ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA … · Descolonização da África (Visão geral)....
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ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA CARDOSO Formando Jovens Autônomos, Solidários e Competentes
ROTEIRO DE ESTUDOS Nº 02 - 3º BIMESTRE/2020
3ª SÉRIE
ÁREA DE CONHECIMENTO: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
COMPONENTE CURRICULAR/DISCIPLINA: História
PROFESSOR: Sergio Bernardes TURMA: 33.01 a 33.07
CRONOGRAMA
Período de realização das atividades: 21/09 a 03/10/2020.
Entrega das atividades:
PARTE 1 – 26/09 PARTE 2 – 03/10
CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES: 08 aulas
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA DA ÁREA
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a
compreensão das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos
Estados-nações.
HABILIDADE/OBJETIVO DA ATIVIDADE
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios,
territorialidades e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e
culturais, impérios, Estados Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos
populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as característicassocioeconômicas,
políticas e tecnológicas.
ESTUDO ORIENTADO
● O(a) estudante deve fazer a leitura cuidadosa dos textos deste roteiro deestudos.
● Realizadas as leituras, deve-se proceder à resolução das atividadesavaliativas.
● Tendo dificuldades, orienta-se buscar solução para as dúvidas através do grupo de WhatsApp de
Ciências Humanas no dia apropriado(quinta-feira).
● Após sanadas as dúvidas, deve o(a) estudante encaminhar as atividades respondidas ao professor
através do formulário Google Forms, disponibilizado no roteiro dasemana.
● Os formulários do Google Forms serão desativados para recebimento de respostas assim que o
prazo para envio estiverencerrado.
● A nota do terceiro bimestre será fechada através da análise que o professor fará sobreo
desempenho do(a) estudante no que diz respeito aos itens elencados nestas orientações de
estudo.
OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO (Conforme Guia de Aprendizagem 3º bimestre): PRIMEIRA PARTE – 21 a 26/09
Descolonização da África (Visão geral).
Descolonização da Ásia (Visão geral).
Fim do Império Português na África.
Independência da Índia.
SEGUNDA PARTE – 28/09 a 03/10
A Conferência de Bandung.
A Independência da Indochina.
A Guerra da Argélia.
A descolonização afro-asiática e o surgimento de novos atores internacionais.
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AVALIAÇÃO
O(a) estudante será avaliado(a) através da observação, por parte do professor, de sua participação no
grupo de WhatsApp apresentando dúvidas ou contribuições. Também, por meio da resolução da
atividade e envio das respostas via Google Forms, no decorrer de cada semana. Assim, prevalecerá a
avaliação interdimensional, observando a prática do exercício do protagonismo e dos 4(quatro) pilares
da educação: Aprender a Ser, a Fazer, a Conhecer e a Conviver).
BONS ESTUDOS!
PRIMEIRA PARTE – 21 a 26/09
Descolonização da África (visão geral)
A descolonização da África ocorreu durante o século XX quando as populações dos territórios africanos
ocupados conseguiram expulsar o invasor europeu e assim, conquistar a independência.
O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em 1993.
Contexto Histórico
Os processos de independência na África se iniciaram no início do século XX, com a independência do
Egito. No entanto, somente após Segunda Guerra Mundial, com as potências europeias enfraquecidas, os
países africanos alcançaram a independência.
As populações dos países africanos foram convocadas para participar do esforço de guerra e muitos
lutaram no conflito. Ao terminar, imaginaram que teriam mais autonomia, porém não foi isso que aconteceu. O
colonialismo continuou como antes da guerra.
Causas
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a ONU passa a pressionar as potências imperialistas para
que ponham fim à colonização.
Igualmente, o mundo vivia a Guerra Fria, a disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos
(capitalismo) e URSS (socialismo).
Ambos os países apoiavam o lado rebelde que mais se aproximava às suas ideias a fim de cooptá-los
para sua esfera de influência.
Do mesmo modo, as ideias pan-africanistas conquistavam o continente africano com seu pensamento
pela unidade africana.
Pan-Africanismo
As cores da bandeira Pan-Africana representam o sangue, o povo negro e a natureza africana
No período entre guerras, começou a se gestar a ideia que os africanos tinham mais semelhanças entre
si do que diferenças.
Praticamente todo o continente havia sofrido com a colonização europeia e o tráfico de escravos. Desta
forma, foi criado o pan-africanismo que pensava uma identidade comum aos africanos a fim de uni-los contra o
invasor europeu.
Um dos líderes mais proeminentes do pan-africanismo foi o americano W.E.B Du Bois (1868-1963), que
se destacou escrevendo sobre as questões raciais do seu tempo e apoiando os movimentos de independência
do continente africano.
Du Bois foi um ativo participante e organizador do Congresso Pan-Africanos que se realizava
periodicamente para discutir temáticas relevantes ao povo negro.
Resumo
Os processos de independência no continente africano ocorreram em momentos diferentes. Por
exemplo, as nações do norte da África Ocidental e Oriental estavam livres a partir da década de 1950.
Já os pertencentes à África Subsaariana, em 1960, os integrantes da África Austral e região do Oceano
Índico entre 1970 e 1980.
O Egito consegue sua independência em 1922, mas será na década de 50 que vários estados
conseguem sua autonomia como a Líbia (1951), Marrocos e Tunísia (1956) e Gana (1957).
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Entre 1957 e 1962, 29 países passaram à condição de novos estados independentes e contribuíram
para acelerar o processo de descolonização africana.
Cada país imperialista desocupou a África de maneira distinta. Vejamos:
O Reino Unido aceita se retirar de certos territórios e transferir o poder para líderes escolhidos pela
metrópole. Para mantê-los como aliados, cria-se a Commonwealth.
A França muda o status de suas colônias para Províncias Ultramarinas e, mais tarde cria a Comunidade
Francesa onde vai reunir suas antigas possessões mantendo o francês como idioma oficial e uma
moeda em comum. A exceção será a sangrenta Guerra da Argélia.
A Espanha transforma a Guiné-Equatorial em província ultramarina, em 1960 e Ceuta e Melila, em
cidades. Em 1968, a Guiné-Equatorial é declarada independente.
A Bélgica se envolverá na Guerra do Congo.
Portugal não aceita se desfazer de suas colônias e só mudará o status desses territórios em 1959.
Mesmo assim, as décadas de 60 e 70 são marcadas por conflitos armados apenas solucionados com
a Revolução dos Cravos, em 1974.
Depois da Independência
Para muitos países, não houve mudanças significativas e a população continuou oprimida pela elite.
Charge do jornal alemão "Nova Gente", janeiro de 1960.
O custo da luta para a independência foi elevado, em consequência de guerras coloniais que
ocasionaram na vida de milhões de pessoas e minaram a capacidade produtiva dos países.
Após o fim da descolonização da África, a maioria dos novos países entra em guerra civil. Isso porque
haviam povos que eram historicamente inimigos e agora viviam dentro da mesma fronteira.
Também as diferentes ideologias - capitalismo e socialismo - fizeram enfrentar vários grupos pelo poder.
Além disso, os antigos colonizadores tentam manter as novas nações como aliadas. Para isso, se
tornam sócios e compradores das matérias-primas desses países.
Embora o continente tenha mostrado um crescimento nas últimas décadas, os países africanos ainda sofrem as
consequências da colonização e dos maus governos.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/descolonizacao-da-africa/
Acesso em 26/08/2020.
Descolonização da Ásia (Visão geral)
O contexto do processo de descolonização da Ásia se dá quase que simultaneamente ao da Segunda
Guerra Mundial, um dos maiores conflitos armados da história. Ao fim da Segunda Guerra, quando se inicia a
Guerra Fria, o capitalismo, encabeçado pelos Estados Unidos e o socialismo, liderado pelos Soviéticos tinham
grandes pretensões de expandir seus domínios e disseminar suas ideologias e doutrinas para outros territórios.
Esses sistemas viram naquele momento uma oportunidade para atingir seus objetivos, e prestaram apoio a
várias colônias que queriam se tornar independentes.
As colônias asiáticas alcançaram sua independência em datas próximas, formando quase que uma onda
de libertação no continente asiático e quebrando o longo domínio europeu sobre seus territórios, defendendo
seus interesses e suas crenças.
Resumo sobre a descolonização da Ásia
A China deu início à revolução socialista em seu território, impedindo assim que forças inglesas, alemãs
e japonesas continuassem a comandar a região.
As Filipinas tornam-se independentes em 12 de junho de 1946 tendo sua República proclamada por
Manoel Roxas.
O Irã consegue a retirada das tropas do exército soviético em 15 de junho de 1947 tornando-se assim
independente.
O Paquistão e a Índia põem fim ao domínio britânico em seu território em 15 de agosto também de 1947.
Siri Lanka (antigo Ceilão) e Brimânia tornam-se independentes em 4 de janeiro de 1948.
O Camboja torna-se independente no ano de 1954, sendo já autônomo dentro da União Francesa desde
o ano de 1946. Insatisfeitos com a declaração do príncipe Norodon Sihanuk, que declara-se neutro, a
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extrema direita das forças armadas lançam um golpe de Estado e derrubam o príncipe em 13 de março
de 1970, comandado pelo general Lon Nol que permite a entrada de tropas americanas no país com a
finalidade de combater o temido Khmer Vermelho, movimento de extrema que agia na clandestinidade.
O subcontinente da Índia era a parte central do império britânico no século XX, cujos territórios formam
hoje Paquistão e Bangladesh. Sua independência iniciou-se de sob o comando do advogado hindu
Mohandas Gandhi, que posteriormente passaria a ser conhecido como Mahatma (que s ignifica “grande
alma”) Gandhi. Ele pregava resistência de forma pacífica e reformas socioeconômicas que dariam
melhores condições de vida aos 60 milhões de pessoas que tinham posição contra ao monopólio
britânico.
No ano de 1947 Índia e Paquistão, lideradas por Jauaharlal Nehru e Liaqat Ali Cã (como primeiro
ministro) respectivamente tornam-se independentes, contudo, o alto custo dos conflitos entre hindus
e muçulmanos continuam a causar vítimas e os estados de Jammu e Cachemira, mesmo o cessar fogo
decretado pela ONU (Organização das Nações Unidas) não dá resultado. Assim no ano de 1957 a Índia
tem anexado ao seu território sua parte ocupada do estado da Cachemira, contrariando a Assembleia
Geral.
Apesar das dificuldades o continente asiático conseguiu se sobrepor a dominação Europeia e fazer-se
independente, com apoio de capitalistas e socialistas, várias colônias se libertaram e puderam seguir com suas
próprias culturas e sistemas de sociedade. Disponível em:https://www.estudopratico.com.br/descolonizacao-da-asia/
Acesso em 26/08/2020
Fim do Império Português na África
Portugal foi o último dos países europeus a reconhecer a independência das suas antigas ex-colônias na
África: Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Cabo Verde.
A independência das províncias ultramarinas portuguesas ocorreu após guerras e pelos efeitos da
Revolução dos Cravos, em 1974.
Resumo
A independência das antigas colônias portuguesas deve ser entendida no contexto do mundo pós-
Segunda Guerra Mundial e em plena Guerra Fria.
Em 1945, com a fundação da ONU, a sociedade havia mudado sua percepção sobre a colonização
diante das atrocidades cometidas.
Assim, este organismo passa a fazer campanha pelo fim da colonização pelos países europeus. Desta
maneira, os países imperialistas mudam o status de seus territórios.
O Reino Unido reúne uma parte de suas ex-colônias na Commonwealth, enquanto França, Holanda e
Portugal os transformam em províncias de ultramar.
Por sua parte, os movimentos de independência da África eram acompanhados com interesse por
Estados Unidos e União Soviética, preocupados em marcar sua influência na periferia do mundo. Afinal, a
Guerra Fria consistia em captar países para a ideologia capitalista-liberal ou socialista.
No entanto, havia territórios que não se encaixaram em nenhuma das alternativas oferecidas pelas suas
metrópoles e entraram em guerra para garantir sua autonomia. Este foi o caso, por exemplo da Argélia, e do
Congo.
Portugal
Portugal vivia a ditadura de Antônio de Oliveira Salazar (1889-1970) que era contrário a qualquer
concessão de autonomia aos territórios ultramarinos. Começa, assim, uma disputa entre a ONU e o governo
português, o qual será pressionado por Inglaterra e Estados Unidos também.
Salazar, entretanto, prefere recorrer à solução armada e inicia uma sangrante guerra colonial em Angola,
Moçambique e Guiné-Bissau.
Diante desta situação, por inspiração do cabo-verdiano Almícar Cabral (1924 -1973), os territórios de
língua portuguesa na África unem-se para fazer frente a um adversário comum.
Assim foi fundada a "Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colônias
Portuguesas" em março de 1960.
A organização estava integrada por movimentos populares de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, e São Tomé e Príncipe
No ano seguinte, no Marrocos, o grupo voltaria a se reunir para a "Conferência das Organizações
Nacionalistas das Colônias Portuguesas" que substituiria a organização anterior.
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Esta instituição tinha como objetivo reunir os diferentes líderes pela independência dos territórios
portugueses africanos e coordenar estratégias para obter a emancipação de forma pacífica. Igualmente,
queriam chamar a atenção da opinião pública internacional para a situação da África portuguesa.
O reconhecimento, contudo, só viria quando o governo do presidente Marcello Caetano, sucessor de
Salazar, foi deposto pela Revolução dos Cravos.
O governo provisório (ou de transição) português, com o general Antônio de Spínola (1910-1996) à
frente, reconhece a emancipação de suas antigas possessões ultramarinas pondo fim ao Império Português na
África.
Angola
Diante da mobilização de angolanos favoráveis à independência, o governo português envia soldados
para o território em 1961.
Dois anos depois, inicia-se uma intensa publicidade em torno ao lema "Angola é nossa". Tratava-se de
uma campanha que incluía canções, imagens e reportagens de portugueses aí residentes exaltando a harmonia
em que viviam.
O movimento independente angolano começou em 1965, com a fundação do MPLA (Movimento Popular
pela Libertação de Angola). Em 1961, sob o comando de Agostinho Neto (1922-1979), guerrilhas do MPLA
começam a lutar contra as forças portuguesas.
Após esse conflito, surgem outros movimentos favoráveis à independência, como a FNLA (Frente
Nacional de Libertação de Angola) e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola).
Ao fim da Revolução dos Cravos, um governo de transição foi criado para dar início ao processo de
independência de Angola. Esse processo, denominado "Acordo de Alvor", marcaria a independência para o fim
de 1975. No governo de transição estavam representantes do MPLA, FNLA e da UNITA.
O processo, porém, sofreu interferência dos Estados Unidos que apoiou o FNLA e o Zaire a invadirem
Angola pelo Norte. Também com apoio norte-americano, a África do Sul com apoio da UNITA, invadia o país
pelo sul.
Naquele ano, em novembro, o MPLA assumiu o poder em Luanda, tendo como presidente Agostinho
Neto. A principal consequência foi uma intensa guerra civil e, com apoio de Cuba e do bloco socialista, o MPLA
tentou garantir a resistência às invasões.
Essa fase foi denominada de segunda guerra de libertação e terminou somente em 1976. Neste ano, as
representações da África do Sul e do Zaire foram expulsas, bem como UNITA e FNLA derrotadas.
A presidência foi assumida em 1979 por José Eduardo dos Santos (1942) que ficaria no poder até 2017.
Em 1992, Angola vive eleições livres após acordos com o MPLA e UNITA.
Guiné-Bissau e Cabo Verde
Amílcar Cabral foi o idealizador e líder da independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde.
O movimento de independência da Guiné-Bissau começou com a fundação do PAIGC (Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde) liderado por Amílcar Cabral (1924-1973).
De orientação marxista, ele buscava apoio de governantes como Fidel Castro (1926-2016), mas também
da Igreja Católica tendo se encontrado com o Papa Paulo VI (1897-1978).
O partido deflagrou em 1961 uma guerra contra as forças de Portugal. O resultado foi a libertação de
grande parte do território em 1970. Três anos depois, Cabral foi assassinado pelos próprios companheiros de
partido em Conacri (Guiné).
Em 1974, o governo provisório instaurado após a Revolução dos Cravos, Portugal reconheceu a
independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde.
A Guiné-Bissau viveu um grande período de instabilidade após a independência, pois a luta dividiu a
população, e uma parte apoiou os portugueses e outra, os movimentos de libertação.
Já Cabo Verde não sofreu com a guerra civil após a independência e os recursos do novo país puderam
ser canalizados para a construção da infraestrutura do novo país.
São Tomé e Príncipe
Nuno Xavier Daniel Dias (esq.) observa a assinatura do Tratado de Independência de São Tomé e
Príncipe, pelo almirante Rosa Coutinho, em 12 de Julho de 1975
Por conta das pequenas dimensões do território de São Tomé e Príncipe, a independência do país foi
planejada no estrangeiro, no Gabão.
Ali foi criado o movimento revolucionário MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe),
liderado por Manoel Pinto da Costa (1937) que tinha afinidades com a doutrina marxista-leninista.
Em 1975, foi reconhecida a independência de São Tomé e Príncipe e o governo institui um regime de
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orientação socialista. As relações com Portugal foram mantidas.
Manoel Pinto da Costa foi presidente do país de 1975-1991 e, mais tarde, reeleito em 2011.
Moçambique
O movimento de independência de Moçambique foi comandado pela FRELIMO (Frente de Libertação de
Moçambique), fundado e liderado por Eduardo Mondlhane (1920-1969), em 1962.
Grande parte do território moçambicano foi conquistado pela FRELIMO. Mondlahane, contudo, foi
assassinado pelos portugueses em 1969 e, em seu lugar, assumiu Samora Machel (1933-1996).
O desempenho da guerrilha impôs sucessivas derrotas aos portugueses, que só reconheceu a
independência da colônia em novembro de 1975. A presidência foi exercida a primeira vez por Samora Machel.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/fim-do-imperio-portugues-na-africa/
Acesso em: 26/08/2020
Independência da Índia
A independência da Índia foi alcançada em 15 de agosto de 1947 após um longo processo de lutas.
Os britânicos deixaram um país dividido em duas nações: Índia e Paquistão.
Colonização Inglesa na Índia
A Índia sempre foi um atrativo para os povos vizinhos. Suas riquezas naturais e a fertilidade do seu solo
atraíam invasores.
Ali conviviam milhares de etnias, separadas por religiões e idiomas diferentes, além do sistema de
castas, que tornava a sociedade rigidamente hierarquizada.
Com a chegada do Império Mongol muçulmano e os europeus, no século 16, a história deste
subcontinente mudaria.
Em 1600 chegam os representantes da Companhia das Índias Orientais, inglesa, a fim de comercializar
com os indianos. Um século mais tarde, já tinham enclaves em Bombaim, Madras e Calcutá.
Os franceses também tentaram ocupar o território, mas foram expulsos pelos ingleses, em 1755. Assim,
os britânicos vão anexando províncias do Punjab e Déli até se declararem senhores da Índia.
No entanto, a colonização não foi pacífica, com resistências como a Revolta dos Cipaios. Somente em
1877, a Rainha Vitória é proclamada Imperatriz das Índias.
Começava, assim, a colonização completa com a importação de instituições britânicas ao território
indiano.
Colégios para ambos os sexos, universidades, serviço de correios e telégrafos, estradas de ferro, clubes
aristocráticos, etc.
Igualmente, o Reino Unido levou para a Índia seu idioma, o que lhes deu uma língua comum, num país
onde contabilizam mais de 200 dialetos.
Na verdade, haveria sempre duas índias durante a dominação britânica:
a Índia administrada pelos ingleses, da capital, Nova Déli;
a Índia dos 565 principados, onde cada um era dominado por uma família nobre que tinha o total
controle sobre seu território.
Esses marajás, rajás e príncipes, vão admirar o poderio inglês. Assim, concedem o poder de defesa e da
política exterior aos ingleses contando que estes se mantivessem à margem de seus assuntos internos.
Diversidade Religiosa
Na Índia convivem várias religiões como a bramânica, jansenista, budista,
siquista, hinduísta e muçulmana. Essas duas eram majoritárias e completamente distintas entre si.
Os muçulmanos, que eram a elite durante o Império mongol, viram os britânicos como ameaça ao seu
sistema educativo e à sua religião.
Por sua parte, os hindus aceitaram a educação britânica e se transformam no principal esteio da
dominação inglesa, participando como funcionários da administração colonial.
Processo de Independência
No entanto, a educação recebida por esta elite hindu, se torna uma faca de dois gumes. Os mesmo
hindus que se formaram nas universidades inglesas vão se dar conta que estão servindo ao dominador e
traindo o povo a qual pertencem.
Esses universitários fundam o Congresso Nacional Indiano, em 1885, com o apoio dos liberais britânicos
e vão questionar a ocupação inglesa.
Surgem lideranças como Gandhi, um advogado, que vai percorrer o país pregando uma revolução não-
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violenta contra os ingleses.
Existiam aqueles que primeiro desejam uma auto-determinação mínima e formar parte do Império
Britânico.
Outros, com o Partido Nacional do Congresso, de Nehru e Gandhi, percebem que o colonialismo deve
acabar e a Índia se tornar um país independente.
Política de Não-Violência
Após a Primeira Guerra Mundial, as questões da dominação colonial ficam mais claras. Por isso, Gandhi
lidera três grandes campanhas anti-britânicas:
1919 – Greve Geral de vários setores como transportes e limpeza;
1920 e 1922 – Resistência pacífica: não colaborar com os ingleses como não votar;
1930 e 1934 – a desobediência civil: consiste em transgredir as leis. A mais famosa delas talvez seja a
Marcha do Sal onde Gandhi, acompanhado por seus seguidores, recolhe sal de uma salina e o vende,
algo que estava proibido aos indianos, e é preso.
Por sua participação nesses atos, Gandhi passará vários períodos na prisão junto com outros líderes
políticos indianos. Entre eles, Nehru, que se tornaria o primeiro-ministro da índia independente, além de fundar
uma dinastia de políticos.
Mais tarde, em plena Segunda Guerra Mundial, a ruptura entre o povo indiano e os ingleses chegou ao
limite. O governo britânico sabia que a independência da Índia seria uma questão de tempo e resolveu
estabelecer uma saída negociada.
A descolonização da Índia deve ser entendida no contexto pós-guerra quando se passou a considerar
inaceitável colonialismo.
Para isso, um nobre inglês, Lord Louis Mountbatten é escolhido como vice-rei da Índia a fim de conduzir
o processo de emancipação.
Duas grandes correntes se formaram: a primeira, defendida por Gandhi, advogava por uma Índia
unitária.
A segunda, reivindicada pelos muçulmanos, liderados por Muhammad Ali Jinnah, pediam um estado
independente, que se chamaria Paquistão. Os principados que eram independentes teriam que escolher a qual
dos países gostariam de pertencer.
Apoiados pelos britânicos, a segunda proposta venceu. Isto causou um caos no país, pois milhares de
muçulmanos deixaram suas terras para se dirigir ao futuro país.
Por outro lado, os hindus fizeram o mesmo. Não era raro as duas colunas de imigrantes encontrarem-se
caminhando em direção oposta e as provocações terminarem em brigas.
Oficialmente, os britânicos assinalaram a data da independência da Índia para 15 de agosto. No entanto,
este dia foi considerado pelos indianos como pouco propício para um acontecimento tão relevante. Desta
maneira, a independência foi proclamada na noite de 14 para 15 de agosto.
Gandhi terminaria assassinado por um hindu radical em 1948 que não concordava com sua defesa de
uma Índia unida aos muçulmanos. Por sua vez, Nehru se elegeu primeiro-ministro e foi o político que mais
tempo permaneceu neste cargo, de 1947-1964.
Conclusão
A Índia hoje é um dos países mais povoados do planeta. A população é diversificada e dividida em
milhares de etnias, religiões e línguas.
O país convive ainda com os problemas deixados pelos ingleses, como a questão da fronteira entre Índia
e Paquistão que disputam a região da Caxemira. Na década de 60, a China também se somou ao conflito.
Na década de 70, o Paquistão Oriental se denominaria Bangladesh.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/independencia-da-india/
Acesso em 26/08/2020.
ATIVIDADE AVALIATIVA
Primeira parte – 21/09 a 26/09
1. (Cesgranrio) "Morre um homem por minuto em Ruanda. Um homem morre por minuto numa nação do
continente onde o Homo Sapiens surgiu há um milhão de anos... Para o ano 2000 só faltam seis, mas a
Humanidade não ingressará no terceiro milênio, enquanto a África for o túmulo da paz." (Augusto Nunes, in: jornal O GLOBO, 6.8.94)
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A situação de instabilidade no continente africano é o resultado de diversos fatores históricos, dentre os quais
destacamos o(a):
a) fortalecimento político dos antigos impérios coloniais na região, apoiado pela Conferência de Bandung.
b) declínio dos nacionalismos africanos causado pelo final da Guerra Fria.
c) acirramento das guerras intertribais no processo de descolonização que não respeitou as características
culturais do continente.
d) fim da dependência econômica ocorrida com as independências políticas dos países africanos, após a
década de 50.
e) difusão da industrialização no continente africano, que provocou suas grandes desigualdades sociais.
2. (Fgv) "... em 1955, em Bandung, na Indonésia, reuniram-se 29 (...) países que se apresentavam como do
Terceiro Mundo. Pronunciaram-se pelo socialismo e pelo neutralismo, mas também contra o Ocidente e contra
a União Soviética, e proclamaram o compromisso dos povos liberados de ajudar a libertação dos povos
dependentes..."
A conferência a que o texto se refere é apontada como um
a) indicador da crise do sistema colonial por representar os interesses dos países que estavam sofrendo as
consequências do processo de industrialização na Europa.
b) indício do processo de globalização da economia mundial uma vez que suas propostas defendiam o fim das
restrições alfandegárias nos países periféricos.
c) sintoma de esgotamento do imperialismo americano no Oriente Médio, provocado pela quebra do monopólio
nuclear a favor dos árabes.
d) sinal de desenvolvimento da economia dos denominados "tigres asiáticos" que valorizou o planejamento
estratégico, a industrialização independente e a educação.
e) marco no movimento descolonizador da África e da Ásia que condenou o colonialismo, a discriminação racial
e a corrida armamentista.
3. (Fgv) O genocídio que teve lugar em Ruanda, assim como a guerra civil em curso na República Democrática
do Congo, ou ainda o conflito em Darfur, no Sudão, revelam uma África marcada pela divisão e pela violência.
Esse estado de coisas deve-se, em parte,
a) às diferenças ideológicas que perpassam as sociedades africanas, divididas entre os defensores do
liberalismo e os adeptos do planejamento central.
b) à intolerância religiosa que impede a consolidação dos estados nacionais africanos, divididos nas inúmeras
denominações cristãs e muçulmanas.
c) aos graves problemas ambientais que produzem catástrofes e aguçam a desigualdade ao perpetuar a fome,
a violência e a miséria em todo o continente.
d) à herança do colonialismo, que introduziu o conceito de Estado-nação sem considerar as características das
sociedades locais.
e) às potências ocidentais que continuam mantendo uma política assistencialista, o que faz com que os
governos locais beneficiem-se do caos.
4. (Fuvest) Assolado pela miséria, superpopulação e pelos flagelos mortíferos da fome e das guerras civis, a
situação de praticamente todo o continente africano é, neste momento de sua história, catastrófica. Este quadro
trágico decorre:
a) de fatores conjunturais que nada têm a ver com a herança do neocolonialismo, uma vez que a dominação
colonial europeia se encerrou logo após a segunda guerra mundial.
b) exclusivamente de um fator estrutural, posterior ao colonialismo europeu, mas interno ao continente, que é o
tribalismo, que impede sua modernização.
c) da inserção da maioria dos países africanos na economia mundial como fornecedores de matérias-primas
cujos preços têm baixado continuamente.
d) exclusivamente de um fator estrutural, externo ao continente, a espoliação imposta e mantida pelo Ocidente
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que bloqueia a sua autodeterminação.
e) da herança combinada de tribalismo e colonialismo, que redundou na formação de micronacionalismos
incapazes de reconstruir antigas formas de associação bem como de construir novas.
5. (Fuvest) As resistências à descolonização da Argélia derivaram essencialmente:
a) da reação de setores políticos conservadores na França, associados aos franceses que viviam na Argélia.
b) da pressão das grandes potências que temiam a implantação do fundamentalismo islâmico na região.
c) da iniciativa dos Estados Unidos que pressionaram a França a manter a colônia a qualquer preço.
d) da ação pessoal do general De Gaulle que se opunha aos projetos hegemônicos dos Estados Unidos.
e) da atitude da França que desejava expandir suas colônias, após a Segunda Guerra Mundial.
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https://forms.gle/tYmxdHxdAbeKt4aa9
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SEGUNDA PARTE – 28/09 a 03/10
A Conferência de Bandung
Conferência de Bandung é o nome com o qual ficou conhecido historicamente o encontro ocorrido nesta
cidade indonésia entre 18 e 24 de abril de 1955 e que reuniu os líderes de 29 estados asiáticos e africanos,
responsáveis pelos destinos de 1 bilhão e 350 milhões de seres humanos. Patrocinaram esta conferência
Indonésia, Índia, Birmânia, Sri Lanka e Paquistão, e tinha como objetivo promover uma cooperação econômica
e cultural de perfil afro-asiático, buscando fazer frente ao que na época se percebia como atitude neocolonialista
das duas grandes potências, Estados Unidos e União Soviética, bem como de outras nações influentes que
também exerciam o que consideravam imperialismo, ou seja, promoção indiscriminada de seus próprios valores
em detrimento dos valores cultivados pelos povos em desenvolvimento.
A maioria dos países participantes da conferência vinham da amarga experiência da colonização,
experimentando o domínio econômico, político e social, sendo os habitantes locais submetidos à discriminação
racial em sua própria terra, parte da política de domínio europeia.
A Conferência de Bandung prima pelo seu pioneirismo em tratar de assuntos inéditos à época, como a
influência negativa dos países ricos em relação aos pobres e a prática de racismo como crime. Foi proposta
ainda a ideia de criar um Tribunal da Descolonização, que julgaria os responsáveis pela prática deste crime
contra a humanidade, responsabilizando também os países colonialistas, significando ajudar a reconstruir os
estragos perpetrados pelos antigos colonos no passado. Tal ideia, porém, foi abafada pelos países centrais, ou
seja, aqueles mais influentes no cenário internacional.
Outra importante ideia saída desta conferência é a concepção de Terceiro Mundo, além dos princípios
básicos dos países não-alinhados, o que se traduz em uma postura diplomática geopolítica de equidistância das
duas super-portências. Assim, a "inspiração" para a implementação do movimento dos não-alinhados surge
nesta conferência, sendo que sua fundação se dará na Conferência de Belgrado de 1961.
Todos os países declararam-se socialistas nesta reunião, mas deixando claro que não iriam se alinhar
ou sofrer influência da União Soviética. Num momento em que EUA e URSS lutavam abertamente pela
conquista de influência em todos os países, o maior desafio do movimento não-alinhado era manter-se coeso
ante as pressões dos grandes. Ao invés da tradicional visão de americanos e soviéticos de um conflito Leste-
Oeste, a visão que predominava em Bandung era a do conflito norte-sul, onde as potências localizadas mais ao
norte industrializadas, oprimiam constantemente e inibiam o desenvolvimento daquelas nações localizadas mais
ao sul, exportadoras de produtos primários.
Os princípios emersos da Conferência de Bandung podem ser resumidos nestas dez disposições
descritas abaixo:
Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU.
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Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.
Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas.
Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país. (Autodeterminação dos povos)
Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a Carta da
ONU
Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir aos interesses
particulares das superpotências.
Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial
ou a independência política de outro país.
Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos (negociações e conciliações,
arbitragens por tribunais internacionais), de acordo com a Carta da ONU.
Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.
Respeito pela justiça e obrigações internacionais. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/conferencia-de-bandung/
Acesso em: 26/08/2020
A Independência da Indochina
Na Guerra da Indochina, ocorrida de 1946 a 1954, vietnamitas (em geral, comunistas) lutaram contra
tropas francesas pela independência do Vietnã e pelo fim do domínio francês na região chamada Indochina
Francesa. Esse conflito resultou na independência de Vietnã, Laos e Camboja e pode ter causado até 400 mil
mortes.
Antecedentes da Guerra da Indochina
A Indochina Francesa era uma colônia da França formada por Laos, Camboja, três reinos vietnamitas
(Tonquim, Annam e Conchinchina) e um protetorado cedido pelos chineses, chamado Guangzhouwan. Essa
região havia sido gradativamente ocupada pelos franceses no período entre 1862 e 1893.
O domínio dos franceses estendeu-se até 1940, quando essa região foi atacada e conquistada
pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Esse ataque decorreu das ambições imperialistas dos
japoneses no Sudeste Asiático e também buscou fechar rotas utilizadas pelos Estados Unidos para fornecer
armas para os chineses durante a Segunda Guerra sino-japonesa (1937-1945).
A invasão dos japoneses contribuiu para o fortalecimento do movimento nacionalista vietmanita,
organizado em torno de grupos comunistas. Além de expulsar os japoneses, os nacionalistas vietnamitas
tinham como objetivo alcançar a independência do Vietnã e, assim, pôr fim ao domínio colonial dos franceses.
Para alcançar esses objetivos, foi formada a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, conhecida
como Vietminh.
O Vietminh, liderado por Ho Chi Minh, aliou-se com os Estados Unidos, a China e os franceses de De
Gaulle e passou a lutar contra os invasores japoneses. Ao final da guerra, e com a derrota e expulsão dos
japoneses, o Vietminh estabeleceu-se ao norte do Vietnã e, após declaração de Ho Chi Minh, fundaram uma
república nessa região.
A república criada pelos comunistas instalou-se na região que, de acordo com os Aliados, deveria ser
ocupada pelos franceses. Os Aliados haviam definido uma divisão do Vietnã a partir do chamado paralelo 17ºN.
A parte sul do país continuou sob domínio francês (apesar de ocupada pelos britânicos).
Com o norte ocupado pelos comunistas do Vietminh, os franceses iniciaram o ataque da região em
novembro de 1946, quando realizaram um intenso bombardeio sobre o porto de Haphong, no norte do Vietnã.
Esse evento ficou conhecido como Incidente de Haphong.
Guerra da Indochina
A Guerra da Indochina colocou frente a frente duas forças completamente díspares e desiguais em
força. Os franceses possuíam um exército formado por soldados oriundos de diferentes colônias francesas na
África e na Ásia e apresentavam poder de fogo superior, além de contarem com o apoio dos Estados Unidos a
partir de 1949.
O exército do Vietminh, liderado por Vo Nguyen Giap, sabia que não seria capaz de manter um combate
aberto contra as tropas francesas. Assim, o Vietminh adotou a tática de guerrilha e promoveu operações de
sabotagem contra os franceses e ataques surpresa de grande intensidade, seguidos de fugas estratégicas pela
floresta densa ou regiões montanhosas do Vietnã.
Para derrotar os guerrilheiros vietnamitas, a França enviou cerca de 200 mil soldados para o Vietnã e
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instalou-os ao norte, em Hanói e Haphong. Seus exércitos saíam-se bem em locais com linhas defensivas bem
estabelecidas, mas nas regiões de montanha e floresta densa as vitórias eram, em geral, dos guerrilheiros do
Vietminh.
Com a vitória dos comunistas na Revolução Chinesa de 1949, o equilíbrio de forças no conflito foi
alterado, e o Vietminh passou a receber apoio dos chineses e dos soviéticos. Em 1953, o a França estava com
cerca de 450 mil soldados no Vietnã. No entanto, a opinião pública francesa começava a pressionar o governo
pelo fim da guerra.
O governo francês, pressionado, optou por elaborar um plano para promover o combate aberto contra os
vietnamitas e, assim, enfraquecê-los. Para isso, os franceses levaram a guerra a Dien Bien Phu, onde
buscavam realizar operações nas montanhas próximas para interromper as rotas de suprimentos dos
guerrilheiros.
O estabelecimento dos franceses em Dien Bien Phu, contudo, foi um retumbante fracasso. A cidade,
ocupada por 16 mil franceses, foi cercada por mais de 50 mil soldados do Vietminh, que promoveram intenso
bombardeio. Os bombardeios, aliados ao assalto final que ocorreu em 1945, forçaram os franceses a
abandonarem a cidade de Dien Bien Phu e a amargarem um total de dois mil mortos.
Com a opinião pública negativa e com a derrota humilhante em Dien Bien Phu, os franceses aceitaram
negociar um cessar-fogo com os vietnamitas. As negociações pelo cessar-fogo aconteceram em 1954, durante
a Conferência de Genebra, na Suíça.
Independência do Vietnã
Durante a Conferência de Genebra, foi ratificada a independência do Vietnã, bem como as
independências de Laos e Camboja. No entanto, a antiga divisão estabelecida em 1945 no paralelo 17, no
Vietnã, foi mantida e, assim, dois governos foram formados. O Vietnã do Norte passou a ser governado por Ho
Chi Minh e o Vietnã do Sul foi governado por Bao Dai.
Essa nova configuração do Vietnã, somada às tensões do período da Guerra Fria, levou o Vietnã a um
novo conflito a partir de 1959, quando os dois governos estabelecidos entraram em guerra. A unificação do
Vietnã, definida para ocorrer em 1955, só foi ocorrer em 1976, após a Guerra do Vietnã (1959-1975). Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerra-indochina.htm
Acesso em 26/08/2020.
A Guerra da Argélia
A Guerra da Argélia (1954-1962) foi um conflito de argelinos contra franceses para conquistar a
independência do país.
O conflito provocou a morte de mais de 300 mil argelinos, 27.500 sodados franceses e o êxodo de 900
mil colonos franceses.
Contexto Histórico
A França vinha se estabelecendo no continente africano ao longo do século XIX e desde 1830 estavam
no território argelino. Através da Conferência de Berlim, as fronteiras foram definidas e a França ocupou boa
parte do norte da África.
No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, a ONU pressiona os países imperialistas para que se
desfaçam de suas colônias ou mudem o seu status.
A França não vivia um bom momento, após o enfraquecimento resultante da Segunda Guerra Mundial e
a derrota na guerra contra a Indochina (1946-1954).
Resumo
A luta pela libertação da Argélia passa ser capitaneada pela FLN (Frente de Libertação Nacional). A FLN
era liderada por Ahmed Ben Bella (1916-2012) e atuava na guerrilha urbana e rural.
Em 1º de novembro de 1954 é feito uma série de atentados terroristas de autoria da FLN que são considerados
como o início das hostilidades entre a França e a Argélia.
A resposta francesa foi enviar cerca de 400.000 soldados para a Argélia entre os quais muitos que
haviam estado na Indochina. Isso gera protestos na própria França que vê milhares de jovens cumprirem o
serviço militar nesta guerra.
Contudo, na Argélia, a população se divide. Muitos árabes-berberes viam com bons olhos a colonização
francesa e vários colonos franceses já tinham construído sua vida ali, se identificando mais com a Argélia do
que com a própria França.
A sociedade francesa se escandaliza com as notícias do uso de tortura por parte do Exército francês e
do FLN e começam os protestos contra a guerra.
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Conflito
Com medo de perder mais uma colônia, o governo francês chama em 1958 o general De Gaulle (1890-
1970) para gerir a crise. De Gaulle tinha sido comandante dos franceses durante a Segunda Guerra Mundial e
era extremamente popular.
O general, no entanto, exige que se promulgue uma nova Constituição e provoca a queda da IV
República na França. Deste modo, nasce a V República francesa, onde os poderes do presidente são
ampliados e os do Legislativo, diminuídos.
A Nova Carta foi submetida a referendum em 28 de setembro de 1958.
Ao visitar a Argélia, em 1958, De Gaulle percebeu que não havia muito que fazer e concede a
autodeterminação do povo argelino. Neste mesmo ano, é fundada provisoriamente a república da Argélia, mas
os combates continuam.
Vários colonos franceses sentem-se traídos pelo general e fundam a OAS (Organização do Exército
Secreto) que impôs uma política terrorista com orientação de extrema direita com atentados na França e na
Argélia.
Em 1961, este grupo e alguns generais franceses tentam um golpe na Argélia contra a França. A ação
fracassa, mas revela a necessidade de encontrar uma solução rápida para a contenda.
Sem apoio da população na França e sem conseguir uma vitória no campo de batalha, De Gaulle foi
autorizado por um referendo popular a negociar a paz com o governo provisório republicano da Argélia.
Fim da Guerra
Somente em 8 de março de 1962, com a assinatura do Acordo de Evian, terminou a guerra na Argélia.
Posteriormente, o tratado de paz seria submetido a referendo ao povo argelino em abril.
Em seguida, em 5 de julho de 1962 foi proclamada a República Democrática e Popular da Argélia. Após
a convocação da Assembleia Constituinte, Ahmed Ben Bella - líder da FLN - foi conduzido à presidência.
A violência continuaria, pois vários pieds-noir (pés pretos, argelinos de origem europeia) são,
literalmente, caçados no país. Ao irem para a França, tampouco são aceitos plenamente nesta sociedade,
porque são vistos como inferiores.
Curiosidades
Em 1966, o diretor ítalo-argelino Gillo Pontecorvo, lançou o filme "A Batalha de Argel" considerado uma
obra-prima do neorrealismo e fundamental para entender o conflito.
Até hoje, os descendentes de colonos franceses argelinos não são bem-vistos na França ou não
conseguem se identificar completamente com o país. Um exemplo é o jogador Karim Benzema, de
origem argelina, que não cantava o hino francês quando jogava com a seleção nacional.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/guerra-da-argelia/
Acesso em: 26/08/2020
A descolonização afro-asiática e o surgimento de novos atores internacionais
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as relações internacionais passaram por um processo de total
transformação. A Europa perde seu tradicional papel de centro político hegemônico e o eixo de decisões
mundiais é deslocado para Estados Unidos e União Soviética.
A decadência dos grandes “Impérios colonialistas”, isto é, Grã-Bretanha e França, auxilia no processo de
independência estratégia de conceder a independência para as suas colônias como forma de manter laços
econômicos, o que ficou sendo conhecido como “processo pacífico”. A França procurou manter suas colônias
pela força militar, desencadeando guerras sangrentas na Indochina, sobretudo Vietnã e Argélia. Os
historiadores denominaram este processo de “descolonização violenta”. Outros países, como Holanda e
Portugal, também mantinham colônias nos continentes africano e asiático.
No caso de Portugal, a descolonização ficou sendo conhecida como “tardia”, devido ao fato de Angola e
Moçambique só conseguirem suas independências na década de 1970, quando a ditadura salazarista foi
derrubada em 1974, na chamada “Revolução dos Cravos”, e a socialdemocracia de Mário Soares iniciou a
negociação para a libertação destas colônias. Os movimentos de guerrilha marxista nestes países, entretanto,
enfrentaram outras oposições armadas, levando os países a um longo período de guerra civil. A descolonização
foi ainda favorecida pelo princípio de “autodeterminação dos povos” estabelecido na Carta do Atlântico (1941),
na Carta das Nações Unidas (1945) e na Conferência de Bandung (1955); esta última, reunindo os países
denominados de não alinhados, condenou a Guerra Fria, a corrida armamentista e o racismo. Novos países
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surgiram da descolonização. Dezenas de novas unidades políticas na África e na Ásia passaram a participar de
modo independente no mundo contemporâneo.
O número de países-membros da ONU quase quadruplicou em cerca de 50 anos. Entretanto, nem
sempre o processo se deu de modo pacífico ou ordeiro. O sonho de Gandhi de uma descolonização a partir da
desobediência civil, isto é, da não agressão, que mantivesse a unidade indiana, revelou-se uma utopia, pois a
Índia acabaria fragmentando-se em mais outros três Estados independentes: Bangladesh, Sri Lanka e
Paquistão, este último de maioria muçulmana e enfrentando, ainda hoje, gravíssimos problemas de fronteira
com a Índia hindu.
CASOS ESPECÍFICOS
INDONÉSIA
A presença holandesa na Insulíndia remonta ao século XVII, quando da fundação de Batávia (atual
Jacarta), em 1619. No século XX, já nas primeiras décadas, existem registros de movimentos nacionalistas e de
resistência ao domínio holandês na Indonésia. Em 1939, oito organizações indonésias formaram uma frente,
denominada GabusanPolitikIndonesia (GAPI), exigindo liberdades democráticas, unidade e independência. Os
símbolos de união nacional preferidos pelo GAPI foram o idioma bahasaindonesia e a bandeira nas cores
vermelha e branca. Contudo, somente com a Segunda Guerra Mundial e a consequente invasão e ocupação
alemã na Holanda (1940) e japonesa na Indonésia (1942), o colonialismo holandês perderia seu ímpeto e
prestígio.
Em 1946, incapazes de recuperar o controle militar sobre a região, os holandeses firmam o Tratado de
Lindggadjati, que previa uma união da Indonésia com a Holanda, o que na prática jamais aconteceu. Em 2 de
novembro de 1949, na “mesa redonda” de Haia, a Holanda renuncia formalmente a qualquer pretensão
territorial sobre a Indonésia. Entre os anos de 1954 a 1956, a suposta confederação entre Holanda e Indonésia
deixa de existir formalmente. Nos anos seguintes, ocorrem manifestações, sobretudo em Sumatra, contra o
governo centralista de Sukarno, que governará de maneira ditatorial, apoiado pelo Exército.
Entre 18 e 25 de abril de 1955, ocorre a Conferência de Bandung, reunindo os chamados “países não
alinhados” ou de Terceiro Mundo, isto é, aqueles que rejeitam a liderança norte-americana ou soviética. Os 29
países condenam o colonialismo, a discriminação racial e o armamento atômico.
ARGÉLIA
O processo de independência da Argélia está inserido no contexto dos grandes movimentos de
libertação nacional após a Segunda Guerra Mundial. A descolonização afro-asiática, marco da decadência do
imperialismo britânico e francês, insere novos atores nas relações internacionais do período de Guerra Fria.
A despeito do fracasso em manter seu colonialismo na Indochina, especialmente na região do Vietnã,
após a fragosa derrota de DienBienPhu, em 1954, a França não se mostrava disposta a ceder qualquer tipo de
autonomia política para a Argélia.
A intransigência do governo francês em atender a solicitações argelinas acerca da aceitação de um
regime político autônomo, ou mesmo de soberania limitada, levaram a uma das mais sangrentas guerras de
libertação nacional do pós-guerra.
Um dos principais problemas da questão argelina, colônia francesa desde 1830, era a presença de mais
de um milhão de colonos franceses na região. Em 1873, iniciou-se a transferência maciça de colonos franceses
— os chamados pieds-noirs ou pés-pretos — para a Argélia.
A resistência contra a presença francesa, durante o século XX, organizou-se antes mesmo da Segunda
Guerra Mundial. Em 1937, foi fundado o Partido do Povo Argelino (PPA). No ano de 1945, com a comemoração
da derrota nazista, uma insurreição popular argelina foi massacrada pelos franceses, resultando, segundo
dados oficiais, em 45 mil argelinos e 108 europeus mortos. O episódio ficou sendo conhecido como o
“bombardeio de Sétif”.
Em 1947, um estatuto de administração francesa na Argélia prevê a concessão de autonomia limitada ao
país, através de representação parlamentar. O PPA participa das eleições nacionais de 1948 e 1951,
organizadas pelos franceses, com o nome de Movimento pelo Triunfo das Liberdades Democráticas (MTLD).
Os pieds-noirs sabotam as eleições e promovem fraudes. A OrganisationSpéciale (OS), facção militar da MTLD,
passa a questionar a via eleitoral e cria o Comitê Revolucionário pela Unidade e Ação (CRUA), que,
posteriormente, em novembro de 1954, se converteria na famosa Front de LibérationNationale. A FLN, fundada
na Suíça por Ahmed Ben Bella, KrimBelkacem e Ben Khider, seria a vanguarda armada da revolução
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nacionalista argelina. Ben Bella, líder do movimento nacionalista argelino, ingressara em 1937 no exército
francês, sendo condecorado com a Croix de Guerre e a MedailleMilitaire pela suas ações em Cassino (Itália). A
rebelião argelina começa com uma ação dos fellaghas, guerrilheiros argelinos, na noite de 31 de outubro para
1º de novembro de 1954.
O governo francês inicia a repressão contra os nacionalistas argelinos: são enviados mais de 500 mil
militares para a Argélia, incluindo contingentes da legião estrangeira e grupamentos de paraquedistas, tropas
auxiliares muçulmanas, harkis, que colaboram com os ocupantes. A “guerra suja” francesa permite a tortura
contra presos políticos, além da destruição de cerca de oito mil aldeias argelinas e morte de um milhão de civis.
Uma barreira eletrificada, a Linha Morice, fechava a fronteira da Argélia para evitar o contrabando de armas
para a FLN.
As organizações não governamentais teriam papel relevante na Guerra da Argélia. A extrema direita
francesa fundou o grupo terrorista Organisation de l’ArméeSecrète (OAS), que mesclava um discurso autoritário
e colonialista. Grupos como a Organização de Resistência da Argélia Francesa, liderada pelo dr. René Kovacs,
e a União Francesa Norte-Africana, presidida por Boyer-Banse, não toleraram o discurso sedicioso e
fizeram lobby para a manutenção do status colonial.
As vitórias do neonacionalismo árabe no Irã (Mossadegh), Egito (Nasser), Tunísia (Salah Ben Youssef e
Bourguiba) e Marrocos (Mohammed V) estimularam a luta argelina. O presidente René Coty e seu primeiro-
ministro Guy Mollet, que tentara uma solução de “autonomia dependente”, não conseguem contornar a crise
argelina. Em 13 de maio de 1958, unidades militares simpatizantes dos pieds-noirs, sob o comando dos
generais Salan e Massu, organizam o Putsch de Argel, formando um Comitê de Salvação Pública e minando a
autoridade do governo da IV República. Charles De Gaulle, líder da França Livre, durante a Segunda Guerra
Mundial, é convidado a integrar o governo para auxiliar na superação da crise.
No dia 4 de junho de 1958, o general De Gaulle visita Argel e faz o famoso discurso em que
diz Jevousaicompris, interpretado pelos pied-noirs como um sinal de que o general manteria a Argélia sob tutela
francesa.
Em 1961, apesar do aparente avanço político, as ações militares e terroristas da FLN e OAS se intensificam. O
radicalismo atinge ambos os lados: tortura como arma francesa; assassinatos de argelinos moderados em
ações da FLN.
Em 18 de março de 1962, com o armistício de Evian, a independência da Argélia é estabelecida, com
termos de garantia para os franceses argelinos. Um plebiscito aprova o princípio de autodeterminação dos
argelinos: o “sim” venceu com 75% dos votos na metrópole e 69% dos votos na Argélia.
Em 3 de julho, o presidente argelino Ben Khedda proclama a República Democrática Popular da Argélia. Em 25
de setembro, o presidente da Assembleia Nacional, Ferhat Abbas, designa Ben Bella como chefe de governo.
Nos primeiros anos do novo regime, 600 mil franceses abandonam o país, enquanto meio milhão de argelinos
retornam. No campo econômico, quase todas as empresas estrangeiras foram nacionalizadas.
ORIENTE MÉDIO
A origem da atual onda de violência no Oriente Médio não se encontra em um passado recente. A onda
de antissemitismo no mundo é tão antiga quanto a própria história do povo judeu, que sofreu a Diáspora na
Antiguidade Clássica durante o período do Imperador Vespasiano. A história do século XX registra casos de
antissemitismo na Rússia e na França e intenções de criar um lar mundial para os judeus desde a Primeira
Guerra Mundial, quando houve a Declaração de Balfour. Foi após a Segunda Guerra Mundial, entretanto, que o
movimento sionista ganhou fôlego. As atrocidades cometidas pelos nazistas sensibilizaram a opinião pública
mundial em favor dos judeus. A Grã-Bretanha, que mantinha a região da Palestina como um protetorado,
renunciou à sua autoridade na região em favor da ONU, que deveria promover um plano de partilha entre
árabes e israelenses. Os árabes, contudo, mostrariam-se mais do que hostis ao princípio de constituição de um
Estado judeu em uma região em que desde o século VII florescia o islamismo.
Em 1945, foi fundada a Liga Árabe, constituída inicialmente por um número modesto de países recém-
independentes: Egito, Líbano, Síria, Jordânia e Iraque. A Liga Árabe foi organizada com um duplo objetivo
declarado: promover o neonacionalismo árabe, isto é, a descolonização, e impedir a criação do Estado de
Israel. O primeiro objetivo foi um tremendo sucesso, enquanto o segundo um estrondoso fracasso. Em 1948,
em uma manobra militar mal coordenada, a Liga Árabe atacou Israel com o objetivo de impedir a criação do
Estado judeu. O resultado da guerra foi a vitória de Israel, que ocupou 75% dos territórios que deveriam ser
entregues aos palestinos para a constituição da República Árabe da Palestina. Os outros 25% foram ocupados
por egípcios (Faixa de Gaza) e jordanianos (Cisjordânia).
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Em 1956, durante a chamada Crise de Suez, ocorreu a segunda guerra árabe-israelense. O canal de
Suez, construído no século XIX por um consórcio anglo-francês, é uma importante rota de petróleo, pois liga o
mar Vermelho ao mar Mediterrâneo, região sul da Europa que consome o produto. O líder egípcio, Gamal Abdel
Nasser, expoente do neonacionalismo da região, desafiou, portanto, as duas potências europeias decadentes.
Não tardou para que os governos de Londres e Paris, aliados aos israelenses, desejosos de ocupar novos
territórios para concretizar o projeto de criação de uma zona de defesa, empreendessem uma aventura militar
contra o Cairo.
Em tempos de Guerra Fria, porém, os novos atores principais das relações internacionais não poderiam
tolerar tamanha afronta intervencionista sem terem sido consultados. A União Soviética do líder NikitaKruchev,
desejosa de penetrar na rica região petrolífera do Oriente Médio, ameaçou a Inglaterra e a França de retaliação
nuclear se o Egito não fosse deixado em paz. Os Estados Unidos, governados pelo presidente Eisenhower,
temendo uma escalada militar que pudesse conduzir à guerra, exigiram de seus parceiros da Otan que a
agressão militar cessasse. A Crise de Suez, após o abandono do Egito pelo consórcio anglo-franco-israelense,
demonstrava que o mundo tinha novas superpotências, evidenciando a fragilidade e decadência europeia. Aos
europeus nada mais restava senão tentarem organizar mecanismos de união continental na tentativa de
contrabalançar a influência americana e soviética.
A Crise de Suez evidenciou a fragilidade europeia em tempos de Guerra Fria. Não parece coincidência,
portanto, que um ano depois tenha surgido o mais importante tratado que conduziria o Velho Continente ao
processo de integração política que formaria a União Europeia.
O fim da Segunda Guerra alterou profundamente o cenário político mundial: a Europa, até então centro
do planisfério, foi relegada para uma categoria de região coadjuvante nas relações internacionais. A ascensão
dos Estados Unidos da América e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ditas superpotências,
transformou o Velho Continente em pátio de manobras da Guerra Fria. A incapacidade da Europa em
empreender projetos de reconstrução e defesa ficou evidente com a aplicação do Plano Marshall, programa de
concessão de créditos americanos para os países ocidentais arruinados, e pela criação da Otan, bloco militar
liderado por Washington. Os Estados Unidos assumiram o papel de tutor da Europa democrática contra a
ameaça comunista.
A decadência europeia também ficou evidente com o sucesso dos movimentos de descolonização afro-
asiáticos: o exótico pacifismo de Gandhi livrou a Índia, mesmo que sob o signo da fragmentação política, da
presença imperialista britânica; as guerrilhas da Indochina e Argélia impuseram dolorosas e humilhantes
derrotas aos franceses; em 1949, a Holanda já renunciara formalmente ao seu mandato sobre a Indonésia. O
modelo de descolonização da Grã-Bretanha, denominado invariavelmente de pacífico, contrastava com seu
congênere franco-belga, alcunhado de violento, por conta das guerras de libertação nacionais de vietnamitas e
argelinos contra franceses e da guerra civil do Congo belga entre Patrice Lumumba e MobutoSeseSeko. Na
África Portuguesa, a descolonização tardia viria somente na década de 1970, quando a ditadura de Salazar
seria derrubada pela Revolução de 25 de abril de 1974, denominada de Revolução dos Cravos. A social-
democracia portuguesa de Mário Soares assinaria os acordos de independência com o Movimento Popular pela
Libertação de Angola, de Agostinho Neto e com a Frente de Libertação de Moçambique, de SamoraMachel.
1967, UMA NOVA GUERRA NO ORIENTE MÉDIO E A COLONIZAÇÃO ISRAELENSE
Em 1967, após momentos de tensão entre árabes e israelenses, TelAviv adota a tática de que a melhor
defesa é o ataque e desfecha uma agressão coordenada contra seus vizinhos árabes de tal modo que a vitória
militar é obtida em menos de uma semana. É a chamada Guerra dos Seis Dias, quando o Exército de Israel
concretiza a ocupação militar sobre toda a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, regiões que deveriam ter sido
entregues aos palestinos, Península do Sinai, área egípcia e as Colinas de Golã, um complexo geográfico ideal
para desfechar um ataque militar contra Damasco e rico em recursos hídricos.
A atual situação destas áreas é a seguinte: Gaza e Cisjordânia foram territórios negociados na década
de 1990. Pelos acordos de Olso e Camp David, Israel deveria devolver estes territórios, enquanto a
Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se comprometia a renunciar a violência e controlar os
movimentos terroristas na região. A incapacidade da OLP em acabar com os ataques suicidas promovidos por
grupos radicais islâmicos, tais como o Jihad, o Hezbollah e o Hamas, que não aceitam o diálogo com Israel,
leva o Estado israelense a se recusar a cumprir sua parte no acordo. A Península do Sinai foi a única região
devolvida aos árabes. Pelo acordo de Camp David de 1979, o presidente do Egito Anwar Al Sadat renunciava
ao emprego da violência contra os judeus e reconhecia o direito de Israel de existir como Estado. Sadat,
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entretanto, seria assassinado por membros de sua própria guarda militar em 1981. As Colinas de Golã
constituem as únicas regiões que Israel se mostra intransigente em negociar.
A política israelense de promover colonização nos territórios ocupados complicou ainda mais a situação,
pois os colonos judeus que estabeleceram assentamentos em territórios árabes ocupados não aceitam negociar
com os árabes a devolução destas regiões.
Em outubro de 1973, ocorreu a Guerra do YomKippur, na qual os países árabes tentaram mais uma vez
destruir Israel através de uma ação militar coordenada. Novamente Israel repeliu o ataque. Após a guerra, os
países árabes exportadores de petróleo alteraram a estratégia contra Israel.
O petróleo passaria a ser empregado como arma de guerra. A Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) reduziu a oferta de petróleo em 10% no mercado mundial, o suficiente para o preço do barril
saltar de cerca de US$ 4,00 para US$ 12,00. O objetivo dos países árabes era pressionar o maior aliado do
colonialismo israelense na região: os Estados Unidos. O resultado deste primeiro choque do petróleo foi
desastroso para as economias ocidentais, porém, pressionou de fato o governo americano a iniciar uma postura
de árbitro nos conflitos do Oriente Médio. Disponível em: https://www.proenem.com.br/enem/historia/a-descolonizacao-afro-asiatica-e-o-surgimento-de-novos-atores-internacionais
Acesso em 26/08/2020
ATIVIDADE AVALIATIVA
Segunda parte – 28/09 a 03/10
1. (Fuvest) Portugal foi o país que mais resistiu ao processo de descolonização na África, sendo Angola,
Moçambique e Guiné-Bissau os últimos países daquele continente a se tornarem independentes. Isto se explica
a) pela ausência de movimentos de libertação nacional naquelas colônias.
b) pelo pacifismo dos líderes Agostinho Neto, Samora Machel e Amílcar Cabral.
c) pela suavidade da dominação lusitana baseada no paternalismo e na benevolência.
d) pelos acordos políticos entre Portugal e África do Sul para manter a dominação.
e) pela intransigência do salazarismo somente eliminada com a Revolução de Abril de 1974.
2. (Fuvest) Na década de 1950, dois países islâmicos tomaram decisões importantes: em 1951, o governo
iraniano de Mossadegh decreta a nacionalização do petróleo; em 1956, o presidente egípcio, Nasser, anuncia a
nacionalização do canal de Suez. Esses fatos estão associados
a) às lutas dos países islâmicos para se livrarem da dominação das potências Ocidentais.
b) ao combate dos países árabes contra o domínio militar norte-americano na região.
c) à política nacionalista do Irã e do Egito decorrente de uma concepção religiosa fundamentalista.
d) aos acordos dos países árabes com o bloco soviético, visando à destruição do Estado de Israel.
e) à organização de um Estado unificado, controlado por religiosos islâmicos sunitas.
3. (Puc-Rio) As lutas pela descolonização transformaram profundamente o mapa político mundial na segunda
metade do século XX. As alternativas abaixo relacionam características importantes dos Estados nacionais
surgidos na África e Ásia ao longo desse período, com EXCEÇÃO de uma. Qual?
a) A maioria dos novos Estados nacionais adotou sistemas políticos e modelos de governo ocidentais inspirados
nas experiências de suas metrópoles.
b) Os Estados recém-constituídos conseguiram construir uma identidade política sólida, o que permitiu a
organização do movimento dos países "não-alinhados", em Bandung, na Indonésia.
c) Na maioria dos novos países, coube ao Estado tomar para si as tarefas de modernização e crescimento
econômico com o objetivo de promover o desenvolvimento nacional.
d) Nos países em que a independência se realizou por meio de revoluções sociais, os novos Estados tenderam
para o modelo soviético.
e) Nos processos de independência conseguidos através de guerras contra as antigas metrópoles, os exércitos
nacionais e suas lideranças acabaram por desempenhar um papel de destaque na política nacional dos novos
Estados.
4. (Pucsp) "A economia dos países africanos caracteriza-se por alto endividamento externo, elevadas taxas de
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inflação, constante desvalorização da moeda e grande grau de concentração de renda, mantidos pela ausência
ou fraqueza dos mecanismos de redistribuição da riqueza e pelo aprofundamento da dependência da ajuda
financeira internacional, em uma escala que alguns países não tiveram nem durante o colonialismo". Leila Leite Hernandez. "A África na sala de aula". São Paulo: Selo Negro Edições, 2005, p. 615.
O fragmento caracteriza a atual situação geral dos países africanos que obtiveram sua independência na
segunda metade do século XX. Sobre tal caracterização pode-se afirmar que:
a) deriva sobretudo da falta de unidade política entre os Estados nacionais africanos, que impede o
desenvolvimento de uma luta conjunta contra o controle do comércio internacional pelos grandes blocos
econômicos.
b) é resultado da precariedade de recursos naturais no continente africano e da falta de experiência política dos
novos governantes, que facilitam o agravamento da corrupção e dificultam a contenção dos gastos públicos.
c) deriva sobretudo das dificuldades de formação dos Estados nacionais africanos, que não conseguiram
romper totalmente, após a independência, com os sistemas econômicos, culturais e político-administrativos das
antigas metrópoles.
d) é resultado exclusivo da globalização econômica, que submeteu as economias dos países pobres às dos
países ricos, visando à exploração econômica direta e estabelecendo a hegemonia norte-americana sobre todo
o planeta.
e) deriva sobretudo do desperdício provocado pelas guerras internas no continente africano, que tiveram sua
origem no período anterior à colonização europeia e se reacenderam em meio às lutas de independência e ao
processo de formação nacional.
5. (Ufes) O presidente sul-africano ficou surpreso ao saber que, no Brasil, o maior país de população negra fora
da África, se fala uma só língua e se pratica o sincretismo religioso. ("O Globo" - 23/7/98)
O texto se refere à visita ao Brasil do presidente sul-africano, Nelson Mandela, que combateu duramente os
sérios problemas enfrentados pela África do Sul após se libertar da sujeição efetiva à Inglaterra. Uma das
dificuldades por que passou o país foi a política de "apartheid", que consistia no(a)
a) resistência pacífica, que previa o boicote aos impostos e ao consumo dos produtos ingleses.
b) radicalismo religioso, que não permitia aos brancos professar a religião dos negros, impedindo o sincretismo
religioso que interessava aos ingleses.
c) manutenção da igualdade social, que facilitava o acesso à cultura a brancos e negros, desde que tivessem
poder econômico e político.
d) segregacionismo oficial, que permitia que uma minoria de brancos controlasse o poder político e garantisse
seus privilégios diante da maioria negra.
e) desarmamento obrigatório para qualquer instituição nacional e exigência do uso exclusivo do dialeto africano
nas empresas estrangeiras.
6. Autoavaliação da aprendizagem:
Como você avalia a sua aprendizagem acerca do Objeto de Conhecimento (Conteúdos) deste Roteiro de
Estudos?
( ) Estudei e entendi todo o conteúdo;
( ) Estudei e entendi parcialmente o conteúdo;
( ) Estudei e não compreendi o conteúdo;
( ) Não estudei o conteúdo, apenas respondi as atividades.
Justifique sua resposta evidenciando suas dificuldades.
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LINK PARA ENVIO DAS RESPOSTAS:
https://forms.gle/a6tJ2je3AUWcyyPdA
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Para quem dispõe de recursos tecnológicos e acesso à internet.
Assistir aos vídeos nos links abaixo:
⮚ Descolonização Afro-Asiática:
https://www.youtube.com/watch?v=_oTtoez025o
A Batalha de Argel – 1966 (Trailer)
https://www.youtube.com/watch?v=AGLAIdWr-Go
⮚ África agoniza com seca e guerras
https://www.youtube.com/watch?v=hkjqFPKtc2I
O massacre de Ruanda
https://www.youtube.com/watch?v=geOkJ8p6CX8
O Congo Belga
https://www.youtube.com/watch?v=qHbv5NlDLOU Reportagem sobre o Congo
https://www.youtube.com/watch?v=l_RR2_f-xzU