ESPECIAL ORTOPEDIA TAC EM CARGA€¦ · Sabemos que as articulações dos mem-bros inferiores,...
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É, assim, fundamental que se consiga avaliar as articulações do membro inferior em carga, isto é, suportando o peso do corpo. Há anos que avaliamos os pés, tornozelos e joelhos com RX em carga, porque sabe- mos que é uma avaliação mais realista. No entanto, tanto a TAC como a RMN são realizadas convencionalmente, com o doente deitado, em descarga. Tem havido várias tentativas de “simular” a carga nes- tes exames, mas sem verdadeiro sucesso… até agora. A unidade de que sou diretor clínico adquiriu uma máquina de TAC em carga. Trata-se de uma máquina com tecnologia de ponta, muito recente, e que permite fazer uma TAC dos pés, tornozelos ou joe- lhos com o doente de pé sobre a articula- ção a estudar. É a primeira máquina deste tipo da Península Ibérica. Ao fazer uma TAC de uma destas arti- culações em carga, a perceção e avaliação são mais realistas e pormenorizadas. O exame é realizado com as articulações na posição fisiológica e com a carga a que estão normalmente sujeitas no seu funcio- namento normal do dia a dia. Isto faz com que seja possível detetar alterações que não são visíveis na TAC convencional. RAPIDEZ E MÍNIMA RADIAÇÃO Uma das questões que, por vezes, preo- cupa os doentes na realização de exames é a quantidade de radiação a que estarão expostos. É sabido que a TAC convencio- nal expõe o doente a uma quantidade de radiação bem maior do que o RX. Porém, esta máquina de TAC em carga possui uma tecnologia em que a emissão de radiação é reduzida. O doente ao fazer este exame está exposto a uma quantidade mínima de radiação, semelhante a um estudo com RX. A rapidez da aquisição deste aparelho de TAC em carga é também uma das suas grandes vantagens. Cerca de 20-25 segundos são suficientes para a realiza- ção do exame. Isto traduz-se num menor tempo de realização do exame, quando comparado com os aparelhos de TAC con- vencionais. APLICAÇÕES PRÁTICAS 4Artrose do tornozelo ou do pé Há várias patologias que podem benefi- ciar desta evolução. Uma delas é a artrose do tornozelo ou do pé. A artrose consiste no desgaste da articulação. As superfícies de contacto, recobertas de cartilagem, vão sofrendo alterações, levando a um contacto entre as duas superfícies ósseas envolvidas na articulação. A cartilagem não é inervada, mas o osso que a sustenta é extremamente sensível. É devido a esta grande inervação do osso que sustenta a cartilagem que, quando a artrose está presente, o doente pode sentir dor e des- conforto. Numa TAC convencional, como não há “peso” em cima da articulação, mesmo que já haja um grande desgaste da articulação, este pode não ser percetível. A TAC em carga vai mostrar com mais exatidão as zonas da articulação que se encontram mais deterioradas e expor a gravidade da artrose de uma forma que a TAC conven- cional não consegue. 4Instabilidade articular O tornozelo e o pé sofrem, muitas vezes, de instabilidade. Trata-se de uma patologia em que um ou mais ligamentos deixam de exercer corretamente a sua função de esta- bilização de uma articulação, começando a coexistir uma deformidade ou maior propensão para entorses. A instabilidade do tornozelo ou pé pode provocar dor constante e maior dificuldade em algumas situações de maior atividade. O diagnósti- co é feito pelo exame clínico e a TAC em carga pode confirmar a existência e gravi- dade dessa instabilidade. 4Hallux valgus O hallux valgus, patologia frequente mais conhecida por joanete, é uma doença em que há uma deformidade da região mais anterior do pé, com proeminência da zona medial na articulação do dedo grande (hallux). Embora seja muito frequente, é muitas vezes indolor. O seu tratamento passa pela cirurgia, atualmente com téc- nicas menos invasivas e com maior estabi- lidade. É na avaliação pré-operatória que a TAC em carga pode ajudar o cirurgião a melhor definir a deformidade e melhor planear a sua correção. As alterações ana- tómicas inerentes a esta doença são muito mais evidentes na TAC em carga. É, neste momento, um utensílio habitual na prepa- ração e avaliação dos nossos doentes que vão ser submetidos a cirurgia. 4Sequelas de fraturas ou cirurgias As sequelas de fraturas ou cirurgias do pé e tornozelo implicam, muitas vezes, a realização de exames a articulações que já foram operadas previamente, sendo que algumas delas têm material de osteossínte- se, tais como placas e parafusos. Ao utilizar menor radiação, este aparelho de TAC em carga permite visualizar melhor as articu- lações que têm material. O artefacto provo- cado pelo material que habitualmente difi- culta a visualização do TAC convencional é muito reduzido na TAC em carga. É, assim, o exame de eleição para as patologias em doentes que já foram operados. VANTAGENS ÓBVIAS Como conclusão, a utilização desta nova máquina de TAC em carga na patologia do pé e tornozelo, embora esteja a dar os primeiros passos, oferece já vantagens que não podem ser ignoradas. A sua utilização tem vantagens óbvias em patologias tão comum como o joanete, a artrose, a insta- bilidade e sequelas de fraturas e cirurgias. A informação cada vez maior do doente também implicará uma exigência por parte deste. Atualmente, é o próprio doente que nos procura no sentido de realizar este tipo de exame. O SER HUMANO é UMA MáQUI- NA COMPLEXA E AFINADA. A evolução permitiu uma adaptação perfeita de cada parte do corpo à função que desempenha. A função do esqueleto e de toda a componente osteoarticular é dar sustentação e funcionalidade ao orga- nismo, permitir movimento controlado e locomoção. Sabemos que as articulações dos mem- bros inferiores, contrariamente aos supe- riores, têm o papel de suportar o peso do corpo. Sendo assim, a sua anatomia e fisiologia está adaptada a essa função. Uma articulação do membro inferior tem um comportamento totalmente diferente quando está a suportar o peso do corpo (em carga) ou quando está suspensa (em descarga). PRIMEIRA NA PENÍNSULA IBÉRICA A medicina tem evoluído imenso nos últimos anos. Os exames complementares de diagnóstico permitem atualmente uma segurança na deteção de doenças muito superior, devido à inovação tecnológica que se tem verificado. Quando queremos estudar e avaliar arti- culações, é importante que os exames se consigam realizar da forma mais realista, ou seja, avaliar essas articulações nas con- dições a que elas estão sujeitas no dia a dia e não num ambiente “controlado”, mas pouco parecido com a realidade. A PRIMEIRA TAC EM CARGA DA PENÍNSULA IBÉRICA ACABA DE CHEGAR A PORTUGAL. TRATA-SE DE UM EQUIPAMENTO INOVADOR, QUE PERMITE O EXAME 3D AOS PÉS E TORNOZELOS, EM APENAS 25 SEGUNDOS, REVOLUCIONANDO O DIAGNÓSTICO NA ÁREA DA ORTOPEDIA. TAC EM CARGA de patologias do pé e tornozelo REVOLUçãO NO DIAGNóSTICO PELO DR. NUNO BRITO Médico-cirurgião do pé e tornozelo e diretor clínico do Trofa Saúde Hospital em Gaia A utilização desta nova máquina de TAC em carga na patologia do pé e tornozelo, embora esteja a dar os primeiros passos, oferece já vantagens que não podem ser ignoradas > NOVEMBRO 2018 < 2 [ ESPECIAL ORTOPEDIA ] > NOVEMBRO 2018 < 3
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É, assim, fundamental que se consiga avaliar as articulações do membro inferior em carga, isto é, suportando o peso do corpo.
Há anos que avaliamos os pés, tornozelos e joelhos com RX em carga, porque sabe-mos que é uma avaliação mais realista. No entanto, tanto a TAC como a RMN são realizadas convencionalmente, com o doente deitado, em descarga. Tem havido várias tentativas de “simular” a carga nes-tes exames, mas sem verdadeiro sucesso… até agora.
A unidade de que sou diretor clínico adquiriu uma máquina de TAC em carga. Trata-se de uma máquina com tecnologia de ponta, muito recente, e que permite fazer uma TAC dos pés, tornozelos ou joe-lhos com o doente de pé sobre a articula-ção a estudar. É a primeira máquina deste tipo da Península Ibérica.
Ao fazer uma TAC de uma destas arti-culações em carga, a perceção e avaliação são mais realistas e pormenorizadas. O exame é realizado com as articulações na posição fisiológica e com a carga a que estão normalmente sujeitas no seu funcio-namento normal do dia a dia. Isto faz com que seja possível detetar alterações que não são visíveis na TAC convencional.
RAPIDEZ E MÍNIMA RADIAÇÃO Uma das questões que, por vezes, preo-
cupa os doentes na realização de exames é a quantidade de radiação a que estarão expostos. É sabido que a TAC convencio-nal expõe o doente a uma quantidade de radiação bem maior do que o RX. Porém, esta máquina de TAC em carga possui uma tecnologia em que a emissão de radiação é reduzida. O doente ao fazer este exame
está exposto a uma quantidade mínima de radiação, semelhante a um estudo com RX.
A rapidez da aquisição deste aparelho de TAC em carga é também uma das suas grandes vantagens. Cerca de 20-25 segundos são suficientes para a realiza-ção do exame. Isto traduz-se num menor tempo de realização do exame, quando comparado com os aparelhos de TAC con-vencionais.
APLICAÇÕES PRÁTICAS
4Artrose do tornozelo ou do péHá várias patologias que podem benefi-
ciar desta evolução. Uma delas é a artrose do tornozelo ou do pé. A artrose consiste no desgaste da articulação. As superfícies de contacto, recobertas de cartilagem, vão sofrendo alterações, levando a um contacto entre as duas superfícies ósseas envolvidas na articulação. A cartilagem não é inervada, mas o osso que a sustenta é extremamente sensível. É devido a esta grande inervação do osso que sustenta a cartilagem que, quando a artrose está presente, o doente pode sentir dor e des-conforto.
Numa TAC convencional, como não há “peso” em cima da articulação, mesmo que já haja um grande desgaste da articulação, este pode não ser percetível. A TAC em carga vai mostrar com mais exatidão as zonas da articulação que se encontram mais deterioradas e expor a gravidade da artrose de uma forma que a TAC conven-cional não consegue.
4Instabilidade articularO tornozelo e o pé sofrem, muitas vezes,
de instabilidade. Trata-se de uma patologia
em que um ou mais ligamentos deixam de exercer corretamente a sua função de esta-bilização de uma articulação, começando a coexistir uma deformidade ou maior propensão para entorses. A instabilidade do tornozelo ou pé pode provocar dor constante e maior dificuldade em algumas situações de maior atividade. O diagnósti-co é feito pelo exame clínico e a TAC em carga pode confirmar a existência e gravi-dade dessa instabilidade.
4Hallux valgusO hallux valgus, patologia frequente
mais conhecida por joanete, é uma doença em que há uma deformidade da região mais anterior do pé, com proeminência da zona medial na articulação do dedo grande (hallux). Embora seja muito frequente, é muitas vezes indolor. O seu tratamento passa pela cirurgia, atualmente com téc-nicas menos invasivas e com maior estabi-lidade. É na avaliação pré-operatória que a TAC em carga pode ajudar o cirurgião a melhor definir a deformidade e melhor planear a sua correção. As alterações ana-tómicas inerentes a esta doença são muito mais evidentes na TAC em carga. É, neste momento, um utensílio habitual na prepa-ração e avaliação dos nossos doentes que vão ser submetidos a cirurgia.
4Sequelas de fraturas ou cirurgiasAs sequelas de fraturas ou cirurgias do
pé e tornozelo implicam, muitas vezes, a realização de exames a articulações que já foram operadas previamente, sendo que algumas delas têm material de osteossínte-se, tais como placas e parafusos. Ao utilizar menor radiação, este aparelho de TAC em carga permite visualizar melhor as articu-lações que têm material. O artefacto provo-cado pelo material que habitualmente difi-culta a visualização do TAC convencional é muito reduzido na TAC em carga. É, assim, o exame de eleição para as patologias em doentes que já foram operados.
VANTAGENS ÓBVIASComo conclusão, a utilização desta nova
máquina de TAC em carga na patologia do pé e tornozelo, embora esteja a dar os primeiros passos, oferece já vantagens que não podem ser ignoradas. A sua utilização tem vantagens óbvias em patologias tão comum como o joanete, a artrose, a insta-bilidade e sequelas de fraturas e cirurgias. A informação cada vez maior do doente também implicará uma exigência por parte deste. Atualmente, é o próprio doente que nos procura no sentido de realizar este tipo de exame.
O ser humanO é uma máqui-na cOmplexa e afinada. A evolução permitiu uma adaptação
perfeita de cada parte do corpo à função que desempenha. A função do esqueleto e de toda a componente osteoarticular é dar sustentação e funcionalidade ao orga-nismo, permitir movimento controlado e locomoção.
Sabemos que as articulações dos mem-bros inferiores, contrariamente aos supe-riores, têm o papel de suportar o peso do corpo. Sendo assim, a sua anatomia e fisiologia está adaptada a essa função. Uma articulação do membro inferior tem um comportamento totalmente diferente quando está a suportar o peso do corpo (em carga) ou quando está suspensa (em descarga).
PRIMEIRA NA PENÍNSULA IBÉRICAA medicina tem evoluído imenso nos
últimos anos. Os exames complementares de diagnóstico permitem atualmente uma segurança na deteção de doenças muito superior, devido à inovação tecnológica que se tem verificado.
Quando queremos estudar e avaliar arti-culações, é importante que os exames se consigam realizar da forma mais realista, ou seja, avaliar essas articulações nas con-dições a que elas estão sujeitas no dia a dia e não num ambiente “controlado”, mas pouco parecido com a realidade.
A PRIMEIRA TAC EM CARGA DA PENÍNSULA IBÉRICA ACABA DE CHEGAR
A PORTUGAL. TRATA-SE DE UM EQUIPAMENTO INOVADOR, QUE PERMITE
O EXAME 3D AOS PÉS E TORNOZELOS, EM APENAS 25 SEGUNDOS,
REVOLUCIONANDO O DIAGNÓSTICO NA ÁREA DA ORTOPEDIA.
TAC EM CARGAde patologias do pé e tornozelo
revOluçãO nO diagnósticO
Pelo
DR. NUNO BRITO
Médico-cirurgião do pé e tornozelo e diretor clínico do Trofa Saúde Hospital em Gaia
A utilização desta nova máquina de TAC em carga na patologia do pé e tornozelo, embora esteja a dar os primeiros passos, oferece já vantagens que não podem ser ignoradas
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