Espírito Santo - livro
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A474a Alves, Silvio Dutra Esprito Santo / Silvio Dutra Alves. Rio de Janeiro, 2017. 73p.; 14x21cm
1. Teologia. 2. Vida Crist. 3. uno. 4. Santificao. I. Ttulo.
CDD 230.227
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Jesus morreu na cruz por ns, para que tendo nossa dvida de pecados perdoada e sendo justificados por
Deus, pela f nele, pudssemos receber a promessa
da uno e habitao do Esprito Santo, para sermos
regenerados e santificados.
Ns vemos esta verdade confirmada nas pginas da
Bblia e especialmente no livro de Atos, conhecido
por Atos dos Apstolos, e cujo melhor ttulo seria
Atos do Esprito Santo, pois revela todo o trabalho do
Esprito para a formao da Igreja.
Sem o Esprito Santo no h nova criatura, e
portanto, nenhum crente verdadeiro, pois pelo Seu
poder que recebemos o novo corao de carne
prometido na Palavra.
Por isso temos a promessa do derramar do Esprito
Santo desde os dias do Velho Testamento, para
operar este trabalho de reconciliao do pecador
arrependido com Deus, dando-lhe um corao cujos
afetos estejam inteiramente voltados para amar o
Senhor e o Seu povo.
E dar-vos-ei um corao novo, e porei dentro de vs
um esprito novo; e tirarei da vossa carne o corao
de pedra, e vos darei um corao de carne. E porei
dentro de vs o meu Esprito, e farei que andeis nos
meus estatutos, e guardeis os meus juzos, e os
observeis. (Ezequiel 3.25,26).
Quando a promessa estava prxima de ser cumprida,
veio Joo Batista anunciando o seu advento:
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Eu, em verdade, tenho-vos batizado com gua; ele,
porm, vos batizar com o Esprito Santo. - Marcos
1:8
E eu no o conhecia, mas o que me mandou a batizar
com gua, esse me disse: Sobre aquele que vires
descer o Esprito, e sobre ele repousar, esse o que
batiza com o Esprito Santo. - Joo 1:33
Tendo Jesus se manifestado, sendo aquele que
batizaria com o Esprito, de seus prprios lbios soou
a confirmao da promessa:
Mas recebereis a virtude do Esprito Santo, que h
de vir sobre vs; e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalm como em toda a Judia e Samaria, e at
aos confins da terra. -Atos 1:8
Tendo ordenado aos apstolos que no se afastassem
de Jerusalm, mas que continuassem em orao
unnime para o recebimento do batismo do Esprito
Santo, isto ocorreu no dia de Pentecostes, cerca de
quarenta dias depois.
E no somente os apstolos foram batizados como
tambm uma grande multido de cerca de 3.000
pessoas que se converteram com a pregao dos
apstolos sob o poder do Esprito.
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de
vs seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdo dos pecados; e recebereis o dom do Esprito
Santo; - Atos 2:38
Depois destas coisas, Deus se voltou para a salvao
dos gentios, e comeou a faz-lo pela casa do
centurio romano Cornlio.
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Para tal propsito dirigiu para l o apstolo Pedro, e
enquanto este pregava, o Esprito Santo batizou a
todos os da casa do centurio, produzindo a
converso dos mesmos a Jesus, por um novo
nascimento espiritual. E, dizendo Pedro ainda estas
palavras, caiu o Esprito Santo sobre todos os que
ouviam a palavra. E os fiis que eram da circunciso,
todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do Esprito Santo se
derramasse tambm sobre os gentios. Porque os
ouviam falar lnguas, e magnificar a Deus.
Respondeu, ento, Pedro: Pode algum porventura
recusar a gua, para que no sejam batizados estes,
que tambm receberam como ns o Esprito Santo?
- Atos 10:44-47.
Digno de nota, quanto ao trabalho do Esprito foi
tambm o que sucedeu com os discpulos de Joo
Batista que haviam crido em Jesus, mas que no
haviam ainda recebido o novo nascimento do
Esprito. Disse-lhes: Recebestes vs j o Esprito
Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Ns nem
ainda ouvimos que haja Esprito Santo. Atos 19.2.
E, impondo-lhes Paulo as mos, veio sobre eles o
Esprito Santo; e falavam lnguas, e profetizavam.
E estes eram, ao todo, uns doze homens. Atos
19.6,7. Muitas outras passagens das Escrituras
revelam este trabalho do Esprito Santo ungindo,
batizando, regenerando, renovando e santificando
aqueles que foram tornados filhos de Deus por meio
da f em Jesus.
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No nosso propsito citar todas estas ocorrncias
abenoadas, seno o de dirimir as muitas dvidas e
controvrsias que giram em torno do assunto relativo
aos ofcios do Esprito Santo, e notadamente, quanto
ao que se pensa sobretudo quanto ao seguinte:
Muitos que foram ungidos pelo Esprito Santo,
podem busc-lo para motivos incompletos, como por
exemplo, simplesmente para manifestarem os dons
espirituais sobrenaturais extraordinrios (lnguas,
profecia, curas, etc), e no cogitam que h um
propsito mais elevado na busca de uno do
Esprito, que o da produo do seu fruto,
especialmente o de amor (I Cor 12.31).
Outros se acomodaram com a graa recebida na
converso, pelos mais variados motivos, sem
saberem na grande maioria, que no recebemos um
estoque de graa na converso que ser suficiente
para toda a nossa caminhada espiritual. Novas
unes so necessrias para estarmos sempre
avivados. Sem isto, no h verdadeiro prazer
espiritual em Cristo e nas coisas celestiais, espirituais
e divinas, porque este sentimento produzido
somente quando estamos cheios do Esprito Santo.
Lembremos sempre que um dos principais motivos
da obra realizada por Jesus em nosso favor foi para
que fssemos batizados no Esprito, de modo que
andssemos e vivssemos sempre no Esprito. Por
isso dito pelo apstolo que se no andarmos no
Esprito, em vez de produzirmos o Seu fruto, o que se
ver em ns sero as obras da carne (Gl 5).
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Estaremos destacando a seguir vrias citaes de
escritos dos pastores J. C. Philpot, Octavius Winslow,
George Everard e John Angell James, para melhor
entendermos qual a relao do crente com o
Esprito Santo, para que ele possa ser espiritual e no
carnal, e assim vencer o mundo, o diabo e a carne.
Se esta trindade maligna no for vencida, o crente
no poder ser coroado, pois a coroa prometida
somente ao que vencer.
"S fiel at a morte, e eu te darei a coroa da vida!"
(Apocalipse 2:10).
Sem o revestimento dirio do poder do Esprito
Santo simplesmente impossvel obter a referida
vitria.
Se tivermos nascido de novo do Esprito podemos
vencer o mundo, no dirigindo o nosso curso pelo da
multido que nos rodeia.
Quando o Filho do homem estava na terra, Ele
lembrou a Seus discpulos que aqueles que o
seguissem deveriam contentar-se em ter poucos
companheiros: "Entrai pela porta estreita; porque
larga a porta, e espaoso o caminho que conduz
perdio, e muitos so os que entram por ela; e
porque estreita a porta, e apertado o caminho que
conduz vida, e poucos so os que a encontram."
(Mateus 7: 13-14).
Se isto assim, no se encolha de confessar
corajosamente a Cristo porque voc est quase
sozinho.
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Seja seu propsito fixo, que se aqueles ao seu redor
no se juntarem a voc em seu caminho para Sio -
voc no vai ficar com eles na Cidade da Destruio.
A companhia com a qual vocs se encontraro no
final, mais do que recompensar a solido da estrada.
Solitrio s vezes voc pode estar agora, mas l
espera por voc no final de seu curso, uma alegre
acolhida de toda a famlia dos remidos.
Vencer o mundo, superar as sedues que ele tem
para oferecer. O mundo nos oferece seno as honras,
os ganhos, as vaidades e os prazeres pelos quais
muitos so vencidos atravs do ofcio de seu
perspicaz Inimigo, e perdem seu reino e sua coroa!
Uma palavra de conselho pode aqui ser dada com
referncia perseguio de objetos legtimos.
natural e correto que os homens se esforcem para ter
sucesso em tudo o que eles empreendem. Subir na
vida, acumular para ns ou para nossas famlias, no
ilegal; na verdade, a vida perderia metade do seu
interesse, se no fossem permitidos tais objetivos -
mas o principal ponto sempre mant-los no seu
lugar certo. Que sejam secundrios, e no o objeto
principal de nossa ambio. Precisamos seguir as
instrues que Cristo estabeleceu para nossa
orientao no Sermo da Montanha.
"No ajunteis para vs tesouros na terra; onde a traa
e a ferrugem os consomem, e onde os ladres minam
e roubam; mas ajuntai para vs tesouros no cu, onde
nem a traa nem a ferrugem os consumem, e onde os
ladres no minam nem roubam.
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Porque onde estiver o teu tesouro, a estar tambm
o teu corao." (Mateus 6: 19-21). Ou seja, que a
segurana dos tesouros terrenos seja subordinada
obteno de tesouros no Cu. Deixe seu corao estar
no ltimo e no no primeiro.
Novamente. "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua
justia, e todas estas coisas vos sero acrescentadas."
Uma palavra aqui tambm necessria com
referncia a divertimentos duvidosos.
Falar deles pisar em terrenos delicados, mas a
Palavra de Deus d a pista pela qual devemos ser
guiados. Estabelece certos princpios que uma
conscincia iluminada, e um corao tocado com
amor a Cristo, no mal interpretam. Em muitas
dessas diverses no h nada sobre o que podemos
colocar o dedo, e dizer: "Isto proibido" - mas o
nosso grande inimigo sabe muito bem que no em
coisas positivamente ilegais, mas em que so
duvidosas, que ele pode ganhar mais vantagem.
Julgue se a atmosfera do teatro, da pista de corrida,
do salo de baile e de todos os divertimentos
mundanos no so muito prejudiciais vida de Deus
na alma. Julgue o seu dever nesta questo, no pela
opinio daqueles que o rodeiam, mas por uma calma
considerao orando no Esprito em passagens como
as seguintes:
"Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou,
porque no so do mundo, assim como eu no sou do
mundo. No rogo que os tires do mundo, mas que os
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guardes do Maligno. Eles no so do mundo, assim
como eu no sou do mundo." (Joo 17: 14-16).
"No se conformem a este mundo." (Romanos 12: 2).
"No amem o mundo, nem as coisas que esto no
mundo." (I Joo 2:15)
"Quem escolhe ser amigo do mundo, torna-se
inimigo de Deus". (Tiago 4: 4).
"No ameis o mundo, nem o que h no mundo: se
algum ama o mundo, o amor do Pai no est nele".
(1 Joo 2:15).
Estude tambm Lucas 8.14; 9,23; Filipenses 3.13, 14,
20, 21; Colossenses 3.1,2; 1 Timteo 5,6; Tito 2,12-14;
Tiago 4.4; 1 Pedro 4,7; 2 Pedro 3.11, 12.
No duvide que nosso Pai se deleite na felicidade de
Seus filhos, e que Ele no negar o que realmente
lhes convenha.
Cristo se assentou na festa de casamento, e Sua me
e Seus discpulos estavam com Ele. Este fato pode dar
uma regra simples: Onde quer que possamos pedir
ao Mestre para nos acompanhar, l estaremos
seguros. Onde quer que Sua presena esteja, no ,
exceto em raros casos, o lugar para algum de Seu
povo.
Tanto no que diz respeito ao nosso apontar para os
tesouros da terra, quanto para participar dos
prazeres que ela oferece, temos um excelente
exemplo no esprito de Moiss. Sua escolha era sbia.
Diante dele, a perspectiva era to atraente quanto se
poderia imaginar.
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Dentro de seu alcance estava o melhor que o Egito
poderia oferecer. Riqueza, posio e tudo o que se
podia comprar eram seus. No entanto, ele recusou.
Pisou-os sob seus ps. Em outras circunstncias,
muito ele poderia ter retido e consagrado ao servio
de Deus - mas quando entrou em concorrncia com
uma poro melhor, ele alegremente abandonou
tudo. "Pela f Moiss, sendo j homem, recusou ser
chamado filho da filha de Fara, escolhendo antes ser
maltratado com o povo de Deus do que ter por algum
tempo o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas
o oprbrio de Cristo do que os tesouros do Egito;
porque tinha em vista a recompensa. Pela f deixou o
Egito, no temendo a ira do rei; porque ficou firme,
como quem v aquele que invisvel. (Hebreus 11:
24-27).
Se quisermos vencer o mundo, no devemos estar
totalmente absorvidos pela rotina diria do dever.
Que devemos diligentemente atender s
reivindicaes de um chamado lcito, ningum pode
duvidar; mas o esprito com que o fazemos, que
marca se o mundo nosso servo ou nosso mestre.
O trabalhador com a mo no arado pode apreciar em
seu interior pensamentos brilhantes do Paraso
acima. O comerciante, ao longo do dia se misturando
na multido ocupada, pode ainda encontrar um lugar
vago em seu interior para a presena santificada de
Cristo.
Tome dois homens envolvidos na mesma
perseguio, bastante combinados no trabalho a ser
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feito, e as preocupaes que lhe pertencem, e no
raramente voc vai encontrar a maior diferena
possvel entre eles. Olhe e leia o corao de cada um,
e o que ele diz.
O pensamento interior de um deles : "Negcio,
dinheiro, trabalho, dever - tu s o meu Deus, porque
eu vivo, trabalho, luto dia a dia".
O corao do outro fala muito de outro modo: "Oh,
meu Salvador, mantenha-me perto de Ti por tua
graa! Em conflito da vida esteja sempre minha
direita! Que em todos os meus trabalhos eu possa
glorificar-te! Que eu possa passar por coisas
temporais, que, finalmente, no venha a perder as
coisas eternas!"
Para vencer o mundo, devemos suportar
pacientemente e humildemente a cruz que pode ser
colocada sobre ns.
Nenhum cristo est sem cruz - e muitas vezes
pesada.
Nos dias passados, Seus seguidores no acharam
fcil dominar a vergonha e a perseguio que vieram
sobre eles por causa dele. Levados ao exlio ou
queimados na fogueira, expostos a animais selvagens
ou lanados no mar - seus mrtires fiis sofreram a
perda de todas as coisas, at a prpria vida, ao invs
de negar Aquele a quem amavam. Nem este
julgamento aprovado.
"Todos os que viverem piedosamente em Cristo
Jesus, sofrero perseguio". Especialmente no
incio de uma vida crist, esta cruz sentida. Velhos
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amigos se vo, observaes indecentes so feitas,
pequenos aborrecimentos so colocados no caminho.
Em muitas posies, uma luta para toda a vida fazer
uma boa confisso diante dos mpios.
Para vencer o mundo, no devemos nos guiar pelas
mximas que o mundo segue.
Profisso de religio abunda mas poucos desejam,
em algum sentido, serem considerados bons cristos.
Mas qual a regra da vida pela qual os homens so
guiados? Com a maior extenso do amor, podemos
crer que so guiados pelos preceitos de Cristo? No
dolorosamente evidente que os princpios que os
movem no so os da Sagrada Escritura?
fcil agir assim atravs da vida? Longe disso.
Requer esforo, vigilncia e orao. Aqueles que
imaginam que no h dificuldade, nunca fizeram a
tentativa.
possvel agir assim? Certamente . Em grande
medida cada cristo pode ser vitorioso neste conflito.
Deus coloca uma arma em nossas mos, to poderosa
que nunca precisamos nos desesperar: "Esta a
vitria que vence o mundo, nossa f, quem aquele
que vence o mundo, seno aquele que cr que Jesus
o Filho de Deus?" (1 Joo 5,4,5).
Por que isso? Por que a f, em vez de qualquer outra
graa, leva a palma da vitria?
Para vencer o mundo, devemos nos engajar no poder
de Cristo pela f.
O homem fraco e sem foras para enfrentar uma
nica tentao. "Sem mim", Cristo declara, "voc no
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pode fazer nada". Mas, o Redentor forte est
empenhado em colocar adiante Seu poderoso poder
para apoiar aqueles que confiam Nele. A f faz isso.
Foi maravilhosamente definido como sendo "o
Esprito Santo movendo a alma para apoiar-se em
Jesus!" Da vem que o crente pode se levantar acima
de todas as influncias opostas ao redor.
"Vs sois de Deus, filhinhos, e os tendes vencido (isto
, os falsos mestres), porque maior Aquele que est
em vs, do que aquele que est no mundo".
A f triunfa, porque traz amor.
"A f funciona pelo amor." Nada mais forte do que
o poder do amor. Por sete longos anos, duas vezes
mais, Jac trabalhou e trabalhou, noite e dia, e
contudo eles lhe pareceram apenas alguns dias, pelo
amor que ele devotava a Raquel. Jonatas no ficou
nem um pouco sem descontentamento de seu pai,
porque, por amor a Davi, tomou sua parte e suplicou
sua causa. Que labuta e dificuldades uma me, por
amor a seu filho de que confortos, prazeres, at
mesmo necessidades, ela vai desistir, para que ela
possa atender a um beb doente. Durante toda a
noite vi uma me, a bordo de um navio a vapor,
vigiando o seu pequeno; cansada e exausta, mas no
saa do seu lado, mas permanecia ali, para antecipar
todas as suas necessidades.
O amor de Cristo, derramado dentro do corao pelo
Esprito, da mesma forma, um instrumento
poderoso para nos capacitar, quer para o trabalho,
quer para a perseverana nas dificuldades, ou para
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enfrentar o oprbrio no mundo. Poucos trabalharam
to incessantemente, ou mais pacientemente,
suportaram todas as provaes e cruzes que lhes
foram designadas, do que o Apstolo dos gentios, e
seu nico motivo era o amor: "O amor de Cristo nos
constrange", era o segredo de sua vida maravilhosa .
E o amor sempre filho da f verdadeira. Todo
aquele que cr em Cristo, deve am-Lo. "Para os que
creem, Ele precioso". Quanto mais a f tambm
aumentar, mais tambm amaro.
A f triunfa, porque traz consigo uma alegria
presente.
A f traz alegria. "Que o Deus da esperana vos encha
de toda alegria e paz em crer". Quem pode crer em
um perdo livre e perfeito, com o cuidado sbio e
terno do Pai, em Sua pronta disponibilidade para
ouvir nossas oraes sem que tenha, em certa
medida, um raio de alegria em sua alma?
A alegria traz fora. "A alegria do Senhor a vossa
fora." Essa alegria supera os prazeres terrenos e
contrabalana todas as tristezas terrenas. "Triste,
contudo sempre regozijando-se" pode soar como um
paradoxo; mas para aqueles fortes na f, tem sido
uma realidade.
Aqui est uma lio que vale a pena ponderar. A
alegria da f triunfa sobre o mundo.
Aquele que acabou de provar as uvas de Escol - no
ter nenhum desejo para as mas de Sodoma.
Aquele que saciou a sua sede nas guas do Rio da
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Vida - no se abaixar para beber dos fluxos poludos
da terra.
"Por que voc agora se abster do que uma vez foi o
seu prazer?" Foi perguntado a um homem.
"Encontrei algo melhor - eu encontrei Jesus", foi a
resposta.
Quanto mais pudermos encontrar satisfao e
repouso em Cristo, como a poro principal de
nossas almas, mais completamente seremos capazes
de expulsar o esprito do mundo, que ainda pode nos
perseguir. H rvores que retm muitas de suas
folhas velhas - at que novas sejam apresentadas. H
sentimentos e hbitos que nunca podem ser
deslocados, at que melhores sentimentos e hbitos
surjam.
O conforto do Esprito, o amor de Cristo, a paz que
passa pela compreenso - constituem o antdoto mais
seguro contra os sentimentos e o melhor apoio contra
as tribulaes de um mundo mau.
A f tambm triunfa, porque o telescpio pelo qual
as coisas invisveis so trazidas vista, e as coisas
distantes so trazidas perto!
Por que os homens esto to completamente
envoltos nas coisas mundanas que os cercam? No
porque para eles um estado futuro no tem existncia
real?
Eles se levantam de manh e descansam noite,
regozijam-se em prosperidade e sofrem sob
julgamento dia aps dia, ms aps ms, ano aps ano
- sem se dar conta de que, comparado com o que
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ainda se manifestar, as coisas do dia so apenas
como uma sombra passageira.
Mas pegue o telescpio. "A f a substncia das
coisas esperadas - a evidncia das coisas no vistas."
Acredite nas promessas de Cristo, com referncia a
um mundo ainda por vir. Contemple, com certeza, a
terra que est longe, as manses na casa do Pai, a
glria da cidade eterna.
A cena atual, ento, perder muito do seu poder.
Uma nova fonte de ao ser sentida.
E o que permite ter toda esta experincia real
espiritual seno apenas a uno do Esprito Santo em
renovadas infuses na vida do crente?
Precisamos no somente do lavar regenerados do
Esprito Santo, como tambm do renovador que se
repete tantas vezes quantas necessitemos dele.
O regenerador recebemos na converso, mas a graa
no dada na converso num estoque completo para
toda a nossa jornada crist. Por isso precisamos de
renovadas unes para recebermos maiores pores
da graa pela qual nosso corao ligado ao de Deus
realizando uma real comunho com Ele em esprito.
"Ora, vs tendes a uno da parte do Santo, e todos
tendes conhecimento." (1 Joo 2:20)
Ao dizer tais palavra o apstolo como que indagava
aos crentes: O que lhe preservou fiel quando os
outros se mostraram infiis? O que lhe manteve
ainda inclinado e olhando para um Emanuel
crucificado, quando outros pisotearam o seu sangue
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e se voltaram para os dolos? Foi a sua prpria
sabedoria, a sua prpria capacidade, justia e fora?
No; no foi! Mas voc tem a uno do Santo, e voc
sabe todas as coisas." Isto o que ele infere: "Voc
tem a uno do Santo". o que lhe manteve, o que
lhe ensinou. "Filhinhos, moos e pais, vocs tm a
uno do Santo", e por essa uno "vocs conhecem
todas as coisas".
O que ter a uno do Santo. Vejamos a figura
simples contida no texto. Uno significa
literalmente o ato de ungir. "E quanto a vs, a uno
que dele recebestes fica em vs, e no tendes
necessidade de que algum vos ensine; mas, como a
sua uno vos ensina a respeito de todas as coisas, e
verdadeira, e no mentira, como vos ensinou ela,
assim nele permanecei." (versculo 27). Tem
provavelmente alguma referncia ao unguento que
naqueles pases quentes era empregado para ungir o
corpo, e mant-lo em sade. Mas, alm disso, h uma
referncia ao que lemos em xodo 30: 22-33, onde
Deus ordenou a Moiss que fizesse um azeite de
uno sagrado pelo qual o tabernculo e todos os
vasos nele contido fossem consagrados;
prefigurando a uno especial do Esprito Santo nos
coraes e conscincias do povo de Deus.
De modo que, como nenhum vaso do tabernculo era
santo at que fosse ungido com o leo consagrado,
tambm nenhuma alma santa at que tenha
recebido a uno do Santo. Nenhuma orao,
nenhum louvor, nenhum servio nenhum sacrifcio,
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nenhuma ordenana pode ser santa a menos que seja
tocada com esta uno pura - a uno divina do
Esprito Santo.
O leo de uma natureza suavizante. aplicado ao
corpo para suaviz-lo e amaci-lo. Assim,
espiritualmente, a uno do Esprito Santo torna a
conscincia sensvel. Onde quer que a uno venha,
tira o corao de pedra e d um corao de carne. Ela
remove a impenitncia, a incredulidade, a
obstinao, a perversidade, a autojustia e a
presuno; suaviza e amacia e torna o corao e a
conscincia sensvel, para cair sob o poder da
verdade.
At que o Esprito Santo, por suas operaes
sagradas sobre o corao de um homem, o suavize
desta maneira, a verdade nunca cai com qualquer
peso ou poder sobre ele. E esta a razo pela qual
centenas ouvem a verdade sem qualquer efeito; no
sendo ungido com esta uno do alto, o corao de
pedra no tirado, e permanece o corao mau da
incredulidade que rejeita a verdade solene de Deus.
Mas, quando o Esprito Santo traz o secreto,
misterioso e invisvel, mas poderoso leo de uno da
graa no corao, ele recebe a verdade como de Deus;
e a verdade assim vinda de Deus penetra na alma.
A lei soa suas maldies; mas nunca tocam na
conscincia at que a uno do Esprito a penetre. O
evangelho traz suas bnos; mas sem esta uno
elas nunca vm com sabor e poder na alma. Cristo
falado na Escritura como sendo para alguns "a raiz de
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uma terra seca - ele no tem forma nem beleza, e
quando o vemos, no h beleza que desejemos nele"
(Isaas 53: 2). E por que assim, seno pela falta
desta uno do Esprito Santo.
Onde quer que a uno esteja na conscincia de um
homem, ela sempre tornar essa conscincia
sensvel. Para que, se voc vir qualquer homem,
qualquer profisso que ele faa, que seja ousado em
moderao, presunoso, e seguro de si, tenha certeza
de que a uno do Esprito Santo ainda no tocou em
seu corao; ele tem apenas um nome para viver
enquanto est morto. Agora observe isto, nos
homens e mulheres professantes, e nos ministros que
ouviram, e vocs vero neles este esprito suave,
terno e manso. Se isto totalmente ausente, porque
a uno do Esprito Santo ainda no veio sobre eles.
Ainda, o leo de uno de natureza PENETRANTE.
Quando o unguento ou leo esfregado em qualquer
coisa ele penetra na substncia. No fica na
superfcie; penetra abaixo da superfcie na prpria
substncia daquilo em que foi aplicado. Assim,
espiritualmente quanto uno do Santo no corao
e na conscincia. No caso da maioria das pessoas que
tm verdade no entendimento, mas no trazida ao
corao pelo poder divino - o efeito superficial.
No h profundidade de experincia vital em seus
coraes; assim, eles se assemelham aos ouvintes
pedregosos de quem lemos na parbola do semeador:
"E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde no
havia muita terra: e logo nasceu, porque no tinha
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terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por
no ter raiz, secou-se." (Mt 13: 5,6). Em seu caso, a
Palavra no tem, como uma espada de dois gumes,
que perfure at a diviso da alma e do esprito, das
articulaes e da medula, nem se afundou em suas
conscincias a ponto de discernir os pensamentos e
intenes de seu corao. Mas, a uno do Santo, o
ensino interno e a operao do Esprito penetra em
cada corao ao qual ele vem. No se situa apenas na
superfcie; no muda apenas o credo; no altera
apenas a vida exterior. Vai mais profundo do que
credo, lbio, ou vida; ele afunda nas prprias razes
da conscincia. Se sua religio nunca penetrou
abaixo da superfcie, ela no tem essa grande prova
de ter vindo de Deus. A religio de Deus consiste na
uno do Santo que vai abaixo da casca e da pele; que
trabalha at o fundo do corao do homem e abre-o
e coloca-o nu diante dos olhos daqueles com quem
tem que lidar. em virtude desta uno que nossos
motivos secretos so revelados, e o orgulho, a justia
prpria, a presuno, o egosmo e toda a depravao
que fermenta no corao de um homem so abertos.
pelos efeitos penetrantes desta luz divina e vida na
alma de um homem que todos os funcionamentos
secretos de seu corao so descobertos.
Um homem nunca pode detestar-se no p e na cinza,
nunca abominar-se como o mais vil dos vis at que
este leo de uno secreta toque seu corao. Ele
ficar satisfeito com um nome para viver, com uma
profisso vazia, at que este ensinamento de Deus o
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Esprito passe por cada manto e vu, e busque nos
prprios rgos vitais, de modo a afundar nas
profundezas secretas do esprito de um homem. Ele
nunca absolutamente honesto com Deus ou com ele
mesmo, at que a uno do Santo o faa ver a luz na
luz de Deus. Ainda, a uno, ou leo de uma
natureza PROPAGADORA. Ele se difunde, como
chamado. No se limita ao pequeno ponto em que
cai, mas estende-se em todas as direes. Assim
com o ensinamento untuoso do Esprito Santo no
corao de um homem. Ele se espalha atravs da
alma. Portanto, o Senhor o compara ao fermento (Mt
13.33). Como funciona o fermento? muito pequeno
em si mesmo, um pequeno caroo; mas quando
colocado na grande massa de farinha, ele se difunde
atravs de cada parte dela; de modo que nem uma
nica migalha do po fica sem ser afetada por ele.
Assim, onde quer que a uno do Santo toque o
corao de um homem, ela se espalha, ampliando e
estendendo suas operaes. Comunica, assim, dons
divinos e graas onde quer que venha. Ela confere e
extrai a f, e d arrependimento e tristeza segundo
Deus, causa autoaborrecimento secreto, separao
do mundo, atrai as afeies para cima, torna o pecado
odiado, e Jesus e sua salvao amados.
Agora, se voc tivesse um filho, e estivesse muito
ansioso por seu crescimento, voc no gostaria de ver
o brao e a perna da criana crescerem, e as outras
partes do corpo permanecerem como estavam. Voc
no gostaria de ver sua cabea crescendo muito mais
-
23
rpido do que o corpo; voc logo teria medo de que a
criana morresse. E ainda assim voc encontrar
alguns professantes que crescem somente em uma
coisa; eles nunca crescem em simplicidade, orao,
espiritualidade, vigilncia e mente celestial. Sua f, se
quisermos acreditar em suas prprias declaraes,
cresce muito, mas nunca vemos as outras graas e os
frutos do Esprito crescerem neles. Mas, um
crescimento to monstruoso como este no o
crescimento do novo homem da graa. Que cresce
igualmente em todas as suas partes, e cada membro
tem uma proporo harmoniosa em relao ao
restante. Se a f aumenta, a esperana e o amor
crescem - e, quando a f, a esperana e o amor
crescem - a humildade, a espiritualidade e a
simplicidade, a morte para o mundo e todas as
demais graas e todos os demais frutos do Esprito
crescem na mesma proporo. Onde quer que a
uno do Esprito Santo toque o corao de um
homem, ela se difunde por toda a sua alma e o torna
totalmente uma nova criatura. Ela d novos motivos
e comunica novos sentimentos; ela amplia e derrete
o corao, espiritualiza e atrai as afeies para cima,
e produz o que o apstolo declara como os efeitos da
unio com Cristo:
"Portanto, se algum est em Cristo, uma nova
criatura: as coisas velhas j passaram, eis que todas
as coisas se tornaram novas." (2 Cor 5: 17).
Dessa santa uno Joo diz que ensina todas as
coisas, e verdadeira, e no mentira. Sem ela toda
-
24
a nossa religio uma bolha, e toda a nossa profisso
uma mentira; sem ela todas as nossas esperanas
acabaro em desespero. Vejam, pois, vocs que
temem ao Senhor, ou desejam tem-lo - se podero
encontrar algo desta uno do Santo em repouso no
seu corao - qualquer secreto derretimento do seu
esprito diante do Senhor, de afeio no seio de Jesus,
qualquer sentimento avassalador e esmagador desse
amor que transmite conhecimento; qualquer desejo
interior de desfrut-lo e deleitar-se inteira e
unicamente nele. Agora, esta uno do Santo ser
sentida apenas quando o Senhor, o Esprito, tem o
prazer de traz-la em sua alma. Pode ser seno uma
vez por ano, uma vez por ms, ou uma vez por
semana. No h tempo fixado para isso ser dado; mas
apenas em tal poca e de tal maneira como Deus v o
ajuste. Mas, sempre que chegar ao corao, suas
operaes e efeitos sero os mesmos, os sentimentos
que ela cria e os frutos que produzem sero os
mesmos. Que misericrdia ter uma gota desta uno
celestial! Desfrutar de um sentimento celestial!
Provar a menor medida do amor de Cristo
derramado no corao!
Que misericrdia indizvel ter um toque, um
vislumbre, um olhar, uma comunicao da plenitude
daquele que preenche tudo em todos!
Isto santifica todas as nossas oraes; isto santifica a
pregao, santifica as ordenanas, nosso culto
pblico, as pessoas, os sacrifcios, as ofertas de todos
os adoradores espirituais; como eu leio: "Para que eu
-
25
seja ministro de Jesus Cristo para os gentios,
ministrando o evangelho de Deus, para que a oferta
dos gentios seja aceitvel, santificada pelo Esprito
Santo" (Romanos 15:16).
a doce uno do Santo que une os coraes do povo
de Deus em laos indissolveis de amor e afeto. Por
esta uno do Santo, conhecemos a verdade, cremos
na verdade, amamos a verdade e somos mantidos na
verdade dia aps dia e hora aps hora. esta a
grande coisa que sua alma est ansiando e
pressionando para desfrutar? Nos afundamentos
secretos ou nos levantamentos secretos de seu
esprito nas mais ntimas sensaes do seu corao
para com Deus, a uno do Santo, a uno divina do
Esprito Santo a coisa principal que voc est
procurando? Sem essa uno do Santo, no temos
sentimentos ternos em relao a Jesus, nem desejos
espirituais de conhec-lo e poder de sua ressurreio;
sem esta uno no temos nem um s sopro de
orao, nem um suspiro espiritual ou anseio em
nossa alma. O povo do Senhor frequentemente anda
num estado de trevas; por esta uno do Santo, eles
so trazidos para a luz.
Por esta uno do Santo, eles so sustentados sob
aflies, perplexidades e tristezas. Por esta uno do
Santo quando eles so injuriados eles no insultaro
novamente. Por esta uno do Santo veem a mo de
Deus em todo castigo, em toda providncia, em toda
provao, em cada dor e em todo fardo. Por esta
uno do Santo podem suportar castigo com
-
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mansido, e colocar a sua boca no p, humilhando-
se sob a poderosa mo de Deus.
Toda palavra boa, toda boa obra, todo pensamento
gracioso, desejo santo e sentimento espiritual
devemos a esta nica coisa: a uno do Santo.
uma coisa solene ter uma uno do Santo, e uma
coisa solene no t-la. uma coisa solene viver sob
esta doce uno; mas que coisa solene ter uma
profisso religiosa e nada saber desta doce uno! Se
no grande dia quando os nicos que sero salvos
forem os que tiveram essa uno do Santo, onde
estaro os milhares que tiveram apenas um nome
para viver? Se isso verdade, como , onde estaro
milhares no ltimo dia, quando o Juiz vai sentar-se
sobre o grande trono branco?
Mas, se a uno do Santo est sobre um homem, ele
um vaso consagrado de misericrdia; a ira, a justia
e a lei no podem toc-lo; o leo da uno est sobre
ele, a bno de Deus repousa sobre sua alma, e ele
est seguramente escondido no oco da mo de Deus,
da ira que est vindo sobre o mundo.
Vejamos agora como em virtude desta uno do
Santo, ns conhecemos todas as coisas.
E voc sabe todas as coisas. O que o apstolo quer
dizer com isso? Quer dizer que eles realmente sabem
todas as coisas, todos os domnios da cincia; todos
os departamentos variados da arte? Oh no; o povo
do Senhor um povo muito pobre, e geralmente um
povo muito ignorante em questes de conhecimento
humano. No; eles so ignorantes para a maior parte
-
27
dos vrios ramos do conhecimento humano. No
sua provncia saber o que os eruditos deste mundo
conhecem; pois tal conhecimento no para seu
conforto ou lucro espiritual. uma misericrdia
ignorar o que os sbios deste mundo consideram as
nicas coisas que valem a pena ser conhecidas.
Nem significa que eles conhecem todos os mistrios
do evangelho. Muitos do povo de Deus ignoram os
pontos finos da divindade, e muitos professantes
mortos no pecado e que vivem segundo o curso deste
mundo so muito mais conhecedores da letra das
Escrituras e do grande plano da salvao do que
alguns dos pobres da verdadeira famlia de Deus.
Mas, por esta expresso podemos entender que eles
sabem tudo o que proveitoso, todas as coisas
necessrias, como diz o apstolo Pedro: "Todas as
coisas que pertencem vida e piedade" (2 Pedro 1:
3). Quais so, ento, algumas dessas coisas?
1. Eles se conhecem. O conhecimento de si mesmo
indispensvel para a salvao. Se um homem no se
conhece, no pode conhecer a Deus; se um homem
no se conhece, no pode conhecer o Filho de Deus.
Conhecer-nos e ver-nos nas verdadeiras cores como
pobres, miserveis, imundos, pecadores culpados,
filhos perdidos, com um corao enganoso acima de
todas as coisas e desesperadamente corrupto, com
uma natureza profundamente depravada,
desamparada e sem esperana. Conhecer a ns
mesmos pararia todo o tipo de jactncia. Pararia de
pensar em si mesmo melhor do que os outros, e
-
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eficazmente derrubaria toda a retido da criatura, se
um homem uma vez teve a uno do Santo em seu
corao e conscincia, fazendo-se conhecido para si
mesmo.
Por esta uno do Santo, conhecemos nossa
pecaminosidade, nossa terrvel, desesperada e
abominvel pecaminosidade; por esta uno do
Santo, conhecemos nossa hipocrisia, nossa terrvel e
desesperada hipocrisia; por esta uno do Santo,
conhecemos a nossa obstinao, a nossa
perversidade, a nossa alienao de Deus, a nossa
prontido para com o mal e a nossa terrvel averso
ao bem; por esta uno do Santo, sabemos que
merecemos a ira eterna de Deus, que por natureza
estamos a uma distncia infinita de sua pureza; que
somos todos como uma coisa imunda, e que todas as
nossas justias so como trapos imundos.
Se um homem no est enraizado e fundamentado
no conhecimento do eu, ele nunca pode ser enraizado
e fundamentado no conhecimento de Cristo como
um Salvador: "O Filho do homem veio para buscar e
salvar o que estava perdido" (Lucas 19.10).
Portanto, se uma pessoa no se conhece como
perdida, nem geme, nem suspira por estar perdida,
tudo o que Jesus e tudo o que Jesus tem para os
pobres pecadores perdidos est oculto aos seus olhos.
Esta a razo de haver tanta profisso sem
possesso; tanto da letra sem o Esprito, tanta
doutrina sem o poder.
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Mas, quando somos ensinados pelo Esprito Santo a
nos reconhecermos perdidos e arruinados, ento
queremos saber que h um Salvador, e um Salvador
como esse pode nos salvar de nossa condio
perdida. No de admirar que os homens desprezem
a Pessoa de Cristo, no admira que eles neguem sua
divindade eterna, subjugada; no admira que eles
neguem a Filiao eterna de Jesus e a personalidade
e operaes de Deus o Esprito; no de admirar que
espezinhem o mistrio divino da Trindade. Eles
nunca se viram; eles nunca gemeram debaixo de uma
carga de pecado; nunca tiveram um conhecimento de
si mesmos em sua runa e depravao.
2. Nem podemos conhecer a pureza e a
espiritualidade da santa LEI de Deus, seno por esta
uno do Santo.
3. Nem podemos saber que as escrituras so
verdadeiras, ou que Deus revelou sua mente e
vontade nelas, exceto em virtude desta uno do
Santo.
4. Nem podemos saber se h um JESUS, um
Mediador divino, um Homem que Deus conosco,
seno em virtude desta uno do Santo.
Podemos ter opinies e noes corretas; podemos ter
especulaes flutuando no crebro; seno pelas
vises do Filho de Deus em seus sofrimentos e
agonias que podemos ter pela uno do Santo. Ver a
corrente de sangue expiatrio do seu corpo
sangrando, ver o seu manto glorioso de justia,
justificar e cobrir os pecados do seu povo, ver o Santo
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Mediador intercedendo direita do Pai e ter a alma
quebrantada na viso de Cristo como Deus e
Salvador, seno pela uno do Santo sobre o corao,
que pode nos dar esse conhecimento daquele que nos
concede a vida eterna.
5. Nem podemos conhecer o PERDO de nossos
pecados, seno em virtude desta uno do Santo. No
podemos saber que o sangue de Jesus Cristo purifica
de todo pecado, seno em virtude da uno do Santo.
6. Nem podemos conhecer a liberdade do evangelho
ou as doces manifestaes do Senhor da vida e glria,
ou caminhar em liberdade, como Davi fala no Salmo
119:45, nem podemos desfrutar da doura e bem-
aventurana de um evangelho Libertador, seno por
esta uno. No podemos sair das trevas para a luz,
da escravido para a liberdade, seno pela uno do
Santo. Nem podemos saber qual a graa de Deus,
nem a ternura de um Pai, nem sua vigilncia sobre os
seus filhos como o Pai mais afetuoso, nem o
derramamento do seu amor no corao, nem o
testemunho interior do Esprito de adoo, que nos
permite clamar, Abba, Pai, seno em virtude da
uno do Santo.
7. Nem podemos saber o que ter uma casa celestial,
um porto de repouso e paz, uma manso abenoada
acima, onde as lgrimas so apagadas de todos as
faces, seno em virtude desta uno. Quo necessrio
, ento, como indispensvel para uma alma que
est beira da eternidade, que provada e
perturbada vista da morte e do juzo, saber que ela
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31
tem alguma uno do Santo que repousa em seu
corao e conscincia! Mas, se ele tiver a uno do
Santo, haver frutos e efeitos, haver alegria sagrada
e desejos; o corao no ser sempre estril, escuro e
infrutfero; no ser sempre agarrado s coisas do
tempo e do sentido. Haver algo na alma distinto
destas coisas como luz das trevas, e cu da terra.
Haver humildade, quebrantamento, ternura,
contrio, espiritualidade afetiva como diferente do
esprito do mundo, como Cristo de Belial. Essa uno
do Santo que toca o corao e a conscincia de um
homem o tornar mais ou menos manifesto como
uma nova criatura; tornar a religio espiritual mais
ou menos o elemento em que sua alma vive e se
move; ela o transformar, como diz o apstolo, "na
renovao de sua mente"; as coisas velhas passaro;
sim, todas as coisas se tornaro novas; com ela feliz;
sem ela, um miservel. Com esta uno do Santo,
tudo simples, abenoado e claro; sem ela tudo
escuro e confuso; com ela haver um sabor na leitura
das Escrituras, e elas sero mais doces para a alma do
que o mel e o destilar dos favos; sem ela as Escrituras
no so seno um enigma, um cansao e um fardo.
Com ela, a orao doce e deliciosa para a alma - e a
orao, a pregao e a audio so, igualmente,
abenoadas; sem tudo isso escuro e confuso; no
sentimos a importncia das coisas que estamos
ouvindo e falando.
Com esta uno do Santo, as ordenanas de Deus so
abenoadas; vemos uma grandeza e uma beleza na
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ordenana do batismo, e uma doura na ordenana
da Ceia do Senhor. Com esta uno do Santo, o povo
de Deus altamente valorizado como nossos
principais companheiros; sem ela no nos
importamos com eles, e sentimos como se
preferssemos sair de sua companhia do que entrar
nela. Com ela as coisas eternas so grandes e
preciosas, as nicas coisas que valem a pena buscar
ou ter, sem ela as coisas eternas desaparecem, e as
coisas do tempo e do sentido ocupam a mente - ela
fica engajada no mundo e as realidades eternas ficam
fora de vista.
Que diferena na alma de um homem quando tem
essa uno e quando no a tem! Quando a uno
repousa sobre o corao de um homem, faz uma
mudana to grande como quando o sol nasce e a
noite desaparece; como quando a primavera chega e
o inverno se vai. Agora voc acha que sabe a
diferena? Isso revela sua religio? Voc tem essas
mudanas interiores, essas alternncias, escurido e
luz, vero e inverno, dia e noite, tempo de semente e
colheita, frio e calor - estas so figuras da obra de
Deus na alma. Ns precisamos de ambos.
O trigo precisa do inverno, bem como da primavera e
do vero. Precisamos da noite tanto quanto do dia;
do sol tanto como da ausncia dele. Assim,
espiritualmente; precisamos da uno, e s vezes
precisamos da retirada da uno, porque ficaramos
orgulhosos, como Deer fala: O corao eleva os dons
de Deus e torna a graa um lao." Agora, se alguma
-
33
vez sentiu em sua alma a menor gota desta uno,
voc ser salvo. Os filhinhos a quem o apstolo
escreveu, dizendo: "os seus pecados so perdoados",
eram apenas fracos, mas com essa uno tudo tinha
chegado para cobrir seus pecados. Os mais dbeis,
portanto, os mais trmulos, os mais duvidosos e os
mais temidos, os mais exaltados, os mais
autocondenados, se tiverem apenas a menor queda
desta uno do Santo em suas almas, so pecadores
perdoados e estaro com Cristo em glria. Quando
Moiss consagrou os utenslios no tabernculo, no
foi a quantidade do leo da uno que ele colocou,
que os santificou; se ele mergulhasse o dedo mnimo
no leo e apenas tocasse o vaso, era to consagrado
como se colocasse ambas as mos no leo da uno e
esfregasse tudo. Assim, espiritualmente, o menor
toque desta uno de Deus, o Esprito Santo sobre a
conscincia, a menor gota deste leo santo, caindo do
Esprito no corao, santifica-o e ajusta-o para o cu.
Tudo isto porque Jesus o verdadeiro Aro da Igreja,
por meio do qual a uno do Esprito desce para ns
da Sua cabea at a borla de Suas vestes, e pinga
sobre ns quando nos encontramos sob os Seus ps.
" como o leo precioso sobre a cabea, que desceu
sobre a barba, a barba de Aro, que desceu sobre a
gola das suas vestes." (Salmo 133:2)
A verdade ilustrada nesta bela passagem, admitimos,
um grande e santo amor fraternal. "Eis quo bom,
quo agradvel para os irmos viverem juntos em
unidade!" Gostaramos de ver mais disso na igreja
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professante de Deus! Ento os discpulos de Cristo
seriam mais marcados e distinguidos como tais, se
estivessem debaixo da uno do Esprito. "Pois com
isto todos sabero que sois meus discpulos, se
tiverdes amor uns aos outros". Mas santa e
preciosa uno que dirigimos especialmente a
ateno do leitor. O assunto de importncia
essencial. a possesso pessoal desta uno que
constitui o nosso verdadeiro cristianismo. A religio
da grande maioria apenas a religio do sentimento,
a religio da forma, a religio do ritualismo - uma
religio absolutamente destituda de uma partcula
dessa uno divina e preciosa. , portanto, da maior
importncia que cada leitor desta obra institua o
autoexame mais rgido para averiguar sua posse real
do Esprito Santo, o que unge e a uno, sem a qual
podemos ter seno "um nome para viver enquanto
estivermos mortos"; "tendo uma forma de piedade,
sem o poder dela".
O ofcio do sacerdcio sob a dispensao levtica era
considerado como uma das mais altas designaes de
Deus em Sua Igreja. O sacerdote estava, por assim
dizer, no lugar de Deus. Ele era o vice-rei de Jeov
o meio de comunicao de Deus para o povo, e do
povo para Deus. Ele deveria receber a palavra da boca
de Deus, e comunic-la ao povo; E, por sua parte, ele
deveria oferecer sacrifcio, tomar das suas ofertas e
apresent-las ao Senhor. Ver-se- assim que o
sacerdcio era um dos ofcios mais elevados e mais
sagrados da Igreja de Deus. Foi de fato associado com
-
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a realeza. Melquisedeque era sacerdote e rei, um
sacerdote real. A este respeito, ele foi um tipo notvel
de nosso Senhor Jesus Cristo, que, por um dos
profetas, designado um "sacerdote sobre o seu
trono", e que est em sua Igreja na dupla relao de
rei e sacerdote. Tal a dignidade com que sua unio
com Cristo levanta o Seu povo. Eles so, em virtude
dessa unio, um "sacerdcio real", "oferecendo
sacrifcios espirituais aceitveis a Deus atravs de
Cristo".
Observamos, em relao ao sacerdcio sob a velha
dispensao, que to importante era a instituio, as
instrues dadas por Deus para a seleo dos
sacerdotes, e sua designao para o ofcio, que eram
do carter mais minucioso e significativo. As
instrues de Deus sobre a composio do unguento
- o leo precioso - pelo qual Aaro e os sacerdotes
foram separados para seu santo ofcio, so
minuciosas e instrutivas, como vemos em x 30.22-
25, 30, onde as medidas dos elementos preciosos que
deviam ser adicionados ao azeite indicavam a
exatido de uma obra que procedia de Deus.
Tanto isto era assim, que tal frmula no poderia ter
um uso comum pelo povo, seno somente ser usada
para a uno dos sacerdotes e dos utenslios do
tabernculo para que fossem santificados.
Quo profundo e precioso o significado espiritual
de tudo isso! A grande verdade que se destina a
ilustrar a natureza e a preciosidade daquela santa
uno, da qual todos os "sacerdotes reais" de Cristo
-
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so participantes, e alm disso toda a religio, a mais
intelectual, potica e estritamente ritual, v e
morta, espria e intil. Uma gota deste leo sagrado,
esta uno divina, tem mais de Deus, mais de Cristo,
mais do Esprito Santo, e mais substncia, doura e
preciosidade do que todas as religies do homem, as
mais caras, esplndidas, e imponentes, combinadas.
Em uma frase, definimos a natureza divina e o valor
essencial dessa preciosa uno - consiste na
permanncia do Esprito Santo na alma. No nos
admiramos, ento, que, no desdobramento tpico
dessa verdade, devesse haver tal acumulao de
coisas preciosas, perfumadas e caras. E, no entanto,
quo longe abaixo do antitipo ele cai! Que coisas
terrenas, as mais raras e preciosas, podem transmitir
qualquer ideia adequada da natureza divina e do
valor essencial do Esprito Santo? Quem ele? H
aqueles que o reduziriam a um mero atributo de Deus
- uma influncia do Altssimo - uma emanao da
Divindade - um princpio divino! Infelizmente!
Quantos, mesmo do prprio povo do Senhor, tm
apenas as vises mais fracas e imperfeitas da
dignidade pessoal e da obra oficial do Esprito Santo,
que ainda recuariam com aborrecimento ao pensar
em manter um sentimento no mnimo desprezador
da Sua glria.
E entre aqueles que rejeitam total e abertamente a
dignidade divina do Esprito, negando totalmente
Sua unidade pessoal com a Divindade, a que sutis
-
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distines e sofismas ociosos, na inimizade da mente
carnal verdade revelada de Deus, recorrero, em
vez de aceitar as simples declaraes da Bblia? Mas
quem o Esprito Santo? Nossa mente est cheia de
reverncia sagrada e solene ao inscrever as palavras
- O ESPRITO SANTO A TERCEIRA PESSOA DA
DIVINDADE. Quando abrimos a Palavra revelada e
lemos as palavras que compem A formula do
batismo e a bno apostlica, quem pode duvidar
dessa verdade? Quanto ao primeiro, lemos: "Ide,
pois, ensinando todas as naes a fazerem discpulos,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Esprito
Santo". (Mateus 28:19.) Ao tocar nisto est escrito:
"A graa de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de
Deus e a comunho do Esprito Santo, estejam com
todos vs. Amm". (2 Cor 13:14.)
O que diremos a estas declaraes distintas e
enfticas? Duvidamos delas? Negamos e as
rejeitamos? Deus me livre! Amado leitor, no h
nenhum pensamento secreto em sua mente que
desconsidere a Pessoa Divina do Esprito Santo?
No h suspeita de suas pretenses ao seu amor,
adorao e obedincia? Voc tem para com Ele
sentimentos de santo temor, reverncia filial e f
implcita como aqueles com os quais voc considera
o Pai e o Filho? Em uma palavra, voc honra, ama, e
ora ao Esprito Santo, assim como voc ama, honra e
ora s pessoas primeira e segunda da sempre
abenoada Trindade? Oh, no se esquea que a
dvida de amor, confiana e obedincia que voc deve
-
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ao Esprito a mesma! Como voc no poderia ser
redimido e salvo sem o derramamento de sangue do
Filho, assim voc no poderia ser regenerado e
santificado, seno pelo poder divino do Esprito
Santo. Tal , ento, a sagrada uno do sacerdcio
real! A possesso do Esprito Santo, em todas as Suas
perfeies divinas e relaes oficiais, por cada crente
em Jesus, a uno preciosa pela qual ele separado
como um sacerdote do Deus Altssimo. Podemos
conceber qualquer bno mais cara e preciosa?
Dessa bno voc o destinatrio se voc um
crente no Senhor Jesus. E a Palavra de Deus declara:
"Vocs receberam o Esprito de adoo". "O Esprito
de Deus habita em vs".
Quo precioso o trabalho do Espirito! - to precioso
que toda a linguagem, toda a imagem, falha express-
lo. Se, amado, voc um templo, um santurio do
Esprito Santo, h mais de Deus, mais de glria
divina, habitando dentro de sua alma, do que em
todos os mundos que Deus fez, conhecidos e
desconhecidos.
Oh, quo imperfeitamente ns estimamos o valor e
alto chamado de um santo de Deus! A glria de um
crente em Cristo - como a glria daquele cujo filho ele
- uma glria oculta. - A filha do Rei toda gloriosa
por dentro. Onde mora a sua corrupo escura, onde
o grande conflito est passando, mesmo l, em meio
a tanto que oposto na natureza e hostil em esprito,
a grande glria do filho de Deus habita, e toda essa
glria oculta consiste na obra do Esprito Santo na
-
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alma. O corao quebrantado pelo pecado, o esprito
de autoaborrecimento, a f trmula em Cristo, a sede
de santificao, o sopro de Deus, so partes
componentes da divina e preciosa uno que o
santificou como sacerdote do Deus Altssimo.
As influncias do Esprito Santo entram
essencialmente na preciosa uno do crente. Que
progresso na vida divina pode haver alm disso? Esta
uno sagrada precisa de cuidado e reabastecimento
perptuos. O esprito de orao em nossas almas -
quo reprimido ! O esprito de adoo - como ele
descai! O esprito do amor - como ele enfraquece! O
esprito de f - como flutua! O esprito de Cristo -
como ele diminui! Mas o Esprito Santo desperta,
revive e restaura com novas inspiraes de Sua
influncia. Um vendaval dele carrega em suas asas
vida, fecundidade e fragrncia.
Quando o "vento sul" sopra sobre a alma, as
especiarias fluem para fora, e Cristo entra no Seu
jardim, come Seu fruto agradvel, e rene Sua mirra
e Sua especiaria.
E ento, reavivada e revigorada por uma emanao
renovada da graa do Esprito, a atmosfera moral em
que o cristo caminha permeada e perfumada com
a fragrncia desta uno preciosa. Voc pode, ento,
estimar seu valor? Esse sopro do corao, aquela
respirao da alma, aquele vislumbre de Jesus,
aquela hora de proximidade a Deus, aquele prazer
momentneo da presena Divina - oh! Voc a teria
trocado pelas melhores e mais caras, alegrias mais
-
40
valiosas da terra! Amados, no vivam, como
sacerdotes de Deus, sem a sensvel habitao do
Esprito Santo. Vivam em unio e comunho
consciente com Ele - procurem estar cheios de Suas
influncias. Se a orao enfraquece - se a graa descai
- se a afeio esfria - se houver qualquer recada
descoberta de sua alma na vida divina, procure
imediata e fervorosamente a nova comunicao desta
uno divina. "Que as tuas vestes sejam sempre
limpas, e que no falte o leo sobre a tua cabea."
A indestrutibilidade desta uno o ltimo elemento
de sua preciosidade a que aludimos. No pouca
misericrdia para com um filho de Deus, que em
meio evanescncia do sentimento espiritual, ao
refluxo e ao fluxo da experincia crist, nada afeta a
natureza imperecvel da uno divina pela qual ele foi
uma vez e para sempre consagrado a um sacerdcio
imutvel. Todos os perfumes da terra evaporam e
morrem; a praga est sobre cada flor, a maldio est
em tudo que doce; mas aqui est o que nunca pode
ser destrudo.
Uma vez que o Esprito Santo vivifica a alma com o
sopro da vida, uma vez que ele acende uma centelha
de amor a Deus no corao, uma vez que Ele respira
sobre o crente este perfume celestial, ele possui uma
bno que nenhuma idade pode prejudicar, e que
nenhuma circunstncia pode mudar. Podem existir
influncias hostis que paream perturbar sua
existncia - a mgoa interior do pecado ameaaria
sua pureza e doura - mas nada jamais prevalecer
-
41
para destruir a obra do Esprito no corao do
regenerado. uma uno incorruptvel - tem uma
fragrncia imperecvel. O poder e o perfume do
mesmo descero com o crente ao sepulcro,
embalsamaro e preservaro a poeira adormecida
dos eleitos de Deus, at que, na manh da primeira
ressurreio, a trombeta do arcanjo lhes pea que se
levantem para encontrar seu Senhor no ar.
Como o perfume da rosa ainda persiste nas runas
quebradas e desintegradas do vaso quebrado, assim
o divino perfume da graa interior, regeneradora e
santificadora do Esprito Santo se apega ao crente,
suas obras e memria, muito tempo depois da morte
Ter arruinado a estrutura material, e ter retornado
ao p de onde veio. "O justo ser tido em eterna
lembrana". "A memria do justo abenoada."
Mas, enquanto mantemos a indestrutibilidade
essencial desta preciosa uno, no deixamos de
advertir o crente contra o que ainda pode prejudicar
gravemente seu vigor, obscurecer sua beleza e
diminuir sua fragrncia.
Essencialmente no pode perecer, mas
influentemente pode. Intrinsecamente no pode ser
destrudo, mas eficientemente pode. Um elemento
nocivo pode insinuar-se neste unguento divino, e
formar com ele uma mistura desagradvel. "As
moscas mortas fazem com que o unguento do
perfumista emita mau cheiro; assim um pouco de
estultcia pesa mais do que a sabedoria e a honra."
(Eclesiastes 10: 1). Uma caminhada desigual, um
-
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esprito descontrado, uma conduta dessemelhante a
Cristo podem misturar-se com esta uno preciosa, e
assim destruir sua fragrncia e prejudicar seu poder.
A influncia moral da Igreja no mundo
proporcional sua separao espiritual do mundo. A
luz que ela emite em toda a terra ser graduada por
sua elevao santa acima da terra. O candelabro que
ilumina um quarto suspenso em seu centro. A
Igreja de Deus o candelabro moral do mundo. O Sol
Divino de quem ela recebe o seu sagrado brilho,
condescendente, mas enfaticamente, pronunciou-a a
"luz do mundo". Segue-se, portanto, que a influncia
espiritual que a Igreja deve exercer no mundo como
conservadora da verdade, como testemunha de
Cristo e como instrumento para guiar os homens ao
Salvador, ser poderosa e bem-sucedida, saudvel e
poderosa, proporcional sua prpria elevao moral,
santidade e espiritualidade.
O que se aplica Igreja como um corpo
congregacional, aplica-se igualmente ao cristo
individual.
Oh, que bno na esfera em que ele se move ser
um homem de Deus, vivendo sob a rica uno do
Esprito Santo! impossvel que ele possa ser
escondido. "O unguento de sua mo direita revela-
se." E o sabor moral desse unguento - a santa e
celestial fragrncia que flutua ao seu redor - testifica
a todos os que so trazidos dentro de sua influncia,
a Deus, a Cristo, eternidade. Veja, ento, que sua
religio no seja metade crist, metade infiel; metade
-
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sincera, e metade comprometedora. Cuidado com a
"mosca morta no unguento." O mundanismo da vida
- a cobia do corao - um temperamento
imperdovel - uma mente terrena e rastejante - um
esprito faltoso e censurvel - uma falta de
integridade e de retido de princpio em seus tratos
com os homens - uma rebelio secreta de vontade
contra o governo, a providncia, a disposio de
Deus, pode ser apenas essa "mosca morta". Estas
podem ser as coisas, ou outras de carter semelhante,
que diminuem a sua espiritualidade, prejudicam o
seu vigor espiritual, sombreiam a sua luz divina,
pem um vu sobre a sua preciosa uno e tornam a
sua influncia moral como um trabalhador muito
pouco til para Cristo e para o homem, e sua
caminhada como um crente em Jesus to pouco
honrosa para Deus.
Uma parte vital de nosso assunto continua a ser
considerada - a confluncia deste leo precioso no
Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Aro espiritual do
"Sacerdcio Real".
Ns denominamos isto uma verdade vital, e
justamente assim, porque a fonte de toda a vida
espiritual para o crente. Somos cristos na verdade
somente quando somos um com Cristo. Ns somos
ramos vivos na realidade somente quando ns temos
a unio com Jesus, a videira viva. Ns somos um
sacerdcio ungido somente em virtude de nossa
relao sacerdotal com Ele, o Grande Sumo
Sacerdote de Sua Igreja. Aqui est a unio; e esta
-
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unio vida. Agora, nosso bendito Senhor Jesus foi
ungido com o Esprito Santo. Sua natureza humana
foi preenchida com o Esprito, e nisto consistiu Sua
uno divina, e nesta uno Sua consagrao como o
Sacerdote Real Cabea de uma sucesso de
sacerdotes reais. Quo claros e belos so os
testemunhos inspirados desta verdade! Por exemplo,
no Antigo Testamento lemos: "Encontrei a Davi, meu
servo, com o meu santo leo o ungi". (Salmo 89:20.)
"Amaste a justia e odiaste a iniquidade; por isso
Deus, o teu Deus, te ungiu com leo de alegria, mais
do que a teus companheiros." (Sl 45:7). "Eis aqui,
Deus, o nosso escudo, e olha para o rosto do teu
ungido". Agora, em que consiste essa uno de
Cristo, seno na plenitude do Esprito Santo? Assim,
lemos: "Deus ungiu Jesus de Nazar com o Esprito
Santo". (Atos 10:38.)
Portanto, a plenitude do Esprito que habita no lar,
"Porque Deus no d o Esprito por medida a ele".
Sua humanidade devido sabedoria com que falava,
pelo entendimento com que discernia, o que o fazia
de "compreenso rpida no temor do Senhor", pelo
poder com que operava e pela beleza que, em meio
Sua humilhao e aflio, o tornaram to
transcendentalmente glorioso, foi devido plenitude
do Esprito Santo. Oh, qual seria nossa humanidade
se ela fosse cheia, como foi o Filho de Deus, com a
plenitude do Esprito! E se, em nosso carter cristo,
devemos nos aproximar desse modelo - em uma
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palavra, se devemos ser semelhantes a Cristo -
precisamos ser mais ricamente reabastecidos com o
Esprito Santo. "Sabemos por isso que Ele (Cristo)
permanece em ns, pelo Esprito que nos deu". (1
Joo 3:24). Teremos a certeza de nossa unio a
Cristo, de Sua casa em nossos coraes, de nossa
relao com a semente real, o verdadeiro sacerdcio,
pela habitao do Esprito. Divino Esprito Santo!
Entre em ns, indignos que sejamos; faa a sua casa
em nossos coraes, embora sejam vis; sopra vida e
amor, paz e alegria, em nossas almas; ensina-nos,
santifica-nos e torna-nos divinos, fazendo-nos felizes
com Cristo, fazendo-nos santos, e assim nos encha e
nos ocupe para que no haja espao para o reinado
do pecado, do poder do mundo, e do amor de si
mesmo.
Amados, vocs no podem sitiar o trono da graa
para uma bno mais necessria e maior do que a
plenitude do Esprito Santo.
No pense que empregamos uma expresso muito
forte quando falamos da plenitude do Esprito.
registrado de Estvo que ele estava "cheio de f e do
Esprito Santo". E que este no era um caso peculiar
ou privilegiado, o apstolo exorta todos os crentes a
serem "cheios do Esprito". Buscai, pois, amados,
para vossa alma esta uno divina. No fique
satisfeito com uma concesso medida da preciosa
bno, mas em srias e importunas splicas abra
bem a sua boca, para que a encha! Oh, a prontido do
Esprito para dar a beno! Oh, a disponibilidade de
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Cristo, o Ungido, para saciar toda alma que deseja, e
para reabastecer cada alma faminta de Sua prpria
plenitude transbordante! A dificuldade est em ns,
no em Jesus. Busquem, ento, com uma busca que
no ter nenhuma negao, a plenitude do Esprito!
O leo santo foi derramado sobre a cabea de Aro.
O Senhor Jesus - nosso Aro - foi ungido com o
Esprito, como a CABEA da Sua Igreja. "Ele a
Cabea do corpo, a Igreja". E a plenitude do Esprito
que nele habitava no era para Si s, mas para ser
comunicada a todos os membros de Seu Corpo
mstico. Tracem o curso deste leo santo derramado
assim sobre a cabea de Aro. "Desceu at as orlas da
sua veste". Como expressivo e instrutivo o tipo! Em
virtude da nossa unio com Cristo, nos tornamos
participantes de Sua preciosa uno. To claramente
e indissoluvelmente somos um com Jesus, o Grande
Sumo Sacerdote, compartilhamos em tudo o que Ele
e participamos de tudo o que Ele possui.
Ele nos comunica Sua vida, nos veste com Sua
justia, nos lava em Seu sangue, nos abre de Sua
plenitude, e finalmente nos elevar para Sua glria, e
compartilhar conosco Seu trono e reinaremos com
Ele para sempre.
Esta uno que flui de Cristo recebida por ns
atravs da f. A vida que vivemos em meio a conflitos
dirios, provao e labuta, vivemos pela f do Filho
de Deus. Este o canal atravs do qual a uno
sagrada flui para baixo para ns. Que princpio
poderoso este! Quando, no final do dia, jogamos a
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cabea sobre o travesseiro e, em reflexo silenciosa,
examinamos sua breve histria, muitas vezes ficamos
maravilhados com o modo como o atravessamos.
Olhamos para trs sobre a presso, a tentao, a
provao, a tristeza, e ns somos uma maravilha para
ns mesmos. O que foi isso que nos fez subir
triunfalmente? Oh, era o poder da f transmitindo
em nossas almas a plenitude de Cristo! Foi o descer
deste leo santo de graa e fora, de alegria, da nossa
Cabea entronizada e glorificada, que transmitiu
sabedoria na perplexidade, clareza no juzo, fora na
tentao, fortaleza na pacincia, mansido na
provocao, pacincia no sofrimento, e deu-nos
calma, paz e tranquilidade, em meio agudeza da
tristeza e ao surgimento da dor. A f que se apoia e
tira de Cristo o segredo de tudo isso.
Mas, no apenas em virtude da unio a Cristo, ou por
meio da f, somos ns os destinatrios desta preciosa
uno.
Ela flui do corao amoroso de Cristo, e a doao
gratuita e espontnea de Sua graa. No h um ser no
universo que Cristo ama como Ele ama os santos. Ele
est constantemente ordenando, organizando e
eliminando todos os eventos e circunstncias para a
promoo do seu bem-estar. Ele gostaria que Sua
alegria permanecesse em ns, e que nossa alegria
fosse plena. E cada sentimento de alegria santa que
nos emociona, cada fonte de alegria sagrada que nos
refrigera, cada brilho de sol divino que cai sobre
nosso caminho, uma emanao da uno Divina
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que destila de Cristo sobre nossas almas. O amor a
fonte de tudo, o amor o transmissor de tudo, o amor
o fim de tudo. A luz no derrama mais do sol, nem
a gua da fonte, do que o "leo de alegria" flui do
corao de Jesus para o corao de seus santos. Veja
quo livremente a preciosa uno flui - "O Esprito do
Senhor Deus est sobre mim, porque o Senhor me
ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-
me a restaurar os contritos de corao, a proclamar
liberdade aos cativos, e a abertura de priso aos
presos; a apregoar o ano aceitvel do Senhor e o dia
da vingana do nosso Deus; a consolar todos os
tristes; a ordenar acerca dos que choram em Sio que
se lhes d uma grinalda em vez de cinzas, leo de gozo
em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de
esprito angustiado; a fim de que se chamem rvores
de justia, plantao do Senhor, para que ele seja
glorificado." (Isaas 61.1-3).
palavras maravilhosas! anncios preciosos!
Vem, minha alma, e escuta! A uno de Jesus no era
para Si, mas para os outros. Era para o "manso", era
para o "corao quebrado", era para os "que choram
em Sio", era para o "cativo", era para "aqueles que
estavam presos", era para aqueles que esto
inclinados para o p com o "esprito angustiado". Foi
para pobres e vazios pecadores - almas que tm fome
e sede de justia - que sentem sua vileza e
necessidade; que vm a Ele como pecadores vazios
para um Salvador pleno.
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Quem abaixa um balde cheio no poo? Quem carrega
um jarro cheio fonte? o vazio que viaja
plenitude. Ento voc deve vir, lidar com, viver e
receber de Jesus. Um Cristo cheio e um pecador vazio
percorrem a mesma estrada, lado a lado, passo a
passo, de mos dadas, para a glria. Com nenhum
outro Cristo caminhar. O orgulhoso, o
autossuficiente, Ele conhece de longe. Mas o
pranteador espiritual, o corao quebrantado, o
pobre de esprito, so aqueles sobre os quais Jesus se
deleita em derramar o leo de alegria, que faz brilhar
seus coraes, brilhar os seus lbios para louvar.
"Unguento e perfume alegram o corao." Uma gota
desta uno preciosa transformar sua tristeza em
alegria, seu luto em dana, sua queixa em cntico; faz
o nome, o trabalho e a simpatia de Jesus mais
perfumados e preciosos, e faz a lmpada do amor e
da santidade queimar mais livremente e mais
brilhantemente do que nunca.
Tais so alguns dos preciosos privilgios e bnos de
uma unio vital e inseparvel de um pecador crente
com o Senhor Jesus.
Um ponto instrutivo continua a ser considerado. O
precioso unguento que estava sobre a cabea de Aro
desceu at as orlas de suas vestes: chegou at a
extremidade de sua pessoa sagrada. O significado
espiritual disso particularmente precioso e
encorajador para os "pobres de esprito" - para
aqueles cujo autoconhecimento os leva a
caminharem humildemente com Deus.
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A alma humilde, crente, que est mais prxima e
mais baixa aos ps de Cristo, recebe maior
abundncia dessa graa transbordante e
descendente. No h nenhum lugar no universo que
concentre em si mesmo tanta bem-aventurana -
onde rena e agrupe, em poder focal, tantos
privilgios santos e preciosos, como os ps de Jesus.
L ns aprendemos, l ns recebemos, l ns nos
abrigamos. Estamos seguros, porque estamos baixos
- estamos felizes, porque estamos perto. "Ele d graa
aos humildes", e os mais humildes, os mais
prximos, recebem a maior graa. Este o seu lugar,
crente? No pense mal de tudo. S h um que o
ultrapassa: o p do trono em glria! E nenhuma
alma se encontrar ao p do trono no cu, que no se
encontra aos ps do Salvador na terra. A humildade
da postura pode, possivelmente, cegar o olho para
sua bno peculiar: uma mais ousada e mais
confiante pode ser considerada prefervel.
Mas no sejamos enganados; d-me as lgrimas de
Maria, em vez da jactncia de Pedro. Deixe-me
sentar-me com ela aos ps de Jesus, ao invs de ficar
com o apstolo confiante no julgamento. Ao suplicar
por essa postura humilde, no imploramos por um
estado de esprito que exclua a alegria santa, e uma
esperana segura, como elementos estranhos a esta
condio. Longe disso. A uno de Cristo - no o
"leo de alegria"? E no d "o leo da alegria?"
Certamente. Ento, a alma crente que se prostra aos
Seus ps, perto da Fonte de toda graa, simpatia e
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amor, participa da maior parte da "alegria do Senhor,
que a fora de sua alma"; Porque "o humilde
aumentar sua alegria no Senhor." L, tambm, a
esperana derrama seus feixes de luz mais brilhantes.
Pois, a "boa esperana pela graa", que o evangelho
revela, resplandece mais resplandecente na alma,
quando est reclinada aos ps de Jesus, e ela se apega
f, brilha no amor e se funde na contrio.
No fique contente sem a conscincia desta preciosa
uno. No descanse satisfeito com um "nome para
viver". No admita nem confie que voc discpulo
de Cristo, ou filho de Deus, mas procure este
testemunho interior e divino. Implore a Deus o
Esprito Santo para comunicar sua alma
diariamente esta uno preciosa. Este leo santo
dar transparncia sua mente, de modo que voc
ter um "julgamento correto em todas as coisas"; ele
dar doura ao seu temperamento, gentileza ao seu
esprito, e lhe dar um corao humilde e amoroso.
Cristo far por ele com que voc seja uma bno
para outros. Deixando de ser censurvel, culpado e
condenado, voc ser cheio de caridade e amor: a
graa da bondade estar em seu corao, e a lei da
bondade em seu lbio. Quando voc v um
professante religioso orgulhoso de corao - elevado
no esprito - cobioso em seus objetivos -
condenando os outros, justificando-se - deturpando,
antiptico, spero, voc v uma falta desta uno. Ele
no est sentado aos ps de Jesus. s ali que o
crente v tanto para censurar, para odiar e condenar
-
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em si mesmo, que ele no tem um olho para
descobrir, nem uma lngua para injuriar, nem uma
mo para desvendar as falhas e imperfeies de um
irmo. O santo leo se esvazia e se estabelece.
Se, com fidelidade, for forado a admoestar e
repreender, transmitir tanta ternura, mansido e
bondade de esprito, de tom e de palavras, como ser
um "leo excelente" sobre a cabea de um irmo
cristo, o que o devolver a Cristo pela irresistvel lei
do amor. E, oh, se a sua alma tem sede de saber mais
de Jesus, procure mais seriamente a influncia do
Esprito Santo. No descanse at que Ele lhe revele a
Cristo. Como um sacerdote real, ungido de Deus,
voc possui o Esprito que habita em voc, que se
compromete a instruir, santificar e confortar, at que
o Mestre venha e o leve para casa. "E quanto a vs, a
uno que dele recebestes fica em vs, e no tendes
necessidade de que algum vos ensine; mas, como a
sua uno vos ensina a respeito de todas as coisas, e
verdadeira, e no mentira, como vos ensinou ela,
assim nele permanecei." (I Joo 2.27). Vivendo sob
esta uno que flui da Cabea de Sua Igreja, at o
membro mais baixo, mais pobre, mais obscuro, mais
fraco de Seu corpo, seu corao suspirar e ansiar
por sua apario e orar: "Vinde, Senhor Jesus;
venha rpido."
"Se vivemos no Esprito, vamos tambm andar no
Esprito". (Gal 5:22). As premissas deste texto
contm uma notvel e bela descrio da natureza da
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verdadeira piedade. "viver no Esprito", e sua
concluso, uma descrio igualmente bela de seu
desenvolvimento visvel e progresso gradual, de
modo que dito: estar andando no Esprito. Estes so
inseparveis uns dos outros - no pode haver
caminhada espiritual sem vida, e onde h vida,
haver andar.
O pecador no convertido est em estado de morte
espiritual; "Ele est morto em delitos e pecados". Ele
tem uma existncia animal, intelectual e social - mas,
quanto s coisas divinas e celestiais, ele est to
morto para estas coisas quanto um cadver est para
objetos materiais circundantes; ele no tem
percepo espiritual, nenhuma sensibilidade santa,
nenhuma simpatia piedosa, nenhuma verdadeira
atividade religiosa; ele est destitudo de toda
vitalidade espiritual. A regenerao a transio do
pecador deste estado para um que o seu oposto; o
incio de uma nova existncia espiritual.
A regenerao no acrescenta novas faculdades
naturais, mas apenas d um vis e direo corretos
para aqueles que, como criaturas racionais, j
possumos.
H duas descries que a Escritura nos deu deste
novo e santo estado ou condio, em que a graa
divina nos traz. O primeiro est nas palavras de nosso
Senhor: "O que nasceu do Esprito esprito". (Joo
3: 6). Esprito. Isso no significa a natureza
inteligente do homem, ou seja, sua compreenso ou
faculdade de raciocnio; nem sua alma, ou seja, sua
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natureza animal - estes ele j tem. Mas, significa uma
nova natureza espiritual, um esprito que entra no
esprito de um homem; um esprito colocado em si
mesmo.
No uma coisa que est na superfcie de um
homem, que consiste em meras frmulas,
cerimnias, ou conversa; mas que entra nele,
assenta-se e centra-se em sua mente, e toma posse de
seu ntimo, como a alma de sua prpria alma. A
verdadeira religio o ESPRITO - algo produzido
pelo ESPRITO DIVINO INFINITO, e da natureza e
semelhana de seu Pai, por quem gerado.
uma coisa, quanto sua essncia e existncia
verdadeira, invisvel como a alma em que ela habita -
mas animando assim um corpo com o qual est
unida. Quando o profeta falava com desprezo e
menosprezo do poder egpcio, ele diz: "Seus cavalos
so carne, e no esprito".
A verdadeira religio, ao contrrio, no a carne,
mas o esprito, como se no houvesse outra coisa que
merecesse o termo, e todos, alm desta nova, santa,
celeste, divina natureza, estavam demasiadamente
aliados matria, para serem chamados de esprito.
O outro termo pelo qual a religio descrita e aliado
a isso - a VIDA. Quo misteriosa e preciosa a vida!
Nada, de um modo geral, mais bem compreendido,
mas nada, na tentativa de analis-lo, mais
rapidamente, ou completamente evita o poder de
escrutnio. Que filsofo tira essa pequena vida, de
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todo o mistrio que a envolve, e expe nossa
percepo o princpio da vida?
A verdadeira religio a vida; no animal, intelectual
ou social, mas espiritual. Um cristo tem um
princpio de vitalidade nele, que est muito acima de
qualquer outro tipo de vida; a habitao do Esprito
de Deus em sua alma produz o que a perfeio da
prpria vida; o clmax da vitalidade; o topo e a flor da
natureza animada para que o campons regenerado
seja, aos olhos de Deus, um ser muito mais parecido
com ele, muito mais aliado ao Infinito, ao Esprito,
do que o maior filsofo no convertido do mundo.
Esta vida divina consiste nessa iluminao do juzo,
pela qual no s o sentido terico, mas a glria moral
das coisas espirituais percebida; juntamente com
aquele amor a elas no corao, que extrado em
todos os exerccios de um curso de justia.
Deus luz. Deus amor. Ou, unindo ambos juntos,
DEUS O AMOR SANTAMENTE. Assim a mente
renovada; e esta a verdadeira religio, esta a vida.
Mas, diz-se, que vivemos no Esprito. No apenas por
ele, mas com uma intensidade ainda maior e nfase
de significado, no Esprito; importando que o
Esprito Santo no apenas a causa eficiente e autor
de nossa vida espiritual, mas que ele o sustentador
da mesma; "Como se", diz Howe, "a alma tivesse sua
prpria situao, numa regio da vida, que o Esprito
cria para ela por sua presena vital e permanente".
Assim como a alma est presente com o corpo,
difundindo sua influncia vivificante em todas as
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suas partes, aquecendo tudo, sustentando tudo,
movendo tudo, dirigindo tudo, "at que do corpo
possa, em certo sentido, ser verdadeiramente dito
estar na alma, Em vez da alma no corpo, assim como
o Esprito Santo na Nova Criatura, que ele formou no
crente, dando vida a ela, vestindo-a com vida,
enchendo-a de vida, e est em toda a vida nela."
Vou agora indicar quais so esses atos e hbitos, que
constituem o curso de conduta assim denominado.
1. Andar no Esprito, significa estar agindo de acordo
com a REGRA do Esprito, que a Palavra de Deus.
As Escrituras so dadas por inspirao do Esprito
Santo e so seu instrumento na grande obra de
regenerao e santificao. Todas as comunicaes
do Esprito so das coisas prometidas na Palavra, e
com referncia direta s coisas reveladas na Palavra.
Todos os sentimentos religiosos, todos os preceitos
prticos, todas as emoes, devem ser julgados pela
Palavra. Este o padro, o teste, o juiz. a regra pela
qual o Esprito trabalha, e a regra pela qual os
sujeitos da influncia do Esprito devem agir.
Sonhos, vises, impulsos e emoes interiores
ininteligveis, no devem ser considerados, mas
apenas a Palavra razoavelmente interpretada. Nada
sabemos da mente do Esprito, seno o que ele
revelou nas Escrituras; e l ele o revelou, e ns
estamos "andando pela mesma regra, pela mesma
mente." No devemos julgar nosso prprio estado
por qualquer suposto testemunho direto desse
Agente Divino, mas comparando sua obra em ns,
-
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com a descrio dessa obra na Palavra. O apstolo
nos deu uma bela representao metafrica disso,
onde diz: "Obedecendo de corao, a forma de
doutrina que vos foi entregue", ou como ela deve ser
dada, " qual vocs foram entregues como um molde
." (Rom 6:17). A metfora tirada da arte de fundio
de metais; o corao do crente, amolecido e derretido
pelo fogo da influncia do Esprito, lanado no
molde da Escritura, de modo a surgir respondendo
ao molde em que est sendo colocado, ganhando as
suas caractersticas. O carter que o Esprito forma,
est de acordo com o que ele delineou na Palavra. Um
cristo a produo de um ser vivo e santo, pelo
Esprito Santo, de acordo com a regra que
estabeleceu na Bblia.
2. Caminhar no Esprito significa nossa manuteno
de uma considerao prtica com aqueles objetos,
dos quais a excelncia espiritual foi revelada mente,
e para a qual um apetite e prazer foram transmitidos
na regenerao. Uma nova luz ento invadiu a mente,
coisas completamente desconhecidas foram
descobertas alma, e outras, apenas teoricamente
conhecidas, foram vistas de uma maneira nova e
afetuosa. Esta parece ser a prpria natureza dessa
descoberta que o Esprito Santo faz mente, que
condescende em infinita misericrdia para renovar e
santificar - quero dizer, uma percepo de sua
excelncia moral ou santidade, acompanhada por um
gosto ou apreciao por elas naquela conta.
-
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A santidade compreende toda a verdadeira
excelncia moral de todos os seres inteligentes.
Santidade a excelncia, beleza e glria do carter
divino e a soma de todas as virtudes, em homens ou
anjos. a santidade que constitui a beleza da lei e do
evangelho, de todas as ordenanas divinas e dos
institutos religiosos. A santidade era a glria do
homem em sua criao, que ele perdeu pela queda, a
qual restaurada pela regenerao, e consumada
na glria eterna. O grande projeto da obra do Esprito
na regenerao produzir na alma do homem, uma
afinidade moral para a santidade, um amor
santidade, uma alegria na santidade, e que
continuamente ser chamado atividade pela
presena de objetos sagrados.
A verdadeira religio, ou a vida divina na alma, o
amor santo e, consequentemente, caminhar no
Esprito a atuao deste santo amor sobre objetos
sagrados. Como toda a vida parece ter antipatias
naturais e instintivas, e averses do que lhe
prejudicial, assim a vida divina na alma humana tem
uma antipatia e averso ao pecado, que o seu
veneno, seu princpio antagonista e seu mortal
inimigo; de modo que um homem piedoso que anda,
segundo esta santa vitalidade, est sempre
observando, orando, lutando contra o pecado. Sua
nova natureza recua dele, e ele mantm com ateno
este sagrado estremecimento de corao.
E quais so os atos da vida espiritual? O empurrar
para a frente da alma, atravs do mundo visvel para
-
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o invisvel; sua ascenso da terra ao cu; est
passando os limites do tempo e do sentido, vagando
entre as coisas invisveis e eternas; a f em um
Salvador invisvel - o amor de um Deus invisvel; e a
esperana de um cu invisvel. Isto caminhar no
Esprito, andar com Deus, e visivelmente andar com
ele. Apreciando-o como o bem pri