Espiral 60

12
Nº 60 - Outubro / Dezembro de 2016 boletim da FRATERNITAS MOVIMENTO Correspondência dos leitores 2 Papa Francisco visita comunidade de padres fora do exercício do ministério presbiteral 3 Livros novos: A ressurreição dos mortos 4 Encontro de Formação: Os Ministérios, uma Aprendizagem Comunitária Notícia 5 Algumas notas e reflexões 6 Desafio 7 O meu testemunho 8 Diaconisas na Igreja? 8/10/11 Prognósticos pª o futuro das vocações presbiterais 9 In Memoriam... Dies Natalis 11 Dois poemas de Natal 12 C ada ano que passa não precisa ser contado no dia 31 de Dezembro. Há diversas formas de o fazer. Uma delas é quando se aproxima o tempo de Natal. Assim, este ano, talvez por estar um pouco mais 'ancião', fui mais sensível ao tema da iluminação de Natal. Provavelmente foi colocada nos mesmos "timings" da do ano passado, mas a intuição que me habitou prendeu-se com dois fatores: por um lado, é o comércio (economia) que continua a ditar quando é que devemos ir pensando no Natal; e, por outro lado, também parece que entre a chamada rentrée e o Natal há uma espécie de tempo vazio que é preciso preencher. E as luzes colocadas praticamente no final de Outubro espelham esse desejo de celebração em família que o Natal nos traz. Por muitas críticas que se possam fazer à sociedade que consome ininterruptamente, o Verbo Que Veio Habitar Entre Nós continua a ser eternamente a razão fundamental, o suporte e o sentido de todas as luzes artificiais, porque Ele é a luz que veio para iluminar verdadeiramente todas as pessoas sem exceção. Jesus Cristo vai nascer novamente este Natal. Para nos dizer que tudo o que existe é bom e é para usarmos bem, com liberdade e responsabilidade, atitudes próprias de quem acolhe a vida como dom e a vive como missão. Talvez, nesta perspetiva, as luzes sejam sinais que apontam para o Sinal que mudou definitivamente o curso da História, convidando todas as pessoas a partilharem a Alegria do perdão e da comunhão em família. Oxalá todas as iluminações de Natal, dentro e fora das casas possam aquecer os corações que buscam o calor, que só se encontra verdadeiramente para além da tão badalada "zona de conforto". É preciso arriscar. É preciso viver! Bom Natal! 24 de Novembro de 2016 Luís Carlos Lourenço Salgueiro

Transcript of Espiral 60

Page 1: Espiral 60

Nº 60 - Outubro / Dezembro de 2016

b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O

Correspondência dos leitores 2

Papa Francisco visita comunidade de padres forado exercício do ministério presbiteral 3

Livros novos: A ressurreição dos mortos 4

Encontro de Formação:Os Ministérios, uma Aprendizagem Comunitária

Notícia 5Algumas notas e reflexões 6Desafio 7O meu testemunho 8

Diaconisas na Igreja? 8/10/11

Prognósticos pª o futuro das vocações presbiterais 9

In Memoriam... Dies Natalis 11

Dois poemas de Natal 12

Cada ano que passa não precisa ser contadono dia 31 de Dezembro. Há diversas formasde o fazer. Uma delas é quando se aproxima

o tempo de Natal.

Assim, este ano, talvez por estar um pouco mais'ancião', fui mais sensível ao tema da iluminaçãode Natal. Provavelmente foi colocada nos mesmos"timings" da do ano passado, mas a intuição que mehabitou prendeu-se com dois fatores: por um lado, éo comércio (economia) que continua a ditar quandoé que devemos ir pensando no Natal; e, por outrolado, também parece que entre a chamada rentréee o Natal há uma espécie de tempo vazio que épreciso preencher. E as luzes colocadas praticamenteno final de Outubro espelham esse desejo decelebração em família que o Natal nos traz.

Por muitas críticas que se possam fazer à sociedadeque consome ininterruptamente, o Verbo Que VeioHabitar Entre Nós continua a ser eternamente arazão fundamental, o suporte e o sentido de todas asluzes artificiais, porque Ele é a luz que veio parailuminar verdadeiramente todas as pessoas semexceção.

Jesus Cristo vai nascer novamente este Natal. Paranos dizer que tudo o que existe é bom e é parausarmos bem, com liberdade e responsabilidade,atitudes próprias de quem acolhe a vida como dome a vive como missão.

Talvez, nesta perspetiva, as luzes sejam sinais queapontam para o Sinal que mudou definitivamente o

curso da História, convidando todas as pessoas apartilharem a Alegria do perdão e da comunhão emfamília.

Oxalá todas as iluminações de Natal, dentro e foradas casas possam aquecer os corações que buscamo calor, que só se encontra verdadeiramente paraalém da tão badalada "zona de conforto". É precisoarriscar. É preciso viver! Bom Natal!

24 de Novembro de 2016Luís Carlos Lourenço Salgueiro

Page 2: Espiral 60

Muito obrigado pela gentileza.Com amizade,A. Taipa[domantoniotaipa@diocese-

porto.pt] (01-08-2016)

Dr. Alberto Osório de Castro,Os meus melhorescumprimentos. Acuso arecepção do seu e-mail.Rezemos uns pelos outros,Dom Carlos F. Ximenes Belo[[email protected]] (01-

08-2016)

Muito obrigadoD. Jorge Ortiga, ArcebispoPrimaz[jorge.ortiga@arquidiocese-

braga.pt] (01-08-2016)

Amigo Alberto Osório, boatarde!Recebi o nº 59 do boletimEspiral que agradeço e leio cominteresse.Um abraço cordial, no Senhor.+ J. Marcos[[email protected]] (01-08-

2016)

Caro Osório de CastroAgradecendo o nº 59 do boletimEspiral, recebido porcomputador e em suporte depapel, subscrevo-me com os

melhores cumprimentos.Bispo António Montes[[email protected]] (08-08-2016)

Agradeço penhoradamente oEspiral que acabo de receber eler atentamente. Aprecio abusca séria e calma com que aíse procura uma nova"disciplina" eclesiástica noreferente ao celibatoeclesiástico. A investigação feitapor "Fraternitas" põe-nos todos areflectir, pelo menos isso, sobreo querer ou o desejar ou opreferir de Cristo para suaIgreja. Entretanto, na obediênciaé que está a virtude.Alta consideração de+Abílio Ribas[[email protected]] (08-08-2016)

Caríssimos Irmãos Presbíteros,Soube recentemente que o SantoPadre criou uma ComissãoTeológica para rever a questãoda admissão de mulheres aoMinistério Ordenado, estasituação já se antevia com aelevação do dia de Santa Mariade Magdala à categoria de FestaLitúrgica. Creio que estamosante ventos de mudança no seioda Igreja e, considero que foidado um passo de gigante no tãoansiado "aggiornamento" daIgreja, tão propugnado peloConcílio Vaticano II. Porém háalgo que me deixa triste... É ofacto de mais uma vez, a

questão do fim da imposição docelibato ter sido relegada paraúltimo plano... Parece queaqueles que tanto deram a suavida pela Igreja não são Igreja,mas sim uma "realidadeincómoda" num modelo deIgreja onde eles não cabem.Sinceramente isto entristeceu--me. Mais uma vez, tal como hácinquenta anos atrás, esperava--se que esta norma disciplinarmudasse e a Igreja, ao invésdisso, começou a ordenarhomens casados de Diáconos...Enquanto a Igreja não olhar paraesta realidade com atransparência, seriedade everdade que ela merece,continuará a ver muitos dos seus"melhores homens" a, comtristeza, deixar o Ministério quetanto amam. E porquê? Porquecometeram "o pecado" de amar.Não podemos pois, permanecersilenciosos. Creio que este é o"tempo favorável" a quetambém esses homens tenham avoz que merecem. A omissão étambém pecado. Por isso, creioque é dever nosso agir nosentido de propor ao Santo Padreque irmãos nossos nãocontinuem a sofrer a humilhaçãode serem considerados "cristãosde segunda", já que eles são eserão sacerdotes para sempre.

Saudações fraternas,

Padre Miguel Ângelo Pereira[[email protected]](05-08-2016)

Page 3: Espiral 60

O Papa Francisco realizou hoje,11 de Novembro, a última Sexta--feira da Misericórdia do AnoSanto — que será concluído no dia20 de Novembro —, e nestaocasião encontrou-se com 7famílias, todas formadas porjovens que deixaram o exercíciodo sacerdócio no decorrer dosúltimos anos."Hoje à tarde, às 15h30, o PapaFrancisco deixou a Casa SantaMarta para se dirigir à Ponte diNona, bairro na periferia extremado leste de Roma. Em umapartamento, o Papa se encontroucom 7 famílias, todas formadaspor jovens que deixaram, no cursodestes últimos anos, o sacerdó-cio", informou a Santa Sé.Indicou que entre os sete jovens,quatro são da diocese de Roma,um de Madrid, outro da AméricaLatina e outro da Sicília.O Vaticano explicou que o SantoPadre quis oferecer "um sinal deproximidade e de afeto por estesjovens que realizaram umaescolha muitas vezes não compar-tilhada por seus irmãos sacerdotese familiares"."Depois de diversos anos dedica-dos ao ministério sacerdotalrealizado nas paróquias, factorescomo a solidão, a incompreensão,o cansaço pelo grande compro-misso de responsabilidade pasto-ral, colocaram em crise a escolhainicial pelo sacerdócio"."Portanto, seguiram-se meses eanos de incerteza e dúvidas, queos levaram a reconsiderar aescolha pelo sacerdócio. Assim,deixaram o presbiterado paraformar uma família", indicou.

Segundo o comunicado, a entradano Papa no apartamento foimarcada por grande entusiasmo:"As crianças cercaram o Pontí-fice para o abraçar, enquanto ospais não conseguiram conter a

emoção. Todos os presentes apre-ciaram enormemente a visita doSanto Padre, sentiram a proximi-dade e o afecto da sua presençae não um juízo à sua decisão" dedeixar o exercício do sacerdócio.O Papa ouviu com atenção asfamílias, suas inquietações e asconsiderações sobre o proce-dimento jurídico de cada caso. "Asua palavra paternal — assinalaa Sala de Imprensa da Santa Sé— proporcionou a todos asegurança da sua amizade e deseu interesse por cada caso".Desde janeiro de 2016, o PapaFrancisco realiza as Sextas-feirasda Misericórdia. Durante estetempo, visitou uma casa derepouso para idosos e doentes emestado vegetativo, uma comuni-dade de dependentes químicosem Castel Gandolfo e um centrode acolhida para refugiadoschamado Cara, em Castelnuovodi Porto.

Do mesmo modo, visitou osrefugiados na ilha grega de Lesbos,a comunidade 'Il Chicco',localizado no subúrbio de Roma(Itália), um lar que atende pessoascom deficiência mental.

Recentemente, visitou duascomunidades de sacerdotes jovense outra de sacerdotes idosos.A Sexta-feira da Misericórdia dodia 29 de julho, durante sua viagemà Polónia, para a celebração daJornada Mundial da Juventude emCracóvia, teve um significado es-pecial. Naquela ocasião, fez umaoração silenciosa no campo deconcentração de Auschwitz-Birkenau e depois visitou ascrianças doentes do hospitalpediátrico de Cracóvia.No mês de outubro, visitou a VilaInfantil SOS situada no bairroromano de Boccea. Franciscoconversou com os meninos emeninas residentes no centro deacolhida, onde vivem órfãos emenores de idade com dificul-dades pessoais, familiares ousociais.

Papa Francisco visita jovensque deixaram o exerCício do ministério PRESBITERAL*

* in: http://www.acidigital.com/noticias/ultima-sexta-feira-da-misericordia-papa-francisco-visita-jovens-que-deixaram-sacerdocio-22792/

Page 4: Espiral 60

O Instituto Açoriano de Cultura apresentou aopúblico no dia 1 de Novembro, pelas 18h00, nagaleria da sua sede o livro A ressurreição dosmortos, da autoria de A. Cunha de Oliveira. Aapresentação esteve a cargo de Nuno OrnelasMartins, doutorado em Economia pelaUniversidade de Cambridge, e licenciado emEconomia pela Universidade CatólicaPortuguesa (Porto), com agregação emHistória do Pensamento Económico tambémna mesma Universidade Católica Portuguesa,onde actualmente leciona as disciplinas deHistória do Pensamento Económico e deFilosofia Social e Ética, bem como na área daEconomia Social e do DesenvolvimentoSustentável.

Nas palavras do autor, “A morte é certa. Edepois? A resposta (se é que há resposta paraeste enigma) encontramo-la derramada umpouco pelos domínios da Antropologia, daEtnografia, da Filosofia e, sobretudo, daReligião. Desde sempre — di-no-lo aAntropologia e a Etnografia — o Homemcuidou dos seus mortos: umas vezes como secontinuassem carentes de alimento, devestuário e até, de armas. Outras,simplesmente porque sim. A Filosofia trouxe--nos um pouco mais de luz, nomeadamentePlatão, com o seu Fedon. Partindo dadicotomia grega de corpo e alma, tenta provarque a alma é imortal: preexiste e subsiste. AReligião, por sua vez, tem que se lhe chega.Em religiões superiores como o Hinduísmo e oBudismo, ou há ressurreição sem fim ou o eunão existe. Nas religiões monoteístas, como oJudaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, há aressurreição. A Igreja Católica elevou àcategoria de dogma de fé tanto a ressurreiçãodo Senhor Jesus como a de cada um de nós.Mas, que é isso de Ressurreição? Comoentendê-la e quando se verifica?”

Com um total de 159 páginas, esta obra teve umatiragem de 1.000 exemplares, com o preço de vendaao público de 12,00€.

Está, uma vez mais de parabéns o nosso queridoAssociado, A. Cunha de Oliveira, sacerdote católicodispensado do ministério e casado, licenciado emTeologia Dogmática e em Ciências Bíblicas. Profes-sor no Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo,Cónego da Sé de Angra, assistente diocesano devários movimentos, organismos e associações deapostolado e, na sociedade civil, director do diário AUnião, cofundador do Instituto Açoriano de Cultura,de cujas Semanas de Estudo dos Açores foi secretáriopermanente, e da Revista “Atlântida”. Vastíssimocurrículo que aqui não cabe explanar, mas, esobretudo, um Homem apaixonado pelo Senhor Jesuse a sua mensagem de libertação para todos, emespecial para os mais marginalizados e abandonados.E a sua verbe literária felizmente continua apresentear-nos com pérolas com esta, a acrescentar àsua vasta obra de estudo e divulgação bíblica. Bem--hajas, Artur Oliveira!

Page 5: Espiral 60

Teve lugar, entre 14 e 16 de Outu-bro, no Seminário de Cristo-Rei,em Vila Nova de Gaia, um En-contro de Formação que congre-gou quase 40 pessoas.O padre Rui Santiago, missioná-rio redentorista, empenhou-se emlevar à descoberta do radical sen-tido dos ministérios: Jesus e a Co-munidade.Centrado na acção de Jesus (a for-mação da comunidade do Reinode Deus), e baseado na Fé que nosgarante a permanente dinâmicade Deus que actua no mundo,hoje e sempre, desaguamos narealidade fundamental do ser cris-tão: adesão à pessoa de Jesus vivo

cristã é evangelizadora, ou não écomunidade.E tivemos a alegria da presençade três leigos missionários quepartilharam, com verdade e sim-plicidade, a sua experiência devivência comunitária e evangeli-zadora: a relação pessoal, a aten-ção aos outros, a prática da ora-ção e da partilha, a vida segundoJesus e o evangelho.Foi uma jornada muito enrique-cedora e convocante para cami-nhos em Igreja de saída, que aFraternitas, associação de presbí-teros casados, em boa hora orga-nizou e promoveu.

Alberto Osório de Castro

e presente na comunidade. A co-munidade de Jesus funda-se nafraternidade, concretiza-se no ser-viço e afirma a total negação detodo o poder.Daí a emergência do enquadra-mento que S. Paulo dá aos minis-térios: carismas (ou dons), servi-ços (ou ministérios), tarefas (oufunções), em que tudo convergeno Amor. Por isso, ministériossem comunidade não passam de"egostérios"! Não se pode confun-dir ministérios com funções. Se-gundo Paulo (em especial em1Cor 12 e Rm 12), a comunidadedeve estar sob uma única influên-cia: a do Espírito Santo, em vez

ENCONTR

O DE

FORMAÇÃO

Page 6: Espiral 60

página oficial na Internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05 [email protected]

ALGUMAS NOTAS E REFLEXÕES:

- O Pe. Rui Santiago foi o nos-so Mestre e falou-nos de maneiramuito bela e profunda sobre oMinistério na Igreja, dons ecarismas, cuja fonte é o EspíritoSanto.Os Ministérios são coisas do Es-pírito, em si mesmo, como ofertasanta e viva-o que é bom, com-pleto e ensina.Os Profetas e Apóstolos são vo-zes orantes na comunidade queprovocam a presença de Jesus.Alguém que fala de Alguém queconhece como memória sua —presença, presente e continua queestá ao serviço da comunidadecom a palavra e com a vida.Paulo ensina-nos que a presençado Espírito é amor, carisma e ta-refa. Constatamos que o amor sóé romântico, enquanto não se ama,depois, dói, sangra, é paradoxal,gera vida.Paulo gerou vida. As suas viagensnão se medem em km, mas emnúmero de pessoas com as quaiscriou comunidades de vida e fo-ram muitas. O seu testemunhoensina-nos que é possível ultrapas-sar a linha do medo, as nossas in-seguranças. O Senhor vai sempreà frente.

- Pegar num Ministério é pe-gar num Ministério vazio. Ele sedefine e nasce das necessidadesidentificadas e vividas pela comu-nidade em causa. O seu funcio-namento é Cristo. Deus está pre-sente e activo com o seu plano

para o anúncio do Reino. Masatenção, servir alguém que faz,não é fazer por Ele. Deus não pre-cisa de ser representado, nemsubstituído. A nós só nos resta oanúncio da sua presença amorosae por isso libertadora. Ser obedi-ente e não escravo, filial e nãoservil "porque o Meu Pai trabalhae Eu faço como Ele faz. PorqueEle é o maior". Não pede neces-sariamente sempre o "impri-matur".Os quatro Evangelhos contam-noso que celebravam juntos e atéquando não se entendiam…A tradição precisa dos quatro olha-res para dizer quem é Jesus.A Boa Nova do Reino é centradana sua Pessoa, com particularatenção aos pobres, aospequeninos e aos pagãos, sem dis-tinção de géneros.É constante a testemunho dasmulheres, com a sua presença,bens e serviços, numa entrega to-tal sem pedir nada em troca, o quepor vezes contrasta com atitudesos Apóstolos.Era uma comunidade em rede,"uma rede feita de NÓS". O seuADN segundo a narração joaninafunda-se até ao extremo de nadapossuir. "Eu fiz assim, façam…"O Senhor era radical em relaçãoao Poder e ao Ter "os outros são,mas entre vós não".Jesus só tinha autoridade sobre osespíritos (diabos) nunca sobre aspessoas.Recomendava aos discípulos cui-dado com os fariseus, os

saduceus… e, até com certo hu-mor, enviou-os a Herodes "Ide di-zer a essa raposa manhosa", (Lc13,31-33), "o meu plano cumpre--se!"As crianças não tinham direitos,nem nome só quando "for gente"símbolo do não-direito, no entan-to o Senhor põe como condição sercriança para entrar no Reino. Eainda mais radical o amor aos ini-migos.Era um Messias ultrapassado, as-sassinado que não responde àsespectativas.Lucas apresenta no encontro deEmaús a história iluminada de féno Mistério Pascal. Interpretaçãodas escrituras e a convicção espi-ritual dos discípulos — olhos e co-ração se abrem e correm a dar tes-temunho.Os actos referem a necessidadede substituir Judas, Pedro diz queé preciso rezar. Rezam tiram sor-tes e…nós e o Espírito Santo, úni-co Mestre, decidimos. Mudançaradical de influência!

- Os Ministérios são exercíci-os para glorificação do Pai. A so-lidariedade não se sustenta em simesma. O Filho tudo remete paraa glória do Pai. O serviço temcomo razão louvar, agradecer eexaltar a acção de Deus atravésdo Filho. A acção de Deus na His-tória implica sempre a relaçãoentre o Filho e o Espírito Santo,aos quais Irineu de Leão chamasugestivamente "as duas mãos deDeus".

Maria Guilhermina

ENCONTR

O DE

FORMAÇ

ÃO

Page 7: Espiral 60

[email protected] página oficial na Internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05

Os dados estão lançados. Já nãose pode voltar atrás! O Padre RuiSantiago trouxe uma boa reflexãosobre os Ministérios, no últimoencontro dos padres casados, emGaia.De facto somos a Igreja nestetempo. Temos de olhar para estaIgreja, para este povo de Deusque somos e encontrar respostasadequadas aos problemaspastorais de hoje. Estamosavisados! Vinho novo em odresnovos… Constatamos que nosfalta ousadia, coragem. E entãopara os problemas novos,propomos soluções velhas. Nãodá!Há falta de padres, então cadapároco assume as comunidadesque forem necessárias… Pois:solução velha! Verifica-se cadavez mais o despovoamento dascelebrações, explora-se o folclorepara repovoar as igrejas. Ésolução velha! E ficamoscontentes, de consciênciaapaziguada. E continuamos comcelebrações sem vida, monótonas,com os cristãos passivos,anónimos, descomprometidos.Multiplicam-se os actores:acólitos, leitores, cantores,ministros extraordinários dacomunhão, ofertantes… soluçõesvelhas!E os bispos veem esta realidade,

os padrest a m b é m ,mas falta--lhes cora-gem paraarriscar. Háo pessimis-mo dos pa-dres, a des-m o t i v a -ção, o seucansaço, asua frustra-ção. E também a sua idade! Nãopodemos ignorar a média de idadedos nossos padres… Tanta genteboa… mas cansada!E nós pensamos! Choca-nos adistância entre pastores e o povode Deus. Há divórcio? Ou apenascostas voltadas? O Vaticano IItem cinquenta anos, mas os pa-dres, os bispos ainda não seintegraram no Povo de Deus.Algumas dioceses preparamsínodos, o que nos enche dealegria. Porém escamoteiam-seos problemas. Não se tentamdiagnósticos realistas para seencontrar a terapia adequada.Repudio mezinhas, soluções desacristia. Só o Povo de Deus podeencontrar a resposta adequadapara todos os problemas pastoraisque nos afectam. Dê-se voz aoPovo de Deus. Deixemos que Elefale. Há falta de clero? Seja o

Povo a responder como solucionar.Há falta de outros serviços? Sejao Povo — a Igreja, não a hierar-quia — a responder com osministérios. Dá a impressão quese quer manter esta situação de-crépita e então alimentamo-lacom lamúrias, lamechices e outrascoisas no género. Este povo vivea sua vida à margem da Igreja.Continuam alguns cristãos a ir àmissa, mas não vivem a missa...Que fazer? Vinho novo em odresnovos… não esquecemos opassado, assumimo-lo. Eu tenhogosto na Igreja que me preparou,ordenou… mas tenho de ser fielao Espírito e devo seguir os rumosnovos que esse Espírito abre. "Hácaminhos não andados", quedevem ser percorridos. O Espíritoé inovador. Foi nos primórdios daIgreja e é hoje. Coragem paraarriscar.

Joaquim Soares

De s a f i o !

ENCONTR

O DE

FORMAÇ

ÃO

Page 8: Espiral 60

Foi rico e enriquecedor aquele fim-de-semana sobre Os Ministérios,Uma Aprendizagem Comunitária.Reflexão que o Padre Rui Santiagonos proporcionou.Conscientizar que Deus, o Senhor,está presente no meio de nós e nosconvida a colaborar com Ele noconhecimento e adesão ao seuprojecto de amor para todos nós.Sim, porque, de facto Ele consen-te na nossa existência para ser-mos felizes. E isto é verdadeira-mente verdade como é verdadeque nos custa acreditar… tanto éo sofrimento, a contrariedade, adesesperança que nos invadem nodia-a-dia!Por causa de assim ser e nesteambiente nos vermos e nos mo-vermos é que o Senhor suscitaservidores do Seu projecto salva-dor. Sim, porque Ele não desistede nos amar e de nos ver felizes.São diversas as modalidades doserviço a que nos convida: uns sãoapóstolos, outros profetas, outrosmestres… E todas elas conver-gem, em Jesus Cristo com Jesus

Cristo e por Jesus Cristo, para oBem e realização das suascriaturas. Nós somos ao mesmotempo suas criaturas a salvar eseus servidores, anunciadores dasalvação.É em Comunidade que acolhemose discernimos a Palavra Salvadorae com a Comunidade testemunha-mos a Salvação que o Paipermanente e amorosamente nosoferece no Filho. O Espírito deDeus anima, vivifica, alegra eenvia os seus servidores, os seusamigos.Nesta experiência de Deus emnós e no meio de nós, os jovensTeresa , Susana e Ricardotestemunharam para nós a suaprática do serviço comunitário.Nesta dinâmica outrostestemunhos se seguiram. Foi,então, uma rica experiência darealidade feliz de que Deusestá mesmo no meio de nós,nos ama, nos instrui e nosenvia.Agradeço a todos esta partilhae à Direcção da Fraternitas a

abertura paracontinuarem adeixar-me par-ticipar nos En-contros da Fra-ternitas.

Maria deFátima

BarbosaV. N. de Gaia, 20

Outubro 2016

ENCONTR

O DE

FORMAÇ

ÃO

O MEU TESTEMUNHO

Se logo no início do seupontificado o Papa afirmara queo "génio feminino" deveria estarmais presente, agora busca umafidelidade criativa, crítica, massegura (não fosse ele jesuíta), àIgreja.O Papa Francisco instituiu umacomissão para se estudar a questãoteológica sobre a possibilidade ounão de haver mulheres ordenadasno grau do diaconado. É umacomissão constituída por doze pes-soas, seis mulheres e seis homens,todos teólogos de várias áreas, derenome internacional.Uma comissão de estudo não éum órgão deliberativo; é apenasisso mesmo: um grupo de peritosque apresentará um estudo sobrea questão das diaconisas na Igreja.Mas não deixa de ser significativoo cuidado de Francisco em convi-dar pessoas dos vários quadrantese sensibilidades dentro da Igreja.Não se preocupou apenas no equi-líbrio entre homens e mulheres,mas também numa certa paridadeentre teólogos com pendor mais"conservador" e outros mais "pro-

(continua na pág. 10)

Diaconisasna Igreja?

Page 9: Espiral 60

A questão sobre o futuro dasvocações presbiterais pode serextremamente dolorosa se adiscussão se centrar apenas naescassez de padres, sem prestara atenção essencial aos sinais dostempos e à vocação fundamen-tal de todos os cristãos. Talperspectiva é muito estreita, atéprejudicial à missão da Igreja.Deste modo, insisto que devemosdirigir um novo olhar à vocaçãofundamental de todos os cristãos,de modo particular à luz dobaptismo de Jesus por João, noJordão. A vocação de Cristo àqual somos chamados é, acimade tudo, a vocação do Servo não-violento de Yahweh para asalvação e paz no mundo. Oanúncio da feliz boa-nova dapaixão, morte e Ressurreição du-rante a vida a pública de Jesusdepende da sua relação e do seuchamamento pelo Pai. "Tu és omeu filho muito amado" (Mc1,11). Jesus é chamado econsagrado para carregar osjugos da Humanidade numasolidariedade salvífica, de modoa libertar a Humanidade daslógicas destrutivas do pecado.Ele é o profeta que vai à nossafrente, guiando-nos no caminhoda paz, da não-violência e daforça do amor que procuratransformar os inimigos emamigos. Imediatamente depoisdo acontecimento do Baptismo,o Evangelho de Mateus oferece-nos uma das chaves essenciaispara compreender o drama daSalvação. Fá-lo desmascarando

PROGNÓSTICOS PARA O FUTURO DASVOCAÇÕES PRESBITERAIS*

as maiores tentações satânicas,iluminando as falsas expectativasde um violento e poderosoMessias, e expondo os abusos dareligião para obter lucro, poder eexaltação. Apesar de as tentaçõesrodearem a Jesus de todos oslados, elas não têmabsolutamente nenhum podersobre ele. Foi em nosso benefícioque Jesus desmascarou de umavez por todas essas tentaçõesatravés da sua absoluta fidelidadeà sua vocação como Servo-Filhode Deus, sofredor e não-violento.Compreendê-lo é sobretudo ummodo de aprofundar a nossavocação cristã à luz da vocaçãode Jesus. Assim, torna-seevidente que o futuro de todas asvocações cristãs depende danossa inteira fidelidade aospassos do Servo de Yahweh nestenovo contexto. Isto implica queo futuro da Igreja será marcadonão apenas por vocaçõesparticulares, mas sobretudo poraqueles que conscientementetomam uma opção pessoal porseguir a Cristo, o Servo não--violento de Deus. A diferençaentre aqueles que convicta econscientemente vivem oexemplo do baptismo de Jesus noJordão no espírito e no sangue e,por outro lado, aqueles "católicosde berço" que são mais ou menosseguidores passivos é muito maisrelevante do que a diferença en-tre o sacerdócio ministerial e osacerdócio universal. O querealmente caracteriza os cristãosé a profundidade da sua

compreensão do que significa serchamado em e por Cristo paraservir a causa do Reino do Servode Yahweh, e a sua firmeza emabraçar esta vocação que a todosabrange. Esta perspectiva é ofundamento básico de todas asvocações cristãs, incluindo a vidapresbiteral num sentido estrito.Esta não é uma ideiacompletamente nova. Os meuspais, que eram cristãos pornascimento, tornaram-se, aolongo das suas vidas, cada vezmais cristãos por opção, eenquanto o viveram de modo es-pecial na sua vocação comoesposos e pais, viveram-notambém como comprometidoscriativamente na vida da Igreja.Foram agricultores segundo o si-nal do Criador, amigos dospobres, e em igual medida,enfrentaram enormes perigos nasua firme e corajosa resistênciaao regime de Hitler. […]Um livro poderia ser escritosobre a variedade de vocações ede caminhos pelos quaispodemos viver a nossa vocaçãocristã para a salvação do mundo,de modo a que o novo paradigmade "cristãos por vocação" adquiracarne e sangue. Não temo que talvisão possa ser em detrimento daespecífica vocação ministerial.Pelo contrário, acredito que podeacentuar significativamente a suaautenticidade.

Bernhrd Häring, CSsR

* Texto retirado de "Priesthood Imperiled: a criti-cal examination of ministry in the Catholic Church".Ed. Triumph Books, Liguori Missouri 1996.

Page 10: Espiral 60

gressistas".A génese desta comissão encon-tra-se numa reunião que as supe-rioras gerais dos institutos femini-nos tiveram com o Papa, em Ro-ma no dia 12 de Maio. Após tersido questionado sobre a possibi-lidade, ou quais os impedimentosa que as mulheres fossem admi-tidas ao diaconado permanente,Francisco assumiu a responsabili-dade de constituir uma comissãoque estudasse esta matéria.Quando, no regresso da viagem àArménia, o pontífice foi ques-tionado sobre o tema, revelou quejá tinha falado com o prefeito daCongregação para a Doutrina daFé e com a presidente dassuperioras gerais dos institutosfemininos a quem tinha pedidoque lhe enviassem uma lista depossíveis peritos que realizassemtal estudo. Esta Comissão é oresultado da ponderação sobre oassunto e sobre essas listas:"Depois de intensa oração eamadurecida reflexão, Sua San-tidade decidiu instituir a Comissãode Estudo sobre o Diaconado dasMulheres", lê-se no comunicadoda sala de imprensa da Santa Sé.Como sabemos, na Igreja Cató-lica, como na Ortodoxa, o sacra-mento da Ordem é circunscritoaos homens. Apenas nalgumasIgrejas Reformadas, o diaconadoe o sacerdócio são possíveis àsmulheres. A questão de fundo temque ser posta à luz da Tradição daIgreja. No grupo de Jesus, haviadoze homens, chamados apósto-los. Mas também sabemos que

havia mulheres que acompa-nhavam este grupo: "Jesus ia decidade em cidade, de aldeia emaldeia, proclamando e anunciandoa Boa-Nova do Reino de Deus.Acompanhavam-no os Doze ealgumas mulheres, que tinhamsido curadas de espíritos malignose de enfermidades: Maria, chama-da Madalena, da qual tinhamsaído sete demónios; Joana,mulher de Cuza, administrador deHerodes; Susana e muitas outras,que os serviam com os seus bens"(Lc. 8,1-3). São as mulheres quevão ao túmulo de Jesus, logo demanhã cedo, e o encontram res-suscitado — e são elas asprimeiras portadoras da Boa-Novada ressurreição.A Tradição Antiga atesta indu-bitavelmente a existência de dia-conisas na Igreja do Oriente atéao século IV. Os Padres da Igreja,até João Crisóstomo, testemu-nham que, juntamente com osdiáconos, as diaconisas colabora-vam com o Bispo e com os presbí-teros: eram responsáveis pelo ser-viço e por prover às necessidadesmateriais dos pobres da comuni-dade. E, com os diáconos, teriamfunções litúrgicas específicas.Mas desempenhavam uma funçãoexclusiva e essencial: competia àsdiaconisas batizar as mulheres quese convertiam e entravam para aIgreja. Primeiro, por uma questãode pudor muito prática: o baptismoera feito por imersão e incluía aunção do corpo. Depois, porquelhes competia provavelmente todoo acolhimento de quem se

aproximava da comunidade. E,presumivelmente, este acolhi-mento compreendia a catequesee a preparação teológica exigidapara o baptismo.A grande questão, portanto, não ése existiram ou não diaconisas,mas se o diaconado antigo se podeequiparar ao sacramento daOrdem, como o entendemos hoje.A teologia hodierna considera ograu dos diáconos como o pri-meiro grau do sacramento da Or-dem (que tem como segundo grauo presbiterado e como terceirograu o episcopado). Mas não háacordo entre os teólogos sobre seo diaconado da Igreja Antiga erasacramental ou "apenas funcio-nal".Após a abertura anglicana àOrdenação Sacerdotal feminina, oPapa João Paulo II negou cate-goricamente essa possibilidade naCarta Apostólica Ordinatio Sa-cerdotalis (1994). Nos anos noventa,no entanto, o Cardeal Martinilevantava a hipótese de se pensarna Ordenação Diaconal feminina,não mencionada no documento deS. João Paulo II. Com efeito, alémdo diaconado em vista à OrdenaçãoSacerdotal, existe o diaconadopermanente, isto é, a Ordenação dehomens, casados ou não, que nuncaserão ordenados padres. É uma pos-sibilidade abrir este tipo deOrdenação às mulheres? Ou nãoserá possível pensar o diaconadocomo outro tipo de ministério naIgreja, não necessariamente ligadoao sacramento da Ordem Sacerdo-tal?

P. Miguel Almeida, sj

Diaconisas na Igreja?(continuação da pág. 8)

(conclui na página seguinte)

Page 11: Espiral 60

P. Miguel Almeida, SJ

Logo no início do seu pontificado,o Papa afirmara que o "géniofeminino" deveria estar maispresente, não só genericamente,mas nos lugares decisórios, ondese exercita a autoridade dentro daIgreja. Não será certamente umacoincidência que, no passado dia3 de Junho, Francisco tenha eleva-do a memória litúrgica de MariaMadalena à categoria de festa. Nodecreto publicado pela Congrega-ção para o Culto Divino e aDisciplina dos Sacramentos podeler-se que, "de facto, esta mulher,conhecida como aquela que amoutanto Cristo e que foi amada porEle; e que São Gregório Magno

cisco é a contínua busca de umafidelidade criativa, uma fidelidadecrítica, mas segura (não fosse elejesuíta), à Igreja. Não por acaso,o trabalho esperado por estacomissão é precisamente umlevantamento histórico-teológicodo entendimento e da prática daIgreja no que respeita a estamatéria. Embora possa parecer ocontrário para quem faça umaleitura mais superficial do seupontificado, o Papa Francisco é,não só um profundo conhecedor,como um acérrimo seguidor daTradição da Igreja.

chamou de "testemunha damisericórdia" e São Tomas deAquino de "apóstola dosapóstolos"; pode ser consideradapelos fiéis de hoje como modelodo ministério da mulher na Igreja".É nesta linha de fidelidade àhistória, de contínuo retorno àfonte evangélica, mas deatualização dos modos de agir ede evangelizar, que o Papa instituia nova comissão de estudo sobreo diaconado feminino.Apesar de baralhar algunsdefensores de um certo neo-conservadorismo católico, queacusam o Papa de infidelidade àsã doutrina, o que vemos em Fran- http://observador.pt/opiniao/diaconisas-na-igreja/

In Memoriam...

Nada acontece por acaso! E neste último número do Espiral do ano de 2016, sobre a dor que, certamentenos sobrecarrega e até esmaga os mais mais próximos, nomeadamente os familiares, somos agraciadospelo nascimento para a VIDA PLENA de três dos nossos associados: O Senhor da Vida chamou a Si trêsdos nossos melhores para que n’Ele possamos ter mais intercessores e a obra da Fraternitas que,cremos bem nisso, não é nossa mas Sua, possa melhor desempenhar o papel a que Ele nos chama.Às famílias enlutadas a solidariedade dos nosso sentimentos, bem envolvida na Fé e Esperança da Vidaque apenas se transforma.

1936 - 201611 de Setembro

JOSÉ RAMOS MENDES JOSÉ SAMPAIO FERREIRA

1929 - 201615 de Novembro

1932 - 20162 de Dezembro

JACINTO DE SOUSA GIL

(Associado nº 60) (Associado nº 2) (Associado nº 80)

Page 12: Espiral 60

A noite povoou-se de estrelas…Tão cintilantes,Tão belasQue os homens,Ao vê-las,Perceberam que nadaFicara como dantes.

Tudo mudou… E cadaEstrela do Céu,Naquela noite povoadaDe estrelas, muitas estrelas,E uma mensagem libertadoraDe paz e amor,Justiça e fraternidade,PorqueCristo nasceuSurgiu para o HomemUma nova aurora.

A noite povoou-se de estrelas…Os Homens puseram-se a lê-lasE descobriram entãoQue, na gruta de Belém,Uma jovem mãeCumpria a profeciaDa escritura sagradaQue diziaQue o Messias nasceriaDe uma mulher judia.

A noite povoou-se de estrelas…Nasceram tempos novos,Porque é Natal,Porque a luz de todos os povosBrilhou em Belém.

Natal de 1985

José Ramos Mendes

Ouviam-se, ao longe, sinos a tocar!...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Melodias suaves cresciam no ar,E crescendo, crescendo, cantavam assim:

"É Natal! É Natal! Chegou o Menino,E traz a Esperança e o Amor também!Até na manjedoura, pobre e pequenino,Quer falar a todos, sem excluir ninguém!"...

Pus-me a pensar: "Jesus! Que nos vens dizer,Assim tão frágil e tão sozinho?...Tiranos e poderosos nem te vão querer,E os pobres só Te podem dar carinho!".

Uma voz ouvi, voando do Infinito:"Esse Menino, aí, gelado a chorar,Mesmo que te pareça tão pequenito,É também a ti que te quer falar!".

Mirei o tecto húmido daquela cabana:Caíam pedras toscas e raízes em malha!...No chão de terra não se via cama,Apenas feno murcho e um pouco de palha!...

"Menino pequenino, pequenino Menino,Fala-me e conta o que me queres dizer!...".Abriu-se então a boca daquele bambino,E só pediu coisas que eu podia fazer:

"Ser sua presença no mundo em confusão,Acolher todos os pobres sem tecto nem lar,Servir com amor e carinho todo o irmão,Amar aqueles que não sabem amar!..."..........................................................Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada...Senti-me preso à porta de outro casebre.Ouvi lá dentro, na solidão calada,Outra criança que gemia de febre!...

Perguntei a mim mesmo: "Mas que é isto?...Será Jesus chorando, também aqui?!"...Entrei, de mansinho, no portal de xisto,E fiquei calado... Não conto o que vi!...

— "Meu Deus! Quem será esta criança agora?!...Será o mesmo Cristo nela incarnado?!...".Não pude falar!... Talvez, naquela hora,Chorasse Cristo ainda mais desprezado!...

Peguei na criança, levei-a ao coração!...Estava gelada, mas sorriu para mim...E disse, de mansinho, levantando a mão:"Sou Cristo que vive em quem sofre assim!"..................................................................Talvez para mim e para muitos cristãos,O Natal tenha sido tempo perdido,Só porque não vemos, na dor dos irmãos,Um outro Natal ainda desconhecido!...

Rua

Dr. S

á Ca

rnei

ro, 1

82 -

Dtº

3700

-254

S.

JOÃO

DA

MAD

EIR

A

e-m

ail:

espi

ral.f

rate

rnita

s@gm

ail.c

om

bole

tim d

efr

ate

rnit

as

m

ov

ime

nto

Res

pons

ável

: Alb

erto

Osó

rio

de C

astr

o

60

- O

utu

bro

/De

zem

bro

de

20

16

Manuel Paiva

NATAL