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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem Assistência em Saúde Mental e Psiquiátrica II MÓDULO II Tatuí-SP 2017

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem

Assistência em Saúde Mental e Psiquiátrica II

MÓDULO II

Tatuí-SP

2017

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Sumário 1. PSIQUIATRIA: CONCEITO ...................................................................................................................................... 2 2. A PSIQUIATRIA NO BRASIL ................................................................................................................................... 2 3. OS PROBLEMAS DA ASSISTÊNCIA PSIQUIÁTRICA ........................................................................................ 2 4. PAPEL DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS ........................................................................................................................ 3 5. AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SEUS DISTÚRBIOS ................................................................................................ 3

5.1 Distúrbios da Percepção ........................................................................................................................................ 3 5.2 Distúrbios do Pensamento ...................................................................................................................................... 4 5.3 – Distúrbios da Memória ........................................................................................................................................ 6

6. PERSONALIDADE ...................................................................................................................................................... 6 6.1 Conceito: .................................................................................................................................................................. 6

7. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS ............................................. 7 7.1 Etiologia das Perturbações Mentais: ..................................................................................................................... 7 A) Psicoses Sintomáticas .......................................................................................................................................... 7

8. O HOSPITAL PSIQUIÁTRICO ............................................................................................................................... 12 8.1 - Considerações gerais ......................................................................................................................................... 12 8.2 Estrutura Física do Hospital Psiquiátrico .......................................................................................................... 12

9. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA ........................................................................................ 13 9.1 – Conceito e considerações gerais: ....................................................................................................................... 13 9.2 – Atuação de enfermagem psiquiátrica numa abordagem holística. ................................................................ 13 9.3 – Requisitos básicos para o profissional de Enfermagem Psiquiátrica ............................................................ 13 9.4 – Características das Anotações de Enfermagem em Psiquiatria ..................................................................... 14 9.5 – Roteiro de anotações (diárias) ........................................................................................................................... 14 9.6 Conduta de Enfermagem nas intercorrências psiquiátricas ............................................................................ 15

10. ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO EM PSIQUIATRIA ............................................................................. 18 10.1 Terapia Medicamentosa .................................................................................................................................... 18 10.2 Impregnação Medicamentosa ........................................................................................................................... 19 10.3 Eletroconvulsoterapia (ECT) ............................................................................................................................. 20

Referencias ...................................................................................................................................................................... 22

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1. PSIQUIATRIA: CONCEITO

É um ramo da medicina que se preocupa em diagnosticar, tratar e prevenir as doenças mentais e os distúrbios de comportamento.

A psiquiatria é uma das áreas da medicina que se diferencia muito das demais. O paciente psiquiátrico não tem apenas um órgão doente, ele é um todo afetado (comportamento, emoções, etc). Seu “ser” está alterado.

Atualmente é uma especialidade que dispõe de muitos recursos como hospital dia/noite, ambulatórios, oficinas terapêuticas, etc.

Isso contribui para que o paciente não seja mais visto como meu “Peso Morto”. A segregação do indivíduo, da sociedade e da família, o “hospitalismo” está cada dia menos

usado. “A Enfermagem tem a mais nobre oportunidade, no desempenho de suas atividades em

Psiquiatria, o de conviver com esse ser sui-generis especial, que chamamos de doente mental”.

2. A PSIQUIATRIA NO BRASIL

No Período Colonial - (1500 – 1822) inexistia assistência psiquiátrica no Brasil. Os médicos

portugueses faziam apenas clínica geral, não tinham experiência técnica para tratar as doenças mentais, estes eram aprisionados em cadeias públicas tidos como “perigosos”. Após a Proclamação da República iniciou uma mobilização no sentido de cuidar dos doentes mentais.

Em 05 de dezembro de 1852 foi criado o 1º hospital psiquiátrico no Brasil: o hospício D. Pedro II, no Rio de Janeiro. Inicialmente com capacidade para 140 pacientes. É promulgada a 1ª lei brasileira em favor dos doentes mentais.

Em 1855 sofreu ampliações para 340 pacientes. Em 1829, José Martins da Cruz Jobin, escreve pela 1ª vez, artigos sobre os doentes mentais,

num seminário que circulava no Rio de Janeiro. Titulava-se “Insania Loguaz” o seu escrito. Ele foi também, o 1º médico de Hospício D. Pedro II, pioneiro em campanhas para promover a melhoria da assistência aos Doentes Mentais.

Em 1.890, o hospício D. Pedro II é separado da Santa Casa de Misericórdia, passando a chamar-se Hospital Nacional dos Alienados, hoje Hospital Juliano Moreira.

Em 1.903, Juliano Moreira é nomeado diretor do Hospital Alienados. Criou condições de terapia ocupacional e separou os pacientes por patologia, organizou fichários, biblioteca. Este foi quem realmente organizou a psiquiatria no Brasil.

Ainda , no início do século XX criou-se o Hospital do Juquiri, por Francisco Franco da Rocha. Era um Hospital escola que promoveria congressos e cursos, nacionais e internacionais, reuniões para estudo de casos e aperfeiçoamento e intercâmbio entre os profissionais que cuidavam dos doentes mentais.

3. OS PROBLEMAS DA ASSISTÊNCIA PSIQUIÁTRICA

• Deficiência em recursos materiais • Despreparo dos recursos humanos • Política de saúde, a nível nacional, baseada apenas no enfoque curativo; sem condições

para desenvolver preservação da doença mental. • Deficiência de verbas destinada à área especifica da Saúde Mental. • Cultura da sociedade que encara o Doente Mental como um “peso” a ser afastado,

gerando superrpopulação nos hospitais. Os hospitais psiquiátricos deveriam: • Adequar a terapia implementando terapia ocupacional, recreação, planta física adequada. • Treinar seus recursos humanos promovendo constante atualização e intercâmbio entre a equipe multiprofissional. A Política de Saúde do Governo Federal, Estadual e Municipal, deveria:

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• Integrar os serviços da Rede Básica com atenção à saúde mental. Não tratar os usuários por partes e seu como um todo.

• Aumentar a quantidade e variedade dos serviços de saúde mental comunitária. • Facilitar o acesso dos usuários aos serviços de saúde mental preventiva.

• Diminuir a hospitalização 4. PAPEL DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS

As funções psíquicas correspondem ao mundo interior, instintos, desejos, emoções, lembranças, juízos, raciocínios percebidos por uma consciência, e que se opõe ao mundo exterior, ou ao mundo dos objetos: mês, livros, árvore, carro.

A vida interior é observável pelos outros, sob a forma de comportamento: a palavra, os gestos, a conduta.

O papel das grandes funções mentais é evidentemente, o de garantir a adaptação do indivíduo em seu mundo. Pode-se distinguir:

• As funções afetivas:

Os sentimentos se refletem às dores e aos prazeres físicos e morais, às emoções ( alegria,

cólera, medo, tristeza, etc.) às paixões, aos instintos, às necessidades, às tendências.

• As funções da consciência:

A consciência do copo, a atenção, a vigília e o sono. O sentimento de existir são as funções da consciência.

• As funções sensoriais:

As sensações são indispensáveis para conhecer o mundo que nos cerca, para o vermos,

compreendê-lo, senti-lo, degustá-lo, tocá-lo.

• As funções do conhecimento:

As percepções permitem reunir e reconhecer as sensações e ligá-las aos objetivos. A atenção é a concentração das faculdades intelectuais sobre um objeto ou aos pensamentos.

A imaginação é o poder de reviver com intensidade os estados de consciência passados e de criar estados novos. A memória é a função principal que permite conservar os estados psicológicos passados, de os recordar, e de os reconhecer como passados e de localizá-los no passado.

• As funções de expressão, ação e de adaptação:

A linguagem, a mímica, os gestos representam os meios de comunicação como o próximo. A motricidade voluntária permite agir. Os hábitos consistem em aquisições de automatismo permitindo realizar certos atos sem a intervenção contínua da vontade. A vontade é o meio pelo qual um indivíduo, após refletir, raciocinar e julgar, realiza um ato do qual se escolheu a finalidade e os meios. 5. AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SEUS DISTÚRBIOS 5.1 Distúrbios da Percepção

A) Ilusões:

Erro Interpretativo de uma percepção ( vê errado). O objetivo existe. Tem relação com as necessidades psico-afetivos, temores, etc...

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Para apresentar uma ilusão não haverá necessidade de uma alteração mental obrigatória. Ex.: Na rua escura a própria sombra pode parecer uma pessoa perseguindo-nos.

B) Alucinação:

É uma pseudopercepção sem objeto. A alucinação é fruto da mente doentia do indivíduo. Ele

cria uma percepção e projeta-a na realidade. Para criá-la, o indivíduo não precisa de estímulos extremos. É uma criação da mente doentia.

As imagens mentais surgem espontaneamente no cérebro, sendo projetadas para o mundo exterior como se fossem reais.

A alucinação tem grande importância para o diagnóstico das doenças mentais.

Tipos de Alucinações:

• Alucinações Auditivas São as mais comuns: Os doentes mentais as denominam como “vozes”. Essas vozes têm as

características mais diversas. Ora são claras, ora ininteligíveis. Ora dão bons conselhos, ora dão maus conselhos, fazem insultos, ameaças e dão ordens sarcásticas.

As vozes, às vezes, podem repetir o pensamento do paciente ( sonorização do pensamento- comum na esquizofrenia). Provocam ansiedade, agitação e agressividade auto ou heterodirigida.

Muitas vezes, os pacientes, negam a alucinação auditiva, mas esta é percebida pelo comportamento. Uns colocam algodão nos ouvidos, falam sozinhos ( solilóquio).

• Alucinações Visuais: São menos freqüentes que as alucinações auditivas. É como se o paciente estivesse

vivenciando um sonho. As imagens alucinatórias podem ser de tamanho natural, minúsculas ou gigantescas. Podem ainda ser alucinações com animais.

São comuns nos delírios alcóolicos e nos cocaínicos. São raros na esquizofrenia. Provocam, muitas vezes, pânicos e medo nos pacientes.

• Alucinações Táteis Originam-se no tegumento (pele). Referem-se a sensibilidade de formigamento, de

mordeduras, de queimaduras, de frios. Ocorrem na intoxicação por cocaína e “delirium tremens”.

• Alucinações Gustativas e Olfativas Estão, geralmente, associadas à idéias delirantes de perseguição e de influência. Exemplo: O

paciente pode queixar-se que sua comida está envenenada ou que contem excremento. Os pacientes podem negar-se a comer ou beber. São comuns na esquizofrenia paranóia,

epilepsia.

• Alucinações Cinestésicas: Trata-se de alucinações que comprometem a sensibilidade geral interna. Às vezes, afetam o

corpo todo do paciente, por exemplo: o paciente tem a sensação que o seu corpo está podre, carregado de eletricidade, que tem um de seus membros amputados. Às vezes, são parciais, por exemplo: o paciente sente que seu coração transformou-se em pedra, ou em algodão.

• Alucinações Extracampinais: Ocorrem fora do campo visual do paciente. Exemplo: o paciente vê alguém atrás dele.

5.2 Distúrbios do Pensamento

Pensamento é qualquer atividade mental consciente, onde as idéias são reunidas, surgem idéias novas e são interligadas entre si através da imaginação.

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Distúrbios na Progressão do Pensamento

• Aceleração Ocorre devido a necessidade do indivíduo de dizer as muitas idéias que pensa. Ele fala

imoderadamente ( verborréia, logorréia). Devido à aceleração do pensamento, ocorre fuga de idéias. Muitas vezes a idéia não é complementada. Ocorre também variações no tema do pensamento. Essa ocorrência é típica dos estados de excitação maníaca. (taquipsiquismo).

• Retardo ou Inibição: Nesse caso o raciocínio é lento, as sensações mentais são lentas e há uma sensação de

incapacidade para pensar. O paciente pode falar espaçadamente e com tonalidade baixa. É comum nos estados depressivos. (bradpsiquismo).

• Desagregação: O pensamento apresenta-se desordenado, sem seqüência lógica. É comum na Esquizofrenia.

• Perseveração: Consistem numa repetição automática de frases, idéias e palavras. São freqüentes em

estados maníacos.

• Prolixidade: O paciente faz rodeios para concluir seu pensamento, usa detalhes desnecessários e banais.

É comum na Epilepsia, oligofrenias e demência orgânica.

• Bloqueio: Consiste na privação súbita do pensamento. “Dá um branco”.

Distúrbios no Conteúdo do Pensamento

• Idéias Obsessivas: São idéias impostas ao psiquismo de modo brusco e persistente, sendo que o indivíduo que

as sofre tem consciência do estado patológico do seu pensamento, mas não o controla pela sua vontade, o que lhe causa angústia. É comum nos estados neuróticos.

• Idéias supervalorizadas ou determinadas O indivíduo apresenta propensão a centralizar-se num tópico especial do pensamento.

Quando existe uma idéia superdeterminada ela “cega”o indivíduo a tudo mais que o cerca. É comum nos estados psicóticos.

• Idéias Delirantes: Aparecem quando o juízo crítico falha por completo ou deixa de funcionar. Expressam o

ingresso do indivíduo à psicose ou cronificação da sua doença normalmente. Não há idéias delirantes em casos agudos.

A) Aspectos essenciais do Delírio: • Convicção plena daquilo que afirma • Geralmente é algo fora do bom senso, absurdo e inaceitável. • Há uma auto-referência, ou seja, o indivíduo é sempre o centro do seu delírio. B) Quanto ao conteúdo o delírio pode ser:

• Persecutório: É a forma mais freqüente. O paciente crê que é perseguido por uma ou várias pessoas que

querem fazer-lhe mal.

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• Referência: O indivíduo diz-se alvo de infâmias e calúnias. • Influências (ou posse) O indivíduo sente-se comandado pela vontade de outro. Ex: “Eu não preciso dizer... você

sabe...!” • Enormidade: Megalomania. É comum na Esquizofrenia. • Reivindicação: O indivíduo sente-se ótima de graves injustiças, por isso, batalha tenazmente pelos direitos

alegados.

• Invenção: Pretende inventar algo inédito e absurdo.

• Místico: O indivíduo acha-se em comunhão constante com entidade religiosa ou com o poder de Deus

que lhe fala, dá ordens etc.

• Ciúme: Trata-se de um ciúme patológico ( ciúme dos alcoólatras).

• Auto acusação: O indivíduo acusa-se de faltas e crimes que não cometeu. Constante sentimento de culpa.

• Ruína: O indivíduo julga-se um desgraçado, perdido, na iminência de catástrofes.

• Hipocondria: O indivíduo crê-se vitima de doenças terríveis e incuráveis. Os exames com resultados

normais não o convencem.

5.3 – Distúrbios da Memória

Memória é a função através da quais informações adquiridas e apresentadas à consciência, através da observação, são armazenadas, sendo evocadas mais tarde ao plano consciente.

• Hiperminésia: Memória anormalmente aguçada. Nesse caso o paciente lembra detalhes mínimos de certos

fatos de forma clara e límpida.

• Amnésia: É a perda da memória por fatores orgânicos ou psicológicos.

a) Orgânicos: traumatismo (TCE)

b) Psicológicos: choques emocionais

• Paramnésia:

Falsificação da memória. Serve como proteção contra a ansiedade intolerável.

6. PERSONALIDADE 6.1 Conceito:

Etimologicamente a palavra personalidade é de origem latim , Persona , nome dado à

máscara usada pelos atores de teatro romano.

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Comentário: Ao passar do tempo a palavra personalidade passa a significar a interioridade do homem e

não ao fator externo ou aparência . A psicologia trata a personalidade como conjunto de hábitos , atitudes e traços característicos

que determina o ajustamento de uma pessoa em seu ambiente. A personalidade doentia, é caracterizada por pessoas que não tem uma maneira

absolutamente normal de viver .São inflexíveis , rígidas e mal-adaptativas para viverem harmonicamente em sociedade .

A personalidade acha-se totalmente submetida, desde o nascimento até a morte a uma grande quantidade de fatores, aos quais ela deve adaptar-se.

Um indivíduo é uma história, uma síntese modelada por todo seu passado. Sua doença é uma reação, um modo de reagir às múltiplas agressões. Citaremos agora alguns tipos de personalidades doentias como exemplos, e para discussão:

1 – Personalidade Borderline : 2 – Personalidade Introvertida : 3 – Personalidade Psicopata : 4 – Personalidade Criminosa :

Concluímos que a mente humana é um enigma ainda não decifrável , e que com o passar do

tempo , vem sofrendo muitas influencias do meio externo , levando o ser humano a cometer certas atrocidades assustadoras , tornando o homem “algo inexplicável” e inconcebível . Conclusão

A personalidade acha-se totalmente submetida, desde o nascimento até a morte a uma

grande quantidade de fatores, aos quais ela deve adaptar-se. Um indivíduo é uma história, uma síntese modelada por todo seu passado. Sua doença é

uma reação, um modo de reagir às múltiplas agressões. Assim como dois indivíduos não têm a mesma história, dois doentes não se parecem

totalmente, sendo preciso adaptar o tratamento e reeducar essa personalidade. É justamente por isso que o tratamento das doenças mentais e a equipe que atua nesse

trabalho devem agir de forma harmônica e integrada. 7. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS 7.1 Etiologia das Perturbações Mentais:

O problema da etiologia das doenças mentais é , provavelmente , o mais difícil de ser

pensado. Evoluindo desde os conceitos demonológicos até hoje, foi no século XIX, com Kraepelin e no começo do século XX com Freud, que se lançaram as bases do pensamento mais moderno. Kraepelin procurou etiologias específicas para os diversos quadros mentais, esbarrando de início no problema de que quadros relativamente semelhantes poderiam ser causados por agentes etiológicos diferentes, ou um mesmo agente poderia provocar quadros distintos. Assim, por exemplo, uma depressão pode ser a expressão de uma perda material ou afetiva, ser fase de uma PMD ou mesmo produto de um quadro orgânico cerebral. O álcool, agente etiológico, pode levar a um quadro de intoxicação aguda, de embriaguez patológica , de delirium tremens , etc.

Progressivamente (Freud), a noção de causa e efeito foi sendo abandonado. Assim, fatores constitucionais (herança), mais acontecimentos ocorridos na infância gerariam uma disposição à doença mental. Esta poderia ou não surgir em função a acontecimentos tardios.

Com isto, uma grande revolução no conceito de DM foi atingido , concebendo o ser humano como uma unidade bio-psico-social.

A) Psicoses Sintomáticas

Conceito : as psicoses sintomáticas são quadros que surgem como um sintoma de afecção geral que atinge o indivíduo . No passado eram chamadas de reações exógenas aguda de

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Bonhoeffer . São, portanto, manifestações psiquiátricas de caráter psicótico resultante de afecções somáticas. Como características gerais têm:

• são geralmente agudas ,irrompendo de forma brusca ; • são reversíveis , desaparecendo quando controlado o quadro somático que lhe deu

origem ; • apresenta-se geralmente com um quadro de rebaixamento de consciência , podendo

ocorrer fenômenos alucinatórios , predominantemente visuais , acompanhando um quadro basicamente confusional .

Por vezes a psicose sintomática prolonga-se por várias semanas com um quadro de tipo amencial, flutuações de consciência e perplexidade. Por momentos, o paciente pode recobrar parcialmente a consciência para depois mergulhar novamente em seu estado confuso onírico ( sonhos ) .

As psicoses sintomáticas devem ser diferenciadas das psicoses cérebro-orgânicas que são provocadas por afecção que lesam diretamente o cérebro e, por isso, são crônicas e irreversíveis, tendendo psicopatologicamente para uma evolução de caráter demencial.

As psicoses sintomáticas podem basicamente ser provocadas por intoxicações ou infecções. São classificadas como autotóxicas quando provocadas por enfermidades gerais internas como as tireoidopatias, diabetes, uremias, etc. As heterotóxicas são provocadas por intoxicações acidentais, profissionais ou com finalidade hedonística (prazer individua), bem como por medicamentos (álcool, LSD, maconha, etc.).

O tratamento consiste em remover o quadro tóxico ou infeccioso de base e neuroléptico.

B) Oligofrenias ou Deficiência Mental

Introdução: classicamente as Deficiências Mentais, ou oligofrenias (do grego oligo = pouco, pheren = espírito), eram vistas como “uma condição de subdesenvolvimento mental” já apresentada logo ao nascer ou nos primeiros anos de vida .

Durante a década de 60 , a Associação Americana de Deficiente Mental a definiria como “todos os graus de defeito mental devidos’ ou que levam a um desenvolvimento mental insuficiente , dando como resultante que o indivíduo é incapaz de competir , em termos de igualdade , com os companheiros normais ou é incapaz de cuidar de si mesmo ou de seus negócios com a prudência normal .

Na década de 90, a OMS tenta compreendê-la de modo mais amplo em função de três conceitos inter-relacionados:

• Deficiência: no que diz respeito a uma anomalia da estrutura ou aparência do corpo humano e do funcionamento de um órgão ou sistema , seja qual for sua causa , se constituindo em princípio em uma perturbação de tipo orgânica

• Incapacidade: reflete as conseqüências de uma deficiência no âmbito do rendimento funcional e da atividade do indivíduo; desse modo, a incapacidade representa uma perturbação no plano da pessoa;

• Desvantagem: se refere às limitações experimentadas pelo indivíduo, em virtude da deficiência e da incapacidade; reflete, portanto as relações do indivíduo com o meio, bem como sua adaptação ao mesmo.

A variabilidade intelectual dentro da população é então pesquisada de forma estatística, tendo

nos teste de nível intelectual, com a determinação de um quociente intelectual, a ferramenta fundamental para padronização dos valores determinantes dos diversos graus. Dessa forma, obtêm-se, em função de uma média pesquisada populacionalmente e dos respectivos desvios padrão, as seguintes faixas de deficiência mental:

Quadro demonstrativo sobre as variações da inteligência

Inteligência Características

Quociente de Inteligência

(QI)

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Inteligência normal 90 > QI < 110

Inteligência Limítrofe (variações

normais da inteligência ) 70 > QI < 90

D.M. Leve Indivíduo independente 50 > QI < 70

D.M. Moderada Dificuldade em aprender entender e

linguagem é deficiente 36 > QI < 50

D.M. Severa Não tem capacidade de produção,

comunica-se com dificuldade acentuada 20 > QI < 36

D.M. Profunda Indivíduos incapazes de sobreviverem

sozinhos, não se comunicam 20 < QI

A Deficiência Mental não é uma patologia específica mais sim um conjunto complexo de síndrome que tem como sinal comum o déficit intelectual, que apresenta etiologia variável, profundamente influenciável pelos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Dessa forma, poderíamos, de modo simplificado, estruturar suas etiologias conforme abaixo :

1. Causas Pré-Natais : genéticas - alterações cromossômicas ( síndromes ) ;

- alterações gênicas ( erros inatos de metabolismo ) ambientais – infecções ( toxoplasmose,rubéola,etc ) ; radiações ionizantes ; ingestão de drogas ; má nutrição materna . 2. Causas Perinatais : anóxia ou hipóxia (asfixia e prematuridade) traumatismo de parto hiperbilirrubinemia (imaturidade hepática e sensibilização materno-fetal)

2. Causas Pós-natais: infecção do SNC (meningoencefalite); má nutrição ; intoxicação exógenas (chumbo,dióxido de carbono , etc ) ; traumatismos ; radiações ,etc .

Tratamento: o uso de medicamentos é muitas vezes inevitável devido as alterações de

conduta próprias da patologia. Basicamente é utilizado neurolépticos , ansiolíticos , antidepressivos ,etc. Além de uma importante psicoterapia , principalmente com crianças .

C) Depressão:

Introdução: a depressão é uma doença potencialmente incapacitante se não for tratada adequadamente, trazendo muitos prejuízos aos seus portadores, como faltas ao trabalho, licenças médicas, aposentadorias precoces e isolamentos afetivos e pessoais. O termo depressão abrange amplo espectro de fenômenos, incluindo quadros predominantemente psicogênicos, como neuroses e reações depressivas, quadros predominantemente somatogênico, etc... .

Tipos de Depressão: encontramos dois tipos de depressão, com sintomatologias basicamente iguais, a Depressão Exógena e Depressão Endógena sendo esta última de tratamento mais longo, podendo se tornar crônica.

A depressão exógena, chamada desta forma por apresentar ações externas como o meio em que vive, uma situação de perda afetiva ou mesmo material, um problema financeiro, uma mudança de cidade, etc... , que ao menor tempo passa, assim que a situação é contornada.

Já a Depressão endógena possui um agravante genético e são relativamente independentes frente a situações ambientais ou externas. A causa dessa depressão são várias, sendo uma delas, e a de maior peso, a diminuição de algumas substâncias neurotransmissoras cerebrais responsáveis pela regulação do humor como, por exemplo , a Serotonina e a Noradrenalina .

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A depressão pode atingir ambos os sexos em qualquer idade, e muitas vezes o paciente passa a usar, sem saber, a bebida alcoólica ou outras drogas para aliviar temporariamente os sintomas .

Sintomatologia : • • humor deprimido • incapacidade de sentir prazer e desinteresse • alteração de sono e apetite • baixa auto-estima • sensação de inferioridade e inutilidade • lentificação ou agitação • fadiga e diminuição da energia • idéias de culpa constantes • dificuldades de raciocínio , concentração e memória • idéias de morte

Tratamento: o tratamento das depressões deve se basear na ponderação de seus fatores

etiológicos, não se descurando a psicoterapia em favor dos tratamentos biológicos, quando se abordarem os quadros predominantemente psicogênicos ou relativos. O tratamento medicamentoso tem-se atualizado dia após dia com lançamento de antidepressivos de potência cada vez maior adaptando-se a cada indivíduo.

D) Transtorno Afetivo Bipolar :

Antigamente conhecida como Psicose Maníaco Depressiva (PMD). É uma psicose endógena, da causa orgânica , influenciada por fatores ambientais. Possui duas fases chamadas de distúrbio Bipolar I (fase maníaca) e distúrbio Bipolar II (fase depressiva). No transtorno Afetivo Bipolar o indivíduo pode intercalar fases de mania e/ou depressão , ou só ter mania , ou só ter depressão por longos tempos . Para caracterizar a doença deverá ocorrer em seqüência intercalada fases de mania e de depressão.

O início é caracterizado por elação ou elevação do humor e aumento da atividade. Com agravamento do quadro aparecem euforia ou irritabilidade, insônia, grandiosidade, logorréia , hipersexualidade , gastos excessivos e , na evolução hostilidade e violência física ocasional em relação à imposição de limites ou conselhos racionais . Em casos mais extremos o maníaco se torna francamente psicótico, com fuga de idéias, fala desorganizada, agitação, delírios ( tipicamente de grandeza ) e alucinações , sendo muitas vezes diagnosticados erroneamente como esquizofrenia . As primeiras fases de mania começam por volta dos 25 anos de idade., embora a doença possa surgir mais precocemente na adolescência ou tardiamente na vida adulta . A fase depressiva, o indivíduo apresenta baixa auto-estima, sentimentos de culpa infundados, idéias suicidas fixas, anorexia, adinamia .

O tratamento é basicamente o medicamentoso, alterando de acordo com as fases. Usa-se neurolépticos e antidepressivos associados a ansiolíticos ; faz-se importante a psicoterapia, principalmente na fase depressiva .

E) Esquizofrenia :

Descrita por Kraepelin em 1896 com o nome de “Demência Precoce”, recebeu o nome atual dado por Bleuluer em 1911, porque para ele o paciente apresenta “uma mente dividida” , considerando a divisão da personalidade como característica central da doença. A Esquizofrenia é uma doença mental caracterizada por desagregação do pensamento, embotamento afetivo , com prejuízo severo da crítica , além de uma deteriorização grosseira nos parâmetros da realidade. Como critérios obrigatórios devem estar presentes: idéias delirantes, comportamento claramente inadequado e desacostumado, alucinação e transtornos psicomotor grosseiro com hipo ou hiperatividade e presentes em grau severo; a retirada social, transtornos do pensamento que não sejam delirantes, medo esmagador, transtorno do afeto, despersonalização e desleixo.

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Etiologia: do ponto de vista etiológico também é difícil reconhecer–se uma causa única. São

necessários fatores predisponentes (genéticos, constitucionais, bioquímicos) em concomitância com fatores desencadeantes (desestruturação familiar, dificuldades de desenvolvimento, instalação de uma comunicação ambígua através de mensagens contraditórias, “o duplo vínculo”,que se dão no núcleo familiar). Atualmente, do ponto de vista bioquímico , a hipótese dopaminérgica é a mais citada como produtora dos sintomas da esquizofrenia.

Tipos de esquizofrenia: classicamente descrevem-se quatro subgrupos da esquizofrenia. 1. Esquizofrenia simples: caracteriza-se pelo autismo, pela superficialidade das respostas

emocionais, com perda gradual e insidiosa da vontade, interesse e iniciativa. Afasta-se do contato com as pessoas e tende ao isolamento.

2. Esquizofrenia catatônica: alem dos sintomas anteriores estão presentes sintomas psicomotores. O paciente apresenta-se com acinesia tendendo à flexibilidade cérea ou com hipercinesia estereotipada. Ainda estão presentes o negativismo e a obediência automática a ordem simples.

3. Esquizofrenia hebefrênica: caracteriza-se por grande desagregação do pensamento levando a uma agitação psicomotora desordenada e bizarra acompanhada de risos imotivados e falta de crítica ,demonstração de todo o caos interno vivenciado.

4. Esquizofrenia paranóide: estão presentes as alucinações e delírios de auto referencia (grandeza e dominante) em geral persecutórios.

5. Esquizofrenia residual: é a forma crônica de todas as esquizofrenias, caracterizada por sintomas negativos, como: apatia, indiferença, embotamento afetivo, passividade, etc...

Tratamento: basicamente medicamentoso a base de neurolépticos e psicoterapia, em

determinados tipos.

F) Transtorno do Pânico :

Introdução: os ataques de pânico são caracterizados pelo início súbito em que os pacientes se sentem tomados por um intenso medo. A duração da crise pode ser de alguns minutos até uma ou duas horas e são acompanhadas de intenso sentimento de medo de morrer, de perder o controle ou enlouquecer.

Sintomatologia: os sintomas mais comuns são: sensação de vertigem, falta de ar, palpitações, tremores, sudorese, náuseas e sensação de calor e frio no corpo.

A maioria das pessoas apresentam essas crises várias vezes por semana, podendo desenvolver um quadro de agarofobia ( medo de sair às ruas , entrar em supermercados, bancos , etc.) , com evidente restrição de sua necessidade pragmática.

Tratamento: o tratamento é feito utilizando antidepressivos, com isto as crises começam a se espaçarem, chegando a desaparecer. O quadro fóbico residual é tratado com psicoterapia. É utilizado também ansiolíticos no controle das crises.

G) Transtorno Obsessivo-Compulsivo ( TOC ):

Introdução: Estudos epidemiológicos, nos EUA, indicam ser o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) muito mais freqüentes do que se pensava. Caracteriza-se o TOC por obsessões ( idéias , pensamentos ou impulsos que se impõem à consciência da pessoa ,contra a sua vontade , e que são reconhecidas ,em geral , com sendo absurdas e insensatas ) e compulsões ( comportamentos repetitivos e executados geralmente de forma ritualista e estereotipadas ). Freqüentemente as compulsões têm a finalidade de anular ou neutralizar algum acontecimento terrível que a pessoa julga poder provocar com seus pensamentos. Os pensamentos obsessivos mais comuns são relativo a contaminações ( micróbios,doenças,tóxicos ) , preocupações com simetria e ordem , duvidas patológicas (“fechei ou não o gás ,a porta , a torneira .... ) e escrúpulos religiosos ou morais .

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As compulsões mais comuns referem-se a lavar ( algumas pessoas chegam a consumir horas em banhos ritualísticos ) ,contar , conferir ou verificar , tocar compulsivamente objetos específicos , arrumar simetricamente objetos , e rituais de ordem e limpeza.

Estudam-se, no momento, as relações do TOC com certos distúrbios relativos ao controle dos impulsos, como a tricotilomania, a cleptomania, a bulemia, e até mesmo certas formas ego-distônicas de parafilias, que se exercem como “impulsos incontroláveis”. Estudas - se também a relação do TOC com a síndrome de Gilles de la Tourette, caracterizada por tiques motores e vocais.

Tratamento: é basicamente medicamentoso utilizando clorimipramina e fluoxetina , uma vez que nesta patologia a um grande distúrbio a nível de neuro-receptores nas sinapses .

8. O HOSPITAL PSIQUIÁTRICO

8.1 - Considerações gerais

É a instituição que se preocupa em diagnosticar e tratar indivíduos com distúrbios mentais e

devolvê-los reabilitados para sua família e sociedade. O excesso da população confinada nos hospitais psiquiátricos dificulta o cumprimento desse

objetivo. Porém, atualmente com a Política de Saúde voltada para a desospitalização, muitos pacientes estão sendo tratados ambulatorialmente, ou em regime de hospital Dia/Noite.

Isso possibilita que o doente mental não perca o vínculo com a família e a sociedade, favorecendo sua reintegração, após o tratamento; diminui o estigma sobre o paciente psiquiátrico; favorece a participação da família na colaboração do tratamento e reabilitação do paciente.

8.2 Estrutura Física do Hospital Psiquiátrico

• Portaria • Sala de espera : sanitários • Ambulatório: consultórios e triagem • Sala de admissão: exames, entrevista da equipe multiprofissional (psicólogos –

enfermeiros – assistente social, etc). • Sala de arquivo: fichário, SAME • Administração • Sala de reuniões de grupo: familiares, pacientes, profissionais da multi equipe • Setor de internações: feminino e masculino • Salas para tratamentos específicos (ECT, etc). • Salas para atendimento odontológico • Postos de Enfermagem • Sala de chefia de Enfermagem • Sala para higienização • Dependências para Terapia Ocupacional • Serviço de Nutrição e Dietética (SND): refeitórios para pacientes e funcionários • Sala de zeladoria e manutenção • Necrotério • Lavanderia • Pátios/ jardim (área externa) • Áreas para recreação e lazer

A área física do hospital psiquiátrico varia de acordo com as características da clientela e dos

recursos materiais e humanos que o constituem. De um modo geral, possui característica pavilhonar.

A parede das dependências onde permanecem pacientes deve ter pisos e paredes laváveis, de cores claras; janelas altas e teladas, fora do alcance dos pacientes. Não deve haver escadas,

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preferindo-se rampas, para evitar quedas e facilitar o acesso do paciente confinado à cadeira de rodas.

Os sanitários e salas de higienização não devem possuir espelhos, chuveiros e descargas, devem ser acionadas por mecanismo não removível; os chuveiros devem ser altos.

A mesa de cabeceira e armários para guarda de pertences, somente em alas de pacientes sob controle, (“crônicos/moradores”). Serão guardados sob responsabilidade da instituição.

Deve-se evitar mobiliário em aço com emendas com solda para não favorecer quebra e acidentes.

Os pátios com muros altos e a área externa deve ser ampla, com quadras de jogos e áreas de recreação, bem cercadas com muros e alambrados altos.

Nessas áreas os pacientes devem estar sempre sob vigilância. O horário para o atendimento dos pacientes do sexo feminino e masculino (refeitório,

recreação, etc) são diferentes. Algumas vezes, permite-se a convivência mútua, sob vigilância. As demais características da estrutura e funcionamento são semelhantes ao hospital geral

(enfermaria clínica, sala de curativos, etc). 9. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA 9.1 – Conceito e considerações gerais:

A enfermagem psiquiátrica deve proporcionar um relacionamento terapêutico e um ambiente

adequado, para ajudar o paciente a suprir suas necessidades e a corrigir os aspectos doentios do seu comportamento, preparando-o para a reintegração na família e na sociedade. Deve preocupar-se também, com ações de promoção da saúde mental e prevenção dos transtornos mentais.

A finalidade da assistência de enfermagem na psiquiatria é conhecer, compreender e colaborar para a recuperação do equilíbrio mental do indivíduo na medida do possível.

A atitude fundamental do profissional de enfermagem é encarar o paciente como um indivíduo “sui-generis” e tratá-lo de forma humana, sem estigmas (“louco”, “maluco”, “ruim do juízo”, etc). É preciso compreender e conhecer o paciente psiquiátrico e as características de sua doença para conviver bem nesta área da enfermagem.

9.2 – Atuação de enfermagem psiquiátrica numa abordagem holística.

• Aceitar o paciente como ele é; • Não ver no paciente a doença e sim um indivíduo doente; • Tratar cada paciente como um ser único. Ninguém é igual a ninguém cada ser é único,

individual; • Ter boa habilidade nas relações humanas e boa habilidade técnica. O paciente precisa

ver no profissional uma pessoa firme e segura. • Conhecer e identificar corretamente o distúrbio mental do paciente para saber o que e

como observá-lo no dia a dia.

9.3 – Requisitos básicos para o profissional de Enfermagem Psiquiátrica • Ter saúde equilibrada (física e emocional); • Ter segurança de si e do procedimento que vai realizar com o paciente. • Ter flexibilidade, sem deixar-se manipular pelo paciente; • Ter abertura intelectual e interesse em atualizar-se; • Incentivar a independência do paciente. Evitar tratá-lo como “bichinho de estimação”; • Manter postura profissional quanto ao sigilo, aparência física, maturidade humana e

moral; • Ser responsável e sincero, sem hipocrisias. O doente mental é extremamente sensível.

Não é fácil enganá-lo. Nunca prometer se não pretende cumprir, nem fazer “barganhas”.

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• Ter características pessoais tais como: discrição, bondade, paciência, domínio próprio, lealdade, humor estável e amor pelo que faz;

• Ter boa capacidade de observação. Ser comunicativo.

9.4 – Características das Anotações de Enfermagem em Psiquiatria

Devem conter: data, horário, condições da internação, alta ou transferência (só ou acompanhado, consciente ou não, lúcido ou confuso, etc).

Devem ser: claras, legíveis, sem ambigüidades, exatas, honestas, objetivas, completas, sem rasuras, descritivas, (essa é a característica que difere de modo especial, as anotações psiquiátricas das demais, na enfermagem).

Ser descritivo é diferente de ser interpretativo, como segue nos exemplos: As anotações de enfermagem são importantes por:

• Oferecer informações sobre a história da doença do paciente e suas reações; • Colher dados para auxiliar o diagnóstico e tratamento; • Possuir valor legal para fins jurídicos, contábeis, etc; • Ser fonte de estudo e pesquisa.

Certo Errado 01 Pela manhã bateu no companheiro de enfermaria, andou o tempo todo

pelo pátio gritando, recusou alimentar-se. Está

agressivo. 02 Rasgou a roupa do corpo, quebrou sua escova de dentes, amassou o

prato durante o almoço. Está

destrutivo. 03 Chorou durante toda a manhã, não tomou banho, recusou alimentar-se e

participar da recreação, permanecendo todo o tempo isolado num canto do pátio.

Está deprimido.

04 Não quis entrar na fila para tomar o café e almoçar, não tomou banho no horário e recusa-se a obedecer qualquer ordem da enfermagem. Está

desobediente.

05 Deprimido, tentou suicídio, cortando o pulso com lâmina que trouxe da T.O. no dia anterior.

Apresenta-se deprimido com idéia suicida.

9.5 – Roteiro de anotações (diárias)

• Hábitos higiênicos e no vestir-se: (Toma banho sozinho ou com ajuda, vai para o banho espontaneamente ou forçado; tem boa ou má higiene corporal; as vestes são limpas ou sujas alimentos, fezes, urina). Veste-se adequadamente.

• Alimentação:

Alimenta-se bem, mal, exageradamente, forçadamente. Tem alucinações com relação à alimentação: olfativa, gustativa e visual. Ex: refere que sua comida contém fezes, veneno, vidro, urina, etc, recusando-se terminantemente a comer. Geralmente essas alucinações estão associadas aos delírios de perseguição, ou seja, querem matá-lo através da comida.

• Sono: - Quantas horas de sono: Ex: Psicose bipolar. Na fase maníaca dormem pouquíssimo. - Sono tranqüilo ou intranqüilo: Ex: Tem pacientes que não dormem por causa de alucinações durante o sono. - Sonambulismo.

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• Condições físicas (exame físico) Geral, principalmente nos pacientes impregnados sob efeito de psicotrópicos.

• Condições da postura e marcha: Se andam, cabisbaixos, lentamente; se correm, intercalam a marcha com pulinhos ou param subitamente como estátuas.

• Sexo:

Se tem idéias obsessivas sobre sexo (só pensa e fala em sexo); se apresenta tendências homossexuais, se tem aversão à sexo, se pratica masturbação, etc.

• Linguagem: Se é rápida e desconexa (verborréia), se é lenta, entonada; se grita ou fala em tom baixíssimo e monótono; se fala espontaneamente ou somente quando solicitado (mutismo).

• Expressão facial: Se tensa, abatida, angustiada com olhar ao longe, fixo num determinado ponto.

• Atitudes e reações: O que gosta de fazer ou não, se faz espontaneamente ou coagido, se inter-relaciona com os outros, etc.

• Idéias: Se tem pensamentos coerentes, aceitáveis, ou não.

• Orientação: Se está orientado no tempo e espaço, sabe quem é, quem são as pessoas que o cercam, etc.

• Afeto e humor:

Se relaciona com os outros pacientes, funcionários; se tem modificações súbitas de humor; se manifesta carinho, etc.

9.6 Conduta de Enfermagem nas intercorrências psiquiátricas

Assistência de enfermagem ao paciente agitado

A) Causas:

• Epilepsia • (fase maníaca) na psicose Bipolar • Esquizofrenia • Psicoses orgânicas • Toxicômania (delírio cocaínico) – Síndrome de abstinência • Pós traumatismo crânio-encefálico – confusão mental.

B) Conduta:

• Proporcionar ambiente calmo • Canalizar a energia excessiva (atividade recreativa) • Manter cuidados físicos adequados

- Alimentação (incentivar) - Hidratação (devido a sudorese, sialorréia) - Higienização (seborréia – efeito dos psicotrópicos) - Sono (ansiolíticos) - Peso (observar emagrecimento – evitar caquexia) - Eliminações

• Manter vigilância constante e rigorosa (mudança de humor) • Administrar a medicação prescrita (tranqüilizantes)

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• Restringir o paciente no leito somente quando for administrar medicações • Manter em isolamento somente quando estiver agitado a ponto de agredir outros e ele

mesmo.

Assistência de enfermagem ao Paciente Agressivo

A) Causas: • Alcoolismo • Toxicomania • Esquizofrenia – delírio persecutório,

alucinações, manias, demência, epilepsia

• Esquizofrenia catatônica – estupor (agitação psicomotora com agressividade).

B) Conduta:

• Idem ao paciente agitado e ainda • Selecionar bem o funcionário • Tratar o paciente com compreensão, firmeza e calma • Administrar tranqüilizantes • Isolar o paciente s/n.

Assistência de enfermagem ao Paciente Deprimido

A) Causas:

• Neuroses, esquizofrenia (após a crise), psicose bipolar – fase depressiva, epilépticos, toxicômanos (após o efeito da droga geralmente tentam o suicídio), alcoolismo.

B) Conduta:

• Manter vigilância rigorosa; • Manter diálogos animadores; • Manter ambiente alegre; • Incentivar higiene corporal e boa aparência; • Incentivar alimentação – SNG s/n; • Observar eliminações; • Controlar peso; • Observar postura corporal – corrigir; • Permitir repouso (sono); • Incentivar o paciente a movimentar-se; • Incentivar e encaminhar o paciente para atividades; • Observar reações durante a visita; • Administrar medicação prescrita; • Manter a porta do posto de enfermagem sempre fechada.

Assistência de enfermagem na tentativa de suicídio A) Observações: O suicídio é mais freqüente nos homens, mas a tentativa suicídio é maior

nas mulheres. Mulheres – super dose de drogas e corte de pulso. Homens – tiros com arma de fogo, faca (arma branca), atiram-se sob veículos.

B) Tipos de suicídio mais freqüentes em hospitais psiquiátricos • Enforcamento; • Asfixia (com travesseiros, cobertores);

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• Ferimentos cortantes (lâminas e canivetes); • Quedas (janelas e escadas); • Envenenamento (ácidos usados nas limpezas); • Intoxicação (medicação – super dose); • Menor comum – fogo, isqueiro e cigarro.

C) Locais: banheiros, enfermarias (principalmente), cozinha, rouparia.

D) Horários: o de menor vigilância, devido menor

número de funcionários. Horário das refeições Horário de recreação Passagem de plantão

E) Causas: depressão intensa, esquizofrenia, alcoolismo (crise de abstinência), delírios, alucinações, pacientes terminais (cancerosos, aidéticos), toxicômanos, homossexualismo, solidão, isolamento, problemas pessoais (sentimental, profissional, financeiro).

F) Ações para conter o suicídio • Conhecer cada paciente e saber qual sua doença mental – se tem tendências à

depressões; • Fazer supervisão constante; • Redobrar vigilância com pacientes deprimidos; • Observar, avaliar, anotar e comunicar comportamentos e atitudes suspeitas; • Observar objetos trazidos por familiares; • Aumentar a vigilância no período noturno; • Orientar o pessoal da zeladoria, copa, lavanderia para que não deixem objetos de

trabalho exposto; • Nunca deixar paciente suspeito sozinho; • Não deixar que o paciente tenha acesso ao posto de enfermagem; • Deixar chave de armário de medicamentos, na responsabilidade de um único

funcionário em cada turno; • Vigiar se o paciente que freqüenta a T.O está trazendo material (corte – perfurante); • Manter diálogo freqüente com paciente a fim de detectar os seus problemas.

G) Ações quando a tentativa se realiza

• Prestar socorro de urgência conforme a situação; • Comunicar imediatamente o médico do paciente ou o plantonista; • Não criticar a atitude do paciente; • Assumir atitude de compreensão afím de ajudá-lo; • Evitar que outros pacientes presenciem o fato; • Registrar no prontuário (quando, hora, data, como) medidas tomadas e estado atual.

Assistência de enfermagem na evasão Hospitalar

A tentativa de evasão tem índice muito alto.

A) Causas: • Insatisfação com atendimento; • Saudades da família e dos amigos; • Falta de objetos de uso pessoal (sabonete, cigarro); • Ingestão de bebidas alcoólicas ou tóxicas (falta).

B) Prevenção: • Detectar e solucionar causas de insatisfação (falta de objetos);

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• Descobrir se alguém está maltratando o paciente; • Manter ambiente adequado (limpeza); • Verificar com o médico a possibilidade de licença; • Verificar com a assistência social a possibilidade da família visitar o paciente.

C) Conduta frente à fuga efetuada: • Comunicar imediatamente portaria, médico, assistente social e família; • Apurar o que aconteceu (onde houve falha); • Aguardar que o paciente retorne ao hospital; • Quando retornar, receber com postura séria, sem criticá-lo; • Registrar o ocorrido no prontuário e no relatório geral.

Assistência de enfermagem na alta hospitalar A) Conduta:

• Checar se a alta foi assinada pelo médico; • Comunicar à assistência social para que entre em contato com a família; • Comunicar o paciente sobre a alta, prepará-lo e arrumar seus pertences; • Orientar os familiares ou responsáveis sobre

como proceder com o paciente em casa. Orientar a família como se comportar com cada atitude do paciente;

• Orientar familiares sobre a medicação, importância de seguir corretamente a prescrição e do controle médico periódico;

• Registrar no prontuário e relatório geral o horário da saída, o profissional que o acompanhou, as orientações que foram dadas e em que condições deixou o hospital.

Assistência de enfermagem na licença hospitalar

É importante para permitir que o paciente se reintegre à família e à sociedade. A) Conduta:

• Verificar no prontuário se a licença está assinada pelo médico; • Comunicar à assistência social para que avise os responsáveis pelo doente; • Separar a medicação necessária ao paciente durante o período de licença – colocar

número exato de comprimidos separados; • Entregar por escrito o nome do medicamento, a

dosagem e o horário aos familiares; • Orientar a família sobre efeitos colaterais do

medicamento; • Avisar o dia de retorno; • Dar o termo de responsabilidade para a família

assinar; • Anotar no prontuário e no relatório geral, data,

horário de saída, condições do paciente, com quem saiu.

10. ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO EM PSIQUIATRIA

10.1 Terapia Medicamentosa

O uso de drogas psicotrópicas é o tratamento habitual para as doenças mental sendo o principal suporte do tratamento. Atualmente as drogas psicotrópicas estão sendo produzidas com alta tecnologia, de forma que os efeitos colaterais e reações adversas são menores. Essas drogas

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atuam diretamente no sistema nervoso central, de modo a equilibrar atitudes, reações, pensamentos e sentimentos do paciente.

As drogas usadas em psiquiatria se classificam como segue, com os efeitos de acordo com o quadro.

Psicofarmacoterapia - Classificação das drogas Psicolépticos

Ação sobre o psiquismo, amortecendo o seu tono: Reduzem a vigília, diminuem a capacidade cognitiva, diminuem as tensões e a ansiedade. Deprimem, globalmente, as funções sensitivas e motoras.

Antipsicóticos Hipnóticos Ansiolíticos

Psicoanalépticos Estimulam o psiquismo:Reduzem depressão, elevam o humor, ativam a vigília, melhoram processos cognitivos.

Antidepressivos Psicoestimulantes Neuropsicotróficos

Psicodislépticos Produzem alterações psicopatológicas da sensopercepção, do pensamento e do comportamento motor.

Euforizantes e Desinibidores Alucinógenos e Despersonalizantes

Para-Psicotrópicos Medicamentos outros de uso freqüente em Psiquiatria

Anti-Epilépticos Antiparkinsonianos Anti-Alcoólicos Lítio

Atuação de Enfermagem na Psicofarmacoterapia

• Conhecer o princípio ativo das drogas; • Conhecer os efeitos colaterais e reações adversas das drogas; • Observar rigorosamente a dosagem, via, horário, nome da droga e do paciente ao

administrar o psicotrópico .Nem sempre o paciente psiquiátrico se comunica. • Ter responsabilidade na guarda dos medicamentos psicotrópicos (com chave); • Seguir e verificar sempre a prescrição médica antes de preparar e administrar o

medicamento. Atenção com a mudança de nomes farmacológicos e nome comercial das drogas;

• Verificar após a visita de revisão médica, geralmente, semanal, as mudanças (acréscimos ou diminuição de doses ou de medicações na presença dos pacientes);

• Ao preparar e administrar as drogas, ter sempre em mente os cuidados gerais de enfermagem para esses procedimentos.

10.2 Impregnação Medicamentosa

A impregnação é um processo que depende da sensibilidade de cada paciente, da droga e da dose a ser usada , por isso, é uma conduta muito discutida muito discutida.

A finalidade da impregnação é abolir a vontade e iniciativa do indivíduo, tornando-o indiferente aos fatores externos. O paciente apresenta rigidez motora com marcha atáxica (arrastada), incoordenação motora. Organicamente pode ter: amenorréia, inibição da ejaculação, sialorréia, insônia noturna e sonolência diurna, sudorese e seborréia (couro cabeludo e face), disfagia com rigidez de mandíbula.

Conduta de Enfermagem na impregnação

• Controlar os SSVV, poderá apresentar hipotensão e hipertemia; • Incentivar e encaminhar ao banho de aspersão (sudorese e seborréia); • Incentivar e oferecer alimentação e líquidos (é comum a inapetência pela abulia e pela

rigidez mandibular); • Auxiliar deambulação S/N; • Proporcionar repouso; • Observar eliminações; • Encaminhar e incentivar atividades de T.O; • Observar; anotar e comunicar aumento excessivo da rigidez e tremores das

extremidades.

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10.3 Eletroconvulsoterapia (ECT)

Desde meados do século XVIII a indução de crises epilépticas com cânfora foi usada como forma de tratamento dos distúrbios mentais.

Cerleti e Bini introduziram a utilização de correntes de eletricidade para induzir convulsões terapêuticas. Antes deles, Meduna usou cardiasol para provocar convulsões. Atualmente a única forma é o eletrochoque.

Indicações

• Estados depressivos; • Estados maníacos com taxas de recuperação variáveis e baixas; • Em esquizofrenia os resultados são mínimos.

O número de aplicações é variável, a melhora torna-se evidente após a 3ª semana, sendo

usado de 10 a 20 aplicações. O medo e ansiedade do paciente é reduzido com uso de sedação prévia. Não há muito consenso a respeito da ECT, até hoje. Contra indicações

• Tumor cerebral; • Estados patológicos que comprometem a função cardíaca e pulmonar.

Complicações São pouco freqüentes. Alguns riscos para o sistema circulatório do parênquemia cerebral. Após 40 anos de existência o ECT é aceito e discutido, a compreensão parcial do seu modo

de ação encoraja sua substituição por tratamentos com psicofármacos. Modo de uso

• Colocação de eletrodos temporais bilateralmente; • Retirada de jóias e próteses bem como roupas apertadas; • O colchão deve ser firme e o paciente deve estar bem contido; • A voltagem mínima é de 70 volts, o tempo não inferior a 0,1 segundos. Menos que

essa voltagem e tempo, o paciente só ficará atordoado e não ocorrerão as convulsões. A voltagem mais usada é de 80 a 120 volts em 0,15 a 0,3 segundos.

• O material de emergência (PCR) deverá estar à mão. Conduta de Enfermagem na ECT

• Preparar o paciente: higiene, retirada próteses, etc; • Encaminhá-lo à sala de ECT de acordo com sua condição de deambulação. • Deitá-lo sobre colchão firme, restringido nas articulações, principalmente para evitar

que no período de convulsão, ele se machuque; • Instalar eletrodos, nas têmporas; • Lateralizar a cabeça do paciente; • verificar SSVV do paciente antes, depois da terapia e durante o procedimento

(atenção à respiração).

Atualmente são utilizados relaxantes musculares e sedativos para evitar que o paciente fique muito apreensivo com o tratamento.

O médico psiquiatra estará ao lado do paciente durante todo o tratamento e ele determinará a voltagem e o tempo de aplicação da ECT.

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Complicações e intercorrências mais comuns

• Taquicardias, arritimias (passageiras); • Amnésia temporária; • Parada respiratória; • Crises epilépticas tardias; • Fraturas em ossos longos; • Alteração na motricidade; • Medo e pânico do ECT.

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Referencias F. CINTRA DO PRADO; JAIRO RAMOS; J. RIBEIRO DO VALLE. Atualização Terapêutica Manual Prático de Diagnóstico e Tratamento. Ed. Artes Medicas 16ª edição. CID-10 - Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português (Centro Brasileiro de Classificação de Doenças) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo/Organização Mundial de Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde Copyright © 1993 by Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português