ESPECIAL MISERICÓRDIA - OBRA DA FIGUEIRA ESTÃO ...A Misericórdia – Obra da Figuei - ra surge de...

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COMEMORAÇÃO A MISERICÓRDIA - OBRA DA FIGUEIRA, INSTITUIÇÃO COM IMPORTANTE OBRA NO MUNICÍPIO, ASSINALA O SANTO ANTÓNIO COM DIVERSAS INICIATIVAS, ENTRE AS QUAIS UM CONCERTO DE QUIM BARREIROS, A 12 DE JUNHO ESPECIAL MISERICÓRDIA - OBRA DA FIGUEIRA ESTÃO AÍ AS FESTAS EM HONRA DE SANTO ANTÓNIO Não pode ser vendido separadamente EDIÇÃO 8 DE JUNHO DE 2017 | QUINTA-FEIRA

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COMEMORAÇÃO A MISERICÓRDIA - OBRA DA FIGUEIRA, INSTITUIÇÃO COM IMPORTANTE OBRA NO MUNICÍPIO, ASSINALA O SANTO ANTÓNIO COM DIVERSAS INICIATIVAS, ENTRE AS QUAIS UM CONCERTO DE QUIM BARREIROS, A 12 DE JUNHO

ESPECIAL MISERICÓRDIA - OBRA DA FIGUEIRA

ESTÃO AÍ AS FESTAS EMHONRA DE SANTO ANTÓNIO

Não pode ser vendido separadamente EDIÇÃO 8 DE JUNHO DE 2017 | QUINTA-FEIRA

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ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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A Misericórdia – Obra da Figuei -ra surge de «um espírito ino-vador» que permitiu que, em1976, a Santa Casa da Miseri-córdia e a Obra da Figueira(fundada em 1904) se consti-

tuíssem numa só instituição,passando a ter essa designação,sendo uma instituição parti-cular de solidariedade socialque continua a prestar um fortee importante serviço público,

no apoio social.Tem em funcionamento os la-

res de Santo António, Silva Soa-res e Costa Ramos, mas possuiigualmente as valências deapoio domiciliário, centros de

dia e de noite para seniores ecreche e jardim-de-infância. Nassuas instalações, são de destacaro auditório “Afonso Ernestode Barros”, o recinto polivalente“José Sotto Mayor” e uma sala

de formação, equipada como mais actualizado material au-diovisual e informático.

A instituição é proprietária daIgreja de Santo António, clas-sificada como imóvel de inte-resse público, totalmente res-taurada em 1984 e que recen-temente foi objecto de novase importantes obras de con-servação.

Mas recuando no tempo, aentão Santa Casa da Miseri-córdia instalou-se, logo no inícioda sua criação (1839), no antigoConvento de Santo António,fundado em 1527 e encerradoem 1834 na sequência do de-creto da extinção das OrdensReligiosas. «Foi a primeira nodistrito (e talvez no país) a nas-cer por iniciativa laica, sendotambém das pouquíssimas que,inicialmente, tutelou um hos-pital», escreve Quaresma Ven-tura na sua obra sobre a Mise-ricórdia -Obra da Figueira.

Ainda segundo o mesmo au-tor, o seu pioneirismo mani-festou-se também no apoio àcriança com a construção (ini-ciada em 1911), do jardim-escolaJoão de Deus, o segundo a sercriado em Portugal.

Séculos antes, em 1580, oconvento não escapou aos rou-bos e atropelos das tropas deFilipe II de Espanha e em 1602,de novo a fúria guerreira que-brou a sereni dade franciscanados seus claustros. Aí, com aintervenção da tropa inglesaem luta contra a coroa unidade Espanha e Por tugal. De-

sembarcados em Buarcos emvárias naus, saquearam as po-voações e fizeram do conventopoiso e fortaleza durante umasemana. Durante muitos anos,funcionou no convento umaescola, dirigida pelos frades,onde se instruíram várias ge-rações de figuei renses, entreos quais Manuel FernandesTomás. Todavia, com a extinçãodas Ordens Religiosas, entrouem decadência, vindo a seradaptado a hospital, pela Mi-sericórdia local (fundada em1839), depois de impor tantesobras que se prolongaram até1886 e que lhe alteraram total-mente a traça primitiva.

O hospital era consideradoà época como uma das priori-dades da Câmara Municipalapós a restauração do libera-lismo, já que existia, «no campoassistencial», um «considerávelatraso, mesmo em relação apovoações vizinhas», escreveQuaresma Ventura.

Ao ficar de posse deste rele-vante património histórico, cul-tural e espiritual, a Misericórdiaherdou, então, o conjunto ar-quitectónico da ordem Terceira– Igreja de Santo António (ouda Misericórdia) – Hospital an-tigo e um valioso espólio depinturas, imagens e alfaias. Em1982 foi, por sua vez, o velhohospital adaptado a lar da ter-ceira idade, o actual Lar deSan to António, conservandodaquele apenas a fachada prin-cipal, neo-clássica, própria doséculo passado.

“ESPÍRITO INOVADOR” NAGÉNESE DA MISERICÓRDIAMUTAÇÕES De convento franciscano a hospital da Misericórdia e a escola, espaço é hoje um dos mais importantes equipamentos do concelho, preservando o espírito social, de fé, de cultura e solidariedade

O conjunto da igreja e do convento, agora convertido em lar para seniores

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ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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Corriam os anos de 1500quan do António Fernandes deQuadros, senhor de Tavarede,cavaleiro da Ordem de Cristo,financiou a construção de umconvento no lugar altaneiro«das terras onde as águas doMondego se sepultam no vas -to Oceano» - como escreveuSantos Rocha -, elegendo co -mo patrono Santo António.

Entregue o convento aos ir-mãos de S. Francisco de Assis,viria a ter como primeiro prior,frei António de Buarcos, abrin -do assim, uma trilogia no mí-nimo surpreendente: três An-tónios (António FernandesQua dros, frei António de Buar-cos e Santo António).

Construído o edifício do lugaronde se via o estuário do rio e aimensidão das águas do mar,começou toda a comunidadehumana a povoar do conventoao rio, as terras que formavamuma airosa cascata sobre arecta final do Mondego, hojedesignada como zona do Vale.(Aí se instalaram todo o tipo deartífices - latoeiros, pedreiros,pintores, costureiras, sapateirose muitas outras profissões).

Concluída a obra na parte al-taneira da Figueira da Foz, che-gou a primeira comunidade defrades franciscanos, cuja regrade vida foi interpelando as gen-tes do burgo humano. Os frades

rezavam, trabalhavam, na cercado convento que era grande, vi-viam pobremente, numa casaque, inclusivamente, tinha umaestrutura profundamente hu-milde. Tamanha foi esta inter-

pelação, que um viúvo figuei-rense, cujos filhos já se

encontravam emple no exercício dassuas vocações, de-cidiu construiruma cabana aolado do convento

e mudar-se para lá,em final do século

XVIII. Pediu autoriza-ção para participar da vida

orante dos frades e foi-lhe con-cedida. De tal forma feliz comesta experiência de vida, con-seguiu levar consigo outrosamigos e conhecidos que se ha-bituaram a ir às horas devidasrezar com os frades do con-vento.

Foi esta experiência de vidaque deu origem à capela da Or-dem Terceira de S. Francisco,lugar de oração e de reuniãode leigos apaixonados pelo es-tilo de vida de Francisco de As-sis que, não tendo casa parahabitar, daria como ainda hojese pode ver, lugar a um belís-simo templo, contíguo ao doconvento, marca da devoçãonão do monge, mas do leigo,no espírito franciscano, ondese abrem três vertentes: Or-dem Primeira (para os frades),Ordem Segunda (para as frei-ras – clarissas e outras ver-tente), Ordem Terceira parahomens e mulheres, numaideia altamente inovadora paraa época.

ESPÍRITO FRANCISCANO“INSPIRA” LEIGOS FÉ E HUMILDADE Três Antónios estiveram na base da edificação do convento. Uma obraque impulsionou a vida da zona baixa da cidade e contribuiu para cimentar a fé

Igreja e convento “dominavam” na parte altaneira da Figueira

Santo Antónioviu São João“sobrepôs-se” Já foi o «fórum espiritual» daentão Vila da Figueira e o lo-cal onde «as autoridades, anobreza e o povo se reuniamanualmente, para celebrar acidadania». Santo António foipadroeiro da Figueira (até à al-tura da extinção das OrdensReligiosas em 1834), enquantoSão Julião era o padroeiro daparóquia. Mas com o encerra-mento do Convento, as festasde Santo António ficaram semlocal e sem os frades, aca-bando por “vencer” S. João,como orago das festas da ci-dade e do feriado municipal(com a animação de rua, o ba-nho santo, as marchas), mas,durante muitos anos, semimagem (a que existe data de1901), sem procissão e semmissa, mas que foram cres-cendo, “na sua raiz peculiar,popular e profana”.

Quim Barreirosvai reinar A Misericórdia continua a rea-lizar as festas de Santo Antó-nio. Durante o dia de hoje (das10h00 às 17h00) na recepçãodo Largo Silva Soares, com aentrega de senhas para a dis-tribuição simbólica de milpães e mil cravos, sendo quecada pessoa terá direito a umasenha para pão e outra paracravo. Dia 12, no Pátio de SantoAntónio, há arraial, a partir das20h00 com música para dan-çar com “Miguel Agostinho” eàs 22h30, a actuação de QuimBarreiros. Paralelamente, noátrio da igreja, estará patenteuma exposição de trabalhosda creche e jardim-de-infânciae haverá venda de livros dainstituição. No dia 13, às 15h30,há missa com o grupo coral deBuarcos, seguida da bênção edistribuição simbólica dospães e cravos.

Na Figueira foi sempre assi-nalada com particular devo-ção a festa em honra deSanto António, uma tradi-ção que a Santa Casa da Mi-sericórdia, ao herdar o con-vento, manteve até aos diasde hoje, com direito a tre-zena (13 dias de oração), acelebração de missa solene(numa visita ao santo «no

seu altar chamejante de cra-vos rubros, numa igreja fes-tivamente engalanada),constituindo uma «roma-gem de emoção sincera, re-passada de memórias e de-voções antigas», como es-creveria António dos SantosSilva, e a oferta de cravos nocolorido das suas tonalida-des, como flor ligada a toda

e qualquer manifestação fol-clórica de rua. Cravos queeram (e continuam a ser)abençoados, tal como o pãoque, comprado em dia deSanto António e abençoadopela igreja sob o olhar dosanto, lhes deixaria a espe-rança (e ainda deixa) que,em casa nunca falte o pãoao longo de todo o ano.

Orações, missa e pães e cravos abençoados para os fiéis

Hoje decorre a entrega de senhas para a distribuição simbólica de milpães e mil cravos

Na Figueira foi sempre assinaladacom particular devoção a festa em honra de Santo António

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ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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Com mais de 80 anos devida, Joaquim de Sousa é o fi-gueirense que, presente-mente, melhor conhece a Fi-gueira da Foz e a sua história.Amado por uns, odiado poroutros, é uma personalidadeque, por onde passa deixaobra e os exemplos manifes-tados pela cidade são diver-sos.

Controverso pela sua fron-talidade, é inquestionável nosobjectivos que defende,pondo sempre os interessesda Figueira acima de tudo.

Todos reconhecem neleum gestor de excelência,quer na Secretaria de Estadodo Desporto ou na CâmaraMunicipal da Figueira da Foz.Na Fundação Bissaya Barretoou na Junta Autónoma do

Porto. Na administração doHospital de Lorvão ou noCentro Regional de Segu-rança Social. Na AssembleiaFigueirense ou no GinásioClube Figueirense, e tantosoutros lugares por onde tempassado até à sua chegada aSanta Casa da Misericórdia -Obra da Figueira.

Provedor desde 2000, asgrandes linhas de orientaçãoque traçou para esta institui-ção estão bem definidas naaposta da modernidade ebem-estar dos utentes, man-tendo sempre um grande ri-gor e transparência na gestãofinanceira, apresentando-seum homem tranquilo e comprojectos novos que, comoele sempre vai dizendo, «separa tal tiver vida e saúde».

MISERICÓRDIAOBRA DAFIGUEIRA:INSTITUIÇÃO DESOLIDARIEDADECOM QUALIDADE

ENTREVISTA Joaquim de Sousa, provedor da Misericórdiahá 17 anos, fala do passado, presente e futuro da instituição,e não se mostra preocupado com a sua sucessão, pois jáhá gente de muito valor nos órgãos sociais

É difícil compatibili-zar o equilíbrio orçamental com ascarências financei-ras das pessoas

Gostaria de prosseguir a recuperação da Casa dos Pescadores de Buarcos 1

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ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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Diário mde Coimbra - A Mi-sericórdia é uma mais-valiapara a Figueira da Foz e re-gião?Joaquim de Sousa - Tem-nosido ao longo de toda a suahistória, quer antes da nacio-nalização do hospital, querapós a integração com a Obrada Figueira, uma decisão acer-tada que à época (1976) direc-cionou a sua finalidade prin-cipal da saúde para a solida-riedade social.

Gerir uma instituição comesta grandeza não é umapreocupação?É uma preocupação apenas namedida em que exige de nós edo nosso pessoal uma atençãoe cuidado permanente com obem estar das 580 pessoas queapoiamos directamente, dasquais 181 são residentes nas

instalações da instituição.

Qual a maior dificuldade?A maior dificuldade é compa-tibilizar o indispensável equi-líbrio orçamental com a ne-cessidade de suprir as carên-cias financeiras de muitas pes-soas e famílias sem quaisquerpossibilidades de suportaremo montante mínimo de com-participação definido pelo Es-tado.A título de exemplo, refiro queno ano de 2016 incorporámos,em média, no custo de cadautente, o valor de 1.410 eurosproveniente de fundos pró-prios da Misericórdia.Mas cumpre-se assim a nossamissão e a razão de ser da ins-tituição.

A Misericórdia é reconhe-cida pelos figueirenses e en-

tidades locais?Pelos figueirenses, em geral,não tenho qualquer dúvidaque sim, e disso recebemosfrequentes testemunhos.Quanto às entidades locaistêm-nos dispensado sempre amelhor colaboração, emboracom uma ou outra excepçãoque confirma a regra…

Quais foram as prioridadesdos seus mandatos?Focámo-nos sobretudo na ac-tualização dos métodos e pro-cessos de funcionamento dainstituição e na reabilitação,que foi praticamente total, dassuas instalações e equipamen-tos.Desde 1999, investimos um to-tal de cerca de quatro milhõese 900 mil euros, sendo que du-rante o mesmo período o de-sinvestimento em património,

para suporte dessa moderni-zação, foi de aproximadamen -te quatro milhões de euros. Emtermos de gestão julgo difícilfazer melhor.

O que gostaria ainda de con-cretizar neste mandato?Gostaria de prosseguir a recu-peração da Casa dos Pescado-res de Buarcos mas isso de-pende da abertura de candi-daturas no âmbito do QuadroComunitário “Portugal 2020”.Estamos à espera há 3 anos!

Já pensou na sucessão?Claro que sim e no mandatoem curso pude incluir na com-posição da Mesa Administra-tiva gente bastante mais jo-vem, com excelentes qualifi-cações e provas dadas, que avai certamente assegurar damelhor forma.

q Joaquim deSousa é provedorda MisericórdiaObra da Figueiradesde 2000

r Um pormenorde uma das partesinterioresrecuperadasna antiga Matada Misericórdia

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Quemé o provedor

Joaquim Manuel Barrosde Sousa, nasceu emCoimbra a 22 de Outubrode 1936, mas sempre resi-diu na Figueira da Foz.Depois da escolaridadena Figueira da Foz, licen-ciou-se em Ciências Ma-temáticas na Universi-dade de Coimbra, na dé-cada de 60. Fez parte dealguns movimentos polí-ticos, foi deputado à As-sembleia da República(entre 76-79); secretáriode Estado da Juventude eDesporto (76-78) e presi-dente da CMFF (1979-82)Foi sempre uma pessoamuito activa e recuandoà sua juventude, foi atletade hóquei em patins, bas-quetebol, natação, nada-dor salvador amador edesempenhou diversoscargos directivos no Gi-násio Clube Figueirense,onde ainda é o Presidenteda Assembleia Geral.Em Coimbra, foi diri-gente da AssociaçãoAcadémica de Coimbrae durante mais de duasdécadas presidente daassembleia geral da Fe-deração Portuguesa deRemo, tendo sido aolongo da sua vida reco-nhecido e homenageadopelas diversas funçõesque desempenhou, no-meadamente pelo Insti-tuto de Socorros a Náu-fragos (1967) e SportsAmbassador from deU.S. People to PeopleComitee (1977). É co-mendador da Ordem doInfante D. Henrique(1983) e Sócio Honorárioe de Mérito de váriasinstituições da Figueirada Foz, Coimbra, Porto eLisboa.

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Foi fundamental para a insta-lação do convento da congre-gação franciscana, a abundân-cia de água na que era conhe-cida como a “zona do pinhal”.A existência desses recursos hí-dricos é confirmada pelo fon-tanário de Santo António, cujaconstrução inicial remonta aoséculo XVIII.

Depois da construção doCampo da Mata (século XX), a

nascente ainda serviu de apoioaos atletas que frequentavamo recinto desportivo.

Mas a importância desta fon -te não ficava por aqui e em Ja-neiro de 1988, a descoberta dealguns vestígios arqueológicosajudam a revelar mais porme-nores. Quando a então firmaGodinho & Filhos, na Rua daClemência, fazia obras de re-cuperação no seu espaço co-

mercial, puseram a descobertocanalizações que se presumeserem do século XVIII.

Com cerca de dois metros dealtura e mais de um de largura,este túnel, construído em pe-dra, apresenta a particulari-dade de servir no leito centralpara escoamento de água deum ribeiro e de, lateralmente,comportar uma conduta paraágua potável, até à zona ribei-

rinha da cidade.A direcção desta canalização

faz supor que ela desça daMata da Misericórdia em di-recção à Praça Nova.

Na época, esta descobertamereceu a devida atenção dasautoridades e especialistas fi-gueirenses em História e Arte,tanto pelo seu valor como ain -da pelo facto de não ser refe-rida nos estudos mais comple-

FONTEDE SANTOANTÓNIODEU DE BEBERÀ FIGUEIRADA FOZ

HISTÓRIA Com cerca de dois metros de altura e mais de um de largura, soube-se mais deste túnel, construído em pedra, com a descoberta de alguns vestígios arqueológicos em 1988 durante as obras num espaço comercial na Rua da Clemência

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ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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Crechee Jardimde infânciaAbriu ao público no dia 1 deSetembro de 2008, com ca-pacidade para 140 criançasdos 0 aos 5 anos de idade.Neste momento a creche éocupada por 74 crianças e oJardim de Infância por 72.

Funciona no recém-cons-truído edifício António Bis-caia, em instalações amplas,equipadas com muito bomgosto e de acordo com asregras em vigor.

A obra orçou em 813.850euros e é presentementeuma realidade bastanteconcreta e de referência,que foi inaugurada numacerimónia presidida pelaantiga primeira dama, Ma-ria Cavaco Silva.

Lar CostaRamos apoiaa infânciae juventudeInaugurado em 1987, des-tina-se a acolher 40 crian-ças e jovens do sexo femi-nino, provenientes de famí-lias carenciadas, contandoneste momento com 31 jo-vens. Orçou em cerca 150mil euros, e é uma obra degrande alcance social, deapoio à infância e juven-tude, por onde têm passadoinúmeros jovens, na suamaioria com excelenteaproveitamento escolar, quetêm merecido algumas bol-sas de estudo, nomeada-mente do Rotary Clube daFigueira da Foz, que reco-nhece o excelente trabalhoaqui desenvolvido.

A direcção desta canalização faz suporque ela desça da Mata da Misericórdia em direcção à Praça Nova

Construção inicial do fontanário de Santo António remonta ao século X

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tos sobre o passado da Figueirada Foz.

Sabe-se que as praças maisantigas da Figueira da Foz(Praça Nova, Praça Velha e oJardim Municipal), eram no sé-culo XVIII praias onde o marentrava e onde ancoravam (eeram construídas) embarca-ções. A referida canalização (tú-nel), dirigia-se para a PraçaNova (antiga Praia da Rebo-

leira), facto que faz supor quedesembocaria numa cisterna,que serviria para abasteci-mento dos barcos e de casaslocalizadas nas imediações.

Este túnel poderá tambémser o resultado do encanamen -to do ribeiro que vinha dos cer-rados então existentes lá paraos lados da mata do Conventode Santo António.

Certezas apenas existem no

que diz respeito à existência daspraças (antigas praias) e que foia partir delas, na direcção doConvento de Santo António(caminho para Tavarede ou ca-minho do meio) que a Figueirada Foz se expandiu no séculoXVIII.

Portanto, a obra de engenha-ria posta a descoberto pode serconsequência desta expansãodemográfica.

QUINTA-FEIRA | 8 JUN 2017 | VII

ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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Edições da MisericórdiaObra da Figueira

Desde 2004 que a Miseri-córdia Obra da Figueiratem promovido um con-junto de publicações edita-das pela Instituição, abran-gendo diversos aspectosdo passado e presente, al-gumas delas retratando ahistória de 175 anos destaCasa.

1 - A MISERICÓRDIADA FIGUEIRAE O SEU HOSPITALjosé Pinto dos Reis- Junho 2004

2 - A OBRA DA FIGUEIRA- UMA CONSCIÊNCIADE CIDADANIAAntónio dos Santose Silva- Outubro 2004

3 - O CONVENTO DESANTO ANTÓNIOAntónio dos Santose Silva- Outubro 2004

4 - REGULAMENTOS EPROTOCOLOSMisericórdia- Obra da Figueira- Novembro 2005

5 - ESTADO NUTRICIONALDOS IDOSOS

Ana Furtado Faria- Março 2006 (Esgotado)

6 - CERQUEIRA DA ROCHA -O ADVOGADOE O CIDADÃOIn memoriam- Junho 2007

7 - CÓDIGO DE BOASPRÁTICAS DE HIGIENEAda Rocha- Novembro 2008

8 - SANTO ANTÓNIOAntónio dos Santose Silva- Junho 2012

9 - AFONSO ERNESTODE BARROS- VISCONDE DA MARINHAGRANDEFernando EduardoGuerra Pina- 2015

10 - MISERICÓRDIA- OBRA DA FIGUEIRAEVOLUÇÃO HISTÓRICA,ORIGINALIDADE E MODERNIDADE Quaresma Ventura- 2015

11 - A MISERICÓRDIA- OBRA DA FIGUEIRANO ÁLBUM FIGUEIRENSEMisericórdia- Obra da Figueira - 2016

12 - REGULAMENTOSE PROTOCOLOS - 2ª Edição Misericórdia - Obrada Figueira - Janeiro 2017

13 – JOAQUIM GIL– UM HOMEM DE CAUSASMisericórdia– Obra da Figueira– Fevereiro 2017

Lar de SantoAntónio: umareferênciahistóricaO edifício do antigo Hospi-tal da Misericórdia, recon-vertido em Lar em 1982,acolhe 98 seniores e foi to-talmente recuperado entre2000 e 2012, com avultadosinvestimentos, de algunsmilhares de euros, que do-taram o edifício de boascondições para acolhercom dignidade e qualidadede serviços, todos os uten-tes e frequentadores desteespaço. Trata-se de um edi-fício nobre, que faz parte dahistória da cidade e quedeve merecer a simpatia detodos até pelo que repre-senta no bem-estar socialda Figueira da Foz.

Lar SilvaSoares: umainfraestruturamultidisciplinarInaugurado em 1991, acolhe52 seniores em quartos deduas camas ou individuais.No edifício deste lar situam-se o Auditório Afonso Er-nesto de Barros, para acçõesculturais e recreativas, com200 lugares e a sua utiliza-ção pode ser facultada a ou-tras entidades. Ainda no rés-do-chão, depois de algumasobras de ampliação, estáinstalada a Clínica PedroSantos e Filhos que dá apoiomédico a toda a Instituição,com protocolos extensivos aoutros parceiros e associa-dos. Na cave situam-se asinstalações de logística eaprovisionamento.

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Na sequência do plano de re-conversão da zona da antigaMata da Misericórdia, emexecução faseada desde há 17anos, está previstas dar conti-nuidade a outras obras, a últi-ma das quais inaugurada háum ano: a piscina e que foium enorme sucesso não sópara os jovens, mas tambémpara os menos jovens, e quejá está infraestruturada parapoder ser coberta e dar apoionoutras valências como a hi-dromassagem, etc.

Ao longo de quase duas dé-cadas, as zonas envolventesda antiga mata têm sido rel-vadas e ajardinadas, novosarruamentos, parques poli-desportivos e diversão infan-til e, mais recentemente,equipamentos de fitness es-palhados por todo o espaço.

Mas há uma outra “grande”obra que aguarda oportuni-dade, já com esboços de pro-jecto, fundamental para amodernização e funcionali-dade da instituição, que é oedifício para acolher os ser-viços administrativos (r/c),que inclui também aparta-mentos protegidos para se-niores (nos pisos superiores)e na cave ficará instalada aparte logística, tudo isto paraalém da revitalização daCasa dos Pescadores, emBuarcos, que se tiver apoioscomunitários, pode ter finali-dades de apoio social, saúdee lazer.

MELHORAMENTOS E NOVOSPROJECTOS NO HORIZONTE

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ESPECIAL MISERICÓRDIA DA FIGUEIRA DA FOZ

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Parque infantil e polidesportivoEsboço do edifício administrativo

Piscina inaugurada em 2016 Equipamentos de Fitness