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REVISTA DE MANGUINHOS | AGOSTO DE 2016 24 ESPECIAL

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riado em 1976 com amissão de produzir me-dicamentos para aten-der às necessidades dapopulação brasileira, o

Instituto de Tecnologia em Fármacos(Farmanguinhos/Fiocruz) chega aos 40anos com o olhar no futuro. Devido àmudança do perfil epidemiológico dapopulação brasileira, a unidade redi-recionou sua estratégia de produção.Farmanguinhos vem absorvendo co-nhecimento técnico-científico paraproduzir medicamentos de alta com-plexidade tecnológica e maior valoragregado, estratégia viabilizada pormeio de Parcerias de Desenvolvimen-to Produtivo (PDP).

Desta forma, a unidade da Fiocruzresponsável pela produção de medica-mentos continua exercendo seu papelestratégico para o país no que concer-ne à assistência farmacêutica no âm-bito da saúde pública: além decorresponder às demandas voltadaspara doenças negligenciadas, em bre-ve Farmanguinhos vai fabricar os pro-dutos dessas parcerias e, com isso,ajudar o Brasil a superar a dependên-cia internacional em parte deste nicho.Para receber os novos produtos, serãofeitas obras de adequação da área fa-bril do Complexo Tecnológico de Me-dicamentos (CTM), planta industrialcom 40 mil metros quadrados localiza-da em Jacarepaguá, na Zona Oeste doRio de Janeiro.

Segundo a vice-diretora de Opera-ções e Produção, Elda Falqueto, a pre-visão é de que as obras sejamconcluídas num período de nove me-ses. “Num primeiro momento serãofabricados três medicamentos: Tacroli-mo, Atazanavir e Pramipexol”, frisa.Ela explica que o transtorno causadopelas obras valerá a pena, principal-

CAlexandre Matos

mente pelo legado que ficará. “Parareceber os demais produtos das PDP,por exemplo, não será necessário fa-zer novas adequações nas fábricas”,observa.

Se os transtornos são inevitáveis,Elda ressalta, entretanto, que um gran-de benefício para a instituição é a aqui-sição dos novos equipamentos. Paraproduzir o Pramipexol, por exemplo,Farmanguinhos disporá de uma áreanova com o sistema totalmente fecha-do. “Isto significa que, após a adiçãoda matéria-prima, não haverá maismanipulação dos insumos pelos técni-cos. Esse sistema visa não somenteproteger o processo produtivo comotambém o operador e o ambiente, umavez que não haverá particulado (partí-culas em suspensão no ar) nas salas”,explica a farmacêutica. Ela diz que esseprocesso reduz o tempo de produção,já que elimina algumas etapas.

Primeiros frutosO Pramipexol é um anti-parkiso-

niano considerado uma das princi-pais terapias contra a doença deParkinson, enfermidade degenerati-va do Sistema Nervoso Central. Atu-almente, é o único dessa classedisponível no Brasil. O Atazanavir éo antirretroviral mais utilizado no tra-tamento de pessoas que vivem comHIV/Aids no país. De acordo com oMinistério da Saúde, atualmente47,6 mil pessoas fazem uso do me-dicamento. O Tacrolimo é um imu-nossupressor, medicamento usadopara evitar a rejeição de rins trans-plantados.

Além desses três medicamentosiniciais, futuramente Farmanguinhosproduzirá outros nove também pro-venientes de PDP. A lista é compos-

ta pelos antirretrovirais Duplivir(Lamivudina+Tenofovir), Triplivir(Lamivudina+Tenofovir+Efavirenz);pelo tuberculostático 4 em 1 (Rifampi-cina + Isoniazida + Etambutol + Pirazi-namida); por Budesonida+Formoterol(antiasmático); Cabergolina (agonistadopaminérgico); pelos oncológicos Me-silato de Imatinibe e Docetaxel. Tam-bém constam da lista o Sevelâmer (paracontrole de fósforo no sangue do paci-ente com doença renal crônica em di-álise); o imunossupressor Sirolimo; e aInsulina Humana Recombinante (hormô-nio para controle da diabetes).

Legadotecnológico

O gerente de Projetos Industriais,Alexandre Moore, informa que as PDPsó trouxeram benefícios para Farman-guinhos. “Adquirimos uma encapsula-dora que trabalha com baixa dosagem(da substância ativa). No caso do Ta-crolimo, por exemplo, é preciso umequipamento de alta confiabilidadedevido à quantidade que deve ser mi-nuciosamente calculada”, ressalta.

Esse mesmo equipamento possi-bilitará ao Instituto a incorporação deoutra tecnologia: o encapsulamentoem pellets. “São microesferas com oprincípio ativo transportados numacápsula. Essas microesferas liberam ofármaco no organismo de forma con-trolada. Isso é importante porque omedicamento poderá ter uma açãomais eficaz”, explica Elda Falqueto.“Fizemos um acordo com o laborató-rio francês Servier, que nos transferiráa tecnologia de produção em pellets.A partir do momento que dominarmosesse conhecimento, poderemos inovarcom o uso dele em outros medicamen-

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tos”, sa l ienta a v ice-diretora.A previsão é de que, em breve, téc-nicos do Laboratório de TecnologiaFarmacêutica (LTF) e da Produçãocomecem a capacitação junto à Ser-vier. A aquisição de outros equipa-mentos modernos, segundo Elda,abrirá a possibilidade de novos estu-dos do LTF sobre outros medicamen-tos. De acordo com ela, a renovaçãodo parque fabril de Farmanguinhosse iniciou com a renovação das utili-dades necessárias ao incremento deprodução, como ar-condicionado,água, ar-comprimido, dentre outros.“Estamos focados na inspeção da Or-ganização Mundial da Saúde (OMS)às instalações da unidade com vis-tas à pré-qualificação do ASMQ,período em que a produção terá queestar em operação, fabricando estemedicamento”, enfatiza.

Inovador, o ASMQ reúne dois prin-cípios ativos em um único comprimi-do: artesunato (AS) + mefloquina(MQ). Desenvolvido em parceria coma Iniciativa Medicamentos para Doen-ças Negligenciadas (DNDi, na sigla eminglês), este antimalárico é capaz decurar pacientes com malária em atétrês dias. “Após inspeção, contamoscom o fechamento da licitação daobra para iniciarmos as atividades dereforma e adequação da fábrica paraas Parcerias de Desenvolvimento Pro-dutivo”, assinala Elda.

Desenvolvimentotecnológico

Paralelamente à produção demedicamentos, a área de Desenvol-vimento Tecnológico vem se preparan-do para absorver tecnologias. “Osgovernos sempre criaram políticas in-dustriais. Nas décadas de 50 e 60foram o petróleo, os automóveis eoutros segmentos. No início do ano2000 tivemos a licença de patentespara a área de antirretrovirais e apolítica de produtos genéricos. Por-tanto, essa absorção da tecnologiaque estamos vivendo atualmente nãoé importante somente para Farman-

guinhos, mas também para o Brasil”,observa a coordenadora de Desenvol-vimento Tecnológico, Kátia Menezes.

Neste sentido, além da produçãodos medicamentos por Farmangui-nhos, os acordos compreendem tam-bém a nacionalização da tecnologiado Insumo Farmacêutico Ativo (IFA)a ser fabricado por uma farmoquími-ca nacional. Além de suprir o Siste-ma Único de Saúde (SUS) comprodutos estratégicos, Farmanguinhosajuda a fortalecer a indústria farmo-química brasileira.

“Não havia para a área da saúdeuma política industrial com a preocu-pação de produzir também os IFA.Para se ter uma ideia da importânciada estratégia, se o Brasil ficasse iso-lado do resto do mundo (antes dasPDP), não teríamos praticamente ne-nhum medicamento com produçãointeiramente nacional (incluindo osprincípios ativos)”, assinala Kátia.

Ela explica que as parcerias sãoa forma mais rápida. “A pesquisa éimportante, dá saltos inovadores,mas demora pelo menos 20 anospara conseguir chegar a um medi-camento, isso considerando a par-tir do momento em que se identificauma substância ativa. Significa queé um tempo muito longo e a umcusto muito alto. A forma mais rá-pida e menos onerosa é por meiode parceria. É o processo que te-mos”, avalia. Segundo Kátia, umatecnologia de determinado produtopode ser aplicada em outros medi-camentos. “Essa é uma das possi-bi l idades. Conseguimos ganhartempo a partir desse conhecimentoe temos uma grande oportunidadede formação de mão-de-obra qua-lificada”, pontua.

Ela lembra que, por se tratar deuma política industrial, as PDP aca-bam estimulando a abertura de mer-cados, impulsionando o crescimentode outras indústrias de serviços. “Aúnica falha nesse processo, infeliz-mente, foi não ter observado melhora questão que envolve impostos so-bre importação. A maior parte dosequipamentos é importada. A políti-

ca deveria ter diminuído ou isenta-do as tributações para produtos ine-rentes às PDP”, critica. “Por outrolado, uma ótima iniciativa diz res-peito aos registros de medicamen-tos, já que a Anvisa (AgênciaNacional de Vigilância Sanitária) estádando prioridade aos produtos dasPDP”, salienta.

Outros produtosAo longo dos últimos 40 anos, Far-

manguinhos já fabricou mais de 20 bi-lhões de unidades farmacêuticas demedicamentos para tratar as mais di-versas patologias, principalmente aschamadas doenças negligenciadas.Elas são assim denominadas por se tra-tarem de enfermidades desprezadaspelas indústrias farmacêuticas em fun-ção do baixo custo dessa categoria demedicamentos.

As principais doenças negligencia-das são malária, doença de Chagas,doença do sono (tripanossomíase hu-mana africana, THA), leishmaniose vis-ceral, filariose linfática, dengue eesquistossomose. Além dessas patolo-gias, Farmanguinhos produz medica-mentos para os programas de atençãobásica. Com uma planta fabril versátil,em 2016 produziu antivirais, antirretro-virais, anti-hipertensivos, antimaláricos,antibióticos, antipsicóticos e vitaminas,estas destinadas ao programa de su-plementação coordenado pelo Minis-tério da Saúde.

Ao todo, o portfólio engloba 35medicamentos. São antianêmicos,penicilínicos, antimaláricos, antilipê-micos, anti-hipertensivos, ansiolíticossimples, antiparasitários, antipark-soniano, antirretrovirais, tuberculostáti-cos, anticonvulsivantes, antidiabéticos,neurolépticos, antineoplásicos, antiviró-ticos, anti-helmínticos do trato gastroin-testinal, suplementos minerais,antianêmicos e imunossupressor. Aunidade está também apta a fabricarprodutos para uso em ginecologia eobstetrícia e outros medicamentos nãoenquadrados em classes terapêuticasespecíficas, mas que podem ser usadosno tratamento de várias enfermidades.

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Para receber os novosprodutos, serão feitasobras de adequação daárea fabril do ComplexoTecnológico de Medica-mentos (Foto Edson Silva)

Além do Pramipexol, doTacrolimo e do Atazanavir,futuramente Farmanguinhosproduzirá outros novemedicamentos tambémprovenientes de PDP (FotoEdson Silva)

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Brasil é o principal mer-cado farmacêutico daAmérica Latina e o sex-to do mundo. Apesar daposição de destaque, o

país importa quase todo o Insumo Far-macêutico Ativo (IFA) usado na fabri-cação de medicamentos. Trata-se doprincipal ingrediente do medicamento,responsável pela ação terapêutica do

OAlexandre Matos

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produto. Com o objetivo de reduzir adependência do Brasil nesta área, oInstituto de Tecnologia em Fármacos(Farmanguinhos/Fiocruz) construirá oCentro de Referência Nacional em Far-moquímica, voltado para pesquisa edesenvolvimento de princípios ativos.A estrutura será erguida em um terre-no de 7 mil m2 cedido pela parceirana iniciativa, a Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ), em espaçosituado no Parque Tecnológico da ins-tituição acadêmica, na Zona Norte doRio de Janeiro.

De acordo com especialistas, a fa-bricação de IFA pela indústria farmo-química é tão estratégica para umanação quanto a produção farmacêuti-ca. Isto porque o domínio da tecnolo-gia para a fabricação de fármacos

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permitiria ao país não depender maisde matéria-prima importada. No casodo Brasil, diminuiria custos com a aqui-sição dos insumos e, com isso, garanti-ria a ampliação do acesso da populaçãoa medicamentos essenciais, por meiodo SUS.

O ex-vice-presidente de Produçãoe Inovação em Saúde da Fiocruz, Jor-ge Bermudez, liderou a equipe quedesenvolveu o estudo Avaliação dosetor produtivo farmoquímico nacio-nal: capacitação tecnológica e pro-dutiva , que mapeou a indústriafarmoquímica nacional em duas oca-siões: 2004-2007 e 2011-2013. Parase ter uma ideia da dimensão dodesafio, os autores constataram queo Brasil, à época, tinha apenas 36indústrias farmoquímicas, sendo quenenhuma produzia o IFA para anti-bióticos, cenário este que persiste.

“Caso haja qualquer intercorrên-cia internacional que impeça os prin-cípios ativos destes medicamentoschegarem ao Brasil, o país correrá o

risco de ficar sem antibióticos”, aler-tou o diretor de Farmanguinhos, Hay-ne Felipe. Segundo ele, dentro dacadeia produtiva, a fabricação de IFAé a etapa mais importante.

“Apesar de atualmente termosuma indústria farmacêutica bem desen-volvida no país, somos extremamentedependentes de importação de princí-pios ativos. Vivemos, hoje, com a faltade antibióticos no Brasil, principalmen-te da benzilpenicilina. Se os fabrican-tes optarem por não produzirem mais,ou aumentarem muito o preço, isso criabarreiras muito sérias”, observou. “Osistema de saúde está com dificulda-des para enfrentar a sífilis congênita,exatamente por não termos mais a pro-dução do antibiótico. Por isso, é muitoimportante trabalharmos na construçãodesse projeto”, concluiu o diretor.

Especialistas afirmam que o ce-nário é adverso, principalmente por-que a saúde pública brasileira vemsendo estrangulada há, pelo menos,20 anos. Ainda na década de 1990,

por exemplo, a política industrialequivocada enfraqueceu o setor far-moquímico nacional e levou o Brasilà dependência de matéria-prima im-portada. Neste sentido, Haynesalientou a importância de se tercomo objetivo o desenvolvimento deinovações radicais e incrementais. Econtribuir na formação de recursoshumanos. “Para isso, nada melhordo que um parque tecnológico numcampus universitário para nos ajudarnesse projeto”, avaliou.

O diretor explicou ainda que o Cen-tro será um polo inicial de desenvolvi-mento e de formação de recursoshumanos para que a indústria farmo-química brasileira retome seu caminho,principalmente com a experiência dasParcerias de Desenvolvimento Produti-vo (PDP). “Nossa expectativa é de que,com o esforço de construção do Cen-tro, continuemos ajudando a implan-tação de uma política industrialbrasileira, principalmente na área far-moquímica”, assinalou.

O diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe, o reitor da UFRJ, Roberto Leher, e o entãopresidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, no lançamento do projeto (Foto Peter Ilicciev)

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Assim como Hayne Felipe, o entãopresidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, re-forçou, no lançamento do projeto, a im-portância da participação decisiva dainstituição nas políticas de saúde pública.“O SUS será um ideário sem base se nósnão tivermos a capacidade de pesquisa deinovação de base produtiva nacional”,observou. Segundo Gadelha, a partir dosúltimos 15 anos a saúde assumiu um pa-pel significativo no processo de estímulo àinovação e à base produtiva nacional.“Quando pegamos um elemento desseprocesso, que é a parte de síntese quími-ca, fundamental para se obter o conheci-mento, para que detenhamos a tecnologiae, num momento de crise, o setor públicopossa entrar para fazer a produção dire-ta”, explicou.

Investir emconhecimento

Ex-secretário de Ciência, Tecnologiae Insumos Estratégicos do Ministério daSaúde, o pesquisador da Escola Nacionalde Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) Carlos Gadelha afirmou que a in-dústria farmoquímica é uma questão em-blemática no Brasil. “Não pode um paíscom mais de 200 milhões de pessoasdepender da oferta internacional de fár-macos”, criticou. Especialista em políticaindustrial especificamente para a saúdepública, Gadelha acreditou que a parceriaentre Fundação e a UFRJ vem em ótimahora. “Porque poderá avançar em váriasáreas, agregando conhecimento técnico-científico, e reafirmando a política indus-trial brasileira. A Fiocruz tem que entrarno núcleo do conhecimento estratégicode ciência e tecnologia. Sem esse conhe-cimento, o SUS não é viável”, enfatizou.

Segundo o pesquisador, o Brasil gastahoje cerca de U$ 8 bilhões com produtospara a saúde. Desses, 75% somente comfármacos e medicamentos. “Investir noComplexo Econômico e Industrial da Saúde(Ceis) é crucial para fortalecer a área deprodução e inovação em saúde, sem a qualo Sistema Único de Saúde fica vulnerável.Essa, portanto, é mais uma estratégia quevisa dar sustentabilidade ao SUS. Se nãobuscar a inovação, ou seja, não tiver co-nhecimento, não conseguirá oferecer aces-

Estruturae atuação

A concepção do Centro de Referên-cia Nacional em Farmoquímica prevê umaestrutura de pesquisa e desenvolvimentode moléculas farmacêuticas ativas. Apóso desenvolvimento das substâncias emescala-piloto, os resultados ficarão à dis-posição para transferência de tecnologiapara as indústrias farmoquímicas. Casohaja interesse, estes laboratórios produzi-rão o IFA em escala industrial.

A grande novidade do projeto é a cons-trução de uma planta-piloto acoplada aoslaboratórios de pesquisa, área necessáriaao aumento de escala do produto. As pró-ximas etapas serão a elaboração do proje-to executivo, em 2017. Isto pronto, aconstrução do edifício deve começar em2018. Por fim, ele será equipado com aestrutura tecnológica necessária. A previ-são é de que em 2019 comecem as ati-vidades do Centro, reafirmando ocompromisso da unidade com o SUS.

so da população aos serviços de saúde, oque, aliás, é um direito garantido pelaconstituição”, apontou.

Esforçose desafios

Neste cenário desafiador, o reitorda UFRJ, Roberto Leher, ressaltou a im-portância da iniciativa conjunta. “Con-cretiza um desejo das duas instituiçõesem somar esforços em defesa da cons-trução de bases tecnológicas e científi-cas para que o país possa ter maiorinfraestrutura e autonomia na produ-ção de fármacos de diversos tipos”.

Leher avaliou que a ideia é expandiressa relação para uma cooperação aca-dêmica, como uma pós-graduação empesquisa. “Compartilhamento de espaçosde pesquisa de modo que as duas institui-ções possam alterar o tamanho da basecientífica e desenvolvimento em defesados interesses maiores da sociedade bra-sileira, particularmente em pesquisa e de-senvolvimento na área da biotecnologiae da química de fármacos. Queremos de-senvolver a produção de biofármacos, quetambém é algo que entendemos ser muitoestratégico para o Sistema Único de Saú-de”, concluiu o reitor.

De acordo com o trabalho realiza-do pela equipe liderada por Bermudez,as principais classes terapêuticas de IFAproduzidos no Brasil atualmente sãoanalgésicos, anestésicos, ansiolíticos/relaxantes musculares, antidepressivos/antimaníacos, antivirais, antibacterianose anti-helmínticos. O relatório sugereque é preciso expandir a produção deIFA de oncológicos, bem como ampliara fabricação de fármacos para SistemaNervoso Central (SNC), sistema cardio-vascular e para doenças negligenciadas.

Segundo os autores, os dados pode-rão ser utilizados para subsidiar o Estadona implementação de políticas industri-ais que visem ao fortalecimento destesetor estratégico para a saúde pública.Algumas das iniciativas são a criação deParcerias de Desenvolvimento Produtivo(PDP), das quais Farmanguinhos vemparticipando ativamente, e a própriaconstrução do Centro de Referência Na-cional em Farmoquímica.

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Instituto de Tecnologia emFármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) concluiu, recente-mente, a produção dos pri-meiros cristais de Insulina

Humana Recombinante desenvolvidospela equipe do Laboratório de Bioprodu-tos, vinculado à Divisão de Biotecnologia.Com isso, a unidade passa a ter capaci-dade de reproduzir todas as etapas doprocesso de produção desse importantemedicamento para pacientes diabéticos.A fabricação do hormônio por pesquisa-dores da Fiocruz é fruto de uma parceriapara absorção da tecnologia entre o Insti-tuto e a empresa Indar, da Ucrânia.

Desde 2006, Farmanguinhos vem ne-gociando com a empresa daquele país doLeste Europeu. Em 2013, foi formalizadaa Parceria para Desenvolvimento de Pro-duto (PDP) entre as duas instituições. Du-rante esses anos de parceria, as etapas(quatro) foram realizadas separadamente.O chefe do Laboratório de Bioprodutos, Fa-bius Leineweber, explica que, até chegaraos cristais, foram feitos vários processos,desde a entrega das cepas da bactéria Es-cherichia coli, até a fermentação e apurificação do produto. “Nesta escala delaboratório foi usada uma fermentação detrês litros. Nosso próximo passo será reali-zar todas as etapas de produção em se-quência, processo que ainda não foi feito.Em seguida, pretendemos aumentar a es-cala para 30 litros de fermentação”, frisa.

O pesquisador estima que a quintafase, a reprodução completa de tudo oque foi aprendido, ou seja, de toda asequência, deverá ser executada no pri-meiro semestre deste ano. Neste ínte-rim, o Laboratório de Bioprodutos vemprestando serviços para outras unidadesda Fiocruz. Apesar de não ser uma plata-forma de serviços, Leineweber ressalta queé uma forma de colaborar, por meio daexpertise de Bioprodutos, com as demais

OAlexandre Matos

Primeiros cristaisESPECIAL

unidades da Fundação.Segundo a chefe da Divisão

de Biotecnologia, Bárbara Ferrei-ra, no Brasil são utilizados cerca de17 milhões de frascos de insulinapor ano, todos importados. “Oobjetivo é internalizar a tecnologiade produção deste medicamento,a fim de garantir o abastecimentodo Sistema Único de Saúde, bemcomo gerar economia e autono-mia ao país”, ressalta Bárbara. Elainforma que a previsão é de queem cinco anos a instituição inicie aprodução em escala industrial.

A produção nacional de insu-lina humana foi interrompida em2001. Desde então, o Brasil depen-de de importações. Atualmente,o país tem aproximadamente 14milhões de pessoas com diabetes.Mais de 1 milhão de pacientes ad-quirem insulina por meio da redepública de saúde. Neste sentido,além da assistência à populaçãodiabética, Bárbara destaca que anacionalização da tecnologia des-te importante hormônio porFarmanguinhos possibilitará au-tonomia ao Brasil na produçãoe distribuição do medicamento.

BiotecnologiaA Divisão de Biotecnologia é

constituída por uma equipe mul-tidisciplinar que vem trabalhandointensamente no processo de ab-sorção de tecnologia da InsulinaHumana Recombinante. O Labo-ratório de Bioprodutos está dire-tamente ligado à Divisão deBiotecnologia, que, por sua vez,está vinculada à Coordenação deDesenvolvimento Tecnológico deFarmanguinhos (CDT).

A fabricação nacional do hormônio por Farmanguinhospermitirá uma redução de custo do produto

A fabricação da Insulina Humana Recombinante pela Fiocruzé fruto de uma parceria para absorção da tecnologia com aempresa Indar, da Ucrânia (Foto Edson Silva)

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Depois do contato com as amostras, os cientistasobservaram o efeito de destruição e danificaçãodas célulasFoto: IOC/Fiocruz

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Instituto de Tecnologiaem Fármacos (Farman-guinhos/Fiocruz) tem bus-cado novas soluçõesterapêuticas para com-

bater antigos inimigos da saúde públi-ca. O grupo de Síntese de Fármacosda unidade, coordenado pela farma-cêutica Núbia Boechat, trabalha nodesenvolvimento de novas moléculashíbridas, isto é, contendo mais de umprincípio ativo em sua estrutura. Umdos estudos demonstrou efeitos promis-

OAlexandre Matos

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sores contra a malária e, recentemen-te, os resultados foram publicados naBioorganic & Medicinal Chemistry. De-vido à sua importância, o trabalho ga-nhou a capa do periódico científico.

Segundo Núbia, a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) preconiza ouso de mais de um fármaco para tra-tar doenças infectocontagiosas. Porém,tal como ocorre no tratamento de Aids,a administração de coquetéis dificultaa adesão do paciente à terapia, já queé preciso tomar muitos comprimidos.

“Por isto é que se tem investido nasformulações denominadas de Dose FixaCombinada (DFC). Isso diminui a pos-sibilidade de resistência do parasito aoscomponentes, uma vez que o medica-mento em DFC age em diferentesmecanismos de ação”, explica a pes-quisadora.

Apesar de ser considerado umavanço, o desenvolvimento de medi-camentos em DFC é complexo. “É pre-ciso usar dois fármacos numa únicaformulação, observando-se sempre a

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interação medicamentosa, bem comoa biodisponibilidade dos componentesao mesmo tempo. Em função disso, étambém uma tecnologia farmacêuticamais complicada”, ressalta.

Como alternativa a essas formula-ções, Núbia argumenta que o desen-volvimento de moléculas híbridas, quevêm sendo criadas pela equipe de Sín-tese de Fármacos, é uma evolução tec-nológica na indústria farmacêutica.“Em vez de pôr dois fármacos distintosem um único comprimido, as molécu-las já são criadas com os dois princípi-os ativos, que atuarão em mecanismosde ação diferentes, ou seja, atacarãodois alvos no organismo”, explica.

Em outro trabalho, após uma revi-são da literatura científica, o grupo daSíntese constatou que a atorvastatina,uma das mais utilizadas estatinas paracontrolar o colesterol, tem também afunção anti-inflamatória. A pesquisa-dora revela que a atorvastatina vemsendo testada como adjuvante no tra-tamento da malária cerebral, a formamais severa da doença, associada a

outros medicamentos antimaláricos.“A partir da descoberta criamos

moléculas híbridas com atorvastatina ealguns antimaláricos. O resultado foifantástico. Publicamos, então, um arti-go no primeiro semestre deste ano, naversão Letters, para garantirmos a des-coberta. Agora, estamos nos aprofun-dando nos estudos das moléculas paraalcançarmos mais resultados”, destaca.

Desde 2008 a área vem desenvol-vendo moléculas híbridas especifica-mente para o tratamento de malária.Atualmente, os pesquisadores da Sín-tese trabalham com quatro fármacospara malária (artesunato, cloroquina,mefloquina e primaquina), com osquais são feitas modificações em suasestruturas.

Outro trabalho também publicadona Bioorganic é Síntese de novos deri-vados quinolínicos com potencial ativi-dade contra Plasmodium falciparum.Neste caso, os pesquisadores de Far-manguinhos criaram moléculas híbridascom os princípios ativos sulfadoxina ecloroquina. “Os resultados têm sido

satisfatórios, apresentando menos efei-tos adversos”, ressalta Núbia, que co-ordena o grupo de pesquisa. Asinformações foram inseridas na Mala-ria Nexus, uma plataforma de conheci-mento online, que capta e disponibilizaa especialistas todos os melhores tra-balhos do mundo sobre esta doençanegligenciada.

Núbia informa que o estudo maisavançado contra a malária é o Mefas,sigla para o sal híbrido contendo artesu-nato (AS) e mefloquina (MQ). “A partirdo desenvolvimento do ASMQ (medica-mento em dose fixa combinada), fizemosuma molécula híbrida com os dois fár-macos, que chamamos de Mefas. Atu-almente o projeto está na fase debiodisponibilidade, na qual é avaliada asua farmacocinética. Dependendo do re-sultado, queremos fazer os ensaios clíni-cos, eliminando as etapas anteriores, umavez que ele é feito a partir de duas molé-culas que já têm a toxicologia conheci-da”, argumenta Núbia. Segundo ela, osal híbrido tem produzido menos efeitosadversos do que o medicamento em DFC.

O grupo de Síntese de Fármacos, coordenado pela farmacêuticaNúbia Boechat (à direita), trabalha no desenvolvimento de novasmoléculas híbridas, que contenham mais de um princípio ativo emsua estrutura (Foto Peter Ilicciev)

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m dezembro de 2015teve início uma epide-mia de febre amarelanos arredores de Luan-da, capital e maior ci-

dade de Angola. Rapidamente seestendeu para as 18 províncias do país,que só naquele mês registrou 360 mor-tes em função da doença. Diante des-se quadro, e vendo o surto se alastrarpara países vizinhos como Repúbli-ca Democrática do Congo (RDC) –que registrou quase 100 mortes – eUganda, a Organização Mundial daSaúde (OMS) iniciou em fevereiro de2016 uma grande mobilização contraa epidemia. Contando com a ajudaemergencial de laboratórios produtoresda vacina febre amarela, começouuma campanha de imunização nospaíses africanos. O Instituto deTecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) foi um doslaboratórios acionados.

No início de maio, representan-

Rodrigo Costa Pereira

ESPECIAL

tes da OMS e da Path, ONG que atuaglobalmente na área da saúde, visi-taram o Instituto para discutir melho-rias nos processos de fabricação davacina e para estudar a possibilidadede fornecer mais doses. “Eles con-sultaram os países produtores e pedi-ram o maior número possível dedoses”, informa a gerente do Depar-tamento de Relações com o Merca-do, Denise Lobo.

Esse quantitativo ajudou a imu-nizar, segundo a OMS, mais de 13milhões de angolanos. “A reduçãodos casos é devido à vacinação e atodos os esforços que têm sido fei-tos para a resposta à epidemia, debuscar que os casos sejam reduzidos.Conseguimos vacinar pelo menos13,3 milhões de pessoas. O país tema intenção de vacinar toda a popu-lação a partir dos seis meses de ida-de. No total, serão 25 milhões depessoas”, ressalta o representante daOMS em Angola, Hernando Agude-

lo Agudelo.Para cumprir essa meta, a OMS

continua contando com Bio-Mangui-nhos e os outros laboratórios. Nos úl-timos meses, o Instituto tem contado– e muito – com as equipes envolvi-das na produção da vacina. Essas áreastêm mostrado um nível de comprome-timento bastante elevado e fazendodas competências que vêm sendotrabalhadas na unidade bases paraa superação.

No Laboratório de Febre Amarela(Lafam), onde é produzido o ingredi-ente farmacêutico ativo (IFA), principalcomponente da formulação da vacina,o ritmo de trabalho aumentou e umesforço extra tem sido necessário porparte dos seus 39 colaboradores. “Pre-cisamos descongelar o vírus para en-tregar à Divisão de Formulação (Difor)e com o aumento da demanda lá, háum reflexo natural para nós. Estamosfazendo um esforço a mais realmen-te”, afirma Caroline Moura Ramirez,

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gerente do Lafam. Por outro lado, elaconta que essa situação emergencialfoi uma oportunidade. As pessoas es-tão tendo a real dimensão do seu tra-balho para a saúde pública. “Foi umaquestão motivacional também. Mostreipara as equipes a importância do nos-so trabalho e o comprometimento ne-cessário para cumprir a missão tem sidomostrado”, disse.

Trabalhar com planejamento tam-bém foi importante para o Lafam, quemantém um estoque estratégico deIFA. No entanto, a produção neste pe-ríodo tem escoado muito rápido, o queexige manter o estoque alto e “de pre-ferência, trabalhando para aumentá-lo”, segundo Caroline.

A Difor também se preparou apósser informada pela Diretoria da emer-gência na África. “Quando os alertasforam dados pela OMS houve umareunião de alinhamento para sabercomo faríamos para atender à neces-sidade. A direção pediu às áreas res-ponsáveis para avaliar o impacto nasnossas atividades. Organizamos umplanejamento de insumos e temos fei-to tudo o que está a nosso alcance”,afirma a chefe da Divisão, DanieleAlves de Oliveira.

Para ela, foi importante consci-entizar as equipes de que o foco é oatendimento à emergência do surtoe, se necessário, com pessoas naprodução – em sistema de escala –de segunda-feira a domingo.“Estamos trabalhando na capacidademáxima das nossas instalações. Oque entra na produção tem que sairo mais rápido possível para atenderàs entregas necessárias”. Isso incluia parte de documentação e contro-le da qualidade, que têm exigidotanto ou mais que a produção. “Adocumentação muitas vezes demoramais que o processo produtivo emsi. O Instituto Nacional de Controlede Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) tem dado celeridade paraagilizar as liberações e precisamosestar al inhados para não haveratrasos”, explica Daniele.

Na área que testa a potência davacina febre amarela o ritmo tambémanda acelerado. Os funcionários da

Seção de Potência (Sepot), parte doLaboratório de Controle Microbioló-gico, apesar de trabalharem tambémcom as vacinas tríplice viral, polio-miel i te e rotav í rus, têm comoprioridade no momento a de febre amarela.“A entrega desses lotes é essencial. Todosestão muito comprometidos, sabem aimportância do nosso trabalho, que égarantir, à pessoa que recebe a vaci-na, a imunização. Há uma preocu-pação em dar o melhor sempre”, diza chefe da Sepot, Carina de Lima dos

Santos, que trabalha em estreita re-lação com a equipe da Seção de Con-trole de Banco de Células (SBCEL),que produz as células com as quaiseles trabalham, e cuja demandatambém aumentou no período.

Outros setores também estão en-volvidos e são parte fundamental parareverter o quadro epidemiológico naÁfrica. O compromisso de cada cola-borador com a produção e entrega dasvacinas resulta na preservação da vidade milhares de seres humanos.

O compromisso de Bio-Manguinhos com a produção e entregadas vacinas resulta na preservação da vida de milhares de sereshumanos (Foto Bernardo Portella)

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