Escola de Frankfurt - Indústria Cultural
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• Escola de Frankfurt é o nome dado ao grupo de pensadores
alemães do Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt,
fundado na década de 1920.
• Sua produção ficou conhecida como teoria crítica. Entre
eles destacaram-se Theodor Adorno, Max Horkheimer,
Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jurgen Habermas.
• Identificamos neles a preocupação comum de estudar
variados aspectos da vida social, de modo a compor uma
teoria crítica da sociedade como um todo.
• Investigaram as relações existentes entre os campos da
economia, da psicologia, da história e da antropologia.
• Os pontos de partida fundamentais de suas reflexões foram
a teoria marxista e a teoria freudiana, que trouxe à tona
elementos novos sobre o psiquismo das pessoas. Mas há
também influências de Hegel, Kant ou do sociólogo Max
Weber.
• A Escola de Frankfurt concentrou seu interesse na
análise da sociedade de massa, termo que busca
caracterizar a sociedade atual, na qual o avanço
tecnológico é colocado a serviço da reprodução da
lógica capitalista, enfatizando o consumo e a
diversão como formas de garantir o apaziguamento
e a diluição dos problemas sociais.
ADORNO E HORKHEIMER
• Na análise da sociedade de massa, que se desdobra em vários
aspectos, um tema muito presente é a crítica da razão.
• De acordo com os autores a razão iluminista (que visava a
emancipação dos indivíduos e ao progresso social), terminou por
levar a uma maior dominação das pessoas em virtude
justamente do desenvolvimento tecnológico-industrial.
• Horkheimer acreditava que o problema estava na própria razão
controladora e instrumental, que busca sempre a dominação,
tanto da natureza quanto do próprio ser humano.
• Em “A dialética do esclarecimento”, de 1947, os dois fazem dura crítica ao Iluminismo, que estimulou o desenvolvimento dessa razão controladora e instrumental que predomina na sociedade contemporânea.
• Denunciam também o desencantamento do mundo, a deturpação das consciências individuais, a assimilação dos indivíduos ao sistema social dominante.
• Em resumo...
• Horkheimer e Adorno denunciam a morte da razão crítica, asfixiada pelas relações de produção capitalista. Se denúncias semelhantes já haviam sido feitas no campo do marxismo, o que há de característico nos filósofos da Escola de Frankfurt é a desesperança em relação à possibilidade de transformação dessa realidade social.
• Isso se deveria a uma ausência de consciência revolucionária no proletariado (trabalhadores), que teria assimilado, absorvido pelo sistema capitalista, seja pelas conquistas trabalhistas alcançadas, seja pela alienação de suas consciências promovida pela indústria cultural.
• Indústria cultural é um termo difundido por Adorno e Horkheimer para designar a indústria da diversão vulgar, veiculada pela televisão, rádio, revistas, jornais, músicas, propagandas etc.
• Através da indústria cultural e da diversão se obteria a homogeneização dos comportamentos, a massificação das pessoas.
• A falta de perspectiva de transformação social levou Adorno a se refugiar na teoria estética, por entender que o campo da arte é o único reduto autêntico da razão emancipatória e da crítica à opressão social.
BENJAMIN
• Se distingue de Adorno e Horkheimer por uma postura mais otimista no que diz respeito à indústria cultural. Em seu texto ”A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução”, ele se mostra otimista com a possibilidade de que a arte, a partir do desenvolvimento das técnicas de reprodução (discos, reprografia e processos semelhantes), se torne acessível a todos.
• Enquanto, na visão de Adorno e Horkheimer, a cultura veiculada pelos meios de comunicação de massa não permite que as classes assalariadas assumam uma posição crítica em relação à realidade, Benjamin acredita que a arte dirigida às massas pode servir como instrumento de politização.
HABERMAS
• Discorda de Adorno e Horkheimer no que se refere aos conceitos
centrais da análise realizada por esses dois filósofos: razão,
verdade e democracia.
• De acordo com essa análise, Adorno e Horkheimer chegam a um
impasse quanto à possibilidade de uma razão emancipatória já que
a razão estaria asfixiada pelo desenvolvimento do capitalismo.
• De acordo com Habermas essa é uma posição perigosa em
filosofia, pois poderia conduzir a uma crítica radical da
modernidade e, em consequência, da razão, que levaria ao
irracionalismo.
• Em seu artigo “Modernidade versus pós-modernidade”, ele enfatiza esse ponto, afirmando, contra a tendência ao irracionalismo presente na chamada filosofia pós-moderna, que “o projeto da modernidade ainda não foi cumprido”.
• Ou seja, que o potencial para a racionalização do mundo ainda não está esgotado. Por isso Habermas costuma ser descrito como “o último grande racionalista”.
• Discorda dos resultados pessimistas da análise de Adorno e Horkheimer, segundo a qual a razão não mais se realizaria no mundo, porque o capitalismo, em sua complexidade, teria conseguido narcotizar a consciência do proletariado e, dessa forma, perpetuar-se como sistema.
• Para Habermas, existem pontos falhos nessa análise cuja identificação permitiria propor uma retomada do projeto emancipatório, porém em novas bases. Na realidade, o filósofo rompe com a teoria marxista em seus pontos fundamentais, tais como a centralidade do trabalho e a identificação do proletariado como agente da transformação social.
AÇÃO COMUNICATIVA
• Habermas propõem, então, como nova perspectiva, outro
conceito de razão: a razão dialógica, que brota do diálogo e
da argumentação entre os agentes interessados numa
determinada situação. É a razão que surge da chamada ação
comunicativa, do uso da linguagem como meio de conseguir
um consenso.
• Para tanto, é necessária uma ação social que fortaleça as
estruturas capazes de promover as condições de liberdade e
de não constrangimento, imprescindíveis ao diálogo.
VERDADE INTERSUBJETIVA
• O conceito de verdade também se modifica em função
dessa nova perspectiva.
• O autor propõe o entendimento da verdade não mais como
uma adequação do pensamento à realidade, mas como um
fruto da ação comunicativa.
• Não como verdade subjetiva, mas como verdade
intersubjetiva, que surge do diálogo entre os indivíduos ao
qual se aplicam algumas regras, como a não-contradição,
a clareza de argumentação e a falta de constrangimentos
de ordem social.
• Deste modo, razão e verdade deixam de ser conteúdos ou valores
absolutos e passam a ser definidos consensualmente. E sua
validade será tanto maior quanto melhores forem as condições nas
quais se dê o diálogo, o que se consegue como aperfeiçoamento
da democracia (crítica ao nazismo).
• O pensamento de Habermas incorpora e desenvolve reflexões
propostas pela filosofia da linguagem. A ênfase dada à razão
comunicativa pode ser entendida como uma maneira de tentar
“salvar” a razão, que teria chegado a um beco sem saída.
• Assim, se o mundo contemporâneo é regido pela razão
instrumental, conforme denunciaram os filósofos que antecederam
na Escola de Frankfurt, para Habermas caberia à razão
comunicativa, enfim, o papel de resistir e reorientar essa razão
instrumental.