores de oxigênio fiquem mais

elevados. Por outro lado, durante a noite não ocorre a fotossíntese, e a respiração dos

organismos faz com que as concentrações de oxigênio diminuam bastante, podendo

causar mortandades de peixes. Além da fotossíntese, o oxigênio também é

introduzido nas águas através de processos físicos, que dependem das

características hidráulicas dos corpos d’água (ex: velocidade da água), (ANA, 2016).

Figura 9 - Variação do Oxigênio dissolvido (Fonte: ANA, 2016)

Nota: wi = 0,17 e se O.D. %Saturação > 140; qi = 47,0

0

20

40

60

80

100

120

0 40 80 120 160 200

qi

O.D. % de Saturação

Oxigênio Dissolvido

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Coliformes Termotolerantes

A Figura 10 mostra a variação das bactérias coliformes termotolerantes que

ocorrem no trato intestinal de animais de sangue quente e são indicadoras de poluição

por esgotos domésticos. Elas não são patogênicas (não causam doenças) mas sua

presença em grandes números indica a possibilidade da existência de

microorganismos patogênicos que são responsáveis pela transmissão de doenças de

veiculação hídrica (ex: desinteria bacilar, febre tifóide, cólera), (ANA, 2016).

Figura 10 - Variação de Coliformes Fecais (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,15 e se C.T. > 105, qi = 3,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1,00E+00 1,00E+01 1,00E+02 1,00E+03 1,00E+04 1,00E+05

qi

Coliformes Termotolerantes (NMP/100ml)

Coliformes Termotolerantes

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Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH afeta o metabolismo de várias espécies aquáticas. A Resolução

CONAMA 357 (2005) estabelece que para a proteção da vida aquática o pH deve

estar entre 6 e 9.

A Figura 11 demonstra as alterações nos valores de pH, que também podem

aumentar o efeito de substâncias químicas que são tóxicas para os organismos

aquáticos, tais como os metais pesados, (ANA, 2016).

Figura 11 - Variação do pH (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,12 e se pH < 2,0; qi = 2,0; pH > 12,0; qi = 3,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

qi

pH

pH

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Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20)

A DBO representa a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria

orgânica presente na água através da decomposição microbiana aeróbia. A DBO5,20

é a quantidade de oxigênio consumido durante 5 dias em uma temperatura de 20°C.

Valores altos de DBO5,20, num corpo d'água são causados geralmente pelo

lançamento de cargas orgânicas, principalmente esgotos domésticos. A Figura 12

revela a variação desse parâmetro que com a presença de altos valores ocasiona a

redução dos valores de oxigênio dissolvido na água, o que pode provocar

mortandades de peixes e eliminação de outros organismos aquáticos, (ANA, 2016).

Figura 12 - Variação da DBO (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,10 e se D.B.O.> 30,0; qi = 2,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

qi

D.B.O. (mg/l)

D.B.O.

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Temperatura da Água

A Figura 13 expõe a variação da temperatura, que influencia diversos

parâmetros físico-químicos da água, tais como a tensão superficial e a viscosidade.

Os organismos aquáticos são afetados por temperaturas fora de seus limites de

tolerância térmica, o que causa impactos sobre seu crescimento e reprodução. Todos

os corpos d’água apresentam variações de temperatura ao longo do dia e das

estações do ano. No entanto, o lançamento de efluentes com altas temperaturas pode

causar impacto significativo nos corpos d’água, (ANA, 2016).

Nota: É assumido o valor constante de 94 pela CETESB, por considerar que

nas condições brasileiras, a temperatura dos corpos d’água não se afasta da

temperatura de equilíbrio.

Figura 13 - Variação de Temperatura (Fonte: ANA, 2016)

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Nitrogênio total

Nos corpos d’água o nitrogênio pode ocorrer nas formas de nitrogênio orgânico,

amoniacal, nitrito e nitrato. Os nitratos são tóxicos aos seres humanos, e em altas

concentrações causa uma doença chamada metahemoglobinemia infantil, que é letal

para crianças.

Pelo fato dos compostos de nitrogênio serem nutrientes nos processos

biológicos, seu lançamento em grandes quantidades nos corpos d’água, junto com

outros nutrientes tais como o fósforo, causa um crescimento excessivo das algas,

processo conhecido como eutrofização, o que pode prejudicar o abastecimento

público, a recreação e a preservação da vida aquática.

A Figura 14 apresenta a variação de nitrogênio. Suas fontes são variadas,

sendo uma das principais o lançamento de esgotos sanitários e efluentes industriais.

Em áreas agrícolas, o escoamento da água das chuvas em solos que receberam

fertilizantes também é uma fonte de nitrogênio, assim como a drenagem de águas

pluviais em áreas urbanas, (ANA, 2016).

Figura 14 - Variação de Nitrogênio Total (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,10 e se N.T. > 100,0; qi = 1,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

qi

Nitratos (mg NT/l)

Nitrogênio Total

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Fósforo Total

Do mesmo modo que o nitrogênio, o fósforo é um importante nutriente para os

processos biológicos e seu excesso pode causar a eutrofização das águas.

A Figura 15 indica a variação do fósforo. Entre suas fontes, destacam-se os

esgotos domésticos pela presença dos detergentes superfosfatados e da própria

matéria fecal. A drenagem pluvial de áreas agrícolas e urbanas também é uma fonte

significativa de fósforo para os corpos d’água. Entre os efluentes industriais destacam-

se os das indústrias de fertilizantes, alimentícias, laticínios, frigoríficos e abatedouros,

(ANA, 2016).

Figura 15 - Variação de Fósforo Total (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,10 e se F.T. > 10,0; qi = 1,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

qi

Fósfoto Total (mgPO4/l)

Fósforo Total

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Turbidez

A turbidez indica o grau de atenuação que um feixe de luz sofre ao atravessar

a água. Esta atenuação ocorre pela absorção e espalhamento da luz causada pelos

sólidos em suspensão (silte, areia, argila, algas, detritos, etc.). A principal fonte de

turbidez é a erosão dos solos, quando na época das chuvas as águas pluviais trazem

uma quantidade significativa de material sólido para os corpos d’água.

A Figura 16 apresenta a variação da turbidez. Suas fontes são provenientes

de atividades de mineração, assim como o lançamento de esgotos e de efluentes

industriais. O aumento desse parâmetro faz com que uma quantidade maior de

produtos químicos sejam utilizados nas estações de tratamento de águas,

aumentando os custos de tratamento. Além disso, a alta turbidez também afeta a

preservação dos organismos aquáticos, o uso industrial e as atividades de recreação,

(ANA, 2016).

Figura 16 - Variação da Turbidez (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,08; se T > 100; qi = 5,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

qi

Turbidez (uT)

Turbidez

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Resíduo Total

O resíduo total é a matéria que permanece após a evaporação, secagem ou

calcinação da amostra de água durante um determinado tempo e temperatura.

A Figura 17 apresenta a variação dos resíduos totais. Quando essa matéria se

deposita nos leitos dos corpos d’água, pode causar assoreamento que por sua vez

gera problemas para a navegação e pode aumentar o risco de enchentes. Além disso

podem causar danos à vida aquática pois ao se depositarem no leito eles destroem

os organismos que vivem nos sedimentos e servem de alimento para outros

organismos, além de danificar os locais de desova de peixes, (ANA, 2016).

Figura 17 - Variação de Resíduos Totais (Fonte: Própria, 2016)

Nota: wi = 0,08 e se R.T. > 500; qi = 32,0

3 METODOLOGIA

Para o referido estudo a metodologia foi dividida em duas etapas. A primeira

com a obtenção dos dados brutos dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos

dos boletins de qualidade de água do INEA e posteriormente com a análise e

comparação desses dados com a resolução vigente. E a segunda etapa com a análise

do parâmetro microbiológico através de amostras de águas subterrâneas, consulta ao

SIAGAS (sistema de Informação de Águas Subterrâneas) e um questionário para

obtenção de dados complementares. Assim como estudos dos aspectos relacionados

às condições climáticas regionais, à hidrologia e geologia locais.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

qi

Resíduos Totais (mg/l)

Resíduos Totais

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39

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

A cidade de Silva Jardim situa-se na mesorregião das Baixadas Litorâneas, ou

ainda, na microrregião da Bacia de São João, como pode ser observado na Figura

18. Localiza-se a 35 metros acima do nível do mar e possui uma população estimada,

segundo o IBGE, de 21.349 habitantes. O município faz divisa com Casimiro de Abreu,

Nova Friburgo, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu e Araruama. Possui ainda uma área

territorial de 937.547 km². Parte do território municipal é protegido pela Reserva

Biológica Poço das Antas, destinada à conservação e preservação da Mata Atlântica

e do Mico Leão Dourado. Vale destacar ainda a Lagoa de Juturnaíba, represada para

prover o abastecimento das cidades da região dos lagos. Os distritos e localidades

mais importantes de Silva Jardim são Aldeia Velha, Gaviões e Bananeiras, sendo que

nesta última localidade se dará o presente estudo.

Figura 18 – Município de Silva Jardim e vizinhos (Fonte: IBGE, 2016)

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40

O cemitério de Bananeiras possui latitude -22.46°, longitude -42.39° e situa-se

na porção noroeste do município, entre dois afluentes do Rio Bananeiras, como pode

ser observado na Figura 19. Possui aproximadamente 1.150 m² com um total de 40

sepulturas e distância de 1,5 Km até o centro do distrito.

Figura 19 - Vista aérea da localidade (Fonte: Google Earth, 2016)

O acesso até a localidade se dá por meio da BR-101 e posteriormente com a

RJ-140, e possui cerca de 120 km de distância até o centro de Niterói-RJ, como mostra

a Figura 20.

Figura 20 - Vias de Acesso (Fonte: Google Earth, 2016)

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41

3.2 COLETA DE DADOS

Para a aquisição de dados referentes as águas superficiais, houve a consulta

e obtenção dos valores brutos dos nove parâmetros do índice de qualidade da água,

por meio de campanhas realizadas pelo INEA e publicadas nos boletins oficiais. Em

relação aos dados das águas subterrâneas, realizou-se a construção de poços de

monitoramento para aquisição de informações referentes aos parâmetros

microbiológicos, e paralelamente, consulta ao SIAGAS – Sistema de Informações de

Águas Subterrâneas, e ainda, a verificação de dados complementares através de um

questionário.

Em relação a construção dos poços foi adotada a Norma Brasileira 13.895

(1997), que dispõe sobre a construção e a amostragem de poços de monitoramento.

Entretanto, foi necessário realizar o levantamento topográfico antes da construção dos

poços, visto que é indispensável definir a variação das elevações para determinar o

fluxo da água subterrânea. Para o levantamento topográfico foi utilizado um GPS,

captando tanto as coordenadas quanto as elevações e o Software Google Earth para

capturar as coordenadas onde o acesso era difícil. De posse desses dados foi

realizado uma modelagem matemática através do Software SURFER, criando um

mapa topográfico, como pode ser observado na Figura 21.

Figura 21 – Topografia local e cemitério em azul (Fonte: Própria)

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42

Foi criado também um modelo digital para melhor visualização do

escoamento, no qual usou-se o método de Krigagem, devido apresentar uma

excelente precisão, boa suavidade das curvas e grande fidelidade aos dados

originais. O resultado pode ser observado na Figura 22, com o cemitério

destacado no retângulo em azul.

Figura 22 - Modelo digital do terreno (Fonte: Própria)

Após o estudo topográfico, definiu-se a localização dos poços de

monitoramento levando em consideração o fluxo de água subterrânea. De

acordo com a NBR 13.895 (1997) e adotando o modelo apresentado na Figura

23, foram construídos 3 poços para delimitação da possível pluma de

contaminação.

Figura 23 - Disposição dos poços (Fonte: NBR 13.895, 1997)

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Como pode ser verificado na Figura 24, o primeiro poço está localizado à

montante do cemitério (PM-1), para garantir a qualidade original da água

subterrânea e distanciado para evitar sua própria contaminação, e os outros três

localizados à jusante e não alinhados, (PM-2, PM-3 e PM-4) para avaliar uma

possível contaminação na qualidade original da água subterrânea.

Figura 24 - Localização dos poços em vermelho (Fonte: Própria)

Com a localização definida, iniciou-se a construção dos poços começando

pela limpeza superficial da área. Posteriormente o solo foi perfurado com uma

cavadeira manual tipo trado de 8 polegadas - 200 mm, como pode ser verificado

na Figura 25-a) e 25-b).

Figura 25 – a) Detalhe da perfuração do poço; b) Poço escavado (Fonte: Própria)

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44

Após as perfurações, foram construídos os poços de monitoramento.

Esses são constituídos basicamente de um revestimento interno, composto por

um tubo de PVC de 100 mm devido ao baixo custo, praticidade, resistência e

baixa reatividade, como pode ser observado na Figura 26.

Figura 26 – Adequação do revestimento interno (Fonte: Própria)

Outro componente importante é o filtro. Possui característica de admitir a

entrada de água e evitar a penetração de impurezas plásticas. Para isso, a parte

inferior do tubo foi perfurada com uma broca de 3 mm e na extremidade inferior

fixada uma tela de náilon para evitar o entupimento, como pode ser notado na

Figura 27.

Figura 27 – Filtro (Fonte: Própria)

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45

Afim de dificultar a penetração de líquidos provenientes da superfície, foi

necessário um preenchimento para ocupar o espaço entre a parede da

perfuração e o revestimento interno de PVC. O preenchimento utilizado para

anular este espaço foi o próprio solo da escavação, como pode ser verificado na

Figura 28.

Figura 28 – Preenchimento (Fonte: Própria)

Finalmente foi encaixado um tampão na extremidade superior para evitar

a entrada de substâncias e impurezas indesejáveis, e outro na extremidade

inferior para evitar a entrada de materiais sólidos dentro do poço, como pode ser

observado na Figura 29.

Figura 29 - Tampão superior (Fonte: Própria)

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Após a construção dos poços de monitoramento, houve a medição do

nível d’água de cada poço, tanto para dar início à amostragem quanto para

confrontar com as informações da legislação vigente. Em seguida foi realizado o

esgotamento e aguardado a recuperação do nível estático, visto que a água

parada não pode ser representativa da qualidade da água local. Esse

procedimento foi feito com equipamento de bombeamento reutilizado e ao final

de cada esgotamento, procedeu-se a descontaminação e limpeza do material.

Posteriormente foi realizada a amostragem, retirando volume suficiente

para as análises e tomando as medidas de limpeza necessárias, como a limpeza

do amostrador e não deixar o solo entrar em contato com os equipamentos. Com

isso foram retiradas quatro amostras com volume de 300 ml em cada poço de

monitoramento (PM-1, PM-2, PM-3 e PM-4), e acondicionadas em uma caixa de

isopor.

Paralelamente com a construção dos poços de monitoramento, foi

realizada a consulta ao SIAGAS, desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil,

sendo composto por uma base de dados de poços permanentemente atualizada,

para consultas e difusão de informações, a partir do mapeamento e pesquisas

hidrogeológicas no território nacional, permitindo assim a gestão adequada da

informação hidrogeológica e sua integração com outros sistemas. A consulta ao

SIAGAS pode ser observada na Figura 30, com os pontos azuis destacados

sendo os poços cadastrados no sistema e a área circundada em vermelho, a

localização do cemitério. Em relação à consulta, não foi verificado nenhum poço

cadastrado na região.

Figura 30 – Cadastro de águas subterrâneas (Fonte: SIAGAS, 2016)

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Com a exclusão da possibilidade de poços regulamentados, houve a

necessidade de saber a existência de poços não cadastrados na região e como

a população é abastecida. Para isso foi criado um questionário simples e

aplicado diretamente com os moradores para a identificação das fontes de

abastecimentos. De acordo com o questionário realizado para obtenção de

informações complementares, a população local é abastecida por uma nascente

próxima ao centro do distrito, como pode ser notado na Figura 31, e não utiliza

as águas dos rios ou subterrâneas. Entretanto, de acordo com o questionário e

verificação em campo, apesar da população ser abastecida por outra fonte

hídrica, a água do Rio Bananeiras é utilizada para outros fins como, irrigação,

dessedentação animal e recreação.

Figura 31 - Corpos Hídricos (Fonte: Google Earth, 2016)

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 RESULTADOS DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

Para classificação e enquadramento das águas superficiais, foi realizado

um tratamento e análise de dados brutos dos anos de 2014 a 2015, obtidos

através do boletim de qualidade das águas, disponibilizado pelo INEA. No total

foram realizadas quatro campanhas nesse período, a primeira em 11 de fevereiro

de 2014, a segunda em 07 de maio de 2014, a terceira em 25 de fevereiro de

2015 e a quarta em 01 de julho de 2015.

Os resultados do tratamento de dados para os nove parâmetros estão

detalhados abaixo, considerando as águas superficiais da região como classe 2,

e que podem ser utilizadas para recreação de contato primário, à proteção das

comunidades aquáticas, à aquicultura e pesa, ao abastecimento para consumo

humano após tratamento convencional ou avançado e para a irrigação, tanto de

hortaliças e frutas quanto de parques, jardins e campos de esporte, com os quais

a população possa vir a ter contato direto, de acordo com a Resolução N° 357

de 17 de março de 2005, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos hídricos,

suas diretrizes para seu enquadramento e padrões de efluentes.

Em relação as condições de qualidade da água, são cinco parâmetros:

1- Coliformes Termotolerantes; 2- Demanda bioquímica de oxigênio; 3- Oxigênio dissolvido; 4- Turbidez; 5- pH.

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49

Coliformes Termotolerantes

Os resultados das análises estão exibidos na Tabela 3 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

mostrou-se aceitável, já que em todas as campanhas os resultados obtidos

foram inferiores ao limite máximo estabelecido de 1.000 coliformes

termotolerantes por 100 mililitros de água, como pode ser observado na Figura

32.

Tabela 3 - Coliformes Termotolerantes

Coliformes Termotolerantes (E. coli)

Campanha Data Escherichia coli

(NMP/100ml)

1° Campanha 11/02/2014 18

2° campanha 07/05/2014 130

3° Campanha 25/02/2015 18

4° Campanha 01/07/2015 130

(Fonte: Própria)

Figura 32 - Variação dos coliformes termotolerantes (Fonte: Própria)

1

10

100

1000

(NM

P/1

00

ml)

Escherichia coli (NMP/100mL) Limite

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50

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20)

Os resultados das análises estão expostos na Tabela 4 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se satisfatório, visto que em todas as campanhas os resultados

obtidos foram inferiores ao limite máximo estabelecido de 5 mg/l O2, como pode

ser notado na Figura 33.

Tabela 4 – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DBO

Campanha Data DBO (mg/l)

1° Campanha 11/02/2014 2

2° campanha 07/05/2014 2

3° Campanha 25/02/2015 2

4° Campanha 01/07/2015 2

(Fonte: Própria)

Figura 33 - Variação da DBO (Fonte: Própria)

1

10

(mg/

l)

DBO (mg/L) LIMITE

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Oxigênio Dissolvido (OD)

Os resultados das análises estão exibidos na Tabela 5 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se admissível, já que em todas as campanhas os resultados obtidos

foram superiores ao limite estabelecido de 5 mg/l O2, como pode ser observado

na Figura 34.

Tabela 5 – Oxigênio Dissolvido

Oxigênio Dissolvido

Campanha Data OD (mg/l)

1° Campanha 11/02/2014 7,0

2° campanha 07/05/2014 6,8

3° Campanha 25/02/2015 7,0

4° Campanha 01/07/2015 8,2

(Fonte: Própria)

Figura 34 - Variação de OD (Fonte: Própria)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

(mg

/L)

OD (mg/L) Lim

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Turbidez

Os resultados das análises estão expostos na Tabela 6 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se satisfatório, já que em todas as campanhas os resultados obtidos

foram inferiores ao limite estabelecido de até 100 unidades nefelométrica de

turbidez (UNT), como pode ser observado na Figura 35.

Tabela 6 – Turbidez

Turbidez

Campanha Data T (uT)

1° Campanha 11/02/2014 11,0

2° campanha 07/05/2014 4,5

3° Campanha 25/02/2015 4,6

4° Campanha 01/07/2015 6

(Fonte: Própria)

Figura 35 - Variação da Turbidez (Fonte: Própria)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

(uT)

T (uT) LIMITE

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Potencial Hidrogeniônico (pH)

Os resultados das análises estão apresentados na Tabela 7 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se aceitável, visto que em todas as campanhas os resultados obtidos

se enquadraram na faixa ideal, como pode ser notado na Figura 36.

Tabela 7 – pH

pH

Campanha Data pH

1° Campanha 11/02/2014 6,9

2° campanha 07/05/2014 6,6

3° Campanha 25/02/2015 7,3

4° Campanha 01/07/2015 6,6

(Fonte: Própria)

Figura 36 - Variação do pH (Fonte: Própria)

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

pH

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Em relação aos padrões de qualidade de água são quatro;

1- Nitratos; 2- Fósforo Totais; 3- Sólidos Dissolvidos; 4- Temperatura.

Nitratos

Os resultados das análises estão exibidos na Tabela 8 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se aceitável, já que em todas as campanhas os resultados obtidos

foram inferiores ao limite máximo permitido de 10,0 mg/L N, como pode ser

observado na Figura 37.

Tabela 8 – Nitratos

Nitratos

Campanha Data N (mg N/L)

1° Campanha 11/02/2014 0,03

2° campanha 07/05/2014 0,01

3° Campanha 25/02/2015 0,010

4° Campanha 01/07/2015 0,16

(Fonte: Própria)

Figura 37 - Variação dos Nitratos (Fonte: Própria)

0

5

10

15

(mg N

/l)

N (mg N/L)

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Fósforo

Os resultados das análises estão expostos na Tabela 9 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se razoável, já que apenas na primeira campanha no dia 11/02/2014

demonstrou resultado igual ao limite, para as outras campanhas os resultados

obtidos foram inferiores ao limite máximo permitido de 0,1 mg/L P, como pode

ser notado na Figura 38.

Tabela 9 – Fósforo Total (Fonte: Própria)

Fósforo Total

Campanha Data F (mg/L)

1° Campanha 11/02/2014 0,10

2° campanha 07/05/2014 0,02

3° Campanha 25/02/2015 0,05

4° Campanha 01/07/2015 0,04

Figura 38 - Variação do Fósforo Total (Fonte: Própria)

0,0

0,1

0,2

(mg

/L)

Fósforo Total

F (mg/L)

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Sólidos Dissolvidos

Os resultados das análises estão exibidos na Tabela 10 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

apresentou-se razoável, já que apenas na terceira campanha no dia 25/02/2015

apresentou um valor superior ao limite, nas outras campanhas os resultados

obtidos foram inferiores ao limite máximo permitido de 500 mg/L, como pode ser

observado na Figura 39.

Tabela 10 – Sólidos Dissolvidos Totais (Fonte: Própria)

Sólidos Dissolvidos Totais

Campanha Data SDT (mg/L)

1° Campanha 11/02/2014 55

2° campanha 07/05/2014 72

3° Campanha 25/02/2015 711

4° Campanha 01/07/2015 240

Figura 39 - Variação dos Sólidos Dissolvidos Totais (Fonte: Própria)

0

250

500

750

(mg/L

)

Sólidos Dissolvidos Totais

SDT (mg/L)

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Temperatura

Os resultados das análises estão expostos na Tabela 11 e foram

comparados com a Resolução CONAMA 357, que dispõe sobre a classificação,

enquadramento e lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Este parâmetro

não apresenta limite definido, visto que que nas condições brasileiras, a

temperatura dos corpos d’água não se afasta da temperatura de equilíbrio

determinada pela ANA. A variação da temperatura pode ser verificada na Figura

40.

Tabela 11 – Temperatura (Fonte: Própria)

Temperatura

Campanha Data T (°C)

1° Campanha 11/02/2014 27

2° campanha 07/05/2014 22

3° Campanha 25/02/2015 28

4° Campanha 01/07/2015 21

Figura 40 - Variação da Temperatura (Fonte: Própria)

20

22

24

26

28

30

(°C

)

Temperatura

T(°C)

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4.2 RESULTADOS DOS PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS

Para a classificação da qualidade das águas subterrâneas, foram

tomadas as amostras retiradas nos poços de monitoramento e realizadas

análises segundo os parâmetros microbiológicos laboratoriais. Esses

parâmetros criam indicadores de contaminações antrópicas ou de animais, de

acordo com a quantidade de bactérias patogênicas apresentadas.

A qualidade da água foi determinada por meio de técnicas analíticas de

acordo com o método SM: Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater, da Associação de Saúde Pública Americana. Os resultados podem

ser verificados na Tabela 12.

Tabela 12 – Resultados dos parâmetros microbiológicos

Parâmetros Método Poços de Monitoramento

PM-1 PM-2 PM-3 PM-4

Coliformes Totais SM 9223 B Ausente < 10

Não detectado

Não detectado

Coliformes Termotolerantes SM 9221 F Ausente < 10

Não detectado

Não detectado

(Fonte: Labambiental, 2016)

Observa-se que o número de coliformes no PM-2 está abaixo do limite

máximo de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros estabelecido.

Sendo assim, este parâmetro apresentou-se satisfatório, já que os resultados

obtidos foram inferiores ao limite permitido pela Resolução CONAMA 357 de

2005. De acordo com a qual a água da região é enquadrada como água de

classe 2, pode ser destinada ao abastecimento para consumo humano após o

tratamento convencional e avançado, à proteção das comunidades aquáticas, à

recreação de contato primário, à irrigação de hortaliças, frutas, parques e jardins,

e por último, atividades de pesca e aquicultura.

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59

4.3 DISCUSSÕES

De acordo com os dados obtidos pela estação meteorológica do INMET

em Silva Jardim, foram captados os dados de temperatura média de 23,2 °C e

pluviosidade média anual de 1098 mm. Como pode ser observado na Figura 41,

os meses de maiores pluviosidades ficam entre novembro a março.

Figura 41 – Gráfico de Precipitação Média Anual (Fonte: INMET, 2016)

A qualidade da água é alterada de acordo com a estação do ano. Isto se

deve ao grande volume de água que ao infiltrar e escoar nos períodos de chuvas,

aumentam a possibilidade de trazer consigo, possíveis contaminantes e com

isso poluírem os corpos hídricos. Nos períodos de seca, a possibilidade é

reduzida, já que o volume de água infiltrada é drasticamente menor, reduzindo

assim o risco de contaminação. Como pode ser notado pelo gráfico da Figura

41 acima, é possível observar que entre os meses de abril a outubro ocorre a

menor precipitação, com volume médio de 61 mm. Já entre os meses de

novembro a março há maior precipitação, com volume médio de 122 mm,

consequentemente, haverá maiores possibilidades de contaminações com

infiltrações e carregamento de contaminantes para o corpo hídrico.

Segundo Pacheco et al (1988), devido a intensa precipitação, aliada ao

nível do lençol freático próximo à superfície, há o aumento da vulnerabilidade

das águas subterrâneas para com possíveis contaminações. Para as águas

superficiais é necessário considerar além dos fatores meteorológicos, a

concentração de lançamentos diretos de possíveis poluidores no fluxo hídrico.

Sendo assim, para determinar a qualidade desse recurso natural, é necessário

estabelecer coletas periódicas de amostras e o acompanhamento para que

sejam adotadas medidas mitigadoras ou de recuperação, caso o corpo hídrico

esteja enquadrado em condições não satisfatórias.

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Em relação às características geológicas e hidrogeológicas, de acordo

com a CPRM (Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais), a região situa-

se no Complexo Paraíba do Sul – Unidade São Fidelis. A Figura 42 apresenta o

recorte do mapa geológico do Rio de Janeiro, com a circunferência destacada

em vermelho destacando a área do estudo. Ainda de acordo com os dados do

mapa geológico, o cemitério de Bananeiras situa-se sobre o Complexo Paraíba

do Sul – Unidade São Fidelis (MNps) que deriva do Proterozóico e é composto

por Granada-biotita-silimanita gnaisse quartzo-feldspático (metagrauvaca), com

bolsões e veios anatéticos in situ ou injetados de composição granítica.

Apresenta intercalações de gnaisse calcissilicático e quartzito frequentes.

Variedades com cordierita e silimanita (kinzigito) com contatos transicionais com

o granada biotita gnaisse. Horizontes de xistos grafitosos são comuns, com

ocorrência de rochas calcissilicáticas, metacarbonáticas (ca) e quartzito (qz). Em

raros domínios com baixas taxa de strain, estruturas turbidíticas são

preservadas.

Figura 42 – Geologia da área em estudo (Fonte: CPRM, 2000)

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Ainda segundo Geraldes (2012), através do estudo geológico e de

recursos minerais da folha de Casimiro de Abreu, é descrito que as rochas da

Unidade São Fidélis são compostas por gnaisses com granada, sillimanita e

cordierita, que se estendem para nordeste e sudoeste, nas proximidades da

cidade de São Fidélis. De acordo com Silva et al (2000) no Complexo Paraíba

do Sul, na Unidade São Fidélis predominam essencialmente os litotipos: granada

- biotita - sillimanita gnaisse quartzo - feldspático, com bolsões e veios anatéticos

in situ ou injetados, de composição granítica. As intercalações de gnaisse

calciossilicáticos e quartzitos são comuns, ocorrendo também variedades de

kinzigitos com cordierita e sillimanita, com contatos transicionais com granada -

biotita gnaisses. É frequente ocorrerem horizontes de xistos grafitosos e comum

a ocorrência de rochas calcissilicáticas, metacarbonáticas e quartzitos. É

descrito ainda que a Unidade São Fidelis possui relação aos metassedimentos

do Domínio Costeiro. Essa unidade é formada predominantemente por gnaisses

bandados e migmatitos estromáticos, mas podem ocorrer também migmatitos de

estrutura dobrada, flebítica, schlieren, assim como migmatitos homogêneos de

estrutura nebulíticas. Podem ocorrer ainda pequenas lentes calssilicáticas,

bancos de quartziticos, além de tipos litológicos ortoderivados, sob forma de

lentes, englobado pelos gnaisses.

Foi observado na localidade outro tipo de geologia, o chamado granito

Silva Jardim. De acordo com Moraes (2009), em sua grande maioria este granito

é mesclado e composto por uma rocha porfirítica, apresentando matriz média a

grossa que se aflora sob a forma de blocos e lajes. Com as visitas a campo a

presença dessas rochas foi notada com clareza, como pode ser observado na

Figura 43, que apresenta planícies fluviais e feições de morros e serras, com

destaque para o afloramento do granito, no primeiro plano. Como os tipos

geológicos descritos não possuem características de formação de sumidouros,

rios subterrâneos ou cavernas, a possibilidade de contaminação foi reduzida.

Figura 43 - Morfologia da localidade (Fonte: Própria, 2016)

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Em relação a hidrogeologia, de acordo com o índice de Favorabilidade

hidrogeológica, foi determinado se a região possuía características propícias

para o acúmulo e armazenamento de água subterrânea. Porém, apesar da

localidade estar inserida no Sistema Aquífero Fraturado, o qual armazena água

por meio de fissuras e fraturas nas rochas, o índice variou de baixo a razoável

capacidade de acúmulo subterrâneo, como pode ser observado na Figura 44.

Isto se deve a presença de declividades acentuadas no terreno, densidades de

fratura variando de pequena à razoável, solo tipo Cambissolo e Argissolos, uso

do solo e cobertura vegetal em grande parte formada por pastagens, atividades

agrícolas e matas em grandes altitudes, litologia formada em sua grande maioria

por gnaisses, migmáticos e granitos, que por sua vez são classes que

apresentam porcentagens de fraturas variando de baixas à razoáveis. E por

último, um baixo fator de densidade de drenagem. Sendo assim, a possibilidade

de contaminação foi reduzida, assim como o transporte de agentes patógenos

em zona saturada.

Figura 44 - Favorabilidade hidrogeológica (Fonte: CPRM,2000)

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Apesar dos fatores físicos garantirem que o solo atue como um filtro,

existem não conformidades com o cemitério. Não foi notado nenhum tipo de

sistema de drenagem adequado e eficiente na área de estudo, assim as águas

pluviais não são encaminhadas e dispostas de maneira segura, ocasionando

pequenas erosões e alagamentos na parte interna do cemitério. De acordo com

a Resolução CONAMA 335 de 2003, a distância mínima de um metro e meio

entre o fundo das sepulturas e o nível máximo do lençol freático foi respeitada,

porém a área de sepultamento com recuo mínimo de cinco metros em relação

ao perímetro do cemitério não foi acatada, como pode ser observado na Figura

45.

Figura 45 – Recuo mínimo e princípio de erosão (Fonte: Própria, 2016)

Outro fator de preocupação é a distância do cemitério até corpos d’água

próximos. Como pode ser notado na Figura 46, a parte dos fundos do

empreendimento encontra-se a aproximadamente vinte e cinco metros de um

afluente do rio Bananeiras, e a parte frontal a aproximadamente cento e

cinquenta metros para outro afluente, sendo a distância mínima de duzentos

metros estipulada pela Resolução CONAMA 335 de 2003, desrespeitada.

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Figura 46 – Distância do cemitério até os corpos d’água (Fonte: Google Earth, 2016)

Em relação as águas subterrâneas, inicialmente foi realizado uma

consulta ao Sistema de Informações de Águas Subterrâneas – SIAGAS, porém

devido à falta de poços regulamentados não foi possível recolher amostras para

análises. Deu-se início então a construção de poços de monitoramento para

coleta de amostras de águas subterrâneas para análises dos parâmetros

microbiológicos, onde notou-se que apesar de apresentarem traços de

coliformes, este número se mostrou bastante reduzido, garantindo assim uma

condição admissível e indicando uma contaminação remota, a qual é cabível,

visto que a área em que o poço de monitoramento PM-2 se encontra é utilizada

para pastagens. Logo a água subterrânea pode ser utilizada para diversas

finalidades como, irrigação de hortaliças, frutas e ao abastecimento, desde que

passe por tratamentos convencionais e avançados.

Para as águas superficiais, foi realizado um tratamento de dados obtidos

nos boletins de qualidade da água disponibilizado pelo INEA das últimas quatro

campanhas. Segundo a Resolução CONAMA 357 de 2005, sobre

enquadramento e lançamento de efluentes, dos nove parâmetros físico-químicos

e microbiológicos analisados, apenas o índice de sólidos dissolvidos totais

apresentou quantidade superior (711 mg/L em 25/02/2015 – 3° Campanha) ao

limite estabelecido de 500 mg/L. Entretanto este parâmetro apresentou leitura de

240 mg/L na campanha posterior, em 01/07/2015 – 4° Campanha, demonstrando

assim uma possível contaminação isolada. Como pode ser observado na Figura

47, a variação do IQA médio se manteve entre a faixa de 70 a 85, garantindo um

IQA médio de 77.

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Figura 47 - Gráfico da variação do IQA (Fonte: INEA, 2016)

Este valor, de acordo com a ANA, classifica as águas superficiais da

localidade como uma água de boa qualidade, como pode ser observado na

Figura 48.

Figura 48 - Classificação do IQA do Estado do Rio de Janeiro (Fonte: ANA, 2016)

Paralelamente às análises e ao tratamento de dados, realizou-se um

questionário que foi abordado com os moradores da localidade para a obtenção

de informações complementares, no qual descobriu-se que o abastecimento é

fornecido por uma nascente próxima ao centro do distrito e não utiliza as águas

dos rios ou subterrâneas. Assim, o risco direto de contaminação por meio das

águas superficiais e subterrâneas dos moradores da localidade foi eliminado,

mesmo estas águas sendo utilizadas tanto para irrigação de diversas culturas

como, banana, coco, mandioca e palmito, além da dessedentação animal e

atividades de recreação e lazer. Com isso, tanto as águas subterrâneas quanto

as águas superficiais apresentam boa qualidade e podem ser utilizadas para

diversas finalidades.

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1° Campanha 2° Campanha 3° Campanha 4° Campanha

Variação do IQAMédio

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

As maiores possibilidades de contaminações ocorrem entre os meses de

novembro a março, porém, devido as características geológicas regionais, com

composições graníticas e com ausência de formações de sumidouros, rios

subterrâneos ou cavernas, essa contaminação foi reduzida. Em relação ao

potencial de acúmulo de água subterrânea, devido ao baixo índice de

favorabilidade hidrogeológica, a região mostrou propriedades desfavoráveis ao

armazenamento de água em fissuras e fraturas nas rochas, o que além de

influenciar na redução da contaminação, reduz o transporte de agentes

patógenos em zona saturada.

De acordo com os resultados das análises, tanto as águas superficiais

quanto as águas subterrâneas, apresentam boa qualidade e se enquadram na

classe 2. Assim, essas águas podem ser utilizadas para diversas finalidades

como irrigação de frutas e hortaliças, recreação, dessedentação animal e ao

abastecimento, desde que haja o tratamento convencional ou avançado. E

ainda, os riscos de contaminações dos moradores da localidade foram

eliminados, já que o abastecimento do distrito é realizado por uma nascente.

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5.2 RECOMENDAÇÕES

Apesar da boa qualidade da água apresentada, a falta de um sistema de

drenagem, ausência de pavimentação interna e os recuos do cemitério estão

descumprindo as normas e legislações vigentes já que são necessários para

prevenção, controle, fiscalização e a proteção do meio ambiente e assim

resguardar a saúde e o abastecimento da população. Para isso, será necessário

a periodicidade de futuras coletas para o controle da qualidade das águas

superficiais e subterrâneas assim como a instalação de mais poços de

monitoramento. Em função do aumento gradual da população e de grandes

movimentações em feriados e datas comemorativas, o cenário futuro mostra que

possivelmente a nascente que é utilizada para o abastecimento não irá suprir a

demanda e com isso, o fornecimento de água será feito por meio das águas

superficiais ou subterrâneas. Para as águas superficiais, o tratamento

convencional ou avançado deverá ser realizado, além da construção de sistemas

de saneamento adequados a fim de impedir os lançamentos de poluentes nos

rios. Já para as águas subterrâneas, deverá haver um monitoramento periódico,

além de avaliar a necessidade de monitoramento e construção de mais poços

no intuito de prover a demanda crescente da população, em conformidade com

a NBR 13.895 (1997).

Em relação à nascente que é utilizada para abastecimento local, é de

grande importância que haja a preservação da mata ciliar, evitando queimadas

e a supressão vegetal, além da conservação do solo e a construção de cercas,

fechando a área num raio de 50 metros a partir do olho d’água para evitar a

entrada de possíveis animais.

No que diz respeito ao cemitério, será necessário a implantação de um

sistema de drenagem eficiente para encaminhar as águas das chuvas de forma

adequada. Na parte posterior do cemitério, a qual possui um desnível de 3

metros deverá ser realizado um taludamento e na parte interna, pavimentação

ou introdução de um gramado para evitar possíveis erosões, alagamentos e

movimentações de terras. A distância mínima de 1,5 m até o lençol freático foi

respeitada, entretanto os recuos do limite do cemitério até as sepulturas não

foram acatados, e com isso, os limites do cemitério deverão ser ampliados para

que possa ser implantado arbustos e árvores da região formando uma cortina de

isolamento e assim haver o decaimento de bactérias. Essa vegetação deverá ser

preferencialmente nativa, e com raízes pivotantes, para que as raízes cresçam

no sentido vertical, a fim de impedir a invasão de jazigos e sepulturas, evitando

a destruição da pavimentação e de túmulos além de danos às redes de água,

esgoto e de drenagem.

O ponto mais preocupante é a distância do cemitério até os afluentes do

Rio Bananeiras e, para evitar possíveis contaminações futuras além da

ampliação e periodicidade de análises de águas estabelecidos de potabilidade,

deverá ser realizada a coleta e análise de amostras do solo para identificação de

alterações do pH, acidez, valores de carbono, matéria orgânica e assim,

determinar os reais impactos que o cemitério está causando.

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