ESPAÇO ESCOLAR COMO AMBIENTE DE SAÚDE E ENSINO...

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15 ESPAÇO ESCOLAR COMO AMBIENTE DE SAÚDE E ENSINO NO DISCURSO DE ALUNOS 1. INTRODUÇÃO [...] só existirá uma democracia no Brasil no dia em que se montar, no Brasil, a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública. Mas, não a escola pública sem prédios, sem asseio, sem higiene e sem mestres devidamente preparados e, por conseguinte, sem eficiência e sem resultados (TEIXEIRA, 1935). 1.1. PENSANDO O PROBLEMA O primeiro delineamento do objeto de estudo da pesquisa se deu sobre o tema espaço vivido em sala de aula e outros ambientes por dois grupos de alunos de uma escola pública de aplicação pedagógica localizada na Universidade Estadual de Maringá. O objetivo foi compreender como jovens estudantes da 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio pensavam sua escola, no caso o Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá (CAP), em termos de espaço e saúde, espaço e aprendizagem, ligando a ideia de espaço vivido como ambiente traduzido em luminosidade, acústica e conforto térmico. A hipótese era a de que estas dimensões seriam reconhecidas pelos alunos como impeditivas ao bem-estar e aprendizagem na escola. A elaboração desta hipótese foi sustentada na leitura de pesquisadores que estudam as edificações escolares e seu cotidiano. Esses estudiosos demonstram como as situações de conforto ambiental como a luz, a ventilação e a acústica podem interferir nas condições de saúde e aprendizado dos estudantes. Pode-se ver estas questões abordadas em Dayrell (1999), Kolowaltowski (1999), no Relatório da Organização Mundial de Saúde (1999), Hathaway (2000), Bernardi, (2002), Viñao (2005), Bertolotti (2007), para os quais o espaço pode ser fator de interferência no

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ESPAÇO ESCOLAR COMO AMBIENTE DE SAÚDE E ENSINO NODISCURSO DE ALUNOS

1. INTRODUÇÃO

[...] só existirá uma democracia no Brasil no dia em quese montar, no Brasil, a máquina que prepara asdemocracias. Essa máquina é a da escola pública. Mas,não a escola pública sem prédios, sem asseio, semhigiene e sem mestres devidamente preparados e, porconseguinte, sem eficiência e sem resultados(TEIXEIRA, 1935).

1.1. PENSANDO O PROBLEMA

O primeiro delineamento do objeto de estudo da pesquisa se deu sobre o tema

espaço vivido em sala de aula e outros ambientes por dois grupos de alunos de uma

escola pública de aplicação pedagógica localizada na Universidade Estadual de

Maringá. O objetivo foi compreender como jovens estudantes da 7ª e 8ª séries do

Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio pensavam sua escola, no

caso o Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá

(CAP), em termos de espaço e saúde, espaço e aprendizagem, ligando a ideia de

espaço vivido como ambiente traduzido em luminosidade, acústica e conforto

térmico. A hipótese era a de que estas dimensões seriam reconhecidas pelos alunos

como impeditivas ao bem-estar e aprendizagem na escola.

A elaboração desta hipótese foi sustentada na leitura de pesquisadores que

estudam as edificações escolares e seu cotidiano. Esses estudiosos demonstram

como as situações de conforto ambiental como a luz, a ventilação e a acústica

podem interferir nas condições de saúde e aprendizado dos estudantes. Pode-se ver

estas questões abordadas em Dayrell (1999), Kolowaltowski (1999), no Relatório da

Organização Mundial de Saúde (1999), Hathaway (2000), Bernardi, (2002), Viñao

(2005), Bertolotti (2007), para os quais o espaço pode ser fator de interferência no

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cotidiano escolar. A esse respeito Kowaltowski (2000 apud BERNARDI, 2001, p.2)

afirma:

Condições desfavoráveis de conforto em escolas, como temperaturaselevadas, ruído excessivo, iluminação inadequada, densidade excessiva dealunos na sala de aula, equipamentos inadequados à faixa etária atendidapodem influenciar negativamente no desempenho escolar dos alunos,causando distúrbios de saúde.

Além das condições de saúde determinadas pelo espaço, Dayrell (1999) aponta

outro aspecto relevante na relação espaço/sujeito. Para este pesquisador a

organização do espaço escolar condiciona algumas atitudes e práticas no dia-a-dia

da escola, agindo de forma não-verbal no condicionamento dos sujeitos. Ou seja, a

disposição das salas, das carteiras, da mesa do professor e a localização da lousa

indicam os lugares da escola e, portanto, como se deve comportar nesse ambiente.

A arquitetura e a ocupação do espaço físico não são neutras. Desde aforma da construção até a localização dos espaços, tudo é delimitadoformalmente, segundo princípios racionais, que expressam uma expectativade comportamento dos seus usuários. Nesse sentido, a arquitetura escolarinterfere na forma da circulação das pessoas, na definição das funções paracada local. Salas, corredores, cantina, pátio, sala dos professores, cada umdestes locais tem uma função definida "a priori". O espaço arquitetônicoda escola expressa uma determinada concepção educativa (DAYRELL,1999, p.13, grifo da autora).

De um outro ponto de vista, mas tomando o espaço da escola, Viñao (2005, p.17)

aponta a dimensão escola/estudante. A escola é um território que amplia a vivência

do aluno.

[...] Um lugar específico, com características determinadas, aonde se vai,onde se permanece umas certas horas de certos dias, e de onde se vem.Ao mesmo tempo, essa ocupação de espaço e sua conversão em lugarescolar leva consigo sua vivência como território por aqueles que com elese relacionam.

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O espaço escolar, na visão desses pesquisadores, deixa de ser somente uma

estrutura física e apresenta-se como construção social no momento em que se

estabelece uma relação deste com os sujeitos que o utilizam. Dessa forma, o

espaço escolar torna-se mais uma variável a ser analisada no processo ensino-

aprendizagem e um possível fator que interfere nas condições de saúde e

aprendizagem dos estudantes.

Nesse caminho, os apontamentos desses estudiosos levaram a formular os

problemas de pesquisa: O que a escola representa para o aluno? Como este a

representa do ponto de vista de seu conforto corporal/ambiental? Os alunos

identificam a influência do espaço no processo de ensino-aprendizagem? Identificam

problemas nas condições dos ambientes destinados a atividades escolares?

Estes problemas levaram a optar por uma metodologia com abordagem empírica,

por entrevistas com o objetivo de explorar as dimensões espaço escolar, saúde e

aprendizagem na vida dos jovens. Entrevistaram dois grupos de estudantes. O

primeiro grupo com um total de 10 alunos, da 7ª série e 8ª série do Ensino

Fundamental. No segundo grupo um total de 15 alunos, da 1ª, 2ª e 3ª série do

Ensino Médio. Estes alunos estão matriculados no período diurno do Colégio de

Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá, localizado no Campus

da Universidade Estadual de Maringá.

Dessa maneira, esperou-se que os entrevistados pudessem discursar sobre o

espaço do Colégio de Aplicação Pedagógica, CAP, cuja arquitetura é a dos Centros

de Atenção Integral à Criança, CAIC, que, embora distinguindo das outras escolas,

por ser uma escola de aplicação, mantém a forma usual de salas com alguns

problemas do cotidiano escolar: sol gerando reflexos na lousa, calor no verão, frio

nos dias de inverno, interferência de sons externos, etc. Esperava-se que os alunos

entrevistados levantassem os problemas gerados nesse espaço vivido e que, de

alguma forma, fizessem relação com a saúde e aprendizado.

No entanto, para surpresa, os jovens entrevistados fizeram da entrevista uma pauta

de debate da escola e sua função. Estes identificaram os problemas de ventilação,

luz excessiva, acústica ruim, quadra de esportes sem funcionalidade. Foram, porém,

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além. Trataram os problemas do espaço vivido como as dimensões que consideram

empecilhos para aprendizagem escolar. Apontaram como obstáculos à

escolarização a falta de professores; ausência de diálogo entre alunos e diretores,

alunos e professores, alunos e coordenação; a falta de aulas práticas em ciências,

química, física e a não integração da escola com a universidade e seus projetos de

ensino, pesquisa e extensão.

As dimensões pontuadas pelos alunos em seus relatos foram levadas à leitura sobre

o projeto arquitetônico de Anísio Teixeira; um projeto pedagógico pensado para a

escola brasileira desde a década de 30. Neste projeto, Anísio Teixeira pensou a

arquitetura escolar aliada às condições de um projeto pedagógico com inovações

curriculares e científicas.

Desta forma, este trabalho, primeiramente orientado para descobrir como os alunos

vivenciavam o espaço escolar, tornou-se uma reflexão sobre o discurso dos alunos

diante de uma escola modelo, o CAP, e seu projeto pedagógico. Em outras palavras,

os alunos foram capazes de desenhar uma escola remetendo às ideias de Anísio

Teixeira. Os jovens entrevistados pediam uma escola com aulas para além das

expositivas, queriam aulas complementares com laboratórios e, principalmente, uma

nova conformação do espaço físico e vivido do CAP.

Para apresentar esta dissertação optou-se por discutir na segunda seção, os

estudos que nortearam este trabalho. Na terceira seção foram descritos os

procedimentos metodológicos e o desenvolvimento da pesquisa de campo: as

observações e o registro em diário de campo, os registros fotográficos e as

entrevistas. Na quarta seção são apresentadas considerações e análises. Na quinta

seção encontra-se a conclusão com base nos dados obtidos na pesquisa de campo.

Após as referências, encerrou-se o texto com a apresentação dos anexos: as

entrevistas, a transcrição destas na íntegra e a transcrição do diário de campo, como

forma de auxiliar na compreensão do trabalho.

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2. ALICERÇANDO A PESQUISA

Através de sua atividade, o ser humano cria-se a simesmo e exprime, espacial e temporalmente, a açãorecíproca entre a vida e o cenário onde ela sedesenvolve (Frank Svensson, 1999).

2.1. O ESPAÇO ESCOLAR COMO OBJETO DE ESTUDO

Para compreender o espaço escolar em sua dinâmica, faz-se necessário considerar

a ideia de Merleau - Ponty (1971 apud MALLARD, 2006, p.26-27) de que o espaço é

“[...] um mediador de existências, uma condição preliminar para que as coisas sejam

dispostas e conectadas, isto é, para que as coisas façam sentido”. Pensando deste

modo pode-se compreender as interações sujeito/objeto, representado por

alunos/espaço escolar, como forma de se estabelecer uma relação de significação

entre eles.

Moussatche et al (2000), ao analisarem a arquitetura de quatro prédios escolares

construídos em períodos diferentes na cidade do Rio de Janeiro, apresentam essas

edificações como ambientes psicossocialmente representados, ou seja, ambientes

que influem na relação afetiva da população com a escola. Para os autores, “como

ambientes físicos sociopoliticamente construídos, os prédios escolares, são

construídos num âmbito social complexo, em que alguns seres humanos criam

ambientes que serão vivenciados e, eventualmente, recriados por outros”

(MOUSSATCHE et al, 2000, p. 301).

Nesse mesmo sentido, Mallard (2006) apresenta o conceito do espaço vivido1, o

espaço no qual estão impregnadas as emoções, ou seja, o espaço de experiência

no mundo, pois, ao defrontar com tais lugares, experimenta-se possivelmente

sensações diversas. As experiências que tiveram em determinados espaços vão

1 Segundo Moussatche et al (2000) o espaço vivido é definido por sua tradição cultural, asexperiências cotidianas que já se vive no espaço.

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remeter a sentimentos e emoções que podem favorecer ou inibir a relação com esse

espaço.

Na literatura, são encontrados vários estudiosos como França (1994), Mallard (2006)

e Hertzberger (1999) relatando as relações entre espaço/sujeito e mostrando a

influência do espaço na vida do sujeito.

Na escola, pode-se observar que o espaço escolar estabelece uma relação com os

estudantes, na forma de um espaço de experiências, como afirma Dayrell (1999, p.

02):

Apreender a escola como construção social implica, assim, compreendê-lano seu fazer cotidiano, onde os sujeitos não são apenas agentes passivosdiante da estrutura. Ao contrário, trata-se de uma relação em contínuaconstrução de conflitos e negociações em função de circunstânciasdeterminadas.

A estrutura física da escola, além de condicionar atitudes e comportamentos pode

também ser fator de influência na saúde dos estudantes. Hathaway (2000, p.24.), ao

tratar da iluminação em escolas, detectou a influência da iluminação na saúde e

desempenho dos estudantes. No trabalho “A Study Into the Effects of Types of Light

on Children: A Case of Daylight Robbery”, sua conclusão foi a de que os sistemas de

iluminação não são neutros, há presença de vários efeitos nos alunos desde

diferenças na taxa de crescimento, altura, ganho de gordura, diminuição da

incidência de cáries até diferenças no aproveitamento escolar.

Cabe, então, perguntar: Quais as condições do espaço escolar?

Se pensar na escola como o local em que, segundo o Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira2, quase 56 milhões de crianças passam

cerca de cinco horas por dia, por mais de oito anos, torna-se necessário trazer o

espaço escolar ao debate educacional e compreendê-lo como fator interferente no

cotidiano escolar.

2 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira: último censo escolar(2006), 55.942.047 alunos matriculados na Educação Básica em todo o país.

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Mas que espaço está em discussão?

No decorrer da história o termo espaço recebeu diversas definições, desde o mundo

das ideias de Platão ao universo curvo de Einstein. O espaço é objeto de estudo em

diferentes campos do conhecimento. França (1994) mostra a dificuldade de

conceituar o termo espaço de uma forma abrangente e definitiva, uma vez que cada

definição está relacionada a questões de ordem epistemológica, no desenvolvimento

das ciências e a reorganização social do homem.

Dentre as principais definições de espaço, destacam-se a do espaço geométrico e

de espaço vivido. O primeiro é entendido como construção abstrata, eterna e

indestrutível, componente básico da realidade. Já o segundo é configurado por suas

características atribuídas, que reclama a presença e a ação do indivíduo para sua

existência. Uma vez relacionado à experiência humana, o conceito de espaço vivido,

também chamado de lugar, estabeleceria estreita relação com o conceito de

apropriação espacial. Segundo Montaner (2001, p. 31-32) é possível diferenciar

claramente os conceitos de espaço geométrico e espaço vivido.

O primeiro tem uma condição ideal, teórica, genérica e indefinida, e osegundo possui um caráter concreto, empírico, existencial, articulado,definido até os detalhes [...] o lugar é definido por substantivos, pelasqualidades das coisas e dos elementos, pelos valores simbólicos ehistóricos; é ambiental e está relacionado fenomenologicamente com ocorpo humano.

Mallard (2006), ao discutir a relação espaço/sujeito, apresenta a ideia de um espaço

socialmente produzido pelos usos e atividades de um determinado grupo. A

pesquisadora propõe que a produção da arquitetura seja compreendida como

espacialização3 dos eventos humanos. Propõe, ainda, que essas espacializações

devem ocorrem de forma dialética, construídas e reconstruídas a partir da presença

e da ação do indivíduo no espaço.

3 Para Mallard (2006, p.37), espacializações são “a expressão, no espaço, das interações entre oseventos (formas sociais) e as coisas (formas físicas)”.

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Após conformados no processo social, os lugares, por sua vez, influenciamas relações sociais na medida em que interferem, facilitam, impedem, oumesmo condicionam eventos [...] Os lugares, uma vez apropriados,influenciam as atividades e, consequentemente afetam a forma social(MALLARD, 2006, p.46).

Dessa forma, ao mesmo tempo em que é impregnado de significados, o espaço os

produz. Esse é o espaço que comunica o espaço vivido, ou seja, constituído de

características que transcendem o significado geométrico, visto que:

O espaço vivido é o espaço da nossa experiência no mundo, das açõesempreendidas pelo nosso corpo ao tomar esse mundo. É o espaço quecomporta as espacializações que nos fizeram felizes, ansiosos, tristes oualegres, que nos trouxeram recompensas ou sofrimentos, que nosengrandeceram ou castigaram (MALLARD, 2006, p. 30).

Assim, para França (1994) a percepção espacial acontece em dois níveis: um

resultante da ação de nossos receptores sensoriais e, outro, da experiência. Para a

pesquisadora as inquietações sociais estão representadas nas fachadas dos

edifícios e na disposição de seus interiores, ou seja, a arquitetura está relacionada

com a concepção de mundo de uma época, o que explica um padrão construtivo e

estético nas edificações em um mesmo período. A arquitetura é dotada de uma forte

capacidade comunicativa, nem sempre percebida, e reúne elementos estéticos e

funcionais que podem influenciar nas relações estabelecidas sob seus domínios.

França (1994, p.23) comenta:

A identidade de um espaço pode ser tão forte que fica difícil ignorá-la. Osespaços para culto ou para a educação, por exemplo, são carregados designos e significações. Ao entrar num templo, as pessoas automaticamentese modificam, baixam o tom de voz, assumem uma nova postura, com acabeça baixa e um ar constrito. [...] Na escola, essas atitudes ocorrem pelainvocação do rigor de uma disciplina que espera obediência, num sistemade constantes reenvios que procuram legitimar uma estrutura.

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Os diferentes valores e atitudes referentes às diferentes culturas fazem entender

que o espaço representa as relações sociais que ali se estabelecem. Como cita

França (1994, p. 24):

Na China a noção de espaço se liga às estações, à religião, à hierarquiadas classes. Dificilmente veríamos um ocidental voltar-se em direção aoVaticano e ajoelhar-se para orar, como fazem os muçulmanos em direção aMeca [...] Morar num iglu pode se tornar uma experiência muito desgastantepara alguém que não tenha nascido na região nem tenha passado por umperíodo de adaptação.

França (1994) argumenta ainda que, na maioria das vezes, as complexas inter-

relações corpo/mente/meio ambiente passam despercebidamente e comprometem o

equilíbrio do homem. A escola, entendida por sua dimensão física - arquitetura -,

apresenta características condicionadoras e disciplinadoras implícitas na

organização do espaço e dos objetos dispostos em seu interior que podem afetar a

relação aluno/ aprendizagem/ saúde.

Para Mallard (2006, p.38) como para França (1994) a espacialização de uma sala de

aula com carteiras em filas e voltadas para o professor, não significa apenas “aula

expositiva”:

Nela estão impressos alguns significados: todas as carteiras estão voltadaspara um mesmo lado, o que sugere que a atenção daquelas pessoas estarápara ali dirigida; na parede desse lado há um quadro de escrever,mostrando que escritos e gráficos fazem parte da atividade; em frente àscarteiras e ao lado do quadro fica uma escrivaninha onde se sentará apessoa a qual estarão todos atentos; essa escrivaninha é maior do que ascarteiras e ocupa uma área relativa também maior, o que significa que apessoa a ocupá-la tem posição de destaque naquele contexto; se háalguém em que todos os outros prestam atenção, essa pessoa édecididamente mais importante do que as outras, nesse grupo. Enfim umaespacialização revela não somente a estrutura organizacional da atividadecomo a estrutura de poder da comunidade.

Ao tratar da influência da estrutura física da escola como forma de delimitar o

espaço da educação, França (1994, p.98-99) comenta que, o despreparo da escola

para compreender comunicações não usuais contribui para a automatização de

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comportamentos e para a instituição de uma visão parcial de realidade. França

(1994, p.99) critica o mobiliário e sua disposição ao dizer:

[...] O desconforto dessas instalações se estende ao mobiliário. Este, dedesign antigo, inadequado, é responsável também por um mal-estar físico,consequência de carteiras indiferenciadas, feitas para atender ao mesmotempo crianças e adultos, destros e canhotos e aos mais variados biótipos.A distribuição desse mobiliário constrói uma configuração que empobreceas interações e não estimula a criatividade, fazendo com que tudo ocorradentro de um planejamento pré-concebido e de um padrão desejado.

Uma vez proposta a discussão da relação do espaço escolar com o processo

educativo e a saúde dos estudantes, identificou-se, neste trabalho, a necessidade de

aprofundar teoricamente as relações estabelecidas entre a arquitetura escolar, a

saúde e a aprendizagem neste espaço.

2.2. ARQUITETURA ESCOLAR, SAÚDE E APRENDIZAGEM

Como foi dito anteriormente, o espaço escolar é um espaço vivido. Nele os corpos

se orientam para caminhar, sentar, levantar, enxergar e escrever na lousa, ler textos,

e se relacionar com os demais. As interferências que impedem a leitura, os

movimentos podem também, restringir a saúde e aprendizado.

Para entender o motivo das restrições e intervenções na escola, será feito um breve

panorama histórico, mostrando marcos importantes que influenciaram a distribuição,

a arquitetura e atitudes no espaço escolar.

Para iniciar este debate do ponto de vista da arquitetura, Segre (2006) afirma que,

na Grécia, Platão e seus discípulos se reuniam em pátios e jardins iniciando uma

cultura filosófica integrada a paisagem natural.

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A escola sofreu algumas modificações na Idade Média. Os mestres por não

disporem de instalações amplas, estabeleciam-se nas igrejas, o que forçava uma

educação mais rígida com vigias e regras. Nesse período as salas de aula passam a

se confundir com a hierarquia e rituais dos templos. Como salienta França (1994, p.

62):

A forma da sala de aula se confundiu com a hierarquia dos templos, comseu ritual de celebração, onde um mestre assumia a posição central, comodetentor de uma verdade única, e os fiéis se sentavam para aceitarpassivamente os conhecimentos apresentados. [...] Ainda hoje podemosnotar que a mesa do professor é sempre maior, algumas vezes dispostasobre um tablado, elevada em relação aos demais.

Com a Revolução Industrial, no século XVIII, a escola, mais do que isolar a criança,

precisou incorporar valores provenientes do regime capitalista que se instalava. Na

escola as novas carteiras individuais foram criadas como forma de dificultar a

comunicação entre os colegas e a interação da classe (FRANÇA, 1994).

O aumento da população no século 19, fez com os governos construíssem escolas

para todas as camadas sociais. Segre (2006) refere-se às escolas desse século

como lugares sem qualidade arquitetônica, funcionando em locais sujos e obscuros.

O autor (2006, p. 81) argumenta que:

Como a função da escola não mudou ao longo da história, ficaramestabelecidos os atributos básicos que caracterizam sua edificação: umasala retangular ou quadrada, com assentos para os alunos e um pódio parao professor; uma parede com janelas, para receber a iluminação e aventilação externas; um corredor de comunicação entre as classes; umespaço aberto de convívio e relaxamento.

A descrição das escolas do século XIX feita por Segre ainda condiz com o modelo

arquitetônico e de divisão do espaço das escolas em pleno século XXI, assim como

a disposição das carteiras individualizadas em filas, herança da Revolução Industrial

como apontou França (1994).

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Também podem ser identificadas escolas que ainda utilizam o sistema

fundamentado no Panóptico de Bentham (Figura 1), que data do século XVIII,

descrito por Foucault. Em Vigiar e Punir, Foucault (2000) descreve a relação da

escola com a disciplina realizando comparações com prisões e demonstra com

imagens e explicações detalhadas o sistema, que por meio de sua arquitetura, incita

a ordem e disciplina. No Capítulo Panoptismo de Foucault explica a arquitetura e os

propósitos do Panóptipo:

O princípio é conhecido: na periferia uma construção em anel; no centro,uma torre; esta é vazada de largas janelas que se abrem sobre a faceinterna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada umaatravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas, umapara o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para oexterior, permite que a luz atravesse a cela de lado. Basta então colocar umvigia na torre central, e em cada sela trancar um louco, um doente, umcondenado, um operário ou um escolar. Pelo efeito da contraluz, pode-seperceber da torre, recortando-se exatamente sobre a claridade, aspequenas silhuetas cativas nas celas da periferia. Tantas jaulas, tantospequenos teatros, em que cada ator está sozinho, perfeitamenteindividualizado e constantemente visível. O dispositivo panóptico organizaunidades espaciais que permitem ver sem parar e reconhecerimediatamente. Em suma, o princípio da masmorra é invertido; ou antes, desuas três funções — trancar, privar de luz e esconder — só se conserva aprimeira e suprimem-se as outras duas. A plena luz e o olhar de um vigiacaptam melhor que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é umaarmadilha (FOUCAULT, 2000:165).

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Figura 1 - Planta e esquema vertical do Panóptico, de Jeremy Bentham, 1787 (imagem dedomínio público). Fonte: Wikimedia Commons; Disponível em:

<commons.wikimedia.org/wiki/Image:Panopticon.jpg> Acesso em: 20 de nov. 2008.

Para Foucault (2000, p. 166):

[...] o efeito mais importante do Panóptico: induzir no detento um estadoconsciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamentoautomático do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente em seusefeitos, mesmo se é descontínua sua ação; [...].

Da forma proposta pelo Panóptico há indução da vigia e ordem de forma automática,

sem a necessidade de “recorrer à força para obrigar o condenado ao bom

comportamento, o louco à calma, o operário ao trabalho, o escolar a aplicação”

(FOUCAULT, 2007, p. 167).

Com esse breve histórico pode-se entender que as escolas ocidentais se

apropriaram de vários períodos da história para criarem seus sistemas de ensino e

sua arquitetura. Essas escolas foram construídas, na maioria das vezes, com

grandes muros ou grades para isolar os alunos; janelas altas impedindo o contato

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com o lado de fora ou grandes demais para a vigia; as portas não ficavam de frente

para outras, para dificultar a visualização fora da sala e dificultavam a ventilação. As

carteiras em filas restringiam a interação e a movimentação na sala de aula. Os

professores em tablados o que dificultava a interação com o aluno. Tudo em nome

do controle, da ordem e da disciplina.

Com isso a escola tornou-se também um lugar de “esquecimentos” dos sujeitos e

das condições favoráveis às suas existências como: temperatura, iluminação,

ventilação, acústica e fatores estimulantes para a aprendizagem. Esse espaço

escolar, sem essas condições, não pode favorecer os alunos, uma vez que, para

manter a escola como ambiente fechado e controlado, fica quase impossível pensar

o estudante e suas necessidades em primeiro plano.

Bertolotti (2007, p.17) discutindo a influência da iluminação na realização de tarefas

aponta que:

O principal efeito das más condições de iluminação sobre a saúde dosistema visual é a fadiga visual. Os sintomas mais comuns são olhoscongestionados, visão embaçada, lacrimejar constante, dificuldade de visãoe dor de cabeça. Esses sintomas são temporários, mas se repetidosconstantemente trazem perturbações à saúde e ao desempenho daspessoas. Esses sintomas podem ser causados por nível inadequado deiluminação, tanto naturais quanto artificiais, pelas condições das tarefas aserem executadas e seu entorno ambiental e por problemas no sistemavisual do indivíduo. Condições ou tarefas que requerem o olhar fixo porlongos períodos podem afetar o sistema muscular que controla a fixação, aacomodação, a convergência e o tamanho da abertura da pupila.

As atividades realizadas, hoje, na escola podem se caracterizar como uma dessas

tarefas indicadas por Bertolotti (2007), em que há necessidade de olhar fixo por

longos períodos. Isso significa que, se o aluno somente dispõe de condições

desfavoráveis de iluminação, como janelas muito pequenas, mal localizadas ou

grandes demais, de forma a provocar ofuscamento, desconforto e aquecimento

excessivo, este estudante pode vir ter problemas de visão e, por extensão, de

aprendizagem.

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Situações de desconforto causadas por altas temperaturas no ambiente, falta de

ventilação adequada, umidade excessiva combinada com temperaturas elevadas,

radiação térmica devida a superfícies aquecidas podem ser prejudiciais à saúde. A

maioria das escolas é considerada quente no verão e fria no inverno, resultado

relacionado com a orientação das aberturas e a inadequação dos elementos de

proteção solar (BERNARDI, 2001; KOWALTOWSKI, 2001).

Ainda pensando nas interferências do ambiente escolar na vida dos alunos, foram

destacados os problemas causados pelos ruídos internos e externos à sala de aula.

Segundo o Relatório da Organização Mundial de Saúde (1999) além do prejuízo ao

desempenho humano, o ambiente ruidoso também acarreta danos à saúde,

causando fadiga, nervosismo, reações de estresse, falta de memória, cansaço,

irritação e problemas de relacionamento com outras pessoas. Na escola esses

ruídos podem resultar falta de concentração, dores de cabeça, dificuldade em

entender o professor e, consequentemente, desinteresse entre outros fatores.

França (1994, p.53) lembra de outro problema enfrentado pelo aluno no cotidiano

escolar: a inadequação da mobília.

[...] o espécime humano nunca foi projetado para sentar: Os milhares deanos que demorou para chegar a posição ereta precisaram de uma série deadaptações a nível biológico. Para sentar, a coluna precisaria de outrastantas acomodações. Mas a civilização parece ter resolvido pagar o preçodessas horas e horas sentadas, convivendo com vários problemas decoluna. Caso a mobília seja inadequada, essa carga sobre a colunavertebral aumenta, agravando ainda mais os potenciais problemas.

O mobiliário escolar é mais uma dimensão importante a ser discutida. Em sua

maioria, este é inadequado à faixa etária e não oferece conforto tendo em vista o

tempo em que os alunos passam sentados. Dessa forma, para se adaptar à carteira

e cadeira, é necessário que o aluno se contorça e se curve para frente inclinando o

corpo, predispondo-se ao surgimento de alterações posturais e dores na coluna, que

poderão se tornar permanentes (PEREZ, 2002; MORO, 2005).

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Um dos pontos a que se propõe esta dissertação é um olhar mais atento às relações

que se estabelecem na escola bem como a influência de sua arquitetura, divisões de

espaço e condicionamento de comportamentos, que afetam a qualidade do ensino e

da saúde dos estudantes nesse ambiente.

2.3. ANÍSIO TEIXEIRA E A ESCOLA BRASILEIRA

Ao ler livros e artigos a respeito de Anísio Spínola Teixeira (1900-1971) descobriu-se

que a paixão pela educação aliada à inteligência pode resultar. Este educador teve

sua vida dedicada a lutas e ações sustentando a ideia de uma escola democrática e

de qualidade. Essa escola não ficou só no mundo das ideias de Anísio, mas ganhou

vida nos projetos e administrações do educador.

Em nosso trabalho, a inclusão das ideias de Anísio Teixeira tem um papel

fundamental de justificar a necessidade, apontada por ele, desde a década de 30, de

que as edificações escolares sejam fatores primordiais para que o processo

educativo se concretize com êxito. Para isso Anísio sustentava a ideia de que era

necessário:

[...] que o prédio escolar e as suas instalações atendam, pelo menos, aospadrões médios da vida civilizada e que o magistério tenha a educação, avisão e o preparo necessários a quem não vai apenas ser a máquina deensinar intensivamente a ler, a escrever e a contar, mas vai ser o mestre daarte difícil de bem viver (TEIXEIRA, 1935 apud DOREA, 2000, p.153).

As preocupações com as instalações da escola, com a formação do professor e as

reformas educacionais são marcos nas gestões públicas de Anísio Teixeira. Para o

educador “sem instalações adequadas não poderia haver trabalho educativo, e o

prédio, base física e preliminar para qualquer programa educacional, tornava-se

indispensável para a realização de todos os demais planos de ensino” (TEIXEIRA,

1935 apud DOREA, 2000, p. 151).

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Como Inspetor Geral do Ensino da Bahia (1924-1928) Anísio Teixeira realizou uma

série de reformas educacionais no Estado. Nesse período visitou sistemas de ensino

de outros países para programar o sistema educacional baiano. Em 1929 terminou

sua pós-graduação em Nova York, onde conheceu o filósofo e educador John

Dewey4. O conhecimento que Anísio construiu alicerçado nas ideias de Dewey:

[...] fez dele um defensor da descentralização (referindo-se a escola pública)aliada à ideia de projetar a sede da escola como um edifício rigorosamentesubordinado a um programa arquitetônico em consonância com a culturalocal, mas também, com um projeto pedagógico referenciado ao momentomundial de contínuas e cada vez mais rápidas transformações (ROCHA etal, 1992, p. 96).

Para Cunha (2001, p. 90), “Anísio Teixeira tinha em mente o conceito deweyano de

democracia, que implicava, segundo ele, em um movimento constante. O ambiente

social em que se davam as novas concepções pedagógicas era a vida democrática”.

Dessa forma, para Anísio Teixeira “a educação não era apenas um fenômeno

escolar, mas um fenômeno social que se processava permanentemente em toda a

sociedade” (DOREA, 2000, p. 151).

Anísio entendia que tanto a escola como o sistema pedagógico da época

precisavam de reformulações. Em um dos trechos do artigo A crise educacional

brasileira, publicado originalmente em 1953 e reimpresso, em 1999, pela Revista

Brasileira de Estudos Pedagógicos, Anísio critica o sistema educacional:

Com efeito, para que a escola pudesse reduzir as suas atividades ao tempoescasso com que conta e conformar-se com o professor apressado eassoberbado que a serve, foi necessária a adoção de objetivos os maissimplificados possíveis. A escola, assim, visa tão somente, inculcar algunsconhecimentos teóricos ou noções simploriamente práticas. Não formahábitos, não disciplina relações, não edifica atitudes, não ensina técnicas ehabilidades, não molda o caráter, não estimula ideais ou aspirações, nãoeduca para conviver ou para trabalhar, não transmite sequer sumárias, mas

4 John Dewey (1859-1952) filósofo e educador americano e um dos fundadores do pragmatismo.Segundo essa perspectiva, qualquer campo do conhecimento pode vir a se tornar científico namedida em que adote certos procedimentos e se afaste dos julgamentos puramente empíricos.Assim, uma das principais pesquisas no campo educacional seria exatamente transformar açõesrotineiras, tornando os educadores mais esclarecidos em suas práticas e de suas práticas.(MENDONÇA; BRANDÃO et al, 1997, p. 144)

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esclarecidas noções sobre as nossas instituições políticas e a prática dacidadania. A escola ministra em regra conhecimentos verbais, aprendidospor meio de notas, que se decoram para a reprodução nas provas eexames, revive até a apostila ou a "sebenta” (TEIXEIRA, 1999, p. 321).

Anísio Teixeira acreditava que a escola precisava assumir novos papéis, mas, para

isso, deveria sofrer transformações. A escola precisaria formar cidadãos,

Do ponto de vista social, mais amplo ou mais elevado, temos que dar àescola a função de formar hábitos e atitudes indispensáveis ao cidadão deuma democracia e, portanto, estender-lhe os períodos letivos, para setornarem possíveis em escorreito e saudável ambiente escolar, asinfluências formadoras adequadas. A escola tem de se fazer prática eativa, e não passiva e expositiva, formadora e não formalista. Não será ainstituição decorativa pretensamente destinada à ilustração dos seusalunos, mas a casa que ensine a ganhar a vida e a participar inteligente eadequadamente da sociedade (TEIXEIRA, 1999, p. 325, grifo da autora).

Como diretor da Instrução Pública do Distrito Federal, RJ (1931-1935), Anísio criou

um novo sistema escolar compreendido nas escolas nucleares, ou escolas-classe, e

os parques escolares, devendo as crianças frequentar regularmente as duas

instalações em turnos diferentes (escola em tempo integral). Na escola-classe a

criança receberia, em prédio adequado e econômico, o ensino propriamente dito, e

na escola-parque, seriam desenvolvidas as atividades de educação física, educação

musical, educação sanitária, assistência alimentar e o uso da leitura, ou seja, a

educação social (DOREA, 2000, p. 155).

Rocha et al (1992, p. 98) citam uma avaliação de Helio Duarte5 em relação ao novo

sistema escolar implantado por Anísio Teixeira no Rio de Janeiro:

Temia-se que uma excessiva especialização dos assuntos fosse nociva aunidade indispensável ao curso primário, que fosse demasiado fatigantepara o professor e que, finalmente houvesse muita confusão e desordem norevezamento de atividades. Nada disso aconteceu.

5 Hélio Duarte, arquiteto que trabalhou com Anísio Teixeira. Ver: Escola-Classe, Escola-Parque, umaExperiência Educacional, São Paulo, FAUUSP, 1973.

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Em 1932 Anísio Teixeira assinou o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova6,

reafirmando as ideias que a educação deveria ser pensada em um novo sistema

educacional, uma escola de qualidade e para todos.

A escola, que antes visava apenas formar alguns indivíduos emespecialidades, assumia agora a função de educar todos os indivíduos paraa participação numa nova sociedade, intelectual e técnica. Dessa forma, aeducação primária elementar deveria estar na base desse sistema e deveriaser ministrada, inevitavelmente, a todos os cidadãos. Tratava-se, portanto,de uma educação para todos e não de uma educação para alguns bemdotados (DOREA, 200, p. 152).

Ao final de 1935, Anísio foi forçado a afastar-se, da Secretaria de Educação do Rio

de Janeiro, então Distrito Federal, que já contava com 25 novos prédios escolares

construídos de acordo com o plano diretor instituído, pois, foi perseguido pelo

governo Getúlio Vargas. (DOREA, 2000; ROCHA et al, 1992).

Após a demissão do Rio de Janeiro, Anísio Teixeira afastou - se da vida pública no

período de 1935 a 1946, quando então foi convidado a ser Secretário Executivo em

Londres pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura -

UNESCO. Em 1947 assumiu a Secretaria de Educação e Saúde do Estado da

Bahia, e permaneceu nesse cargo até 1951.

Como Secretário de Educação e Saúde do Estado da Bahia, Anísio planejou a

implantação de escolas descentralizadas em todo Estado. Para isso, ele contou com

a colaboração dos arquitetos Diógenes Rebouças e Hélio Duarte na criação de um

audacioso projeto. O Centro educacional por eles planejado teria capacidade de

atender a 4.000 alunos. No complexo foram construídas quatro escolas-classe, com

capacidade para 1.000 alunos e uma escola-parque para 2.000 alunos, ambas em

dois turnos. As escolas-classe compreendiam as salas de aula e dependências para

o professor já a escola-parque era composta por salas de música, dança, teatro,

educação artística e social, salas de desenho e artes industriais, ginásio de

6 Um documento redigido por Fernando de Azevedo e assinado por vários intelectuais da época,entre eles Anísio Teixeira. Um dos princípios do Manifesto é criar vínculo da escola com o meiosocial. Algumas das reflexões propostas indicam a necessidade de mudanças no modelo educacionalvigente, tendo em vista as transformações sociais, políticas e econômicas que se passava asociedade brasileira (MENDONÇA; BRANDÃO et al, 1997, p. 160).

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educação física, biblioteca, restaurante, serviços gerais e residência ou internato

para as chamadas crianças abandonadas (DOREA, 2000, p. 157).

A escola foi reformulada para que houvesse um estímulo a uma nova pedagogia.

Para isso foi necessário, também, pensar o edifício escolar como lugares vividos.

Hélio Duarte, indagava sobre tendências de organização, necessidades dealunos e professores, o ambiente físico e o meio subjetivo mais favorável, aproximidade entre escola e mentalidade infantil, indagações cujas respostasexigiam o contato entre arquitetos, pedagogos, serviço médico-pedagógico.Enfim, uma arquitetura que “se colocou ao serviço do escolar e do professorpara resolver-lhes os problemas”, através do sistema escolas-classe/escola-parque (ALVES, 2008, p. 181-182).

Inicialmente foi planejada a construção de dez centros populares, mas somente o

Centro Educacional Carneiro Ribeiro (em Salvador – Figura 02) foi concluído. Isso

só foi possível porque Anísio Teixeira, como diretor do Instituto Nacional de Estudos

Pedagógicos (1952), realizou uma parceria com a Secretaria de Educação da Bahia

permitindo, assim, que a obra fosse concluída (DOREA, 2000, p. 157).

Dórea (2000) apresenta parte de um discurso de Anísio, durante a inauguração de

salas no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, mostrando como o educador

idealizava os Centros de Educação Popular:

[...] A escola primária seria dividida em dois setores, o da instrução,propriamente dita, ou seja, o da antiga escola de letras, e o da educação,propriamente dita, ou seja, o da escola ativa. No setor instrução, manter-se-ia o trabalho convencional da classe, o ensino de leitura, escrita e aritméticae mais ciências físicas e sociais, e no setor educação as atividadessocializantes, a educação artística, o trabalho manual e as artes industriaise a educação física A escola seria construída em pavilhões, num conjuntode edifícios que melhor se ajustassem as suas diversas funções [...].Fixada, assim, a população escolar a ser atendida em cada centro,localizamos quatro pavilhões, como este, para as escolas que chamamosde escolas-classe, isto é, escolas de ensino de letras e ciências, e umconjunto de edifícios centrais que designamos de escola-parque, onde sedistribuiriam as outras funções do centro, isto é, as atividades sociais eartísticas, as atividades de trabalho e as atividades de educação física(TEIXEIRA, 1977apud DOREA, 2000, p. 157).

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Figura 02 – Vista do pavilhão principal do Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro.Fonte: Rocha et al (1992, p. 106).

Para uma educação democrática, a serviço de todos, Anísio Teixeira propunha o

ensino em tempo integral; a escola desempenharia o papel social de integração

além de ter uma estrutura adequada para tal função.

Opção por uma arquitetura moderna para as edificações escolares. Nessesentido, Anísio Teixeira pode ser considerado como "o arquiteto daeducação brasileira" tal era o seu empenho em prover a escola de umespaço especificamente planejado para educar. Em suas administrações,as escolas foram projetadas por arquitetos com base nos princípios daracionalidade e da funcionalidade, próprios da arquitetura moderna, quedeterminaram a concepção de programas arquitetônicos distintos (TipoMínimo, Nuclear, Platoon de 12, 16 e 25 classes e Escola Parque), deacordo com a localização e as necessidades de cada escola. Essesprogramas buscavam dar conta de uma melhor organização do espaço paraatender às exigências das modernas conquistas pedagógicas e dos novoshábitos de higiene, tudo isso, aliado à economia das construções escolares(DOREA, 2000, p. 158).

O projeto de Anísio Teixeira foi o primeiro, no Brasil, ao aliar o espaço físico com o

espaço vivido. Esta aliança seria feita por meio de um projeto pedagógico que

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atenderia as crianças na escola de tempo integral seguindo um currículo

cientificamente atual para a época.

2.4. A RETÓRICA COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE

Para entender os argumentos dos alunos, embasamo-nos na análise retórica dos

discursos coletados pelas entrevistas. Foram utilizados, como fonte de análise, os

estudos de Perelman e Albrechts-Tyteca (1996), Lakoff e Johnson (2002), Breton

(2003) e Reboul (2004). Para estes pensadores os discursos podem ser analisados

por meio das figuras de retórica. São estas figuras que produzem a dinâmica da

comunicação.

Para Breton (2003) a argumentação está na base de nossa atividade social, é de

natureza discursiva e um meio poderoso para fazer partilhar uma opinião.

A retórica apresenta quatro funções: a persuasiva, a hermenêutica, a heurística e a

pedagógica (BRETON, 2004).

A função persuasiva talvez seja a função mais conhecida. Está relacionada à

argumentação e à oratória. Os meios para a persuasão podem ser de ordem afetiva

ou racional (REBOUL, 2004).

Para Reboul (2004) no gênero persuasivo, as figuras de retórica como as metáforas,

as metonímias, as hipérboles podem ser utilizadas na oratória para agradar,

comover, ou ser um dos elementos argumentativos.

A função hermenêutica está relacionada á interpretação de textos. O bom orador

precisa saber falar, mas precisa saber a quem discursa, precisa compreender o

discurso do outro. Um discurso nem sempre é feito de forma explícita, é preciso

captar o não-dito.

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A terceira função é a heurística, do grego euro que significa encontrar. Reboul

(2004, p.XIX), diz que “na realidade, quando se utiliza a retórica não se faz só para

obter certo poder; é também para saber, para encontrar alguma coisa”.

A quarta função é a pedagógica. Para Reboul (2004, p XXII) a função pedagógica da

retórica é “[...] ensinar a compor segundo um plano, a encadear os argumentos de

modo coerente e eficaz, a cuidar do estilo, a encontrar as construções apropriadas e

as figuras exatas, a falar distintamente e com vivacidade”.

A argumentação é um dos elementos que compõem a retórica e “só pode ser

entendida em oposição a outra totalidade: a demonstração”. A argumentação tem o

papel de convencer um auditório de uma determinada opinião, ou seja, é uma ação

de comunicação. Reboul caracteriza o orador (ethos), o argumento propriamente

dito (logos) e o auditório (pathos). O “ethos e o pathos de ordem afetiva, e o logos,

que é racional” (REBOUL, 2004, p.47-49).

Breton (2003) propõe o esquema da comunicação argumentativa para explicitar a

forma com que uma opinião é transportada até um auditório. Nesse esquema, o

pesquisador explica a dinâmica da argumentação: uma opinião é exposta pelo

orador no campo do verossímil. O orador tem a intenção de convencer o auditório a

aderir a sua opinião mediante a um ou mais argumentos em um contexto de

recepção. Estes argumentos são um conjunto de opiniões e valores de julgamentos

que são partilhados por um auditório e que existem previamente ao ato da

argumentação (BRETON, 2003).

Breton (2003, p. 30) sugere o esquema:

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Figura 03 - Esquema da comunicação argumentativa proposta por Philippe Breton (2003, p.30).

Ao tratar o argumento como forma de convencer pela razão, Breton (2003, p.56-85)

afirma que “argumentar é dar boas razões, ao auditório, para acreditar no que lhe

dizemos”, aderindo assim a opinião. Mas de forma em que ao se defender essa

opinião, a razão prevaleça sobre as paixões ou a estética sem, no entanto negá-las”.

Breton (2003) descreve a família de argumentos: argumentos conservadores e

inovadores, argumentos de autoridade, argumento de competência, argumento por

experiência e argumento por testemunho. Esses argumentos fazem parte de um

“enquadramento do real que permite construir o fundo no qual a opinião proposta

encontrará harmoniosamente seu lugar” de forma a se apoiar na “partilha a priori de

valores ou de crenças” (BRETON, 2003, p.75).

Para entender melhor o que cada argumento significa será tratado de forma breve

de cada um. Para Breton (2003) os argumentos conservadores se baseiam, de certa

maneira, no já adquirido, uma ressonância entre o conhecido e o proposto. Os

argumentos inovadores propõem uma nova definição do real; os argumentos por

autoridade, propõem que o real descrito é o real aceitável porque a pessoa tem

autoridade para fazê-lo; os argumentos por competência são aqueles em que se

supõe que há previamente uma competência científica, técnica, moral ou profissional

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que afirme o real. E por fim Breton (2003, p.82) nos fala dos argumentos por

experiência e testemunho:

O argumento da experiência é menos baseado em uma competência,suspeita de ser teórica, do que em uma prática efetiva no domínio em que oorador se exprime. [...] O fato de ter estado presente a uma manifestação,um acontecimento, confere uma autoridade segura, que fundamenta oargumento de testemunho.

Para que aconteça a dinâmica da comunicação argumentativa, não se pode

esquecer do papel desempenhado pela linguagem. Reboul (2004) trata da

importância da linguagem e da sua relação com a retórica. Para o pesquisador, a

história das duas se confundem; é improvável falar de uma sem pensar na outra,

pois a linguagem é um valioso instrumento de comunicação e é por meio desta que

se representa as emoções, os saberes e a percepção da realidade.

Partindo-se do pressuposto de que os esquemas de significação são constituídos

nas práticas argumentativas, considera-se que esses esquemas podem ser

analisados a partir das figuras retóricas que veiculam e produzem (BRETON, 2003).

Para Reboul (2004) as figuras de retórica são funcionais, pois, “sempre que se quer

demonstrar sentimentos ou ideias abstratas, recorre-se às figuras [...]”, o estudioso

complementa dizendo que, “ o problema não é livrar-se das figuras, o que equivale a

livrar-se da linguagem; o problema é conhecê-las e compreender seu perigoso

poder, para não ser vítima dele, para tirar proveito dele”(REBOUL, 2204, p. 137).

Para conhecer as figuras de retórica serão apresentadas as principais figuras

citadas por Reboul (2004, p. 114, grifo da autora):

Figuras de palavras, como o trocadilho, a rima, que dizem respeito àmatéria sonora do discurso. Figuras de sentido, como a metáfora, quedizem respeito à significação das palavras ou de grupo de palavras.Figuras de construção, como a elipse ou a antítese que dizem respeito aestrutura da frase, por vezes do discurso. Figuras de pensamento, como aalegoria, a ironia, que dizem respeito à relação do discurso com seu sujeito(o orador) ou com seu objeto.

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As figuras de retórica mais comuns são as metáforas, as metonímias, as hipérboles,

as analogias, as sinédoques. Veja algumas delas:

A metonímia classifica uma figura de sentido, que “designa uma coisa pelo nome de

outra que lhe está habitualmente associada”. Seu caráter argumentativo ressalta o

interesse do orador. A metonímia tem o poder de criar símbolos, como por exemplo:

“a foice e o martelo” (REBOUL, 2004, p. 121). Como a metonímia depende da

familiaridade para conquistar seu poder argumentativo, esse desaparece se esta

vem de outra cultura (REBOUL, 2004).

A hipérbole tem por base uma metáfora, ou uma sinédoque e segundo Reboul

(2004, p. 123) “é a figura do exagero”, ela “aumenta ou diminui as coisas em

excesso, apresentando sempre sentido figurado bem maior ou bem menor que o

significado próprio. Como exemplo: “estou morto de cansaço” (REBOUL, 2004,

p.123).

Para Reboul (2004) ao contrário da metonímia que designa uma coisa pelo nome de

outra, a sinédoque classifica uma coisa por meio de outra que tem uma relação de

necessidade, de tal modo que a primeira não existiria sem a segunda. Para

exemplificar (REBOUL, 2004, p. 121): “Cem cabeças por cem pessoas, sinédoque

da parte, ou cem mortais, sinédoque da espécie” ou em pedagogia “um triangulo por

todos os triângulos”.

A analogia é um raciocínio, e pode ser posta a prova. Para Perelman e Olbrecths-

Tyteca (2005) a analogia não estabelece uma relação de semelhança; mas sim uma

semelhança de relação.Ou seja, a analogia é uma similitude de estruturas em que a

relação entre A e B é semelhante à relação entre C e D. Vejam o exemplo de

Aristóteles:

Assim como os olhos dos morcegos são ofuscados pela luz do dia, a inteligência de

nossa alma é ofuscada pelas coisas mais naturalmente evidentes.

O tema é o conjunto dos termos A e B, sobre os quais repousa a conclusão

(inteligência da alma, evidência) e foro são os termos C e D, que servem para

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estribar o raciocínio (olhos do morcego e luz do dia) (PERELMAN; OLBRECTHS-

TYTECA, 2005). “Há, de todo modo, entre tema e foro, uma relação assimétrica que

nasce do lugar por eles ocupado no raciocínio. Ademais, para haver analogia, tema

e foro devem pertencer a áreas diferentes” (PERELMAN; OLBRECTHS-TYTECA,

2005, P. 425).

Segundo Perelman (2005) o valor argumentativo da metáfora pode vir de uma

analogia condensada, resultante da fusão de um elemento do foro com um tema.

A metáfora é uma figura que tem por essência entender e expressar uma coisa por

meio de outra. Esta é a função comparativa da metáfora, “Ela é uma rosa ou Ela é

[bela como] uma rosa”. Mas a metáfora possui também, uma função argumentativa

(REBOUL, 2004).

Uma das figuras retóricas mais utilizadas é a metáfora. Lakoff e Johnson (2002)

descrevem no livro Metáforas da Vida Cotidiana, vários tipos de metáforas, cujo

valor cognitivo e estatuto epistemológico são essenciais ao processo de

conceitualização do mundo.

Na vida cotidiana as metáforas não são simples palavras ou questões de

linguagens. As metáforas são parte do processo de pensamento (LAKOFF ;

JOHNSON, 2002).

Dentre os tipos de metáforas citado por Lakoff e Johnson (2002) encontram-se as

metáforas estruturais que se referem a um conceito estruturado em termos de outro

conceito de forma metafórica; e as metáforas orientacionais que provêm da

organização de um sistema de conceitos em relação a um outro e, em sua maioria,

referem-se às orientações espaciais.

A metáfora e a analogia são consideradas recursos argumentativos e adequados

como forma de aumentar a adesão ao argumento, pois facilitam a explicação de

uma tese (PERELMAN; OLBRECTHS-TYTECA, 2005).

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Para Lakoff e Johnson (2002, p. 45-46) são os conceitos que direcionam a atividade

cotidiana, eles estruturam o que se percebe, a maneira como se comportam no

mundo e o modo como se relacionam com outras pessoas. Portanto, apresentam

um papel fundamental na definição da realidade cotidiana.

Os conceitos que governam nosso pensamento não são meras questões dointelecto. Eles governam também a nossa atividade cotidiana até nosdetalhes mais triviais. Eles estruturam o que percebemos, a maneira comonos comportamos e o modo como nos relacionamos com outras pessoas.Tal sistema conceitual desempenha, portanto, um papel central de nossarealidade cotidiana. [...] Mas nosso sistema conceitual não é algo do qualnormalmente temos consciência. Na maioria dos pequenos atos da nossavida cotidiana, pensamos e agimos automaticamente, seguindo certaslinhas de conduta, que não se deixam aprender facilmente. Um dos meiosde descobri-las é considerar a linguagem. Já que a comunicação é baseadano mesmo sistema conceitual que usamos para pensar e agir, a linguagemé uma fonte de evidência importante de como é esse sistema.

Desse modo, quando se utiliza a retórica como instrumento para a análise dos

argumentos presente nos discursos dos alunos, pode-se, por meio das figuras de

retórica, compreender como estes estudantes representam o espaço físico e os

lugares de sua escola.

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3. CONSTRUINDO A PESQUISA

A ciência não nos vai fornecer receitas parasoluções dos nossos problemas, mas o itineráriode um caminho penoso e difícil, com idas e vindas(TEIXEIRA, 1956.)

3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a efetivação deste estudo foi trabalhado com a abordagem qualitativa de

pesquisa, embasando-se no sentido proposto por Bauer e Aarts (2002, p. 57):

O principal interesse dos pesquisadores qualitativos é na tipificação derepresentações das pessoas no seu mundo vivencial. As maneiras como aspessoas se relacionam com os objetos no seu mundo vivencial, sua relaçãosujeito-objeto, é observada através de conceitos tais como opiniões,atitudes, sentimentos, explicações estereótipos, crenças, identidades,ideologias, discurso, cosmovisões, hábitos e práticas.

Para desenvolvê-lo, foi realizado, inicialmente, o levantamento de referenciais

teóricos de forma a construir um arcabouço para sustentar o tema estudado. Em um

segundo momento, foi efetuada a coleta de dados em uma escola pública de

Maringá-PR, por meio de observações, registros em fotografias, produção de um

diário de campo e realização de entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio.

As entrevistas foram realizadas individualmente com dois grupos distintos de alunos;

o Grupo I em um total de 10 alunos da 7ª série e 8ª série do Ensino Fundamental, e

o Grupo II em um total de 15 alunos do 1º ano, 2º ano e 3º ano do Ensino Médio.

Após a realização das entrevistas foram feitas as transcrições e sistematizações das

respostas que, posteriormente, foram submetidas à análise retórica do discurso.

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3.2. OS SUJEITOS DA PESQUISA E A ESCOLA

Os alunos que participaram da pesquisa têm entre 13 a 17 anos - sendo 11 meninos

e 14 meninas - escolhidos de forma aleatória, por meio de sorteio. Foram formados

dois grupos, o Grupo I com 5 alunos da 7ª série e 5 alunos da 8ª série do Ensino

Fundamental, e o Grupo II com 5 alunos do 1º ano, 5 alunos do 2º ano e 5 alunos do

3º ano do Ensino Médio, totalizando 25 alunos. A opção por esses sujeitos de

pesquisa se deu devido a escolha metodológica que foi feita, ou seja, a análise do

discurso sobre a relação do espaço escolar com a saúde e ensino dos alunos. Para

atender esse objetivo foi necessário entrevistar jovens com um maior poder

argumentativo.

A maioria dos estudantes entrevistados mora na Vila Esperança, bairro próximo ao

Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP) da Universidade Estadual de Maringá - PR.

Identificam-se também entre os entrevistados moradores da Zona 07, Jardim

Montreal, Jardim Alvorada, Parque Avenida, Athenas, Jardim dos Pássaros, Ney

Braga, Cidade Jardim e Jardim Brasil.

Os alunos do Colégio de Aplicação Pedagógica são de diversas classes

socioeconômicas. São eles filhos de funcionários da Universidade Estadual de

Maringá, trabalhadores de diversas profissões da cidade de Maringá e da região,

como de professores (da educação infantil ao nível superior), empresários,

funcionários públicos (estaduais, municipais e federais), profissionais autônomos,

bancários, técnicos, advogados, contadores, dentistas, engenheiros civis,

agrônomos, agricultores, eletricistas, mecânicos, enfermeiros, auxiliares de

enfermagem, policiais, vigias, zeladores/serventes e de outras profissões com

menos número e representantes (Projeto Político Pedagógico – CAP, 2008).

O Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá - Ensino

Fundamental e Médio, localizado no campus da universidade, é um órgão

conveniado com a Secretaria de Educação do Estado do Paraná, e uma das marcas

políticas do governo Fernando Collor de Mello (1990-1992).

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Ao se inspirar nos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS7) do Rio de

Janeiro, na administração de Leonel Brizola, Collor criou os Centros Integrados de

Atenção à Criança e ao Adolescente (CIACS) para implantação de cinco mil prédios

escolares com educação em tempo integral em todo o país, desenhados

inicialmente pelo arquiteto João Figueiras Lima8 conhecido por “Lelé”.

Com o impeachment do presidente Collor em 1992, Itamar Franco assume a

presidência e passa ao Ministério da Educação e do Desporto (MEC) o dever de

assumir as ações do projeto que antes era coordenado pela extinta Secretaria de

Projetos Especiais da Presidência da República. O MEC mudou a denominação dos

CIACS para Centros de Atenção Integral à Criança, CAICS (SOBRINHO, 1995). O

projeto arquitetônico dos CAICS pode ser identificado por suas estruturas pré-

moldadas e a mesma estética nas diferentes regiões do país.

Em setembro de 1995 o Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM passa a ocupar

uma das instalações arquitetônicas projetada para ser Centro de Atenção Integral à

Criança (CAIC), mas não atende as propostas idealizadas pelo Governo Collor, pois

nesse período, no Governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), os CAICS

deixam de atender a criança em tempo integral e vários projetos que faziam parte do

programa foram desativados. Mas as construções arquitetônicas que tiveram início

no Governo Collor continuaram a ser inauguradas, como no caso do CAIC/UEM.

O Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM ocupa uma área livre de 16.224,51 m²,

com 4.419,19 m² de área construída. No ano de 2008 o CAP abrigava 852 alunos

matriculados em dois turnos: manhã e tarde e distribuídos da pré-escola até o 3º ano

do EM. Conforme indica o Quadro - 1:

7 Construídos na primeira metade dos anos 80, durante o primeiro governo Leonel Brizola e sob aorientação de Darcy Ribeiro, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) invadiram comsuas estruturas pré-moldadas, idealizadas por Oscar Niemeyer, a capital e o interior do Rio deJaneiro (MIGNOT, 2001).8 Apesar de os CIACS terem sido projetados por Lelé, com o impeachment do presidente na época, oprojeto perdeu continuidade e apenas poucas unidades foram construídas seguindo fielmente oprojeto original (EKERMAN, 2008).

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SÉRIE/TURMA TURNO NÚMERO DEALUNOS

Pré-escola A, B Tarde 47

1ª série A, B e C Tarde 90

2ª série A, B e C Tarde 89

3ª série A, B e C Manhã eTarde

89

4ª série A, B e C Manhã eTarde

92

5ª série A e B Manhã 60

6ª série A e B Manhã 65

7ª série A e B Manhã eTarde

60

8ª série A e B Manhã eTarde

64

1º EM A, B Manhã 70

2º EM A, B Manhã 68

3º EM A, B Manhã 58

Quadro 1 - Turmas atendidas pelo CAP/UEM: séries, turno e número de alunos matriculadosFonte: Projeto Político Pedagógico e Plano de ação do CAP – 2007 e 2008.

Por ser um Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade tem por finalidade

investigação, testagem e experimentação de técnicas pedagógicas, este recebe

muitos estagiários para realizar estágio docência das licenciaturas da Universidade.

Devido ao atendimento desses estagiários no CAP nossa investigação teve que ser

ajustada ao cronograma da escola, para que essa pesquisa e o trabalho dos

estagiários não coincidissem.

3.3. INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS

3.3.1. As observações e o diário de campo

Após entrar em contato com a Direção e a Coordenação do Colégio de Aplicação

Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá e de posse da autorização para a

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realização da pesquisa, tiveram início as observações na escola que foram

registradas no diário de campo.

Foi criado um cronograma juntamente com as coordenadoras do Ensino Médio e

Fundamental. Este passou por vários ajustes por conta da presença dos estagiários.

As observações foram iniciadas no mês de maio de 2008. Acompanhado até o mês

de junho de 2008 a rotina das séries das quais, posteriormente, sairiam os alunos

que seriam entrevistados.

A fase de observação do dia-a-dia na escola foi muito importante como forma de

aproximação com os alunos e para a visualização de condutas e atitudes nos

espaços da escola.

As observações realizadas, que constam no diário de campo, permitiram conhecer a

estrutura física da escola e auxiliaram nos apontamentos dos três parâmetros do

conforto ambiental dos espaços frequentados pelos estudantes; acústico, térmico e

lumínico. A transcrição do diário de campo consta no Anexo VI.

3.3.2. Os registros fotográficos

Os registros fotográficos foram realizados para auxiliar o pesquisador e o leitor. Ao

pesquisador por se constituírem como ferramenta de auxílio nas análises; e ao leitor

como forma de visualização e compreensão do espaço da Colégio de Aplicação

Pedagógica/UEM.

Desses registros constam as fotografias feitas pela autora deste trabalho e a

imagem de satélite viabilizada pelo programa Google Earth, para um melhor

entendimento do complexo arquitetônico do Colégio de Aplicação Pedagógica

(Figura 4).

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Figura 4 – Imagem do complexo arquitetônico do Colégio de Aplicação Pedagógica da UEM.Fonte: Google Earth - Acesso: 06/08/2008.

Na Figura 04, o número 1 representa o bloco arquitetônico formado pela biblioteca, a

cantina, o auditório e a sala de artes. No número 2, encontra-se o espaço que

abriga, no pavimento térreo, a administração do colégio, a sala de informática, o

laboratório de ciências, o refeitório, a sala dos professores do Ensino Médio (EM), a

sala da direção e vice-direção e os sanitários feminino e masculino. No pavimento

superior do bloco 2 temos as salas de aula, da coordenação do EM e a sala de

projeções. O ginásio de esportes coberto é representado pelo número 3 e, por fim, o

número 4 representa o bloco das salas do Ensino Fundamental (EF), sala dos

professores e da coordenação do EF, sanitários feminino e masculino e o pátio

coberto.

A seguir, na figura 05, observa-se o acesso principal dos alunos à escola. O corredor

que pode ser observado na foto do acesso à Quadra de Esportes coberta. A

cobertura do corredor de acesso central, não prevista no projeto original da

construção, foi instalada após 1995, data da inauguração do colégio. Ao lado direito

do corredor de acesso central, encontram-se o bloco das salas do Ensino

Fundamental e ao lado esquerdo as salas destinadas ao Ensino Médio.

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Figura 05 – Acesso único ao portal de entrada para os alunos(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08)

Na figura 06, do lado esquerdo da fotografia encontra-se uma guarita com guardas

que controlam a entrada e saída de pessoas da escola, como professores, pais e

estagiários. Na figura 07, aponta-se o acesso dos professores pela lateral do bloco

do EM, e estacionamento para carros também sob supervisão dos guardas da

Universidade.

E.M. E.F.

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Figura 06 – Guarita e acesso dos professores à escola por um portão lateral(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08)

Figura 07 - Portão lateral para o acesso dos professores à escola(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08)

Na figura 08, é apresentado o ginásio esportivo entre os blocos do EF e EM, que é

de grande destaque arquitetônico por suas dimensões. O ginásio tem quadra de

777,80m2 e uma arquibancada com capacidade para aproximadamente 250

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pessoas, ocupando uma área de 121m² (Projeto Político Pedagógico do CAP, 2008-

2009).

Figura 08 – Ao fundo da passarela de acesso central, o ginásio localizado entre os blocos doEM e EF

(Fotografia: Mariana Bertanha Biava - 23/06/08)

Foi realizado, também, os registros fotográficos da vista externa do Bloco do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio, do banheiro do Ensino Médio e do Fundamental,

pátio, ginásio esportivo, biblioteca, cantina, refeitório, sala de informática e outros

espaços que apareceram nos discursos e as fotos estarão na Seção IV e no Anexo

VII.

3.3.3. As entrevistas

Por meio de um sorteio foram convidados 10 alunos da 7ª e 8ª séries do EF e 15

alunos do EM para participar das entrevistas. Esses alunos receberam um termo de

consentimento (ANEXO I), como estabelecido e aprovado pelo Comitê Permanente

de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de

Maringá, para que os pais concordassem com a participação dos filhos na pesquisa.

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Os pais de dois alunos da sétima série não consentiram que seus filhos

participassem da pesquisa. Então, outros dois foram sorteados para os substituírem.

As entrevistas foram gravadas em Moving Picture Experts Group - 1/2 Audio Layer 3

(Mp3) e realizadas individualmente com cada um dos 25 alunos no período letivo, no

mês de Junho de 2008. Cada entrevista durou entre 15 e 25 minutos.

Utilizou-se a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de informações.

Para Ludke e André (1986) as entrevistas livres são os tipos mais adequados às

pesquisas em educação, isto porque são instrumentos flexíveis. Para as estudiosas

a entrevista semiestruturada “se desenrola a partir de um esquema básico, porém

não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias

adaptações” ao roteiro de perguntas previamente estabelecido (LUDKE; ANDRÉ,

1986, p. 34). Este tipo de entrevista mostrou-se adequado para a pesquisa, pois

permitiu realizar mais questionamentos durante a entrevista e possibilitou abarcar

assuntos que inicialmente não haviam sido pensados.

Por conta de provas e trabalhos dos alunos e da presença de estagiários na sala de

aula, as entrevistas, assim como as observações, foram postergadas, tendo como

consequência modificações nas datas de suas realizações. Mas este fato não

atrapalhou o desenvolvimento do trabalho, pois, contou com a compreensão da

coordenação e dos professores.

As entrevistas tiveram início com o Ensino Médio seguindo um roteiro com doze

perguntas, sendo seis de ordem pessoal e mais seis a respeito do cotidiano escolar

(ANEXO II). Os alunos ficaram a vontade para responder aos questionamentos, uns

com mais desenvoltura outros com timidez, mas todos deram sua contribuição

colaborando e respondendo a todos os questionamentos.

Para a entrevista com os alunos do Ensino Fundamental inicialmente foi proposto

um roteiro com seis perguntas pessoais e seis da relação do aluno com o espaço

escolar, sendo que alguns questionamentos foram abordados de forma diferente aos

alunos do ensino médio (ANEXO III).

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Ao dar início as primeiras entrevistas no EF, notou-se pelos discursos, que poderiam

ser feitas algumas questões que estavam propostas apenas no questionário para os

alunos do EM, por isso nas transcrições das entrevistas podem ser encontradas

mais de doze questionamentos por aluno do EF. Os alunos do EF, assim como os

alunos do EM, ficaram à vontade durante as entrevistas, o que facilitou o desenrolar

dos discursos.

Tanto no Ensino Médio quanto no Ensino Fundamental percebeu-se durante as

entrevistas a necessidade que os alunos tinham de contar para alguém as coisas

que aconteciam no cotidiano da escola. A deficiência de aulas práticas, a

necessidade em utilizar de forma mais frequente os diferentes espaços da escola,

como a sala de informática, biblioteca, sala de vídeo, laboratório e até reclamações

em relação a professores, a coordenação, a direção e ao atendimento na cantina,

surgiram durante as entrevistas.

Com as 25 entrevistas gravadas em áudio foi realizada a transcrição dos discursos

dos alunos entre os meses de junho e julho de 2008 (ANEXO IV). A partir das

transcrições foram analisadas as falas dos estudantes, para examinar os

argumentos e figuras de retórica que auxiliaram a compreender a relação desses

alunos com a escola.

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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.1. A ESCOLA E SEUS MARCOS: OBSERVAÇOES DOS ALUNOS SOBRE A

ARQUITETURA DA ESCOLA

Os 25 alunos entrevistados indicam, por meio de suas respostas, o ginásio de

esportes como o local que mais precisa sofrer modificações em sua estrutura. Os

alunos mostram as falhas na estrutura física da quadra como janelas quebradas e

problemas no teto que causam goteiras nos dias de chuvas, o que os impossibilita

de praticarem atividade física nesses dias (Figuras 9 e 10). Isso denota o ginásio de

esportes como um dos lugares preferidos dos alunos.

Figura 09 – Vista interna do ginásio: o grande problema da estrutura da escola(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)

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Figura 10 – Vista da lateral interna da quadra esportiva: problemas com os dias de chuva(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)

Está presente também no discurso dos alunos, a necessidade de pintura do colégio,

um espaço maior para as salas de aula, renovação do mobiliário escolar, reforma da

biblioteca (Figura 11) e mudanças nas lousas. Afirmam os alunos:

AEM-1 “Eu acho a sala muito pequena, não sei, porque no outro colégio que eu vim, dooutro colégio lá era maior, só isso. A quadra, quando chove fica molhado lá e não temiluminação, daí fica meio escuro”.

AEM-2 “Ah! Eu mudaria o Ginásio que é bem precário mesmo, pra gente fazer uma aula deEducação física assim, no dia de chuva dá pra fazer uma aula bem legal de natação, porqueinunda tudo. Agora se você quer fazer uma aula lá embaixo você não pode porque fica combarro, então a estrutura não permite aí a gente tem que ficar na sala. Eu melhoraria tambémo, a biblioteca porque chove dentro às vezes aí molha todos os livros daí bibliotecária temficar com um paninho secando e ventilador ligado pra secar tudo, isso que eu mudaria”.

AEM-7 “Eu mudaria a quadra, toda vez que chove é uma inundação, vira uma piscina e nãodá pra fazer educação física. A única coisa. Tentaria mudar acho que o telhado, que é oproblema que tem ali”.

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AEM-8 “Eu acho que eu mudaria os quadros, acho que colocaria aqueles de pincel, sabe.Não tem muita coisa pra mudar, sabe. Eu acho que no geral a estrutura do CAP é boa. Umareforma na quadra, que ela está precisando, está com alguns problemas lá, porque tacaindo as janelinhas lá. Mas em questão de estrutura o CAP tá bem”.

AEF-1 “[...] eu mudaria o ginásio e algumas salas, eu mudaria. Nossa! No ginásio eucolocaria um teto. Eu mudaria, ele é meio pequeno para fazer educação física... eureformaria ele, acho que cantina eu faria maior e colocaria funcionários que soubesseatender a gente, fica uma confusão lá. E as salas algumas tão caindo cadeiras tudoquebradas ...”

AEF-3 “O ginásio, o pátio. Ah, não tenho muito que reclamar não. Mais o ginásio porquequando chove, não tem como fazer educação física dentro, porque ta tudo alagado. Asportas quebradas, as janelas. As salas também pingam quando chove [...] O quadro é muitopequeno na nossa sala”

AEF-10 “O ginásio, o refeitório, a cantina, o redondo e as salas, praticamente tudo. Oginásio está quebrado, quando a gente vai treinar a noite, que a gente treina a noite, não dápra treinar porque choveu daí a gente tem que ir embora, e perde tempo pra vir aqui. Acantina, assim, sei lá, o piso dela é muito estranho, a gente pisa, faz barulho, assim, eu nãogosto. Daí também tem as salas, as salas são apertadas, são sujas e às vezes trinta alunosnão cabem. E também o redondo é sempre sujo e ninguém nunca limpa ele”

Figura 11 – Biblioteca: apontada como local para modificações em sua estrutura(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/2008)

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A arquitetura do CAP, imponente por seu ginásio, e de estética diferencial das

demais escolas do município de Maringá, é a referência e o marco político do

colégio.

AEM- 3 “[...] o primeiro lugar que você vê é uma pirâmide gigantesca, que é o ginásio. [...]”.

AEM-5 “Oh a primeira vez que eu vi aqui eu me lembro que eu era pequeninho eu acho queeu tinha quatro anos, eu tava descendo assim à rua com a minha mãe, aí minha mãe falou:você vai estudar aí oh. Aí eu vi aquele negocinho assim em cima do telhado, aí será que euvou estudar aí em cima desse negócio, aquilo parece carteira [...]”.

AEM-10 “[...] tem um ginásio como se fosse um triângulo bem grande e meio quebrado, trêsblocos principais como retângulos mais afastados do ginásio, um maior que fica a direita doginásio tem dois andares, um outro que fica a direita desse maior que é a biblioteca e umoutro que fica a esquerda do ginásio que é eu acho até a oitava série, de quinta a oitava.[...]”.

AEM-13 “[...] na entrada tem um toldo, ficou feio só que é necessário. Que eu achava lindoentrar na escola, porque tudo nessa escola é em volta do ginásio. Aí eu entrava... Tem asfotos lá na biblioteca de antigamente assim, tiraram a foto do ginásio você entrava assim, sóque construiu não ficou legal, mas ficou bom [...]”.

AEF-1 “[...] tem um ginásio que está um pouco acabado, pra direita tem as salas do ensinofundamental e para esquerda, as do ensino médio [...]”

O “negocinho em cima do telhado” (Figura 12) lembrado pelo aluno AEM-2 como

“carteira” são os sheds, elementos arquitetônicos que têm a função de permitir a

entrada de luz, favorecer a ventilação vertical, evitar a incidência direta de sol e

permitir a iluminação natural, marcos dos projetos arquitetônicos de João Figueiras

Lima, que projetou os Centros de Atenção Integral à Criança - CAICS (PEREN,

2006, p. 35).

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Figura 12 - Bloco do Ensino Fundamental, a seta mostra o shed comparado por um alunocomo uma carteira

(Fotografia: Mariana Bertanha Biava-23/06/2008)

4.2.O QUE OS ALUNOS DIZEM?

É consenso entre os alunos entrevistados que iluminação, barulho interno e externo,

calor e frio, tamanho da sala, posição da lousa, assim como goteiras na quadra, na

biblioteca e na sala de aula, são problemas que enfrentam no dia-a-dia da escola. É

importante dizer que os alunos gostam muito da escola, respeitam-na por ser uma

escola diferenciada entre as escolas estaduais de Maringá/PR, mas são críticos

sobre as situações que vivenciam no cotidiano escolar.

Ao se referirem à escola, os alunos apresentam duas principais analogias em seus

discursos, e uma metáfora orientacional (caída), de acordo com Lakoff e Johnson

(2002):

A escola para o aluno AEM-5 é como uma casa. Nesse caso podemos ter

simplesmente uma analogia. Para esse aluno, a escola é um local de acolhimento e

aprendizagem. Esse acolhimento é encontrado também em sua casa, portanto para

esse aluno a escola é uma casa, com atributos que favorecem o aprendizado.

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Nesse mesmo discurso encontram o argumento da qualidade pela quantidade, ao

justificar a organização do CAP relacionada a sua dimensão:

AEM-5 “[...] O espaço é como se fosse uma casa, com quintal pra você poder estudar,porque às vezes o colégio não é muito grande, ele acaba sendo grande, mas é malelaborado. Esse colégio aqui é muito bom, ele é muito bem organizado”.

Outra analogia encontrada na fala de um dos alunos ao tratar da escola (AEF-10) é

da escola como prisão. Esta analogia é resultante acontece quando a escola é

comparada a uma prisão, assim como fez Foucault, remete a escola como estrutura

física (quanto a disposição das grades, salas de aula que isolam o aluno em

carteiras individuais) e disciplinar (regras e punições) que causa nos alunos

sentimentos de aversão a escola.

A prisão proporciona isolamento e punição por meio de suas regras e estrutura

física. A escola tem grades que dificultam contato com o exterior e muitas regras e

punições. Logo para esse aluno, a escola é como uma prisão.

No discurso de AEF-10 nota-se certa aversão à estrutura física da escola quando

adjetiva o prédio da escola como alto, o ginásio como triangular e a passarela do

piso superior como viaduto. Há nesse discurso a denotação de um distanciamento

da escola como um lugar apropriado pelo aluno:

AEF-10 “Meu colégio tem prédios altos, e um ginásio triangular, uma ponte tipo viaduto, umredondo, tem cerca que parece presídio e os professores são chatos [...]”.

Ao identificar a analogia da escola como prisão na fala do aluno, é interessante

comentar que no momento da observação no CAP/UEM, realizada no mês de Maio

de 2008, foi encontrado um espaço em que os alunos punidos por indisciplina

devem realizar atividades. Esses alunos ficam sob a supervisão da inspetora e é

localizado em frente à sala da coordenação (Figura 13). Foucault (2007) trata

desses espaços de punição, ao comparar as escolas com as prisões. O autor

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descreve o isolamento em celas solitárias como forma de punição, ou seja, no caso

da escola, isto ocorre quando os alunos punidos não participam como os outros das

atividades normais, representando o isolamento citado por Foucault.

Figura 13 – Espaço de punição aos alunos indisciplinados.(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/2008)

As analogias da escola como casa e como prisão, encontradas no discurso de dois

alunos (AEM-5 e AEF-10), apesar de antagônicas, demonstram que a escola é vista

como próxima ao lugar familiar, mas o espaço físico institucional (com grades,

corredores e regras) é próximo as outras instituições como a prisão, por exemplo.

Em diversas falas encontrou-se a escola rígida, mas com um ensino de qualidade,

os alunos ao mesmo tempo em que reclamam justificam a qualidade do ensino no

CAP:

AEM-1”[...] eu acho boa no estudo, os professores querem ensinar os alunos mesmo, nãogosto muito desses bilhetinhos. Esse ano tá muito rigoroso, mas eu acho boa sim. [...]”.

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AEM-2 “[...] Então eu acho que, o nível de educação dela é muito bom, os alunos aprendemmuito [...] Então, aqui eu acho que é um lugar que tem um nível de educação muito bomcomparado a outras escolas da rede estadual [...]”.

AEM-5 “Oh! Pra mim se fomos ver... Como eu estudo num colégio público. E o ensino aqui écomparado com colégio particular, dava pra dar uma nota muito boa para esse colégio,muito boa”.

AEM-6 ”[...] é uma escola muito rígida que quem entra aqui tem que querer estudar. Nãoadianta falar assim que vai entrar aqui e vai fazer bagunça que aqui o negócio é diferente[...]”.

AEM-9 “[...] o aprendizado é bom também, só que tem umas coisas assim que eu achoerrado no colégio. Tipo a parte de diretoria essas coisas e tal [...]”.

AEF- 3 “[...] os professores são ótimos, a coordenação essas coisas [...]”.

AEF-8 “Minha escola assim, tem um desenvolvimento bom e tem capacidade pra ter unsalunos bons, pra faculdade, pra saírem mais distantes e, assim, tem seus defeitos, mas amaioria, a estrutura é boa sim [...]”.

AEF-9 “[...] Ah, é uma escola boa. Tem um ensino bom, comportado muitas vezes, osprofessores põem disciplina nas salas. Acho que assim, é uma escola que eu amo muito[...]”.

Veja a fala do aluno de outro aluno em relação à estrutura física da escola:

AEM-2 “[...] ela parece meio caída, vamos dizer assim, pintura, estrutura tudo, mas é porqueela é antiga, já vai pra uns 30 anos que ela existe”.

O aluno AEM-2 utiliza a metáfora orientacional caída para se referir à escola, Lakoff

e Johnson (2002, p.60) argumentam:

[...] Essas orientações espaciais surgem do fato de termos os corpos quetemos e do fato deles funcionarem da maneira como funcionam em nosso

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ambiente físico. [...] Elas têm uma base na nossa experiência física ecultural.

Se relacionar o discurso do AEM-2 com a fala de Lakoff e Johnson (2002) pode-se

explicar a metáfora caída como espacial e ontológica indicando uma materialidade

física e que também no caso da escola, passa a representar tristeza e depressão,

entendida por esse aluno como falta de cores na escola e estruturas físicas com

problemas.

Outra figura de retórica encontrada nos discursos foi a metonímia. Os alunos

referem-se a essa figura quando citam um espaço, localizado no pátio da escola que

tem o formato de um círculo, por isso convencionou-se pelos alunos o nome de

“Redondo”. O chamado “redondo” é encontrado nos discursos como o local mais

apreciado pelos alunos entrevistados, um espaço escolar que agrega os alunos e

onde podem conversar e brincar ao ar livre sem as regras de disciplina que a sala de

aula impõe (Figura 14 e 15).

Durante os intervalos, o “redondo” é o espaço mais apropriado pelos alunos para a

realização de brincadeiras, conversas e paqueras. Esse espaço também é utilizado

pelos professores para realização de leituras e dinâmicas de grupo. Os professores

de Educação Física revezam a quadra coberta para as atividades, e quando esta

não está disponível, usam “o redondo” e o espaço do pátio ao lado do corredor onde

há os mastros das bandeiras (Figura 16), improvisando uma quadra de vôlei com a

rede esticada nos mastros para realizarem suas aulas.

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Figura 14 – “O redondo” citado com relevância nos discursos dos alunos(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)

Figura 15 – Utilização do redondo no intervalo como local de encontro e brincadeiras(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)

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Figura 16 – Improviso e apropriação do espaço: alunos brincando no pátio.(Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008)

Quando perguntado aos alunos qual o local da escola em que gostariam de ter aulas

e o porquê da escolha, o redondo aparece em 07 dos 15 discursos dos alunos do

EM (AEM-3, AEM-4, AEM-7, AEM-10, AEM-12, AEM-13, AEM-15), e em 06 dos 10

discursos dos alunos do EF (AEF-1, AEF-3, AEF-6, AEF-8, AEF-9, AEF-10), sempre

aliado à justificativa de ser ao ar livre, um lugar gostoso e divertido. Nesse sentido, o

redondo passa a representar sinônimo de liberdade para os estudantes. Vejam

algumas falas:

AEM- 3 “[...] Eu gosto das aulas ali no redondo, aquele negócio redondo azul, no pátio, eugosto das aulas lá, às vezes tem dinâmica lá fora assim. Tipo geografia, às vezes aprofessora leva a gente lá pra fazer uma dinâmica, bem legal. Eu até gosto das aulas ali defora”.

AEM-12 “Tem um pátio ali com uma arquibancada assim, que é redondo. Eu acho que aliseria o ideal pra fazer uma aula fora da sala de aula, eu acho que ali é um espaço bemlegal. Porque a gente senta todo mundo por igual numa arquibancada em que todo mundovê o professor, e o professor fica ali na frente e eu acho que dá pra ele gesticular fazer umascoisas bem diferente.

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AEM- 15 Ah o redondo amarelo ali. Porque é ao ar livre entendeu, tem lugar para sentarquando está limpo... .É legal, porque sai um pouco da rotina, a gente cansa fica sentadoolhando pra frente, aí descontrai um pouco.

AEF-9 “O círculo, aquele círculo azul ali fora. Porque é o lugar que todo mundo fica perto,não tem que ter silêncio, e ah, sei lá, é gostoso, ao ar livre”.

AEF-10 “O redondo. Porque pega sol, se tiver frio é bom, se tiver calor também é bomporque pega vento e porque tá no ar livre e é bom respirar ar livre”.

Quando questionados a respeito da interferência do barulho na aprendizagem e na

saúde, os estudantes utilizam em seus discursos argumentos por experiência e por

testemunho. Apenas 3 alunos do EM (AEM-1, AEM-7, AEM-15) não conseguem

identificar a interferência do barulho nem na saúde e nem no aprendizado Com

exemplos do cotidiano escolar, relatam acontecimentos vividos por eles no dia-a-dia

da escola e demonstram a interferência do barulho:

AEM-3 “Aí! Nos dois. [...] nossas salas são bem pertinho uma da outra a nossa e a doprimeiro ano, é tipo janela com janela e as duas salas são muito barulhentas então assim,tanto atrapalha daí, antes eu sentava no fundo, daí alguém ta falando ali perto da janela evocê presta atenção no que a pessoa está falando do que o que seu professor ta tipofalando. Aí atrapalha pra você aprender assim e a gritaria é muita daí se sai com dor decabeça”.

AEM-12 “Influencia. Porque esses dias a gente estava assistindo um filme aí estava tendouma aula do lado daí a gente não conseguia escutar direito teve que ir lá pedir para elesrirem mais baixo porque estava atrapalhando. Ontem mesmo na hora da prova a professoranão conseguiu controlar os alunos e a gente não conseguia fazer a prova. Assim,reclamação quanto a barulho é bem sério no colégio, porque qualquer coisa dá eco alinaquele corredor”.

AEM-13 “Sim, sim com certeza [...], por exemplo, segunda ou terça feira do feriado eu tiveprova, aí o professor não veio, teve aula vaga. E a professora subiu a prova, só que elaestava em outra sala e não foi ela que deu. Só que assim é... senão for o professor ele nãotem tanto controle na sala. Aí tipo assim, conversava, entendeu! E atrapalha. As outrassalas também, virou um pampeiro! Atrapalha na concentração, atrapalha tipo assim, amesma coisa de você ta lendo um livro e alguém conversando do seu lado, tira totalmentesua atenção”.

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AEF-3 “Aham. Às vezes quando o povo que vem do ginásio ele vem aqui no banheiro que édo nosso lado. É muita conversa. Eu acho que não presta atenção Você se liga aqui fora.Não presta atenção. Que às vezes eles dão risada, você quer saber o que está acontecendoaqui fora”.

AEF-5 “Ah, já aconteceu assim, de outras salas ficarem bagunçando que nem essa semanamesmo, a sala do lado tava bagunçando e atrapalhou nossos estudos aí a professora teveque sair da sala e ir lá pedir silêncio. E quando também formam filas aqui pra ir pra outrolugar do colégio, faz muito barulho e atrapalha às vezes. Eu acho que tinha que separar.Quando o professor está explicando aí fica aquele barulho aí já começa já conversa na salae ai a gente não consegue ouvir o que o professor vai falar”.

A iluminação e a temperatura também aparecem como problemas no cotidiano

escolar dos alunos. Mesmo considerando a iluminação suficiente para as atividades,

foi identificado, nos discursos dos estudantes, o problema da incidência direta do sol

nas carteiras próximas à janela e o reflexo produzido pelo sol na lousa atrapalhando

a leitura do quadro. Em relação à temperatura reclamam do vento, do frio no inverno

e do calor nos dias de verão. A respeito desses problemas os argumentos de

experiência e de testemunhos voltam a ser identificados nas seguintes falas: AEF-1,

AEF-3, AEF-4, AEF-7, AEF-8, AEF-9, AEF-10, AEM-2, AEM-3, AEM-4, AEM-5,

AEM-6, AEM-8, AEM-9, AEM-10, AEM-12, AEM-13, AEM-15. Por exemplo:

AEM-2 “[...] tem as fileiras da sala de aula e quem senta nas duas fileiras perto da paredenão consegue enxergar o quadro se as janelas estiverem abertas. Aí a luz acende pra poderfechar as janelas, porque aí bate um reflexo do sol daí não enxerga o que o professorescreve na primeira parte do quadro. Daí tem que acender a luz porque senão fica muitoescuro”.

AEM-3 “[...] o pessoal reclama que se a gente abre a janela para entrar luz na sala atrapalhaa visão de quem está do outro lado, quem fica do lado da porta [...]”.

AEM-4 “[...] se tiver apagada a gente não enxerga e a janela também tem que ser fechada,se abrir não dá pra ver o quadro porque bate reflexo”.

EM-6 ”[...] a primeira janela reflete muito no quadro então as pessoas que estão sentadas naprimeira fileira, que é a da porta, não conseguem enxergar se a luz estiver apagada e elaaberta. Não consegue enxergar. Então tem que fechar ela e acender a luz”.

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Identificou-se, nos discursos dos alunos, argumentos que favorecem uma escola

“ativa e formadora”, como Anísio Teixeira já havia citado em tempos anteriores. Os

alunos foram capazes de redesenhar e discutir a escola como um “lugar de ensinar”.

Em vários discursos foram encontradas as ideias e propostas de Anísio Teixeira.

Como exemplo:

AEM-8:“Eu sou a favor assim, aula de química, física e biologia o mais práticas possíveis,que eu acho que levando pra fora da sala a gente aprende mais fácil do que toda aquelateoria direto, blá, blá, blá...na sala, porque às vezes você distrai com alguma coisa e tal. Euacho que a gente tem usar o laboratório, eu não fui esse ano no laboratório, não usei olaboratório de, tem um laboratório bom aqui no colégio que eu acho que deveria ser usado,mais aproveitado”.

“Que nem matéria do segundo ano mesmo, tem plantas e tal, de biologia, dava pra usar asplantas que tem no colégio. Aqui UEM tem várias plantas, um espaço biológico, materialbiológico muito bom. Bom eu acho assim, os professores poderiam aproveitar melhor porestar dentro da UEM a estrutura que a UEM oferece. Visitar os cursos de física, eles temtambém um material muito legal, que dá pra você aprender física assim, rindo, brincando.Tem o pessoal de matemática, eles têm um trabalho de matemática muito legal. Então, euacho que assim, aproveitar o que a UEM disponibiliza. Além de usar, é claro, o laboratório, abiblioteca, a quadra”.

AEM-09 “[…] só que tem umas coisas assim que eu acho errado no colégio. Tipo a parte dediretoria essas coisas e tal.[...] Eu acho que tipo, tem uma ideia é... contraria assim a dosalunos, sabe?!.Tipo eles tem uma ieéia deles e a gente tem a nossa [...]. Essa parte assim,entre diretoria e alunos... falta os dois se acertarem”.

“[…] nas matérias tipo de biologia e química a gente quase não faz experimento, essascoisas. Deveria ter, pra gente ter mais conhecimento tal. Não só na sala de aula [...]”.

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5. CONCLUSÃO

Pode-se afirmar que os alunos, mesmo desconhecendo os conceitos de arquitetura,

identificam, no espaço físico da escola, características de falha em sua estrutura e

na constituição dos lugares ou espaços vividos, as quais interferem no cotidiano

escolar dos alunos.

É notável a criticidade dos dois grupos de estudantes pesquisados quanto às

relações que se estabelecem no cotidiano escolar entre o espaço vivido e os sujeitos

que dele se apropriam.

Foi Identificado que os alunos compreendem mais a influência do espaço no ensino

do que na saúde. Por meio de argumentos por experiência e testemunho, os

estudantes relatam diversos momentos no dia-a-dia da escola em que fatores como

o barulho, o reflexo da luz solar e o calor/frio, tornam-se obstáculos para a

aprendizagem.

Os dois grupos de entrevistados são unânimes quanto ao espaço que precisa de

atenção urgente, a quadra esportiva. Esta é indicada como um lugar de acolhimento,

porém pode ser considerado um espaço que morre um pouco cada dia, pelos

problemas em sua estrutura.

Outro espaço de acolhimento é o chamado “redondo”, indicado pelos alunos, como

um espaço de convivência e descontração na escola. Neste espaço os alunos

encontram-se para conversas e brincadeiras. O ginásio e o redondo são

caracterizados como símbolos de liberdade. É esta liberdade apontada quando os

alunos reclamam a falta de aulas fora da sala de aula, em ambientes que a escola

disponibiliza, mas que não são usados pelos professores, como a biblioteca, a sala

de informática, o laboratório, além dos espaços pertencentes a Universidade.

A localização da escola dentro do Campus da Universidade Estadual de Maringá é

marcadamente positiva na visão dos alunos. Parece que a sua localização na

Universidade transporta à escola a competência de facilitadora no ingresso dos

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estudantes ao ensino superior de qualidade, além de despertar nos alunos a

necessidade de utilizar o que a Universidade disponibiliza (projetos de extensão,

espaços como o museu interdisciplinar, laboratórios, além de outros) para auxiliar no

aprendizado.

As analogias casa e prisão apesar de antagônicas revelam que a escola rígida e

disciplinadora seria uma das condições, segundo os discursos, para uma escola

com ensino de qualidade. Apesar de o local casa ser espaço apropriado e

aconchegante é também um espaço com regras. Dessa forma, ao criarem as

analogias escola - casa - prisão os alunos caracterizam a escola como rígida, mas

com qualidade de ensino.

Inicialmente foi pensado as entrevistas como forma de promover discussões acerca

do espaço escolar e sua influência na saúde e no aprendizado dos estudantes. Para

isso, foram propostos aos alunos entrevistados, questionamentos direcionados para

esse objetivo. As entrevistas acabaram tomando caminhos diferentes do esperado.

Em quase todos os discursos, os estudantes não se continham em apenas

responder os questionamentos, e às vezes nem o respondiam de fato, mas, o que

parece é que necessitavam dividir os problemas que enfrentam na escola. Ao

reclamarem da direção, coordenação, professores, falta de aulas práticas, os alunos

mostram a necessidade que sentem de serem ouvidos, assim como de suas

necessidades serem atendidas.

Algumas das necessidades apontadas pelos estudantes são aquelas que, para ,

Anísio Teixeira, apontou desde a década de 30 ao pensar a escola como espaço

físico adequado à educação, de forma a tornar-se o lugar escolar. Um lugar em que

o aluno recebesse formação com salas para laboratório, auditório, biblioteca, artes,

leitura, ginásio esportivo, além de professores capacitados e atualizados. Os alunos

clamam por uma escola com um novo projeto pedagógico aliado a uma melhor

apropriação dos espaços da escola.

Por fim, o presente trabalho espera contribuir na discussão acerca do espaço

escolar e promover uma reflexão nas relações que o espaço, como lugar de

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educação, estabelece com os estudantes, a fim de tornar o “lugar escola” como

facilitador da educação e não mais um obstáculo.

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ANEXOS

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Anexo I - Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: “O Espaço escolar, ambiente e saúde no discurso de alunos”.

Estamos convidando o (a) menor_____________________________ (nome doaluno) a participar da nossa pesquisa científica, que tem por objetivo compreenderas representações da escola como espaço de saúde e de ensino por meio daanálise do discurso de jovens em processo de escolarização.A participação é voluntária e o referido aluno responderá a uma entrevista gravadaem áudio, relacionada ao dia-a-dia na escola. A entrevista será feita na escola semnenhum risco ou dano ao aluno.Por meio desse convite, pedimos sua autorização para a utilização dessa entrevistapara fins científicos, para avaliarmos se arquitetura escolar apresenta boascondições ambientais para a saúde dos alunos por meio de seus discursos. Osresultados poderão ser utilizados para uma melhoria no ambiente escolar.Destacamos que durante o desenvolvimento do trabalho é garantida ao participantea liberdade de recusar-se a dar continuidade à sua colaboração na pesquisa,lembrando que seu nome e o nome do aluno pesquisado permaneceram noanonimato em todos os níveis de divulgação dos resultados.

Eu, ____________________________________________, (responsável pelomenor) após ter lido e entendido as informações e esclarecido todas as minhasdúvidas referentes a este estudo com a pesquisadora Mariana Bertanha Biava, RG34.875.045-6, CONCORDO VOLUNTARIAMENTE, (que o (a) menor)_____________________________________________ participe do mesmo.

_____________________________________________ Data: ____/____/______Assinatura ou impressão datiloscópica

Eu, Mariana Bertanha Biava, declaro que forneci todas as informações referentes aoestudo ao responsável do informante.

______________________________________________ Data: ____/____/______Assinatura

Equipe:

ORIENTADORA: Luzia Marta Bellini Telefone: (44) 3261-4827Endereço: Av. Colombo, 5790 - Bloco F67 - Sala 009Maringá - Paraná - CEP: 87020-900

ORIENTANDA: Mariana Bertanha Biava Telefone: (44)32624643Endereço: Av. Mario Clapier Urbinatti, 724. Bloco J Apto. 36 - Jd. UniversitárioMaringá – Paraná – CEP: 19041-120

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Anexo II - Roteiro para Entrevista com o Ensino Fundamental

Dados do pesquisador

Data: _____/_____/_____ Hora da entrevista: _____:_____

Dados do aluno entrevistado

Data de nascimento:

Série:

Período que estuda:

Tem reprovação?

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?

Bairro em que mora?

1- Você mudaria alguma coisa na estrutura do prédio de sua escola? Em qual lugarda escola essa mudança iria acontecer? Pode explicar por quê?

2- Se um professor quisesse dar uma aula em um lugar que não fosse à sala deaula, qual lugar da escola você sugeriria? Por quê?

3- Rodolfo estava na 7ª série de uma escola perto de sua casa. Mudou-se para outramais longe porque sua mãe encontrou uma escola com salas mais claras, maiores emais iluminadas. Porque você acha que a mãe de Rodolfo fez isso? O que vocêpoderia me dizer em relação à iluminação da sua sala?

4- A professora de Henrique acende a luz às 9 horas da manhã, mesmo com um diaensolarado, pois a sala de aula está escura. O que você acha disso? É legal? Não ébom?

5- Em um dia de muito calor a sala de aula de Joana ficou tão abafada que osventiladores não conseguiam refrescar os alunos, e a menina acabou com passandomal. O que você acha que poderia ser feito para melhorar essa situação? Como é atemperatura da sua sala? Já aconteceu algo parecido com você?

6- Os alunos da 8ª série de uma escola estadual da Zona 07 reclamam para aprofessora da dificuldade em ouvi-la, já que a sala de aula desses alunos ficapróxima a área de recreação e da rua. Um dos alunos dessa sala chega em suacasa com dores de cabeça logo após as aulas. O que poderia ser feito paramelhorar essa situação? Isso já aconteceu com você?

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Anexo III - Roteiro para Entrevista como Ensino Médio

Dados do pesquisador

Data: _____/_____/_____ Hora da entrevista: _____:_____

Dados do aluno entrevistado

Data de nascimento:

Série:

Período que estuda:

Tem reprovação?

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou?

Bairro em que mora?

1- Você mudaria alguma coisa na estrutura do prédio de sua escola? Em qual lugarda escola essa mudança iria acontecer? Pode explicar por quê?

2- Se um professor quisesse dar uma aula em um lugar que não fosse à sala deaula, qual lugar da escola você sugeriria? Por quê?

3- Em relação à temperatura de sua sala de aula, o que você poderia me dizer? Enos outros espaços da escola?

4- Durante as aulas é necessário que as luzes da sala de aula sejam ligadas? (Sesim- O que você acha que poderia ser feito para isso mudar?) Você acha que aluminosidade de sua sala é suficiente para você ler e escrever? Por quê?

5- Você acha que a quantidade barulho nos espaços destinados às atividades daescola tem influência em sua saúde? Por que você acha isso?

6- Como você descreveria sua escola, pense que você está contando a alguémcomo ela é. Como você diria? Você mostraria algum local da escola em especial?

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Anexo IV - Transcrição das entrevistas com alunos do EM

AEM -1

Série: 1º B

Data de Nascimento: 16/01/1993

Tem reprovação? Sim, na 5ª série.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, Maria

Gorette até o ano passado e um outro no Ney Braga que não lembro o nome”.

Bairro em que mora? “Cidade Jardim”.

1- “Eu acho a sala muito pequena, não sei, porque no outro colégio que eu vim, láera maior, só isso”. (Tem mais algum outro lugar?) “A quadra. Quando chove ficamolhado lá e não tem iluminação, daí fica meio escuro”. (Você acha que a salapequena te atrapalha?) “Não”.

2- “Na quadra, lá embaixo”. (Por quê?) “Porque sei lá, mais zoeira, melhor”.

3- “Ah! Está de boa, ventilador está de boa”. (Temperatura é isso que você quisdizer?)!”Sim Quando é calor nos ligamos o ventilador, todo mundo coopera”. (E nosoutros espaços?) “De boa”.

4- “Sim”. (O que você acha que pode ser feito para mudar isso?) “Ah fazer um... masnão dá aqui... não sei, fazer um teto solar, teto solar não sei, mas abrir mais a sala,ficar mais aberta, o sol entrar mais”. (Você acha que a iluminação da sua sala ésuficiente para você ler e escrever?) “É suficiente”.

5- “Não. Acho que não influência em nada não”.

6- “Minha escola é... eu vim esse ano né, mas eu acho boa no estudo, osprofessores querem ensinar os alunos mesmo, não gosto muito desses bilhetinhos.Esse ano tá muito rigoroso, mas eu acho boa sim”. (E a descrição física a estruturadela como você me diria?) “Tem um prédio dois andares, tem outro prédio lá nooutro lado com dois, não com um andar, no meio dos dois prédios tem uma quadra,boa, e só...”.

AEM-2

Série: 1º B

Data de Nascimento: 25/04/1993

Tem reprovação? “Não”

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Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

1- “Ah! Eu mudaria o ginásio que é bem precário mesmo, pra gente fazer uma aulade Educação física assim, no dia de chuva dá pra fazer uma aula bem legal denatação, porque inunda tudo. Agora se você quer fazer uma aula lá embaixo vocênão pode porque fica com barro, então a estrutura não permite, aí a gente tem queficar na sala. Eu melhoraria também o, a biblioteca porque chove dentro às vezes aímolha todos os livros daí bibliotecária tem ficar com um paninho secando eventilador ligado pra secar tudo, isso que eu mudaria”.

2- “Eu acho que tem um gramado ali, é... perto do portão de saída que eu acho queé bem gostoso assim, porque assim, bate sol daí você senta com a turma ali e fazuma aula bem dinâmica” (Vocês já fizeram aula ali?) “Não”. (Por que o gramado?)“Ah! Não sei principalmente se fosse uma aula de biologia, assim, ficaria mais pertoa professora podia usar algumas coisas da natureza pra mostrar”. (Vocês costumamir para laboratório?) “Nós fomos uma vez para laboratório ver estruturas das célulasde três... célula animal, vegetal e humana, daí a gente foi ver no microscópio”.

3- “A temperatura é boa”. (E nos outros espaços?) “Nos outros espaços também, euacho que não tem o que reclamar da temperatura”.

4- “Hã, hã. Porque, tem as fileiras da sala de aula e quem senta nas duas fileirasperto da parede não consegue enxergar o quadro se as janelas estiverem abertas.Aí a luz acende pra poder fechar as janelas, por que aí bate um reflexo do sol daínão enxerga o que o professor escreve na primeira parte do quadro. Daí tem queacender a luz porque senão fica muito escuro”. (Você acha que a luminosidade datua sala é suficiente para você ler e escrever?) “Acho que sim, acho que sim”. (Porque você acha que é suficiente?) “Não sei, nunca me atrapalhou. Eu acho que dápra mim ler, pra fazer outras coisas”.

5- “Os barulhos de fora não, mas os barulhos de dentro da sala sim. Porque a salaquase cai e tem gente que, a maioria da sala, 57 alunos das duas turmas estão comnota baixa, nota ruim, então isso mostra que os alunos não tão colaborandotambém. Porque só com a entrada da coordenação a coisa melhora, mas acoordenadora vira as costas aí começa a bagunça tudo de novo, aí não adiantanada”.

6- “Ah! Eu acho assim que a escola olhando ela assim, ela parece meio caída,vamos dizer assim, pintura, estrutura tudo, mas é porque ela é antiga já, já vai prauns 30 anos que ela existe. Então eu acho que, o nível de educação dela é muitobom, os alunos aprendem muito, e... ano passado teve um menino que fez vestibulare passou em primeiro lugar pra... engenharia, engenharia física, não sei, e hoje ele émonitor de física aqui na escola a tarde e passou o ano passado em primeiro lugarna olimpíada de matemática. Então, aqui eu acho que é um lugar que tem um nívelde educação muito bom comparado a outras escolas da rede estadual. Agora... achoque a estrutura assim... se fosse pra levar em algum lugar acho que não levaria,porque só por Deus!”

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AEM-3

Série: 1º A

Data de Nascimento: 06/10/1993

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”

1-“Ah! Eu não o que eu mudaria assim em questão da estrutura... tipo assim, talvez,só o ginásio assim, eu acho meio estranho”. (Estranho como assim? Explica o teu“estranho”) “Ah! Eu sei lá porque a gente sempre teve muito problema assim, aindamais no começo a gente tinha muito problema com o ginásio quanto aos dias dechuva com a sala assim, entrava muita água sabe, aí às vezes inundava a salaquando a chuva era muito forte. Aí acho que era essa questão que eu mudaria”. (Enos outros espaços?) “Ah eu não mudaria nada não”.

2-“Aí! O Shopping”. (Por que o shopping?). “Ah eu não sei, assim, tipo é um lugarque a gente, sei lá sabe não tem tanto o ambiente escolar assim, tem gentepassando, aí fica mais descontraído assim...”(Você acha que iria funcionar uma aulano shopping?) “Não, não ia dar certo porque a agitação ia ser muito grande”. (Mais eum espaço da escola? Se você pudesse escolher um lugar dentro da escola, umespaço que não fosse à sala de aula?) “Eu gosto das aulas ali no redondo, aquelenegócio redondo azul, no pátio, eu gosto das aulas lá, às vezes tem dinâmica lá foraassim. Tipo geografia, às vezes a professora leva a gente lá pra fazer uma dinâmica,bem legal. Eu até gosto das aulas ali de fora”.

3-“Não. Ah só no calor assim, tipo assim, quando alguns alunos têm umasbrincadeiras. Ano passado tinha muito, de aluno jogar giz no ventilador, aí quebrava.Aí chegava na época do calor assim, tipo começo do ano ou final do ano, aí ficavamuito calor na sala de aula. Mais assim, a galera sempre ajuda e a gente deixa oventilador ligado”. (E nos outros espaços da escola, você tem alguma coisa a dizerem relação a temperatura?) “Não, tranquilo”.

4- “É porque a sala é escura”. (O que poderia ser feito pra mudar?) “Ah! Tipo, àsvezes assim, o pessoal reclama que se a gente abre a janela para entrar luz na salaatrapalha a visão de quem está do outro lado né, quem fica do lado da porta. Sei lá,colocar igual naquelas escolas assim, na universidade às vezes tem aquelaslâmpadas em cima do quadro, não só no teto, sabe para melhorar pra clarearassim”. (Você acha que a luminosidade da sua sala é suficiente?) “Aham é, eu achoque sim”. (Por quê?) “Ah! A gente nota bastante diferença quando a luz está acesa equando está apagada sabe, aí é bem clarinho, aí a luz é fluorescente e é bemclarinho”.

5-“Aí nos dois, porque assim, tipo assim, nossas salas são bem pertinhas uma daoutra a nossa e a do primeiro ano, é tipo janela com janela, e as duas salas sãomuito barulhentas então assim, tanto atrapalha daí, antes eu sentava no fundo, daíalguém está falando ali perto da janela e você presta atenção no que a pessoa tá

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falando do que o que seu professor ta tipo falando.Aí atrapalha pra você aprenderassim e a gritaria é muita daí se sai com dor de cabeça”.

6-“Aí eu não sei, eu acho que sei lá. O primeiro lugar que você vê é umapirâmide gigantesca, que é o ginásio. Então assim, é inevitável você leva a pessoapra conhecer o ginásio o primeiro lugar, você entra e já vai direto. Daí ia mostrar seilá, a sala de vídeo que a gente tem aqui em cima que não é todas as escolas quetem a sala com o equipamento que a gente tem, tem equipamento bem legal. Aí asala de vídeo. Hã... a sala de aula assim, eu não sei se eu mostraria. Mas abiblioteca assim, onde eu sei que é um espaço assim legal”.

AEM-4

Série: 1º A

Data de Nascimento: 30/05/1993

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Jardim Montreal”.

1- “Acho que o ginásio”. (Por quê?) “Tipo quando chove alaga lá, não tem rede paragente jogar, assim eu acho meio precário”. (E outros espaços?) “Só as mesas dasala que tipo o povo rabisca e ta meio quebrada, mas só”. (Mas você diz em termosde visual ou conforto?) “Os dois”.

2- “Acho que lá naquele balão lá”. (Por que lá?) “Sei lá, sempre acostumei assim,quando o professor não ia dar aula na sala a gente ia pra lá. E é legal lá”. (Vocêacha que é melhor uma aula assim?) “Humhã, a gente relaxa”.

3- “Normal”. (E nos outros espaços?) “Também”.

4- “Ah! É...” (O que poderia ser feito pra mudar isso? As luzes ficarem acesasmesmo com o dia claro lá fora? Você vê algum problema nisso?) “Não. Tem tipoassim, se tiver apagada a gente não enxerga e a janela também tem que serfechada, se abrir não dá pra ver o quadro porque bate reflexo”. (Todas as janelastem que fechar?) “Não, a primeira”. (Você acha que a luminosidade da tua sala ésuficiente?) “É, dá pra enxergar normal, não tem nada”.

5- “Tipo a gente não presta atenção daí”. (Mas acontece isso com você?) “Sim, tembastante barulho na minha sala, na sala de trás”. (E de onde vem esse barulho?)“Das outras salas”.

6- “Ah! Sei lá. Grande, colorida ah! Não sei”. (Mas onde você me levaria paraconhecer?) “A quadra”.

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AEM-5

Série: 1º A

Data de Nascimento: 27/07/1993

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Cidade Jardim”.

1-“Ah! Essa fiação que está muito solta, pode até acontecer alguma coisa, né, eunão tenho certeza, mas vai que acontece é melhor precaver, que mais... tem, oginásio por causa da chuva as vezes molha, dá pra fazer natação, é fica complicadoaí a gente não faz educação física. Quando chove nossa senhora! Parece umacatarata e...deixa eu ver mais, (Sala de aula, biblioteca, banheiro...??)Ah! na sala deaula tem algumas carteiras que acabam sendo rabiscadas, eu não sou santo eacabo riscando de vez em quando, mas acabam vandalizando às vezes. Sei lá oque podia fazer, eles não podem fazer nada até porque é patrimônio e nos mesmoque pagamos, e não podemos fazer nada sobre isso, aí teria que conscientizar aspessoas a não fazer isso. Evitar passar errorex na parede ficar escrevendo que maisque poderia mudar... deixa eu ver...tanta coisa. Ah a merende! a merenda é boa eugosto da merenda, mas sei lá às vezes mudar alguma coisa. Às vezes quando temgelatina parece que é suco, Vamos ver...” (Mais alguma coisa no prédio?) “Noprédio. Não no prédio até que ta bom, está bem feito. Tem sala de vídeo, tembastante coisa, as salas não estão muito apertadas. Dizem que é muito aluno praquantia que tem de professor. Eu não sei se 35 alunos é muito para um professorsó. Dizem que é bom ter uns 25, sei lá”.

2-“Ah! É legal ter...seria legal uma aula na sala de informática, porque a gente podiaprogramar, pegar um site legal a gente fazia várias coisas lá. Porque a internet émelhor porque ela é mais abrangente. Aí se você pegar um... lá do lado de fora, vaiser aquele fuzuê, porque não vai ter alguém cuidado na sala de informática comotem. E como vai ser... Provavelmente vai ficar em dupla cada um, aí tem menoschance de conversar e menos disperso. Porque a sala é pequena, não é enormenão, como lá fora que você brinca um monte, né. Num museu também seria legal.(Por quê?) “No museu tem história, e história é bacana, porque você entende opassado e pode entender o futuro. Aquilo já acontece e tá acontecendo de novo,esse tipo de coisa”.

3- “Está de boa, quando está muito frio a gente coloca mais roupa. Porque só temventilador pra esfriar, ou abre a janela, aí quando está frio a gente fecha a janela”. (Enos outros espaços?) “Tudo de bom, porque lá no ginásio as janelas ficam abertas ecomo é grande e as chances de esquentar é muito pequena. Mas acho que nãoprecisa de aquecedor, a gente não vive num país frio, a gente vive num paístropical”.

4-“É claro”. (O que poderia ser feito para mudar?) “Claro que precisa! Se você forfazer, pensa você consegue ler com a luz desligada? Se você tiver no seu quarto ànoite com a luz desligada, você vai ler o que?” (Mas e na tua sala de aula?) “Na

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minha sala de aula, quando às vezes acaba a luz a gente abre as janelas, ai fica deboa, mas quando está com céu fechado e tá sem luz, aí a gente não consegue aí oprofessor dita e acaba se esforça um pouquinho. Mas é melhor com a luz ligada quea gente não força a visão”. (Você acha que a luminosidade da tua sala é suficiente?)“Ah! É boa muito boa, é você pode ver a quantia de lâmpada que tem, é bemorganizado”.

5-“Ah! Deixa eu ver...às vezes você tenta fazer lá aí alguém... (o aluno bate namesa= toc, toc, toc) aí você desconcentra, é às vezes tem muita gente conversandoe você fica assim... esperando parar, aí o professor fala, “leia a página 30” aí vocêfaz assim (ele colocou as mão nos ouvidos) e lê é o único jeito. Às vezes o pessoalacaba exagerando na conversa, mas eu não posso fazer nada”. (E barulho externo?)“Às vezes pode ter gente conversando, mas não é muito barulho, nada tão assimexagerado, aquela coisa assim, de vim até do outro do lado do Big para parar degritar, não é aquela coisa”.

6-“Oh! a primeira vez que eu vi aqui eu me lembro que eu era pequeninho eu achoque eu tinha quatro anos, eu tava descendo assim à rua com a minha mãe, aí minhamãe falou: você vai estudar aí oh. Aí eu vi aquele negocinho assim em cima dotelhado, aí será que eu vou estudar aí em cima desse negócio, aquilo parececarteira. Aí eu achei legal. Aquele negocinho assim, bonitinho, as janelinhas tudopintadinhas, é bem bonitinho por fora, né. E você entra por dentro também, o espaçoé bem grande, tem espaço reservado pra deficientes ali, tem um lugar onde vocêcome, temo lugar da biblioteca, tem sala de ginástica, esse colégio é bem completose você for comparar com vários colégios, tem quadra coberta. Às vezes eles fazemreforma, antigamente não tinha aquela passarela que você passa hoje pra sair prafora. Antes você tomava o toró nas ideias, hoje tem. Tem gente que manda pedra láe acaba quebrando a eternit, porque a eternit não é tão boa, mas é bom porque agente não se molha tanto. E a gente não fica mucado só naquele lugar, que fica lána frente e às vezes ali cai água”.“Oh! Pra mim se fomos ver... como eu estudo num colégio público. E o ensino aqui écomparado com colégio particular, dava pra dar uma nota muito boa para essecolégio, muito boa. Porque tem vários colégios que os alunos têm vamos dizer, 10alunos da oitava série, os mais inteligentes, colégio de bairro, os professores nãodão conta porque os alunos mais inteligentes xingam o professor daquele nome, oprofessor sai chorando e não aguenta. O espaço é como se fosse uma casa, comquintal pra você poder estudar, porque as vezes o colégio não é muito grande, eleacaba sendo grande mas é mal elaborado. Esse colégio aqui é muito bom, ele émuito bem organizado. Ele tem bastante coisa. Você vê na merenda... tem fruta?Tem fruta na merenda. Tem carne? Tem carne. Tem vamos ver... a merenda ela écompleta porque ela tem carboidratos, que é a carne, tem lipídeos, lipídeos não...Gordura, tem maçã, tem banana às vezes, tem de tudo. Acaba sendo bom”. (Temalgum lugar na escola que você goste mais?) Ah!Que eu mais gosto? Quando estoudo lado de fora. (risos) “Falando sério. A parte mais gostosa do colégio é ainformática, eu fico lá escrevendo, eu fico lá vendo internet, joga... Ah! Legal tambémo ginásio para gente poder jogar vôlei, adoro vôlei”.

AEM-6

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Série: 3ªA

Data de Nascimento: 22/02/1991

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Ney Braga”.

1-“Não”. (Sala de aula, biblioteca, ginásio, pense nos vários espaços...) “Se eupudesse fazer qualquer coisa, mudar o colégio eu colocaria piscina pra ter aula denatação e arrumaria o ginásio também”. (Por quê?) “Porque o ginásio é uma coisaque a gente está usando no dia-a-dia, uma coisa assim, uma benfeitoria que estariadando pra todo mundo e a piscina ia ser assim, mais uma atividade extra que ocolégio poderia dar pros alunos”.

2-“Ah! Sim dependendo do espaço que tivesse assim, que tivesse a ver com amatéria, que ao mesmo tempo desses pra ele dar aula e demonstrar alguma coisanesse espaço”. (Me dê um exemplo) “Aí que nem, eu já tive aula acho que eu tavana sétima/oitava série. Eu tive aula aqui mesmo, aos arredores da UEM, a genteestava fazendo sobre insetos, esse tipo de coisa. Aí ele pedia para gente coletarinseto que a gente tinha encontrado os nomes, os tipos de plantas e assim vai”.(Mas e se fosse uma professora e quisesse sair com você da sala, tem algumespaço que você ia sugerir?) “Não”.

3-“Por ser muito em cima no segundo andar tem dia que está mais frio e tem dia queestá mais calor. Quando estudava à tarde obviamente que era bem mais calor,então a gente passava muito calor, na época de verão. Agora no frio e como estudode manhã a gente não passa tanto calor assim. Mesmo porque é bem ventilado etem bastante ventilador. Agora no frio...” (risos). (Você estudou a tarde e que nocalor era muito calor, mas o ventilador era suficiente?) “Era, mas tinha vez que eleestragava”. (E nos outros espaços?) “Não”.

4-“Sim”. (O que poderia ser feito para mudar isso?) “Não, não sei. Porque a primeirajanela reflete muito no quadro então as pessoas que estão sentadas na primeirafileira, que é a da porta, não conseguem enxergar se a luz estiver apagada e elaaberta. Não consegue enxergar. Então tem que fechar ela e acender a luz”. (Vocêacha que a luminosidade é suficiente?) “Ah, eu acho que sim”. (Por quê?) “Porqueeu não tenho problema de visão nem nada”.

5-“Na saúde eu não digo, mas na aprendizagem sim, que nem esses dias, a genteteve que mudar de sala exatamente por isso, porque a luz não tava pegando, e aí,fica perto da sala de projeção, então o som estava muito alto e a gente tava fazendoprova. Então atrapalhou muito assim”. (Atrapalha em que sentido?) “O barulhoassim, na concentração mesmo, atrapalhou bastante”.

6-“Ah, eu descreveria que é uma escola muito rígida que quem entra aqui tem quequerer estudar. Não adianta falar assim que vai entrar aqui e vai fazer bagunça queaqui o negócio é diferente. Aí eu levaria assim que dá um exemplo disso mesmo,

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disciplina. Ah, na biblioteca ou se não, levaria para algum lugar aqui mesmo nocolégio”. (E se você fosse descrever a estrutura física, tem algum ponto que chamemais atenção?) “Não”.

AEM-7

Série: 3º A

Data de Nascimento: 02/11/1991

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, Ivaiporã

na escola Geni Aparecida (colégio estadual), no ensino fundamental, meus pais

mudaram de cidade”.

Bairro em que mora: “Jardim dos Pássaros”.

1-“Eu mudaria a quadra, toda vez que chove é uma inundação, vira uma piscina enão dá pra fazer educação física. A única coisa”. (O que você mudaria?) “Tentariamudar acho que o telhado, que é o problema que tem ali”.

2-“No redondo ali”. (Por quê?) “Um lugar mais gostoso, tem lugares pra sentar”.

3-“Boa, temperatura ambiente, normal”. (E nos outros espaços?) “Bom pra mim tudocertinho, nunca achei muito quente ou muito frio não”.

4-“Sempre”. (O que poderia ser feito para mudar) “Olha não sei”. (A luminosidade ésuficiente?) “A Luz? Sim, tranquilo”. (Por quê?) “Ah! As luzes são muitas luzes entãoilumina certinho tudo que eu preciso”.

5-“Acho que não”. (Por quê?) “Ah porque sei lá, eu nunca liguei para barulho escutoe a mesma coisa que entrasse aqui e sai aqui”.

6-“Falaria que estaria dentro da UEM, perto dos blocos ali colégio, teria três blocosassim, tipo três blocos, o primeiro bloco onde tem ensino fundamental, sétima eoitava série, onde o, outro bloco onde fica a diretoria, a sala dos professores eensino médio, e onde tem a biblioteca, cantina, auditório, é isso aí”. (Tem um lugaronde você levaria seu irmão mais novo?) “Na quadra”.

AEM-8

Série: 3º B

Data de Nascimento: 18/10/1991

Tem reprovação? “Não”.

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Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, no Acre,

por 3 anos. Mudei porque meus pais se mudaram para cá”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

1-“Na questão de prédio ou na questão de aula?” (Me fale da estrutura, do prédio)“Eu acho que eu mudaria os quadros, acho que colocaria aqueles de pincel, sabe.Não tem muita coisa pra mudar, sabe. Eu acho que no geral a estrutura do CAP éboa. Uma reforma na quadra, que ela ta precisando, ta com alguns problemas lá,porque ta caindo as janelinhas lá. Mas em questão de estrutura o CAP está bem”. (Oque você mudaria na questão de aula?) “Eu sou a favor assim, aula de química,física e biologia o mais práticas possíveis, que eu acho que levando pra fora da salaa gente aprende mais fácil do que toda aquela teoria direto, blá, blá, blá...na sala,porque às vezes você distrai com alguma coisa e tal. Eu acho que a gente tem usaro laboratório, eu não fui esse ano no laboratório, não usei o laboratório de, tem umlaboratório bom aqui no colégio que eu acho que deveria ser usado, maisaproveitado”.

2- “Que nem matéria do segundo ano mesmo, têm plantas e tal, de biologia, davapra usar as plantas que tem no colégio. Aqui UEM têm várias plantas, um espaçobiológico, material biológico muito bom. Bom eu acho assim, os professorespoderiam aproveitar melhor por estar dentro da UEM a estrutura que a UEM oferece.Visitar os cursos de física, eles têm também um material muito legal, que dá pravocê aprender física assim, rindo, brincando. Tem o pessoal de matemática, elestêm um trabalho de matemática muito legal. Então, eu acho que assim, aproveitar oque a UEM disponibiliza. Além de usar, é claro, o laboratório, a biblioteca, a quadra”.(Tem algum espaço que você sugere?) “Ah! Sei lá o redondo naquela grama quetem ali na frente”.

3- “Frio muito frio! É fria por ser no segundo andar e venta bastante e então tem diaque não dá pra ficar com a janela aberta, porque eu sento na janela, tem três janelasna sala. As duas primeiras ficam fechadas, a primeira porque senão o pessoal dooutro lado não vê. A segunda porque as meninas que ficam ali não abrem de jeitonenhum. Então se a gente não fica ali com a última janela ali aberta a sala fica todafechada, porque a porta também fica fechada, não tem como, aí você passa frio”.(E nos outros espaços da escola?) “Bom biblioteca eu não frequento muito, eu nãocostumo frequentar, então é assim o colégio é num lugar alto e venta bastante”.

4- “Sim. Tem as entradas de luz na sala, só se aumentasse as entradas de luz, mas,por exemplo, numa aula que precisa de escuro, por exemplo, com retro, aí não dá,que daí fica claro. Digamos que a iluminação está boa, dá pra ficar com a luzapagada, só que com a luz acesa é melhor até pra gente ver”. (Você acha que aluminosidade da sua sala é suficiente?) “É... sim. (Por quê?) “Bom eu sento embaixoda luz, e do lado da janela, eu não sei pra quem está mais pra lá. Ë tranquilo prafazer assim”.

5- “Influencia. Porque daí você dispersa, você presta atenção no barulho que tátendo, você olha. Até quando ta passando ali, porque nossa sala é última perto daporta, perto da rua, então quando passa aqueles carros com som, nossa! Aí todo

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mundo fica: “Perae professora presta atenção na música!” Então não tem como nãoinfluenciar. Tira, tira toda tua atenção, a concentração. Que nem hoje na aula dehistória, as crianças, o pessoal do fundamental, estavam saindo aí a gente teve quefechar todas as janelas senão não estava entendo o que a menina estava lendo.Atrapalha!”

6- “Ah! Um dia eu te levo lá. (risos) Não oh! É um prédio de dois andares tem aquadra, tem o redondo. Depois tem outro bem grande que são dois blocos, um dedois andares que é o bloco do ensino médio e um térreo que é o do fundamental. Aíatrás tem a biblioteca”. (Tem algum lugar que você levaria para conhecer?) “Orefeitório”. (Por quê?) “Porque as tias de lá são muito legais, elas são muito genteboa”.

AEM-9

Série: 3º B

Data de Nascimento: 16/01/1991

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, em São

Paulo, meus pais vieram morar aqui”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

1- “Aí eu acho que nada! Acho que melhorar mais a quadra, acho que nada...” (Porquê?) “Um pouquinho maior, ter mais esportes essas coisas”.

2- “Acho que fora assim, no jardim que tem ali”. (Por quê?) “Mais ambiente, ar puro”.(Mais algum outro lugar?) “Biblioteca... Auditório”.

3-“Ah! Quando está no inverno fica fria, muito gelada”. (E nos outros espaços?)“Tranquilo, normal”.

4- “Sempre fica”. (O que você acha que poderia ser feito para mudar isso?) “Nãosei, acho que não precisa mudar”. (Você acha que a luminosidade de sua sala ésuficiente para você ler e escrever?) “Ah! Acho que é... dentro da sala de aula é”.

5- “Hum... na minha vida assim? (Ahãm Ahãm) Não”. (nem no seu aprendizado?)“Pouquinho, se tiver bagunça na sala, no meu aprendizado atrapalha”. (Em quesentido?) “Atrapalha, assim, você entender a matéria”. (Isso acontece com você?)“Ahãm, Ahãm. Acontece”. (Barulho dentro sala?) “É dentro da sala e bagunça delestambém lá fora”.

6- “Ah! Eu falo que, tipo, a estrutura normal tal, o aprendizado é bom também, sóque tem umas coisas assim que eu acho errado no colégio. Tipo a parte de diretoriaessas coisas e tal”. (Mas errado em que sentido?) “Não acho errado. Eu acho quetipo, tem uma ideia é... contraria assim a dos alunos, sabe?!.Tipo eles têm uma ideia

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deles e a gente tem a nossa. Tipo que tá rolando agora, tipo formatura do terceiroano, não vai ter, tipo... era assim a gente queria até fazer e tal, só que a escola nãovai ajudar em nada e fica meio complicado”. (Então não vai ter?) “Não! Questão decamiseta também, a outra sala tem tipo a gente fez uma camiseta e outra sala fezoutra e tipo , a outra sala ganhou mas foi por causa da sala deles, e a gente nãoteve porque não deixaram a gente fazer duas. Essa parte assim, entre diretoria ealunos... falta os dois se acertarem”.

8- (O que você acha do professor sair pra ter uma aula diferente?) “A gente quasenão faz, tipo nas matérias tipo de biologia e química a gente quase não fazexperimento, essas coisas. Deveria ter, pra gente ter mais conhecimento tal. Não sóna sala de aula, pelo menos... ah eu acho assim”. (Você acha que falta ou ésuficiente?) “Eu acho que falta, um pouquinho, porque na sala de aula a genteaprende, um pouco, só que a gente podia ter mais assim...” (Vocês costumam irpara laboratório ou não?) “Não, não desde o ano passado eu nunca fui paralaboratório”.

AEM-10

Série: 2º B

Data de Nascimento: 12/06/1992

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? Resposta ??

Bairro em que mora: “Zona 07”.

1- Eu ia reformar o ginásio, porque tá precisando. E usar aquelas é... umas quadrasde areia que tem ali, então usar pra vôlei de areia ou transformar em uma piscina,pra uma aula de educação física e natação. E... acho que eu ia deixar a sala umpouco maior”. (Por quê?) “Porque já ta precisando assim, porque quando chove, edaí tem goteira lá, tem que limpar para depois fazer aula, aí ás vezes perde a aulae... também ficam tacando pedra lá né...” (E as salas de aula) “As janelas, tinhamque reformar também as janelas que estão todas quebradas”.

2- “Ah! Ali no pátio que ali tem banco assim pra sentar, ou no redondo, que daí sefosse uma aula de filosofia podia sentar todo mundo ali no circulo e conversar”.(Você acha que as aulas fora da sala de aula valem pena ou não valem?) “Eu achoque é bom se fosse assim uma vez a cada duas semanas, três semanas, mas faztempo que eu não tenho aula lá fora. Eu tive acho que uma ou duas vezes com oprofessor de história. Daí ele mandava a gente fazer exercícios, daí a gente ficava láfazendo, falando dos outros...” (risos).

3- “No frio, ela fica mais fria porque do que lá fora e no calor é muito quentetambém”. (E nos outros espaços?) “Não... é porque esses são maiores, daí asjanelas ficam mais abertas e o ginásio tem as janelas quebradas e daí não dá prafechar, aí fica mais ventilado”.

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4- “Eu acho que para alguns... talvez no fundo, porque a janelas não ficam muitoabertas, daí às vezes alguém do fundo pode ficar mais escuro, mais eu acho quenão”. (Na sua sala de aula fica acesa?) “Fica acesa, a luz fica acesa, tem uma queàs vezes ela apaga e depois acende”. (O que poderia ser feito para mudar? Você vêproblema?) “É parece que estão gastando..., mas eu não sei, porque todos, sempreusaram a luz acesa e daí tem ainda o negócio no teto assim, que dá uma claridadeassim, não é preciso, mas ele existe”. (Você acha que luminosidade é suficiente?)“Se tivesse mais daquele negócio no teto, ia ser..., mas agora assim, um poucoconsegue consigo fazer... mas eu não consigo enxergar muito bem, não é pra usaróculos, não chega a tanto mas mesmo assim eu forço um pouco, sempre, qualquercoisa”. (E você sente alguma coisa? Como você sabe que você força?) “Geralmenteeu tenho dor de cabeça. Aí tem dois dias sem dor de cabeça, um dia com dor decabeça, outro dia com dor de cabeça, mas daí eu já foi em todo médico mas elesnão sabem o que que é”. ( Mas sempre depois da aula?) “Não, tem vezes que eu toem casa lendo assim”.

5- “É... Algumas aulas têm. Elas são... assim, não deixa estudar, algumas aulasmuito barulhentas eu não consigo estudar. E prova também, às vezes está fazendoa prova e o professor para pra falar alguma coisa lá da questão, atrapalha, cortatotalmente o que eu tava pensando e aí tenho que começar tudo de novo.E assim,na sala de aula a maioria não, não atrapalha, o barulho assim mais baixo. Agoraquando ta muito alto acaba...” (E barulho externo?) “Quando estão atravessando ocorredor do lado da porta, aí também atrapalha”.

6- “Ela tem um ginásio... como se fosse um triângulo bem grande e meio quebrado,três blocos principais como retângulos, mais afastados do ginásio, um maior que ficaa direita do ginásio tem dois andares, um outro que fica a direita desse maior que éa biblioteca e um outro que fica a esquerda do ginásio que é eu acho até a oitavasérie, de quinta a oitava”. (Que lugar você ia levar?) “Eu acho que no outro bloco ali,o dos menorzinhos é mais bonito”.

AEM-11

Série: 2º B

Data de Nascimento: 18/03/1992

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? Resposta??

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

1- “A pintura, os funcionários também e a estrutura”. (O que na estrutura?) “Aparede...” (Pensa nos vários espaços?) “Tem que dá uma pintadinha, pra ficarbonitinho e acho que aumentava o espaço”. (Do que?) “De tudo, aumentaria oespaço do que for muito pequeno”. (Por que aumentar? Você acha que temnecessidade?) “Um pouco, uma necessidade pouca, mas eu acho que mudaria sim”.

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2- “No pátio”. (Por quê?) “Porque lá tem... é mais fresquinho, sabe”. (Você acha quefunciona aula nesses espaços?) “Eu gosto, mas se funciona mesmo...”

3- “Normal. Quando está inverno é frio mesmo”.

4- “Se a não janela não estiver aberta, sim”. (Você acha que poderia ser feito algumacoisa para mudar?) “Acho que colocaria um teto solar, só isso”. (Você vê problemanisso? Da luz ficar acesa?) “Não”. (A iluminação da sua sala é suficiente para vocêler e escrever?) “É...” (Por quê?) “Porque eu nunca tive problema, sempre enxergueinormal”. (Nunca teve dor de cabeça depois da aula?) “Não”.

5- “Já acostumei já, já acostumei com o barulho”. (E o barulho externo?) “Nas provassim”. (Atrapalha no que?) ‘Você está concentrando aí tem uma quarta série do ladofazendo bagunça”.

6- “Ela é grande espaçosa, deixa eu ver...aí...” (Tem algum lugar que você levariaela? Tem algum lugar que ela gostaria de ver?) “Eu acho que assim o fundo daescola”. (Por que o fundo?) “Porque eu adoro, eu acho que é onde ia chamar maisatenção, aqueles morros que tem ali atrás”.

AEM-12

Série: 3º A

Data de Nascimento: 28/11/1991

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, no Milton

Santos (Municipal), no João de Faria Pioli e no Rodrigues Alves, mudei porque meus

pais mudaram de casa”.

Bairro em que mora: “Parque Avenida”.

1- “Na estrutura eu mudaria a quadra que eu acho está precisando de uma reforma.Não sei assim, eu acho a estrutura desse colégio até bem melhor que a dos outroscolégios sabe, que eu já passei, eu acho que aqui o espaço é bem aproveitadoentão eu acho que por enquanto não tem que fazer nenhuma mudança muitodrástica assim na estrutura do prédio, eu acho que por enquanto está bem dividido oensino médio com o ensino fundamental”. (Por que a quadra?) “Porque chove e aminha sala chove dentro também”. (Sua sala de aula?) “É, chove quando chove, daípinga e pinga na quadra também... e acho que só. Ah! já pifou a luz da minha salatambém”. (E nos outros espaços?) “Tranquilo, tem um refeitório legal. Sabe, mas euacho que ampliaria um pouco o refeitório que eu acho que é até pequeno paranúmero de aluno”.

2- “Tem um pátio ali com uma arquibancada assim, que é redondo. Eu acho que aliseria o ideal pra fazer uma aula fora da sala de aula, eu acho que ali é um espaçobem legal”. (Por quê?) “Porque a gente senta todo mundo na... por igual numa

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arquibancada em que todo mundo vê o professor, e o professor fica ali na frente eeu acho que dá pra ele gesticular fazer umas coisas bem diferente”. (O que vocêacha em relação a esse tipo de aula?) “Eu acho mais proveitosa”. (Por quê?)“Porque quando muda a rotina, a gente grava melhor o que está acontecendo”.(Vocês fazem isso com frequência?) “Não”. (Nem em biologia, química?) “Não,esses dias a gente teve um teatro, mas eu acho que...”.

3- “Fria, eu acho que é fria. Eu acho que assim, eu até gosto, porque eu acho que noinverno ainda dá pra usar blusa, mas no verão tipo, é muito quente. Eu gosto dessasjanelas, que as janelas são bem abertas, nos outros colégios que eu estudei asjanelas, metade das janelas não abriam e a outra metade que abria ventilava só emcima então achava os outros bem quentes, os outros colégios”. (Aqui você achamais fresco?) “Eu acho aqui melhor. Até pelo fato da luz solar”. (E nos outrosespaços?) “Eu acho que aqui é muito frio, eu acho que é frio, mas acho que nãoinfluencia tanto assim”.

4- “É”. (Você acha que poderia ser feito alguma coisa para mudar isso?) “Ah! Euacho que não porque as janelas já são bem grandes, eu acho que minha sala foiprejudicada pelo posicionamento do sol, em questão a isso, que ficou do outro ladodo prédio, eu acho que do outro lado deve ser melhor”. (Não bate sol na tua saladireto de manhã?) “Não. Acho que bate à tarde”. (Você acha a luminosidadesuficiente?) “É” (Por quê?) “Ah! dá pra ver tudo certinho, mas se fechar a janela temque abrir essa parte do vidro, se fechar a janela tem que abrir”.

5- “Influencia muito. Porque esses dias a gente estava assistindo um filme aí tavatendo uma aula do lado daí a gente não conseguia escutar direito teve que ir lá pedirpara eles rir mais baixo porque tava atrapalhando. Ontem mesmo na hora da provaa professora não conseguiu controlar os alunos e a gente não conseguia fazer aprova. Assim, reclamação quanto a barulho é bem sério assim no colégio, porquequalquer coisa dá eco ali naquele corredor”.

6- “Ah é grande, tem bastante grama, tem uma quadra coberta, tem um pátio, temum refeitório, a salas de aula do ensino médio estão em cima, eu nunca fui na salado diretor,não eu nem sei onde é...tem um auditório que a gente já usou, tem umascadeiras confortável, no refeitório tem mesa para comer o que é raridade, tem... e assalas de aula são bem pequena e por isso que o numero de alunos é menor, porquenão cabe muita gente”. (Que lugar você ia levar?) “Ah! Eu gosto do refeitório”. (Porquê?) “Porque eu acho legal, porque não tem a mesa nos outros colégios, sabe aítem que comer com a mão”. (Nos outros colégios não tinha mesa?) “Não, não tem amesa e o banco pra sentar, você senta nos bancos encostados na parede, entãoaqui tem e foi uma coisa que eu nunca tinha visto e foi uma coisa que diferencioubastante”. (E tinha auditório, sala de projeção nas outras escolas?) “Não. Ah! É asala de projeção também nossa!! Um datashow na escola! Onde que eu ia imaginarque ia ter. Também é uma coisa assim bem diferente de ver. Quando a gente temaula vaga a gente assiste algum filme que dá pra aproveitar sempre filmes assimrelacionado a história ou algum filme que o professor pediu pra passar quando elenão pode vir então sempre dá pra aproveitar o tempo que o professor não tá ou nãopode vir em atividade. É bem legal”.

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AEM-13

Série: 2 A

Data de Nascimento: 11/12/1991

Tem reprovação? “Sim”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Zona 07”.

1-(Tempo de silêncio) “Ah!Eu mudaria o ginásio! Porque é... ele já está velho já, tábem tudo enferrujado assim, não está caindo os pedaços, só que não é igualantigamente que ele era bonito, que você falava assim:- Sabe lá no CAP?- Não, não sei onde que é o CAP.- Ah! Que tem aquele ginásio... Aquele ginásio enorme!- Hã hã...Entendeu! Só que agora ele tá gasto, tá feio isso”. (Só o ginásio?) “Só, não sei porque se eu estudei muito tempo aqui, onze anos só, eu me acostumei e... não faz, ascarteiras também podia mudar, já passou da hora de mudar, eu sei que é culpa dosalunos, só que... são muito velhas as carteiras, bem velhas, você vê o que estáescrito lá, tipo as datas é bem antiga, então... isso”. (Por quê?) “Então é que assim,essa escola tem poucos eventos. Só que a festa junina é lá entendeu, é... a única,tem a copa intervalo só que tipo assim, a escola inteira vai pro ginásio, só que tipoassim, não é aquela coisa assim bonita de ver. A quadra tá feia. Aí podia mudar aí”.

2- “Hum... difícil essa pergunta”. (Um lugar que você gosta por ex. que não é a salade aula?) “Então, esse que é o problema. É... eu gosto da escola, entendeu?! Sónão gosto de estudar... (risos) entendeu?! (risos). Ah! a professora ela sempre,principalmente educação física assim, ela faz lá naquele redondo, quando a genteentra dentro da escola, aí é legal a gente mudar de ambiente assim, só que eu achoaconchegante a sala ...” (Você acha que funciona aula assim?) “Então, é que assim,o problema de não ser na sala de aula é que os alunos ficam, que a professora nãotem a visão geral da sala assim, porque um fica ali, outro fica ali entendeu, aí elanão tem muito controle de quem está fazendo aula e quem não está, por isso que éum ambiente fechado é bem melhor”.

3- “Aí! é bom! que no frio faz bem frio e no calor faz bem calor. E não sei por que,tem muito mosquito na sala. Eu não sei por causa da, é por causa do tempotambém. Acho que esses mosquitos são estranhos porque estão sempre na sala”.(E nos outros espaços?) “O problema, tipo assim, a temperatura normal assim. Oproblema é quando chove no ginásio”. (Por quê?) “Enche de poça, não pode fazernada tipo jogo assim, o pátio inunda praticamente porque tem uma rachadurahorrível assim que começa a escorrer água, só que isso não intervém em nada,porque a gente bagunça do mesmo jeito...” (risos).

4- “Hã hã”. (O que poderia ser feito para isso não acontecer?) “Então, porqueassim... por que oh, se abrir a janela... eu sento no fundo, eu não vou conseguir vero quadro porque ela fica, fica... não dá pra ver o que tá escrito. Aí é melhor a jane...

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A luz acesa, porque é... se ele fica muito, por exemplo, se tá muito claro e as janelasficam abertas, tem gente que tem sensibilidade no olho, isso é verdade, tem ummonte gente na minha sala, eu... mas não sei se é porque eu uso óculos e isso nãoé muito bom. Só que não teria por que de apagar a luz, não é necessário”. (Aluminosidade é suficiente?) “É, é”. (Por quê?) “É porque até hoje não atrapalhou, senão atrapalha então tá bom!” (Você vê problema nas luzes ficarem acesas mesmocom o dia claro?) “Não”.

5- “Sim, sim com certeza”. (Por quê?) “Porque... tipo das outras salas ou dentro dasala?” (Os dois?) “Os dois. É por exemplo, segunda ou terça feira do feriado eu tiveprova, aí o professor não veio, teve aula vaga. E a professora subiu a prova só queela estava em outra sala e não foi ela que deu. Só que assim é... se não for oprofessor ele não tem tanto controle na sala. Aí tipo assim, conversava, entendeu! Eatrapalha. As outras salas também, viraram um pampeiro!” (Atrapalha em quesentido?) “Atrapalha na concentração, atrapalha tipo assim, a mesma coisa de vocêestá lendo um livro e alguém conversando do seu lado, tira totalmente sua atenção.É... a coordenadora. Jesus Cristo! Eu vejo mais ela que o professor, ela fica o tempotodo da sala entrando dentro da sala. Tipo ontem a gente tava na aula de história, acoordenadora ficava abrindo porta aí depois, depois pediu 15 minutos da aula doprofessor para ela dar recado, assim a gente só tem um dia da semana aula comesse professor e aula de história que é muita coisa para gente aprender. Aí ela ficaentrando e fica falando. Ai ela pediu os 15 minutos, aí o professor falou 10, porque émuita coisa. Aí tá... (a coordenadora interrompeu a entrevista para entregar umtermo de consentimento). É... entendeu, ela poderia muito bem ter esperado atéacabar o negócio aqui porque eu acho que não vai demorar muito. Aí... e o professorficou lá esperando, aí a sala começou a conversar e ele é daquele professor quegosta de ordem, todo professor gosta disso. E ele começou a passar no quadrofaltava uns 3 minutos para acabar a aula ela apareceu aí deixa para amanhã orecado. Aí o professor falou assim: Ainda bem que eu comecei a passar no quadro,imagina se eu ficasse esperando, ia perder 10 minutos da minha aula. Aí querendoou não além da conversa a interrupção da aula acaba totalmente com aconcentração. Tipo, tem amigos meus que, porque acontece isso, o aluno se perdeentendeu, ele ta na linha de pensamento dele e alguém interrompe ela nãoconsegue voltar pra linha de pensamento dela, aí depois vem pedir ajuda emmatemática, química, física...”

6-“Minha escola em nível geral?” (Espaço físico, descreva como você quiser) “Aíminha escola é muito boa, é eu gosto dessa escola. Tipo assim, eu tenho pouco quereclamar, dessa escola um ambiente muito aconchegante assim, eu me sinto bem,ah assim eu não tenho que falar dessa escola. Ela é boa”. (E quanto à estruturacomo você ia descrever ela?) “Aí eu ia falar... eu ia falar que na entrada tem umtoldo, ficou feio só que é necessário. Que eu achava lindo entrar na escola, porquetudo nessa escola é em volta do ginásio. Aí eu entrava... tem as fotos lá nabiblioteca de antigamente assim, tiraram a foto do ginásio você entrava assim, sóque construiu não ficou legal, mas ficou bom. Aí você entra à esquerda fica o prédioque eu estudo à direita fica a pré-escola e na frente o ginásio. Eu estudo no andarde cima do lado esquerdo tipo subindo pela escada. Hum... minha sala é bonita, umpouquinho velha, mas bonita”. (Você gosta?) “Eu gosto!” (Você acha o espaço dasala suficiente?) “Podia ser um pouquinho maior, por exemplo, ontem, daqui pra cáas salas diminuem, aqui foi feita para colegial e aqui foi feito pras crianças. E. Por

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exemplo, ontem, aconteceu um incidente na nossa sala que fizeram uma coisa nãomuito desejada soltaram uma bombinha de fedo. Aí coordenadora ficou brava com agente e falou que foi a gente só que, tipo como que a gente ia tacar na nossa sala, agente vai ter que estudar de qualquer jeito. Aí colocaram a gente numa salinha, tipoassim, você olhando a sala é tamanho da outra só que assim, é a metade ficoumuito apertado, sorte que tinha alguns alunos que faltaram assim e ficou mais umpouquinho solto, acho que é isso”.

AEM-14

Série: 2ª A

Data de Nascimento: 11/03/1992

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim,

Presidente Kennedy”.

Bairro em que mora: “Athenas”

1-“Olha acho que o que eu mudaria mesmo seria mais a parte esportiva, tem aquadra que tem é ruim tem goteira quando chove tem dificuldade não dá pra jogar.O resto assim, acho que eu não mudaria muita coisa”. (Sala de aula?) “Sala de aulaeu não mudaria muito não”. (Por quê?) “Porque acho que é o que está maisprecisando”.

2- “Ah! Na biblioteca acho que é um lugar bom pra dar uma aula, tem bastanteinformação ou então na informática, na sala de informática”. (Você acha quefunciona aulas assim?) “Bom aí depende dos alunos e da aula também, temprofessores que leva que funciona tem professores que leva e já não tem que trazerde volta”. (Você gosta de aulas assim?) “Tem vez que é legal mudar um poucoporque sempre fica na sala de aula mudar um pouco assim às vezes é legal”.

3- “A temperatura não muda muito tem tipo ventilador. Na minha sala eu não tenhoque reclamar porque os dois funciona então não tem muita importância”. (E nosoutros espaços?) “Tem algumas salas de aula que não têm ventilador então quandoestá muito quente é um calor bem forte, muito chato. Porque tipo a sala do 1ºB achoque está ventilador quebrado não sei se eles arrumaram e tem algumas salas queeu passava aí e estava quebrado, porque eu faço monitoria a tarde eu freqüentovárias salas”.

4- “É...” (O que poderia ser feito para que isso não acontecesse?) “Acho que maisventilação, a ventilação é boa só que não sei, todos os professores mantém a luzacesa. Eu acho que tem que manter a luz acesa porque quando falta energia ficaescura dentro sala de aula”. (Você vê problema nas luzes ficarem acesas...?) “Não“(Você acha que a iluminação é suficiente para você ler e escrever?) “É suficiente”.

5- “Tem, tipo tem vez que tem aulas que a gente vai fazer provas e a sala de trás tágritando, tem vez que tem aulas que a gente tá tentando prestar atenção tá toda a

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sala quieta, mas tem outra sala gritando, no corredor um monte de vez passa alunofalando alto conversando, lá fora também tem um monte de aluno que fica gritandofalando alto e atrapalha”. (Atrapalha em que sentido?) “Ah quando a gente estáfazendo uma aula, uma prova, por exemplo, a gente não consegue prestar atenção,não consegue lembrar, a gente fica pensando no que eles tão falando lá atrás, láfora, daí fica complicado”.

6- “Ah! Tipo o CAP é um pouco grande assim, tem umas... dois andares umrefeitório, tem um pátio, tem biblioteca, tem... a sala de projeção uma quadra, ocampo que a gente não está mais utilizando o campo. Deixa eu... ver tem a saladiferenciada entre o pré, ensino médio e do ensino fundamental também”. (Temalgum lugar que você levaria em especial para conhecer?) “Mas pra visitar o pátio acantina mais embaixo do CAP”.

AEM-15

Série: 2ª

Data de Nascimento: 20/07/1992

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Jardim Brasil”.

1-“O ginásio”. (Por quê?) “Porque quando chove ele fica muito alagado aí então agente fica impossibilitado de fazer educação física lá dentro e quando tá frio tambémmuito frio lá dentro”. (Mesmo em dia quente?) “Não em dia quente não, mas aí éaquele mormaço. Só quando tá a temperatura normal assim que dá. O primeiro lugarque eu mudaria é lá”. (Tem outros lugares que você mudaria?) “Ah a biblioteca, euacho assim tem bastante livros, mas assim iguais sabe, não tem dicionários deoutras línguas sabe, tipo de Latim, podia ter um dicionário de latim”.

2-“Ah! o redondo amarelo ali”. (Por quê?) “Porque é ao ar livre entendeu, tem lugarpara sentar quando tá limpo. Deixa eu ver o que mais...só isso”. (Você gosta dessetipo de aula?) “É legal, porque sai um pouco da rotina, a gente cansa fica sentadoolhando para frente, aí descontrai um pouco”. (Você acha que essas aulas sãoboas?) “Não todo dia, de vez em quando sim, é até bom que motiva mais”. (Vocêscostumam ter aulas assim?) “Não, nem pra fora da sala nem.

3- “Pra mim é normal, para mim não me incomoda”. (E em outros locais?) “Tambémnão, só do ginásio mesmo”.

4- “É por que o quadro é um verde escuro e o giz, ele é claro então ele fica meioapagado quando a luz fica apagada, fica horrível. E a janela também, dependendodo tanto que ela fica aberta a luz do sol reflete no quadro e fica péssimo também”.(Você acha que poderia ser feito para as luzes não ficarem acesas?) “Eu acho queaí... é que ali tem toldos também, é difícil. Acho que não tem mesmo como fazer,

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acho que deixar a janela entre aberta não tão aberta e não tão fechada”. (Aluminosidade é suficiente para você ler e escrever?) “Sim”.

5- “Olha dentro da sala no dia a dia é normal, o que incomoda mesmo é o barulho dacarteira, mas as pessoas gritando assim não me incomoda, mais é a carteira”.(Barulho externo também não tem influencia?) “Não”.

6- “Ele é grande, não muito mais é grande, ele tem uma área extensa coberta, temdeixa eu ver ...uma secretaria que antes era da saúde agora não é de nada sóvende lanche lá dentro , tem um refeitório também que é grande, tem banheiro, temum local que dá para tipo uma...como é que eu posso dizer, não é uma prainha, masé um...tem areia lá no fundo tal, tem árvore, tem banquinho, é isso aí”.(Você gosta?)“Daqui olha eu não vou dizer que eu gosto, mas também não gosto...(risos)“Não...sabe, tipo assim eu não vou dizer eu amo esse lugar, mas eu não sairiadaqui”. (Tem algum lugar da escola que você goste mais) “Ah! eu gosto muito, deixaeu ver...da cantina”. (Será que você gosta de comer?),(risos) Não,...às vezes, éporque lá tem bastante gente e no frio é quentinho”.

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Anexo V - Transcrição das entrevistas com alunos do EF

AEF-1

Série: 8ªA

Data de Nascimento: 07/09/1994

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Laranjeiras”.

•Questionário do Ensino Fundamental

1- “No ginásio, eu mudaria o ginásio e algumas salas, eu mudaria”. (Por quê?)“Nossa! No ginásio eu colocaria um teto eu mudaria ele é meio pequeno para fazereducação física ele é meio pequeno, eu mudaria assim, eu reformaria ele, acho quecantina eu faria maior e colocaria funcionários que soubesse né, atender a gente,fica uma confusão lá. E as salas algumas tão caindo cadeiras tudo quebradas”. (Mastem um por que, por exemplo, de você mudar o ginásio?) “Porque, porque dia deeducação física a gente tem que ficar limpando porque ta tudo molhado”. (Dias dechuva você fala?) “Sim”.

2- “Ali no redondo azul ali”. (Por quê?) “Porque é gostoso lá, dá pra sentar cabe todomundo tem um solzinho”.

3- “Ah! para um ensino melhor para ele, sei lá”. (A sala você acha que tem influênciano aprendizado?) “Não, é depende... pode ter influência, mas só por ser maisiluminada assim acho que não”. (E a iluminação da sua sala?) “Está boa, esse anoestá boa, o ano passado tinha que ficar passando vassoura porque as luzes nãopegava”. (Você acha que é suficiente para ler e escrever?) “É”.

4- “Oh! está de manhã e está claro dá pra usar só a luz do sol assim, daí ela acendea luz?” (Isso?) “Acho que é desperdício”. (Mas e na sua sala de aula isso acontece?)“Não, tipo não acontece por que... primeiro que as janelas não ficam sempre abertase daí fica muito escuro e não dá pra enxergar”. (Mas as luzes ficam acesas?) “Ficatodo o dia”. (E por que as janelas ficam fechadas?) “Porque agora mesmo está frio,vem um vento muito frio e é ruim fica abrindo, mais quando mesmo quando ficaaberto fica escuro só com a luz de fora, tem que acender a luz”.

5- “Ela estuda em colégio estadual? (Aham) Ah! Colocar mais ventiladores, quefuncione, nem todos funcionam”. (Como é a temperatura na sua sala de aula?) “Ah!É boa tem vezes que não pega o ventilador tem gente que, tipo assim, muito calor,quando é calor tem vezes que a gente passa calor porque tem gente que não gostaque deixa o ventilador ligado porque daí bagunça o cabelo”. (Já aconteceu algoparecido com você nos dias muito abafado?) “Não, por tá abafado não”. (Por que

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então?) “Porque eu tenho um pouco de falta de ar daí eu passei mal, já passei muitomal na pista vomitei, porque eu tenho esse problema de falta de ar né. Daí temvezes que eu passo mal assim, quando fica... se ficar muito abafado assim dá faltade ar”. (Na pista?) “É a pista ali, aqui da UEM”. (Vocês fazem Ed. Física lá?)“Quando está trabalhando atletismo sim”.

6- “Ah! Não de chegar com dor de cabeça, mas é ruim, quando tem educação físicaeles ficam gritando e as outras salas também as professoras da frente da nossa salagrita que nem... porque é quinta série eles não ficam quietos. Ah! o que poderia serfeito acho que poderia tipo separar os menores, mesmo que é ensino fundamentalseparar os menores dos maiores porque precisa ficar gritando. 5ª e 6ª série osprofessores gritam demais”. ( E a 5ª é bem na frente da 8ª série) “E eles deixam aporta aberta, não fecham a porta e a nossa tá com problema não tem como fechar,aí fica as duas professoras tentando competir os alunos lá gritando e não dá praouvir”.

•Questionário do Ensino Médio

3- “Que está ruim”. (Por quê?) “Porque quando é frio é muito frio e quando é calor émuito calor que não dá pra ligar o ventilador. Quando é frio tipo assim, tem alunoque reclama que tem deixar a porta e a janela aberta e a gente que senta na janelapassa um frio condenado e os professores brigam falam que eles passam o mesmofrio que a gente, que é pra deixar aberto, mas na verdade eles nem passam frioporque eles ficam andando”. (E nos outros espaços?) “O auditório é muito abafado,é muito abafado, na cantina dá pra colocar um ventilador e na biblioteca”.

4- “Sim”. (Você acha que poderia ser feito alguma coisa para mudar isso?) “Achoque tinha que ter tipo assim, a nossa sala, a nossa sala, é ali no... meio que tem umnegócio em volta daí fica muito escuro. Mas se fosse mais assim e todas as janelasficassem abertas dava para ficar apagada”. (Você vê algum problema nas luzesficarem acesas?) “Ah! Gasta bastante daí gasta com isso e deixa de gastar comoutras coisas”. (A luminosidade da sua sala é suficiente pra você ler e escrever?)“Sim”.

5- “Na saúde pode ser, porque ao igual o exemplo lá, pode ficar com dor de cabeçae no aprendizado também porque prejudica você não sabe o que você ouve é difícil”.

6-“Você chega, você entra assim tem um balão azul que está sempre sujo que temas mulheres não limpam, daí você vai um pouco reto tem um ginásio que está umpouco acabado, pra direita tem as... as salas do ensino fundamental e paraesquerda as do ensino médio, tem uma cantina, um refeitório, uma biblioteca aí daítem na parte do ensino fundamental tem um banheiro bom, e tem as nossas salasque são boas”. (Tem algum lugar que você levaria pra conhecer?) “O ginásio, euacho legal o ginásio porque onde você muda não fica só no escrever e escrever, ouna minha sala de aula”.

AEF-2

Série: 8ª A

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Data de Nascimento: 08/07/1994

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, no

Sagrado Coração”.

Bairro em que mora: “Jardim Oásis”.

•Questionário do Ensino Médio

1-“Ah! O ginásio assim. Arrumava ele, está... quando chove, cai água dentro assim”.(Por que o ginásio?) “Porque quando chove cai água dentro aí não tem como fazereducação física e aí tem que ficar aqui na sala”.

2-“Ali no pátio, no ginásio”. (Por quê?) “Ah... acho que não”. (Você gosta desse tipode aula que não é na sala de aula?) “Gosto”. (Você acha que dá certo?) “Dependedos alunos”.

3-“As conversas?” (A temperatura, o calor. Se é muito quente ou frio). “Não, nãotem. Se tem frio a gente fecha a janela”. (E calor?) “Quando tá calor liga oventilador”. (E nos outros espaços?) “Normal”.

4-“Sim”. (O que poderia ser feito para mudar isso?) (silêncio...) “Não, não sou eu quevou pagar mesmo”. (Você acha que a luminosidade da sua sala é suficiente para lere escrever?) “Sim”. (Por quê?) “Ah... está bom”. (Você não tem problema como dorde cabeça ou a lousa que você não consegue enxergar bem) “Não, bom é que eusento na primeira carteira”.

5-“No aprendizado atrapalha porque eles conversam demais”. (Em que atrapalha?)“Não consegue prestar atenção direito”.

6-“Ah... é grande. Ah, não tem mais o que falar”. (Você gostaria de levá-lo praconhecer algum lugar dentro da escola?) “Ah, não tem nada”.

•Questionário do Ensino Fundamental

3- “Pra ele ter um aprendizado melhor”. (Então você acha que esses fatoresinfluenciam no aprendizado?) “Sim, porque o aluno pode se sentir melhor aí”.

4- “Ela acende a luz as 9h da manha?” (Aham, o que você acha disso?) “Ah nãosei”.

5- “Arrumar o ventilador”. (E em relação a temperatura da sua sala, já aconteceualgo parecido com você?) “Não”.

6- “Comigo não aconteceu não. Ah, mudar de sala”. (E em relação ao barulho. Vocêsente alguma influencia na sala de aula? Não te atrapalha?) “Eu não, mas as outraspessoas eu não sei”.

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AEF-3

Série: 8ª A

Data de Nascimento: 25/06/1993

Tem reprovação? “Sim”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Jardim Rebouças”.

•Questionário do Ensino Fundamental

1- “O ginásio, o pátio. Ah, não tenho muito que reclamar não. Mais o ginásio”. (Porquê?) “Porque quando chove, não tem como fazer educação física dentro, porque tátudo alagado. As portas quebradas, as janelas. As salas também pingam quandochove”. (A sala de aula?) “É, as salas de aula. O quadro é muito pequeno na nossasala”. (Eu tenho a impressão de que a sala de vocês é menor) “É menor. E alimpeza também. Lá na nossa sala tem umas teias de aranha pendurada. Eu falo prazeladora, ela não limpa”.

2- “Ah, eu acho que aqui no pátio. No redondo azul aqui”. (Por quê?) “Ah, sei lá.Porque tem sol. É um lugar gostoso ali, quieto”.

3 – “Porque, sei lá... porque prestava atenção nas outras salas, escolas. Porque nãoera adequada pra ele”.

4- “Ah eu acho que desde quando entrar tem que acender a luz”. (Isso acontece nasua sala?) “Ali quando eu chego já tá ligada”.

5- “Ah acho que teria que arrumar o ventilador”. (Como é a temperatura da suasala?) “É boa”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Já, quer dizer não comigo,com um moleque da minha sala acho que na sétima série se eu não me engano. Daíele tinha problema respiratório. E a professora nunca ligava o ventilador, elapensava que não era verdade do moleque até que veio alguém reclamar e falar queele tinha esse problema. Aí ela passou a ligar pra ele”.

6-“Nunca aconteceu comigo, pra melhorar... Ah não sei”.

•Questionário do Ensino Médio

3- “Às vezes quando abro a janela bate um frio, aí eu peço pra fechar elas fecham.Mas de repente abre, bate um sol nas nossas carteiras que senta ali na janela. Aí àsvezes como algumas não têm essa coisa pra fechar a janela fica batendo sol, aí temque colocar papel”. (E o ventilador funciona?) “Normal”. (A sua sala é mais quenteou mais fria?) “Ah, eu acho mais fria”. (Dia de calor é muito quente ou não?) “Não, é

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normal por causa do ventilador é bom”. (E nos outros espaços?) “A biblioteca énormal a temperatura, o ginásio é um pouquinho frio lá dentro, na onde que nóscomemos, no refeitório é bom também”.

4- “Sim”. (Você acha que poderia ser feito alguma coisa para mudar isso?) “Não”.(Você acha que a claridade da sua sala é suficiente pra você ler e escrever?) “É”(Por quê?) “Porque as luzes estão boas, a iluminação’.

5- “Aham. Às vezes quando o povo que vem do ginásio ele vem aqui no banheiroque é do nosso lado. É muita conversa”. (Você acha que tem influência na saúde ouno aprendizado?) “Eu acho que não presta atenção. Você se liga aqui fora. Nãopresta atenção. Que às vezes eles dão risada, você quer saber o que táacontecendo aqui fora”.

6- “Ah eu ia falar que aqui não tem estrutura muito. Mas essas coisas, porque osprofessores são ótimos, a coordenação essas coisas. Ah, e o que mais que eu tenhopra falar...” (E descrever ela?) “Ah na hora que eu chego tem o ginásio que não éaquelas coisas, tem o redondo, o balão aqui. Tem uns prédios lá em cima que éensino médio e abaixo fica o ensino fundamental. Mas lá em cima tem unsfundamental também. E pra lá tem a biblioteca mais pra lá assim do prédio doensino médio aí em baixo do ensino médio tem a cantina onde que nós comemos. Aítem o auditório, mais pro lado da biblioteca”. (E se você pudesse levar teu irmão emum ponto da escola onde seria?) “Ah, acho que na biblioteca, é bem organizada, ésuper organizada”.

AEF-4

Série: 8ª B

Data de Nascimento: 05/04/1994

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

•Questionário do Ensino Médio

1-“Ah, eu mudaria o ginásio. Porque está sem as estruturas, está quebrado umaparte, a quadra tá em mal estado, o banheiro dentro do ginásio não está bom, assalas que guarda o material é... que está péssimo, tem goteira dentro e os fundosporque tá sem janela”. (Os fundos da quadra?) “É...lá no fundo. E o campinho,porque tá só mato não existe nada”. (Pensando em biblioteca, sala de aula, como éque está?) “Ta bom”.

2-“Ah, ali nos canto do ginásio. Ali. É porque tem umas mesinhas e dá pra estudarali, tem as árvores”. (Por que mesmo?) “Porque tem as mesinhas e é um local bom.Boa iluminação”. (Você gosta de aula fora da sala de aula?) “Aham”. (Você acha quefunciona aula assim?) “Acho que sim”.

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3-“Normal. Tudo normal”.

4-“Precisa porque tem uns que não gosta de abrir a janela daí deixa fechada pra nãobater sol. Ai tem que ficar ligada”. (Você acha que alguma coisa poderia ser feitopara mudar isso?) “Sim, abrindo as janelas”. (Você acha que a claridade da sua salaé suficiente pra você fazer as atividades?) “Sim, aham”.

5-“Só no aprendizado. Porque muito barulho não dá pra entender direitinho ascoisas”.

6-“Ia ser dois pavilhões: um do fundamental e um do médio. Tem o ginásio,campinho, o redondo, o azulzão assim, o gramadinho da frente ali, e só, oestacionamento, a guarita do guarda, e só”. (Você levaria ele em algum lugarespecífico para conhecer?) “Eu levaria ali no... no... é... ali perto da biblioteca, doauditório.

AEF-5

Série: 8ª B

Data de Nascimento: 23/08/1994

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

•Questionário do Ensino Médio

1-“O ginásio, o ginásio”. (Por quê?) “Porque às vezes da goteira, essas coisas”. (E oque no ginásio, o que você mudaria?) “Tipo... o telhado, a janela o bebedouro obanheiro”. (E em relação a outros espaços) “Tudo bem”.

2-“No pátio”. (Por quê?) “Porque é um lugar que, tipo, bem espaçoso e tem um arbom”.

3-“Bem frio”. (E nos outros espaços?) “Frio também”. (Mas até no verão?) “Não... noverão é bem estável”.

4-“É... não precisa só que deixam”. (O que pode ser feito para mudar?) “Ah, se abrira janela fica bom, só que se estudasse a noite já não ia dar”. (Você acha que aluminosidade da tua sala é suficiente pra você fazer as atividades?) “Sim”. (Vocêfalou que não tem necessidade só que deixam. Você vê algum problema nisso?)“Não”.

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5-“Um pouco, tipo incomoda, tipo, você tá estudando, as pessoas tem aula vaga ousai pra beber água e fica gritando, incomoda um pouco”. (Incomoda em quesentido?) “Só a hora que tá lendo, alguma prova, ou lendo um livro, aí atrapalha”.

6-“Um ambiente bom, só que tem professores chatos e... colegas chatos também”.(E em relação à estrutura?) “Ah, a estrutura boa, só o ginásio que não é muitoagradável”. (Você levaria ele pra algum lugar específico pra conhecer?) “Abiblioteca”. (Você gosta?) “Ah, eu não gosto de ler, mas é obrigado”.

AEF-6

Série: 7ªB

Data de Nascimento: 25/08/1995

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim em

Guarapuava no Colégio Carmen T. Cordeiro e em Ipiranga no Colégio Rodrigues

Alves e José Darcy, mudei de colégio porque mudei de cidade”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

•Questionário do Ensino Fundamental

1-“Hum, melhoraria a... um pouco assim do ginásio, e... acho que só”. (Por que oginásio?) “Por que... quando chove, chove tudo dentro e... às vezes”.

2-“Dependendo da aula e dependendo do tempo poderia ser assim no redondo.Acho que é o melhor lugar, o mais apropriado”. (E no dia de chuva?) “Se o ginásiotivesse bom seria lá dentro”. (Por que no redondo?) “Porque é um lugar apropriado,assim, dá pra sentar”.

3-“Porque, o que você falou. As salas eram maiores e mais iluminadas”. (E isso ébom?) “Ah, depende. Às vezes, tipo, a sala pode ser grande, iluminada, e o colégionão ser muito bom, no ensino tal”. (O que você pode me dizer em relação àiluminação da tua sala? É suficiente pra fazer as atividades?) “É sim”.

4-“Abre a janela e... só”. (Ela acende a luz com um dia claro lá fora, isso aconteceaqui?) “Ficam, só que tipo, mesmo com a luz apagada é claro”. (Você vê algumproblema nas luzes ficarem acesas?) “Não sei às vezes é até melhor pra conseguirescrever, ler”.

5-“No caso do aluno ou da sala?” (No caso da sala a sala tinha ventilador, mas nãoconseguia refrescar a sala).”é... ás vezes nem ventilador resolve”. (Qual a soluçãovocê pensa?) “Eu acho assim, num dia que tiver muito, mas muito calor assim,deixar os ventilador ligado só que a janela também só que se não resolver tem uma

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aula tipo, ir num lugar fresco”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Não”. (E nasua sala como é a temperatura?) “É boa”.

6-“Trocar de sala”. (Já aconteceu com você?) “No Ipiranga sim”. (Por quê?) “Só quenão com dor de cabeça tipo, ficava perto praticamente do lado da quadra e perto darua, aí ficava passando carro com som alto daí a professora tinha que parar aexplicação pra esperar o carro passar”.

•Questionário Ensino Médio

3-“Às vezes no aprendizado“ (Em que sentido?) “É por que tipo... a professora táexplicando, o povo tá conversando às vezes você não consegue prestar atenção noque a pessoa ta falando, mas sim na conversa dos outros. Daí você não prestaatenção. E não aprende”.

6-“Tem a parte escolar, daí tem um lugar onde tem um monte de sala. Daí tem aentrada, um redondo, daí o ginásio, um pátio com grama, um lugarzinho pra sentar,uns banquinhos, depois do outro lado ali perto do prédio escolar tem um escritório eali atrás tem um lugarzinho feio assim e do outro lado do ginásio tem um campo“(você a levaria em algum lugar?) “Aqui onde tem minha sala, pra lá onde tem abiblioteca, e só, só isso”.

AEF-7

Série: 7ª B

Data de Nascimento: 10/03/1995

Tem reprovação? “Não”

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Jardim Montreal”.

•Questionário do Ensino Fundamental

1-“O ginásio”. (Por quê?) “Porque assim, quando chove não pode utilizar a quadra,porque tem goteira ai molha tudo a quadra. Se você vai lá pra usar a quadra todomundo cai, porque seca ta... mas continua pingando, que nem agora se a gente forentrar no ginásio a gente não pode utilizá-lo porque continua molhado. E eu sómudaria ele, o ginásio”.

2-“Depende, se for de educação física no pátio, agora se for outras matérias tipo nocampo, atrás do ginásio onde ficava a horta”. (Você chegou a conhecer a horta?)“Sim”.

3-“Ela fez isso porque é melhor pro filho dela”. (O que você poderia me dizer emrelação à iluminação da sua sala?) “Ah é boa até acho que é normal”.

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4-“Errado. Pois assim, quando você chega tá ensolarado, você apaga a luz e abreas portas e as janelas, vai ficar claro. Não vai ficar claro que nem tivesse com a luzacesa, mais estaria poupando o dinheiro da escola que poderia ser usado em outrascoisas, em outras reformas”. (Isso acontece na sua sala de aula?) “Na maioria dasvezes sim”. (Por que na maioria das vezes? Tem dia que não acende?) “Tem diaque não, que a gente pede pra não acender, que a gente fala: ah! não deixa a luzacesa, abre as janelas, é melhor, se está com sol. Aí a gente apaga a luz abre asportas e tudo bem. Tem alguns professores que deixam, tem uns que nem tanto”.

5-“Colocar um ar-condicionado na sala”. (risos). (E como é a temperatura da suasala?) “Ah! Quando tá calor os ventiladores ajudam, a gente não passa tanto calorassim, que chega a tal ponto de desmaiar ou coisa parecida não, é tranquilo”. (E noinverno?) “No inverno a gente fecha tudo, fica tudo trancado”. (Já aconteceu algoparecido com você?) “Não”.

6-“Mudar o local da sala”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Já quando tinhadois recreios, o de 9:30 que era dos pequenos. Às vezes com descuidado daqui elesentravam e ficavam zoando. Quando nossas aulas eram lá em cima eles ficavamembaixo perto da janela e atrapalhavam a aula, aí tinha que fechar a janela tinhaque fechar a porta, mais mesmo assim o barulho era terrível ainda”. (Atrapalha aaula em que sentido?) “Tipo assim a professora tá explicando aquela matéria queninguém tá... assim sabendo muito, tá explicando ainda pra ajudar aí fica aquelebarulho lá fora, aí você escuta a professora, aquele barulho assim mistura tudo eacaba você entendendo absolutamente nada”.

•Questionário do Ensino Médio

6- “Ela tem um pátio grande e tem dois lugares onde se estuda embaixo que tem de5ª a 8ª e em cima que fica de 1º a terceirão. Mais que fica a 4ª série. Aí de tardeficam aqui. Aí fica em cima de primeiro a terceiro grau no andar de cima, de baixotem o refeitório, a secretaria, a biblioteca. Tem um corredor que leva até a biblioteca,a cantina, e as outras salas de internet, de coisa lá que mexe com computadores. Aíno corredor da secretaria fica onde fica o diretor, o Edgar, que é o secretário, aíficam eles lá, o diretor, o vice, a sala dos professores de lá. Que daí tem duas salasde professores, aqui e lá. Aqui para os professores de 5ª a 8ª e lá de 1º a terceirão.Aí quando tem reunião de todos, se reúnem só lá”. (Você levaria ela pra algum lugarespecífico?) “Aonde eu estudo, a sala onde eu estudo que eu acho que é ummomento assim que você nunca vai esquecer. Por mais que você vai estar lá com18 anos você vai falar “nossa eu tive nessa sala com tantos anos”, você logicamentevai lembrar”.

AEF-8

Série: 7ª A

Data de Nascimento: 21/12/1995

Tem reprovação? “Não”.

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Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Vila Esperança”.

•Questionário do Ensino Fundamental

1-“Eu mudaria no refeitório porque às vezes muita gente repete e corta a fila e muitagente fica sem comida. E o ginásio, que já tão mudando, que tem muita goteira”.(Mas já estão fazendo reforma lá no ginásio?) “Não, vão começar”.

2-“No ginásio, ou para o redondo azul ali no pátio ou na sala de vídeo”. (Por quê?)“Não, porque são assim lugares divertidos e diferentes”.

3-“Pra o filho ter um melhor desenvolvimento em sala de aula e um futuro melhor”.(Você acredita que esses fatores: mais iluminação, salas maiores ajudam o ensino?)“Depende do aluno. Se for um aluno aplicado e determinado vai ajudar bastante,mas se não, vai ser a mesma coisa de ter ficado em outro colégio”. (O que vocêpode me dizer em relação a iluminação da tua sala de aula?) “Esses dias atrás tavabem mal iluminado porque tinha lâmpada queimada e lâmpada quebrada mas agoratrocou tudo”. (E essa iluminação é suficiente pra você fazer as atividades?) “É, naminha sala só não tem, tem menos janela do que nas outras e daí não tem tantailuminação, só que as lâmpadas ajudam bastante”.

4-“É preciso para enxergar melhor. Isso é bom”.

5-“Ah, a construção de mais janelas, mais portas e o ventilador daí não tem outrasaída”. (Como é a temperatura na sala de aula?) “Quando é frio a sala fica até bemquentinha, mas daí quando tá muito calor ela não fica bem fresquinha não por causada falta de janela”. (Já aconteceu algo parecido com você?) “Não”.

6-“Eu acho que ele deveria ter um lugar mais privado pra ter a sala de aula. E ondetem a recreação, o recreio deveria ser mais longe”. (Isso aconteceu com você? Dobarulho interferir?) “Não. Porque o pátio é fechado e só pode ficar do lado de fora”.(Mas e na sua sala, você acha que tem alguma interferência do barulho que chega aatrapalhar o teu aprendizado?) “Às vezes tem muita conversa, daí atrapalha”.

•Questionário do Ensino Médio

6- “Minha escola assim, tem um desenvolvimento bom e tem capacidade pra ter unsalunos bons, pra faculdade pra saírem mais distantes e, assim, tem seus defeitosmas a maioria, a estrutura é boa sim. Dá pra ter aula normal”. (Você mostraria algumlugar em especial?). “Esse lugar seria a biblioteca e a sala de vídeo. Porque a salade vídeo tem coisas assim como projetor e uma tela grande pra facilitar a visão doaluno, e a biblioteca por ter grande variedade de livros”.

AEF-9

Série: 7ªA

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Data de Nascimento: 30/05/1995

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Não”.

Bairro em que mora: “Sol Nascente”.

•Questionário do Ensino Fundamental

1-“Ah, o ginásio”. (Por quê?) “Ah, porque quando chove molha tudo. Não tem muitaestrutura pra gente fazer educação física, as linhas já estão tudo estragadas, vocêconfunde sempre a quadra. Eu mudaria o ginásio”.

2-“O círculo, aquele círculo azul ali fora”. (Por quê?) “Porque é o lugar que todomundo fica perto, não tem que ter silêncio, e ah, sei lá, é gostoso, ao ar livre”.

3-“Ah porque ela queria uma estrutura melhor pro filho dela estudar”. (Você achaque isso influencia na aprendizagem?) “Acho que não, acho que vai da vontade dapessoa de aprender. A gente passou quase uma semana sem... no escuro, naminha sala estudando e não influenciou em nada”. (O que você poderia me dizer emrelação à iluminação da sua sala?) “Agora está bom, mas acho que a gente passoua semana retrasada sem energia, não, as lâmpadas estavam queimadas. Aí a gentepassou praticamente uma semana só com a luz do dia mesmo”. (E a luz do sol foisuficiente?) “Não, ficou escuro”.

4-“Ah é bom, porque mesmo com a luz do sol, fica escuro”. (Isso acontece na suasala?) “Fica desde as sete e meia, desde quando o primeiro professor entra na sala”.(Você vê algum problema nisso?) “Não”.

5-“Ah, acho mais ventilador ou mais potência no ventilador, sei lá, alguma coisaassim”. (Como que é a temperatura na sua sala?) “Ah, quando o professor liga oventilador fica fresquinho, temperatura ambiente. Mas quando o professor não ligaporque tá muita bagunça ou porque atrapalha o barulho do ventilador aí fica quente“(Mas é alguma coisa que vocês cheguem a passar mal de calor?) “Não”.

6-“Separar o espaço. Ah, já aconteceu assim, de outras salas ficarem bagunçandoque nem essa semana mesmo, a sala do lado tava bagunçando e atrapalhou nossosestudos aí a professora teve que sair da sala e ir lá pedir silêncio. E quando tambémformam filas aqui pra ir pra outro lugar do colégio, faz muito barulho e atrapalha àsvezes. Eu acho que tinha que separar”. (Atrapalha em que?) “Quando o professor táexplicando aí fica aquele barulho aí já começa já conversa na sala e ai a gente nãoconsegue ouvir o que o professor vai falar”.

•Questionário do Ensino Médio

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6-“Ah, eu acho a estrutura dela até boa por ser estadual, os professores são bons, adireção eu gosto. Ah, é uma escola boa. Tem um ensino bom, comportado muitasvezes, os professores põem disciplina nas salas. Acho que assim, é uma escola queeu amo muito”. (Você levaria ela pra algum lugar específico?) “No pátio”. (Por quê?)“Ah, porque é um lugar que praticamente todos os alunos se reúnem. Acho que é opátio mesmo”.

AEF-10

Série: 7ª A

Data de Nascimento: 11/07/1995

Tem reprovação? “Não”.

Estudou em outro colégio? Qual? Quanto Tempo? Por que mudou? “Sim, Mundo

das cores 1ª a 4ª série e depois no Sagrado Coração, mudei porque minha mãe

quis”.

Bairro em que mora: “Jardim Alvorada”.

1-“O ginásio, o refeitório, a cantina, o redondo e as salas, praticamente tudo”. (Porquê?) “O ginásio tá quebrado, quando a gente vai treinar a noite, que a gente treinaa noite, não dá pra treinar porque choveu, daí a gente tem que ir embora, e perdetempo pra vir aqui. A cantina, assim, sei lá, o piso dela é muito estranho, a gentepisa, faz barulho, assim, eu não gosto. Daí também tem as salas, as salas sãoapertadas, são sujas e às vezes trinta alunos não cabem. E também o redondo ésempre sujo e ninguém nunca limpa ele. Que mais que eu falei? Não lembro. Achoque foi isso mesmo”.

2-“O redondo”. (Por quê?) “Porque pega sol, se tiver frio é bom, se tiver calortambém é bom porque pega vento e porque tá no ar livre e é bom respirar ar livre”.

3-“Porque ia melhorar no ensino dele”. (Você acha então que esses fatores têminfluência no ensino?) “Sim”. (como é a iluminação da sua sala?) “É boa”. (Ésuficiente pra você fazer a atividade de aula?) “Sim”. (Você me disse que a salamais iluminada, maior, tem influência no ensino. Você consegue me dizer de queforma?) “Tipo, uma vez, cinco luzes da sala apagou. E era só seis. Daí a gente nãoconseguia ler, a professora não conseguia explicar e todo mundo começou a fazerbagunça, porque ia aproveitar né. Daí a gente não conseguia entender o que aprofessora falava e nem enxergar o quadro”.

4-“Bom”. (Por quê?) “Ah, sei lá, porque tipo... ela chega, ela já se preocupa com oensino dos alunos, daí ela chega, acende a luz pra que a sala esteja mais clara, praque os alunos possam aprender melhor”. (Você vê algum problema da luz estaracesa mesmo com o dia ensolarado lá fora?) “Vejo”. (Qual?) “Porque a luz retiraenergia da água, e a água tá em falta no mundo, por isso eu acho um problema”.(Isso acontece na sua sala? Da luz estar acesa mesmo com o dia claro lá fora?)“Sim”.

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5-“Abrir as janelas e as portas”. (Como é a temperatura na sua sala de aula?) “Setiver muito calor a professora liga o ventilador e fica bom. Daí se tá mais frio, fecha aporta, abre as janelas de cima e fecha as outras janelas. Daí fica quentinho a sala”.(isso acontece mesmo com todos os professores?) Menos a de ciências, ela deixa aporta aberta, o vento vem todo pra mim, porque eu sento na frente do lado da porta.(Já aconteceu algo parecido assim com você de passar mal por conta datemperatura da sala de aula?) “Já. Na segunda série, eu tava passando mal porquetava muito calor, com dor de cabeça, não conseguia escrever e minha mão tremiamuito, daí a mulher, a estagiária, mandou eu descer e tomar ar aqui fora”. (Issoaconteceu aqui no CAP?) “É”. (Você tem problema com pó de giz?) “Não”.

6-“Ou trocar eles de sala, ou a professora falar mais alto e mandar os alunos de forafazer menos barulho”. (Isso já aconteceu na sua sala?) “De eu ficar com dor decabeça não, mas de não ouvir o que a professora fala por causa de outra sala sim”.(Barulho de fora, mas e da tua sala?) “O barulho de dentro não me incomoda porqueeu faço barulho também e não incomoda’. (E o barulho interfere como? De queforma?) “Não é que é assim, eu presto muito atenção no que as outras pessoasficam fazendo, porque eu sou curiosa, saí se eu estou ouvindo uma conversa lá fora,fico ouvindo e não consigo prestar atenção na aula, por mais que eu olho praprofessora eu ainda continuo ouvindo lá fora e prestando atenção”.

•Questionário do Ensino Médio

6-“Meu colégio tem prédios altos, é, um ginásio triangular, uma ponte tipo viaduto,um redondo, tem cerca que parece presídio e os professores são chatos, e assim,tem professores que começam a xingar os alunos na sala”. (Você levaria paraconhecer algum lugar específico?) “Hum... ali atrás, no pé de amora”. (Atrás doginásio?) “É”. (Por quê?) “Porque olha... lá eu escrevo no muro com as minhasamigas, tiro foto com as minhas amigas, faço tudo com minhas amigas”.

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Anexo VI - Transcrição do Diário de Campo

Data: 19/05/2008

Sala:7ª A

Hora: 07:30

Total de alunos: 30

Inicialmente vou descrever a sala de aula, que servirá de descrição para as demais

que tem a mesma estrutura. A sala possui dois ventiladores, um posicionado à frente

da lousa e outro na parede do fundo da sala. Oito luminárias com duas lâmpadas

cada (nesta sala uma das 8 luminárias não está funcionando perfeitamente, luzes

piscando). A parede da lateral direita tem janelas verticais. No teto encontramos uma

entrada para iluminação e ventilação (seis janelas).

Dá para ouvir som de conversa das outras salas de aulas, mas nada de som de fora

da escola.

Às 8:20 aluno pegou outra carteira para esticar as pernas.

As luzes estão acesas e ventiladores desligados.

Paredes pintadas de branco/cinza esverdeado.

Cinco alunos usam óculos.

Na segunda aula os ventiladores permaneceram desligados e as luzes acesas, na

terceira aula também.

Intervalo: Os alunos do Ensino Fundamental (EF) estudam no térreo e os do Ensino

Médio (EM) no piso superior em outro prédio. A comunicação entre eles se dá por

um corredor.

A cantina e o refeitório se localizam no piso térreo do prédio do Ensino Médio, assim

como a parte administrativa do colégio. Por isso os alunos do Ensino Fundamental

no momento do sinal passam quase que se atropelando pelo corredor para

chegarem antes dos maiores (EM) ao refeitório.

Na quarta aula, a inspetora Marta, levou-me para conhecer os espaços da escola:

sala de aula, cozinha, refeitório, cantina, biblioteca, laboratório de informática, sala

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de projeções, laboratório de ciências, sala administrativa, sala dos professores,

quadra esportiva, auditório e banheiros.

Na quinta aula, esperando a coordenadora do EF para agendar as entrevistas,

encontrei um aluno esperando o pai para levá-lo. Estava passando mal, com dores

de cabeça. Disse-me que tem rinite alérgica e que quando “ataca” tem muita dor de

cabeça. Perguntei onde ele sentava na sala de aula. Disse que sentava na primeira

carteira, bem perto da lousa e que com frequência tem esse tipo de dor.

Data: 20/05/2008

Sala: 8ª B

Hora: 7:30

Total de alunos: 33

Cheguei à escola para assistir a primeira aula na 8ª A, mas havia estagiárias na

sala. Estou com problemas em relação aos estagiários, pois a coordenação não

quer que eu assista às aulas quando houver estagiários. Esse fato dificultou um

pouco, pois esse colégio recebe muitos estagiários, em quase todas as disciplinas.

As luzes dos corredores da escola estão acesas sem necessidade.

Às 08h20min fui assistir à aula de ciências na 8ª B. Nessa sala, todas as luzes estão

acesas e funcionando. A sala tem 31 alunos presentes. A primeira fileira de carteira

está bem próxima à lousa e a sala está bem suja.

A sala está com os ventiladores desligados.

Essa sala fica do lado oposto a 7ª A, parece mais quente e tem presença de

drosophila.

Apenas uma das duas janelas está aberta, pois a janela aberta deixa o sol incidir

diretamente sobre as alunas que estão nas carteiras da fileira próxima a parede.

Há barulho de música, vindo da sala dos professores e conversas de outras salas.

Só uma aluna usa óculos.

Sentei-me no fundo, ao meu lado estava um menino bem grande que parecia

desconfortável na carteira.

Às 10 horas a janela do fundo também foi aberta mesmo com o sol e o ventilador do

fundo ligado.

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Data: 21/05

Entrega dos boletins. Não houve aula.

Data: 22/05

Feriado

Data:23/05

Recesso

Data: 26/05

Horário: 7:30

Fui para a escola para remontar os horários de observação e entrevistas. O trabalho

precisa passar novamente pelo COPEP e antes disso não posso realizar as

entrevistas, como a reunião do COPEP só acontecerá dia 30/05, tivemos que

reformular o cronograma das observações e entrevistas, tanto no EF quanto no EM.

Data: 26/05

Sala: 1º B - Educação Física

Hora: 10:20

Total de alunos: 35

Sala no piso superior, todas as luzes acesas, janelas abertas, com incidência de sol

sobre os alunos das fileiras próximas a janela.

Tem aproximadamente 35 alunos presentes.

No início da aula as carteiras estão dispostas em fileiras, a professora pediu que

formassem grupos, o espaço da sala foi suficiente.

Os ventiladores estavam desligados. Notam-se alunos com as mais diversas formas

físicas (uns muito pequenos, outros enormes)

Às 11 horas, as janelas do fundo foram fechadas por conta da claridade.

A professora trabalhou com alpiste no final da aula, a sala estava bem suja, então a

professora pediu que os alunos varressem a sala, e o pó tomou conta do ar.

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Data: 26/05

Sala: 3º B - Sociologia

Hora: 11:10

Total de alunos: 31

Os alunos estavam na sala de projeções assistindo a um filme com o professor

substituto. Todas as luzes estavam desligadas e um ventilador (o único da sala)

estava ligado.

Diferente das salas de aula, essa tem três fontes de iluminação (janelas no teto),

mas todas estavam fechadas.

O cheiro de chulé está forte e de axila também, mas olhei no horário e não tiveram

Educação Física antes.

31 alunos presente, um usa óculos. Três alunos dormindo no chão no fundo da sala.

As cadeiras desta sala são diferentes das cadeiras da sala de aula (são de plástico).

Muitos alunos sonolentos.

Quase não se ouve ruídos externos.

Na parede da sala há três cartazes de filmes: Regras do jogo, Zorro, Traffic e

grandes armários na parede do fundo.

A sala possui TV, DVD, aparelho de som, data show pendurado e lousa.

Data: 27/05/2008

Sala: 1º A - Matemática

Hora: 7:30

Total de alunos: 32

As luzes estão acesas, e a luminária da direita, bem acima da lousa está queimada.

Os ventiladores estão desligados e todas as janelas abertas, mas não há incidência

direta de luz solar nos alunos. Os alunos estão dispostos em duplas, grupos e fileira,

o professor passou exercícios do livro e permitiu que fizessem juntos. Não se notava

muito barulho externo a sala, já que os alunos estavam conversando, mas a medida

que a sala foi ficando em silencio, logo se ouviu os gritos e assovios vindos da

quadre esportiva que fica bem ao lado da sala.

Dois alunos usam óculos.

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Carteiras velhas e novas e de tipos diferentes.

Data: 27/05

Sala 3º A - Física

Hora: 8:20

Total de alunos: 28

Na verdade pelo cronograma apresentado a coordenação, eu assistiria aula no 2º A

de química, as estavam em prova. (Esse é outro problema, pois elas não sabem

quando é que os professores marcam provas e elas não querem que eu acompanhe

as salas com prova).

Então fui assistir à aula de Física no 3º A. Eles estavam em sala diferente da que

eles assistem aula, porque as luzes da sala não estavam acendendo.

Nessa sala que eles estão, todas as luzes estão acesas, janelas abertas e

ventiladores desligados.

Carteiras dispostas em fileiras.

Mesmo com janelas abertas, não já luz incidindo diretamente nos alunos da lateral.

Sala ao lado da quadra esportiva, com barulhos de gritos e assovios que podem ser

ouvidos nitidamente dentro da sala de aula.

Sala empoeirada, duas alunas tossindo e eu espirrei algumas vezes (eu estava

sentada no fundo ao lado da parede).

A professora usou bastante a lousa, estava cheio de pó de giz nas mãos e coçou o

olho várias vezes.

Vários alunos reclamando que a professora usa a lousa até em baixo e que no fundo

eles não conseguem enxergar.

Data: 28/05

Hora: 10:00

Intervalo: Os alunos se apropriam dos mais variados espaços da escola, as escadas

são atrativas para conversas em grupo e paqueras.

Os espaços destinados a isso também são utilizados, mesinhas próximas ao

corredor e perto das árvores, a quadra, o coreto.

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Estava programado para eu assistir as duas últimas aulas no Ensino Médio (Filosofia

com a 2ªB e de Português com 2ªA), mas o 2ª A foi dispensado, pois o professor

faltou. Então foi transferido para amanhã esta observação. Todas as luzes dos

corredores acesas.

Data: 28/05

Sala: 2º.B - Filosofia

Hora: 10:20

Total de alunos: 34

A sala próxima à quadra, janela perto da lousa fechada, janelas do meio e do fundo

abertas sem incidência direta de luz sobre os alunos da fileira lateral.

Sala está com pó e papel e próximo a lousa pó de giz no chão.

Luzes acesas e ventilador a frente ligado, carteiras dispostas em fileiras. Um aluno

usa óculos. Dois alunos dormindo. Dois alunos escrevendo na carteira. Carteiras de

diferentes modelos. Barulho externo no pátio.

Data: 29/05

Hora: 8:50

Cheguei na escola para assistir a terceira aula na 7ª.B de Artes. Hoje choveu e a

temperatura caiu, o tempo está nublado e hoje as luzes do corredor do Ensino

Fundamental estão desligadas. Perguntei para as inspetoras e elas não souberam

informar o porquê. Disseram que na terça (27.05) ficaram sem energia por conta de

transformadores queimados na Universidade. Mas uma das inspetoras disse que

nem tinha reparado que as luzes não estavam acesas.

Data: 29/05

Sala 7ª.A

Hora: 9:10

Total de alunos: 30

A sala tinha estagiário, mas a professora liberou que eu assistisse à aula.

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Janelas abertas, luzes acesas e ventiladores desligados. A professora disse que o

barulho de conversa na sala estava deixando ela com dor de cabeça.

Um aluno pediu para trocar de carteira, porque ela estava cheia de chiclete e que o

material fica caindo.

Carteiras dispostas em fileiras, sala limpa, piso de azulejo.

A professora estava trabalhando rock e deixou o som ligado.

A sala faz lateral com a entrada principal.

Dois alunos usam óculos.

Os alunos maiores sentados nas carteiras do fundo.

Alunos reclamando que a professora escreve até embaixo na lousa e eles não

conseguem enxergar.

Intervalo: Hoje no bloco do E.M. um grupo de alunos se reuniu na escada para

tocarem violão. Os alunos estão na quadra, na cantina e no refeitório lugares

fechados, alguns poucos estão no pátio e no corredor porque esfriou bem.

Data: 29/05

Sala: 8ª.A (Português)

Hora:10:20

Total de alunos: 33

Luzes ligadas, ventiladores desligados, janelas abertas.

Essa sala faz lateral com o pátio e com a quadra.

Sala bem cheia de alunos, 30 alunos presentes e havia apenas uma cadeira

sobrando, a cadeira que eu sentei, não via a planta arquitetônica, mas dá impressão

que essa sala é menor que as outras.

A sala tem nas paredes o alfabeto, tabuadas.

Durante a aula de Português, alunos de outra sala vieram para quadra para fazer

Educação Física. Como a janela permite a visão para o pátio os alunos da 8ª. A

ficaram rindo e olhando para fora.

Um aluno usa óculos.

Às 10h45min começou o barulho de alunos jogando futebol na quadra. A sala tem

piso de azulejo, parece limpa, mas tem papéis no chão.

Carteiras dispostas em fileiras.

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Data: 29/05

Sala: 2ª.A (História)

Hora: 11:10

Total de alunos: 33

Os alunos estão em prova, já estão terminando, pois começou na aula anterior.

Luzes acesas, janelas abertas e ventiladores desligados.

Carteiras dispostas em fileiras.

Alunos fecharam a porta da sala por causa do barulho das outras salas.

O ventilador do fundo foi ligado às 11h26min.

Alunos reclamando que o professor escreve muito embaixo na lousa.

O professor pediu que fosse desligado o ventilador para que ele pudesse explicar.

Sala com terra e papel no chão.

A sala é no piso superior e faz lateral com o corredor da entrada e pátio.

Sala com mais carteiras velhas do que novas.

Dois alunos usam óculos.

Primeiras carteiras bem próximas à lousa.

O barulho no pátio está atrapalhando a explicação do professor (que fala baixo).

Começou a chover forte, os alunos das fileiras próximas às janelas fecharam-nas.

Data: 16/06

Hora: 7:30

Os alunos da 7ª A ficaram de trazer os termos assinados, mas só uma aluna trouxe,

então vou fazer a entrevista com ela e volto amanhã para fazer a última.

Data: 17/06

Hora:11:00

Hoje terminei as entrevistas, achei a última bem interessante. No geral, os alunos

ficaram bem à vontade para responder a entrevista, acho que as observações em

sala e minha presença na escola os deixaram bem à vontade.

Senti em algumas entrevistas que eles precisavam contar as “coisas” da escola para

alguém e não tiveram medo de me falar.

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Engraçado que senti isso também em alguns professores principalmente o professor

de Ed. Física, quando pedi permissão para bater as fotos do ginásio ele disse: Por

quê? Vão arrumar? Nossa eu já pedi que arrumassem várias vezes...

Bom lembrar que a biblioteca tem um espaço, como se fosse uma varanda, pois

conversando com a bibliotecária, descobri que a biblioteca também era para estar a

serviço da comunidade externa. Só que as portas ficam fechadas e esse espaço só

pode ser visto da janela.

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Anexo VII - Fotos da Escola

Figura 17 – Vista externa do bloco do Ensino Fundamental (Fotografia: Mariana BertanhaBiava – 23/06/2008).

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Figura 18 - Vista externa de parte do Bloco do Ensino Médio (Fotografia: Mariana BertanhaBiava – 23/06/2008).

Figura 19 - Banheiro do Ensino Médio (Fotografia: Mariana Bertanha Biava - 23/06/08).

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Figura 20 - Banheiro do Ensino Fundamental (Fotografia: Mariana Bertanha Biava -23/06/08).

Figura 21 - Pátio: espaço entre o ginásio e o bloco de salas do ensino médio, alunos nointervalo (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).

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Figura 22 - Mesinhas com bancos no corredor que une os blocos do Ensino Médio e EnsinoFundamental (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/08).

Figura 23 – Pátio com grama, ao fundo no piso superior salas do Ensino Médio e abaixo, acantina (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/08).

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Figura 24 – Alunos no pátio no momento do intervalo improvisando brincadeira com garrapet (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/08).

Figura 25 - Pátio: corredor que liga os blocos do Ensino Fundamental e Ensino Médio nomomento do intervalo (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).

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Figura 26 - Pátio das salas do Ensino Fundamental: as portas das salas se abrem para esseespaço (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).

Figura 27 - Quadra de esportes do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 24/06/2008).

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Figura 28 - Biblioteca do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).

Figura 29 – Cantina do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).

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Figura 30 – Refeitório do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).

Figura 31 - Sala de Informática do CAP (Fotografia: Mariana Bertanha Biava – 23/06/08).