Especial Caderno - COLEGIO ESTADUAL HELENA KOLODY- E … · pelos professores da rede pública ......

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trabalho, que realizou uma viagem pelo mundo da violência silenciosa que acontece todos os dias na vida de jovens como nossos alunos do Ensino Médio – dentro de suas casas, no trabalho, nos grupos aos fins de semana, atitudes grandes e pequenas, que enveredam por caminhos muitas vezes distantes de nossa compre-ensão e aceitação. A partir da contextualização Especial Caderno NOV 2010 DIREÇÃO DO COLÉGIO HELENA KOLODY APOIA PROJETOS PEDAGÓGICOS E RECONHECE A IMPORTÂNCIA DO PDE O Colégio Estadual Helena Kolody vem destacar o profissionalismo de seus educa- dores, dentre eles os que tiveram a oportunidade de participar do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), programa este que valoriza o conhecimento do professor e permite que este retorne à Universidade para aprimorar seus estudos. Temos observado que ao fim desta capacitação, com duração de dois anos, a escola ganha muito, pois verificamos um melhor desempenho de nossos alunos na participação dos projetos; este reflexo é transparente nas atividades pedagógicas realizadas. Verificamos também a introdução de novas metodologias de ensino, o trabalho de professores e alunos se destaca e ganha espaço no ambiente escolar. É importante lembrar que todo o conhecimento produzido pelos professores da rede pública favorece a população com a melhoria da qualidade da edu- Apoio: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - TERRA BOA (PR) O trabalho foi implementado entre os meses de agosto e novembro de 2010, com os alunos da 3ª série A do Colégio Estadual Helena Kolody – Ensino Médio e Profissional, numa oportunidade proporcionada pela Secretaria de Estado da Educação, por meio do PDE – um programa que vem capacitando professores da rede estadual do Paraná. Este Caderno Especial resume as ações desenvolvidas ao longo dos últimos meses, com a participação efetiva dos alunos e de diversas pessoas de nossa comunidade e justificou-se no princípio de que o ensino da Língua Portuguesa deve voltar-se para a formação de um aluno capaz de agir e interagir com a realidade. Assim é necessário que ele tenha o maior domínio possível da Língua, seja na modalidade escrita, na leitura ou na oralidade. Nessa perspectiva, trabalhar o gênero discursivo pode revelar-se uma prática desafiadora e apaixonante, pois entendemos, a exemplo de Bakhtin, a palavra gênero num sentido amplo, referindo-se aos textos que empregamos nas situações cotidianas de comunicação. Porém, tão rico e infindável é este mundo do discurso humano, que surgiu a necessidade de delimitar este “Do gênero discursivo ao coração do aluno: caminhos de guerra e paz que o homem faz” APRESENTAÇÃO d a s informações levantadas, nossos alunos tiveram como foco principal de seu trabalho a interface – fala e escrita, sendo orientados a perceberem a diferenciação entre os modos de enunciação falado e escrito. No decorrer do trabalho, três gêneros discursivos foram selecionados a fim de serem estudados e produzidos: A ENTREVISTA, A REPORTAGEM e O ARTIGO DE OPI- NIÃO. Finalmente, a proposta foi de motivar o aluno a pensar a prática do discurso como um processo dinâmico, como um meio de realizar ações, de agir, interagir, de “oferecer a palavra ao aceitá-la” (Diretrizes Curriculares da Educação Básica), este é o desafio proposto ao ensino da Língua Materna nos dias atuais, o de percebermos juntos (professor- aluno-escola) os avanços: “ontem - a palavra e a frase, hoje – um novo caminho para o texto e o discurso”. (Professora PDE Sandra Regina Maruchi Peres – responsável pela implementação do Projeto). Segundo professora Sandra, o foco principal do trabalho foi a interface fala/escrita. A proposta foi de motivar o aluno à prática do discurso como um processo dinâmico PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

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trabalho, que realizou umaviagem pelo mundo da violênciasilenciosa que acontece todos os diasna vida de jovens como nossos alunosdo Ensino Médio – dentro de suascasas, no trabalho, nos grupos aos finsde semana, atitudes grandes epequenas, que enveredam porcaminhos muitas vezes distantes denossa compre-ensão e aceitação.

A partir da contextualização

EspecialCaderno

NOV2010

DIREÇÃO DO COLÉGIO HELENA KOLODY APOIA PROJETOS

PEDAGÓGICOS E RECONHECE A IMPORTÂNCIA DO PDEO Colégio Estadual

Helena Kolody vem destacar oprofissionalismo de seus educa-dores, dentre eles os que tiveram aoportunidade de participar doPrograma de DesenvolvimentoEducacional (PDE), programaeste que valoriza o conhecimentodo professor e permite que esteretorne à Universidade paraaprimorar seus estudos.

Temos observado que aofim desta capacitação, comduração de dois anos, a escolaganha muito, pois verificamos

um melhor desempenhode nossos alunos na participaçãodos projetos; este reflexo étransparente nas atividadesp e d a g ó g i c a s r e a l i z a d a s .Verificamos também a introduçãode novas metodologias de ensino, otrabalho de professores e alunos sedestaca e ganha espaço noambiente escolar.

É importante lembrar quetodo o conhecimento produzidopelos professores da rede públicafavorece a população com amelhoria da qualidade da edu-

Apoio: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - TERRA BOA (PR)

O trabalho

foi implementado entreos meses de agosto e novembro de2010, com os alunos da 3ª série A doColégio Estadual Helena Kolody –Ensino Médio e Profissional, numaoportunidade proporcionada pelaSecretaria de Estado da Educação, pormeio do PDE – um programa que vemcapacitando professores da redeestadual do Paraná.

Este Caderno Especialresume as ações desenvolvidas aolongo dos últimos meses, com aparticipação efetiva dos alunos e dediversas pessoas de nossa comunidadee justificou-se no princípio de que oensino da Língua Portuguesa devevoltar-se para a formação de um alunocapaz de agir e interagir com arealidade.

Assim é necessário que eletenha o maior domínio possível daLíngua, seja na modalidade escrita, naleitura ou na oralidade. Nessaperspectiva, trabalhar o gênerodiscursivo pode revelar-se uma práticadesafiadora e apaixonante, poisentendemos, a exemplo de Bakhtin, apalavra gênero num sentido amplo,r e f e r indo - se aos t ex tos queempregamos nas situações cotidianasde comunicação.

Porém, tão rico e infindávelé este mundo do discurso humano, quesurgiu a necessidade de delimitar este

“Do gênerodiscursivo ao coração do aluno:caminhos de guerra e paz que ohomem faz”

APRESENTAÇÃO

d a si n f o r m a ç õ e slevantadas, nossosalunos tiveram comofoco principal de seutrabalho a interface –fala e escrita, sendoo r i e n t a d o s ap e r c e b e r e m adiferenciação entre osmodos de enunciaçãofalado e escrito. Nodecorrer do trabalho,t r ê s g ê n e r o sdiscursivos foramselecionados a fim deserem estudados ep r o d u z i d o s : AENTREVISTA, AREPORTAGEM e OARTIGO DE OPI-NIÃO. Finalmente, ap r o p o s t a f o i d emotivar o aluno apensar a prática dodiscurso como umprocesso dinâmico,como um meio derealizar ações, deagir, interagir, de“oferecer a palavra ao

aceitá-la” (DiretrizesCurriculares da Educação Básica),este é o desafio proposto ao ensinoda Língua Materna nos dias atuais, ode percebermos juntos (professor-aluno-escola) os avanços: “ontem -a palavra e a frase, hoje – um novocaminho para o texto e o discurso”.(Professora PDE Sandra ReginaMaruchi Peres – responsável pelaimplementação do Projeto).

Segundo professora Sandra, o foco principaldo trabalho foi a interface fala/escrita. A

proposta foi de motivar o aluno à prática dodiscurso como um processo dinâmico

PROGRAMA DEDESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL

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PALESTRA COM SECRETÁRIAMUNICIPAL DE SAÚDE DÁ INÍCIO AO

CadernoEspecial

02

No dia 23 de agosto de 2010, noAuditório da Câmara Municipalde Vereadores, os alunos da 3ª série A do Colégio Helena Kolodyassistiram a uma palestra ministrada pela Senhora Marina SidnéiaRicardo Martins, Secretária Municipal de Saúde de Terra Boa.

A palestra teve como tema “a violência”, uma vez que este foi otema escolhido para todo o trabalho desenvolvido.

PROJETO “DO GÊNERO DISCURSIVO AO CORAÇÃO DO ALUNO:CAMINHOS DE GUERRA E PAZ QUE O HOMEM FAZ”

NOVEMBRO 2010

Esse enunciado éparte do texto que introduz eapresenta os “ParâmetrosCurriculares Nacionais”(PCNs), volume destinado àLíngua Portuguesa, publicado

pela primeira vez no final dadécada de 90. Os PCNs, em seuconjunto, constituem umapropos ta do MEC paraeducação escolar brasileira.Ainda hoje, são uma referênciacurricular e, muitas vezes,sustentam a revisão e/ou aelaboração de propostascurriculares dos Estados ou dasesco las in tegran tes dossistemas de ensino. No trechoque trago em epígrafe, épossível identificar traços doque os PCNs vão indicar comoprimordial para o trabalho coma língua nas escolas: odesenvolvimento de habi-lidades e capacidades quepermitam ao aluno refletirsobre e dominar a sua língua,seja em suas manifestaçõesorais, seja em suas ma-

nifestações escritas e, a partirdesse domínio e dessa reflexão,exercer plenamente a suacidadania.

Para alcançar esse“objetivo mais geral”, com oqual os profissionais ligados àeducação básica parecemconcordar, a escola e seusprofessores têm diante de si odesafio de investir no trabalhoefetivo com as manifestaçõesorais e escritas da língua e comas relações que podem serestabelecidas entre essasformas de manifestação. Alémdisso, é necessário viabilizar areflexão e o debate sobre anatureza das atividades de ler,escrever, ouvir, falar...

Sabemos, entretanto,que, tradicionalmente, a escolatem priorizado o desen-volvimento de habilidades ecapacidades l inguís t icasr e l a c i o n a d a s c o m e x -clusividade às formas deenunciação escrita.Aliás, não

são poucos aqueles queainda acreditam que a escoladeve responsab i l i za r- seunicamente pelo aprendizadoda escrita. Infelizmente,também temos que considerarque ainda perdura nas escolasuma visão equivocada dasatividades de ouvir e falar e daspráticas de oralidade, visãoessa que considera a fala pobre,comum, mal estruturada,desregrada... e, de certa forma,indigna de ocupar o centro dop r o c e s s o d eens ino/aprendizagem dalíngua.

É por essa razão queconstitui uma grata surpresaencontrar professores dispostosa enfrentar o desafio depromover uma mudança depostura a respeito da visãoescolar predominante sobre oensino de língua, sobre o papeldas práticas de oralidade noensino de língua e sobre asrelações entre os modos de

O t r a b a l h odesenvolvido pela professoraSandra junto aos seus alunos eque agora se materializa nesteCaderno é, sem dúvida, umexcelente exemplo de como,de fato, trabalhar com aspráticas orais na escola, deforma não-preconceituosa,reflexiva e crítica, articulandoo trabalho com os gênerosdiscursivos etc. Sua propostad e l e v a r o s a l u n o s aperceberem as relaçõesexistentes entre os modos deenunciação falado/escrito,c o m - p r e e n d e n d o a sdiferentes combinações quepodem ocorrer na prática dafala e da escrita e a suaassociação a diferentespráticas sociais é, sem dúvida,um presente para aqueles queacreditam numa educaçãopública de qualidade!

Cristiane CarneiroCapristano

O domínio da língua, oral eescrita, é fundamental para aparticipação social efetiva,pois é por meio dela que ohomem se comunica, tem

acesso à informação,expressa e defende pontos de

vista, partilha ou constróivisões de mundo, produz

conhecimento. Por isso, aoensiná-la, a escola tem a

responsabilidade de garantira todos os seus alunos o

acesso aos sabereslingüísticos, necessários para

o exercício da cidadania,direito inalienável de todos...

Desafios...

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CadernoEspecial

03NOVEMBRO 2010

Veja na sequência as produções textuais de cada uma das equipes:

Os alunos da 3ª série A, responsáveis pelo desenvolvimentodo Projeto, dividiram-se em cinco equipes para a realização dos trabalhos.

Equipe Avante pela Paz Adrian Sabrina da Silva GrandiAndressa Cristina Fernandes MazattoAngela Cristina Lavagnolli

Maykon Bruno MartinsNágela Maria MoreiraPoliana Galdino Mira

Vaneska Moreira Alves

Alunos responsáveis pelas produções:

A ENTREVISTA

Sabrina

Diretora

SabrinaDiretora

Sabrina

Diretora

- Diretora, o que a senhorapensa sobre a violência nas escolas?Considera que está aumentando?

– Sim, a violência nasescolas tem aparecido em muitosnoticiários, também contra opatrimônio público. Nós temoso b s e r v a d o a d e s t r u i ç ã o d eestabelecimentos de ensino poralunos, muitos desses alunos vêm defamílias desestruturadas que acabamdeixando para a escola a tarefa de“educar”; e outros casos de violênciatemos certeza de que estãoassociados ao consumo de drogas.

– E quanto à nossa escola?– Podemos afirmar que os

índices de violência em nossa escolasão muito baixos, atribuo isso aotrabalho realizado tanto poradministrações anteriores como pelaatual, pois sempre realizamostrabalhos de prevenção.

– Existem casos deviolência em nossa escola queenvolvem professores e alunos?Poderia citar algum?

– Recentemente tivemosum caso de “cyberbullying” queenvolvia uma professora. Tomamosimedia tamente uma at i tude ,averiguamos o motivo, encontramoso responsável e a professora moveuum processo criminal contra o aluno.Em casos assim, a equipe pedagógicasempre conversa com o aluno,

Entrevista realizada com aDiretora do Colégio Estadual HelenaK o l o d y – E n s i n o M é d i o eProfissional Professora Maria ReginaMachado Colonello.

Não é de hoje que nosdeparamos frequentemente com casosde violência dentro de nossas escolas.Na verdade, as escolas deveriam serlocais de excelência do saber, noentanto, a realidade de muitas escolaspúblicas brasileiras é bastantediferente. Acreditamos que todo leitorconheça, mesmo que por meio dosnoticiários da TV, escolas depredadas,completamente destruídas pelospróprios alunos.

Em lugares e ambientes assimé muito difícil estudar e aprender. Emnosso Município, felizmente, arealidade das escolas é bastantediferente. Temos problemas sim,mas numa escala bem menor,nossas escolas são muito bemcuidadas e conservadas, semexceção. Para falar sobre aviolência na escola, fomos rece-bidos pela Diretora de nossoColégio na manhã de 17 desetembro.

Com mais de vinteanos de trabalho, a DiretoraRegina informou-nos que sãobaixos os índices de violência noColégio e isto deve-se princi-palmente ao trabalho deprevenção e sensibilização

A REPORTAGEM

O ARTIGO DE OPINIÃO Atualmente temos vistoinúmeros casos de violência nasescolas, das mais variadasmagnitudes. O bullying sendo omais comum nas escolas, podegerar consequências mais gravesdo que a vio lênc ia f í s icapropriamente dita, ou seja, asconseqüências do bullying podemser levadas para o resto da vida,nunca será esquecido por quemsofreu as humilhações e a exclusãodo grupo.

Campanhas de sensibi-lização deveriam ser mais efetivas efrequentes, escolas e educaçãodeveriam ser prioridade de todos.Não podemos mais ficar paradosquando sabemos que devemos agir,cabe a cada um de nós lutar paraque a violência dentro e fora dase s c o l a s s e j a c o m b a t i d a ,denunciada. Cabe também a cadaum de nós assumir atitudes queconstruam uma cultura de paz e desolidariedade, respeitando asdiferenças e enfrentando sem medoestes desafios.

rea l izado pela EquipePedagógica e pelos professores.

É importante lembrar que oconvívio familiar com pessoasviolentas reflete no comportamento doaluno, que muitas vezes tende a imitar ocomportamento daqueles que estão aoseu redor. É óbvio também que hájovens desa jus tados e que aconvivência com a violência e adegradação social favorece maiscompor-tamentos violentos.

C a s o s d e b u l l y i n g ecyberbullying também ocorrem nasescolas. Bullying é um termo inglêsusado para descrever atos de violênciafísica ou psicológica, intencionais erepetidos, praticados por um indivíduoou grupo de indivíduos com o objetivo

de intimidar ou agrediroutro indivíduo incapaz de sedefender. A principal causa destegrave problema dá-se pela divisãodos jovens em grupos queridicularizam um determinadoaluno, que segundo dizem, sãoconsiderados inferiores aos outros epor isso ficam à mercê de piadas,humilhações e até mesmo agressõesfísicas. Já o cyberbullying ocorrecom agressões via internet.

Segundo a Diretora, arealização de fóruns de debates,discussões abertas, palestras e odesenvolvimento de projetospedagógicos abordando temaspolêmicos como este, auxiliam nasensibilização dos alunos e isto

r e q u e r t a m b é m u menvolvimento e comprome-timento direto e efetivo doquadro de professores.

A Diretora afirmaque ainda a escola de hojepode auxiliar o jovem aamadurecer e percebermelhor as coisas queacontecem à sua volta e àmedida que presta maisa t e n ç ã o n o “ o u t r o ” ,aprendendo a respeitá-lo, ocomportamento deste jovemmelhora e suas atitudestambém melhorarão.

orienta, adverte e imediatamente ospais são comunicados e convocados acomparecerem à escola.

– A s e n h o r a t e mconhecimento de professores quedesenvolvem projetos em sala de aula,buscando sensibilizar os alunos sobretemas como violência, uso de drogas,gravidez na adolescência entre outros?

– Sim, recentementerealizamos um projeto de prevenção,fórum de debate sobre a gravidez e asexualidade, e sei de alguns professoresque, além deste projeto de vocês,também têm realizado outros.

– A senhora acredita que esset i p o d e t r a b a l h o a u x i l i a n oamadurecimento do aluno de EnsinoMédio?

– Com certeza, observamosque quando os alunos chegam aqui noprimeiro ano, eles têm uma visãodiferenciada. Nosso trabalho, além dosconteúdos ministrados em sala, é deauxiliá-los por meio do diálogo e deprojetos educativos. Quando essesalunos chegam ao terceiro ano,percebemos uma grande mudança,principalmente em relação à violência.Tenho certeza absoluta de que é otrabalho realizado pelos educadores donosso Colégio.

– A senhora acredita que osconflitos familiares resultam ematitudes agressivas de alguns alunos?

– Sim, todas as vezes queprecisamos ter uma conversa comalgum aluno, verificamos que quando oconvívio familiar é violento, isto refleteno comportamento. De uma maneira ououtra ele deixa isso aflorar.

S a b r i n a

Diretora

Sabrina

Diretora

Sabrina

Diretora Violência nas escolas,uma realidade difícil

A o d i s c u t i r o t e m a“Violência na escola”, percebemos oquão envolvidos estamos, pois este éum problema de todos nós brasileiros,pois sempre há, dentro de nossasescolas alguém que conhecemos, queamamos, que queremos bem. Nãopodemos, portanto, pensar que hojeem dia já se tornaram comuns casosde violência dentro de nossas escolas,violência que pode se caracterizar naforma de destruição do patrimôniopúblico, agressão física e verbalcontra professores e funcionários ouentre alunos.

As escolas deveriam ser olocal ideal para aprendermos mais,para aprimorar nossos conhe-cimentos, um meio para nossasconquistas futuras, isto sim deveriaser nosso pensamento comum.

Quantas vezes, porém,ouvimos falas como estas: “As escolasde hoje são assim mesmo, tem bagunçae desordem”; “Os alunos agridem osprofessores e nada acontece”. Não nosconvém agora procurar os culpados,pois querendo ou não, todos têm suaparcela de culpa. Temos que procurarsoluções adequadas a cada caso,desenvolver alternativas propícias ejamais fingir que não estamos vendo oque isso pode causar.

Os Governos e a próprialegislação precisam amparar mais emelhor nossas escolas, para que aautoridade, a disciplina e a segurançasejam devolvidas. Claro que o mundoevoluiu, que as formas de tratamentoentre as crianças, os adolescentes e osjovens mudaram, mas os limitesprecisam ser conhecidos e reco-nhecidos, praticados de modo quetodos voltem a respeitar e valorizar afigura dos educadores que doam todauma vida ensinando além dosconhecimentos científicos, aquilo quedeveria ser aprendido dentro de casa:bom comportamento, respeito, moral,

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04 NOVEMBRO 2010

Alan dos Santos MachadoEdson Luiz SanchesJanaina Jardim Galafassi

Alunos responsáveis pelas produções:CadernoEspecialEquipe Fazemos a Diferença

Contra a Violência

Natasha Kaoany da SilvaGonçalves

Rogério Correa SilvaWesley Augusto Calandria

A ENTREVISTAEntrevista realizada com a

Presidente do Conselho Tutelar deTerra Boa Senhora Helena Pontin.

Alan:

Helena:

Alan:

Helena:

Alan:

Helena:

Alan:

Helena:

Alan:

Helena:

Alan:

A senhora considera que emTerra Boa o número de atos deviolência contra adolescentes temaumentado?

Sim.

São muitos os casos deviolência contra a criança em TerraBoa?

Não são muitos, mas temchegado alguns casos sim.

Esses casos são registrados?Que tipo de acompanhamentorecebem?

Quando as denúnciaschegam até nós, verificamos o fatoque aconteceu e encaminhamos, senecessário, para a Delegacia,acompanhamento psicológico, ou atémesmo para o Fórum.

Em quais circunstâncias ummenor infrator comete atos deviolência? Pode ser encaminhado auma entidade de recuperação?

Sim, se ele cometer algumato infracional e se já existir algumprocesso contra ele, esse encami-nhamento para uma entidade derecuperação, para um educandário éfeita através do Fórum. O juiz solicitaa vaga, então, esse adolescente quecomete ato infracional pode serinternado em um Centro SócioEducativo. [...]

Vocês encontram dificuldadepara internar esses menores?

Sim, por falta de vagas.

Há em nosso município muitas

denúncias de casos de violência sexualcontra adolescentes e crianças?

Temos alguns, não muitos.

Essas denúncias são averiguadase conf i rmadas? Que t ipo deprovidências são tomadas e por quem?

Quando chegam até nós,verificamos o fato, o que aconteceu eencaminhamos para a Delegacia.Podem receber acompanhamentopsicológico, pois primeiro procuramosum psicólogo, orientação psicológica,avaliação, encaminhamento paraDelegacia, depois de pronto oinquérito, o caso é encaminhado para oFórum.

Em casos de violência domésticaem que haja necessidade de visita àcasa da vítima, na maioria das vezes,como são recebidos os Conselheirospelos supostos agressores?

Foram poucas as vezes quenós tivemos que atender um caso deviolência doméstica, mas quando háuma denúncia, normalmente somosbem recebidos, não há nenhumabarreira, falta de respeito ouagressividade contra o ConselhoTutelar.

A senhora tem conhecimento donúmero de adolescentes usuários dedrogas em nosso município? A senhoraacredita que a violência estejaassociada ao uso de álcool e drogas?

A quantidade de usuários nãotemos, sabemos que existem algunsadolescentes envolvidos com drogas.Aviolência, a agressividade, o desen-tendimento entre os jovens eadolescentes, acontece com certezadevido ao uso de drogas e ao consumodo álcool. O álcool é a porta de entradapara todos os tipos de violência.

Helena:

Alan:

Helena:

Alan:

Helena:

Alan:

Helena:

A REPORTAGEM

O ARTIGO DE OPINIÃODiminuir a violência naadolescência, um grande

desafio a enfrentar

Diariamente somos bombar-deados por notícias e informaçõescatastróficas envolvendo mortes,acidentes, tráfico, roubo, ou seja,diferentes formas de violência. Entreessas notícias, as violências sofridas ecausadas por adolescentes têm setornado cada vez mais frequentes: sãoestupros, assassinatos, atitudes cadavez mais impensadas, a presença dasdrogas nas casas das famílias,precariedade dos serviços públicospara atender às necessidades dapopulação. Muitos casos são diaria-mente denunciados e muitos ainda quenão são veiculados, por isso ficamescondidos, distantes dos meios decomunicação quando falta coragempara fazer a denúncia.

Em 1990, com o Estatuto daCriança e do Adolescente, foireforçada a importância da proteção à

criança e ao adolescentecontra todos os tipos de violência. Comisso, os adolescentes passaram a serpercebidos como sujeitos sociais,como pessoas cidadãs portadoras dedireitos.

No entanto, sabemos que emnosso país, muitas vezes as leisdemoram a ser cumpridas, punições àsvezes não ocorrem e muitos crimescaem no esquecimento. A infância demuitas de nossas crianças perde-se nosabusos sexuais sofridos, nos maustratos que ocorrem dentro dos lares.Em municípios pequenos como onosso é mais fácil para órgãos como oConselho Tutelar interferir e auxiliarnestes casos, porém, nos grandescentros vemos a infância desrespeitadae desvalorizada no rosto de cadacriança que pede esmolas nossinaleiros, que dorme pelas calçadas,que é submetida a trabalho forçado.Todas estas são formas de violênciaque crianças e adolescentes sofremdiariamente e pouco ainda é feito paraamenizar este quadro.

Entendemos que, comocidadãos, devemos ficar atentos àsdiferentes formas de violência,repensando algumas posturas frente aesse problema. É preciso unir forçasno combate à violência infantil, pormeio de uma interação constanteentre os diferentes segmentos dasociedade, denunciando todo equalquer tipo de violência àsautoridades responsáveis pelaproteção desses adolescentes.

Acreditamos em outraatitude muito importante que de certomodo pode ajudar a combater aviolência: a escolha de nossosgovernantes através do voto na épocade eleições. Como cidadãos, pode-mos pesquisar e votar naqueles quetêm como proposta melhorar aeducação, pois a educação é uma dasprincipais formas de tentar reverterestes muitos casos de violência,juntos podemos lutar para quecrianças, adolescentes e jovenspermaneçam nas escolas e sejamacompanhados por profissionaiscapacitados que os ajudem a escolhersuas carreiras e construir um futuromelhor.

O Conselho Tutelar é umórgão permanente, oficializadoatravés de uma lei municipal e umavez criado, não pode ser extinto. Éautônomo, ou seja, suas decisões nãorecebem interferência de fora. Não éfunção do Conselho Tutelar julgar,também não aplica medidas judiciais.É um órgão encarregado pelasociedade de zelar pelo cumprimentodos direitos da criança e doadolescente. Ou seja, o ConselhoTutelar é um órgão de garantia dedireitos da criança e do adolescente.

Em Terra Boa, o ConselhoTutelar funciona já há muitos anos,tem sede ao lado da RodoviáriaMunicipal e atualmente suapresidente é a Senhora Helena Pontin,que recebeu-nos na manhã de 15 desetembro para conceder-nos umaentrevista sobre questões queenvolvem a violência na adoles-cência.

Helena considera que aviolência geralmente vem da falta deeducação, educação que provém daformação, da estrutura e dos valoresfamiliares. Se uma família estádesestruturada, “se não houve umaeducação rígida e severa, se nãohouve correção dos pais sobreatitudes erradas de seus filhos.... issoirá refletir no futuro”, afirma comconvicção Helena.

Quanto questionada sobre onúmero de casos de violência contraadolescentes, ela respondeu que há,

sem dúvida, um aumentoconsiderável desses casos. Afirmoutambém aquilo que para nós vem setornando uma verdade inquestionável,o álcool tem sido a porta de entradapara todas as outras drogas ilícitas navida de nossos jovens e que a violênciana adoles-cência está completamenteassociada ao consumo de álcool e dedrogas.

Não muito distante, podemosverificar a situação da cidade de Foz doIguaçu, que concentra hoje o maioríndice de jovens no Paraná vítimas deassassinato.

Questões como esta abrem

pequenas sobre o quefazer para melhor cuidar de nossosadolescentes que precocementetornam-se jovens e preservar-lhes avida segura e livre dos vícios.

Helena considera que osConselhos Tutelares exercem hojeum papel fundamenta l , deorientação junto às famílias quepossuem filhos envolvidos comdrogas e álcool e de atuação junto aestes adolescentes, encaminhando-os aos órgãos competentes para querecebam apoio, tratamento etambém medidas legais adequadasquando os casos são mais graves.

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05NOVEMBRO 2010

Aldicréia Teixeira RosaAnderson Marçal LírioDaiany Guimarães Borges

Alunos responsáveis pelas produções:CadernoEspecial

EquipeFenixFelipe Henriques Basoti

Jaqueline Fernanda StefanoNayara Caroline Garcia

Entrevista da Equipe Fênixcom o Promotor de Justiça de Terra Boa,Dr. Wilson Euclides Guazi Massali.

Jaqueline

Dr. Wilson

Jaqueline:

Dr. Wilson:

Jaqueline:

Dr. Wilson:

Jaqueline:

Dr. Wilson:

Jaqueline:

: O senhor poderia nosesclarecer qual é o papel do promotor dejustiça numa cidade como Terra Boa?

: Bem, o Promotor de Justiçatem uma série de atribuições dentro de ummunicípio. Essas atribuições vão desde aárea criminal, as atividades de persecuçãopenal, de processo e punição das pessoasque praticam crimes. Passa pela área dainfância e da juventude onde trabalha-separa adotar medidas protetivas em favorde adolescentes e crianças em situação der i s c o ; a p l i c a ç ã o d e m e d i d a ssocioeducativas, punições propriamenteditas para menores que praticam atosinfracionais; passa também pela questãodo meio ambiente, direitos humanos; dosdireitos previstos na Constituição Federal,passa pela fiscalização do cumprimentoexato das leis, então são essas asatribuições que abordo como asprincipais.

Sua impressão é de que casosde violência doméstica vêm aumentandoem Terra Boa?

Sim, a violência domésticapassa pela Promotoria em duas situações:quando a vítima de violência domésticadeseja que seja aplicada alguma medidaprotetiva em seu favor. O Promotor entracom ações judiciais pedindo a aplicaçãode medidas protetivas e, num segundomomento, na hora de punir o agressor ouaquele que pratica algum tipo de violênciadoméstica, cabe ao Promotor de Justiçainiciar um processo criminal contra oagressor e fazer a acusação dentro de umprocesso.

O senhor já trabalhou emmunicípios maiores do que o nosso?

Sim, trabalhei em diversosmunicípios, cerca de vinte comarcas maisou menos. Digamos que Terra Boa seja omunicípio com menos quantidade depopulação onde já trabalhei até hoje.

O senhor considera queproporcionalmente às grandes cidades,Terra Boa tem se tornado um municípioviolento?

Se compararmos Terra Boacom outros municípios do mesmo porteveremos que o grau de violência não estámais elevado ou menos elevado. Aviolência doméstica ea violência familiarsurgem geralmentepor fatores ligados aoálcool, às drogas e àsarmas.

Quando aspessoas sofrem atosde violência dentro decasa, esses casos sãodenunciados aqui naPromotoria? Que pro-vidências são toma-das?

A ENTREVISTA

Dr. Wilson:

Jaqueline:

Dr. Wilson:

Jaqueline:

Dr. Wilson:

Jaqueline:

Dr. Wilson:

É de nosso conhecimento quenem todos os casos de violência chegam atéa Delegacia de Polícia ou até o Promotor deJustiça. Para aqueles que têm coragem dedenunciar, é aberto um processo criminalque pode inclusive acarretar a prisão doagressor.

Em quais casos as famílias oupessoas agredidas têm acompanhamentopsicológico? O senhor tem conhecimento seesse tipo de trabalho se efetiva em nossoMunicípio?

Sim. Gera lmente oacompanhamento psicológico é destinadoàs crianças e adolescentes. Claro que nadaimpede que um adulto, uma mulheragredida, tenha também um atendimentopsicológico. O município dispõe, naSecretaria de Saúde e na Secretaria de AçãoSocial, de projetos com profissionais paraessa finalidade: são psicólogos, assistentessociais e pessoas habilitadas a tomarprovidências para tentar melhorar asconsequências do ato que ela sofreu.

Quais são os casos mais comunsde violência que o senhor tem conhecimentoem Terra Boa?

A causa principal de violênciadoméstica no nosso Município é o álcool.Em Terra Boa, me espantou bastante agrande quantidade de bares existentes, e sebuscou a aprovação de uma lei municipalque visa proibir o consumo e a comer-cialização de bebidas alcoólicas em viaspúblicas a partir de certo horário.

Há o envolvimento da adminis-tração pública, clubes de serviços, escolas eoutras instituições implementando açõesque tentem minimizar os casos de violência?

Sim. Se não houver uma união,uma atuação conjunta de todos os órgãos dasociedade civil, da área militar, não sechegará a uma providência a contento paracombater a questão de violência. Como eudisse tanto o Município, através do PoderExecutivo, quanto o Legislativo quando échamado à aprovação de leis como a LeiSeca, quanto o Ministério Público eJudiciário quando punem criminalmente umindivíduo que pratica uma agressão [...],quanto às igrejas, através dos padres epastores, tentam disseminar na suacomunidade religiosa princípios morais queincentivem a não degradação da família,então todo esse conjunto de corporação einstituições são importantes para que seconsiga combater a violência no seio

familiar.

O senhor considera o número depoliciais que trabalha em Terra Boasuficiente para atender a população domunicípio?

Não. A questão do reduzidonúmero de policiais militares e civis nonosso município compromete bastante,tanto a questão do policiamento ostensivopara garantir a segurança da populaçãocomo na questão da atividade de persecuçãocriminal por força da pouca quantidade depoliciais civis existentes na nossa delegacia.[...] Precisaríamos de mais policiaismilitares para garantir a segurança dapopulação e mais policiais civis para ainvestigação dos crimes, e na repressãocriminal, mais viaturas, mais estruturamaterial, sob pena de não se conseguircumprir a tarefa de que estas instituiçõesestão encarregadas.

Jaqueline:

Dr. Wilson:

Jaqueline:

Dr. Wilson:

O senhor considera que atoscriminosos, como o assassinato dofuncionário publico Mário Takano no anopassado e outros que tivemos conhe-cimento, têm punição rápida? Que atitudessão tomadas pelo Ministério Público paraque casos como esse sejam rapidamentesolucionados e venham a julgamento?

[...] Até o pior dos criminosos,que pratica o pior dos crimes, temconsagrado o direito de defesa, o direito deprodução de provas, de ser ouvido, dearrolar testemunhas, então o processo é umasequência de atos coordenados quedemoram meses, às vezes até anos para seter o desfecho. Todo crime praticado éreprimido através da punição criminaldaquele que praticou o fato, só que essapunição pode vir mais rapidamente ou vir deuma maneira mais vagarosa a depender da

tramitação do processo, da quantidade derecursos interpostos, então há uma sériede peculiaridades que fazem com que apunição criminal venha a ser mais rápidaou mais lenta. Especificamente emrelação a esse caso, do senhor MarioTakano, um processo criminal foiinstaurado por mim no ano passado, ocriminoso se aproveitou de uma fuga nacadeia local, está num lugar incerto quenós não conseguimos recapturá-lo, estácom a prisão decretada e onde ele estiver efor encontrado dentro do territórionacional será preso e submetido aoprocesso. Todos os crimes, desde o maisleve até o mais grave, são punidos.E x i s t e m t r ê s m i l p r o c e s s o saproximadamente correndo em Terra Boa,vários deles dizem respeito à questãocriminal.

As questões de violência estãopresentes no dia a dia de todos osbrasileiros, muitas vezes dentro das casase no seio da própria família. Este tem sidoum assunto amplamente abordado edebatido em todas as esferas de nossasociedade nos últimos tempos.

O livro “Violência Familiarcontra criança e adolescente”, de ClimeneCamargo, define violência como “umexercício humano de poder, expressoatravés da força, com a finalidade demanter, destruir ou construir uma dadaordem de direitos e apropriaçõescolocando limites ou negando aintegridade e direito de outros, sendoacentuada pelas desigualdades sociais.Portanto deve também ser entendidacomo um processo, e não simplesmentecomo males físicos ou psicológicos,causados pela materialização da força”.

Sobre questões de violênciafamiliar, a Equipe Fênix ouviu e recolheudiversas informações com o Promotor deJustiça, Dr. Wilson Euclides GuazziMassali, do Município de Terra Boa,numa entrevista, na tarde de 14 desetembro, em sua sala, na sede do Fórum.Durante a entrevista verificamos que num

A REPORTAGEM Município como Terra Boa oPromotor de Justiça possui uma série deatribuições, que vão desde a área criminal, aárea da infância e da juventude; passatambém pela questão do meio ambiente,direitos humanos; dos direitos previstos naConstituição Federal, a fiscalização documprimento exato das leis, dentre muitasoutras.

Afirma o Promotor que oconsumo do álcool tem sido o principal

número de “bares” emfuncionamento (aproximadamentenoventa estabe-lecimentos hojecomercializam bebidas alcoólicas emTerra Boa).

Te n d o e m v i s t a e s t arealidade, desde o ano passado está emvigor a lei municipal que proíbe acomercialização de bebidas alcoólicasnos bares e lanchonetes a partir das 22hsdurante a semana e a partir das 23hs aos

Construir paz eprevenir violência

Quando nos deparamos cominúmeros fatos hediondos sobre aviolência na família, f icamosextremamente assustados, cons-trangidos e de certa forma com receiode ver acontecer dentro de nossa casa oque vemos e ouvimos através dosmeios de comunicação.

Percebemos que a violênciafamiliar vem aumentando a cada dia,mulheres e crianças sofrem maustratos, ameaças, humilhações. Semdúvida, um dos principais fatores quedesencadeia a violência dentro de casaé o consumo excessivo de bebidasalcoólicas. Muitas vezes, os familiareschegam até o limite do que podemsuportar antes de decidirem por

O ARTIGO DE OPINIÃO denunciar o agressor. Estetriste quadro vem desestruturando larese famílias.

É necessário que tenhamosconsciência do que é certo fazer, não sópara o bem próprio mas para as demaispessoas que estão vivendo emsituações idênticas. Portanto, casoconheçamos pessoas que passam porsituações semelhantes, devemosaconselhá-las a procurar auxílio juntoaos órgãos competentes.

Colhendo informações compessoas que vivem situações deviolência dentro de casa, percebemosque uma das coisas que mais dificultaalguém a realizar uma denúncia é o fatode sempre esperar que o agressor vai searrepender e parar com as agressões,pois todos sabemos que o consumo doálcool pode deixar a pessoa muitoagressiva num momento e amável earrependida quando está sóbria. Isto

sentimento de absolutaimpunidade por seus atos.

Vivemos numa comuni-dade pequena, onde o apoio dosamigos e familiares é fatorindispensável para ajudar todos osque sofrem abusos, agressões eviolência. Cabe a cada cidadão olharpara o próximo, que pode ser ovizinho, o colega de trabalho, umamigo de sala de aula com os mesmosolhos de quem vê a si mesmo, nãoafastar-se, oferecer ajuda e encoraja-mento, desde o momento da denúnciaaté a procura de ajuda junto a gruposcomo os Alcoólicos Anônimos queprestam em silêncio um grande bem atoda a sociedade. Quando apren-demos a viver e compartilharalegrias, tristezas, preocupações,descobrimos que não estamossozinhos e que é preciso enfrentarcom coragem desafios como este.

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06NOVEMBRO 2010

Ana PaulaAzevedo da RochaElias de Souza PereiraFabiana Justo da Silva

Alunos responsáveis pelas produções:CadernoEspecial

EquipePalavra de PazFátima Jacinta de Aguiar

Patrícia Coelho CearáPaulo Henrique da Rocha Teixeira

Entrevista realizada com oComandante do Destacamento daPolícia Militar de Terra Boa SargentoTarcísio Formaio.

Fátima:

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Na sua opinião, comoComandante do Destacamento dePolícia de Terra Boa, o índice deviolência em nossa cidade está muitoalto?

Está dentro danormalidade, pois em relação aosoutros municípios da região noroeste,Terra Boa é o que possui menoríndice de criminalidade. Não voufazer comparação com outrascidades, [,,,] mas estatísticasrealizadas em Terra Boa mostram umíndice baixo de ocorrências. Mas nãoserá por isso que deixaremos detrabalhar no intuito de controlar essasocorrências.

Quais são os tipos maisfrequentes de violência em nossomunicípio?

Uma das violênciasque chama bastante atenção é asonora, ou seja, a perturbação dosossego para com a comunidade, queacaba trazendo transtorno àsociedade. Uma outra violência queestá aumentando é a agressão dentrodo lar, a famosa “Maria da Penha”.Neste ano estive fazendo algunslevantamentos e verifiquei que 30%das ocorrências de Terra Boa são deviolência doméstica, ou seja,agressão contra mulheres.

Na sua opinião, qual aprincipal causa de violência?

A principal causa deviolência é a desumanidade daspessoas, pois muitas ocorrênciasacontecem no lar. A violência é umaquestão cultural, não tem umaexplicação lógica.

Fátima:

C o m a n d a n t e :

Fátima:

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Fátima:

O senhor acha que oalcoolismo contribui para isso?

C o m c e r t e z a ,geralmente as ocorrências e osacidentes com lesão corporal notrânsito, praticamente em 80% doscasos há o consumo excessivo deálcool.

Na sua profissão, acreditamosque diariamente entre em contato comcasos de violência. Quais os registrosmais comuns? Quando as pessoasregistram queixa, que providências sãotomadas?

Dependendo daocorrência é tomada uma posturadiferenciada. Em uma ameaça, porexemplo , f azemos em te rmocircunstancial, ou seja, um breve relatodos fatos, envolvendo a vítima e oautor, que é enviado ao MinistérioPúblico para ser julgado com apresença do Promotor de Justiça.

De acordo com os registros,em qual região do município de TerraBoa o número de atos violentos maisocorre?

Nós temos muitosacidentes referentes à lesão corporal,principalmente nos finais de semana,no centro da cidade onde se localiza apraça da Igreja Matriz. Lá os jovens seaglomeram e devido ao uso do álcoolocorre a agressão física. Na região daVila da Fraternidade e no conjuntoCidade Alta acorrem muitas agressõesno lar, também e principalmente nosfinais de semana.

Você acredita que aadministração de Terra Boa e os demaisó rg ã o s i n s t i t u c i o n a i s t o m a mprovidências satisfatórias nas questõesde violência de nosso município? Quetipo de providências são tomadas?

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Fátima:

Comandante:

Para minimizar aquestão da violência na comunidade deTerra Boa nós temos o Conselho deSegurança que foi criado e estáatuando. São realizadas reuniõestrimestrais e a administração públicasempre procura nos ajudar dentro daspossibilidades.

A polícia consegue atender atodos os chamados da população?Essas chamadas são numerosas? Osenhor considera o número de policiaisde Terra Boa suficiente?

Em todas as ocorrênciasque nossa presença é solicitada, nósdamos atendimento; esse atendimentoàs vezes não é o ideal, o ideal seriatermos mais policiais no plantão paraatender chamadas pelo rádio e telefone,mas devido ao número reduzido depoliciais nós não conseguimos manter oplantão para atender aos telefonemas, eisto muitas vezes causa transtornopara a comunidade, pois as pessoasligam para a polícia em certosmomentos e não conseguem oatendimento, devido à falta do plantão.E esse plantão não existe em função dobaixo número de efetivos da polícia.Mas acredito que em um futuropróximo, o efetivo de policiais de TerraBoa aumentará, inclusive já temos umaescola de formação de policiais emCampo Mourão.

Há muitos menores infratoresem nosso município? Os casos quechegam a ser registrados, os menoressão, na maioria das vezes vítimas ouinfratores?

Muitas vezes osmenores são infratores, não sãovítimas.

O senhor tem conhecimentode ações concretas que vem sendotomadas com a finalidade de minimizara violência em Terra Boa? Poderia citá-las.

Sim, é como eu disseanteriormente, há um conselho atuante,o Conselho de Segurança de Terra Boa[...]. Inclusive o município dispõe doCRAS, um centro de apoio para osusuários de droga, que conta com apresença de um psicólogo para orientaresses jovens e adultos que entram nomundo das drogas e consomem álcool.

São muitos menores infratoresem Terra Boa? O senhor considera umnúmero alto?

Não é um número altode infratores, mesmo sendo umpequeno número, eles causam umgrande transtorno à Terra Boa, devidoao fato de resolverem praticar condutasilícitas [...]. Essas condutas seencaixam em som alto, muitas vezeseles estão lá com o rádio ligado, somalto, bagunça nas ruas, e osadolescentes se encaixam nessesproblemas, nessas situações [...]

A ENTREVISTAA REPORTAGEM

O ARTIGO DE OPINIÃO

Violência, resultado dadesvalorização humana

A violência urbana é muitofrequente em nossos dias, suas ocorrênciassão cada vez mais graves e asconsequências cada vez mais sérias. Umdos fatores que contribui para esse elevadonível de atos violentos é a desvalorizaçãoda vida do ser humano por outros sereshumanos. Muitas crianças crescem em umambiente com esses valores distorcidosonde há falta de princípios, e isso faz comque concebam a ideia de que matar aspessoas ou cometer qualquer outra formade violência é extremamente normal, assima violência acaba sendo incorporada àcultura de muitas pessoas de uma formabanal.

Outro agravante é a falta derecursos básicos à população. A educaçãobásica é precária, as vagas de emprego sãoescassas, as atividades esportivas não são

tratadas com a importânciaque merecem, o que contribui para quecrianças e adolescentes, por falta deformação necessária, ingressem nomundo do crime, um mundo em que aviolência é a base para tudo. Essesproblemas sociais e culturais são, senãoos geradores, os agravantes da violênciau r b a n a e m n o s s a s o c i e d a d e ,principalmente nos grandes centros,onde esses problemas são mais sérios,

Mas se para algumas pessoasa vida humana é completamentedesvalorizada, para outras tem um valorenorme, e essas pessoas são capazes derealizar grandes esforços em favor davida. Um grande exemplo disto foi o queocorreu recentemente com trinta e trêsmineiros no Chile. Assistimos à naçãochilena e ao mundo todo depositar suasforças, utilizando o que há de maism o d e r n o e m t e c n o l o g i a d eequipamentos para salvar a vidadaqueles homens. Durante o resgatesentimos, a cada mineiro salvo, como sea vida do planeta fosse também salvamais uma vez.

Comandante do Destacamento dePolícia de Terra Boa fala sobre violência emnosso Município.

“A violência é uma questão cultural, não temuma explicação lógica. A principal causa daviolência é a desumanidade das pessoas”.

Os casos de violência urbana têmaumentado em todo o Brasil e questões assimvem sendo discutidas com tanta frequênciaentre nós, que muitas vezes nem mesmo nossentimos surpresos com crimes anunciadosnos noticiários da TV. Porém, tanto a própriaviolência quanto seus índices em nosso paísdevem sim nos assustar e indignar.

No artigo “Os números daviolência urbana no Brasil no século XXI”,nos últimos 20 anos o número de assassinatosno Brasil cresceu 237%. Recente pesquisa daONU indicou que todos os anos 40.000pessoas morrem no Brasil, isso representa11% das vítimas de todo o planeta. Segundodados da Organização Mundial de Saúde(OMS) o Brasil registra a segunda maior taxade mortalidade por agressão do mundo,estando atrás apenas da Colômbia, naçãomergulhada numa guerra civil há mais de 30anos.”Fonte:

http://www.direitonet.com.br/ar

tigos/exibir/1663/Os-numeros-da-violencia-urbana-no-Brasil-no-seculo-XXI.

Para discutir questões deviolência urbana, fomos recebidos namanhã de 14 de setembro, na sede doDestacamento de Polícia Militar de TerraBoa pelo Comandante Tarcísio Formaio.Segundo nos informou, o índice deviolência em nosso Município é baixo secomparado aos demais da região noroeste,o que não quer dizer que não há fiscaliza-ção e que os fatos ocorridos não sejamgraves. Pudemos verificar que em TerraBoa as agressões contra a mulher têmaumentado, agressões que ocorrem dentrodos lares. Também a perturbação dosossego é um tipo de violência que atingemuitos munícipes, pois o som alto aos finsde semana acarreta confusão, incômodo ebagunça nas ruas e avenidas. Também naVila da Fraternidade e no Conjunto CidadeAlta ocorrem agressões por conta doconsumo excessivo de bebidas alcoólicas,muitas mulheres e crianças são agredidas esofrem algum tipo de violência.

Segundo o Comandante, todasas ocorrências recebem atendimento, noentanto, seria preciso aumentar o efetivo depoliciais em Terra Boa para atender maiseficazmente a população, que sente-se maissegura com a presença e a atuação daPolícia Militar.

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07NOVEMBRO 2010

Janaina Rafaela BorsatoLucian Fernando Fernandes deOliveira

Alunos responsáveis pelas produções:CadernoEspecial

EquipeSolução

A ENTREVISTA

A REPORTAGEM

Maria Clara MontazoliNatália Freitas Barbosa

Phamela Fernanda Antônio

O que o senhor pensasobre a violência em nossacidade? Considera que estáaumentando?

Bom, está aumentando,devagarinho está aumentando,diminuindo parece que não.Ouvimos na rua muitos casos deassalto, invasão de casas [...]então está aumentando e nãoacabando.

Recentemente suafamília foi vitima de violênciagrave, quando o seu irmão MárioTakano foi assassinado. Comosua família reagiu a esta situação,uma vez que todos de nossacomunidade sabemos que Marioera uma pessoa especial ,trabalhava, era sonhador. Comoesta perda afetou sua família e asp e s s o a s m a i s p r ó x i m a s ?

Uma perda grande, umsentimento... Mário era um rapazque nunca dizia não paraninguém, sempre aceitava tudo,então a gente fica muito sentido.

Em algum momentovocês sentiram revolta pelo queaconteceu?

Sentimos muita revolta,sim, mas não podemos fazernada, somente a justiça pode enós não podemos ir contra isso,

Phamela:

Makoto:

Phamela:

Makoto:

Phamela:

Makoto:

Entrevista realizadacom o Senhor Makoto Takano em16 de setembro de 2010.

temos que aguentar esta dor...

V o c ê s t ê macompanhado o caso na justiça noque diz respeito à morte de Mário?O criminoso está preso?

Acompanhar mesmo eunão acompanho na delegacia. Masa gente fica vendo por fora.Sabemos que esse indivíduo (ocriminoso) depois que fugiu dacadeia, ele ficou ali em São Tomé.[...] Mas ouvi falar que ele “sumiudo mapa”.

Qual vocês considerama punição mais justa para um crimecomo este?

O justo é a cadeia, aprisão. A justiça (depois de prendero criminoso) deve decidir dequanto tempo é a pena para sercumprida.

Vocês acreditam que ajustiça fará o que for possível paraque a punição para este crime defato ocorra?

A justiça tem que fazer,vai fazer, mas não foi feito até agoraporque ele fugiu, mas espero quefaça sim.

O senhor pode nosinformar se neste caso o crimeocorreu em função do consumo deálcool ou drogas?

Eu acho que foram asdrogas, porque esse individuo quefoi preso, roubou 35 reais que o

P h a m e l a :

Makoto:

Phamela:

Makoto:

Phamela:

Makoto:

Phamela:

Makoto:

Mário tinha no bolso e comproucraque.

Apesar desta experi-ência, o senhor e sua famíliasentem-se seguros em Terra Boa?

Olha, graças a Deus aquiem nossa casa nunca fomos

Phamela:

Makoto:

assaltados, mas nenhum lugar émuito seguro, eu já fui atacado nomeio da praça por um bando demolecadas...

Na opinião do senhor,que providências deveriam sertomadas para diminuir atos de

Phamela:

violência como este?Isso eu acho que tem

que começar do berço. Daí eunem sei como posso dizer, muitossaem da cadeia e fazem coisaspiores. Temos que conscientizaras famílias para darem educaçãoque vem desde o berço.

Makoto:

“Álcool, drogas, juventude” –eis aí uma combinação de fatores que tematemorizado não apenas famílias quemoram em grandes cidades como SãoPaulo e Rio de Janeiro. Notícias de roubose assassinatos praticados por menores queassistimos à noite nos noticiários da TVtambém têm ocorrido em municípiospequenos como o nosso, e estaspreocupações fazem parte da nossarealidade e das nossas famílias.

Para falar de uma experiênciatriste, vivida pela família Takano há umano atrás, fomos recebidos na tarde de 16de setembro pelo senhor Makoto Takano esua esposa Terezinha, moradores de TerraBoa há muitos anos.

Era mais uma manhã detrabalho, 10 de outubro de 2009. MakotoTakano relembra que Mário chegou aobosque municipal para trabalhar, quandofoi abordado por um jovem que pediadinheiro. Diante da negativa de Mário, oj o v e m a t a c o u - o c o v a r d e m e n t e ,desferindo-lhe uma pancada na cabeçacom um pedaço de pau. Mário foisocorrido, ficou hospitalizado, vindo afalecer no dia 15 de outubro de 2009.

O ARTIGO DE OPINIÃO

Violência e Drogas

Todas as noites, quando nospreparamos para assistir aos noticiáriosda televisão, é quase impossível nãoentrarmos em contato com notícias quefalam de violência, prisões, confrontoentre a polícia e traficantes de drogas.De certa forma nos sentimos um poucomais protegidos porque residimos nummunicípio pequeno, porém crimes eviolência estão presentes em nossacomunidade, às vezes com umaintensidade maior do que podemosimaginar.

Crianças, adolescentes ejovens envolvidos com o uso e ocomércio de drogas são uma realidadetriste, que às vezes preferimos fazer deconta que não existem. Porém, não épossível fugir desta realidade, naverdade, a construção de uma sociedademais segura, mais justa, dependerátambém da maneira como cada um denós decidir enfrentar seus medos, seusproblemas. Ninguém de nós pode maisnegar que o consumo de drogas traz,além do problema do vício, a associaçãoa comportamentos violentos, pois o

usuário de drogas faz coisasque às vezes nem imaginamos parasustentar seu vício.

Existe também um outroproblema grave. Muitas famílias, aosaberem que alguém com quemconvivem, geralmente jovens ouadolescentes são usuários de drogas,demoram a procurar ajuda. Às vezesesperam acontecer situações graves,quando ao jovem só res ta ointernamento ou mesmo a prisão. Estecomportamento preconceituoso quecarregamos precisa mudar, pois hojeexistem nas comunidades muitosmovimentos e entidades que oferecemajuda tanto àqueles que são alcoólatrasquantos aos usuários de outras drogas,como o crack por exemplo, que tem umefeito devastador na vida de qualquerpessoa.

Usuários de crack cometematos covardes, matam inocentes apenaspara sustentar o vício, têm grandedificuldade em recomeçar sua vida e deretomar uma carreira de estudos e detrabalho, portanto, quanto mais cedooferecemos ajuda, mais rápida poderáser a recuperação deste jovem.

Zilda Arns, fundadora daPastoral da Criança, defendia a ideia deque as escolas, nas comunidades mais

pobres, deveriam ter doisturnos, para darem conta da educaçãointegral das crianças e adolescentes,pois muitas vezes para sustentar afamília, os pais saem para trabalhar demadrugada e só retornam ao anoitecer.

S e e s t a p r o p o s t a s econcretizasse, nossos jovens e nossascrianças não teriam tempo de ir atrásde coisas que não os levam a nada,teriam mais atividades, como porexemplo: o esporte, dança, teatro evárias outras atividades que deveriamser implantadas nas escolas públicasdo país. Uma outra alternativa queconsideramos importante é a ofertamaior de cursos técn icos eprofissionalizantes para jovens decomunidade carentes, pois sabemosque muitos jovens acabam aceitando adroga por imaginar que não tem opçãomelhor de trabalho e de progresso.

Acreditamos que existesaída para este problema tão grave,não de repente, de uma hora paraoutra, enfrentar e livrar nossos jovensdas drogas só será possível se ascomunidades se organizarem paraexigir de seus governantes que façamsua parte, sem corrupção, melhorandoa saúde, a educação e garantindo asegurança da população.

Makoto Takano lembra aindaque Mário era um “ser de paz”, amigo detodos, era uma figura especial em Terra Boa.Por onde passava distribuía cumprimentos,sorrisos e gostava de uma “boa conversa”.Não teve chances de se defender e perdeusua vida porque a intenção do jovem que oatacou era conseguir dinheiro para a comprade drogas.

Numa outra entrevista conce-dida a alunos de nosso Colégio, o Promotorde Justiça informou que o assassino chegoua ser preso, mas conseguiu fugir dasdependências da Delegacia Municipal,porém sua ordem de prisão está decretada e

o n d e q u e r q u e s e j aencontrado será preso para em seguidaser julgado .

Makoto Takano e toda suafamília afirmam esperar que a justiçaseja feita, que a prisão do assassinoocorra e que o julgamento se concretize.Quando questionado sobre que atitudesdeveriam ser tomadas para que atoscomo este não mais ocorram, MakotoTakano afirma que “a educação tem quecomeçar do berço”, parece com istoquerer dizer que crianças, adolescentes ejovens precisam cedo ter seus limitesbem postos pelas famílias para que se

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CadernoEspecial

08 NOVEMBRO 2010

Projeto de Professor PDEsoma ações de solidariedade

Sob a coordenação da Professora Sandra, os alunos da 3ª série A do Colégio Estadual Helena Kolody vêmdesenvolvendo, desde o início do segundo semestre deste ano letivo, o Projeto “Do Gênero Discursivo ao coração do aluno:caminhos de guerra e paz que o homem faz”. O trabalho aborda três gêneros: a Entrevista, a Reportagem e o Artigo deOpinião. A temática que direciona a produção textual dos alunos é a violência, e um dos objetivos do trabalho é asensibilização de todos os envolvidos para trabalhar pela cultura de paz.

Uma das ações externas do projeto ocorreu durante esta semana, quando os alunos arrecadaram e doaram alimentosque foram destinados ao abrigo e que beneficiarão as crianças que lá estão sob cuidados. Os alimentos foram recebidos pelafuncionária Maria José e pela Secretária Municipal de Saúde, Marina.

Apoio: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - TERRA BOA (PR)

AGRADECIMENTOS

Alunos da 3ª SérieA do Colégio

Estadual HelenaKolody durante

apresentação naCâmara de

Vereadores deTerra Boa

Trabalhos como este provamque é possível estudar, aprender erefletir sobre aquilo que aprendemos.Mais que isto, na verdade só existesentido no aprendizado quandoaplicamos em nossas vidas osconhecimentos adquiridos na escola.

Aqui registramos nossosagradecimentos a todos que colabo-raram conosco para a concretização denosso trabalho: Direção, EquipePedagógica, demais professores denosso Colégio, também nossosagradecimentos a todos os que nosconcederam suas entrevistas.

M u i t o e s p e c i a l m e n t eagradecemos o apoio recebido daSecretaria Municipal de Saúde, tão bem

representada pela SecretáriaMarina, presente conosco em diversosmomentos diferentes.

Esta soma de ações prova queos limites da escola ultrapassam osmuros escolares e misturam-se com oshorizontes da vida cotidiana,

Professora Sandra Regina MaruchiPeresAlunos:Alan dos Santos MachadoEdson Luiz SanchesJanaina Jardim GalafassiNatasha Kaoany da Silva GonçalvesRogério Correa SilvaWesley Augusto CalandriaAldicréia Teixeira RosaAnderson Marçal LírioDaiany Guimarães BorgesFelipe Henriques Basoti

Jaqueline Fernanda StefanoNayara Caroline GarciaAna Paula Azevedo da RochaElias de Souza PereiraFabiana Justo da SilvaFátima Jacinta de AguiarPatrícia Coelho CearáPaulo Henrique da Rocha TeixeiraJanaina Rafaela BorsatoLucian Fernando F. de OliveiraMaria Clara MontazoliNatália Freitas BarbosaPhamela Fernanda AntônioAdrian Sabrina da Silva GrandiAndressa Cristina Fernandes MazattoÂngela Cristina LavagnolliMaykon Bruno MartinsNágela Maria MoreiraPoliana Galdino MiraVaneska Moreira Alves