ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores...

16
INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO - www.jornalentreposto.com.br ANO 21 - Nº 236 - 2020 - R$ 14,90 AGRO COVID-19 ESPECIAL COMO UMA SEMENTE DE ESPERANÇA O AGRO SE MANTÉM FIRME NA BATALHA VÍRUS INTERFERE EM VÁRIOS SETORES DO AGRONEGÓCIO

Transcript of ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores...

Page 1: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO - www.jornalentreposto.com.br

ANO

21 -

Nº 2

36 -

202

0 - R

$ 14

,90

AGRO

COVID-19

ESPECIAL

COMO UMA SEMENTE DE ESPERANÇA O AGRO SE MANTÉM FIRME NA BATALHA

VÍRUS INTERFERE EM VÁRIOS SETORES DO AGRONEGÓCIO

Page 2: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

REDES SOCIAIS DO GRUPO DE MÍDIA ENTREPOSTO

jornal_entreposto /JornalEntreposto /tventreposto @jentreposto

1306

03 12

ANO 21 - N º 236CIRCULAÇÃO: 48.467(IMPRESSOS+DIGITAL) AUDIÊNCIA: 13.228 USUÁRIOS/MÊS

10 14

Diretora Geral: Selma Rodrigues Tucunduva Diretor Executivo: José Felipe G. de Jesus

Diretor Comercial: Alexandre Neves Jornalismo: Guilherme Araujo

Periodicidade: Mensal Redação: Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946 Edsed ll - loja 14A - CEP 053 14-000

Tel.: 11 3831.4875 E-mail: [email protected]

Publicidade: [email protected]

Os artigos e matérias assinadas não refletem necessariamente, o pensamento da direção deste jornal, sendo de

inteira responsabilidade de quem os subscrevem.

IMUNIDADE PARA COMBATER COVID-19

MULTINACIONAL DOA R$ 5,7 MILHÕES PARA ENFRENTAR A COVID-19

PRODUÇÃO DE VEÍCULOS NO BRASIL DESPENCA 99%

PANDEMIA LEVA AS PESSOAS A CULTIVAR SEUS PRÓPRIOS ALIMENTOS

O COMÉRCIO INTERNACIONAL PÓS-COVID-19

CNA DEBATE AÇÕES PARA IMPACTOS DO CORONAVÍRUS NAS FEIRAS

índice2 ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

CEAGESP NO COMBATE AO CORONAVÍRUS

CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE TODO O PAÍS TOMAM MEDIDAS PARA MANTER O ABASTECIMENTO E NÃO DISSEMINAR A COVID-19

9

Page 3: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO 3alimentosO CORONAVÍRUS PODE SER ELIMINADO COM O COZIMENTO DO ALIMENTO?

Muitos consumidores têm associado o consumo de alimentos à contaminação do Covid-19. Essa preocupação é procedente?

Independente dos produtos de origem animal, o Covid-19 pode ser transmitido por alimentos?

Essas e outras questões foram respon-didas pela professora Aline Cesar, do de-partamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

Segundo a docente, os animais de pro-dução são fontes de transmissão do coro-

navirus desde que esses estejam contami-nados, mas o cozimento em casa garante a segurança do consumidor.

“O coronavirus necessita de outro ser vivo para expressar sua carga genética e poder se multiplicar. No caso dos alimen-tos, não há possibilidade dele se multiplicar nos produtos já disponíveis nas gôndolas dos supermercados. É importante, no en-tanto, que os produtos de origem animal não sejam consumidos crus ou mal passa-dos. Eles devem ser cozidos a uma tempe-ratura mínima de 71oC”.

O nutrólogo Daniel Magnoni re-cebeu uma chuva de mensagens de pacientes na última semana. Todos querem uma receita para aumentar a imunidade diante da explosão do nú-mero de casos de coronavírus.

A resposta do médico, que é chefe de nutrologia do Instituto Dante Paz-zanese , do HCor e coordenador cien-tífico da Iniciativa Nutrientes para a Vida, é a que não existe fórmula para evitar o contágio pelo vírus, que surgiu na China e até agora já infectou cerca

de 100 mil pessoas.“Mas, se o coronavírus pegar você

bem nutrido, é melhor do que se ele pegar desnutrido”, diz.

Segundo ele, a dieta tem papel im-portantíssimo na imunidade. “É claro que outros fatores, como sono e es-tresse, também interferem. Mas, o que posso dizer é: coma bastante proteína e três frutas por dia.”

O nutrólogo explicou a relação en-tre dieta e imunidade e deu outras re-comendações.

IMUNIDADE PARA COMBATER COVID-19

Page 4: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

4 floricultura

Caso as regras não sejam flexibilizadas para permi-tir a reativação da econo-mia e a comercialização de flores e plantas, o Insti-

tuto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) alerta para um cenário devastador após o Dia das Mães, com o desemprego es-timado de 120 mil pessoas nas áreas produtivas.

Em toda a cadeia, o valor calculado que o setor deixou de faturar apenas nestas duas semanas pós Covid-19 no Brasil soma R$ 297,7 milhões.

Preocupados com as consequências da paralisação da comercialização de flores e plantas ornamentais devido ao cancelamento de eventos e ao fecha-

IBRAFLOR RELATA PREOCUPAÇÃO PARA O SETOR POR CONTA DO CORONAVÍRUS

O Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) e cooperativas de Holambra (SP) – Veiling e Cooperflora – iniciaram a campanha intitulada “O Poder das Flores e das Plantas – A Flor é o Alimento para a Alma” para estimular o consumo indi-vidual com o mote de que – mais do que embelezar e decorar as residências, es-critórios e empresas – as plantas e flores

purificam o ar, ajudam a relaxar e a redu-zir o estresse, estimulam a criatividade e melhoram o bem-estar e a qualidade de vida.

Mas o movimento do setor não se limita a incentivar o consumo individual e analisa a viabilidade da aplicação de uma série de medidas para equilibrar o mercado.

GRANDES PERDAS LEVAM PRODUTORES DE FLORES E PLANTAS A ESTIMULAR CONSUMO INDIVIDUAL DURANTE CRISE

FLORICULTURAS VOLTAM A FUNCIONAR DEPOIS DA PANDEMIA DA COVID-19

mento dos pontos de venda, o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) tem apelado ao Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, e aos go-vernos estaduais para que flexibilizem as regras para o setor que movimenta R$ 8,67 bilhões em toda cadeia, gera 210.000 empregos diretos e mais de 800.000 indiretos.

Em carta enviada ao assessor do Mi-nistério da Agricultura, Sérgio Zen, o pre-sidente do Ibraflor, Kees Schoenmaker, relata os estudos elaborados na reunião no dia 26 de março, pelo Comitê de Cri-

se, formado pelas principais lideranças do setor e instalado em Holambra, in-terior de São Paulo, maior polo comer-cializador brasileiro de flores e plantas ornamentais.

Os estudos apresentados mostram os prejuízos para o setor. No momento atual, que considera somente as duas semanas desde o início do confinamen-to determinado para a não propagação do coronavírus, o valor não faturado atingiu R$ 297,7 milhões.

Para o mês de abril, os prejuízos cal-culados devem somar mais de R$ 669,8

milhões, aproximadamente. De acordo com o Ibraflor, em per-

manecendo as exigências sanitárias de quarentena, haverá a falência de todos os produtores de flores e folhagens de corte, que geram 50% dos empregos do setor e participam com 30% do merca-do; de 60% dos produtores de flores e plantas de vaso (25% dos empregos e 39% de participação no setor) e de 40% dos produtores de plantas ornamentais e para paisagismo (exceto grama), onde estão alocados 25% dos trabalhadores e que correspondem a 31% das vendas.

As floriculturas, garden centers e mercados de flores podem funcionar durante o período de quarentena, se-gundo Decreto do Governo de SP.

A medida visa diminuição dos im-pactos econômicos no segmento, um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19, com queda de 90% nas ven-das.

Os estabelecimentos de comércio de insumos agropecuários são consi-derados atividades essenciais.

Assim, lojas que englobam as ati-vidades do setor de plantas e flores ornamentais também podem operar, desde que tomadas todas as medidas sanitárias de higienização e de impe-dimento de aglomerações.

ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

Page 5: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

5economia

PLATAFORMA DIGITAL DIVULGA ALIMENTOS SAUDÁVEIS DURANTE A PANDEMIA

O Idec (Instituto Brasilei-ro de Defesa do Consu-midor) lançou no dia 9 de abril, a plataforma da Comida de Verdade

para que os consumidores possam ter acesso às iniciativas que comercializam alimentos saudáveis e sustentáveis e es-tejam funcionando durante a pandemia do Covid-19.

A ferramenta tem o objetivo de apoiar a economia local e estimular os circuitos curtos de abastecimento, apro-ximando quem produz de quem conso-me.

Ao acessá-la, o usuário pode encon-trar iniciativas da agricultura familiar, de pequenos produtores e dos sistemas de produção orgânica e agroecológica em todas as regiões do Brasil.

Para Rafael Arantes, analista de regu-

lação do Idec, é importante informar as pessoas que, além dos mercados, exis-tem canais alternativos para o abasteci-mento que estão funcionando, seja em pontos de venda físicos ou locais, na mo-dalidade de entrega a domicílio.

“A lógica do atual sistema alimentar tem sido incapaz de gerar saúde respei-tando os limites do planeta. Essa dinâ-mica tende a se intensificar ainda mais durante a pandemia.

Por isso, é importante refletirmos so-bre os padrões de produção e consumo

de alimentos”, destaca.Outra característica da plataforma é

que os produtores, ou quem quiser con-tribuir, podem fazer novos cadastros.

Basta acessar este formulário e com-pletar as informações. Após o envio do cadastro, o Idec faz uma análise breve e já deixa a iniciativa visível.

A plataforma da Comida de Verdade é feita de forma colaborativa e com o apoio de diversas organizações parceiras, como ABA (Associação Brasileira de Agroecolo-gia), Aliança Pela Alimentação Adequada

e Saudável, ANA (Articulação Nacional de Agroecologia), CEPAGRO (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), Conexsus, Consea-RS (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul), Frutas Nativas Rio Grande do Sul, Gepad Agri-cultura Familiar e Desenvolvimento Ru-ral, GIZ Mercados Verdes e Consumo sus-tentável, IBO (Instituto Brasil Orgânico), Lacaf (Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar) e Rede de Agroeco-logia Ecovida entre outras.

COVID-19 EM ALTA E O PIB EM BAIXA

Após o ano de 2019, a dívida do Brasil caiu para 75,8% do Produto Interno Bruto (PIB), uma das principais referências para comparar a situação econômica de um país no campo internacional, inclusive pelas agências de risco e investidores internacio-nais.

Agora, em decorrência da pandemia do coronavírus, esse número aumentou para preocupantes índices de quase 90% do nosso PIB. As listas internacionais nos dão conta de que o equilíbrio entre grandes po-tências sofrerá transformações como con-

sequência da pandemia.Esta transformação econômica está

ameaçando, inclusive, a supremacia dos Estados Unidos no mercado internacional.

Os estudos do Fundo Monetário Inter-nacional (FMI) sobre o impacto no PIB na atual crise mundial não poderiam ser mais tenebrosos, com o diagnóstico de que este é o maior episódio de contração da renda e das atividades econômicas globais, desde a grande depressão de 1930.

Para os economistas do FMI, a econo-mia mundial ficará 3% mais pobre, e os

Estados Unidos encolherão 6%.Paradoxal-mente, a China deve crescer 1,2% em 2020, ainda com previsões de aumento de 9,2% em seu PIB para 2021. Já o Brasil perderá cerca de 5,3% de seu PIB em 2020.

Uma catástrofe financeira que nenhum analista no país imaginou prever este ano. Esses dados ainda poderão ser mais alar-mantes, pois, no estágio atual, nada é tão ruim que não possa piorar.

E é improvável que aconteça o contrá-rio, já que a pandemia no Brasil vem sendo lidada com grande desorganização que ex-trapola falta de liderança e desentendimen-tos na principal política pública conduzida pelo governo.

Alguns dos setores mais atingidos pela crise são de energia, turismo/aviação, auto-motivo e o comércio de modo geral. Estes, entre outros, necessitam de socorro urgen-te dos bancos, com a abertura de linhas de crédito que devem ter como garantia os ativos das empresas.

Agora, as instituições financeiras serão importantes como parte da solução da cri-se, com a injeção de dinheiro no mercado, com juros mais baixos dos que os usual-mente cobrados.

Mas, toda esta preposição somente será possível se o sistema financeiro brasi-leiro se mantiver minimamente saudável, motivado, inclusive, com a proliferação de movimentos incentivando o não pagamen-to de dívidas como negativos para o país.

Todavia, é patente que a diminuição do PIB brasileiro não pode apenas ser atri-buída a um vírus. Os índices das principais bolsas de valores do mundo viraram ver-dadeiras montanhas-russas, com quedas acentuadas e aumentos em menor escala.

E o Banco Central terá que atuar com vigor para controlar a escalada do dólar norte-americano e, desta forma, assegurar a saúde financeira do país. A exemplo da dívida pública brasileira, que deve passar a 89,5% do PIB, conforme projeta o FMI.

O endividamento no Brasil é bem maior do que a média de outras economias emer-gentes, e eventuais juros em queda podem atenuar os custos financeiros do governo, podendo ajudar a conter a expansão da dí-vida governamental.

No momento, uma de nossas únicas alternativas para aumentar o PIB é a agri-cultura, setor que melhor se sairá deste vendaval financeiro, já que nosso país con-tinuará tendo amplo mercado consumidor para seus produtos, tanto no setor externo quanto interno, podendo se beneficiar com a enorme desvalorização do real em rela-ção ao dólar norte-americano.

De qualquer forma, a recuperação do país terá que ser muito bem administrada, pois não há conhecimento suficiente do ví-rus para ignorar a sua possibilidade de re-torno em ciclos, conforme já aconteceu no passado em outras epidemias.

WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO

Page 6: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

6

A Comissão Nacional dos Empreendedores Fami-liares Rurais da Confe-deração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

se reuniu, em maio, por videoconferên-

cia, para discutir as ações de mitigação dos impactos do Coronavírus (Covid-19) na agricultura familiar.

O encontro virtual foi coordenado pelo presidente da Comissão e da Fe-deração da Agricultura e Pecuária do

Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo. assunto debatido na videoconferência foram as medidas do Sistema CNA/Senar de apoio à comer-cialização de alimentos.

Uma delas é a Feira Segura, projeto

CNA DEBATE AÇÕES PARA MITIGAR IMPACTOS DO CORONAVÍRUS NAS FEIRAS

para estimular a realização de feiras li-vres em todo o País seguindo as orienta-ções da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o contágio por Coro-navírus.

A Feira Segura é um modelo de co-mercialização importante nesse mo-mento. Para orientar estados e mu-nicípios a como realizar essa ação, o Sistema lançou um Guia que traz dicas para organizar e comercializar produtos alimentícios nos sistemas convencionais e de drive thru.

O programa Mercado CNA também oferece uma plataforma de comércio eletrônico para aproximar produtores rurais e consumidores.

No sistema é possível fazer o cadas-tro de acordo com o perfil do interessa-do, seja produtor rural, associação ou cooperativa que queira vender. Quem deseja comprar direto do produtor, ou ainda quem é prestador de serviço logís-tico ou possui uma loja virtual.

Desde o lançamento do programa, em 15 de abril, já foram contabilizados mais de 1.300 cadastros, sendo 943 de produtores rurais, 326 de compradores pessoas físicas e 34 de compradores pessoas jurídicas. Para o presidente Pe-drozo, a plataforma é uma oportunida-de para os produtores divulgarem a pro-dução nesse momento de fragilidade. "Acreditamos na eficácia dessa modali-dade de comercialização".

COOPERATIVA DE ORGÂNICOS AUMENTA FATURAMENTO DURANTE A CRISE

Com a pandemia do novo Coronavírus pequenos produtores rurais enfren-tam desafios para continu-ar escoando a produção e,

ao mesmo tempo, se manter no merca-do diante das mudanças geradas pelas medidas de prevenção.

Em Cascavel, região oeste do Paraná, uma cooperativa de orgânicos certifica-dos e em processo de certificação vai na contramão da crise e até aumentou o faturamento desde a segunda quinzena de março.

A Cooperativa Cores da Terra, funda-da em maio de 2019, possuía três canais de venda: por assinatura, com envio ces-tas de produtos orgânicos; via aplicati-vos, redes sociais e site onde os clientes podem encomendar alimentos, e por meio de parceiros que cedem os estabe-lecimentos para servir como pontos de venda e distribuição.

Diante das medidas de contenção do avanço da Covid-19, os produtores projetaram uma queda de assinantes no clube e a redução das vendas por aplica-tivos. Porém, ao contrário das previsões, a Cooperativa se deparou com outra re-

alidade.“Logo, nos primeiros dias das medi-

das sanitárias, começamos a buscar es-paço de venda em redes de supermer-cados para conseguir escoar a produção que não teria saída nos nossos canais estabelecidos. Já tínhamos inserção em duas grandes redes em Cascavel e uma em Toledo e agora estamos prestes a inaugurar uma nova parceria, com outra rede local. Além disso, tivemos um au-

mento de 20% nas assinaturas das cestas e tudo somou para aumentarmos as ven-das”, relata a diretora da Cores da Terra, Silvana Prestes de Campos.

Diante do aumento nas vendas, a Co-operativa precisou adotar novas estraté-gias. Hoje, além de receber e comercia-lizar os orgânicos dos treze cooperados ativos, passou a abrir espaço para outros quatro produtores, oportunizando o es-coamento da produção e a sustentabili-

dade financeira dos envolvidos.“Quando essa situação começou,

nossos cooperados não sabiam o que iria acontecer e tivemos muitas oscilações. Na primeira semana, por exemplo, com o aumento da demanda nos mercados, os produtos foram vendidos rapidamen-te. Já na segunda semana, houve queda. Foi a partir a terceira semana de março que conseguimos enxergar a rentabilida-de por trás disso tudo”, ressalta Silvana.

Os resultados alcançados pela Co-operativa, segundo o consultor do Se-brae/PR, Edson Braga, que acompanha a trajetória dos produtores, demonstram a importância de planejar alternativas diante de uma situação adversa e não planejada.

“Os produtores associados à Coope-rativa Cores da Terra poderiam ter se desmotivado nos primeiros momentos de indecisão e queda nas vendas. Mas, como o produto é orgânico, perecível e não pode ter a produção interrompida de uma hora para outra, os cooperados se uniram para fortalecer os negócios. Em meio à crise, não só conquistaram novos mercados, como atraíram clientes e até possíveis novos cooperados”, fina-liza o consultor.

ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

Page 7: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

7feiras

FISCALIZAÇÃO NAS FEIRAS LIVRES PARA DE PREVENÇÃO CONTRA A CORONAVÍRUS

As orientações estão alinhadas com o Decreto n.º 10.282, de 20 de março, que considerou “como essenciais as ati-vidades acessórias, de suporte e a dis-ponibilização dos insumos necessários a cadeia produtiva”, entre outros itens, para atendimento à demanda da popu-lação.

No último dia 27 de março, Portaria nº 116 assinada pela ministra Tereza Cristina especifica produtos, serviços

e atividades essenciais para garantir o pleno funcionamento das cadeias pro-dutivas de alimentos, bebidas e insu-mos agropecuários durante a pandemia do Coronavírus.

Já estabelecidas em legislações vi-gentes, as recomendações contribuem para dar continuidade ao serviço de abastecimento e à oferta de alimentos, de forma segura, à população.

São 19 orientações que envolvem

PEQUENOS PRODUTORES NA GUERRA CONTRA A PANDEMIA

Dentre os brasileiros que estão na linha de frente na verdadeira guerra tra-vada contra a Covid-19 incluem-se os pequenos

produtores de alimentos, que cumprem missão crucial e decisiva para que os brasileiros enfrentem o gravíssimo pro-blema que afeta toda a humanidade.

Seu trabalho, dificultado pelo abalo sofrido por todas as cadeias de supri-mentos e dificuldade de escoamento da produção, tem se constituído num he-roico esforço de superação e tem sido crucial para a quase normalidade do abastecimento.

Para se ter uma ideia do significado desses brasileiros, somente no chama-do Cinturão Verde de São Paulo, no en-torno da Região Metropolitana, são cer-ca de 12 mil pequenos produtores.

Essa região produtora é responsável por 25% da produção nacional de ver-duras e por 90% das verduras e 40% dos legumes consumidos na capital paulista. Sua proximidade com o maior mercado consumidor do País favorece o trans-porte, reduz as perdas e equilibra os preços.

Todos esses atributos serão ainda potencializados quando São Paulo tiver

um novo e moderno entreposto de hor-tifrutigranjeiros, em substituição ao da Ceagesp, na Vila Leopoldina, que está obsoleto e sem condições operacionais adequadas em termos de infraestrutu-ra, logística, boas condições de trabalho e outros problemas hoje enfrentados pelos produtores e comerciantes per-missionários.

Porém, neste momento de enfren-tamento da pandemia, a prioridade é

a vida, cuja essência é o alimento. Por-tanto, os pequenos produtores, assim como os atacadistas e todo o pessoal do varejo da rede de abastecimento, trans-portadores e comerciantes do setor têm realizado um trabalho essencial para toda a sociedade.

Assim, no caso dos produtores, como de todos os que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus, é importante que tenham apoio em seu

trabalho, que tem sido marcado por desprendimento, coragem e superação.

Nesse sentido, seriam muito bem--vindas urgentes linhas de crédito, ade-quadas ao perfil de cada um, com juros baixos e prazos alongados de pagamen-to, para que pudessem fazer frente aos problemas que começam a se verificar no fluxo de pagamentos.

Outra medida relevante seria lhes garantir máscaras, luvas e álcool em gel, em falta no mercado, para que também possam proteger-se do contágio.

A realização de testes rápidos para constatar se o produtor e seus colabora-dores com sintomas estão ou não com a doença é outra providência fundamen-tal, não só para os cuidados com sua saúde, mas também para se aquilatar se estão imunizados, podendo assim tra-balhar com tranquilidade e cumprir seu imprescindível papel.

Esses guerreiros não podem e não irão parar. Seu trabalho é parte expres-siva da comercialização mensal de 283 mil toneladas ou 3,4 milhões anuais de hortifrutigranjeiros na Grande São Paulo, também com reflexos no abas-tecimento do interior paulista e outros estados brasileiros.

É pertinente, portanto, que, além do reconhecimento da sociedade, como já vem ocorrendo, tenham um mínimo apoio do setor público.

medidas como de higiene pessoal para o trabalhador; limpeza dos ambientes, superfícies e veículos de transporte; es-trutura das feiras; além de orientações que os vendedores devem repassar aos clientes para o consumo de verduras, le-gumes e frutas.

Os organizadores dessas feiras de-vem também tomar cuidados na monta-gem da estrutura como organizar o fluxo de pessoas e locais de entrada e saída, evitando aglomerações; estratificar as atividades,direcionando uma pessoa

para ficar responsável, exclusivamente, para realização de operações de caixa/recebimento do pagamento.

A definição desse local de pagamen-to deve considerar o distanciamento en-tre consumidores e feirantes. As feiras devem ser realizadas, em locais amplos – preferencialmente ao ar livre – seguin-do orientações sanitárias, incluindo a de espaçamento entre bancas, funcionários e também clientes de, pelo menos, um metro de distância, garantido por faixas ou fitas para marcação dos limites.

WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO

Page 8: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

8 ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

Page 9: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

E ste ano, que, por in-crível que pareça, já está chegando a sua metade de 2020, para os permissionários da

maior Central de abastecimento da América Latina e a terceira maior do mundo, a Ceagesp, é de fato para es-quecer.

Isso porque, em fevereiro, uma forte chuva na região de São Paulo, causou um transtorno, principalmen-te, na região de Osasco.

A Ceagesp, localizada na Zona Oeste da Capital paulista, também foi atingida com a inundação, já que o nível da água era tanto, que muitos comerciantes perderam produtos, equipamentos e até veículos, como caminhões.

Os prejuízos com os alimentos, ainda não tem uma contabilidade ofi-cial, mas pode chegar a triste marca de 7 mil toneladas, o que represen-taria financeiramente, algo em torno de 20 milhões de reais.

Pouco tempo depois, chega ao Brasil, o Coronavírus, a Covid-19, que muda drasticamente o convívio social e a comercialização no País inteiro.

A Ceagesp não chegou a interrom-per as atividades e nem as vendas dos produtos hortifrutigranjeiros, du-rante o período do isolamento social.

A Feira de Flor, a maior do País, entretanto, foi suspensa, no final de março, por conta do decreto do Es-tado de São Paulo, mas retornou, em pouco tempo, a comercialização, no dia 28 de abril.

A Ceasa de São Paulo divulgou em suas redes sociais e também no site oficial da Companhia, orientações de para os visitantes, compradores antes de sair de casa, como o uso de máscaras.

O Entreposto paulistano adotou diversas medidas de prevenção e emitiu uma nota oficial que desde o início de março, ativou um plano de contingências com a finalidade de prevenir a contaminação pela COVID-19 adotando todas as orien-tações e recomendações emitidas

pelos órgãos oficias: OMS, MS,

Secretarias de Saúde Estadual e Mu-nicipal, e decretos governamentais. Medidas como conscientização (com carro de som e material impresso e digital). Além da fiscalização do uso obrigatório de máscaras.

Houve também a instalação de pias extras com água e sabão para facilitar a higienização das mãos e como de praxe, limpeza, lavagem e varrição, além de pulverização com hipoclorito de sódio dos pavilhões. Nas áreas administrativas disponibi-lizamos álcool em gel e em cada box ou comércio.

“Em meados de março, quando nos deparamos com a grave adversi-dade que se aproximava em virtude da pandemia do novo Coronavírus, tomamos a decisão de criar um Co-mitê de Crise e nos preparar para o que viria. As reuniões e estudos re-sultaram na criação do Plano de Con-tingência COVID-19, formado por uma série de estratégias e medidas voltadas à proteção de todas as pes-soas envolvidas com as atividades do entreposto e ao combate à doença, por meio de ações voltadas à cons-cientização sobre o problema. Tudo isso sem prejudicar o abastecimento, razão de nossa existência”, esclarece até então, na época o presidente da Ceagesp, Johnni Hunter Nogueira.

De acordo com a Companhia de abastecimento de São Paulo, o balan-ço do mês de abril foi negativo, com uma redução de 1,43%, em relação ao mês anterior, por conta de diver-sos fatores, inclusive à pandemia.

Segundo ela, a normalização da demanda deverá ocorrer somente com a liberação de abertura dos ba-res, restaurantes, eventos, atividades de turismo, entre outras.

Outras Centrais de abastecimen-to espalhadas pelo Brasil, também, tomaram medidas protetoras básicas de prevenção ao contágio do Corona-vírus. Um exemplo, o caso da Ceasa do Distrito Federal (CEASA-DF) que chegou até usar o Corpo de Bombei-ros para atuar na detecção de casos suspeitos na Ceasa-DF.

A equipe realizou, no dia 3 de

abril, câmeras térmicas de alta ge-ração para detectar temperaturas altas dos visitantes. Além de entregar cartilhas explicativas para caminho-neiros.

Já o diretor presidente das Cen-trais de Abastecimento do Paraná (Ceasa), Eder Eduardo Bublitz, anun-ciou medidas para o enfrentamento do novo coronavírus. As unidades da Ceasa serão fechadas durante cinco sábados para completa desinfecção. “Essa é uma atitude drástica, mas necessária para proteger os produto-res rurais e toda a sociedade. Vamos utilizar caminhões pipa e produtos químicos necessários para higienizar o ambiente. O trabalho será feito por pessoas capacitadas e devidamente equipadas. A Ceasa não irá fechar como vem se alardeando. Serão ape-nas cinco sábados para aumentar a segurança de quem frequenta as uni-dades e melhorar a qualidade de vida de todos”, afirma Bublitz.

Em maio, a Ceasa ficou fecha-da em três sábados, dias 9, 16 e 23. “Existem pesquisas que apontam que o vírus pode permanecer ativo no pa-pelão, por exemplo, por até 24h. Por isso é tão importante fazermos essa desinfecção e diminuir os riscos da proliferação da COVID-19. Para o en-frentamento da doença, outras medi-das já estão sendo tomadas na Ceasa, como a lavagem e higienização das caixas plásticas, que também são ve-tores do coronavírus.”

O presidente da Ceasa do Ceará (Ceasa-CE) ressaltou a preocupação com a disseminação do vírus e tam-bém com o desabastecimento.

“Estamos adotando todas as me-didas possíveis para evitarmos aglo-merações e impedir a proliferação do novo coronavírus no mercado. Mas, precisamos contar com a colaboração de todos. Até porque o momento é de nos unirmos em prol de um bem maior, que é combatermos de forma eficiente e enérgica o Covid-19, mas também garantir, de forma segura, que não falte alimento ao povo cea-rense,” destaca Maximiliano Quinti-no, presidente da Ceasa-CE.

GUILHERME ARAUJO

CEAGESP NO COMBATE AO CORONAVÍRUS

CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE TODO O PAÍS TOMAM MEDIDAS PARA MANTER O ABASTECIMENTO E NÃO DISSEMINAR A COVID-19

9especial WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO

Page 10: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

VOLKSWAGEN CAMINHÕES E ÔNIBUS REINICIA OPERAÇÃO COM TODOS OS CUIDADOS A SEUS COLABORADORES

No dia 27 de abril, a Volkswagen Caminhões e Ônibus voltou a pro-duzir seus veículos na fábrica de Resende (RJ)

numa retomada gradual de sua opera-ção, inicialmente com mil colaborado-res. Para tanto, uma série de medidas foi implementada, desde a intensificação dos cuidados de higiene com a instala-ção de pontos de distribuição de álcool em gel até mesmo com a distribuição de

máscaras e aferição diária de tempera-tura corporal dos profissionais.

“Neste primeiro dia, observamos um grande comprometimento de todos os nossos colaboradores com as recomen-dações para proteção de todos. Monta-mos uma verdadeira força-tarefa para assegurar que esse momento fosse pos-sível, sem arriscar o que temos de mais precioso, que são nossos profissionais. Vamos monitorar de forma constante essas medidas e adotar qualquer novo

procedimento que possa se mostrar ne-cessário”, diz Roberto Cortes, presiden-te e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Os cuidados se iniciaram antes mes-mo do embarque dos colaboradores no transporte fretado que leva à fábrica. Para entrar no ônibus, todos tiveram que colocar máscaras faciais e utilizar álcool em gel, além de ter uma checa-gem de sua temperatura. Na chegada à fábrica, até mesmo o tradicional café da

PRODUÇÃO DE VEÍCULOS NO BRASIL DESPENCA 99% EM ABRIL

C om praticamente todas as fábricas fechadas, a produção nacional de veículos caiu 99,3 % no último mês de abril, na

comparação com o mesmo período de 2019.

As montadoras também aguardam uma resposta do governo para obte-rem empréstimos juntos aos bancos para todo o setor, incluindo fornece-dores de peças e concessionários, pa-garem funcionários e cumprirem ou-tras obrigações enquanto a retomada não acontece.

Um grupo negocia junto ao Minis-tério da Economia e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial (BNDES), e bancos privados.

A ideia é que as fabricantes ofere-çam R$ 25 bilhões em créditos tribu-

tários que devem receber do governo como garantia para o BNDES que, por sua vez, atuará como uma espécie de fiador junto aos bancos. "Não se tra-ta de subsídios', ressaltou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

No último mês, foram produzidos 1.847 automóveis, comerciais leves (picapes e furgões), caminhões e ôni-bus, contra 267.561 no mesmo perío-

do no ano passado. A queda também foi de 99% em comparação com mar-ço: o fechamento das fábricas, como medida preventiva contra a pandemia, começou no fim daquele mês. No acu-mulado do ano, o recuo foi menor, de 39,1%.

O coronavírus também causou uma queda de 76% nos licenciamentos de

10

veículos, que foram de 231.936 unida-des em abril de 2019 para 55.735 em 2020. Em comparação a março, com 163.625, a redução foi de 65,9%.

De acordo com a entidade, o Brasil é o 6º país com maior queda no nú-mero de licenciamentos no mundo comparando os meses de abril - des-considerando a China, que não divul-gou números.

Algumas fabricantes já retomaram as atividades, mesmo que ainda de forma gradual. Segundo a Anfavea, desde 13 de abril, 8 fábricas e 30 mil funcionários já voltaram ao trabalho. Atualmente, 55 fábricas e 95 mil fun-cionários permanecem parados.

As vendas de caminhões novos no Brasil recuaram 40,02% em abril na comparação com o mês de março. No mês passado foram emplacadas 3.910 unidades, ante as 6.519 registradas em março. No acumulado do ano, a queda foi de 19,19%.

No primeiro quadrimestre de 2020 foram vendidos 24.134 caminhões. Em igual período em 2019 foram empla-cadas 29.864 unidades. Os números foram divulgados pela Fenabrave, fe-deração que reúne as associações de concessionárias de veículos do País.

manhã mudou de formato, sendo subs-tituído por kits de desjejum para não haver compartilhamento de utensílios e aglomerações.

Todos receberam kits de máscaras laváveis e puderam conferir as dezenas de pontos de distribuição de álcool em gel que foram instalados. Por diversas formas de comunicação, a jornada co-meçou com o amplo reforço da divul-gação das recomendações necessárias e das mudanças na rotina de trabalho. Esse trabalho de orientação já tinha sido iniciado na última semana para prepara-ção dos colaboradores.

Os processos de montagem também foram adaptados para preservar a dis-tância mínima de dois metros e todos respeitaram as demarcações no piso durante suas atividades com essa fina-lidade. Quando isso não é possível pela característica da operação, adotaram também o escudo facial em acrílico e óculos de segurança. Todos os demais equipamentos de proteção individual continuam a ser utilizados.

Durante o almoço, mais mudanças: horários alternativos e capacidade do restaurante limitada para garantir a se-gurança de todos. Ao longo de todo o expediente, a limpeza de máquinas, fer-ramentas, salas e áreas comuns também foi intensificada. No retorno às suas ca-sas, os colaboradores foram recomen-dados a tomar os mesmos cuidados do trajeto de ida. Nessa fase de retomada, ao fim de cada dia, um comitê da em-presa se reúne para avaliar a eficácia das medidas tomadas e definir novas ações, se necessárias.

ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

Page 11: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

IVECO E FPT INDUSTRIAL RETOMAM A PRODUÇÃO NO COMPLEXO FABRIL EM SETE LAGOAS (MG)

As fábricas da IVECO e da FPT Indus-trial, localizadas no complexo industrial em Sete Lagoas (MG), voltaram a pro-duzir veículos comerciais e motores. A linha de produção de caminhões foi reativada dia 22 de abril, e a linha de motores retomou gradualmente as ati-vidades.

O retorno da produção auxilia seto-res essenciais para a sociedade, como a agricultura, construção e o transpor-te de carga. As marcas seguem rígidos padrões sanitários para proteger a saú-de dos colaboradores e se alinham às orientações de governos e entidades mundiais para a contenção da circula-

ção do vírus. Isso se estende para a rede de concessionárias, que adota protoco-los especiais de atendimento remoto na área comercial em todo o país.

Na unidade de Sete Lagoas são de-senvolvidos, produzidos e testados ve-ículos para o transporte de cargas, veí-culos para o transporte de passageiros, veículos de defesa e motores. A estru-tura conta com um Campo de Provas e com um Centro de Desenvolvimento de Produto, áreas fundamentais nos planos estratégicos das marcas para desenvol-ver produtos pensando nas necessida-des e nos diferencias de cada mercado em que atuam.

11transportesDEVIDO À COVID-19, VOLVO APOIA CLIENTES OFERTANDO CONDIÇÕES ESPECIAIS DE FINANCIAMENTO

Carência de até 6 meses e taxas especiais a partir de 0,81% ao mês são alguns dos diferenciais que a Volvo oferece aos trans-

portadores para estimular a aquisição de caminhões novos, por meio da Vol-vo Financial Services, o Banco Volvo.

São opções de financiamento com prazos de 24 até 60 meses, nas modali-dades Finame e CDC.

Visando atender as demandas do setor de transportes e apoiar os seus clientes neste período da Covid-19, a Volvo está oferecendo por meio do seu banco de fábrica, condições especiais de financiamento nos meses de abril e maio, através de linhas BNDES, como o Finame TFB, que é um financiamento pré-fixado, livre de qualquer oscilação do mercado, garantindo tranquilidade aos transportadores.

Além da carência, que pode chegar até 6 meses, o banco está operando com taxas que variam de 0,81% ao mês para prazo de 24 meses até 0,86% ao mês para financiamento de 60 meses. Além do Finame, o Banco Volvo tam-

bém está oferecendo condições espe-ciais para financiamentos CDC, válidas apenas durante o mês de abril. As taxas variam de 0,84% ao mês até 0,89% ao mês.

A carência pode ser de até 6 meses e os prazos também são até 60 meses.

“Tanto no Finame quanto no CDC estamos operando com condições mui-to especiais neste mês de abril, em apoio aos clientes da marca. Neste mo-mento de incertezas, o financiamento via Finame pré-fixado do BNDES é uma ótima opção para os transportadores. Cada cliente pode avaliar a melhor al-ternativa para suas operações”, assegu-ra Valter Viapiana, diretor comercial da Volvo Financial Services.

As condições de Finame são válidas até o final de maio próximo e as opções de financiamento via CDC até o final deste mês de abril.

A concessão do financiamento está sujeita à análise e aprovação do crédito pelo Banco Volvo e de acordo com os requisitos do BNDES para acesso às li-nhas de financiamento na modalidade Finame.

MERCEDES-BENZ ESTENDE GARANTIA DE VEÍCULOS COMERCIAIS PARA APOIAR CLIENTES DURANTE A CRISE

Em respeito aos seus clien-tes, visando minimizar os impactos gerados pelo Co-vid-19, a Mercedes-Benz decidiu ampliar por mais

60 dias o período de cobertura de ga-rantia de caminhões, ônibus e modelos da Linha Sprinter.

Essa decisão temporária e emer-gencial é válida somente para veículos com garantia encerrada a partir de 1º de março deste ano.

“Nossa Empresa determinou que todos os veículos comerciais da marca envolvidos nessa ação especial rece-berão um adicional de 60 dias ao seu período de cobertura de garantia ori-ginal, bem como do Programa Service 24h”, informa Roberto Leoncini, vice--presidente de Vendas e Marketing Ca-minhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. “Dessa forma, veículos com 12 meses de cobertura passam a ter 14 meses e veículos com 12 meses de co-

bertura e 24 meses para o trem de for-ça, passam a ter 14 e 26 meses, respec-tivamente”. Segundo o executivo, essa iniciativa da Mercedes-Benz contribui para que os clientes possam enfrentar de uma melhor forma as contingências e incertezas provocadas pelo Covid-19.

“Com a garantia estendida por mais dois meses, as empresas e os autô-nomos ganham fôlego, segurança e tranquilidade para se dedicar às suas atividades de transporte, tão essen-ciais nesse momento difícil para todos nós, assegurando o abastecimento de alimentos, medicações e outros supri-mentos, além das cargas e produtos que movimentam a economia do País”, destaca Leoncini.

Em parceria com a Mercedes-Benz, a Rede de Concessionários já está pre-parada para assegurar os serviços aos veículos abrangidos por essa extensão de garantia, com todas as coberturas estabelecidas em contrato.

WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO

Page 12: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

12

MULTINACIONAL DOA R$ 5,7 MILHÕES PARA ENFRENTAR A COVID-19

A Bayer, multinacional alemã com foco em Ciências da Vida, anuncia doação de R$ 5,7 milhões para o combate à pande-mia de Covid-19 no Brasil.

A empresa acredita que a colaboração é a chave para o enfrentamento da cri-se, por isso vai destinar os recursos para três diferentes iniciativas: cerca de R$ 8 milhões para o Projeto Arrecadação Soli-dária, do Governo Federal; cerca de R$ 2 milhões para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Para as doações, a Bayer selecionou instituições e projetos já estruturados, de abrangência nacional, que atingissem po-pulações vulneráveis em regiões carentes, e que tivessem processos de governança e transparência bem estabelecidos.

Além disso, a empresa também focou em ajudar os serviços públicos de saúde das cidades onde possui unidades produ-tivas.

A quantia direcionada ao Projeto Ar-recadação Solidária será encaminhada a entidades que atuam no combate aos efeitos da Covid-19 por meio de preven-ção, diagnóstico e tratamento da doença. A contribuição para o UNICEF será em-pregada em ações com foco em crianças e adolescentes pobres, moradores de periferias e favelas das grandes capitais, moradores de municípios menores e mais pobres na Amazônia e no Semiári-

do, e migrantes.Já a compra de itens de segurança e

materiais hospitalares será destinada aos órgãos públicos de saúde, especialmente das cidades onde a empresa possui uni-dades produtivas.

“A crise provocada pela pandemia de Covid-19 desafia a todos nós, por isso a colaboração entre os setores privado, pú-blico e a sociedade será a chave para o enfrentamento deste desafio no Brasil e

no mundo” diz Marc Reichardt, CEO da Bayer Brasil.

“Há mais de 120 anos, a Bayer está comprometida com o país, por isso nos-sa contribuição deve ser maior que a fi-nanceira. Estamos trabalhando incansa-velmente para manter a disponibilidade de medicamentos e insumos necessários à produção de alimentos para os brasilei-ros”, ressalta o executivo.

Desde o início da crise, a Bayer vem realizando mudanças profundas para mi-nimizar os riscos de infecção em todas unidades produtivas da empresa, prote-gendo assim seus colaboradores para a preservação de sua saúde e a continuida-de de atividades que são essenciais para a sociedade.

Além disso, tem trabalhado ao lado dos agricultores dando suporte técnico dentro do novo contexto e entregando os suprimentos essenciais para que a produção de alimentos se mantenha du-rante a crise. O mesmo cuidado é empre-gado no fornecimento de produtos far-macêuticos e dispositivos médicos, para que não faltem medicamentos.

A Bayer reafirma seu compromisso com o Brasil e reconhece a importância do esforço conjunto envolvendo Governo Federal, de Governos Estaduais e Munici-pais e a sociedade civil organizada (ONGs e outras iniciativas) para fazer frente aos impactos à saúde, sociais e econômicos causados pela pandemia.

GOVERNO ANUNCIA MEDIDAS ECONÔMICAS PARA AJUDAR PRODUTORES AFETADOS PELO CORONAVÍRUS

O governo federal anunciou um pa-cote de medidas econômicas para mini-mizar as dificuldades do setor agrope-cuário, sobretudo os produtores rurais, devido à pandemia do Coronavírus.

Entre as medidas adotadas em de-corrência da pandemia, válidas para todo o país, destaca-se a prorrogação das amortizações de financiamentos de custeio e de investimentos, vencidas e não pagas e vincendas até 15 de agosto de 2020, às taxas de juros originais da operação.

Em apoio às cooperativas, agroindús-trias e cerealistas foi autorizado o finan-ciamento para estocagem e comercia-lização (FGPP) com recursos do crédito rural, com limite de R$ 65 milhões por beneficiário.

Para as cooperativas de agricultores familiares, a taxa de juros será de 6% ao ano, e de 8% ao ano para as demais em-presas. O prazo para pagamento será de 240 dias e o período para contratação se encerra em 30 de junho de 2020.

“Essas medidas vão permitir que os agricultores tenham mais prazos e liquidez para honrar com os seus com-promissos financeiros e tranquilidade suficiente para auxiliá-los em suas toma-das de decisões”, disse a Ministra Tereza

Cristina.Agricultores familiaresAlém desses benefícios, os pequenos

produtores terão ajuda, principalmente os de flores, hortifrútis, leite, aquicultura e pesca. Para assegurar pequenas despe-sas na propriedade para recompor sua estrutura produtiva, custeio da atividade e manutenção do produtor e sua família,

foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf).

As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento de três anos, incluído um de carência. O limite por produtor será de R$ 20 mil.

Da mesma forma, foi também criada uma linha especial de crédito para mé-dios agricultores enquadrados no Pro-

namp que se dedicam à produção de flo-res, hortifrútis, leite, aquicultura e pesca.

As taxas de juros são de 6% a.a., com prazo para pagamento de três anos, in-cluído um de carência. O médio produtor terá limite de R$ 40 mil.

As contratações ao amparo dessas linhas se estendem até 30 de junho de 2020.

ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

Page 13: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

13

PANDEMIA LEVA AS PESSOAS A CULTIVAR SEUS PRÓPRIOS ALIMENTOS

Alguns anos atrás, a "onda" de produzir ali-mentos nos espaços ur-banos começou a cres-cer.

Esse "passatempo" é uma forma de trazer o verde para dentro de casa, mas principalmente uma atividade para dimi-nuir o stress da vida da cidade e produzir seu próprio alimento.

Além da produção de alimento, a agricultura urbana é um espaço impor-tante para cultivar plantas medicinais im-portantes para o aumento da imunidade.

A pandemia do Covid-19 teve mui-tas repercussões importantes, como a falha nos sistemas de saúde pública, o enfraquecimento da saúde mental das pessoas, a desaceleração econômica ou mesmo uma lacuna flagrante entre ricos e pobres.

Mas há outro aspecto que está len-tamente afetando o mundo. Trata-se do medo de uma escassez de alimentos. Em muitos lugares, onde medidas de isolamento social foram impostas para conter a propagação do vírus, foram re-latadas compras de mantimentos em ex-cesso. Enquanto muitos se viram diante de prateleiras vazias em supermercados, descobrimos que grande parte de nossa população é incapaz de produzir o pró-prio alimentar.

O que nos conforta são os relatos de que a segurança alimentar global ainda não foi comprometida.

De fato, os países em desenvolvimen-to estão atualmente em risco e distúrbios de fome. Além disso, os ricos não devem considerar a escassez de alimentos, devi-do à pandemia, como um problema re-servado aos pobres. E é nesse contexto de incerteza que o conceito de agricultu-ra urbana está ganhando popularidade.

De fato, a pandemia mudou um pou-co o modo de vida de parte da popula-ção. Hoje é possível ter hortas que são perfeitamente adequadas para os apar-tamentos, mesmo para aqueles meno-res. A Internet é uma grande aliada para

obtenção de kits de bricolage para ajudar as pessoas a cultivar sua própria horta em qualquer lugar.

O conceito de auto-suficiência ali-mentar existe há algum tempo, mas parece que o coronavírus levou muitas pessoas a adotá-lo como uma medida de emergência.

A preocupação com a origem dos seus alimentos. Segundo as Nações Unidas, 68% da população mundial, dois terços, viverá nas cidades até 2050. Essa tendên-cia se torna ainda mais interessante. Se-gundo alguns especialistas, a pandemia pode realmente levar a algumas tendên-cias, provavelmente para sempre.

Outro fato interessante é a pandemia estar alimentando radicalmente conver-sas sobre autossuficiência. Talvez esteja relacionado às nossas vulnerabilidades coletivas, que nos levam a buscar medi-das que nos salvem de muita ansiedade diante de um futuro incerto. Dados le-vantados de pesquisas do Google, nos Estados Unidos, mostraram que o termo "agricultura doméstica" aumentou 50% no mês passado, enquanto que pesqui-sas relacionadas à "criação de galinhas" tiveram acréscimo de 75%. Isso demons-tra que o assunto "segurança alimentar" é um tema de grande importância neste momento.

Em todo esse contexto de produzir seu próprio alimento, não podemos es-quecer que as plantas também necessi-tam se alimentar corretamente de forma equilibrada.

O insumo que irá permitir ter plantas com qualidade nutricional, caso os so-los usados para o cultivo não forneçam adequadamente, é o fertilizante. O fertili-zante é um produto destinado a fornecer os nutrientes essenciais para as plantas e, consequentemente, irão servir para a nossa alimentação.

A Nutrientes Para Vida (NPV) é uma iniciativa que tem por missão informar a população sobre a importância dos nu-trientes para as plantas e para os seres humanos.

campo WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO

Page 14: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

14

Pode soar como prepotência ou até mesmo arrogância iniciar um artigo diretamen-te vinculado a um tema tão sério e impactante como é a

pandemia provocada pela covid-19 já com um tom de visão, prospecção, imaginação, enfim, de sentimentos que expressem o que virá a ocorrer ao findar esse doloroso e angustiante período.

Mas não, o propósito da condução des-te texto é aproximar ao máximo a nossa leitura ao cenário que se deslumbra tão logo saiamos globalmente dessa situação desmotivadora e prejudicial sobre vários aspectos, dentre eles econômicos, exata-mente a partir de um momento em que se iniciava uma percepção de otimismo — e consequente confiança do mercado como um todo em relação ao Brasil.

Assim passamos a viver um presente muito implacável quanto ao sentido de possibilidade de estimativa, previsão, e projeções em relação a vários setores.

Dentre eles, o Comércio Internacional, que desde o início da crise, ainda no seu epicentro na província de Wuhan na China, já impactava severamente os resultados de balanças comerciais de vários países, dada a importância da produção do mercado chinês em relação à composição dos as-pectos presentes nas negociações “mundo afora”.

Esse “impacto” inicialmente no merca-do asiático apresentava contornos de de-sorganização e decomposição de projetos industriais, ou mesmo de negócios de co-mércio, a partir de paradas de exportações da China para atender seus clientes globais.

Pois, à medida que o vírus se espalha-va da Ásia até o restante do planeta, pra-ticamente o impacto tomava contornos de imprevisibilidade quanto à extensão que se observaria.

Tais ocorrências de certa forma obriga-ram os governos e as empresas a se reade-quarem e a revisarem seus planejamentos mesmo antes do primeiro trimestre do ano. Ou seja, muitas empresas sequer ha-viam recebido insumos para produção de seus bens a serem vendidos naquele pe-ríodo, pois passaram a ser “peça de alto desejo”.

Esse novo cenário demanda urgente re-organização. Porém, sem uma sólida base para tomada de decisão, tendo em vista a impossibilidade de se vislumbrar um final da crise em curto ou médio prazo, e até mais, conforme os níveis de “estrago” au-mentam, o longo prazo parece ser o único e mais certo caminho a ser trilhado visando um novo target (alvo – termo muito utiliza-do nas negociações internacionais).

Diante de tudo isso, já é hora de se buscar um novo horizonte, um pós-crise. E como em praticamente todas elas sem-pre surgem oportunidades, é momento de novos começos, novos desafios, prin-cipalmente considerando que a Balança Comercial Brasileira atingiu patamares de USD 402,7 bilhões entre Importações e Ex-portações em 2019 (dados do Ministério da Economia), dos quais aproximadamen-te USD 225,3 bilhões foram obtidos nas exportações.

O país encerra o primeiro trimestre de 2020 com resultado de sua Balança Comer-cial entre USD 49,5 bilhões nas vendas ao exterior (exportações), contra aproximada-mente USD 43,9 bilhões nas aquisições do exterior (importações), sendo que ao com-pararmos os dados, no mesmo período do ano passado, nossas exportações atingiam valores próximos de USD 51,1 bilhões, contra USD 42,1 bilhões nas importações, apresentando já nesses primeiros 90 dias do ano, diferenças consideráveis em seus valores – momento ainda não significativo

sob o ponto de vista de otimismo quanto ao fim da crise do vírus.

Porém, em tese, uma exposição de valores que certamente apresentará di-ferenças mais acentuadas em relação aos próximos períodos, na medida em que os impactos são sentidos globalmente, já com pequenos sinais de retração na economia global, combustível principal para os saldos negativos das balanças comerciais dos pa-íses.

Mas sempre há “vida que segue”, aqui-lo que precisamos enfrentar no futuro, e este já se apresenta como “incerto”, porém com uma dose muito forte de mistério. Isso ocorre exatamente porque é certo que novas medidas econômicas deverão ser apresentadas pelos governos para resta-belecimento de suas economias: novas re-gras, novos procedimentos para as práticas comerciais globais.

Sendo que, mesmo no início do agrava-mento da crise, os países mais expoentes no Comércio Internacional já reviam alguns procedimentos, como redução tarifária para aquisições de produtos de combate ao coronavírus e medidas de flexibilização às regulamentações para entradas de pro-dutos médicos de acordo com suas regras de vigilância sanitária.

O Brasil, por exemplo, através de Re-soluções, Portarias, Instruções Normativas e outras normas legais, conseguiu reduzir alíquotas do Imposto de Importação em dezenas de produtos importados relacio-nados diretamente ao combate ao vírus, além de outras medidas que permitiram (e permitirão, inicialmente até 31/12/2020) empresas brasileiras adquirirem no merca-do externo produtos para comercialização interna.

Com tais “incentivos” fiscais (termo este com grifo nosso exatamente por se tratar de uma necessidade de questões

humanitárias), a face do “incentivo” fiscal não como meio de alavancagem de negó-cios, mas sim abertura de portas e facilita-ção para que na maior extensão possível as empresas encontrem alternativas de ali-mentar o setor de saúde público e privado, do maior número possível de recursos para o combate ao vírus.

Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 14 de abril de 2020, os dados das pesquisas re-lativas ao Comércio Internacional davam conta de que é esperado um impacto ne-gativo de aproximadamente 20% nos resul-tados das negociações internacionais para o corrente ano, sendo que destes, se forem avaliados sob previsões otimistas, chega-se a 15% contra 25% para quem optar pela ótica pessimista.

É fato que qualquer um dos números é muito delicado e extremamente prejudi-cial para a economia como um todo, pois os países dependem cada vez mais uns dos outros.

A queda nos negócios internacionais acentua eventos deficitários ao mesmo tempo em que, ao citarmos dados base-ados em pesquisas, é necessário também manifestarmos nossas convicções no as-pecto otimista de que, como agentes de transformação que somos, precisamos unir esforços e buscarmos uma fórmula de alavancar negócios globais para juntos retomarmos o crescimento tanto do PIB brasileiro e, por extensão, mundial, sem ja-mais esquecer dos menos favorecidos.

Afinal, antes do Comércio Internacio-nal, precisamos “olhar os nossos”, quem está mais próximo e dependendo de nosso auxílio, seja de qual natureza for.

Realidade cruel, mas convicção de que com saúde seremos e sairemos vitoriosos no pós-covid-19.

O COMÉRCIO INTERNACIONAL PÓS-COVID-19

ENTREPOSTO | 2020 | ESPECIAL | www.jornalentreposto.com.br

Page 15: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento

15agro

O coronavírus deve afe-tar todos os setores da Economia, mas, dentre todos, um tem vantagem e deve sair

ileso da crise: o agronegócio. A afirma-ção é do professor da FECAP e especia-lista na área José Luiz Tejon Megido.

Segundo Tejon, o macrossetor do

agribusiness movimenta cerca de U$$ 20 trilhões no mercado global, incluin-do toda a cadeia produtiva do “antes, dentro e pós-porteira” das fazendas. E, com os preços altos das commodities e do dólar, são ótimas as perspectivas para o Brasil.

“O agro significa cerca de 25% do total do PIB brasileiro, com uma ex-

pressão gigantesca na economia do País e também no potencial de capila-ridade e distribuição de renda por todo o interior”, diz.

Para o especialista, o ponto positivo que faz o Brasil sair na frente é o fato de sermos autossuficientes em muitas cadeias produtivas e fornecedores de produtos que já estão com preços ele-

AGRONEGÓCIO É PILAR PARA RECONSTRUIR ECONOMIA BRASILEIRA PÓS-CORONAVÍRUS

vados internacionalmente, como soja, milho, proteína animal, café, açúcar, papel e celulose e citrus.

Tejon vê ainda potencial de expan-são considerável em muitas outras vertentes do setor. “Somos o terceiro maior produtor mundial de frutas e ex-portamos apenas cerca de 3% do que produzimos. Ou seja, com foco, plane-jamento e plano de negócios, temos no agronegócio a grande oportunidade de reiniciar o País, alavancando nossa economia nos próximos três anos com fundamentos sólidos e realistas”, pre-vê o professor.

Ele acredita ainda que é possível dobrar o agronegócio brasileiro de ta-manho, visando a receitas de U$$ 1 trilhão de dólares nos próximos cinco anos.

“É possível e temos inteligência e condições de fazer. Esta crise pode ser o chacoalhão que nos levará a isso. E neste cenário, o cooperativismo terá papel fundamental em todo o País e nas relações da intercooperação no mundo todo”, comenta.

Em síntese, a liderança é o insumo mais vital para minimizar o tamanho da crise no agronegócio.

“Conforme estudos internacionais, o setor é o que sofrerá os menores im-pactos comparados a todos os demais setores econômicos e industriais no mundo”, finaliza.

INSUMOS AGROPECUÁRIOS NÃO SERÃO TRIBUTADOS ATÉ DEZEMBRO

E ssa medida foi aprovada, pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

O convênio estabelece redução na base de cálculo do ICMS em até 30% para fertilizantes e rações e em até 60% para defensivos agríco-las e sementes.

A medida tinha prazo de vigência até 30 de abril deste ano, por isso a

OCESC e outras entidades empresa-riais e organizações do setor apresen-taram proposta de prorrogação.

O intuito foi garantir que os in-sumos agropecuários cheguem aos produtores e empresários rurais com preços competitivos e, consequente-mente, assegurando a continuidade da produção de alimentos e o abaste-cimento da população.

WWW.JORNALENTREPOSTO.COM.BR I ESPECIAL I 2020 I ENTREPOSTO

Page 16: ESPECIAL - jornalentreposto.com.br · foi criada uma linha especial de crédito para agricultores familiares (Pronaf). As taxas de juros serão de 4,6% ao ano, com prazo para pagamento